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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL – UFRGS

FACULDADE DE ARQUITETURA
CURSO DE DESIGN

Proposta de Trabalho de Conclusão de Curso


para aceite de possível orientador

DESIGN DE SOLUÇÃO ACÚSTICA PARA CAPTAÇÃO DE VOZES E


INSTRUMENTOS NO CONTEXTO DOMÉSTICO

Gustavo Chagas Ribeiro – guscrib@gmail.com

Resumo - Esta Trabalho tem como foco o desenvolvimento de uma solução acústica para
captação de vozes e instrumentos em ambientes domésticos. O trabalho visa abordar a
importância desse tema, as necessidades dos músicos e artistas que realizam gravações
em casa, bem como a justificativa para esse projeto, considerando o cenário de cortes de
investimentos públicos na cultura no Brasil. Os objetivos incluem compreender as
necessidades específicas desse público, explorar aspectos técnicos da acústica e
equipamentos de captação de áudio, além de desenvolver um produto acessível e de
baixo custo.

Palavras-chave: Acústica, Captação de Áudio.

1. Introdução
A música ocidental é datada desde o período medieval e os primeiros registros são
de um estilo denominado cantochão, que consistia em uma simples linha melódica sem
acompanhamentos instrumentais. A partir daí novos estilos e técnicas foram sendo
introduzidos, os arranjos foram se tornando mais complexos e novos instrumentos foram
sendo introduzidos (BENNETT, 1986). Durante um grande período da história, a música se
restringia apenas ao momento em que era tocada, mas por volta de 1860 Thomas Edison
inventou o fonógrafo, que permitiu, pela primeira vez na história, a gravação de sons.
Todavia, foi apenas por volta da década de 1950, com a introdução das tecnologias de
gravação em fita, que o processo de produção musical começou a se assemelhar com o
que é hoje, isso porque a fita deu maior liberdade no processo pela viabilidade de
recortes, colagens e sobreposições de gravações, possibilitando músicos e artistas a
trabalharem na construção de fonogramas de forma mais criativa e inovadora (MORTON,
1964).
É evidente que nesse período os estúdios tinham um papel central na produção de
músicas, pois os equipamentos necessários para gravação das mesmas eram muito
grandes e extremamente caros, inviabilizando uma aquisição pessoal. No entanto, com o
avanço das tecnologias os dispositivos foram se tornando mais acessíveis, portáteis e
digitais o que culminou na viabilidade de estúdios de gravação domésticos com alguns
poucos equipamentos e instrumentos. A popularização dos home studios foi muito
significativa nas últimas décadas, pois é um processo natural para o profissional da área
querer um espaço em casa para realizar seus trabalhos sem ter de se deslocar e pagar
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para utilizar um espaço profissional. Todavia, existe um grande empecilho no momento


de montar um espaço desse tipo relacionado à acústica dos ambientes. Tratar e adequar
um ambiente acusticamente pode ser um processo demorado, complexo e custoso
(IZECKSOHN, 1996)
Pensando nesse nicho de profissionais, que trabalham com gravações sonoras no
ambiente doméstico, é possível vislumbrar uma oportunidade de desenvolvimento de um
produto pensado especialmente para esse público com o objetivo de melhorar
acusticamente o ambiente doméstico e produzir gravações de melhor qualidade, levando
em conta as limitações e necessidades específicas desse espaço.

