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Heuller Bendia – Med 8

Aula 1: introdução a neuroanatomia

Embriologia, divisões e organização geral do SN


O sistema nervos se desenvolve a partir do folheto embrionário mais externo, o ectoderma que,
ao ser induzido pela notocorda, se espessa e forma a placa neural. Essa estrutura começa a
sofrer invaginações sucessivas, formando a goteira neural. Por fim, ao se fechar, essa goteira se
torna o tubo neural, estrutura responsável pela origem do SNC.

A notocorda induz a formação do tubo neural e, logo após, e substituída pela coluna vertebral.
O tubo neural dá origem a elementos do SNC, enquanto a crista dá origem a elementos do SNP,
além de elementos não pertencentes ao sistema nervoso.

As cristas neurais são contínuas no sentido craniocaudal. Dividem-se em fragmentos que vão
formar os gânglios espinhais, situados na raiz dorsal dos nervos espinhais.

Permanecem nas extremidades cranial e caudal do embrião dois pequenos orifícios, neuroporos
rostral e caudal, respectivamente. São as últimas partes do SN a se fechar. O rostral se fecha
perto do 24º dia de gestação e o caudal dois dias depois. Após o fechamento do rostral, ocorre
a formação de vesículas primordiais.

O encéfalo desenvolve-se a partir da região do neuroporo anterior, formando três e,


depois, cinco vesículas. Primeiramente, há segmentação em três partes: prosencéfalo,
mesencéfalo e rombencéfalo

Prosencéfalo: Com o desenvolvimento do embrião, é formado deste duas vesículas, o


telencéfalo e o diencéfalo;

◊ Durante o desenvolvimento do Prosencéfalo, as vesículas telencefálicas laterais crescem muito


mais que as diencefálicas, ao ponto que, ao completar a formação do SNC do embrião, os
hemisférios cerebrais oriundos do telencéfalo escondem quase completamente a parte mediana
dele mesmo, além do diencéfalo.

Mesencéfalo: Durante o
desenvolvimento embrionário, ele
não se modifica;

Rombencéfalo: Dará origem ao


metencéfalo (formando a ponte e o
cerebelo) e ao mielencéfalo
(formando o bulbo).
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→ O tubo neural fecha medial (1º), cranial (2º) e caudal (3º).

- Não fechamento: cranial - Encefalocele - e caudal - mielomeningocele e espinha bífida.

- Fecha-se entre o 21º e o 28º dia: uso de ácido fólico por gestantes para o fechamento correto

• As porções ventrais/anteriores normalmente são motoras (placa basal) e as


dorsais/posteriores sensitivas (placa alar)

Divisão anatômica do SN

SNC
Encéfalo: é formado pelo cérebro, cerebelo e tronco encefálico (ou seja, todas as
estruturas do SN localizadas dentro da caixa craniana):
Cérebro (Telencéfalo + Diencéfalo)
▪ Telencéfalo: é dividido em dois hemisférios. Cada hemisfério possui 3 polos
(frontal, temporal e occipital), 3 margens (superior, medial e inferior), 5 lobos
(frontal, parietal, temporal, occipital e insular)
▪ Diencéfalo: área localizada na transição entre o tronco encefálico e o
telencéfalo, sendo subdividido em tálamo – um grande centro de
retransmissão de fibras entre o nosso córtex e estruturas subcorticais;
hipotálamo – grande regulador da homeostase; sub tálamo – que atua no
circuito motor de forma subsidiária; e epitálamo – relacionado com a
sincronização do ritmo circadiano.

Cerebelo: possui dois hemisférios, localizado na linha mediana; seu córtex cerebelar é
percorrido por sulcos, delimitando folhas (e não giros!!). O cerebelo se encontra no
compartimento infratentorial. Testamos a funcionalidade do cerebelo principalmente,
durante os exames de coordenação e equilíbrio
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Tumor de cerebelo → hidrocefalia pq o tumor vai comprimir o 4º ventrículo e vai obstrui-lo,


impedindo o fluxo de líquor.

