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ACÚSTICA

ARQUITETÔNICA
Régio Paniago Carvalho

ACÚSTICA
ARQUITETÔNICA
2a edição
Revista e Ampliada

Arch-Tec®
© by Régio Paniago Carvalho - 2006

2a edição - 2010

Ficha Técnica

Revisão:
Régio Paniago Carvalho e João Carlos Taveira

Arte final e Capa:


Victor Tagore e Cassia Caroline Ramiro Rocha

Ilustrações:
Marcelo Borges Faccenda e Jonatan Gonçalves

Imagens Fotograficas:
Ivan Lopes Franco

Diagramação:
Cláudia Gomes

ISBN 978-85-7062-877-0

C331a Carvalho, Régio Paniago


Acústica Arquitetônica / Régio Paniago
Carvalho. 2. ed. – Brasília : Thesaurus,
2010.

238 p. ; il.

1. Acústica, Brasil 2. Arquiteruta I. Título

CDU 534.8:72
CDD 534

Todos os direitos em língua portuguesa, no Brasil, reservados de acordo com a lei. Nenhuma parte deste livro pode ser
reproduzida ou transmitida de qualquer forma ou por qualquer meio, incluindo fotocópia, gravação ou informação com-
putadorizada, sem permissão por escrito do Autor. THESAURUS EDITORA DE BRASÍLIA LTDA. SIG Quadra 8, lote 2356
- CEP 70610-480 - Brasília, DF. Fone: (61) 3344-3738 - Fax: (61) 3344-2353 * End. Eletrônico: editor@thesaurus.com.br
*Página na Internet: www.thesaurus.com.br - Arch-Tec® - www.arch-tec.com.br / arch-tec@arch-tec.com.br

Composto e impresso no Brasil / Printed in Brazil


Agradecimentos

A todos que, direta ou indiretamente, de alguma


forma contribuiram para o desenvolvimento deste
projeto, e em especial à minha família pela paci-
ência e compreensão e aos meus colegas de traba-
lho: meus filhos Bruno (arquiteto) e César (estu-
dante de arquitetura) e arquitetos Adriane Pastore,
Jonatan Gonçalves, Marcelo Borges Faccenda e
Wiliam Farkatt Tabosa.

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Perfil do autor

Paixão pela acústica: texto parcial de impressões sobre o autor, em en-


trevista publicada na edição nº 12 de 28/06/2009 do portal Vibranews
(www.vibranews.com.br), informativo eletrônico da Vibrason - SP
(www.vibrason.com.br)

Basta conversar alguns minutos com o arquiteto Régio Paniago


Carvalho para ficar convencido de seu talento e paixão pela acústica. Este
sentimento, com certeza, mobiliza esse goiano (55 anos) a tocar seus pro-
jetos, nos quais combina base científica com extrema sensibilidade e per-
feito domínio dos segredos da arquitetura. Formado pela Universidade
de Brasília, iniciou sua vida profissional na implantação da então recém
constituida Radiobrás na Amazônia Legal na década de 70. Lá, enfrentou
muitas dificuldades de acesso à informação especializada. Viu-se obriga-
do, então, a pesquisar a essência do comportamento acústico dos mate-
riais nas suas várias formas de aplicação, conciliando os recursos naturais
próprios de cada região com as necessidades das obras ali executadas...

Jornalista Ailton Fernandes


Opera Marketing – São Paulo-SP
www.operamarketing.com.br / ailton@operamarketing.com.br

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Comentários sobre a primeira edição

Gosto do livro de Régio Paniago, um dos livros que utilizo em mi-


nha disciplina de Conforto Acústico ministrada na Faculdade de Arqui-
tetura e Urbanismo - UNIEURO (Centro Universitário Euroamericano),
porque é bom de se ler, por sua redação clara, bem organizada e ilustra-
ções com qualidade gráfica. Prático, antes de tudo, desmitifica a acústica
por trazer os problemas do dia a dia do arquiteto e do engenheiro, do
músico, entre outros, constituindo-se em interessante fonte de consulta.

Miriam Nardelli, Dra. Arqta. (UnB-DF)


studiumarquitetura@gmail.com

O livro Acústica Arquitetônica apresenta os conceitos de acústica


num texto objetivo, claro e numa sequência de fácil entendimento para o
estudante. O arquiteto Régio Paniago Carvalho conseguiu transmitir as ba-
ses da acústica sem se valer de fórmulas matemáticas complexas, tornando o
livro acessível aos iniciantes no mundo da acústica. Além disso, ele apresenta
situações arquitetônicas específicas com recomendações para a condução de
um projeto acústico adequado. Este livro tem sido uma fonte de consulta
para realização dos nossos projetos acústicos, além de servir como base para
montagem do nosso curso a distância “Acústica - fundamentos e conceitos”.

Vitor Litwinczik, Dr. Eng. (UFSC-SC)


Consultor da SOBRAC - Sociedade Brasileira de Acústica
Sócio diretor da Anima Acústica – Tecnologia e Conhecimento, Florianópolis – SC
www.animacustica.com.br / vitor@animacustica.com.br

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É um prazer comentar sobre o livro “Acústica Arquitetônica” do
meu particular amigo e companheiro de 30 anos de jornada, arquiteto
Régio Paniago, obra da mais alta qualidade tanto no que diz respeito aos
preceitos teóricos como à gama de coeficientes de absorção acústica de
diversos materiais nela citados. Sugiro esta obra não somente para os
profissionais, mas também para os estudantes de arquitetura e engenha-
ria. Parabéns por este trabalho de grande valia para todos nós.

José Alberto Porto da Cunha Lobo, Eng. (UGF-RJ)


Membro Efetivo da SOBRAC - Sociedade Brasileira de Acústica
Sócio diretor da Implante de Acústica, Brasília – DF
www.implanteacustica.com.br / lobo@implanteacustica.com.br

Este livro veio para suprir a quase lacuna de tão poucas publica-
ções sobre acústica arquitetônica no Brasil. Na constante busca por um
novo estilo de vida, com conforto e bem-estar, esse material se mostra de
grande valia para a ACKOUSTIK, auxiliando nas soluções dos trabalhos
desenvolvidos por nossa empresa. O livro trata a questão com proprie-
dade, orientando a evitar problemas futuros e a aumentar a consciência
dos cidadãos.

Ivon Lopes Franco


Sócio diretor da ACKOUSTIK – Acústica e Projetos, Brasília - DF
www.ackk.com.br / ack@ackk.com.br

Acústica Arquitetônica - comentário sobre a primeira edi-


ção do livro, publicado no site da internet www.nosrevista.com.br em
14/02/2008: “Esse é o melhor livro de acústica que já li em minha vida,
parabéns ao arquiteto...”

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Nota do autor

Meus sinceros agradecimentos pelos comentários dos dou-


tores, colegas e parceiros que, em muito, me incentivaram a pro-
mover esta segunda edição do “Acústica Arquitetônica”.
Ao escrever um livro técnico o autor se expõe, e eu não sabia
que a coisa é tão intensa. Mas não houve susto, e está sendo muito
gratificante: não somente arquitetos e engenheiros adotaram esta
obra nas suas empreitadas, mas também advogados fundamen-
tando suas teses nos tribunais, médicos orientando seus pacientes,
igrejas direcionando suas instalações, músicos construindo seus
estúdios particulares, enfim um alcance surpreendente que não
consegui imaginar de começo. E mais uma surpresa agradável,
também não prevista na partida: muitas escolas de arquitetura e
engenharia, Brasil afora, passaram a adotar este trabalho na con-
dição de livro didático.
Devo admitir que o objetivo não somente foi alcançado,
como também superou as expectativas. Minha responsabilidade
aumentou, e muito.
E conforme disse na introdução, ainda na primeira edição,
na medida em que experimentássemos (nós da Arch-Tec) novos
desafios ao longo do tempo, acréscimos seriam introduzidos e al-
terações necessárias seriam procedidas, cumprindo a promessa de
uma coisa não estanque, mas um instrumento vivo e dinâmico.
Espero sinceramente que esta segunda edição, revisada e
ampliada, extrapolando inclusive em alguns exemplos de casos
que contém inseridas questões de conforto térmico e outros es-

11
pecíficos de acústica ambiental em nível do urbano e até do rural,
atenda a um número ainda maior de leitores.
Este trabalho, fruto de uma vivência profissional, continua
aberto a comentários e sugestões.
Aproveito a oportunidade para também agradecer ao expo-
ente português da divulgação da literatura brasileira contemporâ-
nea, Sr. Victor Alegria da Thesaurus Editora, que acreditou neste
trabalho quando da sua primeira edição, e ao seu filho, Victor Tago-
re Alegria, pela paciência e dedicação na sua produção editorial.
E mais uma vez, obrigado a todos.

Arq. Régio Paniago Carvalho – o autor


Responsável Técnico pela Arch-Tec®
www.arch-tec.com.br / regio@arch-tec.com.br

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Sumário

1. INTRODUÇÃO................................................................. 19

2. O SOM
2.1. Conceito...................................................................... 25
2.2. Ondas sonoras............................................................. 25
2.3. Freqüência e período.................................................. 26
2.4. Velocidade de propagação do som.............................. 27
2.5. Comprimento de onda................................................ 28
2.6. Intensidade do som..................................................... 28
2.7. Alcance do som........................................................... 29
2.8. Mascaramento do som................................................ 29
2.9. Difração do som.......................................................... 30
2.10. Refração do som....................................................... 31
2.11. Ressonância do som.................................................. 31
2.12. Reflexão do som....................................................... 31
2.13. Inteligibilidade.......................................................... 32
2.14. Reverberação............................................................ 32
2.15. Eco............................................................................ 33
2.16. Eco palpitante........................................................... 34
2.17. Ondas estacionárias.................................................. 34
2.18. O Decibel.................................................................. 35
2.19. Percepção auditiva do som....................................... 35
2.20. Atenuação do som devido à distância....................... 37
2.21. Somando decibéis..................................................... 38

3. RUÍDO
3.1. Conceito...................................................................... 41
3.2. Efeitos do ruído sobre o homem................................. 42
3.3. Ruído aéreo................................................................. 43
3.4. Ruído de impacto........................................................ 44
3.5. Verificação de níveis de ruído..................................... 44
3.6. O Decibel A: dB(A).................................................... 46
3.7. Níveis de ruído aceitáveis........................................... 47
3.8. Dose de ruído.............................................................. 49

4. COMPORTAMENTO ACÚSTICO DOS MATERIAIS


4.1. Conceito...................................................................... 55
4.2. Materiais e sistemas isolantes acústicos..................... 56
4.3. A Lei de Massa........................................................... 60
4.4. Isolamento acústico x comprimento de onda............. 61
4.5. O efeito Massa / Mola / Massa................................... 62
4.6. Materiais e sistemas absorventes acústicos................ 63

5. TRATAMENTO ACÚSTICO
5.1. Conceito...................................................................... 87
5.2. Isolamento acústico.................................................... 88
5.3. Absorção acústica....................................................... 90
5.4. Condicionamento acústico.......................................... 92
5.5. Tempo de reverberação............................................... 93
5.6. Tempo ótimo de reverberação.................................... 94
5.7. Geometria interna dos recintos................................... 96

6. QUESTÕES DE ACÚSTICA ARQUITETÔNICA


6.1. Esquadrias acústicas................................................... 103
6.2. Barreiras acústicas...................................................... 106
6.3. Atenuadores de ruído.................................................. 107
6.4. Ruídos em poços de ventilação de edifícios............... 109
6.5. Ruído de impacto em lajes de pisos............................ 112
6.6. Ruído de impacto em coberturas metálicas................ 119
6.7. Divisórias acústicas.................................................... 120
6.8. Ruído aéreo de motores.............................................. 122
6.9. Vibrações de máquinas e motores.............................. 124
7. TIPOLOGIAS ESPECÍFICAS
7.1. Ambientes de escritórios............................................. 129
7.2. Ambientes de televendas............................................ 133
7.3. Salas de reunião.......................................................... 136
7.4. Escolas de música....................................................... 138
7.5. Home Theaters............................................................ 141
7.6. Auditórios................................................................... 143
7.7. Ruído Industrial.......................................................... 146
7.8. Bares e restaurantes abertos........................................ 147

8. SOBRE ESTÚDIOS
8.1. Estúdios de rádio (locuções)....................................... 153
8.2. Estúdios de televisão.................................................. 156
8.3. Estúdios de gravação e/ou ensaios conjuntos............. 161

9. ESTUDO DE CASO 1 – SALA DE AULA...................... 167

10. ESTUDO DE CASO 2 – LOCUÇÃO DE RÁDIO......... 183

11. EXEMPLO DE CASO 1 – ESTÚDIO DE GRAVAÇÃO... 189

12. EXEMPLO DE CASO 2 – PEQUENO AUDITÓRIO........ 199

13. EXEMPLO DE CASO 3 – TEMPLO RELIGIOSO........ 207

14. EXEMPLO DE CASO 4 – QUESTÃO DE RUÍDO


URBANO......................................................................... 219

15. EXEMPLO DE CASO 5 – QUESTÃO DE RUÍDO


EM ÁREA RURAL........................................................... 229

16. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................ 237


1. INTRODUÇÃO
1. INTRODUÇÃO

O crescimento desordenado dos núcleos urbanos, o adven-


to das novas tecnologias da construção civil, questões de
ordem cultural, etc., têm provocado um aumento acentuado de
questões relacionadas ao conforto acústico.
Como matéria relativamente nova que se apresenta no Bra-
sil, não é necessário um estudo mais profundo para comprovar o
pouco conhecimento do assunto pela grande maioria dos colegas
de arquitetura e engenharia. Sabe-se muito pouco, ou quase nada,
sobre os conceitos que norteiam um bom projeto de acústica ar-
quitetônica. A bibliografia disponível, em português, resume-se
a poucos livros e tratados, que às vezes se perdem em demasiada
teoria ou nem sempre são encontrados com facilidade nas livra-
rias e bibliotecas.
A maioria dos arquitetos, construtores e engenheiros, ao
se depararem com situações que exigem maior atenção sobre o
assunto, limitam-se a reutilizar especificações e fórmulas aplica-
das em situações particulares, levando os projetos a apresentarem
equívocos de conforto acústico.
Proliferam-se, por conseguinte, os auditórios com gran-
des áreas revestidas com carpete, sem consistência técnica e com
atenção excessiva aos aspectos plásticos. Arquitetos com expe-
riência nessa área e conhecimento do comportamento acústico
dos materiais, podem projetá-los satisfatoriamente, com as mais
variadas plantas e volumes e revestir com gama interminável
de materiais.

19
R É G I O P A N I A G O C A R VA L H O

Por outro lado é crescente o número de reclamações quanto


às questões de ruído urbano, especificamente no tocante ao nú-
mero excessivo de veículos trafegando pelas ruas, casas noturnas
e até mesmo igrejas ou templos. Algumas vezes ouvimos depoi-
mentos de pessoas que dizem ter se “acostumado” com tais ruídos
próximos às suas residências e/ou locais de trabalho, quando na
realidade estão sofrendo a perda de sua sensibilidade auditiva.
Também as construtoras e incorporadoras, em sua busca
pela qualidade sempre crescente dos seus produtos, começam a
se preocupar com o ruído de impacto de sapatos nas lajes de en-
trepisos de um edifício, bem como com a transmissão de ruídos
através dos poços de ventilação de banheiros, do fluxo de líquidos
em tubulações hidráulicas e outras tantas situações.
A acústica arquitetônica transcendeu, então, os teatros,
igrejas, cinemas, estúdios, entre outros, passando a incorporar-se
em nosso dia-a-dia: salas de aula, escritórios, grupos geradores de
energia e até o impacto da chuva no telhado
O projeto de acústica arquitetônica deixou de ser um tema
acadêmico, enclausurado entre quatro paredes, para tornar-se
real. Passa a ser necessário, simultaneamente com o projeto de
arquitetura de edifícios, estruturas portantes, instalações prediais,
tratamento térmico, etc.
Dessa forma, elaboramos este trabalho, que a partir de agora
passa a nortear nossas consultas teóricas e procedimentos práticos
no tratamento destas questões, endereçado também àqueles que
buscam respostas rápidas e consistentes para tais procedimentos.
Seu embasamento teórico nos parece suficiente para as questões
abordadas. A intenção é nos atermos quase que exclusivamente
à experiência prática, eliminando considerações demasiadamente
teóricas que possam tornar estes escritos desinteressantes ou ina-
dequados à sua meta.

20
ACÚSTICA ARQUITETÔNICA

E, na medida em que experimentarmos novos desafios, este


texto poderá receber acréscimos e/ou alterações, não se consti-
tuindo então em uma coisa estanque, mas em um instrumento
vivo e dinâmico.
Na necessidade de aprofundamento dos temas aqui apre-
sentados deveremos consultar nossa biblioteca atualmente dispo-
nível, bem como nosso banco de dados.

Brasília-DF, janeiro de 2004.

Arq. Régio Paniago Carvalho


Responsável Técnico pela Arch-Tec®

21
2. O SOM
2. O SOM

2.1. Conceito
O som é toda vibração ou onda mecânica gerada por um
corpo vibrante, passível de ser detectada pelo ouvido humano.
A partir da fonte, o som se propaga em todas as direções, se-
gundo uma esfera. Entretanto, dependendo da fonte sonora, pode
haver uma maior concentração de energia em um determinado
sentido evidenciando-se assim seu direcionamento.
O som requer um meio qualquer para se propagar (sólido,
líquido ou gasoso). Dessa forma, pode-se concluir que o som não
se propaga no vácuo.

2.2. Ondas sonoras


São os resultados das oscilações de moléculas do meio de pro-
pagação, em torno de suas posições de equilíbrio. A título exclusivo

25
R É G I O P A N I A G O C A R VA L H O

de fácil compreensão do fenômeno, a água superficial de uma lagoa


(meio elástico) quando excitada, gera ondas: espaços de pressão e
depressão (energia cinética) passando por uma região de referência
(energia potencial).

2.3. Freqüência (f) e período (T)


Exercida uma pressão em um meio elástico ocorrem ocila-
ções cíclicas de pressão/depressão, em intervalos de tempo (pe-
ríodo) maiores ou menores. A freqüência é então o número de
oscilações (ou ciclos) por unidade de tempo (período).

26
ACÚSTICA ARQUITETÔNICA

O desenho anterior evidencia que a freqüência (expressa em


ciclos por segundo ou Hertz) é inversamente proporcional ao pe-
ríodo (expresso em segundos): f=1/T.
Classificação das ondas sonoras quanto à freqüência

2.4. Velocidade de propagação do som (C)


O som se propaga em velocidade diretamente proporcional
à densidade do meio.
No ar, a 20ºC e ao nível do mar, C (velocidade de propaga-
ção) = 343 m/seg.
A velocidade de propagação do som:
• é diretamente proporcional à temperatura;
• é diretamente proporcional à umidade;
• não sofre influência da pressão atmosférica;
• não varia com a freqüência.

Outras velocidades de propagação do som

27
R É G I O P A N I A G O C A R VA L H O

2.5. Comprimento de onda (λ= C/f)


É a distância percorrida pela onda sonora segundo um ciclo
completo de pressão/depressão:

Nestes termos, no ar, o comprimento de uma onda de fre-


qüência 100Hz será:

λ = 343 / 100 = 3,43m

2.6. Intensidade do som


É a energia com que o som chega ao receptor, energia essa
que não altera a freqüência do som.

28
ACÚSTICA ARQUITETÔNICA

2.7. Alcance do som


Experiência realizada em Lyon, junto às margens do rio Sena
e sobre os lagos Annecy e Lehman na França, para analisar as boas
propriedades refletoras da água, chegou à seguinte conclusão: ao se
posicionar adequadamente uma fonte em frente a um espelho d’água
de grande extensão, um som pode alcançar 1.500 metros de distância
e, dependendo das circunstâncias, chegar até a 2.500 metros.

2.8. Mascaramento do som


Consiste na sobreposição de sons, ou seja, dois ou mais
sons percutem ao mesmo tempo no mesmo ambiente e se “em-
baralham”, dificultando sua identificação. Nesses casos, o som de
maior intensidade sobrepõe-se ao de menor intensidade

29
R É G I O P A N I A G O C A R VA L H O

2.9. Difração do som


Consiste na propriedade que uma onda sonora possui de
transpor obstáculos posicionados entre a fonte sonora e a recep-
ção, mudando sua direção e reduzindo sua intensidade.

30
ACÚSTICA ARQUITETÔNICA

2.10. Refração do som


Recebe o nome de refração a
mudança de direção que uma onda
sonora sofre quando passa de um
meio de propagação para outro. Essa
alteração de direção é causada pela
brusca variação da velocidade de propagação que sofre a onda.

2.11. Ressonância do som


Vibração de determinado corpo por influência da vibração
de outro, na mesma faixa de freqüência.
Superfícies rígidas de pequenas massas, ao vibrarem por essa
influência, tendem a se quebrarem: um copo de cristal ao som de um
violino ou a vidraça de uma janela, ao ruído de um avião a jato.

2.12. Reflexão do som


Analisando vetorialmente uma onda sonora, o comporta-
mento é exatamente o mesmo da ótica física:

31
R É G I O P A N I A G O C A R VA L H O

2.13. Inteligibilidade
Inteligibilidade é a principal característica acústica de um
ambiente, pois reflete o grau de entendimento das palavras em seu
interior. Para locais onde a comunicação é primordial (auditórios,
cinemas, teatros, igrejas, salas de aulas e conferências, etc.), a boa
inteligibilidade acústica é um fator decisivo.
Quando se refere à comunicação em um ambiente, a inte-
ligibilidade é definida como “inteligibilidade acústica da lingua-
gem”.

2.14. Reverberação
Consiste no prolongamento necessário de um som produ-
zido, a título de sua inteligibilidade em locais mais afastados da
fonte produtora. Isso se dá basicamente em recintos fechados.
Esse prolongamento deverá ser maior quanto maior for a
distância entre a fonte e a recepção, ou ainda, quanto maior for o
volume interno do recinto.

32
ACÚSTICA ARQUITETÔNICA

2.15. Eco
O eco é um fenômeno que acontece quando o som, refletido
por uma ou mais superfícies, retorna a um mesmo receptor num
intervalo de tempo maior que 1/15 do segundo.

A partir de 22 metros do anteparo o ouvinte escuta dois


sons: note que a distância percorrida dividida pela velocidade do
som no ar é igual a 1/15 de segundo.
E quando o intervalo de tempo é de 1/10 do segundo, a dis-
tinção é perfeitamente nítida até para sons articulados. Isto equi-
vale a um percurso total de 34 metros. Esse fato se explica pela
diferença de tempo de vibração da membrana basilar do ouvido
humano (maior que 50 milissegundos), que ocorre quando a dife-
rença entre as distâncias percorridas pelo som direto e pelo refle-
tido é maior que 17 metros.
Em recintos fechados, se o prolongamento do som (re-
verberação) for além do necessário, teremos aí estabelecido
um eco.

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R É G I O P A N I A G O C A R VA L H O

2.16. Eco palpitante


O eco é classificado como palpitante quando se observam suces-
sivas reflexões entre paredes paralelas de uma sala, por exemplo.

2.17. Ondas estacionárias


Este fenômeno, de ocorrência basicamente em recintos fe-
chados com paredes convergentes formando ângulos menores que
90o, consiste na superposição de duas ondas de igual freqüência,
mesma amplitude, mesmo comprimento, mesma direção e que se
propagam em sentidos opostos. Com a sobreposição, a coincidên-
cia dos comprimentos de onda faz com que seus nós e seus ventres
ocupem alternadamente as mesmas posições, produzindo a sen-
sação de desconforto auditivo conhecido como onda estacionária.

34
ACÚSTICA ARQUITETÔNICA

2.18. O Decibel
O bel é a unidade de intensidade física relativa ao som. Re-
cebe esse nome em homenagem a Alexander Graham Bell, inven-
tor do telefone. Foi utilizado naquela oportunidade para medições
de perdas em linhas telefônicas.
Para medições de níveis de ruídos utiliza-se o Decibel (dB),
unidade que equivale à décima parte de um bel.

i = 10 x log10 I/Io , onde:

• i é a intensidade física relativa expressa em dB;


• I é a intensidade física absoluta do mesmo som;
• Io é a intensidade do som correspondente ao limiar da per-
cepção (Io = 10-16 W/cm² para 1000 Hz).

Se para existir um som é necessário uma variação da pres-


são do meio ambiente (P), pode-se afirmar que a medida de um
nível de pressão sonora (NPS) também pode ser quantificada com
base na variação de pressão do meio ambiente: 20 log10 P/P0.
Nestes termos, se um som tem pressão sonora 1.000 ve-
zes a pressão ambiente, NPS=20 x log101.000, então este som é
de 60 dB.

2.19. Percepção auditiva do som


O ouvido humano não percebe sons de freqüências diferen-
tes de forma igual. A membrana basilar apresenta diferentes níveis
de percepção ao longo de sua extensão, segundo uma gama de fai-
xas de freqüências que pode oscilar, de pessoa para pessoa, entre

35
R É G I O P A N I A G O C A R VA L H O

20Hz e 20000Hz, tendo em sua região mediana a percepção em


1000Hz.

A partir de resultados de experiências sobre a sensibilidade


do ouvido humano à pressão sonora, Fletcher e Munson construí-
ram curvas de variação dessa sensibilidade em função da freqüên-
cia dos sons, as curvas isofônicas:

36
ACÚSTICA ARQUITETÔNICA

Conforme se pode ob-


servar, estabelecido então o
patamar médio de 1000Hz
(parte intermediária da
membrana basilar do ouvi-
do humano), a sensibilidade
auditiva do ouvido humano
evidencia, no que diz respeito
à intensidade sonora, acréscimos em princípio para as freqüências
mais altas e diminui na média para as freqüências mais baixas.
Note que as curvas isofônicas permitem que se compa-
re sons de freqüências diferentes: um som de 50dB a 1000Hz é
percebido pelo ouvido humano como outro de 15dB a 100Hz, ou
como outro ainda de 38dB a 10.000Hz.

2.20. Atenuação do som devido à distância

• posição inicial: 10 metros da fonte;


• NR na posição inicial = 80 dB;
• posição final: 20 metros da fonte;
• NR na posição final: 80 - (20 x log1020/10) = 73,98 dB.
Se ao dobrarmos a distância com relação à fonte percebe-
mos uma atenuação do ruído da ordem de 6 dB, da mesma forma,
ao reduzirmos a distância à metade da original perceberemos um
acréscimo da ordem de 6 dB.

