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Régio Paniago Carvalho é

arquiteto, formado pela


Universidade de Brasília (UnB) em
setembro de 1977.

Iniciou sua vida profissional


projetando, executando e fazendo
outros acompanhamentos técnicos
de edifícios de estúdios de rádio,
de centrais de jornalismo, de
transmissores , de grupos
geradores e auditórios de toda a
implantação do sistema de
radiodifusão da então recém
constituída RADIOBRÁS , nos
Estados do Acre , Amapá,
Amazonas , Distrito Federal ,
Fernando de Noronha, Mato
Grosso, Rio de Janeiro, Rondônia
e Roraima.

Nesse primeiro período da sua


vida profissional enfrentou grandes
difi culdades de acesso a
bibliografia especializada, de total
falta de interesse da grande
maioria dos colegas profissionais
em discutirem tais questões e de
transporte efetivo de materiais de
construção dos grandes centros
até a Amazônia Legal. Viu-se
obrigado então, em meio aos erros
e acertos de qualquer pesquisador,
a procurar conhecer mesmo, e
sozinho, a essência do
comportamento acústico dos
materiais nas suas várias formas
de aplicação, conciliando os
recursos naturais próprios de cada
região com as necessidades da
obra que ali se executaria. Este foi
o grande laboratório da sua vida
profissional.

Paralelamente , ainda em
Brasllia e na iniciativa privada,
proj.,lou e forni;ceu consultorid
para implantações de emissoras
de rádio e televisão nos Estados de
Goiás, Maranhão, Minas Gerais,
Rio Grande do Norte e São Paulo.

A partir de 1986, estabelecido


no Estado do Paraná, projetou e
executou também estúdios de
ensaios e gravações, bares com
música ao vivo, residências
submetidas ao ruído aeronáutico e
adequações e reformulações
arquitetônicas / acústica
ACÚSTICA
ARQUITETÔNICA
Régio Paniago Carvalho

ACÚSTICA
ARQUITETÔNICA
© by Régio Paniago Carvalho - 2006
Ficha Técnica:

Revisão:
Monique Blaudt Rangel

Arte Final capa:


Victor Tagore

Ilustrações:
Marcelo Borges Faccenda

Imagens fotográficas:
lvon Lopes Franco

Diagramação:
Cláudia Gomes e Marcelo Borges Faccenda

C331a Carvalho, Régio Paniago

Acústica arquitetônica / Régio Paniago Carvalho - Brasília :


Thesaurus, 2006.

167 p. ;il.

1. Acústica 2. Arquiteruta 1. Titulo

CDU 534.8:72
CDD 534

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deste livro pode ser reproduzida ou transmitida de qualquer forma ou por qualquer meio,
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Composto e impresso no Brasil


Printed in Brazil
Agradecimentos
A todos que, direta ou indiretamente, de alguma
forma contribuiram para o desenvolvimento
deste projeto, e em especial à minha família pela
paciência e compreensão e aos meus colegas
de trabalho: meus filhos Bruno e César
(estudantes de arquitetura) e arquitetos Marcelo
Borges Faccenda e Wiliam Farkatt Tabosa.
1. INTRODUÇÃ0 ..................................................... ....................... 09

2. O SOM ................................................................. ....................... 13


2.1. Conceito ......................................................................... 15
2.2. Ondas sonoras ..............................................................15
2.3. Freqüência e periodo ..................................................... 16
2.4. Velocidade de propagação do som ............................... 17
2.5. Comprimento de onda ................................................... 18
2.6. Intensidade do som ....................................................... 18
2. 7. Alcance do som ... ..........................................................19
2.8. Mascaramento do som ................... ............................... 19
2.9. Difração do som ....................... ... .... ...............................20
2.1 O. Refração do som ......................................................... 21
2 .11 . Ressonância do som ...................................................21
2.12. Reflexão do som ..........................................................21
2.13. Inteligibilidade ..............................................................22
2.14. Reverberação ..................................... .... ........ .............23
2.15. Eco ...............................................................................24
2.16. Eco palpitante .. ............................................................25
2.17. Ondas estacionárias ....................................................25
2.18. O Decibel ........ .............................................................26
2.19. Percepção auditiva do som .................... .......... .... .... ... 26
2.20. Atenuação do som devido à distância .........................28
2.21. Somando decibéis ............................................. ..........29

3. RUIDO ························································································31
3.1. Conceito ............................................... .... ... ................... 33
3.2. Efeitos do ru ido sobre o homem.......... .......................... 34
3.3. Ruido aéreo ...................................................................35
3.4. Ruido de impacto............................................. .............. 35
3.5. Verificação de níveis de ruído ...................................... .. 36
3.6. O Decibel A: dB(A) ......................................................... 38
3.7. Níveis de ruido aceitáveis .............................................. 39
3.8. Dose de ruido .............................................................. ..41

4. COMPORTAMENTO ACÚSTICO DOS MATERIAIS ................. .45


4.1. Conceito ............................................................ ............ .47
4.2. Materiais e sistemas isolantes acústicos ...................... .48
4.3. A Lei de Massa .............................................................. 52
4.4. Isolamento acústico x comprimento de onda ................ 53
4.5. O efeito Massa/ Mola/ Massa ........... ........................... 54
4.6. Materiais e sistemas absorventes acústicos .................55
5. TRATAMENTO ACÚSTICO ........................................................ 77
5.1. Conceito ......................................................................... 79
5.2 .. Isolamento acústico ....................................................... 79
5.3. Absorção acústica .......................................................... 81
5.4. Condicionamento acústico .................... .- ........................84
5.5. Tempo de reverberação .................................................84
5.6. Tempo ótimo de reverberação .......................................86
5.7. Geometria interna dos recintos ...................................... 88

6. ESTUDO DE CASO - Sala de aula ............................................. 93

7. QUESTÕES DEACÚSTICAARQUITETÔNICA ....................... 107


7 .1. Esquadrias acústicas ................................................... 109
7.2. Barreiras acústicas .......................................................111
7.3. Atenuadores de ruído ................................................... 112
7.4. Ruídos em poços de ventilação de edifícios ................ 114
7.5. Ruído de impacto em lajes de pisos ............................116
7.6. Ruído de impacto em coberturas metálicas ................ 120
7.7. Divisórias acústicas ..................................................... 121
7.8. Ruído aéreo de motores .............................................. 123
7.9. Vibrações de máquinas e motores .............................. 125

8. TIPOLOGIAS ESPECIFICAS ................................................... 127


8.1. Ambientes de escritórios .............................................. 129
8.2. Ambientes de televendas ............................................. 133
8.3. Salas de reunião .......................................................... 135
8.4. Escolas de música ....................................................... 137
8.5. Home Theaters ............................................................ 139
8 .6. Auditórios ..................................................................... 142
8.7. Ruído lndustrial. ........................................................... 145
8.8. Bares e restaurantes abertos ...................................... 146

9. SOBRE ESTÚDIOS .................................................................. 149


9.1. Estúdios de rádio (locuções) ....................................... 151
9.2. Estúdios de televisão ................................................... 156
9.3. Estúdios de gravação e/ou ensaios conjuntos ............161

1O. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................... 165


1. INTRODUÇÃO

~ 09 ~
ACÚST I CA ARQUITETÔNICA

O crescimento desordenado dos núcleos urbanos, o


advento das novas tecnologias da construção civil, questões de ordem
cultural, etc., têm provocado um aumento acentuado de questões
relacionadas ao conforto acustico.

Como matéria relativamente nova que se apresenta no


Brasil, não é necessário um estudo mais profundo para comprovar o
pouco conhecimento do assunto pela grande maioria dos colegas de
arquitetura e engenharia. Sabe-se muito pouco, ou quase nada, sobre
os conceitos que norteiam um bom projeto de acústica arquitetônica. A
bibliografia disponível, em português, resume-se a poucos livros e
tratados, que às vezes se perdem em demasiada teoria ou nem
sempre são encontrados com facilidade nas livrarias e bibliotecas.

A maioria dos arquitetos, construtores e engenheiros, ao se


depararem com situações que exigem maior atenção sobre o assunto,
limitam-se a reutilizar especificações e fórmulas aplicadas em
situações particulares, levando os projetos a apresentarem equívocos
de conforto acústico.

Proliferam-se, por conseguinte, os auditórios com grandes


áreas revestidas com carpete, sem consistência técnica e com
atenção excessiva aos aspectos plásticos. Arquitetos com experiência
nessa área e conhecimento do comportamento acústico dos materiais,
podem projetá-los satisfatoriamente, com as mais variadas plantas e
volumes e revestir com gama interminável de materiais.

Por outro lado é crescente o número de reclamações quanto


às questões de ruído urbano, especificamente no tocante ao número
excessivo de veículos trafegando pelas ruas, casas noturnas e até
mesmo igrejas ou templos. Algumas vezes ouvimos depoimentos de
pessoas que dizem ter se "acostumado" com tais ruídos próximos às
suas residências e/ou locais de trabalho, quando na realidade estão
sofrendo a perda de sua sensibilidade auditiva.

Também as construtoras e incorporadoras, em sua busca


pela qualidade sempre crescente dos seus produtos, começam a se
RÉGIO PANIAGO CARVALHO

preocupar com o ruído de impacto de sapatos nas lajes de entrepisos


de um edifício, bem como com a transmissão de ruídos através dos
poços de ventilação de banheiros, do fluxo de líquidos em tubulações
hidráulicas e outras tantas situações.

A acústica arquitetônica transcendeu, então, os teatros,


igrejas, cinemas, estúdios, entre outros, passando a incorporar-se em
nosso dia-a-dia: salas de aula, escritórios, grupos geradores de
energia e até o impacto da chuva no telhado

O projeto de acústica arquitetônica deixou de ser um tema


acadêmico, enclausurado entre quatro paredes, para tornar-se real.
Passa a ser necessário, simultaneamente com o projeto de arquitetura
de edifícios, estruturas portantes, instalações prediais, tratamento
térmico, etc.

Dessa forma, elaboramos este trabalho, que a partir de


agora passa a nortear nossas consultas teóricas e procedimentos
práticos no tratamento destas questões, endereçado também àqueles
que buscam respostas rápidas e consistentes para tais
procedimentos. Seu embasamento teórico nos parece suficiente para
as questões abordadas. A intenção é nos atermos quase que
exclusivamente à experiência prática, eliminando considerações
demasiadamente teóricas que possam tornar estes escritos
desinteressantes ou inadequados à sua meta.

E, na medida em que experimentarmos novos desafios, este


texto poderá receber acréscimos e/ou alterações, não se constituindo
então em uma coisa estanque, mas em um instrumento vivo e
dinâmico.

Na necessidade de aprofundamento dos temas aqui


apresentados deveremos consultar nossa biblioteca atualmente
disponível, bem como nosso banco de dados.

Brasília-DF, janeiro de 2004.

Arq. Régio Paniago Carvalho


Responsável Técnico pela Art:11-Tec

© 12 0
2. O SOM
A C Ú S TI CA A RQUITET Ô NICA

2.1. Conceito

O som é toda vibração ou onda mecânica gerada por um


corpo vibrante, passível de ser detectada pelo ouvido humano.

A partir da fonte, o som se propaga em todas as direções,


segundo uma esfera. Entretanto, dependendo da fonte sonora, pode
haver uma maior concentração de energia em um determinado sentido
evidenciando-se assim seu direcionamento.

O som requer um meio qualquer para se propagar (sólido,


líquido ou gasoso). Dessa forma, pode-se concluir que o som não se
propaga no vácuo.

2.2. Ondas sonoras

São os resultados das oscilações de moléculas do meio de


propagação, em torno de suas posições de equilíbrio. A título exclusivo
de fácil compreensão do fenômeno, a água superficial de uma lagoa
(meio elástico) quando excitada, gera ondas: espaços de pressão e
depressão (energia cinética) passando por uma região de referência
(energia potencial).

Daí a procedência da representação gráfica de uma onda


sonora segundo uma senóide:

@ @ @ @ @
® @ ® @ ® ®
RÉGIO PANIAGO CARVALHO

2.3. Freqüência (f) e período (T)

Exercida uma pressão em um meio elástico ocorrem


ocilações cíclicas de pressão/depressão, em intervalos de tempo
(período) maiores ou menores. A freqüência é então o número de
oscilações (ou ciclos) por unidade de tempo (período).

PRESSÃO

+P
TEMPO

FREQÜÊNCIA ALTA
T1 = T2'2 = T3/4
.p
T1 T1

+P
TEMPO
1----11---1----1---1---+---l---+-~-
FREQÜÊNCIA MÉDIA
.p T2 = 2T1 = T3/2

+P

TEMPO
1---------~---+-----..--
FREQÜÊNCIA BAIXA
T3 = 2T2= 4T1
.p

O desenho anterior evidencia que a freqüência (expressa em


ciclos por segundo ou Hertz) é inversamente proporcional ao período
(expresso em segundos): f=1 /T.
ACÚSTICA ARQUITETÔNICA

Classificação das ondas sonoras quanto à freqüência

lnfrassons Abaixo de 20Hz Não perceptíveis ao


ouvido humano

Baixas freqüências De 20 a 200Hz Sons graves

Médias freqüências Dec2-80 a 2~00Hz Sons111édios

Altas freqüências De 2.000 a 20.000Hz Sons agudos

Ultrassons Não perceptíveis ao


Acima de 20.000Hz
ouvido humano

2.4. Velocidade de propagação do som (C)

O som se propaga em velocidade diretamente proporcional à


densidade do meio.

No ar, a 20ºC e ao nível do mar, C (velocidade de


propagação)= 343 m/seg.

A velocidade de propagação do som:


• é diretamente proporcional à temperatura;
• é diretamente proporcional à umidade;
• não sofre influência da pressão atmosférica;
• não varia com a freqüência.

Outras velocidades de propagação do som

Melo Velocldade
Água 1.498 m/s

Ferro 5.200 m/s


Vidro 4.240 m/s
RÉGIO PANIAGO CARVALHO

2.5. Comprimento de onda (À= C/f}

É a distância percorrida pela onda sonora segundo um


ciclo completo de pressão/depressão:

PRESSÃO
Â
+P
ESPAÇO

.p
Â

Nestes termos, no ar, o comprimento de uma onda de


freqüência 100Hz será:

 = 343 / 100 = 3,43m

2.6. Intensidade do som

É a energia com que o som chega ao receptor, energia


essa que não altera a freqüência do som.

w
~ ESPAÇO
;;;tL----------------
z
-
...w~
ACÚSTICA ARQUITETÔNICA

2. 7. Alcance do som

Experiência realizada em Lyon, junto às margens do rio Sena


e sobre os lagos Annecy e Lehman na França, para analisar as boas
propriedades refletoras da água, chegou à seguinte conclusão: ao se
posicionar adequadamente uma fonte em frente a um espelho d'água
de grande extensão, um som pode alcançar 1.500 metros de distância
e , dependendo das circunstâncias, chegar até a 2.500 metros.

1500 - 2500m

2.8. Mascaramento do som

Consiste na sobreposição de sons, ou seja, dois ou mais


sons percutem ao mesmo tempo no mesmo ambiente e se
"embaralham", dificultando sua identificação. Nesses casos, o som de
maior intensidade sobrepõe-se ao de menor intensidade

FONTE ~Ili~ •'•' FONTE

(((< 19 ~)
RÉ GIO P ANIA GO C AR V ALHO

2.9. Difração do som

Consiste na propriedade que uma onda sonora possui de


transpor obstáculos posicionados entre a fonte sonora e a recepção,
mudando sua direção e reduzindo sua intensidade.

01 - FONTE EMISSORA
02 - PONTO RECEPTOR

01

SE H < J, S (SOMBRA ACÚSTICA) NÃO EXISTE


SE H = J, S (SOMBRA ACÚSTICA) É MUITO FRACA
SE H > J, S (SOMBRA ACÚSTICA) EXISTE
ACÚSTICA ARQUITETÔNICA

2.1 O. Refração do som

Recebe o nome de refração a mudança de direção que uma


onda sonora sofre quando passa de um meio de propagação para
outro. Essa alteração de direção é causada pela brusca variação da
velocidade de propagação que sofre a onda.

MEIO 1

2.11. Ressonância do som

Vibração de determinado corpo por influência da vibração de


outro, na mesma faixa de freqüência.

Superfícies rígidas de pequenas massas, ao vibrarem por


essa influência, tendem a se quebrarem: um copo de cristal ao som de
um violino ou a vidraça de uma janela, ao ruído de um avião a jato.

2.12. Reflexão do som

Analisando vetorialmente uma onda sonora, o


comportamento é exatamente o mesmo da ótica física:
RÉGIO PANIAG O C AR V ALHO

ângulo de incidência = ângulo de reflexão

ANTEPARO RETO

ANTEPARO CONVEXO

ANTEPARO CÔNCAVO

2.13. Inteligibilidade

Inteligibilidade é a principal característica acústica de um


ambiente, pois reflete o grau de entendimento das palavras em seu
interior. Para locais onde a comunicação é primordial (auditórios,
cinemas, teatros, igrejas, salas de aulas e conferências, etc.), a boa
inteligibilidade acústica é um fator decisivo.

Quando se refere à comunicação em um ambiente, a


inteligibilidade é definida como "inteligibilidade acústica da linguagem".

(((<< 22 ))))
ACÚSTICA ARQUITETÔNICA

2.14. Reverberação

Consiste no prolongamento necessano de um som


produzido, a título de sua inteligibilidade em locais mais afastados da
fonte produtora. Isso se dá basicamente em recintos do tipo fechados.

Esse prolongamento deverá ser maior quanto maior for a


distância entre a fonte e a recepção, ou ainda, quanto maior for o
volume interno do recinto.

CII
.,,
'C
'C
'iii
e
1

Tempo

01 - FONTE EMISSORA
02 • PONTO RECEPTOR
03 • INCID~NCIA DIRETA
04 - SOM REFLETIDO
05 • REGIÃO REVERBERANTE
RÉGIO PANIAGO CARVALHO

2.15. Eco

O eco é um fenômeno que acontece quando o som, refletido


por uma ou mais superfícies, retorna a um mesmo receptor num
intervalo de tempo maior que 1/15 do segundo.

A partir de 22 metros do anteparo o ouvinte escuta dois sons:


note que a distância percorrida dividida pela velocidade do som no ar é
iguala 1/15desegundo.

E quando o intervalo de tempo é de 1/10 do segundo, a


distinção é perfeitamente nítida até para sons articulados. Isto equivale
a um percurso total de 34 metros. Esse fato se explica pela diferença de
tempo de vibração da membrana basilar do ouvido humano (maior que
50 milissegundos), que ocorre quando a diferença entre as distâncias
percorridas pelo som direto e pelo refletido é maior que 17 metros.

Em recintos fechados, se o prolongamento do som


(reverberação) for além do necessário, teremos aí estabelecido um eco.
A CÚ STICA ARQU I TETÔNICA

2.16. Eco palpitante

O eco é classificado como palpitante quando se observam


sucessivas reflexões entre paredes paralelas de uma sala, por
exemplo.

2.17. Ondas estacionárias

Este fenômeno, de ocorrência também em recintos


fechados, consiste na superposição de duas ondas de igual freqüência
que se propagam em sentidos opostos. Com a sobreposição, a
coincidência dos comprimentos de onda faz com que seus nós e seus
ventres ocupem alternadamente as mesmas posições, produzindo a
sensação de desconforto auditivo conhecida como onda estacionária.
RÉGIO PANIAGO CARVALHO

2.18. O Decibel

O bel é a unidade de intensidade física relativa ao som.


Recebe esse nome em homenagem a Alexander Graham Bell,
inventor do telefone. Foi utilizado naquela oportunidade para medições
de perdas em linhas telefônicas.

Para medições de níveis de ruídos utiliza-se o Decibel (dB),


unidade que equivale à décima parte de um bel.

i = 1Ox log 10 1/10 , onde:

• i é a intensidade física relativa expressa em dB;


• 1é a intensidade física absoluta do mesmo som;
• 10 é a intensidade do som correspondente ao limiar da
16
percepção (10 = 10- W/cm 2 para 1000 Hz).

Se para existir um som é necessário uma variação da pressão


do meio ambiente (P), pode-se afirmar que a medida de um nível de
pressão sonora (NPS) também pode ser quantificada com base na
variação de pressão do meio ambiente: 20 log 10 P/P0

Nestes termos, se um som tem pressão sonora 1.000 vezes a


pressão ambiente, NPS=20xlog101.000, então este som é de 60 dB.

2.19. Percepção auditiva do som

O ouvido humano não percebe sons de freqüências


diferentes de forma igual. A membrana basilar apresenta diferentes
níveis de percepção ao longo de sua extensão, segundo uma gama
de faixas de freqüências que pode oscilar, de pessoa para pessoa,
entre 20Hz e 20000Hz, tendo em sua região mediana a percepção em
1000Hz.
ACÚSTICA ARQU I TETÔNI C A

OUVIDO EXTERNO OUVIDO MEDIO OUVIDO INTERNO

CANAL _ /
AUDITIVO TIM PANO

FREO0tNCIAS (Hz)

A partir de resultados de experiências sobre a sensibilidade


do ouvido humano à pressão sonora, Fletcher e Munson construíram
curvas de variação dessa sensibilidade em função da freqüência dos
sons, as curvas isotônicas:

130
dB
120

w 110
~
~
Q
<( 100
Q
in 90
z
w 80

~
1-
~ 70
w
Q 60
oa:
50

~
oz
40
o
(/)
30
.J
w
2 20
z 10
o
-10
20 30 40 50 70 100 200 300 400 500 700 1 k 2k 3k 4k Sk 7k 101< 20k

FREQÜIÊNCIA (C/s)

Conforme se pode observar, estabelecido então o patamar


médio de 1000Hz (parte intermediária da membrana basilar do ouvido
humano), a sensibilidade auditiva do ouvido humano evidencia, no que
RÉGIO PANIAGO CARVALHO

diz respeito à intensidade sonora, acréscimos em princípio para as


freqüências mais altas e diminui na média para as freqüências mais
baixas.

dB

120
LIMITE DA DOR
100

80 IIOSICA

60

40

20
LIMITE DA AUDIÇÃO

o
Hz
1020 50 100200 500 1k 2k 5k 10k 20k 50k

Note que as curvas isofônicas permitem que se compare


sons de freqüências diferentes: um som de 50dB a 1000Hz é percebido
pelo ouvido humano como outro de 38dB a 100Hz, ou como outro
ainda de 55dB a 10.000Hz.

2.20. Atenuação do som devido à distância

-6 dB

10 m 80 dB 10 m 74 dB

© 28 »
ACÚSTICA ARQUITETÔNICA

posição inicial: 1Ometros da fonte;


• NR na posição inicial= 80 dB;
• posição final: 20 metros da fonte;
• NR na posição final: 80-(20 x 1091020/10) = 73,98 dB.

Se ao dobrarmos a distância com relação à fonte


percebemos uma atenuação do ruído da ordem de 6 dB, da mesma
forma, ao reduzirmos a distância à metade da original perceberemos
um acréscimo da ordem de 6 dB.

2.21. Somando decibéis

Como grandezas logarítmicas que são, não se pode somar


*
decibéis linearmente: 70 dB + 80 dB 150 dB.
7
70 dB = 1O X 10910 1/ 10 , então 1/ 10 = 10
80 dB = 10 x 10910 1/1 0 , então 1/1 0 = 10ª
7
NPS (dB) = 10 x 10910 (10 + 10ª)
NPS (dB} = 10 x 10910 (10.000.000 + 100.000.000)
NPS (dB) = 10 x 10910 110.000.000
NPS (dB) = 80,41 dB

O 2 4 6 8 10 12 14
DIFERENÇA ENTRE DOIS NIVEIS DE RUIDO

Observe ainda que a soma de dois níveis de ruídos (NR) de


iguais intensidades acrescenta ao sistema 3 dB: 60 dB + 60 dB = 63 dB.
3. O RUÍDO
ACÚSTICA ARQUITETÔNICA

3.1. Conceito

Costuma-se dizer que ruído é todo som indesejável.


Entretanto esse conceito é muito subjetivo, uma vez que o que é
considerado ruído para algumas pessoas pode ser entendido como
som para outras· uma banda de música, por exemplo! Tecnicamente
pode-se dizer que ruído é uma oscilação intermitente/aleatória.

Classificam-se em:
• ruídos aéreos;
• ruídos de impacto.

Os primeiros esforços realizados para se controlar o nível de


ruído tinham por objetivo basicamente a contenção dos sons de
tráfego aéreo e de atividade industrial. Atualmente, entretanto, a
maioria das pesquisas está voltada para a solução dos problemas
acústicos detectados nos ambientes cotidianos da atividade humana,
tais como residências e escritórios.

Há culturalmente uma associação errada da intensidade do


ruído com sua nocividade. Estudos realizados nos últimos anos,
contudo, comprovaram que a freqüência de um som é muito mais
importante para se determinar sua nocividade do que propriamente a
sua intensidade.
RÉGIO PAN I AGO CAR V ALHO

3.2. Efeitos do ruído sobre o homem

Já há muito, desde a segunda metade do século passado,


vêm sendo feitos estudos e publicados artigos em nível internacional,
incentivados pela Organização Mundial de Saúde, sobre questões de
ruídos e seus efeitos sobre o homem.

