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Conceito de Fitness

Fitness vs Adaptação

1. Sinónimo de adaptação (Darwin, Wallace e Spencer):


Capacidade de sobreviver e de se reproduzir, i.e., conjunto de causas, no fundo, conjunto de
características morfológicas, fisiológicas e etológicas, que levam à reprodução diferencial.

2. Modelos de genética de populações:


Taxa de propagação esperada de uma unidade génica, dadas certas condições. Explica os
fenómenos da especiação e da manutenção de polimorfismos.

3. Modelos ecológicos:
Sucesso reprodutor ao longo da vida.
Relação entre a heterogeneidade ambiental e a fitness de
diversos fenótipos de Harmonia axyridis Pallas

Fitness (W) W1 W2

W1 (i) Habitat 1
Habitat 2

W2 (i)

i
Fenótipo / genótipo / espécie
Conceito de Fitness
Levins (1968)

Manutenção e evolução de diversos fenótipos em ambientes heterogéneos.


Aplicável a fine-grained environments.

Fitness (W)
100
A -C

A -B
75
Limites de tolerância de
um fenótipo (ou espécie)
50 num habitat.
WA(i)

25 hab. B
hab. A hab. C
WB(i)
Amplitude ambiental.
0
0

10

20

30
i Espécies / Fenótipos
Conceito de Fitness
Levins (1968)

Valores da fitness de 1 ou 2 fenótipos associados a dois habitats

Valores máximos da fitness

Fitness convexa Fitness concava


WA
WC

W (i ) i

W (i ) WB
WB

Possível um fenótipo óptimo Possível 2 fenótipos óptimo


para os habitats A e B para os habitats B e C
e com valores intermédios de fitness e com valores máximos para os 2 habitats
Uma das questões centrais da ecologia é a de perceber qual
a importância das relações dos seres vivos na EVOLUÇÃO BIOLÓGICA e
em última análise um dos problemas básicos da ecologia é o da
ADAPTAÇÃO: um caso de co-evolução entre presas e predadores.

O nutriente não abundante (NAN) como factor determinante da fitness predador-presa (Cohen &
Brummett, 1997)

HIPÓTESE: talvez a diferença nutritiva entre


diversas espécies de presas possa constituir O conceito ecológico de NAN, (uma derivação e
um factor fundamental na escolha destas re-aplicação do conceito ecológico da lei do
por parte dos predadores. Este facto poderá mínimo de Liebig ou do conceito de factor
ser uma das razões pela qual certos limitante), foi utilizado para explicar a razão
predadores são generalistas e outros são porque certos predadores não estão tão bem
especialistas. adaptados (well fitted) às suas presas.
Peso e conteúdo em metionina (a.a. essencial menos abundante nas 3
presas) de 3 predadores (Chrysoperla carnea, Geocoris punctipes e
Serangium parcesetosum) e 3 tipos de presas (Ephestia kuehniella, Bemisia
argentifolii e Aphis gossypii).

Metionina /
Espécies Metionina /indivíduo
Peso seco (µg/mg)
(mg)

Chrysoperla carnea (pupa) 2,5 9,8 24,5 (9,8*2,5)


(generalista)
Geocoris punctipes (adulto) 1,25 10 12,5
(generalista)
Serangium parcesetosum (adulto) 0,48 6,1 2,9
(especialista de moscas brancas)
Ovos de Ephestia 0,0065 11,2 0,073

Ninfas de Bemisia 0,0063 0,2 0,0013

Aphis gossypii 0,0125 1,2 0,015


ECO LOGIA
Número de ovos ou indivíduos necessários à vida dos predadores para
satisfazerem as suas necessidades em biomassa ou metionina usando as
diversas presas.

Predador: C. carnea G. punctipes S. parcesetosum

Necessidade: Biomassa Metionina Biomassa Metionina Biomassa Metionina

Presa:
Ovos Ephestia 758 662 379 338 144 79
Ninfas Bemisia 781 35 000 391 17 850 148 4 178
Aphis gossypii 397 3 063 198 1 563 75* 366*

Tempo médio diário (em horas) necessário para os predadores satisfazerem as suas necessidades em
biomassa ou metionina usando as diversas presas.

Predador: C. carnea G. punctipes S. parcesetosum

Necessidade: Biomassa Metionina Biomassa Metionina Biomassa Metionina

Presa:
Ovos Ephestia 0,6 0,5 0,42 0,38 0,7 0,2
Ninfas Bemisia 0,6 26,5 0,43 19,8 0,7 9,9
Aphis gossypii 0,3 2,3 0,22 1,7 0,7* 0,9*

* Serangium parcesetosum não foi observado a consumir A. gossypii


Unidade 2: Os fatores ecológicos

2.2 Os fatores ecológicos e a sua influência sobre os seres vivos

i) Manutenção ou eliminação de certas espécies em territórios cujas características i) climáticas,


ii) físico-químicas e/ou ii) bióticas lhes convêm,

LOGO:

-intervindo na distribuição geográfica das espécies.


Que fatores podem limitar a distribuição geográfica das espécies?
1. Temperatura, humidade relativa e pluviosidade

Exemplo: Introdução da perdiz húngara na América do Norte

Climograma do
Climograma do
Montana
Missouri

Óptimo Europeu
da cria
The Maxent software is based on
the maximum-entropy approach
for species habitat modeling. This
software takes as input a set of
layers or environmental variables
(such as elevation, precipitation,
etc.), as well as a set of
georeferenced occurrence
locations, and produces a model of
the range of the given species.
Que fatores podem limitar a distribuição
geográfica das espécies?