Tronco Encefálico: está intimamente relacionado com o funcionamento da homeostase


do corpo, sendo de extrema importância para manutenção da vida. Podemos evidenciar
isso, por exemplo, através dos exames feitos para diagnosticar morte encefálica, que
testam se o tronco está funcionante ou não. Profundamente a ele, temos diversos
núcleos de pares cranianos, além da formação reticular. Num ponto de vista anatômico,
o tronco encefálico é dividido em, no sentido crânio-caudal: mesencéfalo, ponte e bulbo.
o É bom lembrarmos que internamente ao encéfalo, temo estruturas chamadas
de ventrículos encefálicos, por onde circula o líquor, diminuindo o efeito do peso
do encéfalo além de fornecer proteção mecânica a seus componentes.

Acumulo de líquor / obstrução do trajeto → hidrocefalia → crescimento de cabeça (criança)

Acumulo de líquor / obstrução do trajeto → hipertensão intracraniana → óbito adulto

Hemoventriculo → sangue dentro do ventrículo

Hidrocefalia → líquor dentro do ventrículo

Fluxo de líquor

Ventrículo lateral (telencéfalo) → forame de mon terceiro ventrículo (diencéfalo) → aqueduto


do mesencéfalo que comunica o 3º c 4º (mesencéfalo) → 4º ventrículo (cavidade do
rombencéfalo) → espaço subaracnóideo

Medula espinhal: Ela consiste numa massa cilindroide de tecido nervoso situado
dentro do canal vertebral da coluna, limitada superiormente pelo bulbo, ao nível do
forame magno, e inferiormente até a vértebra L2.

SNP
é formado pelas as estruturas localizadas fora deste esqueleto. Essas estruturas são os nervos,
os gânglios e as terminações motoras e sensitivas.

A depender da porção do SNC, esse nervo pode ser dividido em: nervos cranianos, caso
estejam ligados ao encéfalo; e nervos espinhais, se estiverem ligados a medula espinhal;

No entanto, em relação a sua funcionalidade, são divididos em: nervos motores, sensitivos ou
mistos

Já os gânglios, correspondem ao aglomerado de corpos neuronais localizados fora do SNC,


também são caracterizados como sensitivos ou motores (participam do SNA)
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As terminações nervosas, localizadas na extremidade das fibras constituintes dos nervos,


também segue a mesma divisão: uma motora, formada pela placa motora; e uma sensitiva,
composta pelos externoceptores, visceroceptores e proprioceptores (informam o SNC sobre a
posição do corpo ou sobre a força necessária para a coordenação).

Divisão so SN segundo os critérios funcionais

SNS

Somático aferente: é responsável por conduzir ao SNC os impulsos originados nos receptores
periféricos, informando-os acerca do mecanismo externo que causou essa irritação.

Somático eferente: atua levando as informações processadas nos centros nervosos até os
nossos músculos estriado esqueléticos, realizando os movimentos voluntários.

Temos como exemplo de uma ação cooperativa entre esses dois componentes o arco reflexo.

SNA

➔ tanto o aferente como eferente atuam na integração das diversas vísceras visando a
manutenção da constância do nosso meio interno.

Autônomo aferente: responsável por conduzir os impulsos nervosos originados em nossos


visceroreceptores até o nosso SNC

Autônomo eferente: atua levando tais impulsos até nossas vísceras, enviando a resposta
processada em nosso centro nervoso até glândulas, músculos lisos ou músculo estriado
cardíaco.

➢ SNA Simpático

1º Neurônio: localizam-se em núcleos específicos do hipotálamo e projetando


em direção à medula.
2º Neurônio: localizam-se na medula entre T1 e L2 (toracolombar). Nesses
segmentos, os corpos neuronais formam a coluna lateral da medula.
3º Neurônio: localizam-se no tronco simpático. Suas fibras pré-ganglionares são
curtas devido à proximidade do gânglio com a medula; enquanto que as pós-
ganglionares são longas, pois elas fazem todo trajeto até chegar ao órgão.
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➢ SNA parassimpático
➢ 1º Neurônio: hipotálamo.
➢ 2º Neurônio: localizam-se em dois segmentos; o primeiro está no tronco
encefálico e o segundo fica na medula sacral de S2 a S4 (craniossacral).
Nesses locais, encontram-se os corpos de neurônios das fibras pré-
ganglionares.
➢ 3º Neurônio: se originam de gânglios, os quais estão perto das vísceras. A
diferença que os gânglios do SNPS estão localizados afastados do SNC,
próximos das vísceras que serão inervadas (ex: plexo de Meissner). Assim,
as fibras pré-ganglionares são muito longas, ao passo que as pós-
ganglionares são muito curtas.

