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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DA AMAZÔNIA


Campus Paragominas

ASPECTOS BIOCLIMÁTICOS E COMPORTAMENTAIS APLICADOS AOS


ANIMAIS DE INTERESSE ZOOTÉCNICO - EQUINOS

PARAGOMINAS
2022
DAYANA MOREIRA ALCANTARA
DINEI DA SILVA OLIVEIRA
GABRIELA LOPES DOS REIS
NATHALIA MENDES MELO
TAYNARA CIRQUEIRA DE SOUSA

ASPECTOS BIOCLIMÁTICOS E COMPORTAMENTAIS APLICADOS AOS


ANIMAIS DE INTERESSE ZOOTÉCNICO - EQUINOS

Atividade apresentada como parte de


requisito avaliativo das disciplinas.
ZTPGM028 - Bioclimatologia zootécnica
e ZTPGM029 - Etologia e bem-estar dos
animais de produção.
Docentes: Profa. Dra. Maria de Fatima
Araújo Vieira e Profa. Dra. Nubia de
Fatima Alves dos Santos.

PARAGOMINAS
2022
RESUMO

Objetiva-se com este projeto, apresentar os aspectos relevantes da adaptação e do


bem-estar dos Equinos em ambientes quentes. São tratados com maior ênfase as respostas
fisiológicas e os testes de avaliação da habilidade dos animais em tolerar os rigores do
clima tropical, levando em consideração as mudanças climáticas no Brasil. Com relação
ao bem-estar animal, são apresentados: conceitos, aspectos éticos, direito dos animais,
legislação específica para os equinos, alternativas para melhoria do conforto térmico. Esta
matéria deverá auxiliar a todos que buscam o aumento da produtividade animal,
respeitando os princípios de bem-estar dos animais.

Palavras-Chave: Bioclimatologia, ambiente, tolerância ao calor.


ABSTRACT

The objective of this project is to present the relevant aspects of the adaptation and
well-being of horses in hot environments. Physiological responses and tests to assess the
ability of animals to tolerate the rigors of the tropical climate are treated with greater
emphasis, taking into account climate change in Brazil. With regard to animal welfare, the
following are presented: concepts, ethical aspects, animal law, specific legislation for horses,
alternatives for improving thermal comfort. This should help all who seek to increase animal
productivity, respecting the principles of animal welfare.

Keywords: Bioclimatology, environment, heat tolerance.


SUMÁRIO

Introdução.....................................................................................................................................7
1 Zona de conforto térmico.......................................................................................................7
2 Dispositivos anátomo-fisiológicos importantes na termorregulação..........................................8
3 Respostas endócrinas/fisiológicas ao estresse térmico.............................................................9
4 Efeitos do clima sobre a produção animal................................................................................11
5 Efeitos do clima sobre reprodução animal................................................................................12
6 Alterações comportamentais em condições de estresse térmico..............................................13
7 Principais índices para predição de estresse térmico................................................................15
8 Indicadores comportamentais e fisiológicos de BEA.................................................................15
9 Manejo nutricional e alimentos alternativos para redução do estresse térmico.......................15
10 Modificações primárias e secundárias para correção do microclima nas instalações
zootécnicas..................................................................................................................................16
Conclusão....................................................................................................................................17
REFERÊNCIAS...............................................................................................................................18
7

Introdução

Nos sistemas de produção agropecuários, o fator ambiental é considerado


determinante para eficiência da atividade econômica desenvolvida, de tal modo que a
adequação do ambiente é uma exigência básica para que os animais expressem seu potencial,
considerando também a vinculação ao bem-estar animal. O interesse em conhecer respostas
adaptativas dos animais ao ambiente tropical não é recente, e uma das maiores
preocupações da "bioclimatologia animal" é compreender o efeito do conjunto de
condições climáticas sobre o conforto térmico dos animais (Fraser e Broom, 2010).
O bem-estar dos animais, juntamente com as questões ambientais e a segurança dos
alimentos é considerado um dos maiores desafios da agropecuária mundial. A convicção dos
consumidores de que os animais utilizados para a produção de alimentos devem ser bem
tratados, ganha cada vez mais importância, principalmente junto a União Européia (UE) e
frente aos países terceiros que colocam animais vivos ou produtos de origem animal nos
estados membros. O objetivo é avaliar o comportamento dos animais mediante as suas
condições térmicas, com instalações apropriadas para um melhor conforto térmico e
ambiência. Além disso, o conforto térmico tem sua importância para que evite o estresse no
animal, e garanta o seu bem-estar.

