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INTRODUÇÃO
Atualmente a avicultura tem se destacado no agronegócio
brasileiro, se apresentando como a cadeia com maior produção e
exportação, sendo a avicultura de corte e postura os setores mais
desenvolvidos. A coturnicultura é uma atividade que vem ganhando
espaço e deixou de ser uma atividade de subsistência e passou a ocupar
um cenário de atividade altamente tecnificada com resultados
promissores aos investidores (Bertechini, 2010).
Segundo Matos (2007), as codornas são aves que possuem rápido
crescimento, precocidade sexual, postura e rusticidade elevada e baixa
consumo de alimento. Além disso, de acordo com (Kato, 2007), para a
implantação das granjas, demanda-se de um pequeno espaço em
comparação as outras culturas, como a avicultura de frango de corte. Ou
seja, economicamente a coturnicultura exige um baixo investimento, com
rápido retorno econômico.
De acordo com Fátima (2015), o bem-estar animal é um dos temas
mais discutidos atualmente. Com o grande avanço das tecnologias de
produção busca-se um bom desempenho animal e que os mesmos
estejam livres de quaisquer danos que possam ser causados por dor,
desconforto, estresse, sofrimento, medo e ansiedade.
O enriquecimento ambiental pode ser uma alternativa para
proporcionar um maior bem-estar para as aves, além de poder incentivar
e expressar os seus comportamentos naturais. De acordo com
(CARLSTEAD e SHEPHERDSON, 2000; BOERE, 2001), o
enriquecimento ambiental consiste em uma série de medidas que
modificam o ambiente físico ou social, proporcionando condições para o
desempenho de suas necessidades etológicas e aumento de taxas
reprodutivas além de reduzir estresse, distúrbios comportamentais,
intervenções clínicas e mortalidade.
Os tipos de enriquecimento ambiental são elaborados de acordo
com a espécie do animal e sua capacidade de interação com o
ambiente. Eles podem variar de acordo com a cor, tipo de material,
posição e idade de exposição.
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O enriquecimento ambiental tem como intuito minimizar os
comportamentos estereotipados, aumentar a atividade e,
consequentemente, permitir que os animais expressem comportamentos
mais próximos do natural.
A produção de carne de codornas foi, por longo período,
caracterizada pelo abate de aves provenientes das criações destinadas
à produção de ovos, sendo que eram abatidas fêmeas ao fim do primeiro
ciclo de produção de ovos (GARCIA, 2002).
A qualidade da carne de codornas japonesas pós-abate está
diretamente relacionada a diversos fatores, sendo o pH um dos
principais parâmetros utilizados para avaliar sua qualidade. O pH é uma
medida da acidez ou alcalinidade da carne e tem um papel crucial na
determinação da textura, cor, sabor e vida útil do produto final.
Um pH adequado é fundamental para garantir uma carne de
qualidade. Em geral, um pH de 5,6 a 5,8 é considerado ideal para a
carne de aves, incluindo codornas. Quando o pH fica abaixo desse
intervalo, a carne é classificada como ácida, o que pode resultar em uma
textura mais macia, mas também pode estar associada a características
indesejáveis, como uma menor capacidade de retenção de água, menor
vida útil do produto e uma maior suscetibilidade ao crescimento de
microrganismos.
Por outro lado, quando o pH da carne de codornas japonesas pós-
abate fica acima do intervalo ideal, ou seja, mais alcalino, a carne é
classificada como básica. Um pH elevado pode estar relacionado a uma
textura mais rígida e uma cor mais clara, além de ser indicativo de uma
deterioração microbiana mais rápida.
Portanto, um pH adequado contribui para uma carne de boa
textura, cor e sabor, além de influenciar sua vida útil.
A qualidade da carne depende ainda da temperatura do tecido
muscular e da velocidade de resfriamento após o abate, sendo que as
velocidades das reações bioquímicas são reduzidas em baixas
temperaturas (VIEIRA et al., 1999).
Considerando-se os potenciais benefícios do enriquecimento
ambiental para a qualidade de vida dos animais, o objetivo deste
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trabalho foi investigar os efeitos diferentes enriquecimentos ambientais
sobre a qualidade da carne de codornas japonesas abatidas após o final
da postura.

.MATERIAL E MÉTODOS

O experimento será conduzido no Laboratório de experimentação e


metabolismo animal - LEMA, do departamento de zootecnia da
Universidade Federal de São João del-Rei, Minas Gerais.