37
R É G I O P A N I A G O C A R VA L H O

2.21. Somando decibéis


Como grandezas logarítmicas que são, não se pode somar
decibéis linearmente: 70 dB + 80 dB ≠ 150 dB.

70 dB = 10 x log10 I1/I0, então I1/I0 = 107


80 dB = 10 x log10 I2/I0, então I2/I0 = 108
NPS (dB) = 10 x log10 (107 + 108)
NPS (dB) = 10 x log10 (10.000.000 + 100.000.000)
NPS (dB) = 10 x log10 110.000.000
NPS (dB) = 80,41 dB

Observe ainda que a soma de dois níveis de ruídos (NR) de


iguais intesidades e acrescenta ao sistema 3 dB: 60 dB + 60 dB = 63 dB

38
3. O RUÍDO
3. O RUÍDO

3.1. Conceito
Costuma-se dizer que ruído é todo som indesejável. Entre-
tanto esse conceito é muito subjetivo, uma vez que o que é consi-
derado ruído para algumas pessoas pode ser entendido como som
para outras: uma banda de música, por exemplo! Tecnicamente
pode-se dizer que ruído é uma oscilação intermitente/aleatória.

Classificam-se em:
• ruídos aéreos;
• ruídos de impacto.

Os primeiros esforços realizados para se controlar o nível de


ruído tinham por objetivo basicamente a contenção dos sons de
tráfego aéreo e de atividade industrial. Atualmente, entretanto, a
maioria das pesquisas está voltada para a solução dos problemas
acústicos detectados nos ambientes cotidianos da atividade hu-
mana, tais como residências e escritórios.

41
R É G I O P A N I A G O C A R VA L H O

Há culturalmente uma associação errada da intensidade do


ruído com sua nocividade. Estudos realizados nos últimos anos,
contudo, comprovaram que a freqüência de um som é muito mais
importante para se determinar sua nocividade do que propria-
mente a sua intensidade.

3.2. Efeitos do ruído sobre o homem


Já há muito, desde a segunda metade do século passado, vêm
sendo feitos estudos e publicados artigos em nível internacional,
incentivados pela Organização Mundial de Saúde, sobre questões
de ruídos e seus efeitos sobre o homem.
Médicos, fonoaudiólogos e outros especialistas já dispõem
de bibliografia extensa sobre os malefícios causados por esse sub-
produto do progresso, tais como:

• perda parcial (e até mesmo total) da audição;


• problemas gastrointestinais e cardiovasculares decor-
rentes das sucessivas contrações musculares;
• problemas respiratórios e de secreções hormonais; e o
mais inquietante,
• distúrbios no sistema nervoso é o que mais sofre com as
agressões sonoras: o sistema nervoso simpático ao ser
excitado enrigece os orgãos que ele governa, induzindo
ao aumento da pressão arterial, por exemplo.

Entre os órgãos dos sentidos, também a visão pode ser afe-


tada pelo ruído. Quanto ao sistema nervoso central, o ruído pode
abalá-lo seriamente: médicos já atribuem ao ruído parte da res-
ponsabilidade na manifestação de um caso de nevrose em cada

42
ACÚSTICA ARQUITETÔNICA

três pessoas e quatro casos de dor de cabeça em cada cinco, sem


falar dos atos de violência, das depressões e das sensações gene-
ralizadas de fadiga, que não se sabe como nasceram, mas que são
sentidas claramente. Ao ruído já se atribui responsabilidade até
mesmo para o desestímulo sexual.
Não importa a procedência: seja o ruído aeronáutico, ruído
urbano, ruído industrial, nos grandes escritórios ou centros co-
merciais e até mesmo em habitações isoladas (eletrodomésticos
em funcionamento), o ruído incomoda e causa malefícios à saúde:
isto é fato inquestionável, largamente estudado e comprovado

3.3. Ruído aéreo


Como o próprio nome define, é o ruído transmitido através
do ar: vozes, buzinas, etc.
Na seqüência, vemos um quadro aproximado das variações
de ruídos aéreos mais comuns a que estamos expostos:

dB

43
R É G I O P A N I A G O C A R VA L H O

3.4. Ruído de impacto


Ruído decorrente de qualquer percussão sobre um sólido
(ou membrana flexível): queda de objetos, marteladas, passos,
tambor e outros.
Tecnicamente, entende-se por ruído de impacto aquele que
apresenta picos de energia acústica de duração inferior a 1 (um)
segundo, a intervalos superiores a 1 (um) segundo.

Note bem que, conforme demonstrado no croqui acima,


um impacto sobre uma laje de piso de um edifício promove, além
do ruído decorrente da sua vibração, excitação do sistema estru-
tural do edifício e de suas paredes, gerando dessa forma fontes
secundárias de ruído.

3.5. Verificação de níveis de ruído


Em virtude da natureza deste trabalho (acústica arquitetô-
nica), entendemos como suficiente concentrarmos a atenção em
um equipamento portátil de medição de intensidade sonora, co-
mumente conhecido como decibelímetro.

44
ACÚSTICA ARQUITETÔNICA

O equipamento básico dispõe dos seguintes recursos:


• curva de compensação “A”: a resposta desta curva é a que
mais se aproxima das características de resposta do ouvido
humano para ruídos aéreos de baixa intensidade;
• curva de compensação “C”: resposta linear entre 20Hz
a 20.000Hz, geralmente utilizada para estudo e fiscaliza-
ção de ruídos de impacto (na falta de equipamento mais
apropriado);

• resposta “lenta” (slow): o resultado ignora as flutuações,


informando a média do ruído ambiente;
• resposta “rápida” (fast): utilizada para medidas de picos
de ruídos.

45
R É G I O P A N I A G O C A R VA L H O

No processo de aferição de ruídos deverão ser observados


os seguintes quesitos:
• verificação da bateria e calibragem do instrumento;
• consultar as normas e regras aplicáveis para o equipa-
mento utilizado, bem como as técnicas adequadas;
• realizar algumas aferições de orientação, antes de anotar
os valores reais, buscando o posicionamento correto;
• utilizar o circuito adequado (geral A) e a resposta
• verificar ruídos de fundo;
• não realizar a aferição atrás de objetos que possam fun-
cionar como bloqueios ou sombreamento ao som;
• se a aferição for realizada ao ar livre, utilizar um pára-
vento;
• ao fim da aferição, conservar um relatório claro e com-
pleto de todo o processo, juntamente com os resultados
obtidos.

3.6. O Decibel A: dB(A)


É difícil obter com um só valor a medida de um nível acústico,
ou seja, um valor objetivo que se aproxime o máximo possível da per-
cepção do ouvido humano (que é diferente de pessoa para pessoa).
O sistema empregado universalmente para definir com um
só valor o nível de pressão acústica é o dB(A). Essa medida está
baseada nas curvas isofônicas, comentadas anteriormente, sobre
a sensibilidade do ouvido humano em função da freqüência. É
obtida mediante a média ponderada entre o espectro do ruído e
a curva seguinte, que se conhece como a curva de ponderação
“A”. Esta curva é utilizada para compensar as diferenças de sen-
sibilidade que o ouvido humano tem para a gama de freqüências
dentro do campo auditivo.

46
ACÚSTICA ARQUITETÔNICA

A aferição em dB(A) é aceita internacionalmente como o


valor que mais se aproxima da sensação de audibilidade humana
(ouvido padrão) produzida pela música, palavra e ruídos mais co-
muns, inclusive os de tráfego urbano e de eletrodomésticos, desde
que se tratem de ruídos que não evidenciem tons predominantes.
Na tabela seguinte estão especificados os valores tomados
na curva de ponderação “A” para uma margem de freqüências co-
muns no cotidiano:

Este exemplo prático é da maior importância para inter-


venções em nível de acústica arquitetônica. Significa dizer que, na
falta de equipamento apropriado para medir sons/ruídos segundo
a gama total de freqüências em que eles ocorrem, acrescentam-se
ou diminuem-se os coeficientes sugeridos pela curva de ponde-
ração “A” para se ter uma idéia muito próxima, na realidade, do
que o ouvido humano percebe efetivamente em outras faixas de
freqüências.

3.7. Níveis de ruído aceitáveis


A exposição excessiva a sons de alta intensidade por longa
duração pode causar danos psicológicos e físicos irreversíveis. Por
exemplo, a intensidade sonora das turbinas de avião e jatos a curta
distância chega a 120 dB(A), valor este que causa dor e está a ape-
nas 30dB(A) abaixo da intensidade que causa perda instantânea
da audição: 150dB(A).

47
R É G I O P A N I A G O C A R VA L H O

Em locais de trabalho é aconselhado o uso de protetores auri-


culares a partir de 85 dB(A) de ruído (o equivalente ao constatado
no tráfego pesado), e o valor ideal varia em função da atividade do
local, mas a partir de 65 dB(A) (equivalente à conversação normal)
pode ocorrer irritação em nível psicológico e fadiga mental e física.
Isso varia de um indivíduo para o outro, em função da maior
ou menor sensibilidade auditiva: o ouvido humano é diferente de
pessoa para pessoa, daí a necessidade de se estabelecer níveis de
ruídos aceitáveis por aferição instrumental.

48
ACÚSTICA ARQUITETÔNICA

Nota: o valor inferior da faixa representa o nível sonoro


para conforto, enquanto o valor superior significa o nível sonoro
máximo aceitável para a respectiva finalidade.

3.8. Dose de ruído


Nos termos da Legislação de Segurança, Higiene e Medicina
do Trabalho, estabeleceu-se que:
• não é permitida a exposição a níveis de ruído superiores
a 115 dB(A) para indivíduos que não estejam adequa-
damente protegidos (ruídos do tipo contínuo e intermi-
tente, aferidos por decibelímetro operando em circuito
de compensação “A” e circuito de resposta lenta);
• o limite de tolerância aos ruídos de impacto é de 130 dB
(linear) quando avaliados com equipamento apropriado.
Na falta desse equipamento, será válida a leitura feita no
circuito de resposta rápida e circuito de compensação “C”,
admitindo-se no caso tolerância máxima de 120 dB(C).

49
R É G I O P A N I A G O C A R VA L H O

A mesma Legislação estabelece limites de tolerância para


ruídos contínuos e intermitentes conforme o que se segue:

50
ACÚSTICA ARQUITETÔNICA

Durante uma jornada de trabalho ocorrem dois ou mais pe-


ríodos de exposição a níveis diferentes de ruídos. Nesses casos de-
verão ser considerados seus efeitos combinados conforme o que
se segue:

(C1/t1) + (C2/t2) + (C3/t3) + .............. +(Cn/tn) = dose de ruído,

onde Ci é o tempo total no dia que o trabalhador fica exposto a


determinado nível de ruído e ti a máxima exposição diária per-
missível a este nível de ruído.

O resultado desta operação define as providências que de-


vem ser tomadas em nível coletivo (no ambiente de trabalho):

51
4. COMPORTAMENTO
ACÚSTICO DOS
MATERIAIS
4. COMPORTAMENTO
ACÚSTICO DOS MATERIAIS

4.1. Conceito
Na natureza, todo e qualquer material responde acustica-
mente conforme o seguinte:

Quando uma onda sonora incide sobre um obstáculo, gera


quatro situações distintas: parte dela é transmitida através do ma-
terial (via aérea), parte é propagada através do material (via sólida,
vide 6.5), parte é absorvida pelo obstáculo e o restante é refletido
para o ambiente de origem da fonte.
Se um material retém uma quantidade maior de ondas so-
noras, transformando-as em energia térmica, dizemos que ele tem
boa absorção acústica.

55
R É G I O P A N I A G O C A R VA L H O

Se o material reflete grande parte da energia sonora inci-


dente, evitando que ela seja transmitida de um ambiente para o
outro, caracteriza-se como um bom isolante acústico. De acordo
com esse conceito, podemos concluir que um material que reflita
uma grande parte das ondas sonoras será um bom isolante, e con-
seqüentemente, um mau absorvente, valendo o mesmo raciocínio
para uma situação inversa: se uma onda sonora for absorvida em
grande parte por um material, pouco restará para ser refletido ou
transmitido.
Podemos fazer a composição de um material absorvente
com um material isolante para conseguirmos ambos efeitos si-
multaneamente, contudo, isso já deixa de ser apenas um material
simples, passando a compor-se de um sistema de materiais. Con-
seguir um único material que isole e absorva bem o som tem se
mostrado um objetivo um tanto inviável na prática.

4.2. Materiais e sistemas isolantes acústicos


A variação da pressão acústica de um determinado am-
biente induz os anteparos/superfícies nas imediações a vibrarem.
É esse processo vibratório que gera, do outro lado da superfície,
uma fonte sonora secundária.

56
ACÚSTICA ARQUITETÔNICA

Constata-se então, de partida, que quanto maior for a mas-


sa da superfície em questão, menor a probabilidade dela vibrar e,
conseqüentemente, de transmitir.
A aferição exata do nível de isolamento acústico IA de ma-
teriais & sistemas é obtida em laboratório. A seguir, tabela com
alguns índices de isolamento acústico IA (dB) 500Hz obtidos de
fontes diversas:

57
R É G I O P A N I A G O C A R VA L H O

58
ACÚSTICA ARQUITETÔNICA

59
R É G I O P A N I A G O C A R VA L H O

4.3. A Lei de Massa


Na falta de informações precisas sobre índices de isolamen-
to acústico, adota-se a Lei de Massa, obtida originalmente de for-
ma empírica e posteriormente confirmada pela teoria.

Com base na densidade superficial (δS) de um material puro


qualquer é que se calcula seu isolamento acústico à freqüência de
500Hz: IA = 20 x log (δS).
Note-se que, com base no gráfico anterior, a duplicação da
massa de um determinado material não implica em dobrar seu ín-
dice de isolamento acústico, mas somente lhe conferirá um acrés-
cimo de 6 dB de isolamento.

60
ACÚSTICA ARQUITETÔNICA

Da mesma forma, para um material X qualquer:

A seguir, massas de alguns materiais:

4.4. Isolamento acústico x comprimento de onda


Observa-se que, nos termos da Lei de Massa, os materiais
são melhores isolantes acústicos às freqüências mais altas.
Isto decorre basicamente do comprimento de uma determina-
da onda sonora: bloquear integralmente uma onda sonora requer in-
terromper totalmente sua propagação, o que só se consegue aumen-
tando a espessura da superfície e bloqueando esta onda a 1/4 λ:

61
R É G I O P A N I A G O C A R VA L H O

λ
λ

Note bem que, bloquear com consistência ondas sonoras à


freqüência de 125Hz implica em, além da referência de densidade
superficial, termos anteparo de espessura não inferior a 68,5cm,
conforme mostra o cálculo a seguir :
λ = C/f = 343m/seg / 125Hz = 2,74m
λ /4 = 2,74 / 4
λ /4 =68,5cm

O mesmo nível de ruído à freqüência de 1.000Hz estará blo-


queado com anteparo de apenas 8,6cm de espessura.

4.5. O efeito Massa / Mola / Massa


Um aspecto relevante no que diz respeito à capacidade de
isolamento acústico de sistema de materiais, consiste em gerarmos
espaços vazios em seu interior, ou ainda preenchidos com material
absorvente acústico, conforme demonstrado no croqui a seguir:

62
ACÚSTICA ARQUITETÔNICA

Este é o efeito comumente conhecido como massa/mola/massa.


Cumpre-nos comentar dois aspectos relevantes:
• quanto maior a massa da mola, maior a capacidade de
isolamento acústico do sistema;
• quanto maior o afastamento entre as placas externas, me-
lhor o isolamento acústico obtido às baixas freqüências.

4.6. Materiais e sistemas absorventes acústicos


Bons absorventes acústicos são necessariamente materiais
macios, porosos ou fibrosos, que têm a capacidade de absorver
sons que neles incidem, conforme croqui a seguir:

Em função das formas e dimensões dos poros ou das fibras


desses materiais é que se explica a variação de suas absorções
acústicas, conforme as faixas de freqüência. Com base no compri-
mento de onda, é compreensível, portanto, que geralmente os ma-
teriais absorventes acústicos sejam melhores absorventes às altas
freqüências que às baixas.

63
R É G I O P A N I A G O C A R VA L H O

Gráfico básico de análise das absorções acústicas de um ma-


terial hipotético conforme as variações de freqüências:

No entanto, o comportamento acústico dos materiais pode


ser alterado em função das suas condições de aplicação (direta-
mente sobre superfície rígida, sobre superfície elástica, afastado
de superfícies, função do afastamento entre apoios, etc.). Da mes-
ma forma acontece em função da aplicação de tintas ou outros
elementos sobre os mesmos, bem como utilizados segundo siste-
mas absorventes, tudo conforme o que se segue graficamente:

64
ACÚSTICA ARQUITETÔNICA

65
R É G I O P A N I A G O C A R VA L H O

Precisar os coeficientes de absorção acústica dos mais


diversos materiais e sistemas é tarefa laboratorial. Algumas in-
dústrias fornecem esses coeficientes segundo a gama de apre-
sentações dos seus produtos (espumas absorventes, lãs de ro-
cha e de vidro, etc.). A seguir, coeficientes de absorção acústica
de alguns materiais básicos e sistemas (0,5 = 50% de absorção
acústica):

COEFICIENTES DE ABSORÇÃO ACÚSTICA (a)

66
Fonte Item Descrição 125Hz 250Hz 500Hz 1000Hz 2000Hz 4000Hz
PISOS
PER 001 cimentado liso 0,01 0,012 0,012 0,012
PL&DT 002 concreto liso 0,01 0,02 0,02
PL&DT 003 concreto rústico 0,02 0,02 0,05
PL&DT 004 granilite 0,01 0,02 0,02
outros 005 cerâmica 0,01 0,01 0,01 0,02 0,02 0,02
D&C 006 mármore e granito 0,01 0,01 0,01 0,01 0,02 0,02
D&C 007 borracha lisa 0,02 0,03 0,03 0,03 0,03 0,02
EUC 008 linóleo ou paviflex 0,02 0,03 0,035 0,04
D&C 009 parquê sobre concreto 0,04 0,04 0,07 0,06 0,06 0,07
CON 010 parquê sobre areia 0,20 0,15 0,13 0,12 0,09 0,06
ABNT 011 tacos de madeira colados 0,04 0,04 0,06 0,12 0,10 0,17

67
CON 012 réguas de madeira encerada sobre piso de concreto 0,15 0,11 0,10 0,07 0,06 0,07
CON 013 réguas de madeira encerada com espaço livre por baixo 0,40 0,30 0,20 0,17 0,15 0,10
outros 014 Plurigoma 0,04 0,08 0,10
TAPETES E CARPETES
ABNT 015 tapete de borracha 3mm 0,04 0,04 0,08 0,12 0,03 0,10
ACÚSTICA ARQUITETÔNICA

ABNT 016 tapete bouclé duro 0,03 0,03 0,04 0,10 0,19 0,35
ABNT 017 tapete bouclé macio 0,08 0,20 0,52
ABNT 018 tapete 5mm de espessura 0,04 0,04 0,15 0,29 0,52 0,59
ABNT 019 tapete 5mm sobre base de feltro 5mm 0,07 0,21 0,57 0,68 0,81 0,72
outros 020 tapete pesado sobre feltro ou espuma de borracha 0,08 0,24 0,57 0,69 0,71 0,73
CON 021 tapete de lã 15mm, forrado 0,20 0,25 0,35 0,40 0,50 0,75
PER 022 carpete simples 6mm 0,12 0,10 0,10
CON 023 carpete simples 6mm, forrado 0,10 0,25 0,40
Fonte Item Descrição 125Hz 250Hz 500Hz 1000Hz 2000Hz 4000Hz
outros 024 carpete Fademac Muralflex 0,02 0,04 0,08 0,18 0,28 0,38
FAD 025 carpete Fademac Evolution 5mm 0,01 0,03 0,07 0,14 0,24 0,34
FAD 026 carpete Fademac Evolution 7mm 0,01 0,04 0,10 0,16 0,29 0,45
CON 027 carpete de juta 0,02 0,02 0,04 0,08 0,16 0,27
carpete fino forrado c/ feltro fino sobre tábua corrida/
PL&DT 028 0,20 0,30 0,30
assoalho
PAREDES
D&C 029 alvenaria de tijolos cerâmicos sem reboco 0,03 0,03 0,03 0,04 0,05 0,07
D&C 030 alvenaria de tijolos cerâmicos sem reboco, pintada 0,01 0,01 0,02 0,02 0,02 0,03
D&C 031 bloco de concreto aparente 0,36 0,44 0,31 0,29 0,39 0,25
D&C 032 bloco de concreto pintado 0,10 0,05 0,06 0,07 0,09 0,08
PL&DT 033 bloco de concreto celular aparente 0,20 0,60 0,50

68
ABNT 034 reboco áspero pintado à cal 0,03 0,03 0,03 0,03 0,04 0,07
ABNT 035 reboco liso 0,02 0,02 0,02 0,02 0,03 0,06
D&C 036 gesso áspero sobre alvenaria 0,02 0,03 0,04 0,05 0,04 0,03
D&C 037 gesso liso sobre alvenaria 0,013 0,015 0,02 0,03 0,04 0,05
ABNT 038 estuque 0,03 0,04 0,07
R É G I O P A N I A G O C A R VA L H O

CON 039 reboco de vermiculite não acústico 30mm 0,12 0,10 0,07 0,09 0,07 0,07
CON 040 reboco de vermiculite acústico 30mm 0,23 0,30 0,37 0,42 0,48 0,46
CON 041 reboco fibroso 0,35 0,30 0,20 0,55 0,10 0,04
EUC 042 azulejo cerâmico 0,01 0,012 0,015
EUC 043 pastilha cerâmica 0,012 0,015 0,016
outros 044 papel sobre parede 0,02 0,04 0,07
PER 045 cortiça 8mm sobre parede 0,08 0,08 0,31 0,22
PER 046 cortiça 19mm sobre parede 0,09 0,06 0,21 0,22
Fonte Item Descrição 125Hz 250Hz 500Hz 1000Hz 2000Hz 4000Hz
PER 047 cortiça 25mm sobre parede 0,08 0,37 0,30 0,47
PER 048 parede tijolos de vidro 95mm 0,03
outros 049 lambri de madeira 0,08 0,07 0,06 0,06 0,06 0,05
CON 050 concreto aparente sem pintura 0,01 0,01 0,02 0,02 0,02 0,03
EUC 051 concreto rebocado pintado a cal 0,015 0,02 0,022 0,025
PER 052 concreto rebocado pintado a óleo 0,18
TETOS E FORROS BÁSICOS
CON 053 concreto aparente sem pintura 0,01 0,01 0,02 0,02 0,02 0,03
EUC 054 concreto rebocado pintado a cal 0,015 0,02 0,022 0,025
PER 055 concreto rebocado pintado a óleo 0,18
ABNT 056 gesso em placas 12,5mm 0,02 0,03 0,05
PER 057 gesso acartonado 12,5mm 0,29 0,05 0,07 0,09

69
EUC 058 telha de fibrocimento 0,01 0,012 0,012 0,012
outros 059 lambri de madeira 0,08 0,07 0,06 0,06 0,06 0,05
CON 060 tábuas de pinho 25mm 0,16 0,13 0,10 0,06 0,06
ESQUADRIAS
PER 061 porta de madeira compensada envernizada 0,05 0,03 0,03
ACÚSTICA ARQUITETÔNICA

PER 062 porta de madeira compensada pintada a óleo 0,04 0,03 0,03
ABNT 063 porta de madeira maciça 0,14 0,06 0,10
EUC 064 porta estofada (couro+feltro) 0,30
EUC 065 porta revestida em couro 0,09
D&C 066 esquadrias convencionais com vidro 0,35 0,25 0,18 0,12 0,07 0,04
D&C 067 grandes superfícies de vidro 0,18 0,06 0,04 0,03 0,02 0,02
vidros planos 3-4mm, com 50mm de espaço e
ABNT 068 0,23 0,11 0,09 0,01 0,01 0,03
amortecimento nas bordas
PL&DT 069 janelas com vidros de 4mm 0,30 0,10 0,05
Fonte Item Descrição 125Hz 250Hz 500Hz 1000Hz 2000Hz 4000Hz
PL&DT 070 janelas com vidros de 6mm 0,10 0,04 0,02
MOBÍLIA E ELEMENTOS DECORATIVOS
ABNT 071 poltrona estofada coberta de tecido 0,28 0,28 0,28 0,28 0,34 0,34
CON 072 poltrona de teatro de madeira 0,01 0,014 0,022 0,03 0,047 0,06
CON 073 poltrona com assento móvel de madeira compensada 0,02 0,02 0,02 0,04 0,04 0,03
poltrona com assento móvel de madeira compensada,
CON 074 0,09 0,13 0,15 0,15 0,11 0,07
revestida de couro
poltrona com assento e encosto sobre molas, revestida
CON 075 0,29 0,28 0,31 0,32
em veludo
PER 076 poltrona estofada de teatro 0,18 0,28 0,28
PER 077 poltrona estofada desocupada 0,49 0,80 0,88 0,82
EUC 078 cadeira comum de madeira 0,01 0,02 0,02 0,04 0,04 0,04
CON 079 cadeira de palha 0,01 0,02 0,02 0,02 0,02

70
ABNT 080 cadeira madeira, de assento móvel 0,05 0,05 0,05 0,05 0,08 0,05
ABNT 081 cadeira estofada chata, revestida em tecido 0,13 0,20 0,25
ABNT 082 cadeira estofada chata, revestida com couro sintético 0,13 0,15 0,07
cadeira de assento dobradiço, encosto com estofamento
ABNT 083 0,28 0,28 0,34
espesso, poroso, lado inferior do assento absorvente
CON 084 madeira maciça envernizada 50mm 0,10 0,05 0,04 0,04
R É G I O P A N I A G O C A R VA L H O

