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Trabalho apresentado para obtenção do título de especialista em Gestão

de Projetos – 2021

Aplicação do Gerenciamento de Cronograma conforme o Guia PMBOK em um projeto


de distribuição fonográfica

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Trabalho apresentado para obtenção do título de especialista em Gestão
de Projetos – 2021

Aplicação do Gerenciamento de Cronograma conforme o Guia PMBOK em um projeto


de distribuição fonográfica

Resumo

O mercado da música representa um dos setores mais importantes da economia


criativa para a economia brasileira, no que diz respeito à movimentação financeira e ao
desenvolvimento econômico do país. O Brasil é reconhecido internacionalmente como um
importante centro de produção e consumo de música. No mercado global de música é notável
a transição de consumo, indo do formato tradicional e físico, para o formato “online”. Além
disso, a flexibilização de produção aumentou expressivamente as produções independentes.
Considerando a existência de uma lacuna de pesquisas sobre como projetos fonográficos
independentes se organizam em relação ao mercado, visto a ausência de orçamento,
contratos de trabalho e metodologia de gerenciamento. Pretendeu-se responder à questão:
Como os artistas independentes alcançam seus objetivos estabelecidos sobre a entrega do
seu produto enquanto controlam o cronograma de seus projetos fonográficos? Para isso este
trabalho utilizou como estratégia metodológica a pesquisa descritiva, tendo como objetivo
desenvolver o cronograma de um projeto de lançamento/distribuição fonográfico de acordo o
fluxograma de etapas recomendado pelo “Project Management Body of Knowledge [PMBOK]”
6ed; ainda, discutir como tais mecanismos de controle de prazos influenciaram na entrega
final do produto. Apesar da obra investigada apresentar alguns desvios durante o
monitoramento, o plano inicial à linha de base do cronograma planejado, de modo geral,
mostrou a eficácia da implementação das boas práticas recomendadas pelo PMBOK,
afetando positivamente o desempenho do projeto em termo de cumprimento dos prazos. Essa
pesquisa contribui positivamente para entendimento da indústria fonográfica e novas práticas
de distribuição na área analisada.
Palavras-chave: Gerenciamento de Tempo; Fonograma; Artistas Independentes; PMI.

Introdução

O mercado da música representa um dos setores mais importantes da economia


criativa para a economia brasileira, no que diz respeito à movimentação financeira e ao
desenvolvimento econômico do país. O Brasil é reconhecido internacionalmente como um
importante centro de produção e consumo de música, sendo considerado mais uma vez no
ano de 2020 o maior mercado de música gravada da América Latina (IFPI, 2020). A receita
no país cresceu 24,5%, segundo o relatório global de música 2020 da Federação Internacional
da Indústria Fonográfica [IFPI]. Após um longo período de crise, desde fins da década de
1990, modelos consolidados de negócio foram obrigatoriamente revistos pelo mercado, e
desde então vem induzindo novas formas de negócios à medida que as audiências mudam
seus hábitos de consumo.
No mercado global de música é notável a transição de consumo, indo do formato
tradicional e físico, como do “Compact Disc [CD]”, para o formato “online”, em plataformas de
“streaming”, por exemplo, caracterizadas como uma forma digital de compartilhar e vender
músicas (Ribeiro, 2016). Segundo o IFPI (2020) foi um ano forte para plataformas de
“streaming”, em que as receitas cresceram 19,9%, enquanto as vendas físicas caíram 4,7%.

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Tais dados, comprovam que com o desenvolvimento de novas mídias, consequentemente, se