Médicos, fonoaudiólogos e outros especialistas já dispõem


de bibliografia extensa sobre os malefícios causados por esse
subproduto do progresso, tais como:

• perda parcial (e até mesmo total) da audição;


• problemas gastrointestinais e cardiovasculares
decorrentes das sucessivas contrações musculares;
• problemas respiratórios e de secreções hormonais; e o
mais inquietante,
• distúrbios no sistema nervoso, o que mais sofre com as
agressões sonoras. O sistema nervoso simpático, por
exemplo, excita-se, e a tensão dos órgãos que ele
governa sobe.

Entre os órgãos dos sentidos, também a visão pode ser


afetada pelo ruído. Quanto ao sistema nervoso central, o ruído pode
abalá-lo seriamente: médicos já atribuem ao ruído parte da
responsabilidade na manifestação de um caso de nevrose em cada
três pessoas e quatro casos de dor de cabeça em cada cinco, sem falar
dos atos de violência, das depressões e das sensações generalizadas
de fadiga, que não se sabe como nasceram, mas que são sentidas
claramente. Ao ruído já se atribui responsabilidade até mesmo para o
desestimulo sexual.

Não importa a procedência: seja o ruído aeronáutico, ruído


urbano, ruído industrial, nos grandes escritórios ou centros
comerciaise até mesmo em habitações isoladas (eletrodomésticos em
funcionamento), o ruído incomoda e causa malefícios à saúde: isto é
fato inquestionável, largamente estudado e comprovado
cientificamente.
ACÚSTICA ARQUITETÔNICA

3.3. Ruído aéreo

Como o próprio nome define, é o ruído transmitido através do


ar: vozes, buzinas, etc.

Na seqüência, vemos um quadro aproximado das variações


de ruídos aéreos mais comuns a que estamos expostos:

Danos permanentes
ao ouvido
Aviões a jato -
Som de discoteca
Caminhões pesados
Rua movimentada
Aspirador de pó
•-
-
Escritórios
Casa Isolada
Sussurro
. Limite da audição
O
--
20 40 60 80 100 120

3.4. Ruído de impacto

Ruído decorrente de qualquer percussão sobre um sólido (ou


membrana flexível): queda de objetos, marteladas, passos, tambor e
outros.

Tecnicamente, entende-se por ruído de impacto aquele que


apresenta picos de energia acústica de duração inferior a 1 (um)
segundo, a intervalos superiores a 1 (um) segundo.
RÉ GI O PANIA GO CA R V AL HO

Note bem que, conforme demonstrado no croqui acima, um


impacto sobre uma laje de piso de um edifício promove, além do ruído
decorrente da sua vibração, excitação do sistema estrutural do edifício
e de suas paredes, gerando dessa forma fontes secundárias de ruído.

3.5. Verificação de níveis de ruído

Em virtude da natureza deste trabalho (acústica


arquitetônica), entendemos como suficiente concentrarmos a atenção
em um equipamento portátil de medição de intensidade sonora,
comumente conhecido como decibelímetro.

O equipamento básico dispõe dos seguintes recursos:

• curva de compensação "A": a resposta desta curva é a


que mais se aproxima das características de resposta do
ouvido humano para ruídos aéreos de baixa intensidade;

((: 36 ))
A C ÚSTI C A ARQUITE T ÔNI C A

• curva de compensação "C": resposta linear entre 20Hz a


20.000Hz, geralmente utilizada para estudo e
fiscalização de ruídos de impacto (na falta de
equipamento mais apropriado);
• resposta "lenta" (slow): o resultado ignora as flutuações,
informando a média do ruído ambiente;
• resposta "rápida" (fast). utilizada para medidas de picos
de ruídos.

dB
+5
o
-5 CURVA"C"
-10
-15
-20
-25
-30
-35
-40
-45
_ L . __ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ __ _ _.Hz
50
20 30 50 100 200 500 1K 2K 5K 10K 20K

No processo de aferição de ruídos deverão ser observados


os seguintes quesitos:

• verificação da bateria e calibragem do instrumento;


• consultar as normas e regras aplicáveis para o
equipamento utilizado, bem como as técnicas
adequadas;
• realizar algumas aferições de orientação, antes de anotar
os valores reais, buscando o posicionamento correto;
• utilizar o circuito adequado (geral A) e a resposta
adequada (rápida ou lenta);
RÉ GIO PANI A GO C ARVALH O

• verificar ruídos de fundo;


• não realizar a aferição atrás de objetos que possam
funcionar como bloqueios ou sombreamento ao som;
• se a aferição for realizada ao ar livre, utilizar um pára-
vento;
• ao fim da aferição, conservar um relatório claro e
completo de todo o processo, juntamente com os
resultados obtidos.

3.6. O Decibel A: dB(A)

É difícil obter com um só valor a medida de um nível


acústico, ou seja, um valor objetivo que se aproxime o máximo
possível da percepção do ouvido humano (que é diferente de pessoa
para pesoa).

O sistema empregado universalmente para definir com um


só valor o nível de pressão acústica é o dB(A). Essa medida está
baseada nas curvas isotônicas, comentadas anteriormente, sobre a
sensibilidade do ouvido humano em função da freqüência. É obtida
mediante a média ponderada entre o espectro do ruído e a curva
seguinte, que se conhece como a curva de ponderação "A". Esta
curva é utilizada para compensar as diferenças de sensibilidade
que o ouvido humano tem para a gama de freqüências dentro do
campo auditivo.

A aferição em dB(A) é aceita internacionalmente como o


valor que mais se aproxima da sensação de audibilidade humana
(ouvido padrão) produzida pela música, palavra e ruídos mais comuns,
inclusive os de tráfego urbano e de eletrodomésticos, desde que se
tratem de ruídos que não evidenciem tons predominantes.

Na tabela seguinte estão especificados os valores tomados


na curva de ponderação "A" para uma margem de freqüências comuns
no cotidiano:
ACÚSTICA ARQUITETÔNICA

Freqüência em Hz 125 250 500 1000 2000 4000


Ponderação em A -16,1 -8,6 -3,2 o +1,2 +1

Exemplo prático: aferidos100 dB(A), teremos, devidademente corrigidos:


83,9dB 91 ,4dB 96,SdB 100dB 101,2dB 101,0dB

Este exemplo prático é da maior importância para inter-


venções em nível de acústica arquitetônica. Significa dizer que, na falta
de equipamento apropriado para medir sons/ruídos segundo a gama
total de freqüências em que eles ocorrem, acrescentam-se ou
diminuem-se os coeficientes sugeridos pela curva de ponderação "A"
para se ter uma idéia muito próxima, na realidade, do que o ouvido
humano percebe efetivamente em outras faixas de freqüências.

3. 7. Níveis de ruído aceitáveis

A exposição excessiva a sons de alta intensidade por longa


duração pode causar danos psicológicos e físicos irreversíveis. Por
exemplo, a intensidade sonora das turbinas de avião e jatos a curta
distância chega a 120 dB(A), valor este que causa dor e está a apenas
30dB(A) abaixo da intensidade que causa perda instantânea da
audição: 150dB(A).

Em locais de trabalho é aconselhado o uso de protetores


auriculares a partir de 85 dB(A) de ruído (o equivalente ao constatado
no tráfego pesado), e o valor ideal varia em função da atividade do
local, mas a partir de 65 dB(A) (equivalente à conversação normal)
pode ocorrer irritação em nível psicológico e fadiga mental e física.

Isso varia de um indivíduo para o outro, em função da maior


ou menor sensibilidade auditiva: o ouvido humano é diferente de
pessoa para pessoa, daí a necessidade de se estabelecer níveis de
ruídos aceitáveis por aferição instrumental.

© 39 »
R É GIO PAN I AGO CARVAL H O

NBR 10152/1987 dB(A)


Hospitais 35 .45
Apart., enfermarias, berçários e centros cirúrgicos 40 -50
Laboratórios e áreas de uso público 40 .50
Serviços 45.55

Escolas
Bibliotecas, salas de música e salas de desenho 35 .45
Salas de aula e laboratórios 40-50
Circulação 45 .55

Hotéis
Apartamentos 35 .45
Restaurantes e salas de estar 40-50
Portaria, recepção e circulação 45-55

Residências
Dormitórios 35 .45
Sala de estar 40-50

Auditórios e anfiteatros
Sala de concertos, teatros 30 .40
Salas de conferência, cinemas, de múltiplo uso 35 .45

Restaurantes Bares e Confeitarias 40 - 50

Escritórios
Salas de reuniões 30-40
Salas de gerência, projetos e administração 35 .45
Salas de computadores 45-65
Salas de mecanografia 50 -60

© 40 0
ACÚSTICA ARQUITETÔNICA

Igrejas e templos
Cultos meditativos 40 - 50

Locais para esporte


Pavilhões p/ espetáculos e atividades esportivas 45 -60

Nota: o valor inferior da faixa representa o nível sonoro para conforto,


enquanto o valor superior significa o nível sonoro máximo aceitável
para a respectiva finalidade.

3.8. Dose de ruído

Nos termos da Legislação de Segurança, Higiene e Medicina


do Trabalho, estabeleceu-se que:
• não é permitida a exposição a níveis de ruído superiores a
115 dB(A) para indivíduos que não estejam
adequadamente protegidos (ruídos do tipo contínuo e
intermitente, aferidos por decibelímetro operando em
circuito de compensação "A" e circuito de resposta lenta);
• o limite de tolerância aos ruídos de impacto é de 130 dB
(linear) quando avaliados com equipamento apropriado.
Na falta desse equipamento, será válida a leitura feita no
circuito de resposta rápida e circuito de compensação
"C", admitindo-se no caso tolerância máxima de 120
dB(C).

A mesma Legislação estabelece limites de tolerância para


ruídos contínuos e intermitentes conforme o que se segue:

Nlvelde Máxima esposlção diária


ruldodB(A) permitida (minutos)

80 960 16,00
81 835 13,92
82 725 12,08
83 630 10,50

«e<< 41 ,))))
RÉG I O PANIAGO CARVALHO

84 550 9,17
85 480 8,00
86 415 6,92
87 360 6,00
88 315 5,25
89 275 4,58
90 240 4,00
91 205 3,42
92 185 3,00
93 155 2,58
94 135 2,25
95 120 2,00
96 104 1,73
97 90 1,50
98 79 1,32
99 69 1,15
100 60 1,00
101 52 0,87
102 45 0,75
103 39 0,65
104 34 0,57
105 30 0,50
106 26 0,43
107 22 0,37
108 19 0,32
109 17 0,28
110 15 0,25
111 13 0,22
112 11 0,18
113 9 0,15
114 8 0,13
115 7 0,12

@ 42 D)
ACÚSTICA ARQUITETÔNICA

Durante uma jornada de trabalho ocorrem dois ou mais


períodos de exposição a níveis diferentes de ruídos. Nesses casos
deverão ser considerados seus efeitos combinados conforme o que se
segue:

(C/t1) + (Cjt2 ) + (CJt) + .............. +(C,/t,,) = dose de ruído,

onde C1 é o tempo total no dia que o trabalhador fica exposto


a determinado nível de ruído e~ a máxima exposição diária permissível
a este nível de ruído.

O resultado desta operação define as providências que


devem ser tomadas em nível coletivo (no ambiente de trabalho):

Consideração Atuação
Situação técnica da recomendada
Valor da dose da exposição
situação para controle
desejável,
0,1 a 0,5 aceitável não-prioritária
0,6 a 0,8 aceitável de atenção de rotina
temporariamente séria preferencial
0,9 a 1,0 aceitável
1,1 a 3,0 inaceitável crítica urgente
acima de 3,0 inaceitável de emergência imediata

qualquer, havendo inaceitável -


níveis individuais recomenda-se de emergência imediata
acima de 115dB interromper a exposição
4. COMPORTAMENTO
ACÚSTICO DOS MATERIAIS
ACÚSTICA ARQUITETÔNICA

4.1. Conceito

Na natureza, todo e qualquer material responde


acusticamente conforme o seguinte:

SOM ABSORVIDO

SOM INCIDENTE

~ SOM TRANSMITIDO

SOM REFLETIDO
SOM ABSORVIDO

Quando uma onda sonora incide sobre um obstáculo, gera


três situações distintas: uma parte dela é transmitida através do
material, outra parte é absorvida pelo obstáculo e o restante é refletido.

Se um material retém uma quantidade maior de ondas


sonoras, transformando-as em energia térmica, dizemos que ele tem
boa absorção acústica.

Se o material reflete grande parte da energia sonora


incidente, evitando que ela seja transmitida de um meio para o outro,
caracteriza-se como um bom isolante acústico. De acordo com esse
conceito, podemos concluir que um material que reflita uma grande
parte das ondas sonoras será um bom isolante, e conseqüentemente,
um mau absorvente, valendo o mesmo raciocínio para uma situação
inversa: se uma onda sonora for absorvida em grande parte por um
material, pouco restará para ser refletido ou transmitido.
RÉGIO PANIAGO CARVALHO

Podemos fazer a composição de um material absorvente


com um material isolante para conseguirmos ambos efeitos
simultaneamente, contudo, isso já deixa de ser apenas um material
simples, passando a compor-se de um sistema de materiais.
Conseguir um único material que isole e absorva bem o som tem se
mostrado um objetivo um tanto inviável na prática.

SOM INCIDENTE SOM REFLETIDO SOM INCIDENTE SOM REFLETIDO

\i \i
~
--------➔
SOM ABSORVIDO SOM ABSORVIDO
-➔

SOM TRANSMITIDO SOM TRANSMITIDO


MATERIAL ABSORVENTE MATERIAL ISOLANTE

4.2. Materiais e sistemas isolantes acústicos

SOM

~
INCIDENTE

(((e
SOM SOM
REFLETIDO TRANSMITIDO

~ 48 ~
ACÚSTICA ARQUITETÔNICA

A variação da pressão acústica de um determinado ambiente


induz os anteparos/superfícies nas imediações a vibrarem. É esse
processo vibratório que gera, do outro lado da superfície, uma fonte
sonora secundária.

Constata-se então, de partida, que quanto maior for a massa


da superfície em questão, menor a probabilidade dela vibrar e ,
conseqüentemente, de transmitir.

A aferição exata do nível de isolamento acústico IA de


materiais & sistemas é obtida em laboratório. A seguir, tabela com
alguns índices de isolamento acústico IA (dB) 500Hz obtidos de fontes
diversas:

- - - - - -Materiais
-- e Sistemas IA(dB) 500Hz
--------·~-
Divisórias
Fibra mineral 50mm, e/ compensado 6mm em ambos lados 30
Gesso acartonado 13mm, fixado em cada um dos lados de
35
montantes de madeira 75 x 38mm
Gesso acartonado 13mm, fixado em cada um dos lados de
28
um núcleo alveolado
Gyproc (gesso e/ lã de rocha), placa e/ 3 camadas de 19mm. 35
Lã de madeira 50mm, densidade 30kg/m' 08
Lã de madeira 50mm, revestida e/ gesso acartonado
35
35kg/m2
Lã de rocha 50mm, revestida e/ gesso acartonado 10mm
37
em ambos os lados.
Painel de duas placas de compensado sobre sarrafos de
30
madeira 60mm, e/ lã de rocha 50mm nas cavidades.
Paredes
Alvenaria de concreto 30cm, e/ agregado graúdo, rebocada 50
Alvenaria de concreto 15cm c/ agregado miúdo 40
Alvenaria de concreto 15cm, e/ reboco de 13mm 49
Alvenaria de concreto 18cm, e/ agregado miúdo, rebocada 50
Concreto celular 5cm, rebocado dos dois lados 35
Concreto celular 8cm, rebocado dos dois lados 40
Concreto Celular Siporex 7,5cm, densidade 450kg/m' 35
Concreto Celular Siporex 10cm 450kg/m' 40
- - - - - -~
RÉGIO PANIAGO CARVALHO

Concreto Celular Siporex 12cm, densidade 450kg/m3 41


Concreto Celular Siporex 15cm, densidade 450kg/m' 42
Parede de blocos maciços 10cm, nivelada e pintada 37
Parede blocos maciços 10cm, e/ reboco de 13mm 43
Parede de tijolo maciço aparente, 11,2cm 42
Parede de tijolo maciço 11,2cm, e/ reboco de 13mm 45
Parede de tijolo maciço 22,9cm, e/ reboco de 13mm 50
Parede de tijolo maciço 23cm 50
Parede de tijolo maciço ou pedra 45cm 55
Parede de tijolo vazado 30cm 50
Parede de tijolo vazado deitado 6cm, rebocado dos dois lados 35
Parede dupla de concreto celular 8cm e/ câmara de ar de 8cm 50
Parede dupla de tijolos 11,2cm, e/ 13mm de reboco e espaço
54
vazio de 4,2cm (espessura total: 29,2cm)
Parede dupla de tijolos 22,9cm, e/ 13mm de reboco e espaço
55
vazio de 4,2cm (espessura total: 52,6cm)
Entrepisos
Assoalho de tábuas macho-fêmea, apoiado em vigas de
20
madeira
Assoalho de tábuas macho-fêmea apoiado em vigas de
35
madeira, forro de gesso 20mm e malha de lã de rocha 80mm
Assoalho de tábuas macho-fêmea apoiado em vigas de
madeira e forro de gesso 20mm e malha de lã de 30
rocha 80mm, juntas preenchidas e coladas e/ papel
Assoalho de tábuas macho-fêmea apoiado em vigas de
40
madeira e forro estucado
Assoalho de tábuas macho-fêmea apoiado em vigas de
45
madeira, forro estucado e 5cm de argamassa logo acima
Assoalho flutuante apoiado em vigas de madeira e forro de
40
gesso 20mm e malha de lã de rocha 80mm
Assoalho simples apoiado em vigas de madeira e forro de
25
gesso 20mm, juntas preenchida~ e coladas e/ papel
Prancha de madeira 22mm, apoiada em barrotes de
200x50mm, e/ forro de 13mm gesso (espessura total: 23,5cm) 33
Prancha de madeira 19mm, apoiada em barretes de
200x50mm, e/ forro de 20mm gesso (espessura total: 23,9cm) 40

Laje de concreto rebocado, acabado no piso 45


Laje de concreto, rebocada e/ 5cm de argamassa 50
Laje de concreto 10cm, e/ reboco 10mm e piso acabado 45

50
ACÚSTICA ARQUITETÔNICA

Laje de concreto 15cm, e/ reboco 10mm e piso acabado 48


Laje de concreto 18cm, rebocada no teto, e piso acabado 50
Laje de concreto rebocada no teto, e/ piso flutuante de 50
madeira
Laje de concreto, e/ forro pesado suspenso e piso acabado 50

Portas
Porta de madeira 44mm, interior s...,lic!o, :;cm v 0 dações. 18

e madeira lJ4mm, interio oco, ~m-vedaçõe1s:-


. =-==== 5
Porta de madeira 50mm, interior sólido, sem vedações 22

Porta de madeira 50mm, interior oco, sem vedações 20

Porta de madeira maciça 50mm, c/ frestas normais nos cantos 25

Porta de madeira maciça 50mm, todas as bordas seladas 30


Porta dobrável 100mm, e/ painéis de lã mineral densa em 47
molduras de aço, vedações em cima e embaixo
Porta dobrável 150mm, e/ painéis de lã mineral densa, em 52
molduras de aço, vedações em cima e embaixo
Porta dupla de madeira maciça 50mm, e/ cãmara de ar e 45
frestas seladas
Porta dupla composta (oca, e/ compensado 3mm de cada 35
lado), e/ cãmara de ar e frestas seladas.
Janelas
Esquadria de madeira ou metal e/ vidros duplos de 3mm, e/
câmara de ar de 100mm e absorvente no marco inferior entre 40
os vidros, frestas seladas
Esquadria de madeira ou metal e/ vidros duplos de 3mm, e/
câmara de ar de 200mm e absorvente no marco inferior entre 45
os vidros, frestas seladas
Janela de placas de vidro 3mm, todas as bordas seladas 25
Janela de placas de vidro 6mm, todas as bordas seladas 30
Janela simples de vidro 3mm 20
Outros
Duas placas de madeira aglomera·-::d::
a-:½
:,.:,--:::a~p~
o i~a~d~
a s---
e~m-=m
~ a;rc~o= = = - -2- -
0
de madeira.
Painel WALL 40mm 30

Painel WALL 55mm 33

51
RÉGIO PANIAGO CARVALHO

4.3. A Lei de Massa

Na falta de informações precisas sobre índices de


isolamento acústico, adota-se a Lei de Massa, obtida originalmente de
forma empírica e posteriormente confirmada pela teoria.

~·~
50
ãi' 40
~ 20
.se: ~10
E
G>

IV
õ 20
~
30

~:
~12
10

O 125 500 1K 2K 4K
Freqüência (Hz)

Com base na densida'(_e superficial (8S) de um material puro


qualquer é que se calcula seu isolamento acústico à freqüência de
500Hz: IA= 19xlog (8S).

Note-se que, com base no gráfico anterior, a duplicação da


massa de um determinado material não implica em dobrar seu índice
de isolamento acústico, mas somente lhe conferirá um acréscimo de 6
dB de isolamento.

Da mesma forma, para um material X qualquer:


125Hz 250Hz 500Hz 1000Hz 2000Hz
(x-12)dB (x-6)dB (x)dB (x+6)dB (x+12)dB

Aseguir, massas de alguns materiais:


Material ou sistema Massa
Alvenaria tijolos cerâmicos 10cm (com reboco) 1600 Kg/m3
Alvenaria de blocos de concreto 10cm (com reboco) 1600 Kg/m3
ACÚ ST ICA AR Q UITETÔNICA

Bloco de concreto celular 10cm, rebocado em ambas


as faces (13 cm) 870 Kg/m 3

Concreto armado 2500 Kg/m3


Espumas absorventes 32 Kg/m3
Gesso 880 Kg/m3
Pistofibra/Luxacustic 50 Kg/m3
Madeira leve 500 Kg/m'
Madeira pesada 1000 Kg/m•
Telha de alumínio trapezoidal 5 Kg/m 2
Vidro liso 2500 Kg/m 3
Acrílico 1190 Kg/m 3

4.4. Isolamento acústico x comprimento de onda

Observa-se que, nos termos da Lei de Massa, os materiais


são melhores isolantes acústicos às freqüências mais altas.

Isto decorre basicamente do  de uma determinada onda


sonora: bloquear integralmente uma onda sonora requer interromper
totalmente sua propagação, o que só se consegue aumentando a
espessura da superfície e bloqueando esta onda a 1/4 Â:

PRESSÃO
Â

+P
ESPAÇO

.p
Â

Note bem que, bloquear com consistência ondas sonoras à


freqüência de 125Hz implica em, além da referência de densidade
superficial, termos anteparo de espessura não inferior a 68,5cm,
conforme mostra o cálculo a seguir :

© 53 0
RÉGIO PANIAGO CARVALHO

Â= C/f = 343m/seg / 125Hz = 2, 74m


. Â/4=2,74/4
Â/4 =68,5cm

O mesmo nível de ruído à freqüência de 1.000Hz estará


bloqueado com anteparo de apenas 8,6cm de espessura.

4.5. O efeito Massa/ Mola/ Massa

Um aspecto relevante no que diz respeito à capacidade de


isolamento acústico de sistema de materiais, consiste em gerarmos
espaços vazios em seu interior, ou ainda preenchidos com material
absorvente acústico, conforme demonstrado no croqui a seguir:

U2 U2 U2 U2
L
n n 17 '7
UJ
t--
z
a:
<
UJ
~o
e 1/l
a)

i
<o
<
...J
<
ii:
UJ
<
~

ISOLAMENTO ISOLAMENTO ISOLAMENTO


XdB X+ (3 a 5) dB X+ (6 a 9) dB

Este é o efeito comumente conhecido como


massa/mola/massa.

Cumpre-nos comentar dois aspectos relevantes:


• quanto maior a massa da mola, maior a capacidade de
isolamento acústico;
A C Ú S TICA ARQU I TET Ô NICA

• quanto maior o afastamento entre as placas externas,


melhor o isolamento acústico obtido às baixas
freqüências.

4.6. Materiais e sistemas absorventes


acústicos

Materiais bons absorventes acústicos são necessariamente


materiais macios, porosos ou fibrosos, que têm a capacidade de
absorver sons que neles incidem, conforme croqui a seguir:

SOM SOM
REFLETIDO REFLETIDO

SOM SOM
TRANSMITIDO TRANSMITIDO

MATERIAL FIBROSO MATERIAL POROSO


VIBRAÇÃO NAS FIBRAS REFLEXÃO NOS POROS

Em função das formas e dimensões dos poros ou das fibras


desses materiais é que se explica a variação de suas absorções
acústicas, conforme as faixas de freqüência. Com base no
comprimento de onda, é compreensível, portanto, que geralmente os
materiais absorventes acústicos sejam melhores absorventes às altas
freqüências que às baixas.