EUC 085 madeira pintada a óleo 0,04 0,03 0,03 0,03


EUC 086 quadro a óleo 0,28 0,28
PER 087 quadro negro 0,03 0,03 0,03
outros 088 piano de cauda 0,20 0,52 0,60 0,57 0,52 0,43
outros 089 estante de livros 0,11 0,33 0,90 0,60 0,79 0,68
outros 090 quadro plástico vinílico sobre parede 0,04 0,03 0,04 0,04 0,03 0,02
TECIDOS
ABNT 091 algodão esticado liso 0,04 0,13 0,32
Fonte Item Descrição 125Hz 250Hz 500Hz 1000Hz 2000Hz 4000Hz
ABNT 092 idem 091, na frente de parede lisa 0,20 0,38 0,45
CON 093 cortina de algodão esticada (0,5Kg/m²) 0,04 0,13 0,32
CON 094 cortina de algodão esticada, c/ dobras em 75% de sua área 0,04 0,23 0,40 0,57 0,53 0,40
CON 095 cortina de algodão esticada, c/ dobras em 50% da sua área 0,07 0,31 0,49 0,81 0,66 0,54
CON 096 cortina de veludo (0,6Kg/m²), esticada junto à parede 0,05 0,35 0,38
CON 097 cortina de veludo, a 10cm de parede 0,06 0,27 0,44 0,50 0,40 0,35
CON 098 cortina de veludo, com dobras em 50% de sua área 0,14 0,35 0,55 0,72 0,70 0,65
ABNT 099 cortina grossa, drapeada 0,25 0,40 0,60
PER 100 cortina de boca de cena,c/ dobras em 50% de sua área 0,14 0,52 0,70
ABNT 101 cortina de porta comum, opaca 0,15 0,20 0,40
EUC 102 cortina de bambu 0,06
CON 103 feltro 12mm 0,02 0,04 0,10 0,21 0,57 0,92

71
EUC 104 feltro 25mm 0,12 0,32 0,51 0,62 0,60 0,56
ABNT 105 tecido de juta, fio grosso 0,05 0,07 0,12
ABNT 106 cortina de juta, fio grosso, forrado de feltro 15mm 0,18 0,18 0,38 0,72 0,75 0,78
SISTEMAS ABSORVENTES
madeira compensada 3mm afastada 50mm da parede,
ABNT 107 0,25 0,34 0,18 0,10 0,10 0,06
ACÚSTICA ARQUITETÔNICA

espaço vazio
madeira compensada 3mm afastada 50mm da parede,
ABNT 108 0,46 0,47 0,23 0,12 0,10 0,06
espaço vazio, c/ amortecimento nas bordas
madeira compensada 3mm afastada 50mm da parede, c/
ABNT 109 0,61 0,65 0,24 0,12 0,10 0,06
espaço preenchido com lã mineral
madeira compensada 6mm afastada 50mm da parede,
ABNT 110 0,20 0,28 0,26 0,10 0,12 0,11
espaço vazio
madeira compensada 6mm afastada 100mm da parede,
ABNT 111 0,30 0,11 0,06 0,05 0,02 0,02
espaço preenchido com lâ de vidro
ABNT 112 lã mineral de 50mm coberta de papelão denso 0,74 0,54 0,36 0,32 0,30 0,17
Fonte Item Descrição 125Hz 250Hz 500Hz 1000Hz 2000Hz 4000Hz
chapas de papelão-gesso de 9,5mm em frente a espaço
ABNT 113 0,36 0,12 0,08 0,07 0,06 0,10
de 50mm preenchido com lã mineral
madeira compensada de 2,5mm em frente a feltro mineral
ABNT 114 0,21 0,37 0,24 0,12 0,02 0,08
de 50mm - 40Kg/m³
ABNT 115 chapa/grade compensada, s/ forro, a 30mm da parede 0,06 0,02 0,10 0,16 0,22 0,18
chapa de cimento amianto 4mm, furos na proporção de
ABNT 116 16% de 5mm de diâmetro, em frente a tecido e feltro de lã 0,20 0,68 0,91 0,82 0,82 0,76
mineral de 50mm (50Kg/m³)
ABNT 117 chapa leve de lã de madeira 25mm sobre parede rígida 0,04 0,13 0,52 0,75 0,61 0,72
chapa leve de lã de madeira 25mm, afastada 50mm da
ABNT 118 0,25 0,33 0,50 0,65 0,65 0,70
parede, espaço vazio
chapa leve de lã de madeira 25mm, afastada 50mm da
ABNT 119 0,18 0,33 0,80 0,90 0,80 0,83
parede, espaço preenchido c/ absorvente acústico
chapa leve de lã de madeira de 25mm, c/ espaço vazio de

72
ABNT 120 0,06 0,20 0,66 0,49 0,72 0,76
2,4cm
ABNT 121 chapa leve de lã de madeira de 50mm sobre parede rígida 0,11 0,33 0,90 0,60 0,79 0,68
PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS
forro Thermatex Laguna a partir de uma fibra mineral
AMF 122 0,43 0,37 0,58 0,76 0,68 0,45
biossolúvel, perlita, argila e aglomerantes orgânicos
R É G I O P A N I A G O C A R VA L H O

forro Thermatex Mercure a partir de uma fibra mineral


AMF 123 0,35 0,40 0,47 0,58 0,66 0,56
biossolúvel, perlita, argila e aglomerantes orgânicos
forro Thermatex Star a partir de uma fibra mineral
AMF 124 0,34 0,43 0,54 0,67 0,65 0,64
biossolúvel, perlita, argila e aglomerantes orgânicos
forro Thermatex Feinstratos a partir de uma fibra mineral
AMF 125 0,45 0,39 0,57 0,72 0,61 0,43
biossolúvel, perlita, argila e aglomerantes orgânicos
forro Thermatex Feingelocht a partir de uma fibra mineral
AMF 126 0,47 0,35 0,51 0,73 0,74 0,58
biossolúvel, perlita, argila e aglomerantes orgânicos
forro Thermatex Saturn a partir de uma fibra mineral
AMF 127 0,36 0,47 0,51 0,73 0,95 0,92
biossolúvel, perlita, argila e aglomerantes orgânicos
Fonte Item Descrição 125Hz 250Hz 500Hz 1000Hz 2000Hz 4000Hz
forro Luxalon Clip-in, perfurado Ø 2,5mm, lã mineral 20mm
HDB 128 0,31 0,68 0,87 0,74 0,95 0,96
densidade 20kg/m³, plenum de 200mm
forro Luxalon sistema Tile, perfurado Ø 2,5mm, lã mineral
HDB 129 0,31 0,68 0,87 0,74 0,95 0,96
20mm densidade 20kg/m³, plenum de 200mm
ISOV 130 painel Sonare 25mm 0,04 0,40 0,86 0,97 0,93 0,98
ISOV 131 painel Isosound revestido c/ Glass Fabric (véu de vidro) 0,26 1,00 1,02 0,75 0,54 0,33
painel Isosound revestido c/ Glass Fabric (véu de vidro),
ISOV 132 0,26 0,99 0,94 0,70 0,32 0,19
pintado
ISOV 133 painel Decorsound revestido c/ tecido 0,04 0,40 0,86 0,97 0,93 0,98
ISOV 134 forro Advantage, plenum de 200mm 0,35 0,80 0,95 0,80 0,95 1,00
ISOV 135 forro Advantage, plenum de 50mm 0,10 0,30 0,75 1,00 1,00 0,95
ISOV 136 forro Focus, plenum de 200mm 0,45 0,75 0,85 0,90 0,90 0,80
ISOV 137 forro Focus, plenum de 35mm 0,10 0,40 0,85 1,00 0,90 0,80
ISOV 138 forrovid Prisma Plus, com plenum 0,66 0,74 0,79 0,90 0,87 0,89

73
ISOV 139 forrovid Prisma, sem plenum 0,04 0,45 0,84 0,77 0,37 0,22
ISOV 140 forrovid Plafond, com plenum 0,25 0,48 0,49 0,48 0,33 0,17
ISOV 141 forrovid Plafond, sem plenum 0,03 0,53 0,59 0,90 0,54 0,28
ISOV 142 forrovid Glacial, com plenum 0,20 0,38 0,48 0,51 0,25 0,11
ACÚSTICA ARQUITETÔNICA

ISOV 143 forrovid Glacial, sem plenum 0,06 0,50 0,93 0,78 0,47 0,29
ISOV 144 forrovid Alfa, com plenum 0,11 0,10 0,06 0,45 0,27 0,09
ISOV 145 forrovid Alfa, sem plenum 0,03 0,70 0,35 0,53 0,41 0,22
ISOV 146 forrovid Basic 15 mm 0,05 0,22 0,41 0,92 0,66 0,38
ISOV 147 forrovid Basic 25 mm 0,09 0,68 0,54 0,67 0,53 0,28
ISOV 148 forro Practice 15 mm 0,05 0,22 0,41 0,92 0,66 0,38
lã de vidro em rolo Rollisol 50mm, ensacada c/ filme
ISOV 149 0,15 0,45 0,75 0,90 0,69 0,63
plástico
Fonte Item Descrição 125Hz 250Hz 500Hz 1000Hz 2000Hz 4000Hz
ISOV 150 painel Rollisol IT10, 50mm, ensacado c/ filme plástico 0,22 0,49 0,86 0,99 0,99 0,98
ISOV 151 feltros FBS-20 construído de lã de vidro, espessura 50mm 0,21 0,58 0,84 1,00 0,99 1,03
painel rígido Climaver em lã de vidro de alta densidade,
ISOV 152 0,07 0,22 0,63 0,91 1,11
aglomerado por resinas sintéticas revestido por véu de vidro
painel rígido Climaver plus em lã de vidro de alta
ISOV 153 densidade, aglomerado por resinas sintéticas revestido por 0,05 0,19 0,50 0,52 0,46
kraftaluminizado
Painel rígico ou semi-rígido PSI-40 de lã de vidro
ISOV 154 0,12 0,69 0,98 1,02 1,05 1,06
aglomerado com resina sintética, 50mm
painel rígido Isousound constituído por lã de vidro
ISOV 155 aglomerada com resina sintética e revestido por véu de 0,20 0,72 0,95 1,10 0,95 0,99
vidro preto em uma das faces
feltro Facefelt roofing em lã de vidro, aglomerado por
resinas sintéticas, revestido em uma das faces com
ISOV 156 0,12 0,68 0,13 0,52 0,23 0,14
laminado branco e fios de reforço com abas laterais (forro

74
de supermercado)
ILL 157 placa Roc Illbruck 20mm 0,04 0,12 0,32 0,66 0,94 1,03
ILL 158 placa Roc Illbruck 30mm 0,08 0,24 0,59 0,92 1,08 1,05
ILL 159 placa Roc Illbruck 45mm 0,15 0,70 1,00 0,85 0,91 0,90
ILL 160 forro Roc 30mm, com plenum de 300mm 0,30 0,51 0,86 0,93 0,99 0,98
R É G I O P A N I A G O C A R VA L H O

ILL 161 forro Roc 30mm, com plenum de 600mm 0,46 0,52 1,03 0,96 1,09 1,00
ILL 162 placa Sonex 20/35 0,04 0,12 0,28 0,44 0,60 0,73
ILL 163 placa Sonex 20/35, pintada 0,03 0,12 0,21 0,39 0,70 0,67
ILL 164 placa Sonex 35/35 0,06 0,20 0,45 0,71 0,95 0,89
ILL 165 placa Sonex 35/35, pintada 0,08 0,23 0,48 0,89 0,97 0,90
ILL 166 placa Sonex 50/75 0,07 0,32 0,72 0,88 0,97 1,01
ILL 167 placa Sonex 50/75, pintada 0,08 0,33 0,74 1,10 0,99 0,76
ILL 168 placa Sonex 75/75 0,13 0,53 0,90 1,07 1,07 1,00
Fonte Item Descrição 125Hz 250Hz 500Hz 1000Hz 2000Hz 4000Hz
ILL 169 placa Sonex 75/75, pintada 0,15 0,60 1,00 1,15 1,10 0,87
ILL 170 placa Sonex 50/125 0,09 0,32 0,58 0,73 0,88 0,95
ILL 171 placa Sonex 50/125, pintada 0,10 0,33 0,60 0,91 0,90 0,71
ILL 172 placa Sonex 75/125 0,14 0,55 0,96 1,06 1,02 1,09
ILL 173 placa Sonex 75/125, pintada 0,16 0,62 1,17 1,29 1,18 0,95
ILL 174 placa Sonex Soft 30/125 0,07 0,15 0,51 0,91 0,82 0,84
ILL 175 placa Sonex Nova Formula 20/35 0,06 0,10 0,21 0,38 0,55 0,81
ILL 176 placa Sonex Nova Formula 27/35 0,09 0,14 0,31 0,62 0,91 0,96
ILL 177 placa Sonex Nova Formula 35/75 0,11 0,21 0,48 0,71 0,86 0,94
ILL 178 placa Sonex Nova Formula 42/75 0,10 0,23 0,50 0,77 0,99 0,96
ILL 179 placa Sonex Nova Formula 50/75 0,13 0,34 0,72 0,94 0,90 0,97
ILL 180 placa Sonex Nova Formula 66/75 0,15 0,45 0,69 0,95 0,94 0,98

75
ILL 181 placa Sonex Nova Formula 75/125 0,23 0,68 0,98 1,04 0,97 0,99
ILL 182 placa Sonex Roc 15mm 0,03 0,15 0,21 0,45 0,95 0,85
ILL 183 placa Sonex Roc 20mm 0,04 0,16 0,25 0,54 1,00 0,93
ILL 184 placa Sonex Roc 30mm 0,07 0,30 0,37 0,70 1,00 0,97
ILL 185 placa Sonex Flexonic 20/35 0,03 0,14 0,26 0,42 0,52 0,66
ACÚSTICA ARQUITETÔNICA

ILL 186 placa Sonex Flexonic 35/35 0,05 0,21 0,45 0,63 0,81 0,97
ILL 187 placa Sonex Flexonic 50/75 0,09 0,31 0,58 0,71 0,84 0,96
ILL 188 placa Sonex Flexonic 75/125 0,11 0,42 0,70 0,92 1,00 1,07
ILL 189 placa Sonex Pb 40/35 0,07 0,27 0,74 0,97 0,96 0,90
ILL 190 placa Baffle esculpida 40/75 0,12 0,26 0,48 0,96 1,26 1,16
ILL 191 placa Baffle esculpida 70/75 0,28 0,46 0,74 1,15 1,26 1,29
ILL 192 placa Baffle plana 50mm 0,25 0,28 0,60 0,65 0,75 0,78
ILL 193 placa Baffle plana 90mm 0,39 0,39 0,78 0,80 0,80 0,82
Fonte Item Descrição 125Hz 250Hz 500Hz 1000Hz 2000Hz 4000Hz
ILL 194 placa Sonex Skin 40/125 0,23 0,67 0,50 0,54 0,47 0,73
ILL 195 forro Illtec Sk 10mm, c/ plenum de 300mm 0,13 0,55 0,54 0,71 0,75 0,83
ILL 196 forro Illtec Sk 15mm, c/ plenum de 300mm 0,27 0,60 0,64 0,80 0,91 1,02
ILL 197 placa Illtec plana 20mm 0,11 0,17 0,32 0,50 0,56 0,67
ILL 198 placa Illtec plana 25mm 0,11 0,17 0,40 0,72 0,76 0,91
ILL 199 placa Illtec plana 30mm 0,13 0,20 0,47 0,79 0,84 0,91
ILL 200 placa Illtec plana 35mm 0,14 0,21 0,61 0,80 0,89 0,92
ILL 201 placa Illtec plana 50mm 0,21 0,41 0,84 0,96 0,94 1,04
ILL 202 placa Illtec perfilada em cunhas 25/35 0,11 0,17 0,40 0,72 0,76 0,91
ILL 203 placa Illtec perfilada em cunhas 35/125 0,14 0,21 0,61 0,80 0,89 0,92
ILL 204 placa Illtec perfilada em cunhas 50/125 0,05 0,31 0,81 1,01 0,99 0,95
placas Baffle Illtec Impermeável 50mm, espaçadas 400mm
ILL 205 0,31 0,50 0,72 0,91 0,77 0,64
entre si

76
placas Baffle Illtec Impermeável 50mm, espaçadas 600mm
ILL 206 0,21 0,46 0,70 0,85 0,75 0,59
entre si
placas Baffle Illtec Impermeável 50 mm, espaçadas
ILL 207 0,11 0,42 0,67 0,75 0,72 0,55
720mm entre si
ILL 208 forro metálico Squareline 8mm, c/ plenum de 350mm 0,40 0,63 0,43 0,60 0,77 0,89
R É G I O P A N I A G O C A R VA L H O

PLA 209 forro Casoprano Casovoice 8mm, c/ plenum de 300mm 0,30 0,60 0,55 0,50 0,50 0,45
forro Gyptone Quattro 20, lã de vidro 80mm e densidade
PLA 210 0,55 0,85 0,85 0,75 0,70 0,75
16kg/m², c/ plenum de 300mm
PLA 211 forro Gyptone Big Quattro 41, c/ plenum de 58mm 0,20 0,35 0,65 0,80 0,65 0,55
forro Gyptone Big Quattro 41, lã de vidro 75mm e
PLA 212 0,51 0,89 0,85 0,67 0,61 0,56
densidade 16 kg/m³, c/ plenum de 100mm
PLA 213 forro Gyptone Big Quattro 41, c/ plenum de 200mm 0,50 0,70 0,90 0,70 0,60 0,56
ROCK 214 painel Thermax PSL-32 50mm 0,16 0,52 0,82 0,92 0,94 0,96
ROCK 215 painel Thermax PSL-32 100mm 0,85 0,98 1,01 1,11 1,09 1,18
Fonte Item Descrição 125Hz 250Hz 500Hz 1000Hz 2000Hz 4000Hz
ROCK 216 painel Thermax PSE-64 50mm 0,16 0,66 1,00 1,05 1,02 1,04
ROCK 217 painel Thermax PSE-64 100mm 0,87 1,23 1,19 1,15 1,12 1,09
ROCK 218 painel Thermax PSE-80 50mm 0,14 0,68 1,00 1,04 0,96 1,00
ROCK 219 painel Thermax PSE-80 100mm 0,88 1,23 1,19 1,16 1,12 1,09
painel Thermax PSE-64 25mm, c/ véu de vidro em uma
ROCK 220 0,07 0,28 0,65 0,85 0,94 0,92
das faces
painel Thermax PSE-64 50mm, c/ véu de vidro em uma
ROCK 221 0,13 0,61 0,98 1,01 1,00 0,98
das faces
ROCK 222 painel Thermax PSE-64 100mm, c/ bidim em uma das faces 0,57 1,04 1,18 1,14 1,17 1,11
painel Thermax PSE-48 (50mm) AP, uma das faces papel
ROCK 223 aluminizado com perfurações de 1,5mmde diâmetro, 3 0,26 0,70 1.08 1,02 0,76 0,63
furos/cm2
ROCK 224 forro Ultracustic-T M-100 25mm 0,08 0,46 0,68 0,66 0,52 0,34

77
ROCK 225 forro Ultracustic-T M-80 25mm 0,11 0,38 0,86 0,80 0,54 0,38
ROCK 226 forro Ultracustic-T M-50 25mm 0,08 0,38 0,68 0,66 0,52 0,34
ROCK 227 feltro Thermax FSR-32 50mm 0,16 0,52 0,82 0,92 0,94 0,96
ROCK 228 feltro Thermax FSR-32 100mm 0,84 0,98 1,10 1,11 1,09 1,17
ROCK 229 feltro revestido Rock-felt RF-32 50mm 0,25 0,47 0,97 1,05 1,05 1,05
ROCK 230 feltro Roll-Max RM-32 50mm 0,17 0,52 0,86 0,91 0,60 0,52
ACÚSTICA ARQUITETÔNICA

ROCK 231 feltro Thermax-Flex TF-32 50mm 0,16 0,52 0,82 0,92 0,94 0,96
ROCK 232 feltro de lamelas Lamel-Max 96 50mm 0,31 0,68 0,94 0,85 0,77
ROCK 233 feltro de lamelas Lamel-Max 96 75mm 0,43 0,83 0,95 0,65 0,73
ROCK 234 feltro de lamelas Lamel-Max 96 100mm 0,59 0,87 0,89 0,65 0,65
ROCK 235 painel rígido p/ piso Thermax PRP-144 50mm 0,22 0,73 0,80 0,81 0,85 0,80
ROCK 236 painel acústico PA-ROCK 0,20 0,64 0,87 1,02 0,98 0,98
EUC 237 forro Fibraroc 15mm 0,04 0,06 0,18 0,16 0,08 0,04
EUC 238 forro Fibraroc chapa lisa 15mm, c/ câmara de ar 0,27 0,13 0,08 0,09 0,09 0,10
Fonte Item Descrição 125Hz 250Hz 500Hz 1000Hz 2000Hz 4000Hz
EUC 239 revestimento Eucatex Acústico A 19mm 0,13 0,20 0,60 0,70 0,76 0,77
revestimento Eucatex Acústico A 19mm, c/ câmara de ar
EUC 240 0,48 0,76 0,62 0,63 0,76 0,86
de 5cm
EUC 241 revestimento Eucatex Acústico A 19mm, pintado a óleo 0,56
EUC 242 Forrotex Acústico A 12,7mm 0,19 0,25 0,38 0,53 0,45 0,65
EUC 243 revestimento Eucatex Acústico B 19 mm 0,13 0,20 0,60 0,70 0,76 0,77
EUC 244 Forrotex Acústico B 12,7mm 0,28 0,30 0,30 0,55 0,53 0,73
EUC 245 revestimento Eucatex Acústico C 19mm 0,13 0,20 0,64 0,70 0,76 0,77
EUC 246 Forrotex Acústico C 12,7mm 0,19 0,25 0,26 0,32 0,37
EUC 247 Forrotex Acústico C 19mm, pintado a óleo 0,60
EUC 248 revestimento Eucatex Acústico Travertino 19mm 0,17 0,28 0,57 0,57 0,53 0,56
revestimento Eucatex Acústico Travertino 19mm, c/ câmara
EUC 249 0,26 0,72 0,64 0,62 0,56 0,54

78
de ar de 5cm
EUC 250 revestimento Eucatex Acústico Travertino 19mm, pintado a cal 0,50
revestimento Eucatex Acústico Travertino,
EUC 251 0,30
esp. 19 mm, pintado a óleo
EUC 252 forro Acústico Travertino 12,7mm 0,30 0,30 0,25 0,25 0,18 0,46
R É G I O P A N I A G O C A R VA L H O

EUC 253 revestimento Eucatex Acústico Ranhurado 19mm 0,10 0,13 0,50 0,57 0,50 0,45
revestimento Eucatex Acústico Ranhurado 19mm, pintado
EUC 254 0,30
a óleo
EUC 255 Forrotex Acústico Ranhurado 12,7mm 0,18 0,21 0,23 0,28 0,28 0,46
EUC 256 Forrotex Acústico Cristal 12,7mm 0,21 0,23 0,23 0,25 0,26 0,49
EUC 257 Eucatex Texturizado 0,13 0,13 0,12 0,12 0,12 0,37
EUC 258 Eucatex Golden Web 0,13 0,13 0,12 0,12 0,12 0,37
EUC 259 Forrotex Acústico Diamante 12,7mm 0,21 0,23 0,21 0,28 0,25 0,37
Fonte Item Descrição 125Hz 250Hz 500Hz 1000Hz 2000Hz 4000Hz
EUC 260 Forrotex Acústico Esmeralda 12,7mm 0,25 0,23 0,19 0,21 0,25 0,49
EUC 261 Forrotex Acústico Safira 12,7mm 0,19 0,25 0,21 0,23 0,25 0,48
EUC 262 Forrotex Branco 12,7mm 0,13 0,13 0,12 0,12 0,12 0,37
EUC 263 Forrotex Pinpoint 12,7mm 0,23 0,26 0,34 0,38 0,28 0,62
EUC 264 Eucatex Isolante 12mm 0,12 0,18 0,32 0,40 0,40
EUC 265 Eucatex Isolante 12mm, pintado a cal 0,25
EUC 266 Eucatex Isolante 12mm, pintado a óleo 0,12
EUC 267 Eucatex Travacustic 0,57
EUC 268 Eucatex Forroplastic 0,12
EUC 269 Eucaplac liso 0,04
EUC 270 Eucaplac perfurado sobre Eucatex Isolante Super 0,25
EUC 271 Eucatex Isolante Super revestido c/ plástico 0,1mm 0,28 0,32 0,44 0,44 0,57

79
EUC 272 Xapadur temperado 0,04 0,08 0,12
EUC 273 Xapadur liso 0,04 0,09 0,13
EUC 274 Eucatex Cratera 0,38
EUC 275 Eucatex Isolante Super 2” 0,25 0,30 0,40 0,45 0,57 0,48
EUC 276 Eucatex Isolante Super 4” 0,37 0,43 0,48 0,47 0,57 0,48
ACÚSTICA ARQUITETÔNICA

EUC 277 Eucatex Fibraroc Travacustic 15mm, c/ câmara de ar de 5cm 0,31 0,21 0,21 0,29 0,33 0,36
EUC 278 Eucatex Fibraroc Pinpoint 15mm, c/ câmara de ar de 5cm 0,30 0,20 0,21 0,26 0,28 0,30
EUC 279 forro Paraline, réguas c/ perfuração, c/ câmara de ar de 40cm 0,52 0,82 0,56 0,78 0,87 0,87
EUC 280 forro Paraline, réguas s/ perfuração, c/ câmara de ar de 40cm 0,60 0,73 0,55 0,62 0,35 0,36
CLI 281 Climatex 25mm, encostado na parede 0,08 0,25 0,50 1,07 0,72 0,80
CLI 282 Climatex 25mm, a 25mm da parede 0,07 0,28 0,88 0,69 0,67 0,76
CLI 283 Climatex 25mm, a 50mm da parede 0,10 0,30 0,87 0,60 0,70 0,76
CLI 284 Climatex 25mm, a 75mm da parede 0,16 0,45 0,80 0,58 0,78 0,79
Fonte Item Descrição 125Hz 250Hz 500Hz 1000Hz 2000Hz 4000Hz
CLI 285 Climatex 25mm, a 400mm da parede 0,17 0,51 0,48 0,64 0,85 0,85
CLI 286 Climatex 35mm, encostado na parde 0,06 0,14 0,28 0,94 0,60 0,73
CLI 287 Climatex 35mm, a 50mm da parede 0,06 0,16 0,50 0,86 0,68 0,90
CLI 288 Climatex 50mm, encostado na parede 0,14 0,23 0,49 0,90 0,66
CLI 289 Climatex 50mm, a 50mm da parede 0,23 0,26 0,85 0,56 0,59 0,88
IGOR 290 Luxacustic 15mm, revestido c/ filme preto 0,375 0,665 0,95 0,89 0,80 0,905
IGOR 291 Luxacustic 12mm, revestido c/ filme preto 0,255 0,485 0,945 0,945 0,81 1,00
IGOR 292 Luxacustic 10mm, revestido c/ filme preto 0,33 0,405 0,805 0,97 0,765 0,75
IGOR 293 Luxacustic 7mm, revestido c/ filme preto 0,335 0,46 0,77 1,00 0,705 0,75
IGOR 294 Luxacustic 4mm, revestido c/ filme preto 0,21 0,24 0,545 1,00 0,825 0,955
IGOR 295 manta de Luxacustic, revestida c/ filme preto extin-flame 0,01 0,10 0,30 0,53 0,54 0,44
IGOR 296 Luxacustic projetado sobre superfície rígida, esp. de 25 / 31mm 0,37 0,41 0,61 0,98 1,00 1,00

