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Que fatores podem limitar a distribuição geográfica das espécies?

Temperatura, humidade relativa e pluviosidade

Exemplo: Ceratitis capitata Weid.


Condições ótimas e favoráveis para o desenvolvimento e reprodução de C. capitata

30
Temperatura (C)

Climogramas de
Tel Aviv
20

10
Condições
óptimas

0
50 60 70 80 90
Condições
favoráveis Humidade Relativa (%)
Consequência do incremento da temperatura ambiental na duração
do ciclo de vida e número de gerações
(e.g. Ceratitis capitata Weid.)

Região Número de gerações anuais


Honolulu 11 a 12

Cairo 9

Argel 5
Paris 2

As espécies de insetos classificam-se em (do mesmo ou diferente do tamanho da época favorável):

- homodinâmicas, quando o número de gerações varia em função do comprimento da


época favorável

- heterodinâmicas, quando têm um número de gerações constante. O seu


desenvolvimento sofre uma parada brusca (e.g. estivação) mesmo quando as condições do
meio são favoráveis.
Classificação ecofisiológica das presas
(Hodek & Evans, 2012)

REJEITADAS

Essenciais
TÓXICAS

ACEITES

Alternativas

+ -
Nível de adequação do alimento
 Aphis fabae  Myzus persicae  Aleyrodes proletella
Resultados
Tempo de desenvolvimento dos imaturos
Consequência da ação dos fatores
ecológicos sobre os seres vivos.

i) Eliminando certas espécies dos territórios cujas características i) climáticas, ii) fisico-
químicas e/ou iii) bióticas não lhes convêm, LOGO: intervindo na distribuição
geográfica dos organismos,

ii) Modificando as taxas de fecundidade e de mortalidade das diversas espécies,


atuando sobre ciclos de desenvolvimento e provocando migrações, LOGO: agindo
sobre a dinâmica das populações e

iii) Favorecendo o aparecimento de modificações adaptativas:

- quantitativas do metabolismo e qualitativas, tais como a diapausa, a


hibernação e a estivação, e alterações morfológicas, fisiológicas, ecológicas e
comportamentais.
1. Alterações morfológicas às temperaturas extremas
1.1 A forma do corpo
Regra Ecogeográfica de Bergmann (1847)

Enuncia que num mesmo grupo sistemático de espécies endotérmicas, aquelas que apresentam
maior tamanho habitam em regiões mais frias.

Comparação da perda de calor em 3 aves de pesos distintos.


Objecto 1 Objecto 2
Peso (g) Perda de calor (cal/Kg)
8 1020
48 344
390 144

Volume de 1 > Volume de 2

Superfície de 1 > Superfície de 2

(V1 / S1) > (V2 / S2)


1. Alterações morfológicas às temperaturas extremas
1.1 A forma do corpo
Regra Ecogeográfica de Bergmann (1847)

Enuncia que num mesmo grupo sistemático de espécies endotérmicas, aquelas que apresentam maior tamanho
habitam em regiões mais frias.

Odocoileus virginiaus (Cervidae)

Aptenodytes forster
1,2 m e 34 Kg Cervídeo com larga distribuição geográfica
(Antártida) no continente americano

Antílope Walter
(África)

Spheniscus mendiculus
0,5 m e 5 Kg
(I. Galápagos) Antílope do Tibete
1. Alterações morfológicas às temperaturas extremas
1.1 A forma do corpo
Regra Ecogeográfica de Allen (1877)

Corresponde a uma consequência da regra de Bergmann. Enuncia que nos mamíferos das regiões
de clima frio observa-se uma significativa redução da superfície dos apêndices.

Perda de calor

Megalotis zerda Vulpes vulpes Alopex lagopus


(raposa kit) (raposa vermelha) (raposa do ártico)
1. Alterações morfológicas
1.2 A cor do corpo
Regra Ecogeográfica de Gloger

Enuncia que um número alargado de espécies de insectos, mamíferos e aves, os indivíduos:


i) Nos climas quentes e húmidos tendem a ser mais escuros,
ii) Nos climas quentes e secos tendem a ser mais claros e
iii) Nos climas frios e húmidos tendem a ser mais claros.

Melospiza melodia distribui-se ao longo do continente Norte Americano

Provavelmente ocorre por questões de camuflagem e proteção contra predadores. Isto porque:

- as regiões mais húmidas apresentam uma vegetação mais vigorosa logo será mais vantajoso
para os indivíduos possuírem cores escuras.
- as regiões mais frias e secas apresentam uma vegetação menos vigorosa logo será mais
vantajoso para os indivíduos possuírem cores claras.
1. Alterações morfológicas
1.2 A cor do corpo
Regra Ecogeográfica de Gloger

i) Raças de aves e mamíferos que habitam em regiões mais frias têm menos feomelaninas
castanho-avermelhadas nas penas e nos pêlos do que as raças das mesmas espécies das regiões
mais temperadas,

ii) Raças de aves e mamíferos que habitam em regiões mais quentes e húmidas têm mais
melanina escura nas penas e nos pêlos do que as raças das mesmas espécies das regiões mais
frias e secas e

iii) Raças de aves e mamíferos que habitam em regiões muito secas têm mais feomelaninas claras
ou amarelas nas penas e nos pêlos do que as raças das mesmas espécies das regiões mais
húmidas.