2. Justificativa

O investimento público na cultura no Brasil sofreu uma drástica mudança na


última década, de 2011 a 2021 mais de 46,8% da verba destinada a projetos e instituições
voltadas à arte, música, teatro, entre outras formas de manifestações artísticas e
culturais, foram cortadas (SIGA BRASIL). Dentro do governo Bolsonaro a cultura perdeu o
status de ministério e passou a ser uma secretaria especial dentro da pasta do turismo,
evidenciando ainda mais o cenário de abandono do investimento público. A Funarte, que
fomenta as áreas da cultura relacionadas às artes visuais, música, dança, teatro e circo,
sofreu uma queda de 56,7% no investimento, sendo percentualmente a instituição
pública mais afetada com os cortes de verbas (SIGA BRASIL).
Mesmo com um cenário de investimento público decadente, a música é
extremamente popular e presente na vida da população brasileira. Quase 80% das
pessoas escutam música todos os dias, sendo 26% durante todo o dia e 29% apenas em
uma pequena parte do dia. Outro dado interessante sobre o hábito de consumo de
música dos brasileiros é o grande nível de consumo de repertório doméstico, podendo ser
comparado a países como Estados Unidos e Japão (SPOTIFY, 2017).
Outro ponto interessante a ser levantado é a desverticalização da indústria
fonográfica, que ao longo das últimas décadas veio perdendo o monopólio da produção e
distribuição da música por conta do desenvolvimento tecnológico, visto que aos poucos
produtos físicos como CDs, fitas e LPs, que necessitavam de uma cadeia produtiva
estruturada, foram lentamente sendo substituídos por suas versões digitais. A introdução
das plataformas de streaming serviram para acentuar ainda mais o acesso dos artistas
menores a meios de distribuição musical eficientes, populares e profissionais.
Por um lado, é possível observar que temos uma população engajada e
interessada no consumo de música, associada a um cenário tecnológico favorável para a
distribuição digital das mesmas. Por outro, um investimento cada vez menor por parte do
estado em iniciativas que promovam e apoiem artistas. É evidente a necessidade dessa
classe por soluções que viabilizem a produção de arte de forma mais acessível,
promovendo a arte independente de qualidade no país.
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3. Objetivos
Objetivo Geral: Desenvolver uma cabine acústica que coexista de maneira harmônica com
o ambiente doméstico e que proporcione uma melhora na qualidade das captações de
áudio desse contexto.
Objetivos Específicos:

Objetivos a serem atingidos ao longo deste trabalho:


• Compreender as necessidades específicas de músicos, dubladores e artistas que
buscam captar vozes e instrumentos no contexto doméstico;
• Inteirar-se sobre as questões técnicas da acústica e equipamentos relacionados
com captação de áudio;
• Compreender as necessidades específicas do ambiente doméstico;
• Prezar pelo desenvolvimento de um produto acessível e de baixo custo;

4. Base Teórica
Listar principais tópicos a serem abordados na fundamentação teórica.

5. Metodologia

A metodologia é uma parte central no desenvolvimento de um projeto, pois é a


partir dela que iremos delimitar as etapas e meios de execução das mesmas. Para esse
projeto a metodologia escolhida foi o HCD, Design Centrado no Ser Humano (IDEO, 2009),
que tem como ponto central do processo de design o usuário e suas necessidades. Por
meio do HTC iremos estudar o público-alvo para entender seus desejos e necessidades, a
partir disso considerar o que é razoável e pode ser feito a fim de contemplar esses
desejos levando em conta o que é viável financeiramente.
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A partir desse diagrama presente no manual do HCD (IDEO, 2009) podemos


visualizar melhor o objetivo do projeto. Ele deve ser uma intercessão entre o desejo, o
que é possível/razoável de ser feito e o que é viável financeiramente.
Sobre o processo em si do HCD ele se divide em três macro etapas, a de ouvir,
criar e implementar, que transitam durante o processo entre a esfera do concreto e do
abstrato. Destrinchando um pouco mais cada etapa, temos que na fase inicial de ouvir
será feito um levantamento de dados com os usuários por meio de entrevistas e/ou
questionários com o objetivo de embasar melhor o entendimento a respeito do
problema, juntamente com pesquisas e estudos sobre assuntos técnicos relacionados
com o projeto.
Em seguida, na fase de criação, iremos traduzir os dados coletados com os
usuários e as pesquisas conduzidas em soluções, saindo do concreto e passando para uma
perspectiva mais abstrata, gerando inicialmente o máximo de alternativas e soluções
possíveis. Ainda nessa etapa, iremos trazer essas inúmeras soluções propostas para o
concreto, com protótipos, testes e análises.
Por último, na etapa de implementação, iremos definir dentre as soluções
anteriores a melhor e buscar viabilizar a sua implementação. A etapa contempla o
detalhamento, a prototipagem e o processo de fabricação.

