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Marcelo Martins Maciel

Bem-estar animal e sua relação com a produtividade na pecuária de corte

Projeto de Pesquisa

Cruz Alta, RS, 2021


Marcelo Martins Maciel

Bem-estar animal e sua relação com a produtividade na pecuária de corte

Projeto de Pesquisa apresentado ao Curso de


Medicina Veterinária da Universidade de Cruz
Alta, como requisito parcial para obtenção de nota
em disciplina de Metodologia da Pesquisa.

Profª: Dra. Ieda Márcia Donati Linck

Cruz Alta, RS, junho 2021


SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO.................................................................................................................... 4

1.1 Objetivos.............................................................................................................................. 5

1.1.1 Objetivo Geral....................................................................................................................5

1.1.2 Objetivos Específicos........................................................................................................ 5

1.2 Justificativa......................................................................................................................... 5

1.3 Problema.............................................................................................................................. 6

1.4 Hipóteses.............................................................................................................................. 6

2. REFERENCIAL TEÓRICO .............................................................................................. 7

3. METODOLOGIA ............................................................................................................... 9

4. CRONOGRAMA ................................................................................................................ 9

REFERÊNCIAS....... ............................................................................................................... 9
1. INTRODUÇÃO

Com o aumento da população mundial e as exportações aquecidas, a pecuária de corte


brasileira tem passado por mudanças significativas para suprir a alta demanda no mercado da
carne. Alguns processos estão sendo implementados no setor visando o aumento de
produtividade e eficiência produtiva. Contudo, é cada vez maior também a preocupação dos
consumidores com a qualidade dos produtos, bem como com o ambiente e o tratamento
dispensado aos animais. Foi assim que, há alguns anos, percebeu-se que a melhor maneira de
elevar os níveis de produção com sustentabilidade é investindo em bem-estar animal.
O conceito de bem-estar animal que melhor se enquadra no contexto científico, descreve
que: bem-estar animal é o estado de um organismo em relação às tentativas de se adaptar ao seu
ambiente (Broom, 1986). Em outras palavras, um animal que apresenta dificuldades em se
adaptar ao meio, tem elevados custos biológicos (como exemplo um maior gasto de energia e
redução da imunidade), consequentemente, terá seu bem-estar e desempenho comprometidos.
A inserção do conceito de bem-estar na produção animal teve o seu princípio na década
de 70, quando o Conselho para o Bem-Estar de Animais de Fazenda (Farm Animal Welfare
Council – FAWC), criado pelo Governo da Grã-Bretanha, publicou um documento com os
princípios que ainda hoje norteiam as boas práticas do bem-estar animal, o que ficou conhecido
como “As Cinco Liberdades”, segundo estas o animal deve estar livre de fome e sede; livre de
desconforto; livre de dor, doenças e lesões; livre de medo e estresse e livre para expressar seu
comportamento natural (FAWC, 1979).
Conforme alguns estudos, há muita informação sobre o efeito da qualidade do manejo
sobre o bem-estar animal e a produtividade, dessa forma os animais que recebem um manejo
adequado, são menos suscetíveis ao estresse gerado pelas várias rotinas de uma empresa
pecuária que envolvam a presença do homem. Este efeito se reflete não apenas no
comportamento, mas também no temperamento (del Campo et al., 2008) e na produtividade
dos animais (Rushen et al., 1999; Breuer et al., 2000; del Campo et al., 2008).
De modo geral, as noções de bem-estar animal nos levam a entender que o gado que
está bem, irá produzir bem. Há alguns anos percebeu-se que os bovinos criados em condições
ideais, que respeitam a saúde física e mental, produzem carne de melhor qualidade e em maior
quantidade. Então as boas práticas de manejo devem ser incorporadas como rotina nas fazendas
de pecuária, pois para atingir uma maior eficiência produtiva, o tratamento adequado aos
animais é essencial, além de boas instalações, áreas de sombra disponível, status sanitário e
recursos como água e nutrição de qualidade.
Portanto, este estudo abordará os principais métodos e práticas recomendadas para a
redução de estresse dos animais e consequentemente o aumento de produtividade do rebanho,
destacando a importância do ponto de vista ético, pois existem suficientes evidências científicas
internacionais e nacionais, indicando que as boas práticas de manejo se refletem tanto em um
aumento da produção como na melhoria da qualidade do produto obtido, o que pode traduzir-
se em efeitos positivos sobre os lucros e a rentabilidade das empresas agropecuárias.

