Você está na página 1de 48

Biogênese das dentições

ESPECIALIZACAO UNICSUL

Prof. Dr. Evandro Bronzi


Introdução

“Cartão de visita”

Dentes

Formação Erupção Oclusão

- Relacionado inicialmente aos arcos branquiais


- Segue-se durante o crescimento da face
EB
Introdução
Modela o dente
Órgão do Esmalte
Produz esmalte

União do epitélio interno e externo do órgão do esmalte

Bainha epitelial de Hertwig

Guia formação da raiz


EB
Introdução

- Progressão do epitélio interno, orientando


formação radicular.
- Destruição do epitélio externo.
- Bainha de Hertwig – delimita o colo anatômico
do dente inicialmente

Dentes unirradiculares – forma circular


Dentes multirradiculares – bainha forma pregas
salientes – raízes independentes

EB
Introdução

Quadro 1 – Duas fases de formação da coroa e da raiz dental. 1- epitélio


externo do órgão de esmalte; 2- epitélio interno do órgão de esmalte; 3-
bainha de Hertwig; 4- esmalte; 5- dentina; 6- cavidade pulpar

Quadro 2 – Duas fases de formação da coroa e raiz dental.


4- esmalte; 5- dentina; 6- cavidade pulpar
EB
Introdução

Conformação da raiz do dentes é dada após a coroa.

A deposição de dentina radicular é gradual, sendo o


canal primeiramente, bastante amplo.

A medida que a dentinificação progride, a luz do canal é


diminuída, podendo levar a existência do fusinamento de
suas paredes. Ex.: raiz mesial dos molares inferiores
com dois canais.

Porção apical inicialmente é ampla, limitada


perifericamente pelo cemento.
EB
Introdução

Talvez por forças mecânicas, ocorre a restrição do ápice


radicular com deposição de cemento na porção interna e
apical, constituíndo o ápice radicular, região onde
penetra o feixe vásculo-nervoso para a polpa.

Erupção dos dentes

I – Período inicial ou pré-eruptivo


II – Período de erupção propriamente dita
III – Período pós-eruptivo

EB
Erupção dos dentes

Definição

Complexo fenômeno resultante de fatores variados, que


faz com que o dente incompletamente formado, migre
do interior dos maxilares para a cavidade bucal.

Considerações

- Da posição de emergência do dente até a sua posição


definitiva no arco, a raiz se desenvolve, assim como a
loja alveolar e organização do ligamento periodontal.

- Os processos de erupção dos dentes decíduos e


permanentes são semelhantes.
EB
Período pré-eruptivo

Corresponde ao período desde os primórdios da


formação do dente, até o contato da borda incisal ou
triturante com o cório ou derma da mucosa bucal.

- Fases com intensa modificações no orgão do esmalte.

- Após as aposições iniciais de dentina seguem-se as de


esmalte e início de formação radicular.

- Nesta fase ocorrem fenômenos de reabsorção


osteoclástica, em que o dente atravessa a cripta óssea
estabelecendo contato com o cório da mucosa bucal.

EB
Período de erupção
Corresponde ao período entre o momento em que
se dá o rompimento do epitélio bucal, com o
conseqüente aparecimento do dente na boca, até o
estabelecimento do contato dos dentes de um arco
com os do arco antagonista.

- Quando se rompe a barreira conjuntiva que separa o


dente do epitélio da boca, ele aflora na cavidade bucal,
tendo-se a erupção propriamente dita.

- A medida que o dente progride a erupção no sentido de


ocluir com o antagonista, a musculatura ordena sua
posição no arco. EB
Período de erupção

- Os dentes não irrompem em sua posição definitiva.

- Os incisivos inferiores, por exemplo, irrompem


normalmente na vertente lingual do processo gengivo-
dental.

- No período eruptivo, há períodos alternados de maior e


menor atividade, fato verificado na formação de todos os
tecidos dentais.

Por que o dente irrompe ? Qual o mecanismo ?

EB
Mecanismo de erupção dentária

- Os dentes irrompem impulsionados pela raiz que, ao


crescer, toma apoio em um ponto fixo do osso.
Magitot & Kölliker

- A pressão exercida no interior dos dentes pelo tecido


pulpar altamente vascularizado causa a erupção.
Walkhoff & Zuckerkandl

- As diferentes velocidades de crescimento entre o osso


e dente, pelo fato deste crescer mais que aquele.