1 Zona de conforto térmico

O bem-estar animal pode ser considerado uma demanda para que um sistema seja
defensável eticamente é aceitável socialmente. Warriss (2000) citado por Pandorfi (2005),
afirma que as pessoas desejam comer carne com “qualidade ética”, isto é, carne oriunda de
animais que foram criados, tratados e abatidos em sistemas que promovam o seu bem-estar, e
que sejam sustentáveis e ambientalmente corretos.
A zona de conforto térmico pode ser classificada em quatro tópicos Radiação,
Condução, Convecção e Evaporação sendo esse o mecanismo para manter sua temperatura em
equilíbrio ao ambiente em que se vivi.
A troca de Radiação ocorre em ambientes quentes, já a de Convecção ocorre em
ambientes frios, onde a zona de conforto térmico vai depender da capacidade de manter o
balanço termal com relação fisiológicos e ambientais, os equinos regulares sua temperatura
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corpórea entre a 37°c a 38°c sendo a frequência medida via retal estando em conforto térmico
sem sofre por calor ou por frio podendo expressa seu máximo desempenho
Segundo (Paludo,2003). A adaptação ambiental é indispensável para que haja
equilíbrio nas atividades fisiológicas, como armazenamento e dissipação de calor, produção,
assim como frequência respiratória, frequência cardíaca e temperatura retal. Portanto, para
que os equinos possam se adaptar ao ambiente é necessário que o animal ajusta-se às
condições ambientais médias (Paludo, 2002).

2 Dispositivos anátomo-fisiológicos importantes na termorregulação

A termorregulação pode ser definida como o conjunto de estratégias utilizadas pelos


seres vivos para regulação da temperatura corpórea, apresenta-se como um mecanismo
fundamental para a adaptação e manutenção de espécies animais em diferentes habitats
(Sousa e Batista, 2012). Ambiente e animal constituem um sistema equilibrado. Diante de
estímulos que provoquem desequilíbrio nesse sistema, o organismo recorrerá aos métodos de
feedback negativo ativados pela interação neuroendócrina a fim de evitar os transtornos
causados por um possível desajuste na homeostasia do organismo animal (Sousa e Batista,
2012).
A termorregulação é regulada por dois sistemas que atuam em conjunto, o sistema
endócrino e o sistema nervoso. Ambos enviam mensagens por meio de fibras sensitivas ou
aferentes ao centro regulador - o hipotálamo - que processa as informações e envia respostas
através de fibras eferentes e neurônios de associação até aos órgãos efetores, que produzem os
efeitos necessários à regulação da homeostase (Sousa e Batista, 2012).
Ainda em termos de classificação, os animais também podem ser endotérmicos ou
exotérmicos, dependendo da fonte de calor utilizada para manutenção da homeostase; aqueles
que utilizam calor interno, proveniente do metabolismo basal para esta finalidade são ditos
endotérmicos e os que se utilizam de fatores externos, como calor do sol, por exemplo, são
denominados exotérmicos (Sousa e Batista, 2012). Há também dois tipos de termorregulação,
a fisiológica, na qual há mudanças orgânicas fisiológicas decorrentes do estresse térmico e a
chamada termorregulação comportamental, em que os animais utilizam métodos
comportamentais para equilibrar sua temperatura, como abrigar-se à sombra, por exemplo,
(Sousa e Batista, 2012).
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Os equinos são animais de trabalho e de competição onde vários fatores influenciam