Gráfico básico de análise das absorções acústicas de um


material hipotético conforme as variações de freqüências:
RÉGIO PANIAGO CARVAL HO

10

< 9
w~ a
O ti; 7
w·::::>
1- O 6
Zct
!!:!o 5
~i< 4
LI. o,
w a:: 3
00
o~ 2
< 1

O 125 250 500 1K 2K 4K

FREQÜÊNCIA (Hz)

No entanto, o comportamento acústico dos materiais pode


ser alterado em função das suas condições de aplicação (diretamente
sobre superfície rígida, sobre superfície elástica, afastado de
superfícies, função do afastamento entre apoios, etc.). Da mesma
forma acontece em função da aplicação de tintas ou outros elementos
sobre os mesmos, bem como utilizados segundo sistemas
absorventes, tudo conforme o que se segue graficamente:

o 1000 f (Hz) o 1000 f(Hz)

VARIAÇÃO DA ESPESSURA EFEITO DA CAMADA DE AR


A - espessura = 100mm A - sistema composto por material
B - espessura = 50mm absorvente e material isolante,
C - espessura = 25mm com câmara de ar entre eles.
D - espessura = 5mm B - sistema composto por material
E - espessura = 2mm absorvente e material isolante.
ACÚSTICA ARQUITETÔNICA

a (l

0,5

o 1000 f (Hz) o 1000 f (Hz)

VARIAÇÃO DA DENSIDADE EFEITO DA APLICAÇÃO DE TINTAS

A - densidade = 40 kgtm• A-ORIGINAL


B - densidade = 20 kgtm• B - PISTOLA 1 APLICAÇÃO
C - ROLO 1 APLICAÇÃO
D - ROLO 2 APLICAÇÕES
a (l

O 1000 f (Hz) O 1000 f (Hz)

PAINÉIS RESSONANTES RESSONADORES DE HEIMHOLTZ

(l (l

0,5 0,5

O 1000 f(Hz) O 1000 f (Hz)

MEMBRANA FLEXiVEL SOBRE PAINEL PERFURADO SOBRE


MATERIAL FIBROSO MATERIAL FIBROSO

« 57
RÉGIO PANIAGO CARVALHO

Precisar os coeficientes de absorção acústica dos mais


diversos materiais e sistemas é tarefa laboratorial. Algumas indústrias
fornecem esses coeficientes segundo a gama de apresentações dos
seus produtos (espumas absorventes, lãs de rocha e de vidro, etc.). A
seguir, coeficientes de absorção acústica de alguns materiais básicos
e sistemas (0,5 = 50% de absorção acústica):

COEFICIENTES DE ABSORÇÃO ACÚSTICA (a)

CÔDIGO FONTE
ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas Normas
AMF Mineralplatten do Brasil Informações técnicas de produtos
cu Climatex lnd. Madeira Mineralizada Lida. Informações técnicas de produtos
CON Conrado Silva De Marco Elementos de Acústica Arquitetônica
D&C Don & Carolyn Davis Sound System Engineering
EUC Eucatex S/A Informações técnicas de produtos
FAD Fademac Informações técnicas de produtos
HDB Hunter Douglas do Brasil Lida. Informações técnicas de produtos
IGOR lgor Sresnewsky Ensaios laboratoriais
ILL lllbruck Industrial Lida. Informações técnicas de produtos
IPT Instituto de Pesquisas Tecnológicas Ensaios laboratoriais
ISO Saint-Gobain - divisão lsover Informações técnicas de produtos
KNA Knauf do Brasil Lida. lnofrmações técnicas de produtos
PER Pérides Silva Acústica Arquitetônica
PLA Placo do Brasil Lida. Informações técnicas de produtos
PL&DT Peter Lord & Duncan Templeton Detailing for Acoustics
ROCK Rockfibras do Brasil lnd. e Com. Lida. Informações técnicas de produtos
RHO Rhodia S/A Informações técnicas de produtos.
outros autores diversos não-identificados

58
Fonlll

PER
.....
PISOS
001 cimentado hso
125Hz

0,01
Zatz IIOOHz 1tlbtí 2GOlltl

0.012
...
0,012
PL&OT 002 0.01 0,02 0,02
PL&OT 003 0.02 0.02 O.OS
PL&OT 004 0.01 0.02 0.02
outros 005 cerâmica 0,01 0.01 0,01 0,02 0,02 )>
(")
O&C 006 mármore e granito 0.01 0.01 0.01 0.02 0,02
C•
O&C 007 borracha hsa 0.02 0.03 003 0.03 0.02 cn
--i
EUC 006 linóleo ou pav1flex 0,02 0,03 0,04
(")
O&C 009 parqui,i sobre concreto 0,04 0,04 0,07 0,06 0,07 )>
CON 010 parq sobre areia 0,20 O 15 013 0,09 O 06 )>

ABNT 011 tacos e madeira colados 0,04 0.04 0,06 0,10 0,17 ;o
"'
<D
CON 012 réguas de madeira encerada sobre piso de concreto 0,15 O 11 0,10 0.06 007
o
e
CON 013 régu de madeira encerada com espaço livre por baixo 0,40 0,30 020 O 10 --i
outros 014 Plun orna 0.04 m
--i
TAPETES E CARPETES o
ABNT 015 O 10 z
ABNT 016 0.03 0.03 O 04 o O 19 0,35 (")
)>
ABNT 017 0.06 O 20 0,52
ABNT 016 0,04 0,04 0.15 0.52 0,59
ABNT 019 5mm sobre base de feltro 5mm 0,07 O 21 0.57 O 61 O 72
outros 020 pesado sobre feltro ou espuma de borracha 0.06 0.24 0.57 O 71 0 ,73
CON 021 de la 15mm. forrado 020 0,25 0.35 0.50 0,75
022 O 12 0,10 0,10
outros 024 carpete Fademac Muralflex 002 0,04 008 O 18 0,28 O 38
FAO 025 carpete Fademac Evolution 5mm 0,01 0,03 0,07 0,14 0,24 0,34
FAD 028 carpete Fademac Evolution 7mm O 01 004 010 0,18 0,29 045
CON 027 carpete de Juta 002 0.02 0,04 0,08 0,16 0,27
carpete fino forrado e/ feltro fino sobre tábua corrida/
PL&DT 028 0,20 0,30 0,30
assoalho ;o
PAREDES m-
G)
D&C 029 alvenaria de tijolos cerêmicos sem reboco 0,03 0,03 0,03 0,04 O 05 0,07
O&C 030 alvenaria de tijolos cerêmicos sem reboco pintada O 01 O 01 0,02 0,02 002 0,03 o
"li
O&C 031 bloco de concreto aparente 0,38 0,44 0,31 0,29 0,39 0,25

D&C 032 bloco de concreto pintado 0,10 005 0,08 0,07 0,09 0,08 z
a, PL&DT 033 bloco de concreto celular aparente 020 0,60 050 ►
o G)
ABNT 034 reboco áspero pmtado á cal 0,03 0,03 0,03 0,03 0.04 0.07
o
ABNT 035 reboco liso 0,02 0,02 0,02 0,02 0,03 0,08 (")
-8' ►
O&C 038 gessQ áspero sobre alvenaria 0,02 0,03 0,04 0,05 0,04 0,03
;o
O&C 037 gesso hso sobre alvenaria 0013 0,015 0,02 0,03 0,04 0,05 <
ABNT 038 estuque 0,03 0,04 007 ►
r-
CON 039 reboco de verT111CUlíte não acústico 30mm 0,12 0,10 0,07 0,09 0,07 0,07 J:

CON 040 reboco de vermiculíte acústico 30mm 0,23 0,30 0,37 0,42 0,48 0,48 o
CON 041 reboco fibroso 0,35 0,30 0,20 0,55 0,10 004
EUC 042 azulejo certmico 0,01 0,012 0,015
EUC 043 pastilha cerêmtC8 0,012 0,015 0,018
outros 044 papel sobre pl!!'8de 0,02 0,04 0,07
PER 045 CC?rt_lça &nm sobre parede 0,08 0,08 0,31 0.22
PER 048 cort.iÇII 19nvn sobre~ 009 0.08 0.21 0.22
PER
outros 049 0,08 0,07 0,05
CON 050 0,01 0,01 0,03
EUC 051 o pintado a cal 0,015 0,025
PER 052 rebocado pintado a óleo 0,18 )>
TETOS E FORROS BÁSICOS ()

CON 053 0,01 0,01 0,02 0,02 0,03 U)
EUC 054 rebocado pintado a cal 0,015 0,02 0025 -1
PER 055 rebocado pintado a óleo 0,18 ()
)>
ABNT 056 placas 12,5mm 0,02 0,03 0,05
)>
PER 057 0,29 0,05 0,07 0,09 ;o
~ EUC 058 0,01 0,012 0,01 0,012 o
outros e
~ CON
059
060
0,08 007
0,16
0,06
0,13
º·
0.1
0 ,06
0,06
0,05
0,06 -1
m
-1
PER 061 eira compensada envernizada 0,05 0,03 0,03 o
z
PER 062 adeira compensada pintada a óleo 0,04 0,03 003
()
ABNT 063 0,14 0,06 0,10 )>
EUC 064 0,30
EUC 065 0,09
D&C 068 0,35 0,25 0,18 0,1 0,07 0,04
D&C 067 0 ,18 0,06 0,04 o.o 0,02 0,02

ABNT 068 0,23 0,11 0,09 o.o 0,01 0.03

PL&DT 069 0,30 0 ,10 005


070 janelas com vidros de 6mm
MOBILIA E ELEMENTOS DECORATIVOS
ABNT 071 poltrona estofada coberta de tecido 0,28 0.28 0,28 0,28 0,34 0,34
CON 072 poltrona de teatro de madeira 0,01 0,014 0,022 0,03 0,047 0,06
CON 073 poltrona com assento móvel de madeira compensada 0.02 0,02 0,02 0,04 0,04 0,03
poltrona com assento móvel de madeira compensada,
CON 074
revestida de couro
0.09 0,13 0,15 0,15 O, 11 0,07 ;o
m
poltrona com assento e encosto sobre molas, revestida 0,31 0,32 G)
CON 075
em veludo
0,29 0,28

PER 076 poltrona estofada de teatro 0.18 0,28 0.28 o

~
PER 077 poltrona estofada desocupada 0.49 0,80 0,88 0,82 "
)>

EUC 078 cadeira comum de madeira 0,01 0,02 0.02 0,04 0,04 0,04 z
CON 079 cadeira de palha 0.01 0,02 0,02 0,02 0,02 )>

"'
N
ABNT 080 cadeira madeira, de assento móvel 0,05 0,05 0,05 0,05 0,08 0,05
G)
o
ABNT 081 cadeira estofada chata, revestida em tecido 0,13 0.20 0,25 ('")

ABNT 082 cadeira estofada chata, revestida com couro sintético 0,13 0,15 0,07 )>
;o
cadeira de assento dobradiço. encosto com estofamento
ABNT 083 espesso poroso, lado inferior do assento absorvente
0,28 0,28 0,34 <
)>

0,05 0,04 0,04 r


CON 084 madeira maciça envernizada 50mm 0,10
J:
EUC 085 madeira pintada a óleo 0,04 0,03 0,03 0,03 o
EUC 086 quadro a óleo 0,28 0,28
PER 087 quadro negro 0,03 0,03 0,03
outros 088 piano de cauda 0.20 0,52 0,60 0,57 0,52 0,43
outros 089 estante de livros 0,11 0,33 0,90 0,60 0,79 0,68
outros 090 Quadro pléstico vinllico sobre parede 0,04 0,03 0,04 0,04 0,03 0,02
TECIDOS
ABNT 091 algodAo esticado liso 0,04 0,13 0,32
ABNT 092 045

CON 093 0,32

CON 094 0,04 0,23 0,40 0,53 0,40

CON 095 0,07 0,31 0,49 0,66 0,54

CON 096 veludo (0,6Kg/m') esticada Junto à parede 0,05 0,35 038
CON 097 0,06 0,27 0,44 0,40 0,35
)>
CON 098 veludo, com dobras em 50% de sua área 0,14 0,35 0,55 070 0,65 (")

0,40 0,60 C•
ABNT 099 0,25
(/)

PER 100 0,14 0,52 0,70 -1

ABNT 101 0,15 0,20 0,40 (")


)>
EUC 102 0,06
)>
CON 103 0,02 0,04 0,10 0,2 0,57 0,92 :o
"' EUC 0,12 0,32 0,51 0,6 0,60 0,56 o
"' 104
e
ABNT 105 0,05 0,07 0,12
= ABNT 106 juta, fio grosso. forrado de feltro 15mm 0,18 0,18 0,38 0,7 0,75 0,78
-1
m
-1
SISTEMAS ABSORVENTES o
pensada 3mm afastada 50mm da parede, z
ABNT 107 0,25 0,34 0,18 O, 1 0,10 0,06
io ()
)>
mpensada 3mm afastada 50mm da parede, 0,46 0,47 0,23 0,1 0,10 0,06
ABNT 108 10, e/ amortecimento nas bordas
mpensada 3mm afastada 50mm da parede, e/ 0,61 0,65 0,24 0,1 0,10 0,06
ABNT 109
reenchido com lã mineral
ABNT 110 1de 50mm coberta de papelão denso 0,74 0,54 O 36 0,3 0,30 0,17
e papelão-gesso de 9,5mm em frente a espaço 0,36 0,12 0,08 O. 0,06 0,10
ABNT 111 preenchido com lã mineral
nsada de 2,5mm em frente a feltro mineral 0,21 0,37 0,24 0,02 0,08
ABNT 112 gtm•
ABNT 113 chapa/grade compensada, s/ forro a 30mm da parede 0,06 0,02 0,10 0,16 0,22 0,18
chapa de cimento amianto 4mm, furos na proporção de
ABNT 114 16% de 5mm de diâmetro, em frente a tecido e feltro de lã 0,20 0,68 0.91 082 0,82 0,76
mineral de 50mm (50Kg/m')
ABNT 115 chapa leve de lã de madeira 25mm sobre parede rígida 0,04 0 ,13 0,52 0,75 0.61 0,72

ABNT 116 chapa leve de lã de madeira 25mm. afastada 50mm da


parede. espaço vazio 0,25 0,33 0,50 0,65 0,65 0.70 ;:o
chapa leve de lã de madeira 25mm. afastada 50mm da m
ABNT 117 0.18 0,33 0,80 0,90 0,80 0,83 G)
parede. espaço preenchido e/ absorvente acús!Jco

ABNT 118 chapa leve de lã de madeira de 25mm, e/ espaço vazio de


0,06 0,66
o
24cm 0.20 0,49 0,72 0,76 -u
)>
ABNT 119 chapa leve de lã de madeira de 50mm sobre parede rígida O 11 O 33 0,90 0,60 0,79 0,68 z
PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS )>
G)
AMF forro Thermatex Laguna a partir de uma fibra mineral
120 0,43 0,37 0,58 0.76 0,68 0,45 o
biossolúvel, pert1ta. argila e aglomerantes orgãmcos
()
AMF forro Thermatex Mercure a partir de uma fibra mineral
121 0,35 040 0,47 0,58 0,66 0,56 )>
b1ossolúvel, perlrta. argila e aglomerantes orgânicos ;:o
AMF 122 forro Thermatex Star a partir de uma fibra mineral
0,34 0,43 0,54 0,67 0,65 0,64
<
biossolúvel perlrta, argila e aglomerantes orgânicos )>
r-
AMF forro Thermatex Feínstratos a partir de uma fibra mineral
123 0,45 0,39 0,57 O 72 0,61 0,43 :i:
biossolúvel, perlita, argila e aglomerantes orgãnicos o
AMF 124 forro Thermatex Feingelocht a partir de uma fibra mineral
biossolúvel, pertrta, argila e aglomerantes orgânicos 0,47 0,35 0,51 0,73 0,74 0,58

AMF forro Thermatex Satum a partir de uma fibra mineral


125 0,36 0,47 0,51 0,73 0,95 0,92
biossolúvel pertrta, argila e aglomerantes orgânicos

HDB forro Luxalon Clip-in, perfurado 0 2,5mm, lã mineral 20mm


126 0.31 0.68 0,87 0,74 0,95 0,96
densidade 20kg/m', plenum de 200mm

HDB forro Luxalon sistema Tlle, perfurado 0 2,5mm lã mineral


127 0,31 0,68 0,87 0,74 0,95 0,96
20mm densidade 20kg!m• plenum de 200mm
ISOV 129 sound revestido e/ Glass Fabric (véu de vidro) 0,26 1.00 1.02 0,54 0,33
und revestido e/ Glass Fabric (véu de vidro), 0,94 0.32 0,19
ISOV 130 0,26 0.99

ISOV 131 0.04 0.40 0,86 0,93 0.98


ISOV 132 0.35 0.80 0.95 0,95 1,00
)>
ISOV 133 010 0.30 0.75 1,00 0,95 ()

ISOV 134 0,45 0.75 0.85 0,90 0,80 C·


(J)
ISOV 135 0,10 0.40 0,85 0,90 0,80
-i
ISOV 136 0,66 0,74 0.79 0.87 0.89
()
ISOV 137 sma sem plenum 0,04 045 0.84 0.37 0,22 )>

ISOV 138 forrcv,d afond, com plenum 0,25 048 0.49 0,33 0,17 )>
;o
a, 0,03 0.53 0.59 0.54 0,28
UI ISOV 139 forrcv,d lafond, sem plenum o
forrc11,d lac,al. com plenum 0.20 0.38 0.48 0,5 0,25 0,11 e
ISOV 140
-i
~ forrcv,d lac,al. sem plenum 0.06 0.50 0.93 0,7 0,47 029
ISOV 141 m
-i
ISOV 142 forre, d fa. com plenum 0.11 0,10 0.06 04 0.27 0.09
o
ISOV 143 forrcv d fa. sem plenum 0.03 0,70 0.35 05 0.41 0.22 z
ISOV 144 forrcv,d as,c 15 mm 0.05 0.22 0,41 0.9 0,66 0,38 ()

0,68 0.54 0,6 0,53 0,28 )>


ISOV 145 0.09
ISOV 146 0,05 0.22 0.41 0.9 0,66 0,38
em rolo Roll,sol 50mm. ensacada e/ filme 0.69 0.63
ISOV 147 0,15 0,45 0,75

ISOV 148 11,sol LT10 50mm. ensacado e/ filme plástico 0,22 0.49 0.86 0,99 0,98
SOV 149 S-20 construido de lã de vidro. espessura 50mm 0,21 0.58 0,84 0.99 1,03
,do Chmaver em lã de vidro de alta densidade 0,63 1,11
ISOV 150 0,07 0.22 0.9
o PQr resinas sintéticas revestido por véu de vidro
l!MIÍll'lglíloClimlMrpluaemll•v.ldro• •
151 delllldlde,..,.,._,por,__llnl6llcaslWVWlldopor 0,50 0,52 0,46
IIIIIIIIUtnlnia
ISOV 152 Plllnll rlglco ou IMli-rlgldo PSl--40 de li devidlo
aglameil!do com l9llna linl6lica, 50mm 0,12 0,69 0,98 1,02 1,05 1,06
_... rlgldo IIOU80ll'ld canstlluldo por li de vidro
ISOV 153 agtomeiada com l'Nina lintélica e ,-tido por véu de 0,20 o.n 0,95 1,10 0,95 0,99
vidl0 Pl9IIO em uma das fw::ea ;o
rr,.
feiro F..rett rooflng em li de vidro, aglomerado por
G)
ISOV 154 , _ . . linléticu, r-1ido em uma das faces com
laminado branco• tios de reforço com abas laterais (fono 0,12 0,68 0,13 0,52 0,23 0,1-4
o
-~> "lJ
~ ILL 155 placa Roe lllbruck 20mm 0,04 0,12 0,32 0,66 0,94 1,03 )>

ILL 158
z
placa Roe 111bruck 30mm 0,08 0,24 0 ,59 0,92 1,08 1,05
O> )>
O> lll 157 placa Roe lllbruck 45mm 0,15 0,70 1,00 0,85 0,91 0,90 G)
ILL 158 fono Roe 30mm, com ptenum de 300mm 0 ,30 0,51 0,66 0 ,93 0 ,99 0,98 o
'8' ILL 159 forro Roe 30mm, com plenum de 800mm 0,46 0,52 1,03 096 1,09 1,00 ()
)>
ILL 160 placa Sonex 20J35 0,04 0,12 0,28 0,44 0,60 0,73 ;o
lll 181 placa S onex 20135, pintada 0,03 0,12 0,21 0,39 0,70 0,67 <
u 182 placa Sonex 35135 0,06 0,20 0,45 0,71 0,95 0,89
)>
r
u 183 placa Sonex 35135. pintada 0,08 0,23 0,48 0,89 0,97 0,90 :r:
ILL 184 placa Sonex 50175
o
0 ,07 0,32 0 ,72 0,68 0,97 1,01
ILL 185 placa Sonex 50175 pintada 0,08 0,33 0,74 1,10 0,99 0,76
ILL 186 placa Sonex 75175 0,13 0 ,53 0,90 1,07 1,07 1,00
ILL 187 placa Sonex 75175, pintada 0 ,15 0,60 1,00 115 1,10 0,87
lll 188 placa Sonex SQ.#125 0,09 032 0,58 0,73 0 ,88 0,95
u 189 placa Sonex SQ.#125, pintllde O 10 0,33 0,60 0,91 090 0,71
lll 170 placa Sonex 751125 0,14 055 0,96 1 06 1,02 1,09
ILL 007 015 0,51 082 084
IU. 0,08 0,10 0.21 055 081
IU. 174 0,09 014 031 091 098
ILL 175 0,11 021 0,48 088 094
11.L 171 010 023 050 098 098 )>
ILL 177 013 034 072 090 0117 (')
C•
u. 178 0,15 045 0,69 094 098 (J)
-i
li 171 0,23 088 098 0117 O 1111

-a,
__,
ILL
ILL
ILL
180
181
112
0,03
004
007
0,15
O 18
0,30
0,21
0,25
0,37
o 11!5
100
100
085
0113
0117
(')
)>

)>
;o
D
llL 183 0,03 0,14 0,28 052 o~ e
'9' 11.L 184 0,05 0,21 045 081 097 -i
ILL 185 0,09 0,31 058 0,84 098 m
-i
li 188 751125 O 11 0,42 0,70 100 1 07 o
IU. 187 4W35 0,07 027 0,74 098 0110 z
ILL 188 40i75 0,12 0,28 048 1.28 1,18 (')
)>
ILL 1• 70/75 0,28 0,48 074 1,28 129
ILL 190 50mm 0,25 028 080 075 078
ILL 1111 90mm 039 0,39 0,78 0.,80 082
u 112 «11125 0,23 0,87 0,50 047 073
ILL 1113 e/ ,-num de 300nm 0,13 0,55 0,54 075 083
ILL d~de300nm 027 080 084 091 102
ILL 20mm O11 0,17 0,32 056 087
ILL 196 placa llltec plana 25mm O 11 0,17 040 0,72 0,76 0,91
ILL 197 placa llltec plana 30mm 0,13 0.20 047 079 0,84 0.91
ILL 198 placa llltec plana 35mm 0,14 0.21 0,61 0,80 0.89 0.92
ILL 199 placa llltec plana 50mm 0.21 0,41 0.84 096 094 1,04
ILL 200 placa llltec P.!rfilada em cunhas 25135 0,11 0,17 0,40 O 72 0,76 0.91
ILL 201 placa llltec perfilada em cunhas 35/125 O 14 0.21 061 o.ao 0,89 092
;o
ILL 202 placa llltec perfilada em cunhas 50/125 0.05 0.31 0,81 1 01 0,99 0,95 m-
placas Baffle llltec Impermeável 50mm. espaçadas 400mm G)
ILL 203 0.31 0.50 0,72 O 91 077 064
entre s1 o
placas Baffle llltec Impermeável 50mm, espaçadas 600mm -o
ILL 204 0.21 0,46 0,70 0.85 0,75 0.59
entre si )>

placas Baffle llltec Impermeável 50 mm. espaçadas z


a,
ILL 205
720mm entre si º· 11 0,42 067 0,75 0.72 0.55
)>
a, G)
ILL 206 forro metálico Squareline 8mm e/ plenum de 350mm 040 0,63 0.43 060 077 0.89
0,30 O 55 0,50 0,50 0,45
o
PLA 207 forro Casoprano Casovoice 8mm, e/ plenum de 300mm 0.60 ()
forro Gyptone Quattro 20, li de vidro 80mm e densidade O 75
)>
PLA 208 055 0,85 085 070 0.75 ;o
16kg/m2 e/ plenum de 300mm
PLA 209 forro G, ptone B19 Quattro 41, e/ plenum de 58mm 0.20 0,35 0.65 0,80 0,65 0.55 <
)>
forro Gyptone B19 Quattro 41, li de Vidro 75mm e ,...
PLA 210 O 51 0.89 0.85 067 061 0,56 :I:
densidade 16 kg/m' e/ l)lenum de 100mm
PLA 211 forro Gyptone Big Quattro 41, e/ plenum de 200mm 0,50 0,70 0.90 0,70 0,60 0.56
o
ROCK 212 painel Thermax PSL-32 50mm O 16 0,52 0.82 092 094 096
ROCK 213 painel Therrnax PSL-32 100mm 085 0,98 1,01 1, 11 1,09 1, 18
ROCK 214 painel Thermax PSE-64 50mm O 16 0,66 1 00 1,05 1 02 1.04
ROCK 215 1)81nel Thermax PSE-64 100mm 0,87 1 23 1, 19 1,15 1,12 1 09
ROCK 216 painel Thermax PSE-80 50mm 0,14 0,68 1 00 1,04 0,96 1 00
ROCK 217 painel Therrnax PSE-80 100mm 0,88 1,23 1.19 1,16 1 12 1,09
218 0,07 0,28 0,65 0,94 0,92