- A erupção ocorre devido à reabsorção do osso alveolar,


agindo o dente passivamente. EB
Mecanismo de erupção dentária

- O movimento eruptivo ocorre decorrente da contração


das fibras colágenas do ligamento periodontal no período
de maturação.

- A erupção se dá pela pressão exercida da musculatura


lábio-línguo-geniana sobre a massa plástica do processo
alveolar.
Barben

Teoria mais aceita

O aumento na irrigação sanguínea das estruturas


perirradiculares favoreceria a erupção.
EB
Período pós-eruptivo

Corresponde ao ciclo vital do dente, após ter


tomado contato com o antagonista.

- Cessa a erupção ativa, iniciando a erupção contínua. O


dente erupciona com menor intensidade, devido ao
desgaste da face triturante.

- Ocorrem modificações no osso alveolar a fim de


suportar impactos mastigatórios sobre os dentes em
oclusão, com a reorganização das fibras do ligamento
periodontal.
EB
Substituição dos dentes

Os animais vertebrados podem ser classificados em:


- Monofiodentes: possuem uma única dentição.
- Difiodentes: tem duas dentições.
- Polifiodentes: possuem mais de duas dentições.

No homem ocorre a troca das peças temporárias (dentes


decíduos) pelas permanentes (dentes permanentes),
sendo as raízes dos decíduos reabsorvidos.

Os incisivos, caninos e molares decíduos dão lugar


respectivamente, aos incisivos, caninos e pré-molares
permanentes ou definitivos. Os molares são monofisários,
não substituem e não são substituídos. EB
Substituição dos dentes

Rizólise – reabsorção radicular

Rizogênese – formação da raiz

Morfologicamente, é possível diferenciar a raiz em


formação da raiz em reabsorção.

- As bordas apicais são regulares na rizogênese,


enquanto na reabsorção as superfícies são
irregulares.

- A presença dos dentes permanentes é um dos


fatores mais importantes na rizólise, talvez a causa
EB
primordial.
Substituição dos dentes

Outros fatores que levam a reabsorção do dente


decíduo:

Reação ácida no tecido subjacente ao dente temporário


devida, provavelmente, à intensa irrigação do saco
dental.

Os osteoclastos são responsabilizados como principais


agentes de reabsorção da raiz do dente decíduo, ação
estimulada pela presença do folículo do dente
permanente.

EB
Substituição dos dentes

- Com o desparecimento do ligamento alvéolo-dental,


da loja alveolar e raiz do dente temporário, este
mantém-se apenas através de aderências fibrosas à
gengiva. Sua queda é facilitada pela ação mecânica da
mastigação.

- Um fator primordial para a erupção normal dos dentes


permanentes é o espaço disponível previsto pelo dente
temporário. Daí a importância da manutenção das
relações normais entre as duas dentições.

EB
Dentições
Decídua: 20 elementos dentários
Permanente: 32 elementos dentários
É o termo que designa o conjunto de dentes, desde sua
formação até a sua oclusão na boca.

Dentaduras Dentadura mista

Decídua - 1° período transitório


- período inter-transitório
Mista
- 2° período transitório
Permanente

Aspecto clínico que se observa no paciente


EB
Dentição decídua

Nascimento aos 6 meses - Fase pré-eruptiva

- Rolete gengival bem desenvolvido na região anterior

- Deglutição visceral – língua baixa e anteriorizada

- Mordida aberta – rolete posterior toca e anterior não

- Caixa craniana e parte visual bem desenvolvidas

- Estímulo de amamentação seio materno – maturação


muscular – crescimento mandibular
Dentição decídua

6 meses a 1 ano - Fase eruptiva

- Erupção de incisivos, primeiros molares e caninos


decíduos.

- Aos 9 meses a língua já tem uma posição mais


posterior e alta – alimentação pastosa.

2 a 3 anos
- - erupção dos segundos molares decíduos

- Pode haver desconforto, dor e febre


- Proteção com flúor e selante
Dentição decídua
3 anos a 5 anos

- Plano oclusal sem curva de spee, não a alteração


dimensional nos arcos dentários.
- Desenvolvimento do processo alveolar, crescimento
vertical.
- Dentes com implantação vertical, cavidade articular a
nível do palno oclusal.
2 Tipos de arco relacionados a espaço Baume

Tipo I – presença de espaços inter-dentários, favorável


Tipo II – não há espaçamento, desfavorável
Existência dos espaços primatas
Dentição decídua

Reto Mesial Distal


76% 14% 10%
Dentadura mista

- A face distal dos segundos molares decíduos orienta a


erupção dos primeiros molares permanentes.