na sua temperatura corporal sendo eles temperatura, ambiente, alimentação, quantidade de
água e horário exposto ao sol os equinos têm uma grande quantidade de glândulas sudoríparas
e sebáceas.
As características de pelagem são diferentes para cada raça, a raça Árabe é a mais
rústica e aguenta mais as mudanças climáticas e o quanto de milha e cavalo criolo, as práticas
para ajudar na homeostase e banhos para refrescar o calor, troquilhas para facilitar a troca de
calor térmico e cobertores para aquecer no frio, o aumento da umidade e o aumento de
exercícios físicos leva o animal a uma desidratação perdendo seu desempenho.

3 Respostas endócrinas/fisiológicas ao estresse térmico


Animais homeotérmicos apresentam diferentes comportamentos e respostas
fisiológicas ao ambiente em que se encontram devidas apresentarem diversas estratégias de
termorregulação (Lima, 2014).
Realizando o acompanhamento das respostas fisiológicas do animal é possível
proporcioná-lo uma condição em relação ao ambiente e como o seu organismo modula
respostas para adequar o metabolismo a condição de estresse (Santos, 2011) e (Figueiredo,
2013).
De acordo com (Silva, 2005), o organismo do animal como um todo, sofre ação das
variáveis ambientais (fatores estressantes ao animal), levando-o a esbanjar algum tipo de
reação, podendo esta reação ser avaliada por meio do comportamento das variáveis
fisiológicas, sendo que, o conjunto dessas variáveis dá a medida da tensão a que o animal está
submetido. Com isso, os animais estão sempre em continuamente troca de energia com o
ambiente (Fonseca et al 2014).
Em equinos, as respostas de estresse são bem descritas e incluem, além da elevação do
cortisol plasmático e salivar, elevadas frequências respiratórias e cardíacas (e da variabilidade
da frequência cardíaca), aumento da temperatura corporal e da pressão arterial e de expressão
facial típica entre muitos outros sinais comportamentais específicos (DOBROMYLSKYJ et
al., 2000; SCHATZMANN, 2000; RIETMANN et al., 2004).

Frequência Cardíaca
10

Quando os equinos estão em repouso, a sua frequência cardíaca normal pode variar
entre 32 e 44 batimentos por minuto (Cunningham, 2004). Conforme Titto (2009), alterações
na frequência cardíaca podem ser respostas evidentes das tentativas orgânicas do animal para
sair das condições de estresse a que está submetido. Muitas vezes um banho é suficiente na
recuperação do cavalo, quando este é submetido a exercício físico.
De acordo com Mccutcheon (2008) em seus estudos nos mostra que os ajustes em
equinos são muito rápidos e que este sistema participa ativamente da termorregulação dos
animais, embora eles também aumentem a produção de calor. Estes dados são justificados por
Cunnigham (2002) que quando os mecanismos termorregulatórios são intensificados, a
temperatura corporal pode estabilizar-se, porém em nível mais elevado.

Frequência Respiratória

A frequência respiratória normal em equinos em repouso pode variar de 8 a 16


respirações por minuto (Cunningham, 2004). A frequência respiratória é o segundo
mecanismo mais importante na perda de calor pelos equinos, tanto na primeira fase do ofego
(alta frequência e superficial), quanto na segunda fase, quando a frequência reduz e a
respiração é profunda (Silva, 2005).
Entre as consequências do estresse, pode-se citar alteração de comportamento, atitude
e postura; aumento do catabolismo proteico e da lipólise; aumento da pressão sanguínea,
assim como da frequência sanguínea, a frequência cardíaca, respiratória e redução da
imunocompetência (Muir, 2004). A frequência respiratória dos equinos normal em repouso
varia entre 8 e 16 movimentos respiratórios por minuto (Robinson, 1999).