ROCK 219 0,13 0,61 0,98 1,01 1,00 0,98

ROCK 220 PSE-64 100mm, e/ bidim em uma das faces 0,57 1,04 1,18 1,14 117 1,11
ROCK 221 0,08 0,46 0,68 0,66 0,52 0,34
)>
ROCK 222 stic-T M-80 25mm 0,1 1 0,38 0,86 0,80 0,54 0,38 ()

0,08 0,38 0,68 O, 0,52 0,34 C·


ROCK 223 forro Ultriicustic-T M-50 25mm (/)
ROCK 224 feltro FSR-32 50mm 0,16 0,52 0,82 0,94 0,96 -i

ROCK 225 feltro FSR-32 100mm 0,84 0,98 1 10 1,09 1,17 ()

1,05 1,05 )>


~ ROCK 226 0,25 0,47 0,97
)>
ROCK 227 0,17 0,52 0,86 0,91 0,60 0,52
;i:,
C)
ROCK 228 0,16 0,52 0,82 0.92 0,94 0,96 o
<D

ROCK 229 0,31 0,68 0,94 0,85 0,77 e

ROCK 230 0,43 0,83 0,95 0,65 0,73 -i


~
m
ROCK 231 feltro de metas Lamel-Max 96 100mm 0,59 0,87 0,89 0,65 0,65 -i
ROCK 232 o p/ piso Thermax PRP-144 50mm 0,22 0.73 0,80 0,81 0,85 0,80 o
0,98 0,98
z
ROCK 233 0,20 0,64 0,87 1,02
()
EUC 234 0,04 0,06 0 ,18 0,16 0,08 0,04
)>
EUC 235 0,27 0,13 008 0,09 0,09 0,10

EUC 236 0,13 0,20 0,60 0,70 0,76 0,77


Eucatex Acústico A 19mm, e/ câmara de ar 0,48 0,76 0,62 0,6 0,76 0,86
EUC 237

EUC 238 Eucatex Acústico A 19mm. pintado a óleo 0,56

EUC 239 "sticoA 12,7mm 0,19 0,25 0,38 0,5 0,45 0,65

EUC 240 0,13 0,20 0,60 0,70 0,76 0,77


EUC --.t1rnen1o EucatexAcOllloo e 19mm 0,13 078 0,77
EUC Fom:llllítAmlllco C 12 7mm 019 037

......
EUC 244 Fom:llllítAaltlico e 1emm pintado a óleo
EUC 245 Al'lltllln1111tOEucltlxAcmtlcoT,-iino 19mm 017 067 0,53 0,58
EUC 248 191 ••1:11ito EuclllexAcmtlco Travertino 19mm, e/ clmani 0,28 ;o
0,72 0,84 0,82 0,58 0,54
m
EUC 247 ..,..,n:,m EuaaxkúllcoT,-in, 191\'wn, ~ • cal 0,50 G)

EUC 248 IW9lllrnlnfo EuceliuAcmtlco Travertino, o


-r,. 19 mm. plnlado a a.o 0,30
1J
~ EUC 249 fom>Acmtlco Travertino 12,7mm
)>
0,30 0,30 0,25 0.25 018 0,"6 z
..,. EUC 250 ""'""llilillk>ElaliuAcmtlco Ranhurado 19mm 0,10 0,13 0,50 0,67 050 0,◄5 )>
o ' G)
EUC 2:51 IWI lillll'ltlntO EucatexAcmflco Ranhurado 19mm, pintado
adllo 0,30 o-
~ EUC
()
252 Fom:llllítA.ci',atlco Ranhurado 12 7mm 018 0~1 0.23 0.28 0,28 0,◄8 )>
EUC 253 FonalltlcA«llllcoCriitlll 12,7mm 0,21 ;o
0.23 0,23 0,25 0,28 0,◄9
EUC 254
<
Eucatex~ 0,13 0,13 0,12 0,12 0,12 0,37 )>

EUC 255 Eucellu Goldar, Web


,...
0,13 0,13 012 O 12 0,12 0,37 ::i:
EUC 258 FQffllllxAm:ílllco DiamMla 12,7mm 0,21 0.23 0,21 OJB 025 0,37 o
EUC 257 ~Aaltlicoeaa..da 12.7mm 0,25 0,23 0.19 0,21 0,25 0,◄9
EUC 258 Fom:llllítAm:í1110o 6allla 12 7mm 019 0,25 0,21 0,23 0,25 0,◄8
EUC FCfflllalt .,._ 12.7 013 0,13 0,12 0,37
EUC 0,23 0.28 0,28 0,82
EUC 8.12 0,18 0,40·
EUC
0,12
264 0,57
EUC 265 0,12
EUC 288 0,04
EUC 'Z67 0,25
EUC 268 0,28 0,32 0,44 0,57

EUC 289 0,04 0,08 0,12 ()
C•
EUC 270 0,04 0,09 0,13 (/)

EUC 271 0,38 --i

EUC 272 0,25 0,30 0,40 0,57 0,48 ()

EUC 273 0,37 0,43 0,48 0,57 048 ►



EUC 274 TIIIVaCUllic 15mm, e/ cênwa de• de San 0,31 0,21 0,21 O 33 0,36 ;o
EUC 275 Fibraroc Pinpoint 15mm, e/ clmara de• de San 0,30 0,20 0,21 0 ,28 0,30 o
e
EUC 278 • ~ e / ~ e/ alnwa de •de 40cm 0,52 0,82 0 ,56 0,87 0 ,87
--i
EUC 277 '~ "pafuraçlo, e/ cAnwa de •de 40cm 0,60 O 73 0,55 0,35 036 m
cu 278 0,08 0,25 0,50 0,72 0,80 --i
o
CLI 279 0,07 0,28 0,88 0,67 0 ,76 z
cu 280 211mm, • 50mm da penlde 0, 10 O 30 0,87 0,70 0,78 ()

cu 281 211mm, a 75mm da per9de 0, 16 0,45 0,80 0,78 0,79 ►


cu 282 Clinllllle 211mm a 400mm da ~ O,17 O 51 0,48 0,85 0,85
cu 283 C1in1a1f 3!llrm. •100atado na perde 0,08 0,14 0,28 0,60 0,73
cu 284 C I ~ 315mm, a 50mm da per9de 0,08 O,18 0,50 o,ee 0,90
cu 285 Clrnalí 50mrn,.•100atado n a ~ o,14 0,23 0,49 O 86
cu 288 50mm. a 50mm da paa 0,23 0,26 0,85 0,158 0,88
IGOR 2ff1 15mm rwV9llldo e/ tllme preto
;.;..;:_:_:....__ _ _ _~~...:c
º !.C'
3-'-
75c.......J,<-....:c
o<.C865
C:.C...._ ...:c
oc:.,95
.:.._,~~ >--aL-....:o:.,_;
,80
:..::._~ -º"-''-=-='---J
ª
IGOR 288 Luxacustic 12mm revestido e/ filme preto 0255 0485 0945 0945 081 1,00
IGOR 289 Luxacust1c 10mm. revestido e/ filme preto 0.33 0.405 0,805 0.97 0.765 075
IGOR 290 Luxacustic 7mm revestido e/ filme preto O 335 046 077 1.00 0,705 0,75
IGOR 291 Luxacusllc 4mm, revestido e/ filme preto 0.21 0.24 0.545 1,00 0.825 0.955
IGOR 292 manta de Luxacust,c revestida e/ filme preto extin-flame 0.01 O 10 0,30 0,53 0.54 044
Luxacustic proietado sobre superfíae rlg1da esp entre 25 ;o
IGOR 293 0,37 041 061 0.98 1 00 1,00
e31mm m
G)
IPT 294 forro mineral Sonex Fone 0.34 044 056 0,69 077 064
IPT 295 forro mineral Sonex Fone o
"O
KNA 296 forro 012. padrão retilíneo 12/25 R plenum de 100mm O 17 0,21 0,63 0.81 0,46 068
e forro 012. padrão retilíneo 12/25R, e/ fibra de Vidro 80mm
)>
z
KNA 297 0,60 087 052 0.56 0,43 0,51
e/ plenum de 100mm
....
,_,
)>
G)
forro acústico perfurado 012, padrao alternado 8/12/50 R
KNA 298 0.18 0,25 O 70 0,77 0.40 0.60 o
plenum de 100mm
(")
9 KNA 299
forro 012, padrão al1emado 8112150 R, e/ fibra de Vidro
0,62 0,84 0,54 0,54 0,38 042 )>
80mm e/ plenum de 100mm ;o
KNA 300 forro 012. p_adrão aleat6no 8/12/50 R plenum de 100mm 0,19 029 076 064 O 32 057 <
)>
forro 012. padrão aleatório 8112/50 R e/ fibra de Vidro r
KNA 301 0,56 0,83 0,53 0,49 0,33 0,35 I
80mm. e/ plenum de 100mm
KNA forro 012 padrão retilíneo 12/25 a plenum de 100mm
o
302 O 16 020 055 0,83 052 069
forro 012. padrão retíllneo 12/25 a. e/ fibra de Vidro 80mm,
KNA 303 0,60 0,62 0,48 0,54 0,48 0,51
e/ plerJum de 100mm
PER 304 Acustice1 Trorion 100mm 0,20 1 05 1 06 1,06
PER 305 forroAnnalrong Fine Fissured RH90 16mm 0,34 0,54 0,72
PER 306 forro Armstrong Cortega RH70 16mm 0,31 0,51 O 74
HOB 307 forroAnnalrong C1rrus RH9019mm 0,28 0,36 0,49 068 081 0,89
HDB 0,35 0,34 0,55 0,62
HDB 310 0,30 0,31 0,56 0,33
HDB 311 0,32 0,34 0,76 0,84

CON 312 0,185 0,325 0,44 0,46 0,37 )>

ABNT 313 0,33 0,44 0,46 ()



EUC 314 0,15 0,25 0,35 0,38 0,35 cn
--i
EUC 315 020 0,25 0,31 033 0,30
()
EUC 316 0,30 033 0,38 o 039 0,35
~ )>
EUC 317 0,30 0,35 0,42 0,48 0.40 )>
..., CON 318 0,38 0,79 1,07 1 21 1, 12 ;o

"' CON 319 0,20 0,28 0,32 0,41 0,44


D
e
EUC 320 0,24 0,39 043
'Bt --i
EUC 321 0,18 0,20 0,27 036 O 36 m
--i
ABNT 322 ambientes muito grandes, por pessoa 0,13 0,31 045 0,51 0 ,43 o
ABNT 323 pessoa, em fileiras fechadas 0,28 0,40 0,44 z
()
CON 324 0,325 0,38 0,39 )>

CON 325 o em poltronas de estofado grosso 0,19 0,40 0,47 0,51 0,47
CON 326 a, média de 1 pessoa/m2 0,17 0,361 0,47 053 0,46

RHO 327 ia 600glm• 003 0,05 0,12 0,38 0,52


CON 328 tálica 1,6mm sobre tarugarnento a cada 400mm 0,18 0,12 0,10 0,08 0,07
outros 329 0,10 0 ,45 0,45
chapll perfurada Ajax e/ 20mm de li de vidro
PER 331 chapa perfurada Permatal cl 20nvn de li de viclR) 040 0,82 084
EUC 332 IUperfk:ied'égua 0,008 0 ,013 0 ,015 0,02 0,025
PER 333 espuma rlgida de poliuretano 25mm 0,12 0,27 0 ,82 0,22
PER 334 FiberglaN perfwado e/ 11 de vidro 0,03 0,49 0,70
forro plúllco perfwado 20mm, paclrlo aleatlÕriO rJ li de ;o
PER 335
YidtO 50mm edelllidade 40l<ofm"
0,18 0,98 0,50
m
placas l'NIOl!lldoraa (Helmollz) furoe com 0 20mm, em G>
PER 338
c:oncnto
0,12 0,14 0 ,13
o
EUC 337 chapa nMllllllca aoble IUplll'flcle rtglda 0,002 0,002 0,0025 0,003 .:J
)>
e. PER 338 ~ de vidro 195x195x95mm 0,03
z
PER 339 eepeçovazlo 1,00 1,00 1,00 1,00 100 1,00
)>
..."' CON 340 abllorçlodoar 0003 0,007 0,02 G>
o
ABNT 341 NMldmento adel9nte de viclR) 004 0,03 002
(")
~ ABNT 342 NMldmento de vidro, afastado 5cm de pa,9de 0,25 0,20 0,10 0,05 0 ,02 0,02 )>
EUC 343 teladeplojeçlo 0,20 0 ,50 0,40 0,80 ;o
<
Pl&OT 344 grelha de ventilllçlo cl 50% da NÇlo livre 0,15 0,35 040 )>

EUC 345 plúllco 0 ,02 r


I
outros 348 10cm de areia aeca 0,15 0,35 0,40 0,50 0 ,55 0,80 o
15mm de eapuma de poliuretano cobel1a com forro
outros 347 0,02 0 ,08 0,24 0,-48 0 ,72 0,70
plúllcollno
30mm de espuma de polkntano cobel1a com forro 0,95
outros 348 0,13 0,75 0 ,70 1,02 1,00
plállcollno
ABNT 349 feltro libra nabnl ele 5mm renll • ~ 0,09 012 0,18 0,30 0,55 0,59
ACÚSTICA ARQUITETÔNICA

Os coeficientes tabelados representam o percentual de


energia sonora absorvida pelo material naquela condição de aplicação
e naquela freqüência.

Exemplificando: observe que, para um som de 100dB


incidente sobre um material cuja absorção acústica é de 0,3 (30%) a
determinada freqüência, não significa dizer que ele refletirá 70dB, mas
sim o conforme a seguir:

100,00 dB

a= o,3 ou 30%
MATERIAL HIPOTÉTICO

98,45 dB

100dB = 1O log (intensidade relativa X)

X= 10.000.000.000

70% X= 7.000.000.000

reflexão dB = 10 log 7.000.000.000

= 98,45 dB (reflexão sonora)

Alguns fabricantes apresentam entre as características


acústicas de seus produtos, um índice de absorção acústica conhecido
como NRC (Noise Reduction Coeficient), que nada mais é do que a
média aritmética dos coeficientes de absorção acústica de
determinado material às freqüências de 250Hz, 500Hz, 1000Hz e
2000Hz. Esse índice não nos será útil, em face ao nível de critério que
adotamos em nossas intervenções.

_ _ _ _ _ _ _ _ _ _©,_ 75
© 78 »
A C Ú S T IC A A RQUITE TÔ N IC A

5.1. Conceito

Tratar acusticamente um ambiente consiste basicamente


em:
• dar-lhe boas condições de audibilidade, seja através das
absorções acústicas dos revestimentos internos (pisos,
paredes, tetos e outros componentes) e/ou em função da
geometria interna (direcionamento das reflexões
internas);
• bloquear os ruídos externos que porventura possam vir a
perturbar a boa audibilidade do recinto;
• bloquear os possíveis ruídos produzidos no recinto de tal
sorte que não perturbem o entorno.

Não se tratam acusticamente somente recintos fechados,


mas também, na medida do possível, espaços abertos, ao ar livre,
como, por exemplo, conchas acústicas.

Para o exercício do tratamento acústico, faz-se necessário o


conhecimento dos seguintes elementos básicos:
• locação e situação do imóvel;
• plantas e cortes;
• utilização do imóvel;
• níveis de ruídos aceitáveis estabelecidos por norma para
ambientes de utilização análoga;
• nível de ruído do entorno;
• nível de ruído interno do recinto em funcionamento
(função da atividade a que se prestará);
• especificações dos materiais a serem empregados na
sua construção, bem como do mobiliário e demais
componentes.

5.2. Isolamento acústico

Isolar acusticamente um recinto fechado consiste em


bloquear os ruídos externos ao mesmo a patamares compatíveis com
a atividade a ser desenvolvida no seu interior.
RÉGIO PANIAGO CA RVALHO
..
Nesses termos, a recíproca é verdadeira: se for um recinto de
produção de altos níveis de ruído interno, que esses ruídos sejam
bloqueados para o exterior a patamares compatíveis com a Legislação
Local.

Conforme já enfocado anteriormente, decibéis são


grandezas logarítmicas, portanto avaliar o nível de isolamento acústico
de um recinto qualquer implica em conhecer sua transmissividade
média(,) para posteriormente calcular-se a redução de ruído (RR).

Onde:
S1 é a área de utilização do material i
--c1 é a transmissividade do material i

Vejamos um exemplo prático, uma parede de 1Om2


composta conforme o que se segue:

-~---- ----

MATERIAL HIPOTÉTICO 02
ÁREA= 5.0om•

MATERIAL HIPOTÉTICO 01
ÁREA = 5.0om•

• material hipotético 1, IA1=40dB, S 1=5m2 ;


• material hipotético 2, IA2=1 O dB, S2=5m2

--c1 = 1/10w1º, portanto --c,=0,0001 e --c 2=0, 1


--e= r(S1 x --c1) / r S = 0,05005
1

RR = 10 log 10(1/--c) = 13dB

80
ACÚSTICA ARQUITETÔNICA

Observe que superfícies de pequeno índice de isolamento


acústico comprometem substancialmente o isolamento acústico total
da parede.

Na hipótese da parede em questão ser provida de janela


aberta de 0,5m2 :

MATERIAL HIPOTÉTICO 02
VAZIO ÁREA= 4.75m'
ÁREA = o.som•

TERIAL HIPOTÉTICO 01
ÁREA 11 4.75m2

• material hipotético 1, IA,=40dB, S1=4,75m2 ;


• material hipotético 2, 1~=1 0dB, S2=4,75m2 ;
• vão aberto 3, IA3=0, S3=0,5m2 , teremos:

"t 1=0,0001, "t2=0, 1


e "t 3=1

"t= 0,975475
RR = 0,11dB

Isto é suficiente para demonstrarmos que vão abertos, por


menores que sejam, comprometem substancialmente o isolamento
acústico de qualquer parede.

5.3. Absorção acústica

A absorção acústica consiste em atenuarmos os efeitos dos


sons em ambientes, posto que, quando um som atinge uma superfície
lisa e dura, parcela significativa dele é refletida e, em caso contrário,
quando atinge superfície macia, parcela significativa dele é absorvida.
RÉGIO PANIAGO CARVALHO

A absorção acústica total de uma parede consiste no


somatório dos produtos de cada área componente dessa parede (S.)
pelo seu coeficiente de absorção acústica (ai).

Analisemos um exemplo prático de uma parede de 8m2 em


alvenaria de tijolos cerâmicos com reboco liso e uma janela comum de
vidro liso 314mm com 2m2, totalizando 10m2 , tudo à freqüência de
S00Hz:

r JAllikLA
ÁREA·,-2 00m'

PAREDE
ÁREA= s.oom•

• material 1 (parede): a 1=0,02 e S1=8m2 ;


• material 2 Uanela}: nz=0, 18 e S 2=2m2 •

Absorção original A,,= :E(S1 x a,}= 0,52 absorventes.

Admitamos agora o uso de cortina grossa e drapeada


frontalmente à janela (mesma área) e a utilização de lambris de
madeira em 30% da área efetiva de alvenarias rebocadas:

PAREDE CORTINA
ÁREA = s.som• ÁREA= 2.00m'
ACÚSTICA ARQUITETÔNICA

• material 1 (parede): a. 1=0,02 e S,=5,60m2 ;


• material 2 (lambris): a. 2 =0,06 e S2 =2,40m2 ;
• material 3 (cortina): a. 3=0,40 e S3=2m2 •

Absorção corrigida A,= :E(S1 x a. 1) = 1,056 absorventes.

Postas as duas situações podemos afirmar que a atenuação


dos sons/ruídos incidentes na parede corrigida é de 1O x log 10(A,/A.,) =
3,08 dB. ,r,,/_,

O 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20
RELAÇÃO Abs. sonora total após tratamento acústico
Abs. sonora total antes do tratamento acústico

Em termos de redução do nível de percepção auditiva


adotaremos o gráfico seguinte:

O 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20
RELAÇÃO Abs. sonora total após tratamento acústico
Abs. sonora total antes do tratamento acústico
RÉGIO PANIAGO CARVA LHO

Observe ainda que a probabilidade de conseguirmos


redução do nível de percepção auditiva superior a 60% é uma situação,
em princípio, inviável (vide gráfico anterior): o aumento excessivo de
absorção acústica a título de atenuação dos ruídos internos do recinto
implicaria em reduzirmos o tempo de reverberação t, do mesmo a
patamares bastante comprometedores da audibilidade interna.

5.4. Condicionamento acústico ·

Condicionar acusticamente um recinto consiste em darmos a


ele as melhores condições possíveis de audibilidade interna. E isso se
faz segundo duas providências fundamentais:
• corrigir o tempo de reverberação (t,) do recinto com base
nas absorções acústicas internas;
• promover a melhor distribuição possível dos sons
gerados internamente via superfícies refletoras (e/ou
absorventes) de sons, via geometria interna do recinto.

5.5. Tempo de reverberação (tr)

É o intervalo de tempo necessário para que o nível de


intensidade de um determinado som decresça 60d8 após o término da
emissão de sua fonte:

dB

o
-10

-20

.30

-40

.50

25 50 75 100 125 150 175 200 225 250 275 300 325 350 375 mlllssegundo■
ACÚSTICA ARQUITETÔNICA

As experiências de Wallace Sabine (escola americana) com


absorção sonora dentro de salas de aulas o levaram a solidificar a
relação da reverberação do ambiente com a presença de
absorvedores de som. Ele observou que se ouvia melhor com maior
número de alunos na sala ou com almofadas sobre cadeiras e janelas
abertas.

Ao tratar de medir este fenômeno, ele usou a fonte de um


órgão vibrante na freqüência de 500 Hz e o receptor do próprio ouvido
humano dentro da sala de aula. Com o auxílio de um cronômetro,
Sabine media o tempo que o som do tubo do órgão parava de soar até o
som cessar.

Assim ele elaborou o conceito de absorção total. Nela cada


superfície presente na sala era multiplicada por um coeficiente
específico para dar o equivalente em área. Observou-se que em cada
sala ensaiada o tempo de reverberação (teo) era inversamente
proporcional à absorção total (A), por isso A x teo = K, se tornou uma
constante para cada sala.

Para uniformizar uma fórmula referente a este fenômeno,


Sabine relacionou a constante anterior com o seu volume:

Ax teo= KxV

É natural que o produto esteja relacionado com o volume,


pois o ~ cresce em relação linear (numa dimensão) no circuito
percorrido pelo som. Assim, a constante K foi adotada pelo valor de
O, 161 , que fecha a equação usada até hoje de tempo de
reverberação:~= O, 161 x V/ A, onde

A= í.S, X C't ,

Posteriormente estudiosos do assunto consideraram outras


variáveis que vieram a gerar outras equações, dentre as quais
destaca-se a de Eyring, para quando o coeficiente médio de absorção
acústica de um recinto for superior a 0,3:
RÉGIO PANIAGO C AR V ALHO

onde S1 é o somatório de todas as superfícies internas do


recinto e amé o coeficiente médio ponderado de todas as superfícies
componentes do recinto e demais elementos nele contidos (pessoas,
mobília, elementos decorativos, etc.):

Esta equação é mais comumente utilizada para questões de


atenuação de ruído industrial e de ruídos em compartimentos de
máquinas e motores (grupos geradores, por exemplo).

5.6. Tempo ótimo de reverberação {t 0


,)

Há um tempo de reverberação ideal para cada ambiente,


segundo o volume e a finalidade a que o recinto se destina.

Do ponto de vista arquitetônico, controlar essa característica


é extremamente importante sob os seguintes aspectos:
• se o tempo de reverberação for muito longo, haverá
sobreposição de sons, o que acabará dificultando sua
inteligibilidade;
• se ocorrer o contrário, ou seja, o som desaparecer
imediatamente após a sua emissão, sua percepção
tornar-se-á difícil em pontos mais afastados da fonte.