OBS!!!
➢ As fibras pré-ganglionares têm seu corpo celular localizado no cérebro ou na
medula espinhal. Seu axônio deixa o SNC para fazer sinapse com o neurônio
localizado em gânglios nervosos autonômicos.
➢ As fibras pós-ganglionares têm seu corpo celular localizado em gânglios fora do
SNC. Seus axônios alcançam o órgão visceral.
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Divisão segmentar do SN

Alguns aspectos da filogênese do SN


Propriedade básicas

• Irritabilidade: é a propriedade de uma célula de ser sensível ao meio ambiente,


dando origem a um impulso
• Condutibilidade: Consiste na condução desse impulso pelo meio interno
• Contratilidade: É a resposta do ser vivo ao estímulo inicial.
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➔ Aparecimento de células bem diferenciadas nas superfícies de alguns


animais que ficaram sendo responsáveis pela captação de estímulos
(irritabilidade), os redirecionando para as células musculares
(condutibilidade). A depender de sua função, elas podem ser consideradas:

• Neurônios sensitivos/aferentes: situados na superfície, são especializados em receber


os estímulos e conduzir os impulsos ao SNC. Trazem impulso a uma determinada área
do SN.
• Neurônios motores/eferentes: situados no gânglio, são especializados na condução do
impulso do SNC até o efetuador (músculo ou glândula). Levam impulsos de uma área
do SN.

- Os neurônios eferentes que inervam os músculos lisos (pertencentes ao SNA), músculos


cardíacos ou glândulas têm seus corpos fora do SNC, em gânglios viscerais. São
denominados neurônios pós-ganglionares;

- Neurônios eferentes que inervam músculos estriados esqueléticos, têm seu corpo
sempre dentro do SNC e estão situados na parte anterior da medula espinhal.

• Arco reflexo simples/intrassegmentar: 1 sinapse e 2 neurônios, tem como elementos


básicos neurônio aferente com seu receptor + centro onde ocorre a sinapse +
neurônio eferente que se liga ao efetuador. Ex.: reflexo patelar (o estímulo físico é
transformado, pelo receptor, em impulso nervoso, que segue pelo neurônio aferente
⇒ o impulso volta ao membro inferior após sinapse com o neurônio motor, situado na
medula ⇒ estímulo das fibras do quadríceps).

• Arco reflexo composto/intersegmentar: composto por 2 sinapses e 3 neurônios


(sensitivo, motor e de associação), o estímulo inicia-se em um segmento e a resposta
se faz em outro/por meio de outro. Além disso, as sinapses podem ocorrer no mesmo
nível, abaixo ou acima

HIDROCEFALIA

● Caminho do liquor é interrompido → hidrocefalia. Esse líquido é renovado a cada 8h (tempo


máximo para recuperação no adulto).

● Na criança, a hidrocefalia não é emergencial (sistema compensatório) → ossos em


crescimento, suturas e fontanelas abertas. Dessa maneira, a HIC é compensada pelo
crescimento do perímetro cefálico.

● Dilatação do ventrículo lateral → compressão do parênquima cerebral.


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EXAMES

● Tomografia (radiação): melhor para ver objetos de alta densidade, mais duro brilha.

- T1: liquor preto (MELHOR PARA IMAGEM ANATÔMICA).

- T2: liquor branco (MELHOR PARA PATOLOGIAS).

Branco: hiperdenso preto: hipodenso

● Ressonância magnética: para ver partes moles.

T1: quando o líquor for preto → hipointensidade do líquor

T2: líquor branco, valoriza água, tumor com edema grande. Usado em estrutura que tenha
líquor ou edema

Eletroneuromiografia: pedir para nervos periféricos

Limites no crânio

O crescimento do crânio se dá como resultado do crescimento do próprio encéfalo, que afasta


os ossos ainda não fundidos até sua consolidação final no jovem. Patologia: microcefalia.

● As fontanelas são espaços não ossificados na calota craniana de crianças. Fechamento


precoce → cranioestenose.