Temperatura Retal

A temperatura retal (TR) representa a temperatura corporal (Barbosa, 2008), onde em


equinos pode variar entre 37,2oC e 38,2oC (Cunningham, 2004), com a TR aumentada (40,5
a 41°C), ocorre taquipneia com a finalidade de promover a perda de calor, e com a
desidratação, advêm o aumento do tempo de perfusão capilar e diminuição do pulso periférico
(Dwyer,1986; Hodgson 1987; Leroux, 1995).
O equilíbrio na TR ocorre mais lentamente que em outros pontos internos, embora
não represente uma média da TCP, tornando-se um índice de equilíbrio dinâmico verdadeiro.
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A temperatura retal representa um bom indicador da temperatura corporal, e ainda deve ser
considerada a praticidade de se proceder à aferição (Castanheira, 2009). Para (Hickman
Junior, 1987) a temperatura retal nos permite avaliar se os animais estão conseguindo ou não
manter a sua temperatura dentro dos limites normais em condições de estresse térmico.
A transformação da energia química da dieta em energia mecânica tem apenas 20% de
rendimento, sendo todo o restante dissipado na forma de calor (Geor, 1996), sendo este calor
refletido diretamente na TR do animal. A contração muscular também gera calor,
influenciando no aumento da temperatura retal.

Temperatura de Pelame

Devido os animais de pelame escuro apresentar uma absorção de radiação térmica,


estes estão mais susceptíveis ao estresse calórico, que os com pelame claro (Silva, 2000).
Conforme Robertshaw (2006), nos trópicos, o crescimento é menor em animais com pelame
escuro.
Autores como Silva (2000) e Pereira (2005), asseguraram que animais pigmentados,
são mais resistentes aos raios ultravioleta, porém, quanto mais pigmentado for o pelame,
maior será a absorção de energia térmica, consequentemente maior será a temperatura da
superfície cutânea, ocasionando maior estresse de calor sobre os animais.

4 Efeitos do clima sobre a produção animal

Para terem produtividade, os animais dependem devem estar nessa zona de conforto
térmico (Curtis, 1983). A zona de termoneutralidade define limites de temperatura. Acima da
temperatura crítica superior, o animal entra em estresse pela temperatura elevada e abaixo da
temperatura crítica inferior sofrem estresse pelo frio. A partir desse ponto infere-se que o
animal está sob estresse climático (Lu, 1989; Marai et al., 2007). A zona de conforto térmico
para equinos vai de 5°C a 25°C (Morgan, 1996).
A qualidade dos produtos de origem animal podem ser percebida pelos seus atributos
sensoriais (cor, textura, suculência, sabor, odor, maciez), nutricionais (quantidade de gordura,
perfil de ácidos graxos, porcentagem de proteína, minerais e vitaminas), tecnológicos (pH e
capacidade de retenção de água), sanitários (ausência de tuberculose, encefalopatia
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espongiforme transmissível (BSE), salmonelas, Escheriquia coli), ausência de resíduos


químicos (antibióticos, hormônios, dioxina ou outras substâncias contaminantes), éticos (bem
estar do homem do campo, dos animais) e preservação ambiental (se o método de produção
não afeta a sustentabilidade do sistema e provoca poluição ambiental) (Guerrero et al., 2013,
Hocquette et al., 2005)

5 Efeitos do clima sobre reprodução animal

Estudos sobre o efeito do estresse térmico climático em éguas em estação ou repouso