Adota-se internacionalmente o gráfico a seguir (fonte: Bolt


Beranek and Newman) para buscarmos o t,,, (500Hz) para cada
atividade específica, segundo o volume do recinto (recintos fechados):
o
<
i<
o, •
~
(.)

z w
o a:i
1- o::
w w
1- >
w- e
::, 0::: N
~ ,._
o
a: Wc:> <O

<
<
ºº
o-
li)

~
(.) ::li:
1-
(J)
i=
o ,.
.::,
(.)
oo.
< ::li:
w
1-
RÉGIO P ANIAGO CARVALHO

Conhecido o~ (500Hz) conforme o gráfico anterior, pode-se,


através do gráfico seguinte, buscar o fator de correção para outras
freqüências:

O 1,6
M{
itl° 1,5
~ 1,4
o
U 1,3
w
O 1,2
e,:
~ 1,1
~ 1,0

O 125 250 500 1K 2K 4K

FREQÜ~NCIA

Para um t°' verificado no gráfico de 1,50 segundo (500Hz),


teremos:

Freqüência (Hz) 125 250 500 1000 2000 4000


t°'(segundos) 2,205 1,755 1,50 1,50 1,50 1,50

Nos termos da boa norma, o t, de um recinto será


considerado satisfatório quando não ultrapassar o limite de 10% do t°',
para mais ou para menos, em todas as faixas de freqüências
analisadas.

5.7. Geometria interna dos recintos

A geometria interna de um recinto responde, conjuntamente


à adequação do tempo de reverberação do ambiente, pela busca da
melhor audibilidade possível em seu interior: o condicionamento
acústico adequado.
ACÚSTICA ARQUITETÔNICA

Respeitando-se os conceitos anteriores de propagação do


som, seu alcance, sua atenuação em função da distância, os princípios
de reflexão e absorção acústica, ambientes de pequeno e até de médio
porte (500 pessoas) podem perfeitamente prescindir de eletroacústica
(sonorização).

Basicamente as questões de geometria interna de recintos


decorrem do seguinte:
• superfícies muito próximas, vibrantes e paralelas podem
gerar ecos palpitantes (vide 2.16.Eco palpitante);
• distâncias muito grandes entre as paredes podem
propiciar a ocorrência de ecos (vide 2.15.Eco);

/
'' ... ... ~
,
.......... /
/

'' ... ... ... ....


1 /'..._
/
"' ....
. . . ',-1.:.i
... ... ...
{}:-
1/
{} '- ....
.......

... .... (
'
1' ... ...
1 \.........
..... "':1
-;. ..... /
~

'' ... ... ...


1 ..... '
.....
/
/
/ .... ç
- - INCID~NCIA DIRETA
- - - PRIMEIRAS REFLEXÕES
CAMPO REVERBERANTE

a, SOM DIRETO
"C
ftl
"C
'ui
e
a, PRIMEIRAS
.E REFLEXÕES

• REVERBERAÇÃO

Tempo
RÉ G I O P A NI A G O CA R VA LH O

• afastamentos muito grandes entre o palco e as últimas


fileiras da platéia comprometem substancialmente a boa
audibilidade (atenuação dos sons devido à distância, vide
2.20.Atenuação do som devido à distância); neste caso
são preferíveis, por exemplo, auditórios em leque,
aproximando a platéia do palco e proporcionando melhor
visibilidade:

o
u
.J
f
01

02

01 . OPÇÃO INCORRETA
02. OPÇÃO IDEAL
03. BOA ALTERNATIVA
(RETÂNGULO REAL (1 : 1,618)
03

• diferenças de percursos dos sons diretos contra os


refletidos via paredes e tetos, superiores a 17m,
comprometem a boa audibilidade (vide 2.15.Eco e
5.6.Tempoótimode reverberação):

.,,. .... ....


.,, .,,. ..._ E ,,,
A
.,, o "' .... .... J
':::).
{} .,,_"'
____e__
F
H
{}
G e

PLANTA

PLANTA:
A+ B + C • F < 17m
D+ E -F < 17m
G + H +I +J • F < 17m
ACÚSTICA ARQUITETÔNICA

CORTE

CORTE:
M + N • L< 17m
O+ P + Q. L < 17m

• volumes impróprios às destinações dos ambientes


dificultam a correção do tempo de reverberação,
requerendo o uso substancial de materiais absorventes,
elevando dessa forma o preço final do investimento;
deve-se buscar uma relação coerente do volume per
capita em função da destinação do recinto:

Ambiente Vmlnlmo Vbom


Igrejas Católicas 5,1m3 8,5m3 12,0m2
Outras Igrejas 5,1m3 7,2m3 9,1m3
Salas de concertos 6,2m3 7,8m3 10,8m3
Casas de Ópera 4,5m3 5,7m3 7,4m3
Cinemas 2,8m3 3,5m3 5,6m3
Salas de Conferência 2,3m3 3,1m3 4,3m3
Salas de..uso múltiplo 2,8m' 3 m3 6m3
~ l6 >)))
6. ESTUDO DE CASO:
SALA DE AULA

((((e 93 ))1}
ACÚSTICA ARQUITETÔNICA

Sala de aula com as seguintes características:

• 5,00mx8,00mx3,00m(altura);

• 1 porta comum, revestida com laminado de madeira,


0,90m x 2, 10m;

• 02 janelas de alumínio e vidro (fechadas) 3,50m x 1,50m


(3mm);

• 1 quadro negro 4,00 x 1,50m;

• 25 alunos sentados em carteiras de madeira;

• piso em cerâmica;

• paredes 13cm com reboco liso e pintura;

• teto de concreto 10cm com reboco liso e pintura;

• 1 professor.

((2l((2l((2l(Q.(0 -
G G G ((2. G
~n
GGGGG
GGGGG
PLANTA BAIXA
RÉGIO PANIAGO CARVALHO

CORTE
Tratando-se de um ambiente de pequenas proporções, a
análise da sua geometria interna pode ser desconsiderada, já que não
há diferença superior a 17m entre os sons diretos e os refletidos.

Preliminarmente faz-se uma análise das condições


acústicas do recinto, na sua forma original, comparando o seu t, com o
t0 , à freqüência de 500 Hz para posteriormente procedermos às
correções que porventura possam ser necessárias:

Planilha geral de c61culo de tempo de reverberação


Sala de aula - condição original - esquadrias 100% fechadas
Volume: 120m' 500 Hz
Item Identificação Si (m') ai Slxai

01 piso cerâmico 40,00 0,01 0,4000

02 teto concreto / reboco liso 40,00 0,02 0,8000

03 paredes de alvenaria e/ reboco liso 60,06 0,02 1,2012

04 porta comum de madeira 1,89 0,03 0,0567

05 janelas comuns de vidro liso 10,05 0,03 0,3015

06 quadro negro 6,00 0,03 0,1800

07 alunos em carteiras de madeira 25 0,30 7,5000

08 professor em pé 0,44 0,4400

absorção total calculada 10,8794


absorção ideal 44,9302
tempo de reverberação calculado (tr) 1,78
tempo ótimo de reverberação (tor) 0,43
diferença percentual tr/tor 312,98%
volume por ocupante (em m') 4,62

@ 96
ACÚSTICA ARQUITETÔNICA

Sala de aula • condição original - esquadrias 50% fachadas


Volume: 120m3 500Hz
Item identificação Si (m') ai Slxal
01 piso cerâmico 40,00 0,01 0,4000
02 teto concreto / reboco liso 40,00 0,02 0,8000
03 paredes de alvenaria e/ reboco liso 60,06 0,02 1,2012
04 porta comum de madeira 0,03 0,0567
05 50% esquaiffias fecfia as 5,03 0,03 0,1509
06 50% esquadrias abertas 5,02 1,00 5,0200
07 quadro negro 6,00 0,03 0,1800
08 alunos em carteiras de madeira 25 0,30 7,5000
09 professor em pé 0,44 0,4400

absorção total calculada 15,7488


absorção Ideal 44,9302
tempo de reverberação calculado (tr) 1,23
tempo ótimo de reverberação (tor) 0,43
diferença percentual tr/tor 185,29%
volume por ocupante (em m') 4,62

Comentários:

A baixa absorção acústica nesta condição original é a


responsável pelo alto ~ do recinto: 312,98% a maior que o t,,, quando
com as janelas fechadas e 185,29% quando das janelas abertas a
50%.

O fato das janelas abertas demonstra que com o aumento da


absorção acústica interna o t cai. Nestes termos fica evidente que a
sala requer aumento de superfícies absorventes na sua composição.

Outra observação relevante está em aumentarmos a


quantidade de alunos que, além de promovermos aumento benéfico
de absorção acústica interna, estaremos melhor adequando o volume
à taxa de ocupação.

O passo seguinte consiste em analisarmos seu isolamento


acústico na condição original:
RÉGIO PANIAGO C ARVALHO

Pllnllha gend de wrlftcac;lo de l9olamento ac6stlco !Mdlo (50GHz)


Sala de aula - condição original - esquadrias 100% fechadas
Item Identificação SI (m') IAI (dB) ti SI xtl
01 teto de concreto armado 10cm 40,00 45 0,00003162 0,00126491
02 parede de alvenaria 13cm (inclusive reboco) 66,27 43 0 ,00005012 0,00332137
03 poria de madeira compensada 1,68 15 0 ,03162278 0,05312626
04 esquadrias de vidro 3mm 10,05 20 0 ,01000000 º· 10050000

I:Si = 118,00m' I:(Si + ti) = O,15821254


t = 0,00134078
redução de ruido (RR) 28,73 dB
NR máximo aceitável internamente 42,00dB
máximo NR aceito externamente 70,73dB

....... gel'aldewrtflcaçlo de l90lamento acústico m6dlo(500Hz)


Sala de aula - condição original - esquadrias 50% fechadas
Item Identificação SI (m') IAI (dB) ti Slxtl
01 teto de concreto armado 10cm 40,00 45 0,00003162 0,00126491
02 parede de alvenaria 13cm (inclusive reboco) 66,27 43 0,00005012 0,00332137
03 poria de madeira compensada 1,68 15 0,03162278 0,05312626
04 esquadrias de vidro 3mm (50% fechadas) 5,02 20 0,01000000 0,10050000
04 esquadrias de vidro 3mm (50% abertas) 5,03 00 1,00000000 5,03000000

I:Si = 118,00m' I:(Si +ti) = 5,13664763


t = 0,04353091
redução de ruido (RR) 13,61 dB
NR máximo aceitável internamente 42,00 dB
máximo NR aceito externamente 55,61 dB

Os cálculos acima evidenciam que para o caso das janelas


fechadas, o isolamento acústico do recinto é maior e compatível com o
nível de ruído urbano adequado para áreas residenciais em período
diurno (65dB).

Janela aberta é fundamental para a ventilação natural: pois


que sejam dimensionadas conforme a legislação local. Nestes termos
duas coisas contraditórias deverão ser conciliadas:
• se por um lado as janelas abertas comprometem o
isolamento acústico,
ACÚSTICA ARQUITETÔNICA

• por outro lado proporcionam maior absorção acústica,


contribuindo para a atenuação do t,.

Nestes termos projetamos as seguintes alterações:


• elevação da taxa de ocupação de 25 para 36 alunos (item
10 das planilhas seguintes), buscando uma melhor
adequação do volume por ocupante do recinto;
• substituição do piso cerâmico por tapete de borracha
(item 1);
distribuição proporcional, em toda a extensão do teto, de
dois outros revestimentos como forros (itens 2 e 3),
tornando-o mais absorvente uma vez que o recinto, em
função de suas pequenas dimensões, não requer reforço
de reflexões para os fundos;
• substituição do revestimento da parede de fundo (item 5)
por outro absorvente, a título de se evitar reflexões
incômodas de retorno;
• substituição da porta por outra maciça (item 6),
melhorando desta forma o isolamento acústico do recinto;
redução da área de esquadrias (itens 7· e 8) também a
título de melhorar o isolamento acústico.

((:2) g g g «2i ((2)


(C2l ~ «2i g «2i ~
«2J«2J(2i~G~
º1._ÇL(G

PLANTA BAIXA

((e 99 ~
RÉGIO PANIAGO CARVALHO

_i.i_111____,._Ili______li _11...w....-111_lil---w..111_ _

CORTE

Conforme constante das planilhas seguintes (observar cada


situação de uso da sala às freqüências de 125Hz, 500Hz e 2000Hz), os
resultados obtidos atendem à boa técnica (t, sempre dentro da faixa de
10% maior ou menor que o t0 ,):

Planffha geral de cálculo de tempo de reverberaçlo


_ _ __
Sala de aula • condição proposta - esquadrias 100% fechadas
Volume: 120m' 125 Hz
Item Identificação Si(m2 ) ai Six a i
01 piso e/ tapete de borracha 40,00 0,04 1,6000
02 lã de rocha 15mm (350kg/m') - 75% do teto 30,00 0,25 7,5000
03 gesso acart. 9,5mm + lã de rocha - 25% do teto 10,00 0,36 3,6000
04 paredes de alvenaria e reboco liso 50,11 0,02 1,0022
05 gesso acart. 9,5mm + Sem lã de rocha (par. fundos) 15,00 0,36 5,4000
06 porta maciça de madeira 1,89 0,14 0,2646
07 esquadrias de vidro liso 3mm (fechadas) 5,00 0,35 1,750
08 esquadrias de vidro liso 3mm (abertas) 0,00 1,00 0,0000
06 quadro negro 6,00 0,03 0,1800
07 alunos em carteiras de madeira 36 0,20 7,2000
08 professor em pé 0,185 0,1850

absorção total calculada 28,6818


absorção Ideal 29,9535
tempo de reverberação calculado (tr) 0,67
tempo ótimo de reverberação (tor) 0,65
diferença percentual tr/tor 4,43%
volume por ocupante (em m') 3,24

~ 100 )'
ACÚSTICA ARQUITETÔNICA

Planilha geral de cálculo de tampo de n,_,,,.,,_..,rtlet:,..;.;açao;.;-- - - - - - : - 7


Sala de aula • condição proposta - esquadrias 100% fechadas
Volume: 120m' 500Hz
Item Identificação Si (m') ai Slxal
01 piso e/ tapete de borracha 40,00 0,08 3,2000
02 lã de rocha 15mm (350kg/m') - 75% do teto 30,00 0,80 24,0000
03 gesso acart. 9,5mm + lã de rocha - 25% do teto 10,00 0,8000
04 paredes de alvenaria e reboco liso 50,11 1,0022
05 gesso acart. 9,5mm + 5cm lã de rocha (par. fundos) 15,00 1,2000
06
07
porta maciça de madeira
esquadrias de vidro liso 3mm (fechadas)
1,89
5,00
0,06
0,18
º·1134
0,9000
08 esquadrias de vidro liso 3mm (abertas) 0,00 1,00 0,0000
06 quadro negro 6,00 0,03 0,1800
07 alunos em carteiras de madeira 36 0,30 10,8000
08 professor em pé 0,44 0,4400

absorção total calculada 42,6366


absorção Ideal 44,9302
tempo de reverberação calculado (tr) 0,46
tempo ótimo de reverberação (tor) 0,43
diferença percentual tr/tor 5,38%
volume por ocupante (em m') 3,24

Planilha geral de c:61culo de tampo de reverberação


Sala de aula - condição proposta • esquadrias 100% fechadas
Volume: 120m' 2000 Hz
Item Identificação Sl(m') ai Slx al
01 piso e/ tapete de borracha 40,00 0,03 1,2000
02 lã de rocha 15mm (350kg/m') - 75% do teto 30,00 0,80 24,000
03 gesso acart. 9,5mm + lã de rocha - 25% do teto 10,00 0,06 0,6000
04 paredes de alvenaria e reboco liso 50,11 0,03 1,5033
05 gesso acart. 9,5mm + 5cm lã de rocha (par. fundos) 15,00 0,06 0,9000
porta maciça de madeira 1:1!9
07 esquadrias de vidro liso 3mm (fechadas) 5,00 0,07
08 esquadrias de vidro liso 3mm (abertas) 0,00 1,00 0,0000
06 quadro negro 6.00 0,03 0,1800
07 alunos em carteiras de madeira 36 0,36 12,9600
08 professor em pé 0,46 0,4600

absorção total calculada 42,3423


absorção Ideal 44,9302
RÉGIO PANIAGO CARVALHO

tempo de reverberação calculado (tr) 0,46


tempo ótimo de reverberação (tor) 0,43
diferença percentual tr/tor 6,11%
volume por ocupante (em m') 3,24

Planllha ...... de c6lculo cle111fflpo ele


Sala de aula - condição proposta - esquadrias 50% abertas
Volume: 12om• 125 Hz
Item Identificação SI (m') ai Slxal
01 piso e/ tapete de borracha 40,00 0,04 1,6000
02 lã de rocha 15mm (350kg/m') - 75% do teto 30,00 0,25 7,5000
03 gesso acart. 9,5mm + lã de rocha - 25% do teto 10,00 0,36 3,6000
04 paredes de alvenaria e reboco liso 50,11 0,02 1,0022
05 gesso acart. 9,5mm + Sem lã de rocha (par. fundos) 15,00 0,36 5,4000
06 porta maciça de madeira 1,89 0,14 0,2646
07 esquadrias de vidro liso 3mm (fechadas) 2,50 0,35 0,8750
08 esquadrias de vidro I1so 3mm (abertas) 2,50 1,00 2,5000
09 quadro negro 6,00 0,03 0,1800
10 alunos em carteiras de madeira 36 0,20 7,2000
11 professor em pé 1 0,185 0,1850

absorção total calculada 30,3068


absorção ideal 29,9535
tempo de reverberação calculado (tr) 0,84
tempo ótimo de reverberação (tor) 0,65
diferença percentual tr/tor -1,17%
volume por ocupante (em m') 3,24

Sala de aula - condlçlo proposta - esquadrias 50% abertas


Volume: 120m' SOOHz
item identificação SI (m') ai Slxal
01 piso e/ tapete de borracha 40,00 0,08 3,2000
02 lã de rocha 15mm (350kg/m') - 75% do teto 30,00 0,80 24,0000
03 gesso acart. 9,5mm + lã de rocha - 25% do teto 10,00 0,08 0,8000
04 paredes de alvenaria e reboco liso 50,11 0,02 1,0022
05 gesso acart. 9,5mm + Sem lã de rocha (par. fundos) 15,00 0,08 1,2000
06 porta maciça de madeira 1,89 0,06 O, 1134
07 esquadrias de vidro liso 3mm (fechadas) 2,50 0,18 0,4500
08 esquadrias de vidro liso 3mm (abertas) 2,50 1,00 2,5000
09 quadro negro 6,00 0,03 0,1800

0 102 ~
ACÚSTICA ARQUITETÔNICA

10 alunos em carteiras de madeira 36 0,30 10,8000

11 professor em pé 0,44 0,4400

absorção total calculada 44,6856


absorção ideal 44,9302
tempo de reverberação calculado (tr) 0,43
tempo ótimo de reverberação (tor) 0,43
diferença percentual tr/tor 0,55'to
voíume por-ocupante"{em m')

Planilha geral de cálculo de tempo de '9Verberaçlo


Sala de aula • condição proposta • esquadrias 50% abertas
Volume: 120m' 2000 Hz

item identificação Si (m2) o:i SI x o:I

01 piso e/ tapete de borracha 40,00 0,03 1,2000

02 lã de rocha 15mm (350kg/m') • 75% do teto 30,00 0,80 24,0000

03 gesso acart. 9,5mm + lã de rocha • 25% do teto 10,00 0,06 0,6000

paredes de alvenaria e reboco liso 50,11 0,03 1,5033


04
05 gesso acart. 9,5mm + 5cm lã de rocha (par. fundos) 15,00 0,06 0,9000

06 porta maciça de madeira 1,89 0,10 0,1890

07 esquadrias de vidro liso 3mm (fechadas) 2,50 0,07 0,1750

08 esquadrias de vidro liso 3mm (abertas) 2,50 1,00 2,5000

09 quadro negro 6,00 0,03 0,1800

10 alunos em carteiras de madeira 36 0,36 12,9600

11 professor em pé 0,46 0,4600

absorção total calculada 44,6673

absorção ideal 44,9302


tempo de reverberação calculado (tr) 0,43
tempo ótimo de reverberação (tor) 0,43

diferença percentual tr/tor 0,59%

volume por ocupante (em m') 3,24

Planilha geral de cálculo de tempo da reverberllçlo


_ _ _ _ ~~----'
Sala de aula • condição proposta • esquadrias 50% abertas + porta

Volume: 120m' 125 Hz

identificação Si(m2 ) o:i Si x o:i


item
01 piso e/ tapete de borracha 40,00 0,04 1,6000

02 lã de rocha 15mm (350kg/m') • 75% do teto 30,00 0,25 7,5000

03 gesso acart. 9,5mm + lã de rocha • 25% do teto 10,00 0,36 3,6000

04 paredes de alvenaria e reboco liso 50,11 0,02 1,0022

103
RÉGIO PANIAGO CARVALHO

05 gesso acart. 9,5mm .. 5cm lã de rocha (par. fundos) 15,00 0,36 5,4000
06 porta maciça de madeira 1,89 1,00 1,8900
07 esquadrias de vidro liso 3mm (fechadas) 2,50 0,35 0,8750
08 esquadrias de vidro liso 3mm (abertas) 2,50 1,00 2,5000
09 quadro negro 6,00 0,03 0,1800
10 alunos em carteiras de madeira 36 0,20 7,2000
11 professor em pé 0,185 0,1850

absorção total calculada 31,9322


absorção Ideal 29,9535
tempo de reverberação calculado (tr) 0,61
tempo ótimo de reverberação (tor) 0,65
diferença percentual trltor -6,20%
volume por ocupante (em m') 3,24

_ _ _ _ _ _ _~
Planilha geral de cilculo de tempo de raverberaçlo
Sala de aula • condição proposta • esquadrias 50% abertas + porta
Volume 120m' 500Hz
Item Identificação SI (m') ai Slxal
01 piso e/ tapete de borracha 40,00 0,08 3,2000
02 lã de rocha 15mm (350kgim') • 75% do teto 30,00 0,80 24,0000
03 gesso acart. 9,5mm + lã de rocha• 25% do teto 10,00 0,08 0,8000
04 paredes de alvenaria e reboco liso 50,11 0,02 1,0022
05 gesso acart. 9,5mm + 5cm lã de rocha (par. fundos) 15,00 0,08 1,2000
06 porta maciça de madeira 1,89 1,00 1,8900
07 esquadrias de vidro liso 3mm (fechadas) 2,50 0,18 0,4500
08 esquadrias de vidro liso 3mm (abertas) 2,50 1,00 2,5000
09 quadro negro 6,00 0,03 0,1800
10 alunos em carteiras de madeira 36 0,30 10,8000
11 professor em pé 0,44 0,4400

absorção total calculada 46,4622


absorção Ideal 44,9302
tempo de reverberação calculado (Ir) 0,42
tempo ótimo de reverberação (tor) 0,43
diferença percentual tr/tor -3,30%
volume por ocupante (em m') 3.24

Planilha geral de cilculo de tempo de reverberaçlo


Sala de aula • condição proposta - esquadrias 50% abertas + porta
Volume: 120m' _______ 2000 Hz
ACÚSTICA ARQUITETÔNICA

Item Identificação SI (m') ai Slxal


01 piso e/ tapete de borracha 40,00 0,03 1,2000
02 lã de rocha 15mm (350kg/m') - 75% do teto 30,00 0,80 24,0000
03 gesso acart. 9,5mm + lã de rocha - 25% do teto 10,00 0,06 0,6000
04 paredes de alvenaria e reboco liso 50,11 0,03 1,5033
05 gesso acart. 9,5mm + 5cm lã de rocha (par. fundos) 15,00 0,06 0,9000
06 porta maciça de madeira 1,89 1,00 1 8900
07 esquadnas de vidro liso 3mm (fechadas) 0,07 0,1750
08 eSqõadrias--de viôro liso 3mm ('e ,00 2,5000
09 quadro negro 6,00 0,03 0,1800
10 alunos em carteiras de madeira 36 0,36 12,96000
11 professor em pé 0,46 0,4600

absorção total calculada 46,3683


absorção Ideal 44,9302
tempo de reverberação calculado (tr) 0,42
tempo ótimo de reverberação (tor) 0,43
diferença percentual tr/tor -3,10%
volume por ocupante (em m') 3,24

Nos termos das planilhas anteriores, fica evidenciado que as


providências foram benéficas a título da correção das absorções
acústicas internas e, por conseguinte, do tempo de reverberação do
recinto para as três simulações de uso.

Outras simulações podem ser feitas, considerando a falta de


10% ou pouco mais dos alunos, por exemplo, onde ainda assim,
considerando as três situações de uso, o~ do recinto estará dentro da
faixa de aproximadamente 10% do t,,..