1.1. Objetivos

1.1.1 Objetivo Geral

Analisar a relação do bem-estar animal com o aumento de produtividade na pecuária de


corte.
1.1.2 Objetivos Específicos

• Aprofundar os estudos teóricos sobre as boas práticas de bem-estar animal;


• Realizar um estudo sobre o bem-estar animal: sistemas de produção, práticas de manejo
e qualidade do produto;
• Analisar as vantagens do bem-estar animal para o pecuarista e mercado consumidor.
• Destacar a importância das práticas de bem-estar animal do ponto de vista ético.

1.2 Justificativa

O Brasil é um dos maiores exportadores de carne bovina do mundo e por isso, a pecuária
de corte tem grande importância na economia do país, pois é um dos grandes pilares
econômicos, empregando mais de um milhão e meio de pessoas na atividade.
Nesse cenário é crescente o número de profissionais envolvidos no setor, que estão se
conscientizando sobre a relação do bem-estar animal com o aumento de produtividade. Desse
modo, cabe destacar que é tendência que as pessoas se preocupem em como o alimento
consumido foi produzido.
O bem-estar animal e a sustentabilidade cada vez mais aparecem como barreiras
mercadológicas, restringindo o mercado para os fornecedores que adotam boas práticas de
criação, transporte e abate. Para isso é importante a aproximação de diferentes campos de
conhecimento, como marketing, finanças, veterinária e zootecnia, para desenvolvimento e
aperfeiçoamento de modelos de negócios que incluam os princípios de bem-estar animal na
estratégia competitiva das empresas.
Conforme estudo feito pelo Centro de Inteligência da Carne Bovina (CiCarne) da
Embrapa, em parceria com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), nas
próximas décadas o bem-estar animal será mandatório na pecuária de corte, desde a cria até o
abate, pois as boas práticas de bem-estar se caracterizam como importante ferramenta para
melhorar a qualidade de vida dos animais, com reflexos positivos na produtividade e na
qualidade do produto (carne).
A questão do bem-estar animal envolve diversos aspectos éticos e sociais, além das
questões científicas e técnicas que são constantemente debatidas por especialistas da área. Com
base nestas informações será desenvolvido este trabalho, onde serão analisados a relação e os
impactos do bem-estar animal com o aumento de produtividade de carne bovina, além de
técnicas de manejo adequadas e os benefícios para o pecuarista e mercado consumidor.
Portanto, este trabalho terá extrema relevância, pois cabe ao Médico Veterinário atuar
pela saúde e bem-estar dos animais por meio dos serviços prestados à sociedade, assegurando
a preservação da saúde pública, na produção de alimentos saudáveis e em atividades voltadas
para garantir a sustentabilidade ambiental do planeta.

1.3 Problema

Como o bem-estar animal influencia na produtividade da pecuária de corte?

1.4 Hipóteses

O pesquisador acredita que confirmará as seguintes hipóteses:


• As boas práticas de bem-estar animal são uma importante ferramenta para
aumentar a produtividade e a qualidade do produto (carne);
• As práticas para melhoria de bem-estar animal além de priorizar a qualidade de
vida dos animais tem reflexos positivos na segurança e conforto dos
trabalhadores;
• Há uma parcela da população (principalmente o mercado internacional) que está
disposta a pagar por produtos de qualidade superior e provenientes de um
sistema de produção que leva em consideração as questões éticas e ambientais;
• Os processos que adotam o bem-estar animal podem ser considerados como
investimento e não como gasto, uma vez que as melhorias elevam
consideravelmente a produtividade e a qualidade dos resultados.
• Nas próximas décadas o bem-estar animal será mandatório na pecuária de corte.