são escassos, os primeiros experimentos foram conduzidos pelo grupo de pesquisa
coordenado pelo professor Júlio Cesar Ferraz Jacob da Universidade Federal Rural do Rio de
Janeiro, e partiram da observação empírica da oscilação negativa dos índices reprodutivos
durante as estações de monta, especificamente em períodos mais quentes da estação.
Pesquisas em outras espécies animais, mostram que períodos de alta temperatura e
umidade causam estresse térmico com efeitos negativos na performance reprodutiva. Nas
fêmeas mamíferas, a consequência mais óbvia é a probabilidade de redução de gestação. O
estresse térmico tem demonstrado alterar o status endócrino, o mecanismo de luteólise, o
desenvolvimento embrionário inicial e o crescimento fetal (Jordan, 2003).
Rivier e Rivest (1991) relatam que o estresse é acompanhado por um acréscimo na
atividade do eixo hipotalâmico-hipofisário-adrenal (HPA) e um decréscimo na função
reprodutiva e sugerem que haja uma possível relação entre os hormônios do HPA e os do eixo
hipotalâmico-hipofisário-gonadal (HPG). De fato, o hormônio liberador de corticotrofinas
(CRH) e os corticosteróides da adrenal iniciam um importante papel na modulação do efeito
do estresse na função. Os hormônios relacionados ao estresse podem influenciar a função
sexual em três níveis do eixo HPG: no hipotálamo, por meio do CRH, onde este inibe a
secreção de GnRH, na hipófise, diminuindo a liberação de LH e FSH que são estimulados
pelo GnRH e, nas gônadas alterando o efeito estimulatório das gonadotrofinas (Rivier e
Rivest, 1991; Pereira, 2005).
Com a diminuição da liberação das gonadotrofinas (LH e FSH), a produção de
estrógenos também será afetada. Isto está possivelmente relacionado ao fato de afetar a
capacidade esteroidogênica dos folículos e da dinâmica folicular ovariana, alterando a
expressão do RNAm de receptores de colesterol em células ovarianas, bem como, as
concentrações de colesterol e ácidos graxos no fluido folicular ovariano de folículos de vários
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tamanhos (Argov et al., 2005). Acarretando transtornos reprodutivos tais como: falhas na
detecção do estro ocasionado pela presença de estro silencioso, falhas no desenvolvimento e
qualidade do oócito, na fertilização e implantação do embrião devido a não preparação do
útero e formação de um corpo lúteo de má qualidade (De Rensis e Scaramuzzi, 2003).

6 Alterações comportamentais em condições de estresse térmico

A zona de conforto térmico do equino depende da sua capacidade de manter o balanço


termal, que está relacionado com seus mecanismos fisiológicos e as suas características
térmicas em relação ao ambiente físico (Castanheira, 2009). De acordo com Cunningham
(2004) o cavalo regula a sua temperatura a sua temperatura corpórea entre 37,5°C a 38,5°C,
temperaturas essas medidas por via retal.
Quando em atividade mais intensa, o equino apresenta atividade respiratória como um
meio importante para a perda de calor por evaporação e está frequência vai aumentando
conforme a temperatura do ar aumenta (BACCARI JÚNIOR, 1986). Os sinais mais notáveis
em equinos com estresse térmico são a sudorese intensa, vasos periféricos visíveis na
superfície do animal, um aumento na frequência cardíaca e na respiratória. Segundo Silva
(2000), a sudorese ocorre a partir de dois tipos de glândulas sudoríparas tubulares e
espiraladas situadas na derme. Durante a evaporação da água perdida no suor ocorre a troca
de calor entre os animais e o ambiente. Diversas condições podem influenciar a temperatura
corpórea, incluindo exercício, horário, temperatura, ambiente, digestão e ingestão de água.
Dentre as variáveis climáticas, as altas temperaturas ambientais, a umidade do ar e a
radiação solar direta são os principais responsáveis pelo desconforto fisiológico que leva os
animais a adotarem medidas fisiológicas e comportamentais para a manutenção do equilíbrio
de temperatura, e que na maior parte das vezes culminam com a redução no desempenho
produtivo (Souza, 2010). De acordo com Barbosa (2004) o senso comum de que, um
ambiente estressante afetas vário respostas fisiológicas, dependendo da capacidade do animal
para se adaptar. Sendo que as respostas fisiológicas e metabólicas ao meio ambiente resultam
de uma combinação de fatores ambientais, que podem afetar a saúde animal, o desempenho e
o comportamento geral (Mader, 2010).
A associação entre os fatores climáticos como, temperatura do ar, umidade relativa do
ar e irradiação provocam alterações fisiológicas que acabam interferindo na produtividade
animal (Silva, 2005). Inúmeras pesquisas atestam os efeitos negativos das elevadas
temperaturas sobre a produção de leite, reprodução e susceptibilidade a doenças (Barbosa,
2004). Como enfatizam Rodrigues (2010), afirmando que em condições ambientais de alto
14