Da mesma forma que na análise da condição original,


passamos a analisar agora o isolamento acústico para a condição
proposta, segundo duas simulações:

Sala de aula - condição original - esquadrias 100% fechadas


item Identificação SI (m') IAI (dB) 'ti Slx'tl
01 teto de concreto armado 10cm 40,00 45 0,00003162 0,00126491
02 parede de alvenaria 13cm (inclusive reboco) 71,32 43 0,00005012 0,00357447
03 porta de madeira maciça 50mm 1,68 25 0,00316223 0.00531263
04 esquadrias de vidro 3mm 5,00 20 0,01000000 0,05000000

© 105 ~
RÉGIO PANIAGO CARVALHO

I:Si = 118,00m' I:(Si +'ti)= 0,06015200


't = 0,00050976
redução de ruído (RR) 32,93dB
atenuação adicional por absorção acústica 5,93dB
redução total de ruído 38,86dB
NR máximo aceitável internamente 42,00 dB
máximo NR aceito externamente 80,86 dB

Planilha geral de verltlc:açlo de Isolamento IIC6atlco m6dlo <~SOOHz


_~> - --~
Sala de aula - condíção original • esquadrias 50% abertas
Item Identificação Si (m') IAl(dB) 'ti Slx'tl
01 teto de concreto armado 10cm 40,00 45 0,00003162 0,00126491
02 parede de alvenaria 13cm (inclusive reboco) 66,27 43 0,00005012 0,00332137
03 porta de madeira maciça 50mm 1,68 15 0,03162278 0,05312626
04 esquadrias de vidro 3mm (50% fechadas) 2,50 20 0,01000000 0,10050000
05 esquadrias de vidro 3mm (50% abertas) 2,50 00 1,00000000 5,03000000

I:Si = 118,00m' I:(Si +'ti)= 2,53515200


't = 0,02148434
redução de ruído (RR) 16,68 dB
atenuação adicional por absorção acústica 4,53 dB
redução total de ruído 21,21 dB
NR máximo aceitável internamente 42,00 dB
máximo NR aceito externamente 63,21 dB

Observa-se que, para a sala totalmente fechada, a solução


adotada é consistente.

No entanto, para seu uso com janelas abertas, deveremos


contar com uma ou mais das situações seguintes, que deverão ser
conciliadas por ocasião da elaboração do projeto arquitetônico:
• o maior afastamento possível das zonas de ruído externo
posto que, em função da distância relativa, haverá perda
de potência sonora;
• procurar voltar as janelas para a zona de menor ruído
externo;
• promover barreiras acústicas apropriadas, inclusive as
naturais possíveis como topografia, vegetação, etc.

« 106 ~
7. QUESTÕES DE
ACÚSTICA ARQUITETÔNICA

@ 107 ~
((( 108 ~
ACÚ S TI C A ARQUITET Ô NI C A

7 .1. Esquadrias acústicas

Tratam-se de esquadrias com capacidade de isolamento


acústico superior ao das esquadrias convencionais.
Nas esquadrias de vidro, por exemplo, o acréscimo de
massa dos vidros (duplos, triplos, etc.) e os afastamentos relativos
entre os mesmos são fatores determinantes do isolamento do sistema,
mas não somente isso:

0111 - - - - - - ~

VIDRO DUPLO C/
CÃMARA0EAR

VIDRO DUPLO C/
FILME FLEXIVEL

VIDRO DUPLO C/ LEGENDA


FILME FLEXIVEL +
CAMARA DE AR + VIDRO 01 - BAGUETE DE ALUMINIO
02 - VIDRO 3mm
03 - GUARNIÇÃO OE EPDM
04 - PARAFUSO
05 • PERFIL DE CHAPA DOBRADA
06 - DOBRADIÇA EM AÇO USINADO
07 - ESPUMA DEPOLIURETANO EXPANDIDO
08 - GUARNIÇÃO OE BORRACHA
09 - VIDRO 4mm
2 CAMARAS DE VIDRO
DUPLO C/ FILME FLEXIVEL
+ CAMARA DE AR
• as conexões dos vidros com as esquadrias, utilizando
borracha ou equivalente, evitando a transferência de
vibrações;
• a forma de fechamento das esquadrias;
• a hipótese de criação de vácuo entre cada duas
lâminas de vidro; e
• o preenchimento dos vazios no caso de perfis ocos.

((< 109 ~
RÉGIO PANIAGO CARVALHO

Geralmente as esquadrias de abertura em giro promovem


melhor isolamento acústico que as corrediças, uma vez que estas,
para funcionarem, requerem pequenas folgas, que se constituem em
aberturas suficientes para o comprometimento do isolamento acústico
do conjunto (vide 5.2. Isolamento acústico).

Nos casos de portas de madeira, por exemplo, além das


conexões das mesmas com o portal, também a boa performance do
isolamento se condiciona à utilização de travas retráteis em suas
bases ou à criação de algum artifício de vedação junto ao piso, como,
por exemplo, a adoção de pequenos degraus e/ou pequenos chanfros
devidamente vedados nas regiões da soleira. Esta segunda
alternativa, em geral, confere melhores resultados de conjunto, uma
vez que o fechamento pode ser regulado para exercer maior pressão.

LEGENDA

01 • ALVENARIA EM TIJOLO MACIÇO


02 • ALIZARES DE MADEIRA
03 • PORTAL DE MADEIRA MACIÇA
04>---......, 04 • REVESTIMENTO DO BATENTE EM BORRACHA MACIA
05. PAINEL WALL MADEIRIT esp. 35mm
06 • ACABAMENTO EM LAMINADO MELANIMICO
07 • REQUADRO DA FOLHA DA PORTA EM MADEIRA MACIÇA
08 • MACARRÃO DE NEOPRENE

CORTE
A C ÚST I CA ARQUITET Ô NI C A

7.2. Barreiras acústicas

São anteparos posicionados entre a fonte produtora do ruído


e a recepção.

As barreira~ act'1stir.a~ i::/.\o comumente utilizadas em


escritórios, ao longo de auto-estradas, em cabeceiras de pistas de
decolagem de aviões à jato, em vários tipos de atenuadores de ruído,
etc.

Exemplos comuns:

Evidentemente que a massa da barreira deve ser


considerada de acordo com a necessidade de isolamento, sob pena de
constituir-se somente em um anteparo delimitador de espaços.

Aplica, para seu dimensionamento, o princípio da difração do


som, abordado em 2.9.Difração do som.

Para os casos mais corriqueiros de acústica arquitetônica, a


quantificação dessas atenuações pode ser avaliada, conforme
desenhos e gráfico seguintes:

@ 111 D
RÉGIO PANIAGO CARVA LH O

Variação de difração sobre uma


barreira a diferentes freqüências

Diferença de percursos
d=A+B-C

200
100
25
50
m 20 20 Ê
~
g
....
e 15
10
5
..
.!!-
ü
e
E
10
.,
:!!
õ 'ô
.!!
05

dB
o 125 500 1K 2K 4K
Freqüência (Hz)

7.3. Atenuadores de ruído

Equipamentos largamente utilizados quando da


necessidade de conciliação do isolamento acústico de um recinto com
sua ventilação natural.

Os mais freqüentemente utilizados, e de construção


relativamente fácil, são os do tipo passivos:

a) Os de seqüência de barreiras acústicas, para quando a


velocidade de fluxo do ar não constituir qualquer problema para o caso:
ACÚSTICA ARQU I TETÔNICA

Seu dimensionamento se faz com base no conceito de


barreiras acústicas.

b) Os de passagem, para quando velocidade/ fluxo de ar é de


vital importância.

Seu princípio básico de funcionamento está na alta


capacidade de absorção acústica das superfícies expostas de suas
células:

@ 113
RÉGIO PANIAGO CAR V ALHO

c) Atenuadores mistos, adotando simultaneamente os dois


conceitos anteriormente descritos:

Há ainda os atenuadores de ruído do tipo ativos, importados,


cujo princípio básico consiste na identificação eletrônica do ruído
incômodo para emissão imediata de ondas sonoras de mesma
freqüência e mesma intensidade, na mesma direção, só que em
sentido contrário, anulando assim o efeito do primeiro.

7.4. Ruídos em poços de ventilação de


edifícios

Os poços de ventilação (geralmente utilizados para ventilar


banheiros) constituem-se em solução arquitetônica procedente para
seu fim, porém requerem cuidados com as desagradáveis
transmissões recíprocas de ruídos entre unidades autônomas, que
devem ser observadas e combatidas, sob pena de geração de
desconforto ambiental grave.

Se por um lado as aberturas se fazem necessárias para a


promoção da ventilação adequada, por outro lado se constituem em
fontes e/ou receptoras de ruídos, uma vez que a propagação do som
se dá em todas as direções, conforme a ilustração seguinte:
ACÚSTICA ARQUITETÔNICA

POÇO DE VENTILAÇÃO • CORTE

Em função das diferenças de percurso de propagação do


som, o desconforto aumenta na medida em que se ouve um mesmo
som em dois ou mais tempos diferentes: via direta e via reflexões
múltiplas no interior dessas caixas acústicas.

Esta questão clássica de compatibilização de ventilação


natural com bloqueio de ruídos aéreos, em volumes que evidenciam
tubos, é de solução delicada, devendo ser bem aplicados dois
conceitos básicos combinados para atenuações dos ruídos a
patamares aceitáveis: a absorção acústica e a adoção de barreiras
acústicas.

A absorção acústica procede em função da atenuação


parcial da energia sonora incidente nas paredes. Deve-se atentar para
o fato de que os índices de absorção acústica dos revestimentos a
serem adotados dizem respeito à energia sonora e não a decibéis (item
4.6.Materiais e sistemas absorventes acústicos).

As barreiras acústicas funcionam com base na difração do


som (item 7.2.Atenuadores de ruídos). Como o caso em questão diz
respeito a ruídos aéreos, deve-se atentar para as médias e altas
freqüências (a partir de 500Hz).

~ 115 >))
RÉGIO PANIAGO CARVALHO

A combinação correta desses dois conceitos promoverá a


atenuação de ruídos a patamares satisfatórios conforme cada caso
específico:

FONTE
DE RUIDO

POÇO DE VENTILAÇÃO • CORTE


LEGENDA

01 • BARREIRA ACÚSTICA
02 · ESQUADRIA EXISTENTE
03 · REVESTIMENTO ABSORVENTE ACÚSTICO

Ainda se tem a opção de adoção de atenuadores individuais


de ruídos junto às esquadrias - do tipo mistos, conforme visto em
7.3.Atenuadores de ruído (Item c) - mais comumente utilizados em
intervenções isoladas, sem qualquer prejuízo da ventilação:

7.5. Ruído de impacto em lajes de pisos

Inegavelmente a melhor forma de se absorver qualquer


impacto em lajes de pisos é a adoção de materiais macios em seus
acabamentos (tapetes, pisos emborrachados, etc.). No entanto, nem
sempre isso é possível em todos os ambientes, tais como cozinhas,
banheiros, etc.

« 116 ~
ACÚSTICA ARQUITETÔNICA

Impactos quaisquer em quaisquer superfícies rígidas


produzem vibrações que geram ruídos perceptíveis ao ouvido humano
a partir da freqüência de 20Hz (baixa freqüência). Nosso objeto de
análise é então a atenuação de tais efeitos.

O processo vibratório de uma laje de concreto armado


promove transferência de vibrações para os apoios. Esses apoios,
uma vez conectados às paredes do pavimento imediatamente inferior,
induzem-nas a vibrarem, tornando-as fontes secundárias de ruídos
(vide 3.4.Ruído de impacto).

Nesses termos, a adoção de forro no pavimento inferior em


muito pouco ou quase nada contribui para a atenuação de tais ruídos.
Pior ainda: conforme o afastamento desse forro em relação à laje, o
sistema pode constituir-se em instrumento de ressonância (tambor),
cuja função é a de realçar ruídos.

v_ ··tc
LAJE NERVURADA

FORRO DE GESSO

Esta é uma questão bastante delicada, posto que os ruídos


de baixa freqüência são os mais difíceis de serem isolados em função
de seu comprimento de onda. Entretanto, é comum depararmo-nos
com falsas promessas de que, o simples fato de introduzir-se um "forro
acústico" no interior do ambiente de recepção, produzirá efeitos
milagrosos de redução do nível de percepção auditiva da ordem de
60%- promessas infundadas e sem consistência técnica.

O ruído de impacto normalizado para testes é de 80dB


(Normas Internacionais). No entanto, apenas em casos esporádicos

« 117 ~
RÉGIO PANIAGO CARVALHO

(quedas de objetos pesados, por exemplo) esse patamar é alcançado.


Pequenos impactos evidenciam produção de ruídos da ordem de
60dB (toe-toe do sapato, por exemplo) em pisos rígidos.

E considerando-se que o valor máximo de NR para um


quarto de dormir (ABNT) é de 45dB, deve-se buscar uma atenuação
mínima da ordem de 15dB para os casos: 60dB-15dB = 45dB.

Diante do anteriormente exposto, avalia-se, conclui-se e


sugere-se:

1. Na medida em que se aumenta o vão entre os apoios de


uma laje e mantém-se sua espessura, diminui-se a sua rigidez,
tornando-a mais susceptível a vibrar sob pequenos impactos (e a
transmitir).

2. Admitindo-se a relação espessura/ vão= 0,05 para laje de


piso de um pequeno quarto de dormir (L = 240cm), constata-se uma
densidade superficial (óS) para o sistema conforme o que se segue:

ôS(concreto)= 0,05 x 2,40m x 2.500Kg/m3 = 300Kg/m2


óS(contrapiso)= 0,03m x 1.700Kg/m3 = 51 Kg/m 2
óS(sistema)= 351 Kg/m 2

3. Nos termos da Lei de Massa, o isolamento acústico desse


sistema à freqüência de 20Hz será de 19 x log (óS) - 28,5 = 19,86dB,
compatível, portanto, com os casos mais corriqueiros de uso da laje em
questão.

4. Outra providência de alta performance para o caso


consiste em utilizar uma conexão indireta entre lajes de pisos e vigas
de apoios, bem como paredes contra sistema vigas/pilares, sempre
adotando sistemas flexíveis de conexão.

5. No desinteresse da adoção do acima exposto e possível


interesse do uso de lajes nervuradas de qualquer natureza (pequenos
capeamentos de concreto: as nervuras só têm função estrutural),
torna-se imperativo a utilização de pisos flutuantes (sobre bases
elásticas):
ACÚSTICA ARQUITETÔNICA

---@)

.-------< O LEGENDA

01 -PAREDE
<1 02 - RODAPI':.
03 - CONTRAPISO
0,4 - BASE ELÁSTICA
4 05 - LAJE DE CONCRETO
06 - VIGA DE CONCRETO
,ql - - ' - ' - - + - - - - - ;

4 ~ - - - - - - - - < 05

........,-- - - - - - -@

06. Lã de rocha de alta densidade, lã de vidro de alta


densidade, bidim, borracha, poliestireno extrudado e polietileno
expandido dentre outros, podem constituir-se em boas bases
elásticas.

Base elásticas segundo testes laboratoriais:

Lã de rocha 144 kglm• 15mm 4cm*


...,.....
18 dB(A)
Lã de rocha 144 kglm• 20mm 4cm• 20 dB(A)
Lã de vidro 80 kg/m' 15mm 7cm 17 dB(A)
Composição mantas
1,5mm 8cm 16 dB(A)
EPDM e rocha basaltica
• Contrapiso em argamassa estruturada

07. Na hipótese de utilização de forro (geralmente de gesso


acartonado) sob a laje, gerando acabamento e escondendo as
possíveis instalações elétricas e/ou hidráulicas, é de importância..vital
que o mesmo esteja desconectado das paredes e deve-se
providenciar uma substancial absorção acústica sobre o mesmo,
condizente com o processo vibratório do conjunto, sob pena do
sistema se tornar uma caixa de ressonância, realçando ruídos.

© 119 ~
RÉGIO PAN I AGO CARVALHO

08. Para o exposto no item anterior, qualquer material ou


sistema absorvente acústico às baixas freqüências cabe, desde que
adequadamente dimensionado. Não são aconselháveis, no caso, as
espumas absorventes, posto que as mesmas são, em geral,
excelentes absorvedoras às médias e principalmente às altas
freqüências, e a questão é de ruídos de baixa freqüência.

7 .6. Ruído de impacto em coberturas metálicas

Conforme vimos anteriormente, a melhor forma de se


atenuar o ruído produzido por um impacto é, seguramente, absorver
esse impacto na fonte.

Nestes termos temos que admitir que a aplicação de


qualquer material elástico sobre a cobertura é a opção mais apropriada
(mantas elásticas, espuma de poliuretano, etc.).

No entanto, deveremos, caso a caso, considerar os


seguintes aspectos:

• o fato de o material elástico absorver parcialmente o


impacto não impede o processo vibratório de uma telha
metálica , por exemplo (de pequena massa). O
processo vibratório dessa telha gerará , em
conseqüência, excitação de outras partes da estrutura
que poderão ocasionar fontes secundárias de ruído.
Nestes termos, o bom senso recomenda apoios
elásticos para as telhas, desconectando-as da
estrutura de sustentação;
• ao se considerar as possíveis oscilações de umidade e
temperatura, não se pode desconsiderar a possibilidade
de que qualquer tratamento superficial exposto desta
cobertura possa vir a ser comprometido em curto prazo
por descolagem, salvo os casos que sejam providos de
manutenção periódica. Cabe aqui uma análise criteriosa
da relação custo/benefício ao longo dos anos.

« 120 ~
ACÚSTICA ARQUITETÔNICA

Outras alternativas de boas performances são:

• aplicação, sob as telhas, de materiais absorventes


acústicos, de espessuras e densidades compatíveis com
cada caso, não esquecendo dos apoios elásticos das
mesmas;
• telhas metálicas do tipo "sanduíche". dupla face com
preenchimento de poliuretano expandido ou similares
(isolamento acústico conforme laudos técnicos
fornecidos pelos fabricantes);
• execução de forros de massa compatível com a
necessidade de isolamento contra a capacidade de carga
da estrutura.

7. 7. Divisórias acústicas

Atribuir a uma divisória qualquer o adjetivo "acústica" não


deixa de ser uma redundância uma vez que, conforme visto em 4.1.
Conceito, tudo na natureza possui propriedades acústicas.

Entretanto, em nível comercial, são entendidas como


"divisórias acústicas" aquelas às quais são atribuídas propriedades
relevantes de absorção e/ou isolamento acústico (vide capítulo 4 ).

Conferir boa capacidade de isolamento acústico a uma


divisória requer basicamente:
• aumento de massa, seja utilizando madeira ou placas de
gesso, por exemplo;
• inserção de material absorvente acústico em seu interior,
conferindo ao conjunto isolamento acústico adicional pelo
princípio massa/mola/massa (vide 4.5.0 efeito
massa/mola/massa);
• aumento de massa dos montantes e/ou introdução de
recheio denso (evitar os vazios);
• cuidar das conexões piso/divisória; divisória/teto,
preferencialmente com a adoção de elementos flexíveis,
evitando a possibilidade de quaisquer frestas.
RÉGIO PANIAGO CARVALHO

Exemplos à freqüência de 500Hz:


ISOLAMENTO DE ISOLAMENTO DE ISOLAMENTO DE
APROXIMADAMENTE 28dB APROXIMADAMENTE 32dB APROXIMADAMENTE 35dB

J J J
r r r

01 02 01 ~ 03 01 l'Õi 04 01

J J J
r r r
LEGENDA

01 - GESSO ACARTONADO 12,5mm


02 - ESPAÇO VAZIO 25mm
03 - LÃ MINERAL DE BAIXA DENSIDADE 25mm
04 - LÃ MINERAL DE Mi!:DIA DENSIDADE 25mm

ISOLAMENTO DE ISOLAMENTO DE
APROXIMADAMENTE 40dB APROXIMADAMENTE 38dB

'r
01 01 02 01 :-m O 02 01 02 01

J
r
LEGENDA

01 - GESSO ACARTONADO 12,5mm


02 - LÃ MINERAL DE Mi!:DIA DENSIDADE 25mm

Conferir absorção acústica adequada para uma divisória


requer uma análise consistente do condicionamento acústico do
ambiente, para que se possam definir seus acabamentos.

« 122 ~
ACÚSTICA ARQUITETÔNICA

É perfeitamente compreensível que os aspectos plásticos de


uma instalação qualquer são relevantes, porém não determinantes.
Não bastam somente os excelentes aspectos plásticos das
divisórias disponíveis no mercado, mas fundamentalmente a
consistência técnica das questões prometidas (e às vezes não
cumpridas) de isolamento acústico, absorção acústica, isolamento
térmico e resistência à combustão. associadas aos remanejamentos,
substituição de partes, estrutura portante, resistência ao impacto, etc.

7.8. Ruído aéreo de motores

Enclausurar. Esta é a primeira providência a se tomar para


conter os altos níveis de ruídos aéreos produzidos por quaisquer
máquinas e motores.

No entanto não se pode esquecer que tais equipamentos


requerem ventilação para funcionamento, sob o risco de atingirem
altas temperaturas e desarmarem automaticamente.

Providências, passo a passo:


01. aferir o nível de ruído produzido pela máquina em
funcionamento pleno;
RÉGIO PANIAGO CARVALHO

02. aferir o ruído de fundo do entorno;

03. estabelecer o invólucro, dimensionando adequadamente


as aberturas de tomada e saída de ar (ventilação natural), porta de
acesso ao recinto e área do radiador(seforo caso);

04. dimensionar os atenuadores de ruídos, caso a caso;

05. corrigir o tempo de reverberação do recinto: aplicação de


materiais absorventes acústicos;

06. verificar a atenuação de ruídos por absorção acústica;

07. promover o isolamento acústico necessário.

LEGENDA

01 -ATENUADOR DE RUIDO DE PASSAGEM P/ SAIDA DE AR


02 - DUTO DE FUMAÇA
03 • PORTA DE ACESSO
04 • ESCAPAMENTO DA CÃMARA DE FUMAÇA
05 -ATENUADOR DE RUIDO DE PASSAGEM P/ VENTILAÇÃO DO GRUPO GERADOR
06 • CÃMARA DE FUMAÇA
07 • ATENUADOR DE RUIDO DE PASSAGEM P/ ENTRADA DE AR

~ 124
ACÚSTICA ARQUITETÔNICA

O exemplo anterior corresponde à reforma do


enclausuramento de um grupo gerador de energia, conforme projeto
elaborado pela Arch-Tec.

Em funcionamento pleno, o equipamento produz 125dB (A)


de ruído.
O seu enclausuramento original, além de não ser suficientP
para bloqueio do ruído produzido, ainda era precário quanto à
ventilação: o gerador desarmava-se após 20 minutos de
funcionamento, ao atingir temperatura de 135°C.

Após as intervenções, todas embasadas nos conceitos


constantes deste manual, registramos os seguintes resultados:
• NR externo: 58dB (A);
• temperatura interna: 30°C;
• tempo de funcionamento ininterrupto: testadas 72 horas.

7.9. Vibrações de Máquinas e Motores


O convívio às vezes inevitável com motores quaisquer
requer combate às vibrações decorrentes de seu funcionamento, que
podem afetar estruturas portantes de edifícios, e/ou interferir no
funcionamento de algum outro equipamento nas proximidades, e/ou
afetar pessoas a essas vibrações submetidas, e/ou afetar uma
impermeabilização nas proximidades, etc.
Entendemos como procedente a seguinte ordem de
procedimentos:
1. Considerado o motor 100% equilibrado por ocasião de
seu funcionamento, a primeira grande providência consiste em instalá-
lo sobre um sistema absorvedor de suas vibrações, conforme croqui a
seguir:

LAJE FLUTUANTE VIGAS METÁLICAS


SOBRE BASE ELÁSTICA SOBRE AMORTECEDORES

~ 125
RÉG I O PANIAGO CARVALHO

2.Verificação da transmissividade t :
t = a transmissividade das vibrações é o percentual de
energia sonora que participa do sistema como resíduo perturbador. Se
't> 1 significa dizer que a força transmitida é maior que a força de
excitação e a questão é crítica, requerendo procedimentos corretivos.
Se 't < 1 significa dizer o inverso e o sistema estará equilibrado, desde
112
que f. (freqüência de excitação do equipamento - Hz) > 2 x f0
(freqüência natural de oscilação do sistema - Hz).

Equações básicas:

t=[(f. lfJ -1]'1


f. = nº R.P.M / 60 segundos
f0 = (2TT)°1 X(K/m)112
K (rigidez do sistema - MKS) = (m x g) / cr
m = massa do sistema (motor+ base de apoio+ etc.)
g = aceleração da gravidade no local
cr = deformação estática do sistema após o carregamento

Calculado a 't, a diferença é o percentual de redução de


energia sonora vibracional:

R.E.S = 100 x (1- 't )%

« 126 ~
8. TIPOLOGIAS
ESPECÍFICAS
(« 128 ~
ACÚSTICA ARQUITET Ô NICA

8.1. Ambientes de escritórios

Esses tipos de ambientes podem ser classificados


basicamente em:
a) escritórios convencionais compartimentados, adotando-
se divisórias do piso ao teto;
b) grandes escritórios abertos, utilizando-se do conceito de
landscape offices, adotando-se divisórias de média altura;

c) escritórios mistos, congregando os dois casos anteriores


simultaneamente.

Para o primeiro caso, escritórios compartimentados com


divisórias até o teto, a questão é de solução relativamente simples,
fundamentalmente porque, em função da pequena taxa de ocupação,
praticamente tudo é previsível em termos operacionais de geração de
ruídos: computador, telefone, fala, etc.