● O espaço intracraniano é dividido em três: fossas anterior, média e posterior.

● A fossa anterior está em relação direta com os lobos frontais do cérebro. É formada pelos
ossos frontal, esfenoide e etmoide. Lâmina interna do osso frontal → asa menor do esfenoide.
O assoalho da fossa anterior relaciona-se ao teto da órbita.

● É por meio da lâmina cribiforme que passam as radículas aferentes do nervo olfatório (I), em
direção ao bulbo olfatório. Se essas pequenas radículas são lesionadas (por movimentos
bruscos e intensos do crânio, como nos casos de TCE que provocam movimentação
desproporcional do encéfalo dentro da cavidade craniana e resultam em hiposmia - diminuição
da percepção olfatória).

● Canal óptico dá passagem à artéria oftálmica e ao nervo óptico (II).

● A fossa média/temporal é constituída pelos ossos temporal e esfenoide. Asa menor do


esfenoide → borda superior da parte petrosa do osso temporal.

- Fissura orbital superior: nervos III, IV, V1 e VI e a veia oftálmica.

- Forame redondo: V2 (maxilar).

- Forame oval: V3 (mandibular).

- Forame espinhoso: artéria e veia meníngea média.

- Forame lacerado: obliterado por tecido cartilaginoso fibroso.


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- Canal carótico: artéria carótida interna, plexos venosos e plexos simpáticos.

● Sela túrcica → hipófise. Lateralmente, encontram-se as artérias carótidas internas (no


interior dos seios cavernosos).

● A fossa posterior está relacionada com o tronco encefálico, cerebelo e lobo occipital.

- Meato acústico interno: nervos VI e VIII, artéria labiríntica.

- Forame jugular: nervos IX, X e XI e veia jugular interna.

- Canal do hipoglosso: nervo XII.

- Forame magno (marca a transição bulbomedular): bulbo, meninges, artérias vertebrais, raízes
espinhais, medula espinhal e nervo XI.

● A medida do perímetro cefálico (protuberância occipital externa - região frontal) é


imprescindível até dois de anos de idade, pois há forte correlação entre crescimento do P.C. e
desenvolvimento cerebral.

TRAUMATISMOS

● Ruptura da artéria meníngea média (irriga a dura-máter) → hematoma extradural (↑HIC).


Não há lesão no parênquima → intervalo lúcido.

● Rinoliquorreia: ocorre quando há comunicação do espaço subaracnóidea com o lúmen nasal,


ou dos seios paranasais. Pode desenvolver para meningite. Para identificar, medir com
aparelho de glicemia capilar, o líquido que está saindo (líquor tem glicose).

MASSETE:

Diferença de líquor e coriza em lesão de lâmina cribiforme / fístula

➔ Aparelho de medir glicose: se tiver glicose é líquor

Diferenciação e organização neuronal

Entre a 6º e a 8º semana temos o desenvolvimento das células da glia radial (marrom) → guia
os neurônios no trajeto deles, até as sinapses finais

Camada periventricular produz as células que seguem entorno do caminho da glia e chegam
até cada camada do córtex cerebral, do parênquima cerebral. Cada célula para em um lugar
diferente, pré determinado por fatores de indução e hormonais

Doença de migração neuronal // displasia cortical→ as células n chegam a te o córtex cerebral


→ retardo mental crise compulsiva.
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Raciocínio diagnóstico

• Diagnóstico sindrômico: é o conjunto de sinais e sintomas apresentados pelo paciente


que permite o diagnóstico de acometimento de uma única estrutura. O paciente pode
apresentar um ou mais diagnósticos sindrômicos.

- Investigação dos diagnósticos sindrômicos: quais são os sinais e sintomas apresentados pelo
paciente que podem ser agrupados de forma a serem justificados por alteração de uma única
estrutura anatômica?

• Diagnóstico topográfico: local que apresenta a lesão e justifica todos os diagnósticos


sindrômicos. Deve ser o mais preciso possível.

- Onde está a provável lesão que justificaria todos os diagnósticos sindrômicos apresentados
pelo paciente?

• Diagnóstico etiológico: a causa da lesão topográfica que resulta nas alterações clínicas
do paciente. Ocorrência patológica que desencadeia todo o processo da doença.

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