Regra de Gloger segundo Rensch (1960) in The Laws of Evolutions [Sacarrão (1991)]
1. Alterações morfológicas
1.2 A cor do corpo
Regra Ecogeográfica de Gloger

2590 m
Florestas boreais
Sierra del Carmen (México)

Geospiza sp.

1370 m
Florestas caducifólias
14

Temperatura interna (ºC)


Típicas
Melanisadas
12

10 Temperatura interna das formas típicas e


melanisadas de Adalia bipunctata L. iluminadas por um
filamento de tungsténio de 40W a uma distância de 10
8 cm durante 10 min.

6
Existência de Termo-melanismo
0,25 0,5 2 5 10
(Muggleton et al., 1975)
Tempo (minutos)

Medida da actividade das formas melanisadas e típicas de A. bipunctata a duas


temperaturas constantes.

Temperatura Quadrados utilizados pelas formas Quadrados utilizados pelas formas típicas
(ºC) melanisadas

5 33,4±7 8,8±2,04

7,5 67±8,17 51,9±9,23


1. Alterações morfológicas às temperaturas extremas
1.3 A modificação da pilosidade (mamíferos)

Raposa branca
Nos mamíferos de regiões frias:
a espessura da pelagem (pilosidade)
Rena aumenta com o tamanho do animal.

Nos mais pequenos: hibernam.

Urso branco
Castor
Marta
Nos mamíferos de regiões tropicais e
Doninha temperadas
não existe correlação entre o tamanho, a
Lemming espessura da pelagem e o poder isolante,
Esquilo exceto:
Bradypus griseus (BG)
Musaranho Choloepus hoffmanni (CH) e
Aotus trivirgatus (AT), macaco noturno.

x e  mamíferos de regiões tropicais


1. Alterações morfológicas
ao déficit de água

ii) Redução das Animais xérofilos


folhas
i) Estomas em Órgãos respiratórios internos com
câmaras largas fossas nasais, intensa
iii) Caules: pilosidade, frias e repletas de
Cerosos humidade. Tal permite recuperar a
Lenhosos água durante expiração, por
Acumulação de água condensação.
iv) Sistema radicular desenvolvido

Classificação das espécies em função das suas necessidade em água:

CATEGORIAS Necessidade de água Exemplos


Aquáticas/hidrófilas ++++ Peixes e algas
Higrófilas +++ Anfíbios e cavernícolas
Mesófilas ++ Climas temperados
Xerófilas + Cactos e Euforbias
2. Alterações fisiológicas às temperaturas extremas

Factores indutores Exemplos

Especialmente
Diapausa1 Externos e internos (não é uma resposta fisiológica, em
direta, à alteração das condições ambientais) Insectos

Estivação Insectos e
répteis
Externos
i) elevada temperatura e Botânica
Quiescência2 ii) baixa humidade (botões florais)

Hibernação
Externos:
i) baixa temperatura e Mamíferos
ii) falta de alimento

1 Interrupção temporária do desenvolvimento e à qual está associada a um período de dormência (inatividade:


suspensão do desenvolvimento e redução do metabolismo) em épocas desfavoráveis e previsíveis. Característico
dos organismos poiquilotérmicos (ecotérmicos ou de sangue frio).

2Dormência ou redução da atividade dos organismos que ocorre a partir do momento em que as condições do
meio ambiente são desfavoráveis. A quiescência pode ocorrer na época estival ou hibernal.
2. Alterações fisiológicas às temperaturas extremas

... efectuam-se por via da alteração do metabolismo e constitui aquilo que se designa de
aclimatização, isto é, de alterações adaptativas reversíveis nos organismos em resposta à
alteração das condições ambientais.

Alguns exemplos:

Alteração da produção de glóbulos vermelhos com a altitude.


Lepus articus Ross

Aumento das perdas de calor por via da vaso-dilatação periférica.

Incremento da transpiração cutânea por via do aumento da temperatura.

Incremento ou redução das taxas metabólicas.

Troca de pelagem entre o verão e o inverno.


2. Alterações fisiológicas ao déficit de água.

i) Reduz as perdas de água


ii) Utiliza a água do metabolismo
iii) Desenvolveu adaptações ecológicas e etológicas

0 balanço hídrico no rato canguru Dipodomys merriami, no rato branco e no Homem.

D. merriami Rato Homem


Água perdida por evaporação no ar seco (mg/cm3) de oxigénio utilizado para a 0,54 0,94 -
respiração
[ ] de ureia na urina (%) 23 15 6

Electrólitos totais na urina (%) 8,5 3,4 2,09

Teor de água nas fezes (%) 45 68 -

Teor de água perdida nas fezes após consumo de 100g de cevada 2,5 13,5 -
3. Ecológicas e etológicas

... estas respostas dos organismos têm por objectivos a procura do(s) factor(es)
favorável(is) ou a fuga ao(s) factor(es) desfavorável(is).

1. Movimentos migratórios
Alguns exemplos:

2. Movimentos de dispersão (de pequena


distância). Ocorre quando os organismos efectuam
Nos ecotérmicos terrestres, alterações movimentações entre o solo e as superfícies mais
da postura e da orientação do corpo em expostas à radiação.
função da direcção da radiação solar.

Enterramento no solo como meio de escapar às elevadas


temperaturas.

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