2. REFERENCIAL TEÓRICO

Atualmente, as questões referentes ao bem-estar dos animais estão sendo discutidas


com interesse cada vez maior no mundo inteiro. Na pecuária moderna, do campo até o
consumidor, o tema ganha destaque em toda a cadeia produtiva, tornando a pauta cada vez
mais importante.
A ciência do bem-estar animal é pautada no desenvolvimento contínuo de pesquisas
e métodos que indicam benefícios para todas as etapas do processo de produção. Das muitas
definições propostas, uma das mais aceitas no ambiente científico vem sendo aquela publicada
por Broom (1986), segundo a qual “bem-estar animal é o estado de um organismo em
relação às suas tentativas de se adaptar ao seu ambiente”.
Em 1979, o Farm Animal Welfare Council (FAWC) publicou um documento com
os princípios que ainda hoje norteiam as boas práticas do bem-estar animal, o que ficou
conhecido como “As Cinco Liberdades”. Criado para a avaliação por meio da inspeção e
observação estes princípios permitem avaliar qualitativamente os aspectos físicos, mentais
e naturais do bem-estar. De acordo com tal conceito o animal deve estar livre de dor, lesão
e enfermidades; livre de desconforto (estresse ambiental); livre de fome, sede e
desnutrição; livre de medo e angústia (estresse mental); e livre para expressar seu
comportamento natural (FAWC, 1979).
Um conceito que complementa as cinco liberdades, publicado primeiramente em
1993 e posteriormente mencionado e discutido em 2009 (FAWC, 2009), foi o conceito das
5 liberdades e suas provisões do bem-estar animal: 1) Livre de sede, fome e desnutrição
pelo pronto acesso à água fresca e uma dieta para manter a plena saúde e vigor; 2) Livre
de desconforto, propiciando um ambiente adequado, incluindo abrigo e uma confortável
área de descanso; 3) Livre de dor, lesões, doenças e prevenção ou diagnóstico rápido e
tratamento; 4) Liberdade para expressar comportamento normal, fornecendo espaço
suficiente, instalações adequadas e companhia de animais da própria espécie; 5) Livre de
medo e distresse, assegurando condições que evitem o sofrimento mental.
Existe uma relação muito próxima entre bem-estar animal, saúde animal e
produtividade. Assim, o conhecimento e o respeito à biologia dos animais de produção
proporcionam melhores resultados econômicos, mediante o aumento da eficiência do
sistema produtivo e da melhoria da qualidade do produto final (HOCQUETTE et al., 2012).
A busca por um modelo de negócio mais sustentável envolve também aspectos de
cuidados, respeito e ética. Nesse contexto, Sant’Anna & Paranhos da Costa (2009)
ressaltaram que o bem-estar animal, na cadeia produtiva, apresenta-se como um atributo
de qualidade. No quesito carne bovina, o bem-estar animal pode estar associado às
características qualitativas, como cor, maciez e sabor, agregando maior valor a o produto
final.
No Brasil, o objetivo de maximizar produtividade é parte do raciocínio vigente na
pecuária (MOLENTO, 2005). Segundo Webster (1982) praticamente toda a pesquisa em
pecuária tem sido direcionada aos sistemas mais intensivos, e uma das maiores
contribuições que a ciência pode fazer ao bem-estar de animais de produção é explorar de
forma mais aprofundada as implicações nutricionais, fisiológicas e sanitárias de sistemas
de criação considerados aceitáveis pelo público preocupado com o bem-estar animal. Tal
pesquisa provavelmente conduzirá a uma redução da margem econômica entre os sistemas
altamente intensivos atuais e sistemas semi-intensivos (WEBSTER, 1982).
Há uma parcela da população (principalmente o mercado internacional) que está
disposta a pagar por produtos de qualidade superior e provenientes de um sistema de produção
que leva em consideração as questões éticas e ambientais, a lógica deste raciocínio é que a
preferência por produtos associados a mais alto grau de bem-estar animal baseia-se em
questões éticas; tais preferências tendem a ser mantidas por atitudes provenientes de
reflexão profunda e não são, para sociedades de alto poder aquisitivo, modificadas por
preços (McINERNEY, 2004).
Deste modo, a busca por boas práticas de bem-estar animal está cada vez mais
intensa. O tema é parte da sustentabilidade das atividades pecuárias, de exigências da
própria sociedade e têm influência direta na produtividade e na qualidade da carne bovina.
Além disso, envolve cuidados que agregam valor ao produto, contribuindo para preservar
e ampliar mercados.
3. Metodologia