Enemy release hypothesis (i.e., that aliens thrive by


escaping from natural enemies “left behind”).

2. Interacção com outros organismos

- Predação Enemy free space


- Doenças e parasitismo We define ‘enemy free space’ as ways of living that
- Competição reduce or eliminate a species' vulnerability to one or
- ... more species of natural enemies.
Que fatores podem limitar a distribuição geográfica
das espécies?

3. A capacidade de dispersão dos organismos

Dispersão: movimentos pelos quais os organismos se deslocam para fora do seu local de origem.
Existem três modos de dispersão (Pielou, 1979):

i) difusão,

ii) dispersão por saltos (jump dispersal) e

iii) dispersão secular (secular dispersal).

Difusão: gradual movimento de uma população


ao longo de um território “hospitaleiro”
ao longo de várias gerações.

Exemplo: Lymantria dispar L. proveniente da


Europa e introduzida (1850) nos EUA,
tendo dispersado, a partir de
Massachusetts, em 1869.
A difusão da H. axyridis na Europa.
Difusão: gradual movimento de uma população ao longo de um território “hospitaleiro” ao
longo de várias gerações.

2004 2009
http://www.harlequin-survey.org/spread.htm
ECO LOGIA

Consequência da ação dos fatores ecológicos sobre os


seres vivos.

i) Eliminando certas espécies dos territórios cujas características i) climáticas, ii) físico-
químicas e/ou iii) bióticas não lhes convêm, LOGO: intervindo na distribuição
geográfica dos organismos,

ii) Modificando as taxas de fecundidade e de mortalidade das diversas espécies,


actuando sobre ciclos de desenvolvimento

LOGO:

agindo sobre a dinâmica das populações e


Influência dos factores ecológicos sobre a biologia de
Lepidosaphes beckii Newman (Fabres, 1979)

80
1,4
70

Número de larvas /fêmea/dia


Duração do período de

1,2
60
oviposição (dias)

50 1
40 0,8
30 0,6
20 0,4
10
0,2
0
40 50 65 75 85 0
40 50 65 75 85
Humidade relativa (%)
Humidade relativa (%)
80
70
Duração do período de

60
oviposição (dias)

50
40
30
20
10
0
20 25 30
Temperatura (C)
Influência da temperatura sobre o tempo de desenvolvimento
dos organismos poiquilotérmicos

Lei de Blunk-Bodenheimer ou Lei da constante térmica- o produto da duração do


ciclo de vida de um inseto (ou parte deste) pela temperatura efetiva, é constante e
específica, qualquer eu seja o lugar considerado.
Tempo de desenvolvimento (dias)

A relação entre a temperatura e tempo de desenvolvimento é modelizada por uma


função hiperbólica.

D1 (T1-c) = D2 (T2-c) = K (ºD)

Di- tempo de desenvolvimento (dias).


Ti- temperatura experimental.
c- temperatura mínima de desenvolvimento.
Ti-c = Temperatura efectiva.
K- constante ou integral térmica.

Temperatura (ºC)
Influência da temperatura sobre o tempo de desenvolvimento de
Harmonia axyridis Pallas (Schanderl et al., 1985)

- Uma vez que a velocidade de desenvolvimento


20 Ovo
T e m p o d e d e s e n v o lv im e n to (d ia s )

está correlacionada positivamente com a variação


18 L1 de temperatura....

16 L2
14 L3
12 L4 ... É possível estabelecer uma recta de regressão.

10 PP
8 Pupa
6
4 Vd  mT  b
2
Vd- velocidade de desenvolvimento.
0 m- declive.
15 20 25 30 T- temperatura.
b- ordenada na origem.
Temperatura (C)
Influência da temperatura sobre o tempo de desenvolvimento de
Harmonia axyridis Pallas (Schanderl et al., 1985)

- Permite-nos estabelecer a temperatura mínima


15 20 25 30 de desenvolvimento. De que forma?

Td 18,7 7,9 4,9 3,9

Vd 0,053 0,127 0,204 0,256


b
T
m
Velocidade de desenvolvimento (dias-1 )

0,3

0,25
Vd = 0.
0,2
Corresponde ao desenvolvimento nulo.
0,15

0,1

0,05 Vd = 0,014 T – 0,15


Para Vd = 0
0
0 10 20 30 40 T = 10,7 °C

Temperatura (c)
O papel da temperatura no desenvolvimento dos poiquilotérmicos:
1. O conceito de graus-dia (D°)

O modelo (linear e não linear) do efeito da


Efeito da temperatura sobre o tempo e temperatura sobre a velocidade de desenvolvimento nos
velocidade de desenvolvimento nos poiquilotérmicos. poiquilotérmicos

Gama de temperaturas favoráveis ao desenvolvimento

O modelo linear O modelo não linear

Velocidade de desenvolvimento
Tempo de desenvolvimento

Velocidade de desenvolvimento
(Dias)

(R = 1/T)
(R = 1/T)

Temperatura
Ѳ Temperatura
Zero do desenvolvimento

Gama de temperaturas mais extremas

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