80
IPT 297 forro mineral Sonex Fine 0,34 0,44 0,56 0,69 0,77 0,64
KNA 298 forro D12, padrão retilíneo 12/25 R, plenum de 100mm 0,17 0,21 0,63 0,81 0,46 0,68
forro D12, padrão retilíneo 12/25R, c/ fibra de vidro 80mm,
KNA 299 0,60 0,87 0,52 0,56 0,43 0,51
c/ plenum de 100mm
forro acústico perfurado D12, padrão alternado 8/12/50 R,
KNA 300 0,18 0,25 0,70 0,77 0,40 0,60
R É G I O P A N I A G O C A R VA L H O

plenum de 100mm
forro D12, padrão alternado 8/12/50 R, c/ fibra de vidro
KNA 301 0,62 0,84 0,54 0,54 0,38 0,42
80mm, c/ plenum de 100mm
KNA 302 forro D12, padrão aleatório 8/12/50 R, plenum de 100mm 0,19 0,29 0,78 0,64 0,32 0,57
forro D12, padrão aleatório 8/12/50 R, c/ fibra de vidro
KNA 303 0,56 0,83 0,53 0,49 0,33 0,35
80mm, c/ plenum de 100mm
KNA 304 forro D12, padrão retilíneo 12/25 Q, plenum de 100mm 0,16 0,20 0,55 0,83 0,52 0,69
forro D12, padrão retilíneo 12/25 Q, c/ fibra de vidro 80mm,
KNA 305 0,60 0,82 0,48 0,54 0,48 0,51
c/ plenum de 100mm
Fonte Item Descrição 125Hz 250Hz 500Hz 1000Hz 2000Hz 4000Hz
PER 306 Acusticel Trorion 100mm 0,20 1,05 1,06 1,06
PER 307 forro Armstrong Fine Fissured RH90 16mm 0,34 0,54 0,72
PER 308 forro Armstrong Cortega RH70 16mm 0,31 0,51 0,74
HDB 309 forro Armstrong Cirrus RH90 19mm 0,28 0,36 0,49 0,68 0,81 0,89
HDB 310 forro Armstrong Dune RH90 19mm 0,37 0,38 0,65 0,59 0,49 0,37
HDB 311 forro Armstrong Fine Fissured RH90 16mm 0,35 0,34 0,55 0,72 0,65 0,62
HDB 312 forro Armstrong Georgian RH90 16mm 0,30 0,31 0,56 0,74 0,53 0,33
HDB 313 forro Armstrong Ultima RH90 16mm 0,32 0,34 0,76 0,87 0,86 0,84
PESSOAS
CON 314 adulto em pé 0,185 0,325 0,44 0,42 0,46 0,37
ABNT 315 pessoa com cadeira 0,33 0,44 0,46
EUC 316 adulto em assento de madeira 0,15 0,25 0,35 0,38 0,38 0,35

81
EUC 317 adulto em banco de igreja 0,20 0,25 0,31 0,35 0,33 0,30
EUC 318 adulto em poltrona simples 0,30 0,33 0,38 0,46 0,39 0,35
EUC 319 adulto em poltrona estofada 0,30 0,35 0,42 0,46 0,48 0,40
CON 320 músico de orquestra com instrumento 0,38 0,79 1,07 1,30 1,21 1,12
CON 321 adolescente sentado, incluindo cadeira 0,20 0,28 0,32 0,37 0,41 0,44
ACÚSTICA ARQUITETÔNICA

EUC 322 colegial em carteira escolar 0,24 0,39 0,43


EUC 323 criança 0,18 0,20 0,27 0,30 0,36 0,36
ABNT 324 público em ambientes muito grandes, por pessoa 0,13 0,31 0,45 0,51 0,51 0,43
ABNT 325 público, por pessoa, em fileiras fechadas 0,28 0,40 0,44
público, sentado em poltronas de teatro c/ encosto
CON 326 0,325 0,38 0,455 0,39
estofado
CON 327 público, sentado em poltronas de estofado grosso 0,19 0,40 0,47 0,47 0,51 0,47
CON 328 pessoas sentadas, média de 1 pessoa/m² 0,17 0,361 0,47 0,52 0,53 0,46
Fonte Item Descrição 125Hz 250Hz 500Hz 1000Hz 2000Hz 4000Hz
OUTROS
RHO 329 Bidim Rhodia 600g/m² 0,03 0,05 0,12 0,20 0,38 0,52
CON 330 chapa metálica 1,6mm sobre tarugamento a cada 400mm 0,18 0,12 0,10 0,09 0,08 0,07
outros 331 folha de alumínio a 5cm da parede 0,10 0,45 0,45
PER 332 chapa perfurada Ajax c/ 20mm de lã de vidro 0,30 0,99 0,98
PER 333 chapa perfurada Permetal c/ 20mm de lã de vidro 0,40 0,62 0,84
EUC 334 superfície d’água 0,008 0,008 0,013 0,015 0,02 0,025
PER 335 espuma rígida de poliuretano 25mm 0,12 0,27 0,62 0,22
PER 336 Fiberglass perfurado c/ lã de vidro 0,03 0,49 0,70
forro plástico perfurado 20mm, padrão aleatório, c/ lã de
PER 337 0,18 0,98 0,50
vidro 50mm e densidade 40Kg/m³
PER 338 placas ressonadoras Helmoltz furos de Ø 20mm, em concreto 0,12 0,14 0,13
EUC 339 chapa metálica sobre superfície rígida 0,002 0,002 0,0025 0,003

82
PER 340 tijolo de vidro 195x195x95mm 0,03
PER 341 espaço vazio 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00
CON 342 absorção do ar 0,003 0,007 0,02
ABNT 343 revestimento aderente de vidro 0,04 0,03 0,02
ABNT 344 revestimento de vidro, afastado 5cm de parede 0,25 0,20 0,10 0,05 0,02 0,02
R É G I O P A N I A G O C A R VA L H O

EUC 345 tela de projeção 0,20 0,50 0,40 0,60


PL&DT 346 grelha de ventilação c/ 50% da seção livre 0,15 0,35 0,40
EUC 347 plástico 0,02
outros 348 10cm de areia seca 0,15 0,35 0,40 0,50 0,55 0,80
outros 349 15mm de espuma de poliuretano coberta com plástico fino 0,02 0,08 0,24 0,48 0,72 0,70
30mm de espuma de poliuretano coberta com forro
outros 350 0,13 0,75 0,70 1,02 1,00 0,95
plástico fino
ABNT 351 feltro fibra natural de 5mm, rente à parede 0,09 0,12 0,18 0,30 0,55 0,59
ACÚSTICA ARQUITETÔNICA

Os coeficientes tabelados representam o percentual de ener-


gia sonora absorvida pelo material naquela condição de aplicação
e naquela freqüência.
Exemplificando: observe que, para um som de 100dB inci-
dente sobre um material cuja absorção acústica é de 0,3 (30%) a
determinada freqüência, não significa dizer que ele refletirá 70dB,
mas sim o conforme a seguir:

100dB = 10 log (intensidade relativa X)

X = 10.000.000.000

70% X = 7.000.000.000

reflexão dB = 10 log 7.000.000.000

= 98,45 dB (reflexão sonora)

Alguns fabricantes apresentam entre as características acús-


ticas de seus produtos, um índice de absorção acústica conheci-
do como NRC (Noise Reduction Coeficient), que nada mais é do
que a média aritmética dos coeficientes de absorção acústica de
determinado material às freqüências de 250Hz, 500Hz, 1000Hz e
2000Hz. Esse índice não nos será útil, em face ao nível de critério
que adotamos em nossas intervenções.

83
5. TRATAMENTO
ACÚSTICO
5. TRATAMENTO ACÚSTICO

5.1. Conceito
Tratar acusticamente um ambiente consiste basicamente
em observar os seguintes quesitos:
• dar-lhe boas condições de audibilidade, seja através
das absorções acústicas dos revestimentos internos
(pisos, paredes, tetos e outros componentes) e/ou em
função da geometria interna (direcionamento das re-
flexões internas);
• bloquear os ruídos externos que porventura possam vir
a perturbar a boa audibilidade do recinto;
• bloquear os possíveis ruídos produzidos no recinto de
tal sorte que não perturbem o entorno.

Não se tratam acusticamente somente recintos fechados,


mas também, na medida do possível, espaços abertos, ao ar livre,
como, por exemplo as conchas acústicas.
Para o exercício do tratamento acústico, faz-se necessário o
conhecimento dos seguintes elementos básicos:
• locação e situação do imóvel;
• plantas e cortes;
• destinação do imóvel;
• níveis de ruídos aceitáveis estabelecidos por norma (o am-
biente estando vazio e fora de horário de funcionamento);
• nível de ruído do entorno;

87
R É G I O P A N I A G O C A R VA L H O

• nível de ruído interno do recinto em funcionamento


(função da atividade a que se prestará);
• especificações dos materiais a serem empregados na
sua construção, bem como do mobiliário e demais
componentes.

5.2. Isolamento acústico


Isolar acusticamente um recinto fechado consiste em blo-
quear os ruídos externos ao mesmo a patamares compatíveis com
a atividade a ser desenvolvida no seu interior.
Nesses termos, a recíproca é verdadeira: se for um recinto
de produção de altos níveis de ruído interno, que esses ruídos se-
jam bloqueados para o exterior a patamares compatíveis com as
normas pertinentes.
Conforme já enfocado anteriormente, decibéis são gran-
dezas logarítmicas, portanto avaliar o nível de isolamento acús-
tico de um recinto qualquer implica em conhecer sua transmis-
sividade média (t) para posteriormente calcular-se a redução de
ruído (RR).

t = Σ(Si x ti) / Σ Si ,

Onde:
Si é a área de utilização do material i
ti é a transmissividade do material i

Vejamos um exemplo prático, uma parede de 10m² com-


posta conforme o que se segue:

88
ACÚSTICA ARQUITETÔNICA

material hipotético 1, IA1=40dB, S1=5m²;


material hipotético 2, IA2=10 dB, S2=5m²

ti = 1/10IA/10, portanto t1=0,0001 e t2=0,1


t = Σ(Si x ti) / Σ Si = 0,05005
RR = 10 log10(1/t) = 13dB

Observe que superfícies de pequeno índice de isolamento


acústico comprometem substancialmente o isolamento acústico
total da parede.
Na hipótese da parede em questão ser provida de janela
aberta de 0,5m²:

material hipotético 1, IA1=40dB, S1=4,75m²;


material hipotético 2, IA2=10dB, S2=4,75m²;
vão aberto 3, IA3=0, S3=0,5m², teremos:

89
R É G I O P A N I A G O C A R VA L H O

t 1=0,0001, t2=0,1 e t3=1


t = 0,975475
RR =, 0,11dB
Isto é suficiente para demonstrarmos que vão abertos, por
menores que sejam, comprometem substancialmente o isolamen-
to acústico de qualquer parede.

5.3. Absorção acústica


A absorção acústica consiste em atenuarmos os efeitos dos
sons em ambientes, posto que, quando um som atinge uma superfície
lisa e dura, parcela significativa dele é refletida e, em caso contrário,
quando atinge superfície macia, parcela significativa dele é absorvida.
A absorção acústica total de uma parede consiste no soma-
tório dos produtos de cada área componente dessa parede (Si)
pelo seu coeficiente de absorção acústica (ai).
Analisemos um exemplo prático de uma parede de 8m²
em alvenaria de tijolos cerâmicos com reboco liso e uma janela
comum de vidro liso 3/4mm com 2m², totalizando 10m², tudo à
freqüência de 500Hz:

material 1 (parede): a1=0,02 e S1=8m²;


material 2 (janela): a2=0,18 e S2=2m².
Absorção original Ao= S(Si x ai) = 0,52 absorventes.

90
ACÚSTICA ARQUITETÔNICA

Admitamos agora o uso de cortina grossa e drapeada fron-


talmente à janela (mesma área) e a utilização de lambris de madei-
ra em 30% da área efetiva de alvenarias rebocadas:

material 1 (parede): a 1=0,02 e S1=5,60m²;


material 2 (lambris): a 2=0,06 e S2=2,40m²;
material 3 (cortina): a 3=0,40 e S3=2m².

Absorção corrigida Ac= S(Si x a i) = 1,056 absorventes.

Postas as duas situações podemos afirmar que a ate-


nuação dos sons/ruídos incidentes na parede corrigida é de 10 x
log10(Ac/Ao) = 3,08 dB.

91
R É G I O P A N I A G O C A R VA L H O

Em termos de redução do nível de percepção auditiva ado-


taremos o gráfico seguinte:

Observe ainda que a probabilidade de conseguirmos redu-


ção do nível de percepção auditiva superior a 60% é uma situação,
em princípio, inviável (vide gráfico anterior): o aumento excessi-
vo de absorção acústica a título de atenuação dos ruídos internos
do recinto implicaria em reduzirmos a reverberação do mesmo a
patamares bastante comprometedores da inteligibilidade interna.

5.4. Condicionamento acústico


Condicionar acusticamente um recinto consiste em darmos
a ele as melhores condições possíveis de audibilidade interna. E
isso se faz segundo duas providências fundamentais:
• corrigir o tempo de reverberação (tr) do recinto com
base nas absorções acústicas internas;
• promover a melhor distribuição possível dos sons ge-
rados internamente via superfícies refletoras (e/ou ab-
sorventes) de sons, conforme uma geometria interna
apropriada para o recinto.

92
ACÚSTICA ARQUITETÔNICA

5.5. Tempo de reverberação (tr)


É o intervalo de tempo necessário para que o nível de inten-
sidade de um determinado som decresça 60dB após o término da
emissão de sua fonte:

As experiências de Wallace Sabine (escola americana) com


absorção sonora dentro de salas de aulas o levaram a solidificar a re-
lação da reverberação do ambiente com a presença de absorvedores
de som. Ele observou que se ouvia melhor com maior número de
alunos na sala ou com almofadas sobre cadeiras e janelas abertas.
Ao tratar de medir este fenômeno, ele usou a fonte de um órgão
vibrante na freqüência de 500 Hz e o receptor (ouvido humano) den-
tro da sala de aula. Com o auxílio de um cronômetro, Sabine media o
tempo que o som do tubo do órgão parava de soar até o som cessar.
Assim ele elaborou o conceito de absorção total. Nela cada
superfície presente na sala era multiplicada por um coeficiente
específico para dar o equivalente em área. Observou-se que em
cada sala ensaiada o tempo de reverberação (t60) era inversamente
proporcional à absorção total (A), por isso A x t60 = Ki, se tornou
uma constante para cada sala.
Para uniformizar uma fórmula referente a este fenômeno,
Sabine relacionou a constante anterior com o seu volume:
A x t60 = K x V
É natural que o produto esteja relacionado com o volume,
pois o t60 cresce em relação linear (numa dimensão) no circuito

93
R É G I O P A N I A G O C A R VA L H O

percorrido pelo som. Assim, a constante K foi adotada pelo valor


de 0,161, que fecha a equação usada até hoje de tempo de reverbe-
ração: t60 = 0,161 x V / A, onde
A= SSi x ai
Posteriormente estudiosos do assunto consideraram outras va-
riáveis que vieram a gerar outras equações, dentre as quais destaca-se
a de Eyring, para quando o coeficiente médio de absorção acústica de
um recinto for superior a 0,3:
t60 = 0,161 x V / -2,3 x St x log10(1-am)
onde St é o somatório de todas as superfícies internas do re-
cinto e am é o coeficiente médio ponderado de todas as superfícies
componentes do recinto e demais elementos nele contidos (pessoas,
mobília, elementos decorativos, etc.):
am = S(Si x ai) / Ssi
Esta equação é mais comumente utilizada para questões de
atenuação de ruído industrial e de ruídos em compartimentos de
máquinas e motores (grupos geradores, por exemplo).

5.6. Tempo ótimo de reverberação (tor)


Há um tempo de reverberação ideal para cada ambiente, se-
gundo o volume e a finalidade a que o recinto se destina.
Do ponto de vista arquitetônico, controlar essa característi-
ca é extremamente importante sob os seguintes aspectos:
• se o tempo de reverberação for muito longo, haverá
sobreposição de sons, o que acabará dificultando sua
inteligibilidade;
• se ocorrer o contrário, ou seja, o som desaparecer ime-
diatamente após a sua emissão, sua percepção tornar-
se-á difícil em pontos mais afastados da fonte.

94
ACÚSTICA ARQUITETÔNICA

Adota-se internacionalmente o gráfico a seguir (fonte: Bolt Be-


ranek and Newman) para buscarmos o tor (500Hz) para cada ativida-
de específica, segundo o volume do recinto (recintos fechados):

TEMPO ÓTIMO DE REVERBERAÇÃO (500 Hz)

Conhecido o tor (500Hz) conforme o gráfico anterior, pode-


se, através do gráfico seguinte, buscar o fator de correção para ou-
tras freqüências:

95
R É G I O P A N I A G O C A R VA L H O

Para um tor verificado no gráfico anterior de 1,50 segundo


(500Hz), teremos:

Nos termos da boa norma, o tr de um recinto será considerado


satisfatório quando não ultrapassar o limite de 10% do tor, para mais
ou para menos, em todas as faixas de freqüências analisadas.

5.7. Geometria interna dos recintos


A geometria interna de um recinto responde, conjuntamen-
te à adequação do tempo de reverberação do ambiente, pela busca
da melhor audibilidade possível em seu interior: o condiciona-
mento acústico adequado.
Respeitando-se os conceitos anteriores de propagação do
som, seu alcance, sua atenuação em função da distância, os prin-
cípios de reflexão e absorção acústica, ambientes de pequeno/mé-
dio portes (400/800 pessoas) podem perfeitamente prescindir de
eletroacústica (sonorização).
Basicamente as questões de geometria interna de recintos
decorrem do seguinte:

• superfícies muito próximas, vibrantes e paralelas podem


gerar ecos palpitantes (vide 2.16);
• distâncias muito grandes entre as paredes podem propi-
ciar a ocorrência de ecos (vide 2.15);

96
ACÚSTICA ARQUITETÔNICA

• afastamentos muito grandes entre o palco e as últimas


fileiras da platéia comprometem substancialmente a
boa audibilidade (atenuação dos sons devido à distân-
cia, vide 2.20); neste caso são preferíveis, por exemplo,
auditórios em leque, aproximando a platéia do palco e
proporcionando melhor visibilidade:

97
R É G I O P A N I A G O C A R VA L H O

• diferenças de percursos dos sons diretos contra os refle-


tidos via paredes e tetos, superiores a 17m, comprome-
tem a boa audibilidade (vide 2.15):

98
ACÚSTICA ARQUITETÔNICA

A experiência tem demonstrado o seguinte:


1. Volumes impróprios às destinações dos ambientes di-
ficultam a correção do tempo de reverberação, reque-
rendo o uso substancial de materiais absorventes e/ou
refletores, elevando dessa forma o custo final do investi-
mento; deve-se buscar uma relação coerente do volume
per capita em função da destinação do recinto:

2. Auditórios e equivalentes de pequeno porte (até 400


pessoas), geometricamente bem resolvidos na forma do
invólocro, em princípio não requerem reposicionamen-
tos de forros e paredes que objetivem reforços para os
receptores das regiões mais afastadas da fonte, posto que
as perdas auditivas são pequenas.
3. Auditórios e equivalentes de médio porte (até 800 pes-
soas), mesmo respeitando o volume per capita, podem
requerer reposicionamentos de forros e paredes; no en-
tanto, se a geometria do invólocro contribuir, em espe-
cial com plantas em leque, por exemplo, estes reposicio-
namentos se mostram desnecessários.
4. Auditórios e equivalentes de grande porte (>800 pesso-
as) regra geral requerem reposicionamentos de forros e
paredes, principalmente quando a planta é um retângu-
lo; esta premissa é sempre adotada em função de reforço
do som percebido na recepção.

99
R É G I O P A N I A G O C A R VA L H O

5. Na necessidade de reforço sonoro para os fundos de


ambientes médios/grandes, o reforço consiste no soma-
tório da intensidade do som direto atenuado na recep-
ção com o refletido atenuado também na recepção (vide
itens 2.20 e 2.21).

100
6. QUESTÕES DE
ACÚSTICA ARQUITETÔNICA
6. QUESTÕES DE
ACÚSTICA ARQUITETÔNICA
6.1 Esquadrias acústicas
Tratam-se de esquadrias com capacidade de isolamento
acústico superior ao das esquadrias convencionais.
Nas esquadrias compostas com vidro, por exemplo, o acrés-
cimo de massa dos vidros (duplos, triplos, etc.) e os afastamentos
relativos entre os mesmos são fatores determinantes do isolamen-
to do sistema, mas não somente isso:

103
R É G I O P A N I A G O C A R VA L H O

• as conexões dos vidros com as esquadrias, utilizando


borracha ou equivalente, evitando a transferência de
vibrações;
• a forma de fechamento das esquadrias;
• a hipótese de criação de vácuo entre cada duas lâminas
de vidro; e
• o preenchimento dos vazios no caso de perfis ocos.
Geralmente as esquadrias de abertura em giro promovem
melhor isolamento acústico que as corrediças, uma vez que estas,
para funcionarem, requerem pequenas folgas, que se constituem
em aberturas suficientes para o comprometimento do isolamento
acústico do conjunto (vide item 5.2).
Melhores resultados se obtém em esquadrias fixas, por
exemplo os visores de estúdios em geral:

104
ACÚSTICA ARQUITETÔNICA

Nos casos de portas de madeira, por exemplo, além das cone-


xões das mesmas com o portal, também a boa resposta do isolamento
se condiciona à utilização de travas retráteis em suas bases ou à cria-
ção de algum artifício de vedação junto ao piso, como, por exemplo,
a adoção de pequenos degraus e/ou pequenos chanfros devidamente
vedados nas regiões da soleira. Esta segunda alternativa, em geral,
confere melhores resultados de conjunto, uma vez que o fechamento
pode ser regulado para exercer maior pressão.

105
R É G I O P A N I A G O C A R VA L H O

6.2. Barreiras acústicas


São anteparos posicionados entre a fonte produtora do ruí-
do e a recepção.
As barreiras acústicas são comumente utilizadas em escritó-
rios, ao longo de auto-estradas, em cabeceiras de pistas de decola-
gem de aviões à jato, em vários tipos de atenuadores de ruído, etc.

Exemplos comuns:

Evidentemente que a massa da barreira deve ser considera-


da de acordo com a necessidade de isolamento, sob pena de cons-
tituir-se somente em um anteparo delimitador de espaços.
Aplica, para seu dimensionamento, o princípio da difração
do som, abordado em 2.9.
Para os casos mais corriqueiros de acústica arquitetônica,
a quantificação dessas atenuações pode ser avaliada conforme os
desenhos e gráfico seguintes:

106
ACÚSTICA ARQUITETÔNICA

Na tentativa da atenuação de um ruído muito alto na fonte


até um receptor posicionado a longa distância, a barreira pode
ser pouco eficaz, uma vez que, mesmo muito alta, a Diferença de
Percurso (d=A+B-C) pode ser pequena para o caso.

6.3. Atenuadores de ruído


Equipamentos largamente utilizados quando da necessida-
de de conciliação do isolamento acústico de um recinto com sua
ventilação natural.
Os mais freqüentemente utilizados, e de construção relati-
vamente fácil, são os do tipo passivos:

107
R É G I O P A N I A G O C A R VA L H O

a) Os de seqüência de barreiras acústicas, para quando a ve-


locidade de fluxo do ar não constituir qualquer problema para o
caso:

Seu dimensionamento se faz com base no conceito de bar-


reiras acústicas.
b) Os de passagem, para quando velocidade de fluxo do ar é
de vital importância.
Seu princípio básico de funcionamento está na alta capacida-
de de absorção acústica das superfícies expostas de suas células:

108
ACÚSTICA ARQUITETÔNICA

c) Atenuadores mistos, adotando simultaneamente os dois


conceitos anteriormente descritos:

Há ainda os atenuadores de ruído do tipo ativos, importa-


dos, cujo princípio básico consiste na identificação eletrônica do
ruído incômodo para emissão imediata de ondas sonoras de mes-
ma freqüência e mesma intensidade, na mesma direção, só que
em sentido contrário, anulando assim o efeito do primeiro.

6.4. Ruídos em poços de ventilação de edifícios


Os poços de ventilação (geralmente utilizados para venti-
lar banheiros) constituem-se em solução arquitetônica proceden-
te para seu fim, porém requerem cuidados com as desagradáveis
transmissões recíprocas de ruídos entre unidades autônomas, que
devem ser observadas e combatidas, sob pena de geração de des-
conforto ambiental grave.
Se por um lado as aberturas se fazem necessárias para a pro-
moção da ventilação adequada, por outro lado se constituem em
fontes e/ou receptoras de ruídos, uma vez que a propagação do
som se dá em todas as direções, conforme a ilustração seguinte:

109
R É G I O P A N I A G O C A R VA L H O

Em função das diferenças de percurso de propagação do


som, o desconforto aumenta na medida em que se ouve um mes-
mo som em dois ou mais tempos diferentes: via direta e via refle-
xões múltiplas no interior dessas caixas acústicas.
Esta questão clássica de compatibilização de ventilação
natural com bloqueio de ruídos aéreos, em volumes que eviden-
ciam tubos, é de solução delicada, devendo ser bem aplicados
dois conceitos básicos combinados para atenuações dos ruídos a
patamares aceitáveis: a absorção acústica e a adoção de barreiras
acústicas.
A absorção acústica procede em função da atenuação par-
cial da energia sonora incidente nas paredes. Deve-se atentar para
o fato de que os índices de absorção acústica dos revestimentos a
serem adotados dizem respeito à energia sonora e não a decibéis
(item 4.6.Materiais e sistemas absorventes acústicos).