Quanto aos objetivos gerais, a pesquisa será do tipo descritiva explicativa. Utiliza
no seu delineamento a coleta de dados em fontes bibliográficas disponíveis em meios
físicos e na rede de computadores. Na sua realização será utilizado o método de abordagem
hipotético-dedutivo, observando os seguintes procedimentos:
a) seleção de bibliografia e documentos afins à temática e em meios físicos e na
Internet, interdisciplinares, capazes e suficientes para que o pesquisador construa um
referencial teórico coerente sobre o tema em estudo, responda o problema proposto,
corrobore ou refute as hipóteses levantadas e atinja os objetivos propostos na pesquisa;
b) leitura e fichamento do material selecionado;
c) reflexão crítica sobre o material selecionado.

4. Cronograma

Atividades Período de execução (2021) – Projeto


Meses do ano Março Abril Maio Junho Julho
Escolha do Tema X
Levantamento Bibliográfico X X X
Seleção das fontes X X X
Revisão de Literatura X X X X
Elaboração do Projeto de Pesquisa X X X X
Apresentação em Seminário X X
Envio do Projeto Pronto X

REFERÊNCIAS

1. BAILONE, Ricardo Lacava. Exportação de animais vivos e o bem-estar animal no Brasil:


um panorama da situação atual. Revista de Educação Continuada em Medicina Veterinária
e Zootecnia do CRMV-SP, v. 17, n. 1, p. 34-38, 2019. Disponível em:
<https://www.revistamvez-crmvsp.com.br/index.php/recmvz/article/view/37841/42527>.

2. BROOM, D.M. Indicators of poor welfare. British Veterinary Journal, London, v.142,
p.524-526, 1986.
3. FARM ANIMAL WELFARE COUNCIL - FAWC. Five Freedoms. London: FAWC, 2009.
Disponível em:
https://webarchive.nationalarchives.gov.uk/20121010012427/http://www.fawc.org.uk/freedo
ms.htm>.

4. HOCQUETTE, J. F. et al. Opportunities for predicting and manipulating beef quality. Meat
Science, Vol. 92, Issue 3, pp. 197-209, 2012.

5. McINERNEY, J.P. Animal welfare, economics and policy – report on a study undertaken
for the Farm & Animal Health Economics Division of Defra, February 2004.

6. MOLENTO, Carla Forte Maiolino. BEM-ESTAR E PRODUÇÃO ANIMAL: ASPECTOS


ECONÔMICOS - REVISÃO. Archives of Veterinary Science v. 10, n. 1, p. 1-11. Disponível
em https://revistas.ufpr.br/veterinary/article/view/4078/3305

7. MOLENTO, Carla Forte Maiolino. Ensino de bem-estar animal nos cursos de Medicina
Veterinária e Zootecnia. Ciência Veterinária nos Trópicos, Recife-PE, v. 11, suplemento 1, p.
6-12 - abril, 2008. Disponível em http://www.rcvt.org.br/suplemento11/6-12.pdf

8. OLIVEIRA, Carolina Balbé de; BORTOLI, Elísio Camargo de; BARCELLOS, Júlio Otávio
Jardim. DIFERENCIAÇÃO POR QUALIDADE DA CARNE BOVINA: A ÓTICA DO BEM-
ESTAR ANIMAL. Cienc. Rural [online]. 2008, vol.38, n.7, p. 2092-2096. Disponível em
https://www.scielo.br/pdf/cr/v38n7/a49v38n7.pdf

9. QUINTILIANO, Murilo Henrique; PARANHOS da COSTA, Mateus José Rodrigues.


Manejo racional de bovinos de corte em confinamento: Produtividade e bem-estar animal.
IV SINEBOV, 2006, Seropédica, RJ. Anais. 2006. Disponível em
http://www.grupoetco.org.br/arquivos_br/pdf/manejo_bovinos_confinamento.pdf

10.SANT’ANNA, A.C; PARANHOS DA COSTA, M.J.R. Como as práticas de bea podem


melhorar a bovinocultura moderna. I SIMBEA – Simpósio da Ciência do Bem-estar
Animal. Belo Horizonte, 83p., 2009.

11.WEBSTER, A.J.F. The economics of farm animal welfare. International Journal for the
Study of Animal Problems, Washington, DC, v.3, p.301-306, 1982.

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