Cabem para esses casos duas providências de acústica


arquitetônica já comentadas anteriormente:
• promoção do isolamento acústico adequado aos níveis
de ruídos produzidos interna e/ou externamente ao
ambiente;
• correção do tempo de reverberação do recinto, gerando
atenuação dos ruídos produzidos internamente.

Vale sempre ressaltar que, considerando-se ambientes


confinados, a ventilação natural e,ou arl1 fic1é:ti deverá ::.1::1 1.,u11l~mplada
em perfeita harmonia com as questões de acústica arquitetônica.

Especial atenção deve ser dada às possíveis transmissões


de ruído entre salas contíguas através de dutos de ar condicionado,
bem como ao processo vibratório dos referidos dutos ao passarem
pelas divisórias, gerando vibrações que, na seqüência, se convertem
em ruídos de baixa freqüência.

~ 129
RÉGIO PANIAGO CARVALHO

Já para os casos dos grandes escritórios abertos, a questão


atinge maior complexidade:
• a convivência de pessoas de comportamentos distintos,
geradoras de maior ou menor intensidade de ruído e/ou
sons até mesmo pela fala;
• a questão da necessidade ou não de privacidade visual,
podendo-se descartar de partida as divisórias
envidraçadas;
• as questões de funcionamento simultâneo de
equipamentos geradores de ruídos (computadores,
telefones, etc.);
• a questão do trânsito mais substancial de pessoas pelas
circulações comuns, provocando o ruído de impacto
sobre os pisos elevados;
• a questão crucial de ventilação via condicionamento
de a~ uma vez que boa parte das pessoas não
conseguem ou não podem conviver com esse tipo de
ventilação.

Dimensionar adequadamente esses ambientes requer


conciliação do volume interno em função da taxa de ocupação, tanto
em função da tecnologia a ser adotada para a ventilação como para a
aferição do tempo ótimo de reverberação e conseqüentes correções.

A seguir, exemplificação gráfica de trabalho por nós


desenvolvido, segundo situação anterior e atual das instalações:

OCUPAÇÃO ORIGINAL

@ 130 ~
A C ÚSTI C A ARQUITE TÔ NI CA

■ ■ ■ ---

mm mm @ffi~©ffi
.ffi ffi.ffi © @©.@@.®
ffi ffi@ ©@ffiffi@@
OCUPAÇÃO PROPOSTA

E no que diz respeito às divisórias que vierem a ser adotadas


em qualquer instalação, deverão ser observados os seguintes
aspectos relevantes:

1. Divisórias de meia altura:


LAJE

FORRO

'º""' ~ ---➔
)I --
"oe,çAo

LAJE

• analisar as absorções acústicas internas do recinto como


um todo, considerando inclusive os revestimentos das
divisórias, buscando desta forma a correção do tempo de
reverberaçao t,;
• analisar a geometria interna do recinto, reflexões vias
paredes e tetos, e especificamente aquilo que diz respeito
às barreiras acústicas proporcionadas pelas divisórias;
• observar se as divisórias devem bloquear também
visualmente os compartimentos contíguos, sob pena de
comprometerem a privacidade. E quanto mais altas
forem, melhoro efeito de barreiras acústicas.
RÉGI O PAN I AGO C AR V ALH O

2. Divisórias até o forro:


LAJE
±EH Si ,Wf&I i ;;

LAJE

• idem à primeira observação de 01, atentando agora para


as transmissões acima do forro: ou o forro tem massa
compatível com a necessidade de isolamento acústico
entre as salas, ou deve-se criar altíssima absorção
acústica entre ele e a laje de teto.

3. Divisórias até o teto:

• são divisórias utilizadas para promoção de maior nível de


isolamento acústico que nos casos anteriores;
LAJE

FONTE RECEPÇÃO

LAJE

• analisar a massa da divisória e promover conexões do


tipo elásticas (painel x painel x estrutura x alvenarias).
ACÚSTICA ARQUITETÔNICA

8.2. Ambientes de televendas

Acompanhando a evolução das diversas formas de relações


comerciais, temos observado que os ambientes de televendas vêm
evidenciando uma velocidade de crescimento muito acima da média
de outras atividades equivalentes.

Em face do alto custo por metro quadrado inerentes às


construções, principalmente nos grandes centros urbanos, as
empresas de televendas têm se instalado em ambientes exíguos,
observando exclusivamente a necessidade mínima de espaço
horizontal por cabine/ocupante.

É exatamente uma situação como essa que produz uma


verdadeira "fábrica de loucos", pessoas excessivamente estressadas,
cuja produtividade seguramente fica comprometida.

Atualmente temos nos deparado com questões dessa


natureza de maneira cada vez mais constante. Algumas empresas,
especialmente as dotadas de departamentos de "qualidade de vida" ou
grupos de preservação da saúde dos funcionários, já demonstram
preocupação com o conforto de seus empregados, até mesmo visando
o aumento de sua produtividade. Em outras empresas onde estes
ambientes não propiciam condições adequadas de trabalho, a
rotatividade dos funcionários é maior, sua produtividade é menor e
tornam-se cada vez mais constantes ações trabalhistas amparadas
pela legislação e pela normatização atual, mais atenta a essas
questões de qualidade de vida nos ambientes de trabalho.

Evidenciaremos alguns aspectos arquitetônicos que


deveriam/poderiam ser repensados:
• a taxa de ocupação é dimensionada exclusivamente em
função da área disponível, segundo cubículos mínimos
fechados lateralmente e frontalmente, alegando-se a
necessidade de máxima concentração por parte do
operador; isso poderia/deveria ser dimensionado em
função do volume interno do recinto;
• em geral as circulações são inadequadas, principalmente
na hipótese de algum sinistro, uma vez que
congestionariam o fluxo em velocidade;

á 133
RÉ GIO PANIA GO C AR VA LH O

• espaços de descompressão inexistem.

Dentre os aspectos técnicos sob o prisma do conforto


ambiental, e que se mostram relevantes, temos a destacar:
• o volume per capita dos recintos é absolutamente
impróprio em função da ventilação (seja ela qual for:
mecânica ou natural), comprometendo a taxa de
oxigenação do ar, fator gerador de muitos distúrbios
orgânicos às vezes sequer compreendidos (ambientes
de permanência prolongada);
• a iluminação, seja ela natural ou artificial, na grande
maioria dos casos de que temos conhecimento é
inadequada para a atividade;
• e dentro do objetivo deste manual, as questões de
acústica arquitetônica são as que mais nos solicitam
equacionamentos, e decorrem exatamente desse
conjunto de fatores anteriormente expostos. São as
interferências recíprocas de intercomunicação entre
funcionários (quando ocorrem por alguma razão) e
conseqüente reflexo na comunicação com os clientes
contatados, tudo decorrente do alto nível global de ruído
produzido (quanto mais gente junta, mais ruído) e dos •
tratamentos acústicos inadequados desses ambientes.

Realmente é uma questão complexa em termos de acústica


arquitetônica.

Isolamento acústico, só do ambiente com relação ao exterior,


via seu perímetro, e já amplamente comentado em vários outros
capítulos deste manual.

Geometria interna, as empresas sequer aceitam comentar,


uma vez que esses ambientes se desenvolvem, regra geral, em
pavimentos corridos de edifícios comerciais, com forros horizontais e
paredes paralelas.

Só restam então duas intervenções básicas:


• barreiras acústicas;
• absorção acústica, buscando corrigir o tempo de
reverberação do ambiente segundo a primeira curva
constante do gráfico de tempo ótimo de reverberação
posto em norma. Esta curva estabelece o mínimo de

~ 134 )'
ACÚSTICA ARQUITETÔNICA

reverberação necessária para um ambiente, segundo


seu volume interno, quando nos deparamos com esses
casos de tamanha complexidade e desconsiderados pelo
gráfico.

Os revestimentos absorventes de acabamentos dos


cubículos, pessoas com equipamentos, pisos, ·esquadrias,
revestimentos de paredes e forros são as variáveis básicas a serem
consideradas nessas situações.

A atenuação total de ruído deverá ser verificada, em pelo


menos três freqüências básicas (baixa - 125Hz, média - 500Hz e alta -
2000Hz), segundo a absorção acústica total do recinto antes e depois
das intervenções, adotando-se o exposto em 5.3.Absorção acústica.

8.3. Salas de reunião

A função a que se destinam as salas de reuniões é sempre


prioritária, por razões óbvias. E a acústica arquitetônica tem
necessariamente que corresponder às expectativas: ouvir bem é a
tônica. A eletroacústica, sempre que possível, deve ser utilizada
somente pela necessidade de tradução simultânea.

Os níveis de ruídos devem ser baixos. Fica aqui a


recomendação de se evitar casas de máquinas em compartimentos
contíguos (centrais de ar condicionado, por exemplo).

Em recintos fechados, de acordo com o nível de privacidade


que o ambiente requeira, ante-salas podem consistir em bons artifícios
de acessibilidadP, impPdindo o comprometimento do isolamento
acústico através das frestas das portas. Não são necessárias, no caso,
portas de grandes massas.

A geometria interna deve proporcionar a melhor distribuição


possível dos sons produzidos, refletindo-os (a título de reforço) ou
absorvendo-os conforme a necessidade. Deve-se buscar, sempre que
possível for, a máxima aproximação possível entre os interlocutores a
título de não comprometer a boa audibilidade.
RÉGIO PANIAGO CARVALHO

O tempo de reverberação (t,) deve ser o mais proxImo


possível do tempo ótimo de reverberação (t°') previsto pela norma,
devendo ser quantificado conforme a situação mais freqüente de uso
da sala. Isto se justifica posto que, para taxas de ocupação maiores ou
menores que o previsto, o t, se mantenha no patamar de ±10% do t0 ,.

,,

~ 136
ACÚSTICA A RQU I T ETÔ NI C A

8.4. Escolas de música

Escolas são escolas, a qualquer tempo e em qualquer lugar.


E uma escola de música não poderia ser diferente. Um pouco mais
barulhenta talvez, mas sem perder a essência de escola. A
comunicação entre professor e aluno deve ser absolutamente
respeitada, portanto o nível de ruído deve estar dentro dos padrões
aceitáveis.

Considerando-se que um professor de música trabalha pelo


menos 4 (quatro) horas diárias, expondo-se a níveis de ruído acima
dos patamares tidos como normais para uma escola convencional, sob
nenhum pretexto pode-se desprezar a orientação do Ministério do
Trabalho que trata dos tempos máximos de exposição a níveis de
ruído, conforme vimos em capítulos anteriores.

Recapitulando então o contido em 3.8.Dose de ruído: para


quatro horas de trabalho por dia, um professor não pode se submeter a
níveis de ruído superiores a 90dB, ou 85dB para oito horas diárias de
trabalho. Ficam então, a partir daqui, estabelecidos os máximos níveis
de ruídos admitidos em salas de aula de uma escola de música, os
quais nunca devem ser extrapolados.

Segundo aferições em diversas oportunidades, em escolas


de música que zelam pelo conforto acústico tanto do professor como
do aluno, constatamos níveis de ruído oscilando entre 83,90dB(A) a
58,00dB(A), incluindo-se no contexto inclusive os casos de utilização
de instrumentos de percussão (baterias, ata baques, etc.).

No entanto é comum (porém incorreto), que professores de


música, principalmente os de instrumentos de percussão, produzam
níveis de ruídos em suas salas de aula superiores a 11 SdB. Isso deve
ser combatido com veemência: nos termos do estabelecido pelo
Ministério do Trabalho, 11 SdB é o máximo nível de ruído aceitável para
uma exposição diária de apenas ?minutos! Extrapolando esse limite, a
danificação da audição tanto do professor como do aluno é
praticamente inevitável. Imagine, por exemplo, um aluno exposto a tais
patamares abusivos: na hipótese de danos à sua audição, caberia
inclusive uma ação judicial contra a escola, sem chance desta sair ilesa
do processo. É a Lei.

« 137 ~--
RÉGIO PANIAGO CARVALHO

Na ocasião do projeto arquitetônico de uma escola de


música, três ambientes básicos são de grande importância: o conjunto
de salas de aula, pelo menos um estúdio para ensaios conjuntos, e um
auditório para apresentações.

Como teceremos comentários posteriormente sobre os


estúdios (capítulo 9) e sobre os auditórios (8.6.Auditórios), nos
ateremos agora somente às salas de aulas de música.

Em termos de geometria interna dessas salas de aula, é


muito importante atentar para dois aspectos:

• o ideal é que seus volumes mínimos sejam superiores a


30m2 em função de questões de ventilação e de taxa de
oxigenação do ar, uma vez que tais ambientes são
fechados;
• evitar superfícies opostas paralelas, inclusive com tetos
inclinados, como caracterizado no exemplo abaixo:

LEGENDA

01 - PAREDES NÃO PARALELAS (7' DE INCLINAÇÃO)


02 - ESQUADRIAS C/ VIDRO FIXO 12mm
03 - PAREDES DUPLAS DE ALVENARIA C/ RECHEIO DE LÃ MINERAL

« 138 ~
AC Ú STIC A ARQUITETÔNICA

LEGENDA

01 • ESQUADRIAS DUPLAS
02 • LAJE INCLINADA (NÃO.PARALELA AO PISO)

No que diz respeito ao tempo de reverberação, ele está


previsto em norma. Apenas recomenda-se, por bom senso, que seja o
mais refletor possível (~ + 10%) uma vez que, considerando-se as
diferenças de percepção auditiva do ouvido humano, na hipótese de o
usuário entender que o recinto deva ser mais absorvente, basta inserir
no seu interior painéis absorventes avulsos como no caso dos estúdios
de gravação/ensaio. E é sempre mais fácil aumentar a absorção
acústica de um ambiente do que torná-lo mais refletor.

Quanto ao isolamento acústico, para uma produção interna


de ruído da ordem de 85dB(A) conforme visto anteriormente, pode-se
estudá-lo a um patamar da ordem de 30 a 35dB{A), pois uma vez
calculada uma atenuação de ruídos por absorção acústica em pelo
menos mais 5dB, o nível de ruído externo será considerado
perfeitamente aceitável, variando entre 45 e 50dB(A).

8.5. Home Theaters

Considerando-se os home theaters, em geral, como


ambientes de uso doméstico, podemos analisá-los na condição de
estúdios para música, sem o excesso de rigor nas questões que tratam
do isolamento acústico.

~ 139 Ú
RÉ G I O P A NI AGO CAR V ALHO

No que diz respeito ao condicionamento acústico (geometria


interna e tempo de reverberação), procedem as análises criteriosas de
volume e superfícies absorventes amplamente analisadas para outros
casos contidos neste manual.

É muito comum arquitetonicamente a sua composição como


um espaço de múltiplo uso: áudio, vídeo e biblioteca, e até sala de
jogos. Mas mesmo assim convém analisá-lo na condição de um
estúdio, fazendo o uso racional de todos os elementos componentes
(poltronas, mesas, cadeiras, estantes, livros, etc.) para adequação do
tempo de reverberação.

Um home theater é um espaço, um volume, e não um


equipamento eletrônico de boa qualidade como muita gente pensa ou
vende como sendo. Se o ambiente não estiver acusticamente bem
preparado, nenhum equipamento de alta qualidade conseguirá
responder segundo sua melhor performance.

O ambiente age sobre os sons como uma continuação das


caixas acústicas, e a única maneira de ignorar isso é desistir de vez de
seu uso e ficar só nos fones de ouvido.

A escolha do equipamento e seu posicionamento dentro do


ambiente é atribuição do técnico de eletroacústica, mas cumpre-nos
comentar algumas questões básicas:
• as caixas acústicas nunca devem ficar posicionadas
encostadas no rack do conjunto de som sob pena de
perda substancial de qualidade do som estereofônico;
• encostar as caixas acústicas nas paredes acarretará
perda de qualidade do áudio, realçando as freqüências
mais baixas;
• deixar as caixas acústicas muito próximas das paredes
também não é aconselhável, uma vez que as paredes se
comportarão como defletores secundários das ondas
sonoras: o som refletido na parede volta ligeiramente
atrasado em relação ao som direto, causando
desconforto auditivo;
• o afastamento entre as caixas acústicas e o ouvinte
nunca deve ser menor que dois metros, nem maior que
quatro metros, tudo segundo um triângulo eqüilátero:

~ 140 D
ACÚSTICA ARQUITETÔNICA

PLANTA BAIXA

• devem ser evitadas as instalações assimétricas, uma vez


que um som gravado originalmente em dois canais será
percebido pelo ouvinte como dois sons diferentes,
destruindo o efeito estéreo:

MAIS GRAVES AQUI

D
MAIS AGUDOS AQUI
RÉGIO PANIAGO CARVALHO

8.6. Auditórios

Quando a forma geométrica do projeto arquitetônico auxilia o


comportamento acústico do recinto, como no caso do auditório a seguir
caracterizado, não é necessário alterar seus componentes, bastando o
tratamento providencial das superfícies com os materiais mais ou
menos absorventes, definidos por ocasião do cálculo do tempo de
reverberação.

LEGENDA

01 · ATENUADOR DE RUIDO
02 • SUPERFICIE ABSORVENTE
03 - ABERTURA P/ VENTILAÇÃO
04 - SUPERFICIE REFLETORA

Observa-se, ainda no caso em questão, a real possibilidade


de convívio saudável entre o isolamento acústico e a ventilação
natural, com a simples adoção de atenuadores de ruídos
adequadamente dimensionados e posicionados junto às aberturas.
Essa é uma providência bastante interessante sob o prisma de
redução do custo de manutenção da instalação, podendo evitar a
ventilação mecânica e/ou o condicionamento de ar.
ACÚSTICA ARQUITETÔN IC A

Uma boa seqüência de procedimentos para auditórios e


equivalentes consiste em:

1. verificação do ruído do entorno a título de se dimensionar o


isolamento acústico necessário;
2. buscar uma forma arquitetônica do ambiente interno que
auxilie nas questões do condicionamento acústico, especificamente
no que diz respeito à distribuição dos sons produzidos:

F Fs
75dB
.1

Q'

PLANTA

« 143 ~
RÉGIO PANIAGO C AR V ALHO

3. na hipótese de geometria do volume interno do recinto


previamente estabelecido por terceiros, observar a necessidade de
adoção de painéis refletores e/ou absorventes em tetos e paredes por
questões exclusivamente técnicas:

Não inserir no contexto elementos de conotação


exclusivamente estética, sob pena de resultados insatisfatórios ou
mesmo catastróficos;
4. evitar as superfícies paralelas e, quando isso não for
possível, usar artifícios que possam combater as ondas estacionárias
via paredes, por exemplo, a inserção de elementos horizontais, ou
verticais, ou inclinados, ou mistos, etc.:

5. analisar o tempo de reverberação do recinto nesta primeira


condição projetada, para corrigi-lo através da absorção acústica de
suas superfícies componentes e demais elementos nele inseridos
(pessoas, cadeiras, mesas, etc.);

11 144
A C Ú ST I C A ARQUITETÔNI C A

6. checar o tempo ótimo de reverberação para o recinto;


7. estabelecer a taxa de ocupação em função do volume
interno;
8. estabelecer o posicionamento correto dos acabamentos e
do mobiliário (elementos absorventes);
9. exercitar simulações de correção da geometria interna
do recinto;
10. exercitar s1mulaçoes de correçao do tempo de reverberação
do recinto, observando ainda taxas diferentes de ocupação.

8.7. Ruído industrial

Diferentemente do analisado em 7.8.Ruído aéreo de


motores, quando congregados em um mesmo ambiente pessoas e
equipamentos produtores de ruídos, as providências básicas devem
ser as seguintes:
a) calibragem dos equipamentos, assentamento sobre
bases elásticas (lajes flutuantes) e enclausuramento possível dos
motores, todas essas providências de responsabilidade do depar-
tamento competente de mecânica;
b) tratamento de acústica arquitetônica, buscando reduzir os
ruídos produzidos a patamares compatíveis com a Legislação (dose
de ruído), antes de se admitir o uso de equipamentos de proteção
individual. Lembrar que a atenuação de ruídos (dB) do pós intervenção
/ antes da intervenção é dada por 1 Ox log (Ai/ A1)
RÉGIO PANIAGO CARVALHO

Procedimentos de acústica arquitetônica:

1. promover absorção acústica via paredes e tetos,


conciliando-a com as questões de iluminação e ventilação;
2. se for possível, procurar utilizar pisos absorventes
acústicos;
3. onde for possível, setorizar as atividades com a adoção de
divisórias que se constituam em barreiras acústicas e se, ainda
possível, revesti-las com materiais de alta capacidade de absorção
acústica;
4. e, por último, a adoção de atenuadores de ruídos junto ou
em substituição às esquadrias também consiste em providência de
ótima resposta.

Não existe uma regra básica, uma vez que, em nível


industrial, os recintos têm conformações distintas, que em princípio
obedecem ao fluxo normal de uma linha de produção.

8.8. Bares e restaurantes abertos

Esta questão clássica, algumas vezes tida como insolúvel,


consiste hoje em um dos mais graves problemas para as cidades de
grande porte e outras que se encontram em vias de desenvolvimento.
Este problema evidencia-se principalmente durante a noite, quando o
nível de ruído urbano é mais baixo, e os sons destes estabelecimentos
tornam-se mais perceptíveis.

Primeiramente, é importante colocar que a coexistência


pacífica entre estabelecimentos noturnos e o entorno residencial se
trata de uma questão de bom senso, por parte do projetista, e de
respeito, por parte de proprietários e usuários. Algazarras não cabem
no contexto e sequer podem ser quantificadas. Considerando-se a
utilização do espaço em níveis apropriados, os resultados serão
considerados sempre satisfatórios, permitindo o convívio saudável
entre vizinhos.

Analisemos preliminarmente, os seguintes quesitos básicos:


1. os sons graves, de baixa freqüência, conforme já
mencionamos em oportunidades anteriores, são os mais difíceis de
serem bloqueados;

146
ACÚST I CA ARQUITETÔNICA

2. os sons médios, de média freqüência (em torno de 500Hz),


são perfeitamente passíveis de bloqueio parcial. Também são
passíveis de boas absorções acústicas;
3. quaisquer sons simulados na fonte, deverão ser aferidos
na metade da distância entre a fonte e a recepção, para que se tenha
uma boa noção de atenuação até a recepção;
4. se o máximo NR previsto por norma em um quarto é de
45dB(A) e se o nível de isolamento acústico médio de uma janela
comum de vidro é da ordem de 20dB-1000Hz (observe-se que
estamos desconsiderando inteiramente as absorções acústicas
internas de cortinas, mobiliário, etc.), o máximo NR na região de
fachada do imóvel vizinho pode ser de 65dB(A}.

Dessa forma, temos como diretrizes básicas para um projeto


adequado, as seguintes recomendações:
5. shows de música ao vivo, em áreas externas, não podem
contemplar instrumentos de percussão ou contrabaixos, por exemplo;
6. shows de música ao vivo que contemplem instrumentos de
percussão ou contrabaixos, devem ser praticados em ambientes
internos, protegidos acusticamente;
7. caixas acústicas devem ser instaladas nos limites das
áreas externas, voltadas para seu centro, e protegidas por barreiras
(preferencialmente com absorção acústica, para evitar a dissipação do
som para locais onde ele não seja adequado);
8. todo o perímetro do estabelecimento poderá ser, de
alguma forma, protegido por placas ou painéis (no caso de áreas
públicas, podem ser usados elementos removíveis) que funcionem
como barreiras acústicas;
9. na hipótese de toldos ou coberturas flexíveis, comumente
utilizados em instalações do gênero, é de bom senso que se aplique
material absorvente acústico em sua face interna;
10. quantificadas as absorções acústicas e as atenuações
por barreiras acústicas, consegue-se avaliar o NR adequado a ser
produzido nas áreas externas do estabelecimento, de maneira que se
perceba apenas 65dB(A) de ruído na fachada da edificação vizinha.

A experiência tem evidenciado a possibilidade de produção


de sons/ruídos em torno de 80 a 90dB(A) em ambientes abertos. E
note-se que desprezamos a atenuação de ruído em função da
distância entre a fonte e a recepção. Este é mais um fator de segurança
que o bom senso recomenda não contemplar.

~ 147 D
9. SOBRE ESTÚDIOS
« 150 ~
ACÚSTICA ARQUITETÔNICA

9.1. Estúdios de rádio (locuções)

Nos termos da Norma Brasileira que trata da questão, e que


acompanha as várias normas internacionais, todos os gráficos que
tratam de tempo de reverberação para tais recintos prevêem volumes
mínimos da ordem de 30m3 •

Este fato decorre da consciência universal dos técnicos que


tratam de questões de ventilação de que 30m3 representam o volume
mínimo de massa de ar por ocupante de qualquer recinto de
permanência prolongada, para que a velocidade de insuflamento do ar
possa ser a menor possível, de tal sorte que o ruído do ar em
velocidade não seja captado pelos microfones sensíveis utilizados nos
casos. Na hipótese de adoção de, por exemplo, um entrevistado e um
entrevistador ao recinto, esse volume per capita se reduziria à metade,
mas como tais entrevistas são de curta duração, admite-se o fato como
passível de aceitação.