110
ACÚSTICA ARQUITETÔNICA

As barreiras acústicas funcionam com base na difração do


som (vide item 6.2). Como o caso em questão diz respeito a ruídos
aéreos, deve-se atentar para as médias e altas freqüências (a partir
de 500Hz).
A combinação correta desses dois conceitos promoverá a
atenuação de ruídos a patamares satisfatórios conforme cada caso
específico:

Ainda se tem a opção de adoção de atenuadores individuais


de ruídos junto às esquadrias - do tipo mistos, conforme visto em
6.3. (Item c) - mais comumente utilizados em intervenções isola-
das, sem qualquer prejuízo da ventilação.

111
R É G I O P A N I A G O C A R VA L H O

6.5. Ruído de impacto em lajes de pisos


Impactos em lajes de pisos de edifícios são transmitidas
via estrutural, em função dos processos vibratórios decorren-
tes (vide item 3.4).
Constatação inequívoca diz respeito à adoção de forros
sob as lajes, que em muito pouco ou quase nada contribuem
para a atenuação de ruídos de impacto percebidos na recepção.
Pior ainda: conforme o afastamento desse forro em relação à
laje, o sistema pode se constituir em um instrumento de per-
cussão (tambor), cuja função é a de realçar ruídos de impac-
to. Nem mesmo a adoção de quaisquer materiais absorventes
acústicos entre a laje e o foro produz os efeitos milagrosos das
promessas de atenuação de até 60% do nível de percepção au-
ditiva (são muito menores): promessas infundadas e sem con-
sistência técnica.

Nos termos da NBR 15.575 da ABNT, o máximo nível de


ruído de impacto admissível de se perceber no compartimento
de recepção é de 80dB (classificação I – inferior), para a ado-
ção no compartimento da fonte de uma máquina de impacto
normalizado. A melhor classificação de isolamento acústico pela
referida norma (S – superior) estabelece percepção na recepção
≤ 55dB.

112
ACÚSTICA ARQUITETÔNICA

Imagem de máquina geradora de ruído de impacto. Fonte: Daniel Pereyron, mestrado


2008 da Universidade Federal de Santa Maria-RS, página 61.

Estruturalmente pudemos concluir, com base em constata-


ções instrumentais por nós experimentadas, que quanto maior a
massa da laje menor será o seu processo vibratório e, conseqüen-
temente, menor será a transmissão. Evidenciam-se crescentes as
atenuações para os seguintes tipos de lajes de mesmas espessuras
em osso e mesmos vãos entre apoios:
• pré-moldada (com blocos cerâmicos)
• nervurada (capa 5cm + nervuras)
• treliçada (com blocos cerâmicos)
• maciça

Conforme estudos nossos em andamento, ainda não con-


clusivos mas já em fase adiantada, temos a comentar:

1. na medida em que se aumenta o vão entre apoios de


uma laje e mantém-se sua espessura, diminui-se a sua
rigidez, tornando-a mais susceptível a vibrar sob peque-

113
R É G I O P A N I A G O C A R VA L H O

nos impactos (e a transmitir, sob a forma de ruído, o


efeito vibratório).
2. de pronto podemos concluir que o aumento de sua mas-
sa e de seu volume (vide itens 4.3 e 4.4) se tornam vitais
para o aumento da sua estabilidade.
3. embasados no acima exposto, constatamos experimen-
talmente que o combate aos efeitos vibratórios de im-
pactos contando exclusivamente com uma laje maciça
em osso, respeita uma relação de espessura não inferior
a 5% do vão diagonal do painel, para percepção na re-
cepção da ordem de 65dB (com a utilização de máquina
de impacto normalizada na região da fonte).
4. A partir de 25cm de espessura de uma laje maciça, inde-
pendente do vão diagonal, os acrescimos de atenuações
são muito pequenos.

Inegavelmente a melhor forma de se absorver qualquer im-


pacto em lajes de pisos, é a adoção de materiais macios em seus
acabamentos (tapetes, pisos emborrachados, etc.). No entanto,
nem sempre isso é possível em todos os ambientes (cozinhas, ba-
nheiros, etc.), além do que não podemos privar o usuário de ado-
tar pisos cerâmicos, pedras, etc. em todo seu apartamento.

114
ACÚSTICA ARQUITETÔNICA

Em não adotando pisos macios sobre as lajes, a redução da


transferência de impactos pode ser feita com base no conceito lar-
gamente utilizado de pisos flutuantes sobre bases elásticas, des-
conectando-se inteiramente os contrapisos e pisos de quaisquer
elementos estruturais e/ou de vedações:

Bases elásticas e resultados de testes laboratoriais.

115
R É G I O P A N I A G O C A R VA L H O

A redução do nível de pressão do ruído de impacto para pisos


flutuantes está relacionada com a densidade superficial do contrapiso
(base flutuante) e com a rigidez dinâmica da base elástica (módulo de
elasticidade / espessura = MN/m³), conforme o seguinte:
ΔL = 30 x log (f/fo) dB, onde
f → frequência central da banda de oitavas ou terços de oita-
vas expressos (Hz)
fo → frequência de ressonância do sistema (Hz) = 160 x (s’/
m’) , onde
1/2

s’ → rigidez dinâmica da base elástica (MN/m³)


m’ → densidade superficial da base flutuante (Kg/m²)
Rigidez dinâmica (s’) de alguns materiais
Densidade Espessura
Base elástica s'(MN/m3)
(Kg/m3) (mm)
granulado de borracha ligado
855 10 84
com resina
granulado de borracha ligado
730 10 55
com resina
espuma de polietileno extrudado 39 5 46
espuma de polietileno extrudado 17 3 79
poliestireno 15 20 83
poliestireno 14 40 89
poliestireno 14 60 56
poliestireno expandido 14 20 19
poliestireno expandido 14 40 15
poliestireno expandido 14 60 12
feltro 104 5 30
feltro 89 10 16
feltro 95 20 10
lã de rocha 90 20 14
lã de rocha 90 25 11
lã de rocha 90 30 8

Note bem que na medida em que se aumenta a espessura


de uma mesma base elástica, reduz-se sua rigidez dinâmica.

116
ACÚSTICA ARQUITETÔNICA

A redução ponderada do nível de pressão de um ruído de


impacto ΔLw em dB nesses casos, pode também ser conhecida
diretamente com o uso do ábaco seguinte:

Note bem que, para a redução da transmissão do ruído de


impacto, dois fatores são vitais:
• base elástica de menor rigidez dinâmica;
• base flutuante de maior densidade superficial.

117
R É G I O P A N I A G O C A R VA L H O

Deve-se ficar atento para o fato de que quando as bases elás-


ticas são muito compressíveis, a redução de sua espessura (volu-
me), quando sujeita a carregamentos, pode provocar aumento da
sua rigidez dinâmica, com conseqüente redução da atenuação de
ruídos de impacto. É muito importante então adotar materiais que
resguardem suas condições originais ao longo dos anos.

Concluindo, estamos estudando duas outras questões den-


tro do mesmo tema:

1. Isolamento acústico de ruídos de impacto em casos


pré-existentes (imóveis habitados): na quase sempre
impossibilidade de providências sobre a laje, estamos
analisando, processo já em fase adiantada mas ainda não
conclusivo, sistema de acréscimo de enrijecimento de
lajes via suas faces inferiores, analisando as deformações
estruturais decorrentes (que regra geral comprometem
os pisos rígidos nas suas faces superiores). O princípio
consiste em conferir ao sistema esforços axiais à laje,
conforme sua face inferior, sem aumento significativo
de carregamento estrutural, tudo desde que passível de
ser adotado forro sob a laje, o que implica em redução
dos pés direito dos compartimentos contemplados.
2. Lajes pré-moldadas de concreto armado: assentando
os painéis sobre bases elásticas nas vigas de apoios (vi-
gas “T”), desconectando-as inclusive das alvenarias, evi-
dencia que a relação de 5% espessura/vão diagonal pode
ser reduzida, com melhores resultados que nos casos de
lajes contínuas de estruturas convencionais.

118
ACÚSTICA ARQUITETÔNICA

6.6. Ruído de impacto em coberturas metálicas


Conforme vimos anteriormente, a melhor forma de se ate-
nuar o ruído produzido por um impacto é, seguramente, absorver
esse impacto na fonte.
Nestes termos temos que admitir que a aplicação de qual-
quer material elástico sobre a cobertura é a opção mais apropriada
(mantas elásticas, espuma de poliuretano, etc.).
No entanto deveremos, caso a caso, considerar os seguintes
aspectos:
• o fato de o material elástico absorver parcialmente o im-
pacto não impede o processo vibratório de uma telha
metálica, por exemplo (de pequena massa). O processo
vibratório dessa telha gerará, em conseqüência, excita-
ção de outras partes da estrutura que poderão ocasionar
fontes secundárias de ruído. Nestes termos, o bom sen-
so recomenda apoios elásticos para as telhas, desconec-
tando-as da estrutura de sustentação;
• ao se considerar as possíveis oscilações de umidade
e temperatura, não se pode desconsiderar a possibi-
lidade de que qualquer tratamento superficial expos-
to desta cobertura possa vir a ser comprometido em
curto prazo por descolagem, salvo os casos que sejam
providos de manutenção periódica. Cabe aqui uma
análise criteriosa da relação custo/benefício ao longo
dos anos.

Outras alternativas de boas performances são:

• aplicação, sob as telhas, de materiais absorventes acús-


ticos, de espessuras e densidades compatíveis com cada

119
R É G I O P A N I A G O C A R VA L H O

caso, não esquecendo dos apoios elásticos das mesmas;


• telhas metálicas do tipo “sanduíche”, dupla face, com
preenchimento de poliuretano expandido ou similares
(isolamento acústico conforme laudos técnicos forneci-
dos pelos fabricantes);
• execução de forros de massa compatível com a necessidade
de isolamento contra a capacidade de carga da estrutura.

6.7. Divisórias acústicas


Atribuir a uma divisória qualquer o adjetivo “acústica” não
deixa de ser uma redundância uma vez que, conforme visto em
4.1, tudo na natureza possui propriedades acústicas.
Entretanto, em nível comercial, são entendidas como “divi-
sórias acústicas” aquelas às quais são atribuídas propriedades rele-
vantes de absorção e/ou isolamento acústico (vide capítulo 4).
Conferir boa capacidade de isolamento acústico a uma divi-
sória requer basicamente:

• aumento de massa, seja utilizando madeira ou placas de


gesso, por exemplo;
• inserção de material absorvente acústico em seu inte-
rior, conferindo ao conjunto isolamento acústico adi-
cional pelo princípio massa/mola/massa (vide 4.5);
• aumento de massa dos montantes e/ou introdução de
recheio denso (evitar os vazios);
• cuidar das conexões piso/divisória/divisória/teto, prefe-
rencialmente com a adoção de elementos flexíveis,

120
ACÚSTICA ARQUITETÔNICA

Exemplos à frequência de 500Hz

Conferir absorção acústica adequada para uma divisória


requer uma análise consistente do condicionamento acústico do
ambiente, para que se possa definir seus acabamentos.
É perfeitamente compreensível que os aspectos plásticos de
uma instalação qualquer são relevantes, porém não determinantes.

121
R É G I O P A N I A G O C A R VA L H O

Não bastam somente os excelentes aspectos plásticos das di-


visórias disponíveis no mercado, mas fundamentalmente a consis-
tência técnica das questões prometidas (e às vezes não cumpridas)
de isolamento acústico, absorção acústica, isolamento térmico e
resistência à combustão, associadas aos remanejamentos, substi-
tuição de partes, estrutura portante, resistência ao impacto, etc.

6.8. Ruído aéreo de motores


Enclausurar. Esta é a primeira providência a se tomar para
conter os altos níveis de ruídos aéreos produzidos por quaisquer
máquinas e motores.
No entanto não se pode esquecer que tais equipamentos re-
querem ventilação para funcionamento, sob o risco de atingirem
altas temperaturas e desarmarem automaticamente.

Providências, passo a passo:

1. aferir o nível de ruído produzido pela máquina em fun-


cionamento pleno;
2. aferir o ruído de fundo do entorno;

122
ACÚSTICA ARQUITETÔNICA

3. estabelecer o invólucro, dimensionando adequadamen-


te as aberturas de tomada e saída de ar (ventilação na-
tural), porta de acesso ao recinto e área do radiador (se
for o caso);
4. dimensionar os atenuadores de ruídos, caso a caso;
5. corrigir o tempo de reverberação do recinto: aplicação
de materiais absorventes acústicos;
6. verificar a atenuação de ruídos por absorção acústica;
7. promover o isolamento acústico necessário.

A fotografia anterior diz respeito ao projeto de reforma do


enclausuramento de um grupo gerador de energia.
Em funcionamento pleno, o equipamento produz 125dB(A)
de ruído.

123
R É G I O P A N I A G O C A R VA L H O

O seu enclausuramento original, além de não ser suficiente


para bloqueio do ruído produzido, ainda era precário quanto à
ventilação: o gerador desarmava-se após 20 minutos de funciona-
mento, ao atingir temperatura de 135ºC.
Após as intervenções, todas embasadas nos conceitos cons-
tantes deste livro, registramos os seguintes resultados:
• NR externo: 58dB (A);
• temperatura interna: 30ºC;
• tempo de funcionamento ininterrupto: testadas 72 horas.

6.9. Vibrações de Máquinas e Motores


O convívio às vezes inevitável com motores quaisquer re-
quer combate às vibrações decorrentes de seu funcionamento, que
podem afetar estruturas portantes de edifícios, e/ou interferir no
funcionamento de algum outro equipamento nas proximidades,
e/ou afetar pessoas a essas vibrações submetidas, e/ou afetar uma
impermeabilização nas proximidades, etc.
Entendemos como procedente a seguinte ordem de proce-
dimentos:
1. Considerado o motor 100% equilibrado por ocasião de
seu funcionamento, a primeira grande providência con-
siste em instalá-lo sobre um sistema absorvedor de suas
vibrações, conforme croqui a seguir:

124
ACÚSTICA ARQUITETÔNICA

2. Verificação da transmissividade t:
t = a transmissividade das vibrações é o percentual de ener-
gia sonora que participa do sistema como resíduo perturbador. Se
t > 1 significa dizer que a força transmitida é maior que a força de
excitação e a questão é crítica, requerendo procedimentos correti-
vos. Se t < 1 significa dizer o inverso e o sistema estará equilibra-
do, desde que fe (freqüência de excitação do equipamento - Hz) >
21/2 x fn (freqüência natural de oscilação do sistema - Hz).

Equações básicas:

t = [(fe / fn)2 - 1]-1


fe = nº R.P.M / 60 segundos
fn = (2π)-1 x (K/m)1/2
K (rigidez do sistema - MKS) = (m x g) / s
m = massa do sistema (motor + base de apoio + etc.)
g = aceleração da gravidade no local
s = deformação estática do sistema após o carregamento

Calculado a t, a diferença é o percentual de redução de


energia sonora vibracional:

R.E.S = 100 x (1- t )%

3. É importante colocar que a substituição dos amortece-


dores deve ser feita nos prazos estabelecidos pelos seus
fabricantes, sob pena de comprometimento, no médio e
longo prazo, das eficiências em função do desgaste na-
tural decorrente do tempo de vida útil prescrito. E isto
raramente ocorre. E é por esta razão que, na produção
arquitetônica, busca-se adotar soluções de vida longa,
como a adoção das bases elásticas citadas no item 6.5.

125
R É G I O P A N I A G O C A R VA L H O

4. Para a adoção das bases elásticas aqui, é de vital im-


portância que se considere uma base flutuante de
massa equivalente à no mínimo uma vez e meia a do
seu carregamento, não se esquecendo da carga dinâ-
mica que é acrescida ao sistema quando do funciona-
mento do motor.
5. Por último, nunca permitir qualquer conexão rígida de
motor sobre uma base elástica com as demais estruturas
seqüenciais (tubulações hidráulicas por exemplo), posto
que compromete totalmente todos os cuidados anterio-
res. Se necessária alguma conexão, adotá-la flexível.

126
7. TIPOLOGIAS ESPECÍFICAS
7. TIPOLOGIAS ESPECÍFICAS

7.1. Ambientes de escritórios

Podem ser classificados basicamente em:


a) escritórios convencionais compartimentados, adotando-
se divisórias do piso ao teto;
b) grandes escritórios abertos, utilizando-se do conceito de
landscape offices (divisórias de média altura);
c) escritórios mistos, congregando os dois casos anteriores
simultaneamente.

Para o primeiro caso, escritórios compartimentados com


divisórias até o teto, a questão é de solução relativamente simples,
fundamentalmente porque, em função da pequena taxa de ocu-
pação, praticamente tudo é previsível em termos operacionais de
geração de ruídos: computador, telefone, fala, etc.

Cabem para esses casos duas providências de acústica ar-


quitetônica já comentadas anteriormente:
• promoção do isolamento acústico adequado aos ní-
veis de ruídos produzidos interna e/ou externamente
ao ambiente;
• correção do tempo de reverberação do recinto, geran-
do atenuação dos ruídos produzidos internamente.

Vale sempre ressaltar que, considerando-se ambientes con-


finados, a ventilação natural e/ou artificial deverá ser contemplada
em perfeita harmonia com as questões de acústica arquitetônica.

129
R É G I O P A N I A G O C A R VA L H O

Especial atenção deve ser dada às possíveis transmissões de


ruído entre salas contíguas através de dutos de ar condicionado,
bem como ao processo vibratório dos referidos dutos ao passarem
pelas divisórias, gerando vibrações que, na seqüência, se conver-
tem em ruídos de baixa freqüência.
Já para os casos dos grandes escritórios abertos, a questão
atinge maior complexidade:
• a convivência de pessoas de comportamentos distintos,
geradoras de maior ou menor intensidade de ruído e/ou
sons até mesmo pela fala;
• a questão da necessidade ou não de privacidade vi-
sual, podendo-se descartar de partida as divisórias
envidraçadas;
• as questões de funcionamento simultâneo de equipa-
mentos geradores de ruídos (computadores, telefo-
nes, etc.);
• a questão do trânsito mais substancial de pessoas pelas
circulações comuns, provocando o ruído de impacto so-
bre os pisos elevados;
• a questão crucial de ventilação via condicionamento de
ar, uma vez que boa parte das pessoas não conseguem
ou não podem conviver com esse tipo de ventilação.

Dimensionar adequadamente esses ambientes requer


conciliação do volume interno em função da taxa de ocupação,
tanto com base na tecnologia a ser adotada para a ventilação
como para a aferição do tempo ótimo de reverberação e conse-
qüentes correções.
A seguir, exemplificação gráfica de trabalho por nós desen-
volvido, segundo situação anterior e atual das instalações:

130
ACÚSTICA ARQUITETÔNICA

E no que diz respeito às divisórias que vierem a ser adota-


das em qualquer instalação, deverão ser observados os seguintes
aspectos relevantes:

1. Divisórias de meia altura:

131
R É G I O P A N I A G O C A R VA L H O

• analisar as absorções acústicas internas do recinto como


um todo, considerando inclusive os revestimentos das
divisórias, buscando desta forma a correção do tempo
de reverberação tr;
• analisar a geometria interna do recinto, reflexões vias
paredes e tetos, e especificamente aquilo que diz respeito
às barreiras acústicas proporcionadas pelas divisórias;
• observar se as divisórias devem bloquear também vi-
sualmente os compartimentos contíguos, sob pena de
comprometerem a privacidade. E quanto mais altas fo-
rem, melhor o efeito de barreiras acústicas.

2. Divisórias até o forro:

• idem à primeira observação de 01, atentando agora para


as transmissões acima do forro: ou o forro tem massa
compatível com a necessidade de isolamento acústico
entre as salas, ou deve-se criar altíssima absorção acús-
tica entre ele e a laje de teto.

3. Divisórias até o teto:


• são divisórias utilizadas para promoção de maior nível
de isolamento acústico que nos casos anteriores;

132
ACÚSTICA ARQUITETÔNICA

• analisar a massa da divisória e promover conexões do


tipo elásticas (painel x painel x estrutura x alvenarias).

7.2. Ambientes de televendas


Acompanhando a evolução das diversas formas de relações
comerciais, temos observado que os ambientes de televendas vêm
evidenciando uma velocidade de crescimento muito acima da
média de outras atividades equivalentes.
Em face do alto custo por metro quadrado inerente às cons-
truções, principalmente nos grandes centros urbanos, as empresas
de televendas têm se instalado em ambientes exíguos, observando
exclusivamente a necessidade mínima de espaço horizontal por
cabine/ocupante.
É exatamente uma situação como essa que produz uma ver-
dadeira “fábrica de loucos”, pessoas excessivamente estressadas,
cuja produtividade seguramente fica comprometida.
Atualmente temos nos deparado com questões dessa natu-
reza de maneira cada vez mais constante. Algumas empresas, es-
pecialmente as dotadas de departamentos de “qualidade de vida”
ou grupos de preservação da saúde dos funcionários, já demons-

133
R É G I O P A N I A G O C A R VA L H O

tram preocupação com o conforto de seus empregados, até mes-


mo visando o aumento de sua produtividade. Em outras empre-
sas onde estes ambientes não propiciam condições adequadas de
trabalho, a rotatividade dos funcionários é maior, sua produti-
vidade é menor e tornam-se cada vez mais constantes ações tra-
balhistas amparadas pela legislação e pela normatização atual,
mais atenta a essas questões de qualidade de vida nos ambientes
de trabalho.

Evidenciaremos alguns aspectos arquitetônicos que deve-


riam/poderiam ser repensados:
• a taxa de ocupação é dimensionada exclusivamente em
função da área disponível, segundo cubículos mínimos
fechados lateralmente e frontalmente, alegando-se a ne-
cessidade de máxima concentração por parte do opera-
dor; isso poderia/deveria ser dimensionado em função
do volume interno do recinto;
• em geral as circulações são inadequadas, principalmen-
te na hipótese de algum sinistro, uma vez que congestio-
nariam o fluxo em velocidade;
• espaços de descompressão inexistentes.

Dentre os aspectos técnicos sob o prisma do conforto am-


biental, e que se mostram relevantes, temos a destacar:
• o volume per capita dos recintos é imprórpio, na maio-
ria dos casos, com relação à ventilação (seja ela qual for:
mecânica ou natural), comprometendo a taxa de oxige-
nação do ar, fator gerador de muitos distúrbios orgâni-
cos às vezes sequer compreendidos (ambientes de per-
manência prolongada);
• a iluminação, seja ela natural ou artificial, na grande

134
ACÚSTICA ARQUITETÔNICA

maioria dos casos de que temos conhecimento é inade-


quada para a atividade;
• e dentro do objetivo deste livro, as questões de acústica
arquitetônica são as que mais nos solicitam equaciona-
mentos, e decorrem exatamente desse conjunto de fa-
tores anteriormente expostos: o somatório dos ruídos
produzidos pelos operadores, em ambientes inadequa-
damente tratados, gera grande desconformo no atendi-
mento aos clientes.

Realmente é uma questão complexa em termos de acústica


arquitetônica.
Isolamento acústico, só do ambiente com relação ao exte-
rior, via seu perímetro, e já amplamente comentado em vários ou-
tros capítulos deste manual.
Geometria interna, as empresas sequer aceitam comentar,
uma vez que esses ambientes se desenvolvem, regra geral, em pa-
vimentos corridos de edifícios comerciais, com forros horizontais
e paredes paralelas.

Só restam então duas intervenções básicas:


• barreiras acústicas;
• absorção acústica, buscando corrigir o tempo de re-
verberação do ambiente segundo a primeira curva
constante do gráfico de tempo ótimo de reverberação
(fig. pág. 95 posto em norma). Esta curva estabelece o
mínimo de reverberação necessária para um ambiente,
segundo seu volume interno, quando nos deparamos
com esses casos de tamanha complexidade e desconsi-
derados pelo gráfico.

135
R É G I O P A N I A G O C A R VA L H O

Os revestimentos absorventes de acabamentos dos cubícu-


los, pessoas com equipamentos, pisos, esquadrias, revestimentos
de paredes e forros são as variáveis básicas a serem consideradas
nessas situações.
A atenuação total de ruído deverá ser verificada, em pelo
menos três freqüências básicas (baixa - 125Hz, média - 500Hz e
alta - 2000Hz), segundo a absorção acústica total do recinto antes
e depois das intervenções, adotando-se o exposto no item 5.3.

7.3. Salas de reunião


A acústica arquitetônica tem necessariamente que corres-
ponder às expectativas: ouvir bem é a tônica. A eletroacústica,
sempre que possível, deve ser utilizada somente pela necessi-
dade de tradução simultânea.
Os níveis de ruídos devem ser baixos. Fica aqui a recomen-
dação de se evitar casas de máquinas em compartimentos contí-
guos (centrais de ar condicionado, por exemplo).
Em recintos fechados, de acordo com o nível de privacidade
que o ambiente requeira, ante-salas podem consistir em bons arti-
fícios de acessibilidade, impedindo o comprometimento do isola-
mento acústico através das frestas das portas. Não são necessárias,
no caso, portas de grandes massas.
A geometria interna deve proporcionar a melhor distri-
buição possível dos sons produzidos, refletindo-os (a título de
reforço) ou absorvendo-os conforme a necessidade. Deve-se
buscar, sempre que possível for, a máxima aproximação possí-
vel entre os interlocutores a título de não comprometer a boa
audibilidade.

136
ACÚSTICA ARQUITETÔNICA

O tempo de reverberação (tr) deve ser o mais próximo pos-


sível do tempo ótimo de reverberação (tor) previsto pela norma,
devendo ser quantificado conforme a situação mais freqüente de
uso da sala. Isto se justifica posto que, para taxas de ocupação
maiores ou menores que o previsto, o tr se mantenha no patamar
de ±10% do tor.