desconforto térmico pelo calor, os animais têm seu consumo alimentar e produção láctea
reduzidos, além de outras alterações fisiológicas, como medidas da função de um processo de
controle da temperatura em um sistema físico. A temperatura retal, a frequência respiratória e
o nível de sudação cumprem um importante papel na termorregulação dos animais (Nóbrega,
2011).
 Possíveis causas do estresse
Os cavalos gostam de interação com outros animais e com o homem, gostam de estar
soltos no pasto e de poder correr livremente, por isso quando se diminui ou retira essa
possibilidade do animal, ele começa a reagir, ficando estressado.
Da mesma forma, o excesso de treinamento, o treinamento exaustivo, a falta de dieta
balanceada ou longos períodos confinado, podem elevar os níveis de estresse no equino.
Outra causa do estresse é a forma de transporte dos animais, realizada muitas vezes
sem alimento e água, fazendo com que o equino permaneça horas dentro de um caminhão,
chegando até mesmo a sofrer com a desidratação.
Para garantir o bem-estar-animal, é fundamental que sejam respeitadas as 5 liberdades
do cavalo, são elas:
1. Livre de medo e estresse;
2. Livre de fome e sede;
3. Livre de desconforto;
4. Livre de dor e doença;
5. Livre para expressar o comportamento natural da espécie.
Quando existe o comprometimento desses pontos fundamentais, a saúde do animal é
colocada em risco, quando essas cinco liberdades não são respeitadas, os equinos costumam
ter as seguintes reações: Vocalização; Arranhar o chão com muita frequência ou
intensamente; Balanço da cauda; Depressão; Sudorese; Movimentos repetitivos de
cabeça; Defecação excessiva, diarreia; Coice; Inquietação; Falta de apetite; Comportamento
agressivo; Ignorar as ordens habituais; Tragar ou bufar; Cauda levantada; Perda de peso; Roer
madeira; Coprofagia (comer as próprias fezes);
O conhecimento do comportamento natural da espécie é essencial para identificar
eventuais mudanças de atitude, o que permite avaliar se o cavalo está passando por uma
situação de estresse ou não. Se essas situações forem contínuas, os comportamentos podem se
tornar viciantes, como o ato de roer madeira e engolir ar, o que, consequentemente, causa
doenças, enfermidades e debilidades como a cólica, que pode ser fatal.
15

7 Principais índices para predição de estresse térmico

Os cavalos gostam de interação com outros animais e com o homem, gostam de estar
soltos no pasto e de poder correr livremente, por isso quando se diminui ou retira essa
possibilidade do animal, ele começa a reagir, ficando estressado.
Da mesma forma, o excesso de treinamento, o treinamento exaustivo, a falta de dieta
balanceada ou longos períodos confinado, podem elevar os níveis de estresse no equino.
Outra causa do estresse é a forma de transporte dos animais, realizada muitas vezes
sem alimento e água, fazendo com que o equino permaneça horas dentro de um caminhão,
chegando até mesmo a sofrer com a desidratação.

8 Indicadores comportamentais e fisiológicos de BEA


Segundo Silva (2000), várias características clínicas, hematológicas, fisiológicas
e comportamentais podem ser utilizadas para avaliar a adaptação dos animais ao calor. Nos
equinos, sinais indicadores de desconforto, principalmente térmico, geralmente são
identificados pelo aumento da temperatura retal, assim como das frequências respiratória e
cardíaca, sudorese e presença de vasos periféricos aparentes na superfície corporal (Silva,
2000).
O bem-estar pode ser medido por métodos científicos e deve ser independente de
quaisquer considerações éticas, culturais ou religiosas. São usados vários indicadores para
aferir o bem-estar de um animal, como o dano físico, a dor, o medo, o comportamento, a
redução de defesas do sistema imunológico e a incidência de doenças conforme Meneses,
1999, citado por Pandorfi, (2005).
O bem-estar é avaliado por meio de indicadores fisiológicos e comportamentais. As
medidas fisiológicas associadas ao estresse têm sido usadas com base em que, se o estresse
aumenta, o bem-estar diminui. Já os indicadores comportamentais são baseados especialmente
na ocorrência de comportamentos anormais, e daqueles que se afastam do comportamento no
ambiente natural.