Por outro lado, devido a esses pequenos volumes, nunca


devemos posicionar mesas quaisquer que venham a compor o
ambiente interno nas proximidades das paredes e/ou visores (quando
existirem), e sim preferencialmente o mais próximo possível do ponto
central do recinto (ponto de locução), para evitar reflexões via paredes
que acabam sendo direcionadas para os microfones quase que
simultaneamente com os sons diretos, produzindo efeitos de "ondas
estacionárias".

No entanto é comum constatarmos instalações de locuções


de rádio que não se atém aos conceitos anteriormente colocados,
requerendo investimentos financeiros substanciais por ocasião da
correção dos seus tempos de reverberação, e que na maioria dos
casos não conseguem equilíbrio nas faixas de freqüência condizentes
com os estabelecidos pelas normas.

Em face aos pequenos volumes em que se desenvolvem tais


atividades, excluindo-se a questão da geometria interna que em muito
pouco contribui para uma melhoria da performance acústica (note,

@ 151 ~
RÉGIO PANIAGO CARVALHO

ambientes muito pequenos), duas questões básicas devem ser


observadas em termos de acústica arquitetônica:

1. isolamento acústico:

Isolar acusticamente uma cabine de locução requer


cuidados de fundamental importância:

a) no isolamento acústico via paredes e/ou forros, suas


massas e espessuras devem respeitar os conceitos descritos da Lei de
Massa e/ou o conceito do princípio massa/mola/massa e/ou o princípio
do isolamento acústico em função do comprimento de onda;

b) o isolamento via porta(s), além do citado anteriormente,


requer cuidados nas vedações das suas conexões com os portais;

c) os visores (de vidros em geral) são as superfícies de


menor capacidade de isolamento acústico, requerendo número maior
de lâminas e espaços vazios, conforme cada caso, não se esquecendo
da necessidade de possuírem, em todo o seu perímetro, borrachas
apropriadas de conexão com seus requadros.

Para evitar a condensação de água entre lâminas de vidro


recomenda-se a adoção de vácuo no seu interior. Na impossibilidade
desta providência, algum sistema de ventilação é imprescindível. Em
qualquer caso, devem ser afastados dos difusores de ar condicionado
do ambiente, posto que provocam condensação entre as lâminas de
vidro, prejudicando sua visibilidade e seu bom aspecto.

d) outra questão que na grande maioria dos casos não é


observada, diz respeito à atenuação de vibrações externas que
fatalmente convertem-se em ruídos de baixa freqüência (os mais
difíceis de serem isolados), captados pelos microfones sensíveis
utilizados nessas instalações e que acabam evidenciando-se nos
monitores de recepção da transmissão. Esses ruídos surdos de
fundo são impossíveis (até o momento) de serem combatidos por
qualquer equipamento eletrônico.

O combate a essa questão exige a adoção de base


elástica sob os pisos e paredes (já comentado anteriormente),
inclusive nas conexões das paredes com o teto do recinto. Dessa

« 152 »
--
ACÚSTICA ARQUITET Ô NICA

forma , o forro passa a ter somente função no condicionamento


acústico.

2. condicionamento acústico:

Condicionar acusticamente um recinto consiste em conferir a


seus ocupantes melhores condições internas de audibilidade e , no
caso em pauta, também de transmissão eletrônica, posto que os
microfones utilizados são de alta sensibilidade, e portanto tudo pode
ser captado e transmitido se não houver correção por parte de
equipamentos eletrônicos apropriados.

Conforme já colocado anteriormente, todo ambiente requer


reverberação apropriada. Os sons produzidos devem ser percebidos
com a maior clareza possível. E o tempo ótimo de reverberação para
cada caso está diretamente condicionado a dois fatores básicos: a
definição da atividade a que o ambiente se destina e o volume interno
do mesmo.

Uma vez conhecido o anteriormente evidenciado, cumpre-


nos agora procedermos ao maior número de simulações de adoção de
revestimentos internos, buscando primeiramente acertar os aspectos
de ordem técnica e, na seqüência, adequá-los aos aspectos plásticos
procedentes de arquitetura de interiores.

Nunca o contrário: primeiro a função, depois sim, a


decoração.

Excluindo-se as questões de isolamento acústico,


procederemos agora a uma análise de um caso concreto que me foi
apresentado: uma locução de rádio para entrevista, área de base
medindo 2,50m x 3,00m e altura interna de 2,50m, sem visor, com todo
o equipamento necessário de rádio, mesa e cadeiras em seu interior, e
pelo menos um entrevistador e um entrevistado. O piso reveste-se de
carpete de 5mm de espessura, o teto e as paredes, a partir de 120cm
acima do piso, estão revestidos com espuma absorvente Sonex 20/35,
as paredes até 120cm acima do piso com carpete do tipo forração, e a
porta revestida com lâmina metálica.
RÉGIO PANIAGO CARVALHO

Área de Aplicação dos Revestimentos Originais

Volume do recinto 18,75m2


Entrevistador com equipamentos 01 pessoa
Entrevistado 01 pessoa
Piso em carpete 5mm 7,50m2
Forro de gesso acartonado 12,5mm sobre lã mineral de baixa densidade
7,50m2
revestido e/ espumas absorventes Sonex 20/35
Paredes em drywall revestidas e/ carpete 5mm 13,74m2
Paredes em drywall revestidas e/ espumas absorventes Sonex 20/35 12,36m2
Porta isolante acústica revestida e/ lâmina metálica 1,40m2

Resultados técnicos do tempo de reverberação


proporcionado (condição original):

Nomenclatura adotada:
Ío, =tempo ótimo de reverberação previsto pela norma
~=tempo de reverberação calculado
d%n = diferença percentual admitida pela norma
d%c = diferença percentual calculada

125 Hz 500 Hz 2000 Hz


(baixa freqüência) (média freqüência) (alta freqüência)
t., = 0,27 segundos t., = O, 18 segundos t., = 0,18 segundos
~= 1,0747 segundos ~= 0,3029 segundos ~= 0,1548 segundos
d%n = + ou - 10% d%n = + ou - 10% d%n = + ou - 10%
do/oc = + 298,05% do/oc = + 68,27% do/oc = - 14,01%
Conclusão: este tratamento, além de desrespeitar tanto a NB quanto as demais
Normas Internacionais, mostra-se inteiramente desequilibrado, já que o~ calculado
está muito diferente dos t., preconizados p/ as freqüências estudadas.

Opção sugerida para os revestimentos internos, com


manutenção das paredes e forro existentes, bem como da taxa de
ocupação:

(( 154 ~
ACÚSTICA ARQUITE T ÔNICA

Volume do recinto 18,75m2


Entrevistador com equipamentos 01 pessoa
Entrevistado 01 pessoa
Piso em tábuas de madeira sobre caibros de madeira de 5 x 5cm 7,5om•
Forro de gesso acartonado 12,5mm aparente ou pintado, sobre lã
7,5om•
m ineral de baixa densidade (existente)
es em drywal -aparentes-ou pin
Paredes em drywall revestidas e/ lã de vidro 25mm e 80kg/m' , revestida 12,36m2
com tecido grosso
Porta isolante acústica revestida e/ lâmina metálica 1,40m2

Resultados técnicos, devidamente comparados, do tempo de


reverberação proporcionado:

Nomenclatura adotada:
~ =tempo ótimo de reverberação previsto pela norma
~=tempo de reverberação calculado
d¾n = diferença percentual admitida pela norma
d¾c = diferença percentual calculada

125 Hz 500 Hz 2000 Hz


(baixa freqüência) (média freqüência) (alta freqüência)
t.. = 0,27 segundo t.. = 0, 18 segundo t.. = 0, 18 segundo
~= 0,2589 segundo ~= O, 1823 segundo t, = O, 1789 segundo
d%n = + ou - 10% d%n = + ou - 10% d%n = + ou - 10%

d%c =-4,12% d%c= + 1,30% d%c=-0,63%


Conclusão: o tratamento em pauta respeita a NB e todas demais Normas lntemac.,
remover li eir01ealce aos sons de
média freqüência (voz humana), absorvendo ligeiramente a baixa e alta freqüência.

No mais, temos a comentar:


• para instalações tão pequenas e específicas, a diferença
de custo final de implantação de revestimentos de
acabamento interno é muito pequena, absorvível por
quem estiver buscando qualidade;
RÉG I O PANIAGO CARVA L HO

• o aspecto plástico de conforto visual para os usuários,


bem como a iluminação interna do recinto, mostram-se
substancialmente melhores;
• em termos de manutenção, a alternativa sugerida é
superior, uma vez que permite fácil limpeza (observe que
tecidos podem ser impermeabilizados), minimizando de
forma substancial o acúmulo de poeira, proliferação de
ácaros e odores de mofo;
• não há motivos para restringir o uso de espumas
absorventes acústicas, porém estas devem ser
adequadamente quantificadas conforme cada caso,
atentando-se para o fato de que, quanto maiores suas
espessuras e/ou mais protuberantes forem suas cunhas
anecóicas, além de mais caras, os coeficientes de
absorção acústica entre baixas e média/altas freqüências
serão mais distantes, podendo gerar maior desequilíbrio
interno dos tempos de reverberação estudados.

9.2. Estúdios de televisão

A conotação de um estúdio de televisão, apesar de respeito


integral ao considerado para estúdios de rádio (locuções), possui suas
peculiaridades que, em não sendo respeitadas, seguramente
prejudicarão melhores resultados operacionais.

Como regra geral, tais ambientes se encerram em volumes


bem maiores que os de uma locução de rádio, e além das questões
básicas de tratamento acústico cabíveis para qualquer edificação,
cumpre-nos comentar outros cuidados necessários:

1. compartimentos mínimos imprescindíveis

Instalados em compartimentos necessariamente distintos, a


área efetiva do estúdio deve estar fisicamente separada do
compartimento onde ficarão localizados os equipamentos e os
técnicos de controles.

((,..< 156 > ~


ACÜSTICA AR Q UITET ÔN ICA

APOIO
ESTÚDIO B

PLANTA

ú APOIO

ESTÚDIO • CORTE

O dimensionamento da área de controle técnico se faz em


função do layout necessário, em função do porte e da complexidade
das instalações, buscando respeitar o volume mínimo não somente em
função da taxa de ocupação, como também da dissipação total de
calor proveniente dos equipamentos utilizados.

Para os compartimentos de estúdios, as normas disponíveis


não determinam volumes mínimos ou máximos para essa atividade: o
critério se baseia na disponibilidade de área, de maior altura possível
em função das instalações elétricas e manutenções diversas (função
da complexidade das instalações de iluminação cênica, ar
condicionado, eletroeletrônica, etc) e, principalmente em função dos
seus objetivos: jornalismo, debates que envolvam maior número de
ocupantes, pequenos auditórios, manutenção de cenários fixos, etc.
RÉG IO PA NI A GO C AR V ALH O

Entretanto, vale lembrar que, sempre que possível, dever-


se-á buscar a referência mínima de 30m3 de volume interno para o
número estimado de ocupantes para o recinto.

2. acessibilidade

São necessários, no mínimo, dois acessos a um estúdio de


televisão comum:
• o destinado a usuários freqüentes (entrevistadores,
entrevistados e pessoal de apoio de produção) e a
pequenos equipamentos de uso comum (mesas ,
cadeiras, poltronas, objetos decorativos, equipamentos
eletrônicos portáteis, etc.);
• o destinado aos serviços de apoio, tais como técnicos de
manutenção de equipamentos e sistemas, de marcenaria
(colocações e remoções de cenários), de manutenções
de possíveis reformas físicas, de introdução ao recinto de
equipamentos eventuais de maior porte (carros, motores,
e equivalentes), etc.

3. isolamento acústico

Isolar acusticamente um estúdio de televisão seguramente


requer cuidados adicionais não considerados para o caso de uma
locução de rádio.

Considerando-se a característica básica de funcionamento


frenético de uma emissora de televisão, o estúdio deve ser provido de
eclusas anteriores aos seus acessos: são comumente chamadas de
antecâmaras, e consistem em compartimentos posicionados entre o
estúdio e os ambientes de circulação interna do edifício e/ou seu
exterior. Dessa forma, ao invés de apenas um conjunto de portas para
cada acesso básico que há em um estúdio, a prudência recomenda
pelo menos dois conjuntos, que promovem acréscimos de isolamento
acústico através da massa dessas portas e atenuação de ruído por
absorção acústica internamente na eclusa.

Considerando-se os portes significativos dos estúdios de


televisão, praticamente todos os casos têm pelo menos uma de suas
faces voltadas para o exterior do edifício.

(( 158 1)
ACÚSTICA ARQUITETÔNICA

Não bastasse o exposto anteriormente, grande parte dos


estúdios de televisão estão instalados em áreas urbanas, ou ainda,
próximos a vias públicas de alto tráfego de veículos.

Daí decorrem outras questões relevantes de isolamento


acústico que merecem a maior atenção:

Isolamento acústico a ruídos aéreos de média e alld


freqüência, combatidos com a adoção de superfícies duplas de
vedação (paredes e teto), porém:
• lembrando que a duplicação da massa de uma superfície
só lhe confere acréscimo de 6dB de isolamento acústico;
• o afastamento relativo entre duas superfícies confere
isolamento acústico adicional ao sistema;
• a adoção de material absorvente acústico entre duas
superfícies confere acréscimo maior de isolamento.

Isolamento acústico aos ruídos de baixa freqüência, via piso,


parede e tetos conectados à estrutura portante do edifício, que podem
ser combatidos conforme o seguinte:
• o piso deverá estar apoiado sobre base elástica;
• na hipótese de paredes duplas, a externa pode participar
da estrutura portante do edifício, mas a interna deverá
necessariamente se apoiar no piso sobre base elástica;
• o forro interno deverá estar apoiado sobre as paredes
internas, desconectado da estrutura portante do edifício.

4. geometria interna

Sobre a geometria inerna, cumpre-nos ressaltar:


• deve-se evitar o paralelismo entre superfícies opostas.
Se o piso é necessariamente horizontal, o forro não: ou
adota-se um forro inclinado ou um forro do tipo sanfonado
ou adota-se um forro composto por várias superfícies
instaladas em planos distintos.
• ainda sobre o paralelismo entre superfícies opostas, o
mesmo vale para as paredes. A forma em planta do
estúdio não precisa ser necessariamente um retângulo
perfeito, mas, na hipótese dessa necessidade em termos
da edificação básica em que se insere, as paredes
RÉG I O PANIAGO C ARVALHO

5. portas e visores

No caso das portas, uma massa compatível com a


necessidade de isolamento acústico e a instalação de vedações
consistentes são premissas básicas.

Vale ressaltar que, considerando-se a existência de eclusas


nas regiões de acesso aos estúdios, as portas dos mesmos podem
utilizar-se do princípio massa/mola/massa, já que o isolamento
acústico total do sistema conta com o isolamento da porta externa, da
atenuação de ruído por absorção acústica internamente às eclusas e,
finalmente, com o isolamento acústico próprio da porta interna.

Nunca é demais lembrar, entretanto, que pequenas frestas


podem comprometer substancialmente um bom isolamento acústico
de qualquer superfície: as conexões das portas com seus portais bem
como a criação de degrau ou outro artifício qualquer junto ao piso,
requerem a adoção de algum sistema à base de borracha macia
devidamente nivelada para fechamento dessas portas sob pressão.

Para o caso dos visores, a questão é um pouco diferente, e


valem as instruções constantes para estúdios de rádio (locução),
acrescentando-se ao contexto vidros de maior espessura em função
dos vãos, regra geral bem maiores.

E para os dois casos (portas e visores) vale lembrar que,


considerando-se as paredes duplas dos estúdios de televisão, os
portais e os quadros dos visores não podem ser contínuos: cada qual
deverá ser assentado exclusivamente na parede correspondente,
deixando um vão mínimo entre eles (1 cm já é suficiente) devidamente
preenchido com borracha apropriada. Este cuidado procede em
função de que as paredes externas do estúdio possam transferir
possíveis vibrações da estrutura portante do edifício para as paredes
internas (apoiadas em piso sobre base elástica).

6. absorção acústica e tempo de reverberação

Duas questões relevantes devem ser observadas:


a) Se por um lado um bom estúdio de televisão dispõe de
espaços suficientes para a montagem de vários cenários fixos e de
outros eventuais, deve-se dimensionar sua absorção acústica
segundo uma condição mais refletora que absorvente.
ACÚSTICA ARQUITETÔNICA

'Dessa forma, quaisquer objetos componentes do recinto


contribuirão para o aumento de sua absorção acústica em nível global,
com conseqüente redução do tempo de reverberação t,. E aí
dificilmente incorreremos no risco de termos um t, inferior aos 10%
estabelecidos pela norma.

b) A outra questão diz r~c::reito a uma omic;são das norm~c::


disponíveis: muitos são os casos em que o gráfico de referência básica
de tempo ótimo de reverberação (500Hz), internacionalmente
adotado, não contempla especificamente bom número de atividades
que envolvem o assunto. E esse é um dos casos!

Cabem aí então o bom senso e a experiência prática de se


buscar o t., segundo a finalidade mais próxima a que o estúdio se
destinará.

E como na grande maioria das vezes buscam-se usos


múltiplos para o objeto, a prudência recomenda proceder à verificação
do gráfico pela atividade que requeira um t próximo do ponto médio
0,

entre todas as atividades a serem exercidas no recinto.

9.3. Estúdios de gravação e/ou ensaios


conjuntos

Da mesma forma que para os estúdios de televisão, os


estúdios de gravação guardam similaridades com os primeiros, apesar
de possuírem volumes geralmente menores. Mas não tão menores em
função da multiplicidade de usos: as taxas de ocupação podem variar
desde um único ocupante até uma dupla, desde um quarteto até um
coral ou mesmo uma orquestra.

A compartimentação básica é, em princípio, a mesma, nunca


esquecendo das eclusas, a menos que o projeto requeira alguma
característica adicional específica que justifique alguma alteração
arquitetônica.

~ 161 v
RÉGIO PANIAGO CARVALHO

TÉCNICA02

AQUÁRIO

TÉCNICA01

DEPÓSITO

ESTÚDIO - PLANTA

Quanto ao volume, admite-se que conferir 30m3 de massa


interna de ar para um grupo grande de ocupantes é praticamente
inviável , mas também temos que admitir que 300m3 de massa interna
de ar para um quarteto proporcionará espaço excessivo a ponto de
comprometer o t,.

E a altura interna ideal, como fica?

E o t0 , do volume interno para uma gravação de um conjunto


rock, ou uma dupla, ou um coral, ou um conjunto de música de câmara,
ou um conjunto de percussão, ou uma orquestra, por exemplo, é o
mesmo? Segue-se a norma simplesmente?

Como se pode observar, o exercício de conciliação dessas


questões básicas requer sensibilidade e experiência, tanto por parte
do autor do projeto, como por parte do técnico de acústica
arquitetônica, como por parte dos técnicos de eletroacústica, dos
usuários e dos empresários do ramo.

Para minimizar restrições de uso devido ao anteriormente


exposto, as empresas gravadoras dispõem de dois, três ou mais
estúdios em uma mesma estrutura, buscando atender um número
maior de clientes. Quando dispõem de um único estúdio de gravação,
seguramente há muito mais restrições de uso.
ACÚSTICA ARQUITETÔNICA

Com base no exposto temos a considerar os seguintes


aspectos relevantes para o caso:
1. o nível de isolamento acústico de uma instalação do
gênero deve necessariamente ser superior ao de um estúdio de rádio
ou televisão, uma vez que, dependendo do que se grava, o nível de
ruído produzido pode ser muito elevado, às vezes superior a 120dB(A);
2. a base elástica de instalação do e::;túdio deverá i:.er
cuidadosamente avaliada, tanto em função do adentramento de
vibrações externas como em função das vibrações produzidas
internamente por instrumentos de percussão;
3. o t°' a ser adotado obrigatoriamente deve respeitar o
previsto em norma, até mesmo por questões de ordem legal. Deve-se
buscar seus fatores de correção para a maior gama possível de faixas
de freqüências, e aí sim, adequar o t, ao t em cada faixa de freqüência
0,

estudada;
4. uma empresa cuidadosa de gravação deve dispor,
acondicionado em ambiente adequadamente preparado, de painéis
adicionais de absorção acústica, painéis defletores, difusores, enfim,
todo um aparato adicional para paredes, tetos e até mesmo pisos, uma
vez que é comum a necessidade de se alterar as características do
recinto em função de melhor adequação a atividades distintas,
diferentes às vezes do objetivo original;
5. e até mesmo um volume relativamente grande para uma
determinada atividade pode ser alterado, via algum dispositivo
mecânico que permita rebaixamento de forro e/ou deslocamentos de
paredes internas;
6. nunca nos esquecermos que as superfícies opostas não
devem ser paralelas;
7. sempre que possível, procurarmos fazer com que as
absorções acústicas de superfícies opostas sejam equivalentes.
((( 164 ) ~
10. REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS

(((<< 165 >))))


ACÚSTICA ARQUITETÔNICA

ABNT, Normas.

Dados Técnicos fornecidos por fabricantes diversos.

DAVIS, Don & Carolyn, Sound System Engineering.

GONZALES, M. F.,Acústica.

HARRIS, C. M., Handbookof Noise Contrai.

IEC STANDARD (Norme de la CEI) publicação 651 Sound Levei


Meters (Sonomêtres) Genebra

IPT, Laudo de medições laboratoriais dos isolamentos sonoros de


componentes construtivos.

MARCO, Conrado Silva de, Elementos de Acústica Arquitetônica.

Ministério do Trabalho, Plano Geral de Ação do Ministério do


Trabalho na Área de Segurança e Saúde do Trabalhador

SILVA, Pérides., Acústica Arquitetônica.

SRESNEWSKY, lgor, Determinação de coeficientes de absorção


acústica pelo método de tubo de ondas estacionárias.

TEMPLETON, Duncan & LORD, Peter, Detailing for Acoustics.

Anotações de resultados técnicos de trabalhos elaborados pela Arch-


Tec em oportunidades diversas.

~/ 167 ~
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~ 168 )~
O
projeto de acústica arquitetônica deixou de
ser um tema acadêmico, enclausurado entre
quatro paredes, para tornar-se real. Passa a
ser necessário simultaneamente com o projeto de
arquitetura de edifícios, estruturas portantes, insta-
lações prediais, tratamento térmico, etc.
Este trabalho consiste em mais um instrumento
para nortear consultas teóricas e procedimentos
práticos no tratamento destas questões, endere-
çado também àqueles que buscam respostas
rápidas e consistentes para tais procedimentos.
Seu embasamento teórico nos parece suficiente
para as questões abordadas . A intenção é ater-se,
quase que exclusivamente, à experiência prática,
eliminando considerações demasiadamente
teóricas que possam tornar o livro desinteressante
ou inadequado à sua meta .
E, por ser uma área em constante evolução
poderá receber acréscimos e/ou alterações, não se
constituindo então em uma coisa estanque, mas em
um instrumento vivo e dinâmico para auxiliar o
profissional e estudante.
arquitetônica objetivando o
controle de ruídos industriais nos
Estados do Paraná e São Paulo.
De volta ao Distrito Federal
desde 1998 e na condição de
Responsável Técnico pela
empresa Ard1-Tec, projeta,
executa e dá consultoria para
questões de Conforto Ambiental,
em todas as áreas de abrangência
da Acústica Arqu i tetônica ,
ocupando-se inclusive de questões
na construção convencional, tais
como: atenuação de ruídos de
impacto em lajes de entrepisos de
edifícios, atenuação de ruídos
transmitidos via poços de
ventilação de edifícios, ruido
urbano, esquadrias acústicas, etc..
No rol de clientes da empresa
encontram-se hoje o Banco do
Brasil S/A, Banco Central do Brasil,
SBT, Grupo Pão de Açúcar, Paulo
Octávio Investimentos Imobiliários,
HC Construtora S/A, dentre outros.

Sua maior empreitada em uma


única obra, projetada entre 2003 e
2004, hoje em fase inicial de
implantação, é a adequação
arquitetônica, de conforto acústico,
de conforto térmico (irradiação de
calor, ventilação natural e
insolação) e luminotécnico de parte
das Instalações do Centro
Tecnológico do Banco do Brasil S/A
em Brasllia-DF, perfazendo uma
área de Intervenção da ordem de
27.000m2 • No que diz respeito à
Acústica Arquitetônica incluem-se
nesse trabalho isolamentos
acústicos, condicionamentos
acústicos, barreiras acústicas,
atenuadores de ruídos e
esquadrias acústicas.

Este livro nasceu do desen--


volvimento de um material básico
preparado para palestra~
proferidas no CONFEA em 2001
destinadas a arqulte tos
engenheiros e construto res
patrocinadas na oportunidade pel•
CREA-DF e pelo Sindicato do
Engenheiros Civis do Dístr-it
Federal, e que, na seqüência, f •
melhorado para o 1º Congresso d
Acústica do Centro Oeste em 200·
realizado na FINAT E C
Universidade de Brasília

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