137
R É G I O P A N I A G O C A R VA L H O

7.4. Escolas de música


Escolas são escolas, a qualquer tempo e em qualquer lugar.
E uma escola de música não poderia ser diferente. Um pouco mais
barulhenta talvez, mas sem perder a essência de escola. A comuni-
cação entre professor e aluno deve ser absolutamente respeitada,
portanto o nível de ruído deve estar dentro dos padrões aceitáveis.
Considerando-se que um professor de música trabalha pelo
menos 4 (quatro) horas diárias, expondo-se algumas vezes a níveis de
ruído acima dos patamares tidos como normais para uma escola con-
vencional, sob nenhum pretexto pode-se desprezar a orientação do
Ministério do Trabalho que trata dos tempos máximos de exposição
a níveis de ruído, conforme vimos em capítulos anteriores.
Recapitulando então o contido no item 3.8: para quatro ho-
ras de trabalho por dia, um professor não pode se submeter a ní-
veis de ruído superiores a 90dB, ou 85dB para oito horas diárias
de trabalho. Ficam então, a partir daqui, estabelecidos os máxi-
mos níveis de ruídos admitidos em salas de aula de uma escola de
música, os quais nunca devem ser extrapolados.
Segundo aferições em diversas oportunidades, em escolas de
música que zelam pelo conforto acústico tanto do professor como
do aluno, constatamos níveis de ruído oscilando entre 83,90dB(A)
a 58,00dB(A), incluindo-se no contexto inclusive os casos de utili-
zação de instrumentos de percussão (baterias, atabaques, etc.).
No entanto é comum (porém incorreto), que professores de
música, principalmente os de instrumentos de percussão, produ-
zam níveis de ruídos em suas salas de aula superiores a 115dB. Isso
deve ser combatido com veemência: nos termos do estabelecido
pelo Ministério do Trabalho, 115dB é o máximo nível de ruído
aceitável para uma exposição diária de apenas 7minutos! Extra-
polando esse limite, a danificação da audição tanto do professor

138
ACÚSTICA ARQUITETÔNICA

como do aluno é praticamente inevitável. Imagine, por exemplo,


um aluno exposto a tais patamares abusivos: na hipótese de danos
à sua audição, caberia inclusive uma ação judicial contra a escola,
sem chance desta sair ilesa do processo. É a Lei.
Na ocasião do projeto arquitetônico de uma escola de músi-
ca, três ambientes básicos são de grande importância: o conjunto
de salas de aula, pelo menos um estúdio para ensaios conjuntos, e
um auditório para apresentações.
Como teceremos comentários posteriormente sobre os es-
túdios (vide capítulo 8,10 e 11) e sobre os auditórios (vide item
5.6, item 7.6 e capítulo 12), nos ateremos agora somente às salas
de aulas de música.
Em termos de geometria interna dessas salas de aula, é mui-
to importante atentar para dois aspectos:
• o ideal é que seus volumes mínimos sejam superiores a
30m² em função de questões de ventilação e de taxa de oxi-
genação do ar, uma vez que tais ambientes são fechados;
• evitar superfícies opostas paralelas, inclusive com tetos
inclinados, como caracterizado no exemplo abaixo:

139
R É G I O P A N I A G O C A R VA L H O

No que diz respeito ao tempo de reverberação, ele está pre-


visto em norma. Apenas recomenda-se, por bom senso, que seja
o mais refletor possível (tr + 10%) uma vez que, considerando-
se as diferenças de percepção auditiva do ouvido humano, na
hipótese de o usuário entender que o recinto deva ser mais ab-
sorvente, basta inserir no seu interior painéis absorventes avul-
sos como no caso dos estúdios de gravação/ensaio. E é sempre
mais fácil aumentar a absorção acústica de um ambiente do que
torná-lo mais refletor.
Quanto ao isolamento acústico, para uma produção
interna de ruído da ordem de 85dB(A) conforme visto ante-
riormente, pode-se estudá-lo a um patamar da ordem de 30
a 35dB(A), pois uma vez calculada uma atenuação de ruídos
por absorção acústica interna em pelo menos mais 5dB, o nível
de ruído externo será considerado perfeitamente aceitável, va-
riando entre 45 e 50dB(A).

140
ACÚSTICA ARQUITETÔNICA

7.5. Home Theaters


Considerando-se os home theaters, em geral, como ambien-
tes de uso doméstico, podemos analisá-los na condição de estú-
dios para música, sem o excesso de rigor nas questões que tratam
do isolamento acústico.
No que diz respeito ao condicionamento acústico (geome-
tria interna e tempo de reverberação), procedem as análises crite-
riosas de volume e superfícies absorventes amplamente analisadas
para outros casos contidos neste livro.
É muito comum arquitetonicamente a sua composição
como um espaço de múltiplo uso: áudio, vídeo e biblioteca, e até
sala de jogos. Mas mesmo assim convém analisá-lo na condição
de um estúdio, fazendo o uso racional de todos os elementos com-
ponentes (poltronas, mesas, cadeiras, estantes, livros, etc.) para
adequação do tempo de reverberação.
Um home theater é um espaço, um volume, e não um equi-
pamento eletrônico de boa qualidade como muita gente pensa ou
vende como sendo. Se o ambiente não estiver acusticamente bem
preparado, nenhum equipamento de alta qualidade conseguirá
evidenciar melhor os seus atributos.
A escolha do equipamento e seu posicionamento dentro do
ambiente é atribuição do técnico de eletroacústica, mas cumpre-
nos comentar algumas questões básicas:

• as caixas acústicas nunca devem ficar posicionadas en-


costadas no rack do conjunto de som sob pena de perda
substancial de qualidade do som estereofônico;
• encostar as caixas acústicas nas paredes acarretará perda de
qualidade do áudio, realçando as freqüências mais baixas;

141
R É G I O P A N I A G O C A R VA L H O

• deixar as caixas acústicas muito próximas das paredes


também não é aconselhável, uma vez que as paredes
se comportarão como defletores secundários das on-
das sonoras: o som refletido na parede volta ligeira-
mente atrasado em relação ao som direto, causando
desconforto auditivo;
• o afastamento entre as caixas acústicas e o ouvinte nun-
ca deve ser menor que dois metros, nem maior que cin-
co metros, tudo segundo um triângulo eqüilátero:

• devem ser evitadas as instalações assimétricas, uma vez


que um som gravado originalmente em dois canais será
percebido pelo ouvinte como dois sons diferentes, des-
truindo o efeito estéreo:

142
ACÚSTICA ARQUITETÔNICA

7.6. Auditórios
Quando a forma geométrica do projeto arquitetônico auxilia
o comportamento acústico do recinto, como no caso do auditório
a seguir caracterizado, não é necessário alterar seus componentes,
bastando o tratamento providencial das superfícies com os mate-
riais mais ou menos absorventes, definidos por ocasião do cálculo
do tempo de reverberação.

Observa-se, ainda no caso em questão, a real possibilidade


de convívio saudável entre o isolamento acústico e a ventilação

143
R É G I O P A N I A G O C A R VA L H O

natural, com a simples adoção de atenuadores de ruídos adequa-


damente dimensionados e posicionados junto às aberturas. Essa
é uma providência bastante interessante sob o prisma de redução
do custo de manutenção da instalação, podendo evitar a ventila-
ção mecânica e/ou o condicionamento de ar.

Sugestões de procedimentos para auditórios:

• verificação do ruído do entorno a título de se dimensio-


nar o isolamento acústico necessário;
• buscar uma forma arquitetônica do ambiente interno
que auxilie nas questões do condicionamento acústico,
especificamente no que diz respeito à distribuição dos
sons produzidos:
• na hipótese de geometria do volume interno do recinto
previamente estabelecido por terceiros, observar a neces-
sidade de adoção de painéis refletores e/ou absorventes em
tetos e paredes por questões exclusivamente técnicas:

144
ACÚSTICA ARQUITETÔNICA

• não inserir no contexto elementos de conotação exclusi-


vamente estética, sob pena de resultados insatisfatórios
ou mesmo catastróficos;
• evitar as superfícies paralelas e, quando isso não for possí-
vel, usar artifícios que possam combater as ondas estacio-
nárias via paredes, por exemplo, a inserção de elementos
horizontais, ou verticais, ou inclinados, ou mistos, etc.:

• analisar o tempo de reverberação do recinto nesta primei-


ra condição projetada, para corrigi-lo através da absorção
acústica de suas superfícies componentes e demais elemen-
tos nele inseridos (pessoas, cadeiras, mesas, etc.);
• checar o tempo ótimo de reverberação para o recinto;
• estabelecer a taxa de ocupação em função do volume
interno;
• estabelecer o posicionamento correto dos acabamentos
e do mobiliário (elementos absorventes);
• exercitar simulações de correção da geometria interna
do recinto;
• exercitar simulações de correção do tempo de reverberação
do recinto, observando ainda taxas diferentes de ocupação.

145
R É G I O P A N I A G O C A R VA L H O

7.7. Ruído industrial


Diferentemente do analisado em 6.8, quando congregados
em um mesmo ambiente pessoas e equipamentos produtores de
ruídos, as providências básicas devem ser as seguintes:
a) calibragem dos equipamentos, assentamento sobre bases
elásticas (lajes flutuantes) e enclausuramento possível dos moto-
res, todas essas providências de responsabilidade do departamen-
to competente de mecânica;
b) tratamento de acústica arquitetônica, buscando reduzir os
ruídos produzidos a patamares compatíveis com a Legislação (dose
de ruído), antes de se admitir o uso de equipamentos de proteção
individual. Lembrar que a atenuação de ruídos (dB) do pós inter-
venção / antes da intervenção é dada por 10 x log (A2 / A1)

146
ACÚSTICA ARQUITETÔNICA

Procedimentos de acústica arquitetônica:

1. promover absorção acústica via paredes e tetos, conci-


liando-a com as questões de iluminação e ventilação;
2. se for possível, procurar utilizar pisos absorventes
acústicos;
3. onde for possível, setorizar as atividades com a adoção de
divisórias que se constituam em barreiras acústicas e se,
ainda possível, revesti-las com materiais de alta capacidade
de absorção acústica;
4. e, por último, a adoção de atenuadores de ruídos junto
ou em substituição às esquadrias também consiste em
providência de ótima resposta.

Não existe uma regra básica, uma vez que, em nível indus-
trial, os recintos têm conformações distintas, que em princípio
obedecem ao fluxo normal de uma linha de produção.

7.8. Bares e restaurantes abertos


Esta questão clássica, algumas vezes tida como insolúvel,
consiste hoje em um dos mais graves problemas de acústica ar-
quitetônica para as cidades de grande porte e outras que se en-
contram em processo de desenvolvimento. Este problema se evi-
dencia principalmente durante a noite, quando o nível de ruído
urbano (ruído de fundo) é mais baixo, e os ruídos provenientes
destes estabelecimentos tornam-se então mais perceptíveis.
A coexistência pacífica entre estabelecimentos noturnos e
seus entornos residenciais se trata de uma questão de bom senso,
por parte dos arquitetos, e de respeito, por parte de proprietários
e usuários. Algazarras não cabem no contexto e sequer podem
ser quantificadas. A utilização do espaço comercial com uma

147
R É G I O P A N I A G O C A R VA L H O

produção de níveis de ruídos previstos para combate em projeto


de acústica arquitetônica, sempre permite o convívio saudável
com os residentes vizinhos.

Analisemos preliminarmente as questões básicas partici-


pantes do contexto:
• os sons graves, de baixa freqüência, conforme já men-
cionamos em oportunidades anteriores, são os mais di-
fíceis de serem bloqueados: grandes comprimentos de
onda e grandes alcances;
• os sons médios, de média freqüência (em torno de
500Hz), são perfeitamente passíveis de bloqueio parcial,
bem como são passíveis de boas absorções acústicas;
• os sons agudos, de alta freqüência, são passíveis de blo-
queios consistentes e de fácil absorção acústica na fonte,
e têm menores alcances;
• a distância entre a fonte e a recepção é fator relevante
a ser considerado, função da perda de potência sonora
com o aumento da distância;
• nos termos da NBR 10.152, 45dB(A) é o máximo nível de
ruído aceitável internamente para um quarto de dormir;
• não se pode privar o morador vizinho de manter a jane-
la do seu quarto aberta durante a noite;
• conforme visto anteriormente, os ruídos que adentram
a recintos com janelas e/ou portas abertas são parcial-
mente atenuados em função das absorções acústicas
promovidas pelos seus muitos componentes internos.

Com base nas colocações anteriores, o bom senso orienta:


1. quando do projeto de arquitetura, procurar posicionar
os ambientes sabidamente mais ruidosos do estabeleci-
mento comercial o mais distante possível das direções

148
ACÚSTICA ARQUITETÔNICA

residenciais;
2. no caso de música ao vivo, externamente somente voz e
violão, por exemplo, e preferencialmente sem amplifica-
ção eletrônica;
3. instrumentos musicais de percussão, contrabaixos e
outros que emitem sons em baixa freqüência, somente
devem ser utilizados em ambientes fechados e tratados
acusticamente;
4. no perímetro que delimita o espaço aberto, utilizar bar-
reiras acústicas removíveis, preferencialmente contínu-
as, e dotadas de materiais absorventes acústicos voltados
para o interior do recinto;
5. na hipótese de toldos, comuns em instalações do gêne-
ro, aproveitar suas superfícies internas para aplicação de
materiais absorventes acústicos, e quando fixos, acres-
centar massa para isolamento acústico.

Se a perda da potência sonora decorrente da distância entre


a fonte e a recepção responde por parcela substancial da atenua-
ção dos sons/ruídos, a pequena contribuição decorrente da ado-
ção do rol de providências citadas anteriormente (pequenos es-
paços abertos são comprometedores da estanqueidade, vide item
5.2) poderá ser o decréscimo necessário no contexto.

Exemplificando:
• nível interno de ruído: 80dB
• isolamento acústico projetado (e confirmado instru-
mentalmente): 5dB
• nível externo de ruído (no limite externo da fonte): 75dB
• ruído de fundo (na madrugada): 45dB
• ruído total no limite externo da fonte: 75dB + 45dB = 75dB
• distância do limite externo da fonte até à recepção: 20m
149
R É G I O P A N I A G O C A R VA L H O

• atenuação de ruídos em função da distância: 26dB


• ruído atenuado na recepção: 49dB (75-26)
• ruído total no limite externo da recepção: ruído atenua-
do + ruído de fundo = 50,5dB

Analisando o exemplo anterior, mesmo que o ruído ex-


ternado acrescido do ruído de fundo não contemple a NBR
10.151 nas proximidades do estabelecimento, a critério do
agente fiscalizador, o caso poderá ser dado como aceitável.

150
8. SOBRE ESTÚDIOS
8. SOBRE ESTÚDIOS

8.1. Estúdios de rádio (locuções)


Nos termos da NBR 12.179 (tratamento acústicos em recintos
fechados) as referências que tratam de tempo de reverberação para
recintos fechados prevêem volumes mínimos na ordem de 30m3.
Nâo nos cabe discutir as razões, mas seguramente um volu-
me inferior a 30m3 para a permanência prolongada de uma pessoa
claustrofóbica poderá responder por transtornos comportamen-
tais. E no que diz respeito à oxigenação do ar no ambiente, um
volume de 30m3 per capita é aceitável por pelo menos uma hora
sem troca de ar no recinto na hipótese da falha do sistema eletro-
mecânico de ventilação adotado.
Nunca devemos posicionar mesas quaisquer que venham a
compor o ambiente interno nas proximidades das paredes e/ou
dos visores (quando existirem), e sim preferencialmente o mais
próximo possível do ponto central do recinto (ponto de locução),
para evitar reflexões via paredes que acabam sendo direcionadas
para os microfones quase que simultaneamente com os sons dire-
tos, produzindo efeitos de “ondas estacionárias”.
O estúdio passa a se constituir em duas caixas concên-
tricas, conectadas apenas na região do piso (laje fluante sobre
base elástica). No teto e paredes da caixa interna é que se apli-
cam os revestimentos a serem adotados.

153
R É G I O P A N I A G O C A R VA L H O

Em face aos pequenos volumes em que se desenvolvem tais


atividades, excluindo-se a questão da geometria interna que em
muito pouco contribui para uma melhoria da resposta acústica,
duas questões básicas devem ser observadas em termos de acústica
arquitetônica:

8.1.1 Isolamento acústico:


a) no isolamento acústico via paredes e/ou forros, suas mas-
sas e espessuras devem respeitar os conceitos descritos da Lei de
Massa e/ou o conceito do princípio massa/mola/massa e/ou o
princípio do isolamento acústico em função do comprimento de
onda;
b) o isolamento via porta, além do citado no parágrafo
anterior, requer atenção para as vedações nas suas conexões
com os portais e/ou pisos (regiões muito comprometedoras do
isolamento acústico global do recinto);
c) os visores são as superfícies de menor capacidade de iso-
lamento acústico, requerendo número maior de lâminas de vidros
e espaços vazios, conforme cada caso ou aumento das espessu-
ras das lâminas das vidros, não se esquecendo da necessidade de
possuírem, em todo o seu perímetro, borrachas apropriadas de
conexão com seus requadros.
Para evitar a condensação de água entre lâminas de vidro
recomenda-se a adoção de vácuo no seu interior. Na impossibili-
dade desta providência, algum sistema de ventilação é imprescin-
dível. Em qualquer caso, devem ser afastados dos difusores de ar
condicionado do ambiente, posto que podem provocar condensa-
ção de água entre as lâminas de vidro, prejudicando a visibilidade
e seu bom aspecto.

154
ACÚSTICA ARQUITETÔNICA

d) outra questão que na grande maioria dos casos não é ob-


servada, diz respeito à atenuação de vibrações externas que fa-
talmente convertem-se em ruídos de baixa freqüência (os mais
difíceis de serem isolados), captados pelos microfones sensíveis
utilizados nessas instalações e que acabam evidenciando-se nos
monitores de recepção da transmissão. Esses ruídos surdos de
fundo são impossíveis (até o momento) de serem combatidos por
qualquer equipamento eletrônico.

8.1.2 Condicionamento acústico:


Condicionar acusticamente um recinto consiste em lhe
conferir as melhores condições internas de audibilidade. Os mi-
crofones utilizados são de alta sensibilidade, exigindo atenção es-
pecial uma vez que tudo pode ser captado e consequentemente
transmitido.
Conforme já colocado anteriormente, todo ambiente requer
reverberação apropriada. Os sons produzidos devem ser percebi-
dos com a maior clareza possível. E o tempo ótimo de reverbera-
ção para cada caso está diretamente condicionado a dois fatores
básicos: a definição da atividade a que o ambiente se destina e o
volume interno do mesmo.
Uma vez conhecido o anteriormente evidenciado, cumpre-
nos agora procedermos ao maior número de simulações de ado-
ção de revestimentos internos, buscando primeiramente acertar
os aspectos de ordem técnica e, na seqüência, adequá-los aos as-
pectos plásticos procedentes de arquitetura de interiores.

Nunca o contrário:
primeiro a função, depois sim, a decoração.

155
R É G I O P A N I A G O C A R VA L H O

8.2. Estúdios de televisão


A conotação de um estúdio de televisão, apesar de respei-
to integral ao considerado para estúdios de rádio (locuções),
possui suas peculiaridades que, em não sendo respeitadas, se-
guramente prejudicarão melhores resultados operacionais.
Como regra geral tais ambientes se encerram em volu-
mes bem maiores que os de uma locução de rádio, e além das
questões básicas de tratamento acústico cabíveis para qualquer
edificação, cumpre-nos comentar outros cuidados necessários.

8.2.1 Compartimentos mínimos imprescindíveis


Instalados em compartimentos necessariamente distintos, a
área efetiva do estúdio deve estar fisicamente separada do com-
partimento onde ficarão localizados os equipamentos e os contro-
les técnicos.

156
ACÚSTICA ARQUITETÔNICA

O dimensionamento da área de controle técnico se faz em


função do layout necessário, em função do porte e da complexi-
dade das instalações, buscando respeitar o volume mínimo não
somente em função da taxa de ocupação, como também da dis-
sipação total de calor proveniente dos equipamentos utilizados.
Para os compartimentos de estúdios, as normas disponíveis
não determinam volumes mínimos ou máximos para essa ativi-
dade: o critério se baseia na disponibilidade de área, de maior al-
tura possível em função das instalações elétricas e manutenções
diversas (função da complexidade das instalações de iluminação
cênica, ar condicionado, eletroeletrônica, etc) e, principalmente
em função dos seus objetivos: jornalismo, debates que envolvam
maior número de ocupantes, pequenos auditórios, manutenção
de cenários fixos, etc.
Entretanto, vale lembrar que, sempre que possível, dever-
se-á buscar a referência mínima de 30m³ de volume interno para
o número estimado de ocupantes para o recinto.

8.2.2 Acessibilidade
São necessários, no mínimo, dois acessos a um estúdio de
televisão comum:

• o destinado a usuários freqüentes (entrevistadores, entrevis-


tados e pessoal de apoio de produção) e a pequenos equipa-
mentos de uso comum (mesas, cadeiras, poltronas, objetos
decorativos, equipamentos eletrônicos portáteis, etc.);
• o destinado aos serviços de apoio, tais como técnicos de
manutenção de equipamentos e sistemas, de marcenaria
(colocações e remoções de cenários), de manutenções
de possíveis reformas físicas, de introdução ao recinto

157
R É G I O P A N I A G O C A R VA L H O

de equipamentos eventuais de maior porte (carros, mo-


tores, e equivalentes), etc.

8.2.3 Isolamento acústico


Isolar acusticamente um estúdio de televisão seguramente
requer cuidados adicionais não considerados para o caso de uma
locução de rádio.
Considerando-se a característica básica de funcionamen-
to frenético de uma emissora de televisão, o estúdio deve ser
provido de eclusas anteriores aos seus acessos: são comumen-
te chamadas de antecâmaras, e consistem em compartimentos
posicionados entre o estúdio e os ambientes de circulação in-
terna do edifício e/ou seu exterior. Dessa forma, ao invés de
apenas um conjunto de portas para cada acesso básico que há
em um estúdio, a prudência recomenda pelo menos dois con-
juntos, que promovem acréscimos de isolamento acústico atra-
vés da massa dessas portas e atenuação de ruído por absorção
acústica internamente na eclusa.
Considerando-se os portes significativos dos estúdios de te-
levisão, praticamente todos os casos têm pelo menos uma de suas
faces voltadas para o exterior do edifício.
Não bastasse o exposto anteriormente, grande parte dos es-
túdios de televisão estão instalados em áreas urbanas, ou ainda,
próximos a vias públicas de alto tráfego de veículos.
Daí decorrem outras questões relevantes de isolamento
acústico que merecem a maior atenção:
Isolamento acústico a ruídos aéreos de média e alta freqüên-
cia, combatidos com a adoção de superfícies duplas de vedação
(paredes e teto), porém:

158
ACÚSTICA ARQUITETÔNICA

• lembrando que a duplicação da massa de uma superfície só


lhe confere acréscimo de 6dB de isolamento acústico;
• o afastamento relativo entre duas superfícies confere
isolamento acústico adicional ao sistema;
• a adoção de material absorvente acústico entre duas su-
perfícies confere acréscimo maior de isolamento.

Isolamento acústico aos ruídos de baixa freqüência, via piso,


parede e tetos conectados à estrutura portante do edifício, que po-
dem ser combatidos conforme o seguinte:
• o piso deverá estar apoiado sobre base elástica;
• na hipótese de paredes duplas, a externa pode participar
da estrutura portante do edifício, mas a interna deverá
necessariamente se apoiar no piso sobre base elástica;
• o forro interno deverá estar apoiado sobre as paredes in-
ternas, desconectado da estrutura portante do edifício.

8.2.4 Geometria interna


Sobre a geometria inerna, cumpre-nos ressaltar:
• deve-se evitar o paralelismo entre superfícies opostas.
Se o piso é necessariamente horizontal, o forro não: ou
adota-se um forro inclinado ou um forro do tipo sanfo-
nado ou adota-se um forro composto por várias super-
fícies instaladas em planos distintos.
• ainda sobre o paralelismo entre superfícies opostas,
o mesmo vale para as paredes. A forma em planta do
estúdio não precisa ser necessariamente um retângulo
perfeito, mas, na hipótese dessa necessidade em ter-
mos da edificação básica em que se insere, as paredes
podem ser do tipo “sanfonadas”, por exemplo.

159
R É G I O P A N I A G O C A R VA L H O

8.2.5 Portas e visores


No caso das portas, uma massa compatível com a necessida-
de de isolamento acústico e a instalação de vedações consistentes
são premissas básicas.
Vale ressaltar que, considerando-se a existência de eclusas
nas regiões de acesso aos estúdios, as portas dos mesmos po-
dem utilizar-se do princípio massa/mola/massa, já que o iso-
lamento acústico total do sistema conta com o isolamento da
porta externa, da atenuação de ruído por absorção acústica in-
ternamente às eclusas e, finalmente, com o isolamento acústico
próprio da porta interna.
Nunca é demais lembrar, entretanto, que pequenas frestas po-
dem comprometer substancialmente um bom isolamento acústico
de qualquer superfície: as conexões das portas com seus portais bem
como a criação de degrau ou outro artifício qualquer junto ao piso,
requerem a adoção de algum sistema à base de borracha macia devi-
damente nivelada para fechamento dessas portas sob pressão.
Para o caso dos visores, a questão é um pouco diferente, e
valem as instruções constantes para estúdios de rádio (locução),
acrescentando-se ao contexto vidros de maior espessura em fun-
ção dos vãos, regra geral bem maiores.
E para os dois casos (portas e visores) vale lembrar que, con-
siderando-se as paredes duplas dos estúdios de televisão, os portais
e os quadros dos visores não podem ser contínuos: cada qual deverá
ser assentado exclusivamente na parede correspondente, deixando
um vão mínimo entre eles (1cm já é suficiente) devidamente preen-
chido com borracha apropriada. Este cuidado procede em função
de que as paredes externas do estúdio possam transferir possíveis
vibrações da estrutura portante do edifício para as paredes internas
(apoiadas em piso sobre base elástica). Vide imagem pág. 104

160
ACÚSTICA ARQUITETÔNICA

8.2.6 Absorção acústica e tempo de reverberação


Duas questões relevantes devem ser observadas:
a) Se por um lado um bom estúdio de televisão dispõe de
espaços suficientes para a montagem de vários cenários fixos e
de outros eventuais, deve-se dimensionar sua absorção acústica
segundo uma condição mais refletora que absorvente.
Dessa forma, quaisquer objetos componentes do recinto
contribuirão para o aumento de sua absorção acústica em nível
global, com conseqüente redução do tempo de reverberação tr.
E aí dificilmente incorreremos no risco de termos um tr inferior
aos 10% estabelecidos pela norma.
b) A outra questão diz respeito a uma omissão das normas
disponíveis: muitos são os casos em que o gráfico de referência
básica de tempo ótimo de reverberação (500Hz), internacional-
mente adotado, não contempla especificamente bom número de
atividades que envolvem o assunto. E esse é um dos casos!
Cabem aí então o bom senso e a experiência prática de se
buscar o tor segundo a finalidade mais próxima a que o estúdio se
destinará.
E como na grande maioria das vezes buscam-se usos múlti-
plos para o objeto, a prudência recomenda proceder à verificação
do gráfico pela atividade que requeira um tor próximo do ponto
médio entre todas as atividades a serem exercidas no recinto.