- Primeiros molares permanentes


Irrompem na cavidade bucal aos 6 anos de idade
Padrão anti-horário de erupção
No sentido transversal – M.S. – V L
M. I. – L V
Espaço livre de Nance (leeway space): diferença entre
caninos, molares decíduos, e caninos permanentes, pré-
molares = 1,7 mm de cada lado no arco inferior e 0,9 mm de
cada lado arco superior. Deslocamento mesial tardio.
Dentadura mista

Extração de dentes decíduos com sucessor com ao menos


2/3 de raiz formada, acelera provavelmente a erupção.

Extração de dentes decíduos com menos de 2/3 de raiz


formada, provavelmente retardará a irrupção do sucessor
permanente.

Ocorrência de crescimento do osso alveolar no sentido


vertical, remodelação óssea e formação radicular.

No geral os dentes decíduos tem diâmetro menor que os


permanentes – compensação espaços interdentários da D.D.
Dentadura mista

Espaçamento 5-6anos Apinhamento 14 anos


< 0 mm 100 %
0 mm 70 %
0 a 3 mm 50 %
3 a 6 mm 20 %
> 6 mm 0%

- Evitar extrações precoces e assimétricas de dentes decíduos

- Incisivos permanentes irrompem para vestibular e caninos


permanentes – disto vestibular – remodelação óssea – ganho de
Dentadura mista

Diastema fisiológico – “Fase de Patinho feio”

Ocorre após a erupção dos incisivos laterais


superiores – convergência das raízes e divergência
das coroas, provocando diastemas.

- Inclinação diferente dos dentes decíduos quando


comparados aos permanentes na base óssea.

- O ajuste da relação molar e erupção dos incisivos em


purrando os caninos decíduos para V e D, são dois
fenômenos importantíssimos na dentadura mista
Dentição permanente

- Sucessória: incisivos, caninos, primeiros e segundos


pré-molares.
- Acessória: primeiros, segundos e terceiros molares.

Considerações

- A cada dente permanente ocluem 2 dentes, com


exceção dos incisivos centrais inferiores e terceiros
molares superiores (1 contra 1).

- Presença de curva de Spee

- Incisivos superiores cobrem 1/3 dos incisivos inferiores EB


Dentição permanente

Considerações

- Oclusão normal, boa relação inter-maxilar, entre os


dentes, relação de classe I de Angle, perfil harmônico.

- Forma do arco é parabólica na dentição permanente, já


na decídua é circular

- Distribuição da maloclusão: 55% classe I, 42% classe II


e 3% classe III.

EB
Cronologia e sequência de erupção

A coroa e parte da raiz dos dentes já estão formadas


antes do aparecimento na cavidade bucal.

Na sexta semana de vida intra-uterina forma-se a


lâmina dental, precursor do desenvolvimento dos
dentes.

Os primeiro sinais de calcificação dos dentes decíduos


surgem no 4° mês de vida intra-uterina, e no sexto mês
todos os dentes decíduos já iniciaram seu
desenvolvimento.

No 5° mês de vida intra-uterina inicia-se a calcificação


do primeiro molar permanente. EB
Cronologia e sequência de erupção

O incisivo central inferior decíduo é o primeiro dente a


aparecer na cavidade bucal – ocorre no sétimo mês de
vida extra-uterina.

O primeiro molar é o primeiro dente permanente a


irromper, normalmente – isso ocorre aos seis anos de
idade.

A cronologia de irrupção depende de muitos fatores:

- Alimentação - Clima

- Grupo étnico - Sexo


EB
Cronologia e sequência de erupção
Notar a época de formação, grau de
calcificaçao, tamanho absoluto e relativo e a
sequência de erupção e substituição dos
dentes decíduos e permanentes.

Figura 1 – Desenvolvimento da
dentição humana, da vidra intra-
uterina até a primeira infância.
Diferentes fases de calcificação e
erupção dos dentes decíduos (azul) e
permanentes (amarelo).
Schour & Massler

EB
Cronologia e sequência de erupção

Figura 2 – Desenvolvimento da
dentição humana, da primeira
infância até a idade adulta.
Diferentes fases de calcificação e
erupção dos dentes decíduos
(azul) e permanentes (amarelo).
Schour & Massler

EB
Cronologia e sequência de erupção

Nos indivíduos do sexo feminino há uma antecipação do


fenômenos de erupção dental com relação aos
indivíduos do sexo masculino.