9 Manejo nutricional e alimentos alternativos para redução do estresse


térmico
16

Cuidados com a alimentação.


A alimentação balanceada é essencial para manter a saúde e o bem-estar dos cavalos.
Portanto, além de sal mineral à vontade e a água limpa, oferecer um volumoso (feno ou
capim) de boa qualidade e uma ração ideal para a categoria do cavalo. Redobrar os cuidados
com a ração, fracionando o fornecimento em maior número de vezes durante o dia,
diminuindo assim o volume que o cavalo irá ingerir em cada refeição. Além disso, evitar
fornecer a ração nos horários mais quentes do dia e escolha produtos com fontes de energia
principalmente provenientes de lipídios, ou seja, com maior extrato etéreo.

10 Modificações primárias e secundárias para correção do microclima nas


instalações zootécnicas

Vários fatores climáticos interferem nas trocas de energia com os animais.


Primárias: formas simples de controle do ambiente, uso de recursos naturais (ex.:
vento, sombra, etc).
Secundárias: formas artificiais de controle do ambiente em sistemas intensivos (ex.:
sist. aquec. ou resfriamento).
 Sombreamento:
Importante em sistemas extensivos, ameniza o efeito da radiação solar.
Como fornecer sombreamento? Natural / artificial.
 Orientação da instalação:
Objetivo: evitar radiação solar direta dentro das instalações.
Sentido Leste – Oeste.
 Natureza da cobertura (tipos de telhado, pintura do mesmo).
 Altura da cobertura (pé-direito da construção)
 Ventilação
Quebra-ventos:
Objetivo: proteger instalações de vendavais, evitar grande perda de energia do corpo
dos animais sob efeito de ventilação natural ou canalizar correntes de ar para as instalações
evitar grande perda de energia do corpo dos animais sob efeito de ventilação natural, canalizar
correntes de ar.
 Modificações ambientais secundárias
17

Sistemas artificiais de condicionamento do ambiente. Adotadas quando as


modificações primárias não são eficientes, ainda fora da ZCT.
A eficiência depende das condições ambientes (ex.: umidade, temp. do ar) e de
características associadas aos animais (ex.: cobertura de pêlos/penas, ambiente de criação).

 Ventilação Forçada:
Tipo túnel (até 9 km/h), eficiente qdo temp. ar < temp. superficial do animal.
Ventilação + nebullização (temp. > 28ºC e UR <70%)
Resfriamento adiabático evaporativo

Aspersão
Nas coberturas
Eficiência depende da UR ambiente (<70%)

Aspersão
Sobre os animais
Eficiência depende da UR ambiente (<70%)

 Outras estratégias
- É mais fácil aquecer do que resfriar um ambiente.
- Associar diferentes métodos é mais eficiente do que um único.
- Iniciar pela implementação de modificações Primárias: baixo custo.
- Adequar a densidade de criação.
- Fornecimento de água: temp. e quantidade adequados.
- Estratégias nutricionais (incremento calórico, horário, digestibilidade).

Conclusão

Para ampliar a produtividade dos animais, é essencial a escolha correta de raças ou


tipos raciais com características favoráveis a adaptação as durezas do clima, através da
aplicação de testes bioclimáticos práticos realizáveis em nível de campo.
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Deve-se devem aumento da produtividade animal, levando em consideração o cuidado


de proteínas e outros produtos de origem animal, para atender a demanda crescente da
população humana, respeitando os princípios de bem-estar dos animais.
A disponibilidade de sombra para os animais criados nas regiões de climas quentes
deve ser priorizada, para favorecer o bem-estar e a produtividade deles.

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