Para complementar a metodologia do projeto também utilizaremos como


referência o livro “Projeto integrado de produtos: planejamento, concepção e
modelagem” (BACK et al. 2002) que propõem uma sistematização do processo de design,
detalhando cada etapa de forma mais aprofundada. Dentro do método existem três
macro-etapas, sendo elas: Planejamento do Projeto, Elaboração do Projeto do produto e
Implementação do Lote Piloto.
Na etapa inicial de Planejamento do Projeto se elabora o termo de sua abertura
que formaliza sua existência, bem como seu escopo e justificativa. Em um ambiente
empresarial essa etapa se inicia após um estudo de mercado que aponte a necessidade
do desenvolvimento de um novo produto. Após se inicia a elaboração do projeto que é
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dividido em: Projeto Informacional, Projeto Conceitual, Projeto Preliminar e Projeto


Detalhado.
1. Projeto informacional — Nesta etapa os projetistas buscam entender e elencar as
necessidades dos usuários por meio de pesquisas e análises, posteriormente essas
necessidades se convertem em requisitos de usuário que culminam nos requisitos
de projeto. Essa é uma etapa de grande importância, pois os requisitos de projeto
irão nortear todo desenvolvimento do produto, que visará atender ao maior
número possível dos mesmos.
2. Projeto Conceitual — Nesta etapa do projeto é onde se define a função global do
produto, bem como suas subfunções. Nela também se explora um grande número
de alternativas de solução objetivando encontrar a que mais se adeque aos
requisitos previamente estabelecidos.
3. Projeto preliminar — É onde se estuda a viabilidade técnica e econômica da
solução escolhida na etapa anterior, bem como revisões de patentes, questões
legais e de segurança.
4. Projeto Detalhado — É a etapa final do projeto onde se elabora os documentos
que serão enviados a manufatura, instruções de montagem e de utilização
O livro ainda descreve duas etapas posteriores ao final do projeto sendo elas a
Preparação para Produção e o Lançamento do Produto, que visam garantir o sucesso de
sua manufatura e entrega para o mercado

6. Referências Bibliográficas

1. INTRODUÇÃO

MORTON, David, Sound Recording, The Life and Story of a Technology, 1964.
BENNETT, Roy, Uma breve história da música, 1986.
IZECKSOHN, Sérgio, Teoria Básica para Home Studio, 1996.

2. ACÚSTICA

ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas, NBR 12179 / 1992, Tratamento Acústico
em Recintos Fechados. 1992.
ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas, NBR 10152 / 1987, Níveis de Ruído para
Conforto Acústico. 1987.
DE MARCO, C. S., Elementos de Acústica Arquitetônica. Editora Nobel, 2ª ed., 1986
DO VALLE, S., Manual Prático de Acústica. Editora Música & Tecnologia, 1ª ed., 2006.
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MÉNDEZ, A. M, et al., Acústica Arquitectónica. Universidade del Museo Social Argentino,


1ª ed., 1994.

3. METODOLOGIA DE PROJETO

BACK, Nelson; Ogliari, André; Dias, Acires; Silva, Jonny C. Projeto Integrado de Produtos:
planejamento, concepção e modelagem. São Paulo: Manole, 2008.
IDEO. The Field Guide to Human-Centered Design. By IDEO.org, ed. 01, 2015. Disponível
em: . Acesso em: 23 jan. 2021.

Porto Alegre, 2 de Outubro de 2023

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