- Nos dentes permanentes o ápice se completa dois a


três anos após seu aparecimento na cavidade bucal.

- A reabsorção das raízes dos dentes temporários dá-


se, em média, entre dois e meio e três anos após ter
completado seu desenvolvimento.

- A formação definitiva dos dentes decíduos ocorre


aproximadamente entre seis meses e um ano após a
erupção.
EB
Cronologia e sequência de erupção

Tabela 1 – Cronologia de calcificação, erupção e completação dos dentes


decíduos.
Logan & Kronfeld modificado por Schour EB
Cronologia e sequência de erupção

Tabela 2 – Cronologia de calcificação, erupção e completação dos dentes


permanentes.
Logan & Kronfeld modificado por Schour EB
Cronologia e sequência de erupção

Maxila Mandíbula
Incisivo Central 10 8
Incisivo Lateral 11 13
Canino 20 20
1° Molar 16 16
2° Molar 29 27

Tabela 3 – Cronologia de erupção (em meses) dos dentes decíduos.


Proffit, 1995 EB
Cronologia e sequência de erupção

Sequência eruptiva dos dentes decíduos

- Incisivo central inferior

- Incisivo central superior

- Incisivo lateral superior

- Incisivo lateral inferior

- Primeiros molares

- Caninos

- Segundos molares
Obs.: Em geral os dentes inferiores antecedem os superiores EB
Cronologia e sequência de erupção

Maxila Mandíbula
Incisivo Central 7¼ 6¼
Incisivo Lateral 8¼ 7½
Canino 11 ½ 10 ½
1° Pré-Molar 10 ¼ 10 ½
2° Pré-Molar 11 11 ¼
1° Molar 6¼ 6
2° Molar 12 ½ 12
3° Molar 20 20
Tabela 4 – Cronologia de erupção (em anos) dos dentes permanentes.
Proffit, 1995 EB
Cronologia e sequência de erupção

Sequência eruptiva dos dentes permanentes

- Primeiros molares
- Canino superior
- Incisivo central inferior
- Segundo molar
- Incisivo central superior
- Terceiro molar
- Incisivo lateral inferior

- Incisivo lateral superior

- Canino inferior

- Primeiro pré-molar

- Segundo pré-molar
EB
Cronologia e sequência de erupção

Pesquisa de Nolla

“10 estágios de desenvolvimento dos dentes”


- Aspecto clínico
- Uso de radiografias
Estágios
0 – ausência de cripta
1 – presença de cripta
2 – calcificação inicial
3 – um terço da coroa completa
4 – dois terços da coroa completa
5 – coroa praticamente completa
6 – coroa completa EB
Cronologia e sequência de erupção

Estágios

7 – coroa completa mais um terço da raiz formada


8 – dois terços de raiz formada
9 – raiz praticamente completa porém com ápice aberto
10 – dente totalmente formado com ápice completo

Considerações

No estágio 2 - inicia a formação da coroa.


No estágio 6 - coroa completa, ruptura da cripta,
período de irrupção propriamente dita.
No estágio 8 - dentes perfuram a crista alveolar,
aproximadamente 2/3 de raiz formada. EB
Cronologia e sequência de erupção

Estágios de desenvolvimento de Nolla

Validade clínica: pode-se acelerar ou retardar o


processo de erupção dos dentes permanentes com a
extração dos antecessores decíduos.

Forma de análise: confrontar a radiografia do paciente


com os estágios de desenvolvimento.

Durante a análise podem ser usados além de valores


inteiros os decimais 2, 5 e 7; representando fases
intermediárias as conceituadas por Nolla.
Ex.: 6,2 – coroa completa e pequena parte da raiz
calcificada.
EB
Cronologia e sequência de erupção

Figura 3 – Esquema dos


dez estágios de
desenvolvimento de
Nolla. Dentes superiores.

EB
Cronologia e sequência de erupção

Figura 4 – Esquema dos


dez estágios de
desenvolvimento de
Nolla. Dentes inferiores.

EB
“Há homens que lutam um dia e são bons.
Há outros que lutam um ano e são melhores.
Há aqueles que lutam anos e
são muito bons. Porém, há os que lutam toda
a vida, estes são imprescindíveis.”
(Bertold Brecht)

Você também pode gostar