Serão utilizadas 240 codornas japonesas (Coturnix coturnix japonica) em


postura, com o peso médio de 175 g, com 32 semanas de idade, distribuídas
em delineamento experimental inteiramente casualizado.
O trabalho consistirá em cinco tratamentos formados por diferentes
tipos de enriquecimento ambiental (T1- controle; T2- cordão com tampinha
plástica; T3- fitas de cetim coloridas; T4- bolinhas de feno e T5- casca de coco)
com quatro repetições, compostos de oito aves por unidade experimental.
As aves serão alojadas em gaiolas de arame galvanizado, com as
dimensões de 35 x 37,5cm (profundidade x largura) perfazendo uma área total
de 1312,5 cm2/gaiola. Cada gaiola será equipada com um comedouro tipo
calha disposto frontalmente e bebedouro tipo nipple com copinho.
A ração e a água serão fornecidas à vontade durante todo período
experimental. A ração fornecida será comercial, oriunda de empresa
previamente licitada pela Universidade Federal de São João del-Rei para
fornecimento de rações para categoria animal: codornas em postura.

O fotoperíodo utilizado será de 16 horas de luz (natural + artificial),


que será controlado por um relógio automático (timer).
O manejo diário consistirá em fornecer a ração, fazer a leitura das
temperaturas (máxima e mínima) e umidade relativa do ar (UR), higienização
das instalações.
Uma ave proveniente de cada tratamento e repetição será selecionada e
submetida a jejum alimentar de 6 horas, sendo transportada uma hora antes do
abate para a sala de abate, provida de luz azul, em seguida pesadas e
insensibilizadas por deslocamento cervical e abatidas, realizando-se a sangria,
por 3 minutos. Serão avaliados os seguintes parâmetros: peso, temperatura e
pH dos peitos das aves, sendo todos os parâmetros mensurados após a
sangria, meia hora, uma hora e após um dia do abate.
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As amostras permaneceram 24 horas armazenadas à temperatura de
aproximadamente 2ºC. As análises dos peitos serão realizadas no Laboratório
de experimentação e metabolismo animal - LEMA, da UFSJ. As variáveis
analisadas foram: peso corporal, peso e rendimento de carcaça, peso e
rendimento do peito, peso e rendimento das pernas, queda de pH ‘post mortem’,
pH inicial, pH final e temperatura.
Os parâmetros foram submetidos a análises estatísticas por meio do
programa Statistical Analysis System® v.9.3 (SAS INSTITUTE, 2011), e as
médias comparadas pelo teste SNK a 5% de probabilidade.
Para determinação do pH inicial e final será utilizado o potenciômetro
composto de um eletrodo de penetração, que será inserido diretamente no
músculo Pectoralis major. Essa avaliação será feita conforme metodologia
proposta por Van Laack et al. (2000).

REFERÊNCIAS
BERTECHINI, Antônio G. Situação atual e perspectivas para a coturnicultura no
Brasil.
Disponivel em:https://www.bibliotecaagptea.org.br/zootecnia/avicultura/artigos/
SITUACAO%20 ATUAL%20E%20PERSPECTIVAS%20PARA%20A
%20COTURNICULTURA%
20NO%20BRASIL.pdf>. Acesso em: 26 de Maio de 2023.

BOERE, V. Behavior and environment enrichment. University Press, p. 263- 266,


2001.

FÁTIMA, Rosiane. Avaliação etológica de frangos de corte submetidos aos


diferentes modelos de enriquecimento ambiental. 2015. Trabalho de conclusão
de curso (Zootecnia) - Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Dois Vizinhos.
GARCIA, E.A. Codornas para a produção de carne. In: SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE
COTURNICULTURA, Lavras, 1., 2002, Lavras. Anais... Lavras: Universidade Federal de Lavras,
2002. p.97-108.

KATO, R.K. Importância do custo de produção na coturnicultura. 2007.


Simpósio internacional de coturnicultura- Universidade Federal de Lavras, Lavras.

MATOS, Eduardo.H.S.F. Dossiê técnico: criação de codornas. Setembro de


2007. Centro de Apoio ao Desenvolvimento Tecnológico da Universidade de Brasília
– CDT/UnB.
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Van LAACK, R.L.J.M.; LIU, C.H.; SMITH, M.O.; LOVEDAY, H.D. Characteristics of
pale, soft, exudative broiler breast meat. Poultry Science, v.79, n.7, p.1057-1061,
2000.

VIEIRA, S.L. Considerações sobre as características de qualidade de carne de


frango e fatores que podem afetála. Porto Alegre, 1999. Disponível em: . Acesso
em: 26 de Maio 2023.

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