8.3. Estúdios de gravação e/ou ensaios conjuntos


Da mesma forma que para os estúdios de televisão, os
estúdios de gravação guardam similaridades com os primei-
ros, apesar de possuírem volumes geralmente menores. Mas

161
R É G I O P A N I A G O C A R VA L H O

não tão menores em função da multiplicidade de usos: as ta-


xas de ocupação podem variar desde um único ocupante até
uma dupla, desde um quarteto até um coral ou mesmo uma
orquestra.
A compartimentação básica é, em princípio, a mesma, nun-
ca esquecendo das eclusas, a menos que o projeto requeira alguma
característica adicional específica que justifique alguma alteração
arquitetônica.
Quanto ao volume, admite-se que conferir 30m³ de massa
interna de ar para um grupo grande de ocupantes é praticamente
inviável , mas também temos que admitir que 300m³ de massa
interna de ar para um quarteto proporcionará espaço excessivo a
ponto de comprometer o tr.
E a altura interna ideal, como fica?
E o tor do volume interno para uma gravação de um conjun-
to rock, ou uma dupla, ou um coral, ou um conjunto de música
de câmara, ou um conjunto de percussão, ou uma orquestra, por
exemplo, é o mesmo? Segue-se a norma simplesmente?
Como se pode observar, o exercício de conciliação dessas
questões básicas requer sensibilidade e experiência, tanto por
parte do autor do projeto, como por parte do técnico de acústica
arquitetônica, como por parte dos técnicos de eletroacústica, dos
usuários e dos empresários do ramo.
Para minimizar restrições de uso devido ao anteriormente
exposto, as empresas gravadoras dispõem de dois, três ou mais
estúdios em uma mesma estrutura, buscando atender um número
maior de clientes. Quando dispõem de um único estúdio de gra-
vação, seguramente há muito mais restrições de uso.
Com base no exposto temos a considerar os seguintes as-
pectos relevantes para o caso:

162
ACÚSTICA ARQUITETÔNICA

1. o nível de isolamento acústico de uma instalação do gê-


nero deve necessariamente ser superior ao de um estú-
dio de rádio ou televisão, uma vez que, dependendo do
que se grava, o nível de ruído produzido pode ser muito
elevado, às vezes superior a 120dB(A);
2. a base elástica de instalação do estúdio deverá ser
cuidadosamente avaliada, tanto em função do aden-
tramento de vibrações externas como em função das
vibrações produzidas internamente por instrumentos
de percussão;
3. o tor a ser adotado obrigatoriamente deve respeitar o pre-
visto em norma, até mesmo por questões de ordem le-
gal. Deve-se buscar seus fatores de correção para a maior
gama possível de faixas de freqüências, e aí sim, adequar
o tr ao tor em cada faixa de freqüência estudada;
4. uma empresa cuidadosa de gravação deve dispor, acon-
dicionado em ambiente adequadamente preparado, de
painéis adicionais de absorção acústica, painéis defle-
tores, difusores, enfim, todo um aparato adicional para
paredes, tetos e até mesmo pisos, uma vez que é comum
a necessidade de se alterar as características do recinto
em função de melhor adequação a atividades distintas,
diferentes às vezes do objetivo original;
5. e até mesmo um volume relativamente grande para uma
determinada atividade pode ser alterado, via algum dis-
positivo mecânico que permita rebaixamento de forro
e/ou deslocamentos de paredes internas;
6. nunca nos esquecermos que as superfícies opostas não
devem ser paralelas;
7. sempre que possível, procurarmos fazer com que as ab-
sorções acústicas de superfícies opostas sejam equiva-
lentes.

163
9. ESTUDO DE CASO 1:
SALA DE AULA
9. ESTUDO DE CASO 1:
SALA DE AULA

Sala de aula com as seguintes características:


• 5,00m x 8,00m x 3,00m(altura);
• 1 porta comum, revestida com laminado de madeira,
0,90m x 2,10m;
• 02 janelas de alumínio e vidro (fechadas) 3,50m x 1,50m
(3mm);
• 1 quadro negro 4,00 x 1,50m;
• 25 alunos sentados em carteiras de madeira;
• piso em cerâmica;
• paredes 13cm com reboco liso e pintura;
• teto de concreto 10cm com reboco liso e pintura;
• 1 professor.
• PLANTA BAIXA

167
R É G I O P A N I A G O C A R VA L H O

Tratando-se de um ambiente de pequenas proporções, a aná-


lise da sua geometria interna pode ser desconsiderada, já que não há
diferença superior a 17m entre os sons diretos e os refletidos.
Preliminarmente faz-se uma análise das condições acústicas
do recinto, na sua forma original, comparando o seu tr com o tor à
freqüência de 500 Hz para posteriormente procedermos às corre-
ções que porventura possam ser necessárias:

168
ACÚSTICA ARQUITETÔNICA

Comentários:

A baixa absorção acústica nesta condição original é a res-


ponsável pelo alto tr do recinto: 312,98% a maior que o tor quando
com as janelas fechadas e 185,29% quando das janelas abertas a
50%.
O fato das janelas abertas demonstra que com o aumento da
absorção acústica interna o tr cai. Nestes termos fica evidente que a
sala requer aumento de superfícies absorventes na sua composição.
Outra observação relevante está em aumentarmos a quanti-
dade de alunos que, além de promovermos aumento benéfico de
absorção acústica interna, estaremos melhor adequando o volume
à taxa de ocupação.
O passo seguinte consiste em analisarmos seu isolamento
acústico na condição original:

169
R É G I O P A N I A G O C A R VA L H O

Os cálculos acima evidenciam que para o caso das janelas


fechadas, o isolamento acústico do recinto é maior e compatível
com o nível de ruído urbano adequado para áreas residenciais em
período diurno (65dB).
Janela aberta é fundamental para a ventilação natural: pois
que sejam dimensionadas conforme a legislação local. Nestes ter-
mos duas coisas contraditórias deverão ser conciliadas:

170
ACÚSTICA ARQUITETÔNICA

• se por um lado as janelas abertas comprometem o isola-


mento acústico,
• parede de alvenaria 13cm (inclusive reboco)
• parede de alvenaria 13cm (inclusive reboco)
• esquadrias de vidro 3mm
• esquadrias de vidro 3mm (50% fechadas)
• esquadrias de vidro 3mm (50% abertas)
• por outro lado proporcionam maior absorção acústica,
contribuindo para a atenuação do tr.

Nestes termos projetamos as seguintes alterações:


• elevação da taxa de ocupação de 25 para 36 alunos (itens
7 a 10 das planilhas seguintes), buscando uma melhor
adequação do volume por ocupante do recinto;
• substituição do piso cerâmico por tapete de borracha
(item 1);
• distribuição proporcional, em toda a extensão do teto,
de dois outros revestimentos como forros (itens 2 e 3),
tornando-o mais absorvente uma vez que o recinto, em
função de suas pequenas dimensões, não requer reforço
de reflexões para os fundos;
• substituição do revestimento da parede de fundo (item
5) por outro absorvente, a título de se evitar reflexões
incômodas de retorno;
• substituição da porta por outra maciça (item 6), melho-
rando desta forma o isolamento acústico do recinto;
• redução da área de esquadrias (itens 7 e 8 das planilhas
seguintes) também a título de melhorar o isolamento
acústico.

171
R É G I O P A N I A G O C A R VA L H O

Conforme constante das planilhas seguintes (observar cada


situação de uso da sala às freqüências de 125Hz, 500Hz e 2000Hz),
os resultados obtidos atendem à boa técnica (tr sempre dentro da
faixa de 10% maior ou menor que o tor):

172
ACÚSTICA ARQUITETÔNICA

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R É G I O P A N I A G O C A R VA L H O

174
ACÚSTICA ARQUITETÔNICA

175
R É G I O P A N I A G O C A R VA L H O

176
ACÚSTICA ARQUITETÔNICA

Nos termos das planilhas anteriores, fica evidenciado que as


providências foram benéficas a título da correção das absorções
acústicas internas e, por conseguinte, do tempo de reverberação
do recinto para as três simulações de uso.

177
R É G I O P A N I A G O C A R VA L H O

Outras simulações podem ser feitas, considerando a falta de


10% ou pouco mais dos alunos, por exemplo, onde ainda assim,
considerando as três situações de uso, o tr do recinto estará dentro
da faixa de aproximadamente 10% do tor.
Da mesma forma que na análise da condição original, pas-
samos a analisar agora o isolamento acústico para a condição pro-
posta, segundo duas simulações:

178
ACÚSTICA ARQUITETÔNICA

Observa-se que, para a sala totalmente fechada, a solução


adotada é consistente.
No entanto, para seu uso com janelas abertas, deveremos
contar com uma ou mais das situações seguintes, que deverão ser
conciliadas por ocasião da elaboração do projeto arquitetônico:

• o maior afastamento possível das zonas de ruído exter-


no posto que, em função da distância relativa, haverá
perda de potência sonora;
• procurar voltar as janelas para a zona de menor ruído
externo;
• promover barreiras acústicas apropriadas, externamen-
te à sala.

179
10. ESTUDO DE CASO 2:
LOCUÇÃO DE RÁDIO

181
10. ESTUDO DE CASO 2:
LOCUÇÃO DE RÁDIO

Excluindo-se as questões de isolamento acústico, pro-


cederemos agora a uma análise de um caso concreto que me
foi apresentado: uma locução de rádio para entrevista, área de
base medindo 2,50m x 3,00m e altura interna de 2,50m, sem
visor, com todo o equipamento necessário de rádio, mesa e ca-
deiras em seu interior, e pelo menos um entrevistador e um
entrevistado. O piso reveste-se de carpete de 5mm de espessu-
ra, o teto e as paredes, a partir de 120cm acima do piso, estão
revestidos com espuma absorvente Sonex 20/35, as paredes até
120cm acima do piso com carpete do tipo forração, e a porta
revestida com lâmina metálica.
Números originais

Resultados técnicos do tempo de reverberação proporcio-


nado (condição original):

183
R É G I O P A N I A G O C A R VA L H O

Nomenclatura adotada:
tor =tempo ótimo de reverberação previsto pela norma
tr = tempo de reverberação calculado
d%n = diferença percentual admitida pela norma
d%c = diferença percentual calculada

Opção sugerida para os revestimentos internos, com ma-


nutenção das paredes e forro existentes na sua condição original,
bem como da taxa de ocupação:

Resultados técnicos, devidamente comparados, do tempo


de reverberação proporcionado:

184
ACÚSTICA ARQUITETÔNICA

Nomenclatura adotada:
tor =tempo ótimo de reverberação previsto pela norma
tr = tempo de reverberação calculado
d%n = diferença percentual admitida pela norma
d%c = diferença percentual calculada

No mais, temos a comentar:


• para instalações tão pequenas e específicas, a diferença
de custo final de implantação de revestimentos de aca-
bamento interno é muito pequena, absorvível por quem
estiver buscando qualidade;
• o aspecto plástico de conforto visual para os usuários,
bem como a iluminação interna do recinto, mostram-se
substancialmente melhores;
• em termos de manutenção, a alternativa sugerida é su-
perior, uma vez que permite fácil limpeza (observe que
tecidos podem ser impermeabilizados), minimizando
de forma substancial o acúmulo de poeira, proliferação
de ácaros e odores de mofo;
• não há motivos para restringir o uso de espumas
absorventes acústicas, porém estas devem ser ade-
quadamente quantificadas conforme cada caso,

185
R É G I O P A N I A G O C A R VA L H O

atentando-se para o fato de que, quanto maiores


suas espessuras e/ou mais protuberantes forem suas
cunhas anecóicas, além de mais caras, os coeficien-
tes de absorção acústica entre baixas e média/altas
freqüências serão mais distantes, podendo gerar
maior desequilíbrio interno dos tempos de reverbe-
ração estudados.

186
11. EXEMPLO DE CASO 1:
ESTÚDIO DE GRAVAÇÃO
(construído)

187
11. EXEMPLO DE CASO 1:
ESTÚDIO DE GRAVAÇÃO (construído)

Apesar de área e volume pequenos de um subsolo, foi pre-


missa básica deste trabalho viabilizar o máximo de atividades téc-
nicas possíveis.
O ESTÚDIO, preferencialmente chamado pelo cliente de
AQUÁRIO, deveria contemplar o maior número de atividades
possíveis, desde a gravação de instrumentos isolados (instrumen-
tos de orquestra, flauta, percussão, instrumentos elétricos), até
voz e violão, grupos musicais de toda natureza, música de câmara
e pequenos corais. Enfim toda a gama da clientela da empresa.
A viabilização técnica deste estúdio em função da diversida-
de de utilizações e conseqüentes flutuações de absorções acústicas
internas, se fez tornando-o mais refletor que absorvente (ambiente
vazio), criando diferentes painéis acessórios a serem introduzidos
oportunamente no ambiente, objetivando a correção do tempo de
reverberação. Criou-se um programa matemático simples e objetivo,
de facílima operação, onde o técnico de gravação, em função da taxa
de ocupação e instrumentos musicais (quando for o caso), consegue
precisar quantos e quais painéis devem ser introduzidos no contexto.
A TÉCNICA 1 foi preparada e equipada para edição, mi-
xagem e masterização de áudio, e a TÉCNICA 2 para os mesmos
objetivos voltados para vídeo.
Não é o estúdio perfeito em função das limitações, mas tem
sido utilizado com louvores, deslocando gente grande de todo o
Brasil para suas gravações musicais. Tem até maestro que o utiliza
para afinar instrumentos musicais de orquestra.

189
R É G I O P A N I A G O C A R VA L H O

O projeto arquitetônico:

190
ACÚSTICA ARQUITETÔNICA

Providências adotadas:
• Adotou-se base elástica para apoio dos contra-pisos.
• No aquário adotou-se parede secundária de concreto
celular sobre o piso flutuante, desfazendo o paralelismo
entre elas, e apoiando forro composto por painéis de
madeira prensada de alta densidade e lã mineral.
• Pisos do aquário em granito e tabeiras em madeira.
• Paredes do aquário compostas:
- painéis de lã de vidro de alta densidade revestidos
com tecido grosso;
- compensados de madeira 6mm sobre lã de rocha
10mm e 64Kg/m³.
• Forro do aquário em lambris de madeira, oblíquo em
relação ao piso.
• Visor do aquário com vidros duplos 8 e 10mm.
• Portas duplas do aquário compostas por painéis de ges-
so acartonado sobre lã de rocha de alta densidade, re-
vestidas com laminado de madeira.
• Adotou-se piso macio (emborrachado) no pavimento
superior (escritórios), minimizando os efeitos de ruídos
de impacto.
• Toda a tubulação de esgotos sanitários e de águas plu-
viais que passa pelo teto do subsolo das instalações foi
protegida com lã mineral apropriada.

191
R É G I O P A N I A G O C A R VA L H O

Resultados aferidos:
• Isolamento acústico a 500Hz = 47dB, compatível para a
produção de até 127dB(A), em função das demais ate-
nuações via compartimentos sequenciais (técnica 1 e
circulação), para um nivel de ruído máximo nos escri-
tórios do pavimento térreo de 45 dB(A).
• Condicionamento acústico por absorções dos diversos
componentes:

Planilha geral de cálculo de tempo de reverberação: estúdio vazio


V (m³)= 45,6 125 Hz 500 Hz 2.000 Hz
área: m²
ítem especificação ai Si x ai ai Si x ai ai Si x ai
pess/obj
1 piso de granito 15,16 0,010 0,151 0,010 0,151 0,020 0,303
piso em réguas de
2 6,50 0,150 0,975 0,100 0,650 0,060 0,390
madeira
paredes de compens.
3 madeira 6mm s/ 10cm 21,86 0,300 6,558 0,060 1,311 0,020 0,437
de lã de vidro 80Kg/m³
4 par. revest. c/ sonare 12,00 0,040 0,480 0,860 10,320 0,930 11,160
5 forro lambris de madeira 22,01 0,080 1,760 0,060 1,320 0,060 1,320
6 visor 2,64 0,180 0,475 0,040 0,105 0,020 0,052
porta gesso acartonado
7 12,5mm sobre lã de 1,68 0,360 0,604 0,080 0,134 0,060 0,100
rocha 64Kg/m³ - 50mm
painéis avulsos sonare
8 0 0,040 0,000 0,860 0,000 0,930 0,000
1m² / unidade
painéis avulsos chapa
9 metálica 1,6mm 0 0,180 0,000 0,100 0,000 0,080 0,000
1m² / unidade
painéis avulsos vidro
10 laminado 6mm 0 0,100 0,000 0,040 0,000 0,020 0,000
1m²/unidade
tapete borracha 3mm p/
11 0 0,040 0,000 0,080 0,000 0,100 0,000
bateria (120 x 180cm)
12 músicos c/ instrumento 0 0,380 0,000 1,070 0,000 1,210 0,000
13 músicos s/ instrumento 0 0,185 0,000 0,440 0,000 0,460 0,000
14 somatório das áreas 81,850 81,850 81,850
15 abs. total calculada 11,005 13,993 13,764
coeficiente médio de
16 0,13 0,17 0,17
absorção acústica
17 abs. ideal 11,937 17,906 17,906
tempo de reverberação
18 0,67 0,52 0,53
(tr) calculado
tempo ótimo de
19 0,62 0,41 0,41
reverberação (tor)
20 difer. percentual tr/tor 8,4% 27,9% 30,1%

192
ACÚSTICA ARQUITETÔNICA

Planilha geral de cálculo de tempo de reverberação: estúdio para banda de rock


V (m³)= 45,6 125 Hz 500 Hz 2.000 Hz
área: m²
ítem especificação ai Si x ai ai Si x ai ai Si x ai
pess/obj
1 piso de granito 15,16 0,010 0,151 0,010 0,151 0,020 0,303
piso em réguas de
2 6,50 0,150 0,975 0,100 0,650 0,060 0,390
madeira
paredes de compens.
3 madeira 6mm s/ 10cm 21,86 0,300 6,558 0,060 1,311 0,020 0,437
de lã de vidro 80Kg/m³
4 par. revest. c/ sonare 12,00 0,040 0,480 0,860 10,320 0,930 11,160

5 forro lambris de madeira 22,01 0,080 1,760 0,060 1,320 0,060 1,320

6 visor 2,64 0,180 0,475 0,040 0,105 0,020 0,052


porta gesso acartonado
7 12,5mm sobre lã de 1,68 0,360 0,604 0,080 0,134 0,060 0,100
rocha 64Kg/m³ - 50mm
painéis avulsos sonare
8 0 0,040 0,000 0,860 0,000 0,930 0,000
1m² / unidade
painéis avulsos chapa
9 metálica 1,6mm 0 0,180 0,000 0,100 0,000 0,080 0,000
1m² / unidade
painéis avulsos vidro
10 laminado 6mm 0 0,100 0,000 0,040 0,000 0,020 0,000
1m²/unidade
tapete borracha 3mm p/
11 0 0,040 0,000 0,080 0,000 0,100 0,000
bateria (120 x 180cm)
12 músicos c/ instrumento 5 0,380 1,900 1,070 5,350 1,210 6,050

13 músicos s/ instrumento 0 0,185 0,000 0,440 0,000 0,460 0,000

14 somatório das áreas 81,850 81,850 81,850

15 abs. total calculada 12,905 19,343 19,814


coeficiente médio de
16 0,16 0,24 0,24
absorção acústica
17 abs. ideal 11,937 17,906 17,906
tempo de reverberação
18 0,57 0,38 0,37
(tr) calculado
tempo ótimo de
19 0,62 0,41 0,41
reverberação (tor)
20 difer. percentual tr/tor -7,5% -7,4% -9,6%

Planilha geral de cálculo de tempo de reverberação: estúdio para coral de 12 vozes


V (m³)= 45,6 125 Hz 500 Hz 2.000 Hz
área: m²
ítem especificação ai Si x ai ai Si x ai ai Si x ai
pess/obj
1 piso de granito 15,16 0,010 0,151 0,010 0,151 0,020 0,303
piso em réguas de
2 6,50 0,150 0,975 0,100 0,650 0,060 0,390
madeira
paredes de compens.
3 madeira 6mm s/ 10cm 21,86 0,300 6,558 0,060 1,311 0,020 0,437
de lã de vidro 80Kg/m³

193
R É G I O P A N I A G O C A R VA L H O

4 par. revest. c/ sonare 12,00 0,040 0,480 0,860 10,320 0,930 11,160

5 forro lambris de madeira 22,01 0,080 1,760 0,060 1,320 0,060 1,320

6 visor 2,64 0,180 0,475 0,040 0,105 0,020 0,052


porta gesso acartonado
7 12,5mm sobre lã de 1,68 0,360 0,604 0,080 0,134 0,060 0,100
rocha 64Kg/m³ - 50mm
painéis avulsos sonare
8 0 0,040 0,000 0,860 0,000 0,930 0,000
1m² / unidade
painéis avulsos chapa
9 metálica 1,6mm 0 0,180 0,000 0,100 0,000 0,080 0,000
1m² / unidade
painéis avulsos vidro
10 laminado 6mm 0 0,100 0,000 0,040 0,000 0,020 0,000
1m²/unidade
tapete borracha 3mm p/
11 0 0,040 0,000 0,080 0,000 0,100 0,000
bateria (120 x 180cm)
12 músicos c/ instrumento 0 0,380 0,000 1,070 0,000 1,210 0,000

13 músicos s/ instrumento 12 0,185 2,220 0,440 5,280 0,460 5,520

14 somatório das áreas 81,850 81,850 81,850

15 abs. total calculada 13,225 19,273 19,284


coeficiente médio de
16 0,16 0,24 0,24
absorção acústica
17 abs. ideal 11,937 17,906 17,906
tempo de reverberação
18 0,56 0,38 0,38
(tr) calculado
tempo ótimo de
19 0,62 0,41 0,41
reverberação (tor)
20 difer. percentual tr/tor -9,7% -7,1% -7,1%

Planilha geral de cálculo de tempo de reverberação: estúdio para voz e violão


V (m³)= 45,6 125 Hz 500 Hz 2.000 Hz
área: m²
ítem especificação ai Si x ai ai Si x ai ai Si x ai
pess/obj
1 piso de granito 15,16 0,010 0,151 0,010 0,151 0,020 0,303
piso em réguas de
2 6,50 0,150 0,975 0,100 0,650 0,060 0,390
madeira
paredes de compens.
3 madeira 6mm s/ 10cm 21,86 0,300 6,558 0,060 1,311 0,020 0,437
de lã de vidro 80Kg/m³
4 par. revest. c/ sonare 12,00 0,040 0,480 0,860 10,320 0,930 11,160

5 forro lambris de madeira 22,01 0,080 1,760 0,060 1,320 0,060 1,320

6 visor 2,64 0,180 0,475 0,040 0,105 0,020 0,052


porta gesso acartonado
7 12,5mm sobre lã de 1,68 0,360 0,604 0,080 0,134 0,060 0,100
rocha 64Kg/m³ - 50mm
painéis avulsos sonare
8 2 0,040 0,080 0,860 1,720 0,930 1,860
1m² / unidade

194
ACÚSTICA ARQUITETÔNICA

painéis avulsos chapa


9 metálica 1,6mm 0 0,180 0,000 0,100 0,000 0,080 0,000
1m² / unidade
painéis avulsos vidro
10 laminado 6mm 0 0,100 0,000 0,040 0,000 0,020 0,000
1m²/unidade
tapete borracha 3mm p/
11 0 0,040 0,000 0,080 0,000 0,100 0,000
bateria (120 x 180cm)
12 músicos c/ instrumento 1 0,380 0,380 1,070 1,070 1,210 1,210

13 músicos s/ instrumento 1 0,185 0,185 0,440 0,440 0,460 0,460

14 somatório das áreas 83,850 83,850 83,850

15 abs. total calculada 11,650 17,223 17,294


coeficiente médio de
16 0,14 0,21 0,21
absorção acústica
17 abs. ideal 11,937 17,906 17,906
tempo de reverberação
18 0,63 0,43 0,42
(tr) calculado
tempo ótimo de
19 0,62 0,41 0,41
reverberação (tor)
20 difer. percentual tr/tor 2,4% 3,9% 3,5%

195
12. EXEMPLO DE CASO 2:
PEQUENO AUDITÓRIO
(construído)
12. EXEMPLO DE CASO 2:
PEQUENO AUDITÓRIO (construído)

A boa forma geométrica e a compatibilidade do volume in-


terno (662m³) com a taxa de ocupação (166 assentos estofados)
foram os ingredientes fundamentais para se obter uma excelente
audibilidade interna, independentemente da flutuação da taxa
de ocupação, e a custo de implantação baixo.
A observância a todos os conceitos anteriormente coloca-
dos culminou em um auditório que não requer a eletroacústica:
todos falam e todos ouvem com altíssima nitidez.
No que diz respeito ao isolamento acústico, um espaço an-
terior à entrada bloqueia os sons indesejados provenientes do
exterior, e suas paredes em alvenaria de tijolos cerâmicos ma-
ciços e laje de concreto de fechamento superior se mostraram
também suficientes para bloqueio do ruído urbano que atinge
patamar da ordem de 85dB(A).
O mito dos auditórios com carpetes nos pisos foi aqui der-
rubado: os pisos são de granito, facilitando a manutenção e evi-
tando os ácaros.
O forro em lambris de madeira foi trabalhado em fun-
ção da iluminação indireta proposta, com reflexos na acústica
arquitetônica.
E as paredes foram compostas com rebocos lisos pintados,
tecido de juta aplicado sobre compensado de madeira, tecido de
juta colado sobre alvenaria e painéis acústicos sonare.

199
R É G I O P A N I A G O C A R VA L H O

O projeto arquitetônico:

200
ACÚSTICA ARQUITETÔNICA

201
R É G I O P A N I A G O C A R VA L H O

Resultados de tempos de reverberação com flutuações da


ocupação

Planilha geral de cálculo de tempo de reverberação


V (m³)= 662 125 Hz 500 Hz 2.000 Hz

área: m²
ítem especificação ai Si x ai ai Si x ai ai Si x ai
pess/obj

1 piso platéia (granito) 139,6 0,01 1,396 0,01 1,396 0,02 2,792

piso do palco
2 29,74 0,01 0,297 0,01 0,297 0,02 0,594
(granito)

3 piso escada (granito) 2,02 0,01 0,020 0,01 0,020 0,02 0,040

forro em lambris de
4 196,07 0,08 15,685 0,06 11,764 0,06 11,764
madeira
parede a (juta colado
5 compensado 3mm a 15,57 0,25 3,892 0,18 2,802 0,1 1,556
5cm par.)
parede b (juta colado
6 compensado 3mm a 10,75 0,25 2,688 0,18 1,935 0,1 1,075
5cm par.)
parede c (juta colado
7 compensado 3mm a 33,04 0,25 8,26 0,18 5,947 0,1 3,304
5cm par.)
parede d (juta colado
8 compensado 3mm a 38,13 0,25 9,532 0,18 6,863 0,1 3,813
5cm par.)

9 parede e (sonare) 35,53 0,04 1,421 0,86 30,559 0,93 33,046

10 parede f (sonare) 6,44 0,04 0,257 0,86 5,538 0,93 5,989

11 parede g (sonare) 6,44 0,04 0,257 0,86 5,538 0,93 5,989

parede h (madeira
12 0,84 0,14 0,117 0,06 0,050 0,10 0,084
maciça)

13 pilares 1 (reboco liso) 6,72 0,02 0,134 0,02 0,134 0,03 0,201

14 pilares 2 (reboco liso) 3,92 0,02 0,078 0,02 0,078 0,03 0,117

15 pilares 3 (reboco liso) 7,38 0,02 0,147 0,02 0,147 0,03 0,221

202
ACÚSTICA ARQUITETÔNICA

16 pilares 4 (reboco liso) 2,28 0,02 0,045 0,02 0,045 0,03 0,068

porta 1 (madeira
17 4,2 0,14 0,588 0,06 0,252 0,10 0,42
maciça)

porta 2 (madeira
18 1,68 0,14 0,235 0,06 0,100 0,10 0,168
maciça)

porta 3 (madeira
19 1,68 0,14 0,235 0,06 0,100 0,10 0,168
maciça)
vista laje do palco
20 (juta colado no 1,49 0,05 0,074 0,07 0,104 0,12 0,178
reboco)
frente do palco (juta
21 4,09 0,05 0,204 0,07 0,286 0,12 0,491
colado no reboco)

espelho das escadas


22 1,52 0,01 0,015 0,01 0,015 0,02 0,030
(granito)

23 média lotação

taxa de ocupação 100


100 0,33 33 0,44 44 0,46 46
pessoas

66 cadeiras vazias 66 0,28 18,48 0,28 18,48 0,34 22,44

absorção total
97,064 136,457 140,554
calculada
tempo de
reverberação (tr) 1,09 0,780 0,758
calculado
tempo ótimo de
1,08 0,72 0,72
reverberação (tor)

diferença percentual
1,66% 8,47% 5,31%
tr/tor

24 lotação normal

166 pessoas
166 0,33 54,78 0,44 73,04 0,46 76,36
sentadas

absorção total
100,364 147,017 148,474
calculada
tempo de
reverberação (tr) 1,06182 0,724 0,717
calculado
tempo ótimo de
1,08 0,72 0,72
reverberação (tor)

203
R É G I O P A N I A G O C A R VA L H O

diferença percentual
-1,68% 0,68% -0,31%
tr/tor

25 super lotação

166 pessoas
166 0,33 54,78 0,44 73,04 0,46 76,36
sentadas

20% pessoas de pé 33 0,28 9,24 0,4 13,2 0,44 14,52

absorção total
109,604 160,217 162,994
calculada
tempo de
reverberação (tr) 0,972 0,665 0,653
calculado
tempo ótimo de
1,08 0,72 0,72
reverberação (tor)

diferença percentual
-9,97% -7,62% -9,19%
tr/tor

204
13. EXEMPLO DE CASO 3:
TEMPLO RELIGIOSO
(em construção)
13. EXEMPLO DE CASO 3:
TEMPLO RELIGIOSO (em construção)

Um grande desafio foi a tônica deste projeto, para uma


taxa de ocupação de 800 pessoas, sem microfones, sem cai-
xas acústicas e com ventilação natural em substituição ao ar
condicionado. A disponibilidade financeira da instituição era
pequena, e o orçamento da obra deveria respeitar os patamares
estabelecidos.
Partindo do projeto original, buscou-se inicialmente a cor-
reção da geometria básica do invólucro. Objetivando aproximar
o público do palestrante, com reduções possíveis de afastamen-
tos relativos, bem como adequando a taxa máxima de ocupação
ao volume interno, buscou-se dar uma forma mais apropriada ao
templo, conforme caracterizado no croqui seguinte:

Foi adotado para o caso uma ventilação natural por diferen-


ça de pressão, com a circulação interna do ar partindo do púlpito

207
R É G I O P A N I A G O C A R VA L H O

PLANTA

CORTE

(tomada de ar externo), direcionada para as paredes aos fundos


do mezanino, da sala de som e da nave do templo. Esse princípio
comunga com o do teatro grego, que consiste na brisa do mar pas-
sando pelo palco em direção à platéia nas arquibancadas monta-
das numa encosta de morro.
Neste caso, pelo princípio da convecção natural do ar, a sen-
sação térmica no ambiente passa a prevalecer sobre sua tempera-
tura interna efetiva.
O bom resultado do conforto térmico do recinto se comple-
menta com o aumento da capacidade de bloqueio das irradiações
térmicas provenientes do exterior, tanto via sistema cobertura (te-
lhas de amianto)/sobre-forro de compensado 6mm apoiando lã

208
ACÚSTICA ARQUITETÔNICA

de rocha junto às telhas, ventilação do colchão de ar entre o sobre-


forro e o forro de acabamento interno, bem como via paredes ex-
ternas do recinto (reboco externo com vermiculita).
A fixação das telhas sobre bases de borrachas e o sobre-
forro adotado, evidenciaram suficientes para o isolamento contra
ruídos de impacto da cobertura (chuvas por exemplo).
No que diz respeito ao isolamento acústico a ruídos aéreos,
temos a comentar:
a Igreja se localiza em área mista predominantemente resi-
dencial;
• nos termos da NBR 10151 da ABNT, o máximo nível
externo de ruído em período noturno é de 50dB(A):

Nível de critério de avaliação NCA para ambiente externo, em dB(A)


Tipo de área diurno noturno
Área mista, predominantemente residencial 55 50

• o nível de isolamento acústico médio ponderado calcu-


lado atesta a procedência de produção interna de ruídos
no patamar de 85dB(A), compatível portanto com a ati-
vidade.

500 Hz
ítem identificação Si(m²) IAi(dB) ti Si x ti
1 paredes comuns 25cm 385,95 42,85 0,00005188 0,02002309
2 paredes comuns 20cm 28,81 41,00 0,00007943 0,00228846
3 paredes comuns 15cm 200,16 38,63 0,00013709 0,02743957
teto placas de
4 370,74 37,59 0,00017418 0,06457575
gesso+vão+telha amianto
teto compensado
5 360,52 33,20 0,00047863 0,17255572
6mm+vão+telha amianto
esquadrias com vidros
6 35,52 23,00 0,00501187 0,17802171
simples 6mm
7 atenuadores de ruído 93,80 50,00 0,00001000 0,00093800
portas comuns de madeira
8 21,87 30,00 0,00100000 0,02187000
compensada, 35mm

209
R É G I O P A N I A G O C A R VA L H O

SSi= 1.497,37 S (Si + ti)= 0,48771229

t= 0,00032571

Redução Média de Ruído


34,87 dB
RR=

Fechando o projeto, os revestimentos internos muito sim-


ples e bem dosados, respondem pela excelente audibilidade in-
terna, independente da taxa de ocupação, conforme evidenciado
pelas planilhas seguintes.
RECINTO COM PEQUENA TAXA DE OCUPAÇÃO
V(m³)=5.083,18 125 Hz 500 Hz 2.000Hz
área: m²
ítem especificação ai Si x ai ai Si x ai ai Si x ai
pess/obj

pisos e espelhos de
1 680,31 0,020 13,606 0,020 13,606 0,050 34,015
granito apicoado

2 pisos de granito polido 60,24 0,010 0,602 0,010 0,602 0,020 1,204

venezianas móveis
de madeira 50% de
3 38,00 0,150 5,700 0,350 13,300 0,400 15,200
abertura de área, aos
fundos do altar
paredes de base
e coroamento das
4 venezianas do altar: 9,12 0,110 1,003 0,900 8,208 0,790 7,204
aglomerado 50 s/
parede
paredes do pórtico do
5 altar em aglomerado 42,78 0,110 4,705 0,900 38,502 0,790 33,796
50mm sobre parede

paredes oblíquas em
6 tijolos cerâmicos sem 182,00 0,030 5,460 0,030 5,460 0,050 9,100
reboco

paredes laterais reboco


7 202,64 0,020 4,052 0,020 4,052 0,030 6,079
liso e pintura

paredes extremas no
8 térreo - acesso (reboco 49,22 0,020 0,984 0,020 0,984 0,030 1,476
liso e pintura)
parede central no
térreo - acesso
9 32,39 0,200 6,478 0,260 8,421 0,120 3,886
(compensado 6mm
sobre sarrafos 5cm)

210
ACÚSTICA ARQUITETÔNICA

paredes do mezanino
10 (compensado 6mm 77,26 0,200 15,452 0,260 20,087 0,120 9,271
sobre sarrafos 5cm)

paredes frontais de
peitoris dos mezaninos
11 19,55 0,020 0,391 0,020 0,391 0,030 0,586
em reboco liso e
pintura

paredes da sala de som


12 (compensado 6mm 32,25 0,200 6,450 0,260 8,385 0,120 3,870
sobre sarrafos 5cm)

venezianas móveis
de madeira 50% de
13 55,80 0,150 8,370 0,350 19,530 0,400 22,320
abertura de área, região
sup. de acesso

forro 1 platéia (mais


alto) em lambris de
14 370,74 0,080 29,659 0,060 22,244 0,060 22,244
madeira-região das
cadeiras

forro 2 circulação
platéia (mais baixo
15 179,60 0,080 14,368 0,060 10,776 0,060 10,776
lambris de madeira-
regiões de circulações)

portas de madeira
16 compensada 21,87 0,050 1,093 0,030 0,656 0,030 0,656
envernizadas

painéis de madeira s/
portas nas paredes
17 10,72 0,200 2,144 0,260 2,787 0,120 1,286
oblíquas: comp.6mm s/
sarr. de 5cm)

esquadrias
18 convencionais de vidro 4,80 0,100 0,480 0,040 0,192 0,020 0,096
simples 6mm

esquadrias
19 convencionais de vidro 30,72 0,100 3,072 0,040 1,228 0,020 0,614
simples 6mm

20 vazio da escada 8,52 1,000 8,520 1,000 8,520 1,000 8,520

forro 3 altar (forro


acústico perfurado
21 60,37 0,190 11,470 0,780 47,088 0,320 19,318
D-12 padrão aleatório
8/12/50 R - knauf)

forro 4 mezanino
22 93,07 0,080 7,445 0,060 5,584 0,060 5,584
(lambris de madeira)

211
R É G I O P A N I A G O C A R VA L H O

forro 5 sala de som


23 27,48 0,080 2,198 0,060 1,648 0,060 1,648
(lambris de madeira)

pessoas em poltronas
24 estofadas tecido 192 0,300 57,600 0,420 80,640 0,480 92,160
grosso

cadeira estofada chata


25 600 0,280 168,000 0,280 168,000 0,340 204,000
revestida em tecido

somatório das áreas 2.289,45 2.289,45 2.289,45

absorção total
379,306 490,896 514,916
calculada
coeficiente médio de
0,17 0,21 0,22
absorção acústica

absorção ideal 358,943 538,415 538,415

tempo de reverberação
2,15 1,66 1,58
(tr) calculado
tempo ótimo de
2,28 1,52 1,52
reverberação (tor)
diferença percentual
-5,3% 9,6% 4,5%
tr/tor

volume “per capita” 26,47 26,47 26,47

RECINTO COM LOTAÇÃO MÁXIMA


pessoas em poltronas
24 estofadas tecido 792 0,300 237,600 0,420 332,640 0,480 380,160
grosso

cadeira estofada chata


25 0 0,280 0,000 0,280 0,000 0,340 0,000
revestida em tecido

somatório das áreas 2.289,45 2.289,45 2.289,45

absorção total
391,306 574,896 598,916
calculada
coeficiente médio de
0,17 0,25 0,26
absorção acústica

absorção ideal 358,943 538,415 538,415

tempo de reverberação
2,09 1,42 1,36
(tr) calculado
tempo ótimo de
2,28 1,52 1,52
reverberação (tor)
diferença percentual
-8,2% -6,3% -10,1%
tr/tor

volume “per capita” 6,42 6,42 6,42

212
ACÚSTICA ARQUITETÔNICA

Conforme simulações de audibilidade interna em função da


taxa de ocupação, constatou-se que a atenuação dos sons/ruídos
produzidos no púlpito para a última fila do mezanino é da ordem
de 10dB, podendo prescindir assim o recinto da eletroacústica.
Todo este conjunto de providências culminou na seguinte
conformação arquitetônica:

213
R É G I O P A N I A G O C A R VA L H O

214
ACÚSTICA ARQUITETÔNICA

Vista diagonal do
púlpito, pela sala
de som

Vista reta do
púlpito pelo vão
central no térreo

Vista do público
através do altar

Vista
diagonal do
público

215
14. EXEMPLO DE CASO 4:
QUESTÃO DE RUÍDO URBANO
(a ser construído)
14. EXEMPLO DE CASO 4:
QUESTÃO DE RUÍDO URBANO
(a ser construído)

Projeto de acústica arquitetônica objetivando atenuação de


incômodo de propagação de ruídos aéreos produzidos por equi-
pamentos externos de ar condicionado para as edificações resi-
denciais e comerciais nas imediações.

Em se tratando de área mista, predominantemente residen-


cial, a NBR 10151 da ABNT estabelece que:

Nível de critério de avaliação NCA para ambiente externo, em dB(A)


Tipo de área diurno noturno
Área mista, predominantemente 55 50
residencial
Idem para ruídos com componentes tonais 50 45

219
R É G I O P A N I A G O C A R VA L H O

Conforme as aferições de ruídos, constatou-se a necessida-


de da criação de algum artifício técnico objetivando o atendimen-
to da norma:

pontos no perímetro
NR em dB(A)
do terreno
1 81,3
2 76,3
3 69,0
4 57,6
5 51,8

Analisando o contexto constatou-se inicialmente o seguinte:


• os ruídos produzidos pelos equipamentos em funcio-
namento são realçados pelas reflexões desordenadas
via equipamentos vizinhos (superfícies metálicas), pela
fachada do edifício e pela cortina lateral de concreto ar-
mado, todas superfícies lisas e duras;
• esses ruídos se propagam integralmente no espaço em
face a inexistência de um invólucro global do conjunto
de máquinas e motores, bem como da inexistência de
barreiras acústicas apropriadas;
• considerado o nível de produção de ruídos do tipo to-
nais nessas condições e os princípios físicos de propa-
gação do som, o alcance do incômodo é superior ao ad-
mitido por norma, 45dB(A) em período noturno e nos
limites do terreno;
• a adoção exclusiva de barreiras acústicas de massa apro-
priada, implicará em alturas que seguramente virão a
comprometer a arquitetura do edifício;
• a adoção exclusiva de enclausuramento efetivo do con-
junto de equipamentos poderá vir a comprometer a ne-
cessária ventilação de máquinas e motores;

220
ACÚSTICA ARQUITETÔNICA

• a adoção exclusiva de superfícies absorventes acústicas


em quantidade suficiente para a atenuação do ruídos
produzidos seguramente se torna inviável: quantidade
muito alta de material absorvente acústico.

Nos termos do acima exposto entendeu-se como proceden-


te a adoção conjugada de dois princípios técnicos, conforme a
criação de invólucro que contemple: acréscimo de absorção acús-
tica conforme atenuador de ruído de grande porte e acréscimo de
isolamento acústico.
O somatório da contribuição de cada princípio supracitado
acrescido do princípio de atenuação de ruídos pelo afastamento
da fonte, promoverá então a atenuação total de ruídos que se con-
seguirá para o caso.
Definiu-se então a arquitetura do conjunto conforme o se-
guinte:

definição do invólucro

221
R É G I O P A N I A G O C A R VA L H O

Painéis Thermax PSE-64, 50mm, contínuos


de parede lateral a parede lateral, 120cm de
altura segundo filas a cada 120cm aplicados
sobre chapas metálicas em ambas as faces.

VISTA CORTE AA

Painéis Thermax PSE-64, 50mm, contínuos de parede lateral


a parede lateral, 120cm de altura segundo filas a cada 120cm
aplicados sobre chapas metálicas em ambas as faces.

CORTE BB

222
ACÚSTICA ARQUITETÔNICA

Vista final 1 do invólucro (superior).

Vista final 2 do invólucro.

223
R É G I O P A N I A G O C A R VA L H O

A expectativa de resultados está demonstrada pelas plani-


lhas seguintes:

PLANILHA GERAL DE VERIFICAÇÃO DE ABSORÇÃO ACÚSTICA FINAL

V (m³)=1.982,40 125 Hz 500 Hz 2.000 Hz

Item especificação área (m²) ai Si x ai ai Si x ai ai Si x ai

parede lateral
1 141,60 0,180 25,488 0,100 14,160 0,080 11,328
alucobond
parede lateral
2 141,60 0,010 1,416 0,020 2,832 0,020 2,832
concreto armado
parede frontal
3 82,60 0,130 10,738 0,980 80,948 1,000 82,600
(thermax 50)
parede posterior
4 82,60 0,130 10,738 0,980 80,948 1,000 82,600
(thermax 50)
fechamento superior
5 336,00
(vazio)
baffles no fec sup.
6 638,40 0,130 82,992 0,980 625,632 1,000 638,400
(thermax 50)

somatório das áreas 784,400 784,400 784,400

absorção total
384,380 514,888 515,360
calculada
Atenuação por abs. acústica:
11,55 dB 14,81 dB 15,61dB
10xlog (abs2/abs1)
Redução do nivel de percepção
57% 58% 59%
auditiva

PLANILHA GERAL DE CÁLCULO DE ISOLAMENTO ACÚSTICO: CONDIÇÃO FINAL

500 Hz

Item identificação Si(m²) IAi(dB) ti Si x ti


paredes laterais de concreto
1 283,20 51 0,00000794 0,00224954
armado
paredes de placas
2 165,20 30 0,00102329 0,16904800
cimentícias
3 teto fictício vazado 336,00 0 1,00000000 336,00000000

S Si= 784,40 S (Si + ti)= 336,17129754

t= 0,42857126

Isolamento acústico presumido 3,68 dB

224
ACÚSTICA ARQUITETÔNICA

A atenuação total de ruídos se dará conforme o somatório


seguinte:

isolamento acústico 3,68 dB


redução por efeito do atenuador de ruídos 14,81 dB
atenuação em função da distância 20,02 dB
redução total de ruídos na região limítrofe mais crítica do terreno 38,51 dB

Nestes termos, considerando uma situação desfavorável para


o ouvido humano (ruídos de média/baixa freqüência: 500Hz), o
máximo nível de ruído na região limítrofe mais crítica do terreno
será de : 81,3 – 38,51 = 42,79 dB, compatível portanto com os 45
dB estabelecidos pela NBR 10151.

225
15. EXEMPLO DE CASO 5:
QUESTÃO DE RUÍDO EM
ÁREA RURAL
(estudo em desenvolvimento)
15. EXEMPLO DE CASO 5:
QUESTÃO DE RUÍDO EM ÁREA RURAL
(estudo em desenvolvimento)

Análise preliminar para avaliação da necessidade de inser-


ção, no contexto de uma estação de compressão de gás em São
Braz do Suaçuí - MG, de sistema de proteção acústica ambien-
tal que contemple atenuação de ruídos produzidos pelo equipa-
mento em funcionamento, conforme o perímetro do terreno e a
patamares estabelecidos pela NBR 10151da ABNT.
O terreno situa-se em área industrial por intervenção do
Poder Legislativo local (originalmente era classificada como urba-
na residencial), frontal à cidade, limitando-se nas outras direções
com área rural.
Para a implantação da estação, movimento de terra substan-
cial foi promovido.

Foto: Google Maps 2010

229
R É G I O P A N I A G O C A R VA L H O

Os compressores a serem utilizados estão ilustrados nos de-


senhos seguintes:

Os níveis de ruídos produzidos por cada um dos compres-


sores, informados pelo cliente, são os seguintes:

Os níveis de ruídos calculados, produzidos pelo funcio-


namento simultâneo de 5 (cinco) compressores (condição mais
desfavorável) em campo aberto e a 1m de distância, são os se-
guintes:

230
ACÚSTICA ARQUITETÔNICA

Nos termos da NBR 10151 da ABNT, analisando apenas sob


o prisma de área industrial, observa-se:

Nível de critério de avaliação NCA para ambientes externos, em dB(A)

Tipo de área diurno noturno


Área predominantemente industrial 70 60
Idem para ruídos com componentes tonais 65 55

• com base no disposto no item 6.2.4 da NBR 10151:2000


da ABNT, o nível de critério de avaliação NCA para am-
bientes externos, em dB(A) e em área predominantemente
industrial (caso em pauta), é de no máximo 60dB(A) em
todo o perímetro do terreno e em horário noturno;
• com base no disposto no item 5.4.3 da NBR 10151:2000
da ABNT, em tendo o ruído em pauta características to-
nais, o estabelecido no item anterior deverá considerar
uma atenuação adicional de 5dB(A), conduzindo então
para um nível máximo de ruído aceitável, em todo o pe-
rímetro do terreno, de 55dB(A).

As atenuações dos ruídos produzidos em função das dis-


tâncias entre as fontes produtoras e as arestas frontais do terreno,
sem quaisquer intervenções, foram avaliadas com base na distân-
cia corrigida em função da topografia do terreno terraplenado:
• localizações da estação de compactação no terreno e de

231
R É G I O P A N I A G O C A R VA L H O

232
ACÚSTICA ARQUITETÔNICA

233
R É G I O P A N I A G O C A R VA L H O

oito pontos objeto de estudo segundo o seu perímetro:


• perfis topográficos e distâncias corrigidas:

distância referência distância real diferença de altura


perfil P-1 51,00m 51,11m -1,00m
perfil P-2 65,00m 65,45m +1,50m
perfil P-3 133,00m 135,34m +22,50m
perfil P-4 110,00m 111,39m +16,30m
perfil P-5 134,50m 138,50m -30,00m
perfil P-6 128,50m 133,09m -32,60m
perfil P-7 85,00m 85,64m -9,00m
perfil P-8 69,00m 69,69m -8,00m

• quadro de resultados estimados, considerando-se ex-


clusivamente os ruídos produzidos pelos equipamentos
em funcionamento, desconsiderando-se então os segu-
ros acréscimos decorrentes de ruídos de fundo (que em
muito pouco contribuiriam):

necessidade de
ruído produzido ruído percebido (*)
intervenção
perfil P-1 98,5dB 64,3dB sim

234
ACÚSTICA ARQUITETÔNICA

perfil P-2 98,9dB 62,6dB sim

perfil P-3 98,9dB 56,3dB discutível

perfil P-4 98,5dB 57,6dB discutível

perfil P-5 93,5dB 50,7dB não

perfil P-6 93,9dB 51,4dB não

perfil P-7 93,9dB 55,2dB não

perfil P-8 93,5dB 56,6dB discutível

(*) atenuação em função da distância real, corrigida.

• conclusão da análise preliminar: a título de atendi-


mento à NBR 10151 da ABNT, somente para as regiões
nas direções dos perfis P-1 e P-2 fica evidenciada a ne-
cessidade de intervenção indiscutivelmente; na direção
dos perfis P-3, P-4 e P-8 a situação é discutível (proximi-
dade da estrada e/ou atenuações de ruídos decorrentes
de pequenas barreiras naturais no percurso); já para as
direções dos perfis P-5, P-6 e P-7, não existe a necessi-
dade de qualquer tipo de intervenção.
• nota importante: se tecnicamente podemos admitir
como uma questão em área industrial, providências
complementares não poderão ser desconsideradas em
função do alcance da propagação do som em campo
aberto para a vizinha área rural, isso no interesse do
cliente.

NÍVEL DE CRITÉRIO DE AVALIAÇÃO NCA PARA AMBIENTES EXTERNOS, EM DB(A)


Tipo de área diurno noturno
Área de sítios e fazendas 40 35
Idem para ruídos com componentes tonais 35 30

235
ACÚSTICA ARQUITETÔNICA

16. REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS

ABNT, Normas.
CORNACCHIA, Gianni M. C., trabalho de pós-graduação em
Arquitertura e Urbanismo (2009), Universidade Federal de
Santa Catarina.
Dados Técnicos fornecidos por fabricantes diversos.
DAVIS, Don & Carolyn, Sound System Engineering.
GONZALES, M. F., Acústica.
HARRIS, C. M., Handbook of Noise Control.
IEC STANDARD (Norme de la CEI) publicação 651 Sound
Level Meters (Sonomètres) Genebra
IPT, Laudo de medições laboratoriais dos isolamentos sonoros
de componentes construtivos.
MARCO, Conrado Silva de, Elementos de Acústica Arquite-
tônica.
Ministério do Trabalho, Plano Geral de Ação do Ministério
do Trabalho na Área de Segurança e Saúde do Trabalhador.
PEREYRON, Daniel, dessertação de mestrado em Engenharia
Civil (2008), Universidade Federal de Santa Maria - RS.
SILVA, Pérides., Acústica Arquitetônica.

237
R É G I O P A N I A G O C A R VA L H O

SRESNEWSKY, Igor, Determinação de coeficientes de absorção


acústica pelo método de tubo de ondas estacionárias.
TEMPLETON, Duncan & LORD, Peter, Detailing for Acoustics.
Anotações de resultados técnicos de trabalhos elaborados pela
Arch-Tec em oportunidades diversas.

238
Acústica Arquitetônica foi com-
posto em tipologia Minion Pro,
corpo 12 pt, impresso em couchê
115g nas oficinas da thesaurus
editora de brasília. Acabou-
se de imprimir em 2010,
ano em que se comemora
o Cinquentenário de Brasília.

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