desenvolvem novas linguagens. Nesse sentindo, a internet tem se tornado uma plataforma
estratégica de relacionamento e distribuição para os produtos fonográficos.
Segundo Bernado (2011), os produtores de conteúdo devem entender como o público
vai se relacionar com esses novos conteúdos nessas plataformas. É imprescindível a
importância da oferta de produtos em mídias interativas e sua fragmentação. Ressalta-se a
necessidade de um novo conjunto de regras, linguagens e formatos. Dessa forma, ao se
pensar em um produto fonográfico nos tempos atuais, compreende-se que seus produtores
regem uma série de atividades com diferentes níveis de complexidade.
Devido à expansão do mercado, em tempos que há maior acesso à internet e outras
mídias digitais, muitos artistas decidiram investir na produção de seus próprios trabalhos
musicais, crescendo assim o número de produções fonográficas independentes, levando a
uma acirrada concorrência no setor. Contudo, mesmo com a flexibilidade da produção
musical, muitos desses trabalhos independentes tem pouca repercussão. Pois essas
atividades circundam um alto conjunto de produtos e processos, em que a competitividade
potencializa a necessidade de empresas consolidadas e novos produtores independentes
investirem em metodologia eficiente de planejamento e controle do seu projeto fonográfico. O
músico independente passa a assumir o papel de artista-empreendedor, enfrentando
dificuldades e dinâmicas decorrentes desse papel social e econômico (Cerqueira, 2015).
Para reagir a esse novo caminho, o presente trabalho procurou descrever o modo
como um artista independente desenvolve um projeto de lançamento/distribuição fonográfico,
analisando em conformidade com os processos de Gerenciamento de Projetos. Nesse
sentido, o trabalho apresenta uma proposta de correlacionar e identificar o impacto da
implementação das boas práticas recomendadas no guia “Project Management Body of
Knowledge [PMBOK]” 6ª Edição para o gerenciamento de projetos, no que se refere ao
desenvolvimento de cronogramas, utilizando os processos necessários em busca do término
pontual do projeto em estudo.
A relevância deste estudo se baseia em preencher a lacuna de pesquisas sobre como
projetos fonográficos independentes se organizam em relação ao mercado, visto a ausência
de orçamento, contratos de trabalho e metodologia de gerenciamento. Com uma proposta
composta por ações estruturadas em técnicas de monitoramento em controle de prazos e por
sua aplicação prática, buscou-se observar as consequências práticas para o artista com
relação ao domínio pleno do projeto. Pretendeu-se responder a seguinte questão de pesquisa:
Como os artistas independentes alcançam seus objetivos estabelecidos sobre a entrega do
seu produto enquanto controlam o cronograma de seus projetos fonográficos?

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Nesse contexto, o objetivo deste trabalho é aplicar as boas práticas recomendadas


pelo guia PMBOK para o desenvolvimento de cronograma em um projeto de
lançamento/distribuição fonográfico independente.
A estrutura do trabalho está dividida em quatro partes: na próxima seção são
apresentados os procedimentos metodológicos. Seguida da seção de Resultados e
Discussão, em que foi exposto como o cronograma do projeto em estudo foi construído e
executado. E a última seção 4, são apresentadas as considerações finais.

Material e Métodos

Este trabalho é caracterizado quanto ao objetivo como uma pesquisa descritiva, com
a finalidade de discutir como desenvolver o cronograma de um projeto de
lançamento/distribuição fonográfico de acordo o fluxograma de etapas recomendado pelo
PMBOK 6ª edição; e ainda analisar como tais mecanismos de controle de prazos podem
influenciar na entrega final do produto. Segundo Gil (2017), a pesquisa descritiva visa trazer
para o pesquisador uma maior familiaridade ao tema analisado, por meio da descrição,
investigação de fenômenos.
Para isso, foi realizado um estudo de caso, tendo como objeto de estudo um
lançamento fonográfico, de um artista independente de Brasília. O produto a ser distribuído
trata-se de um “Extended play [EP]”, caracterizado como um produto menor que um Álbum, e
maior que um “Single”. Neste caso, trata-se de quatro faixas musicais, com menos de trinta
minutos no total (00h30min). O produto ainda será distribuído em diferentes plataformas, de
acordo com suas linguagens específicas. Como o projeto não possui alto orçamento, a maioria
das atividades são executadas pelo próprio artista. Contudo, há atividades específicas que
exigem a contratação de serviços e trabalhadores “freelancers”, como as atividades
conectadas a criação visual e audiovisual do produto, além de outros serviços específicos à
distribuição musical.
Por meio do fluxo de processos na área de gerenciamento de cronograma
recomendado pelo PMBOK 6ª edição, foi desenvolvida uma proposta para o desenvolvimento
do cronograma, apresentada na Figura 1.

1 - Planejar o 2 - Definir as 3 - Sequenciar 4 - Estimar 5 - Desenvolver


gerencimento atividades as atividades durações o cronograma

Figura 1 Fluxograma do desenvolvimento do cronograma


Fonte: Dados originais da pesquisa

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Na etapa 1, foi realizado o planejamento: neste processo foram coletadas as


informações do produto de estudo, por meio de reuniões com o artista e a equipe de criação
visual. Além disso, foi realizada uma análise de dados, advinda de pesquisas exploratórias
em sites especializados em distribuição musical, para que assim seja desenvolvido o plano
de gerenciamento do projeto.
Para a etapa 2, foi realizada a definição das atividades: foram identificadas quais ações
específicas são necessárias para cumprir as entregas do projeto. As ações foram dispostas e
organizadas em uma Estrutura Analítica de Projetos [EAP]. Assim, definindo as atividades e
fornecendo uma visão ampla e estruturada das entregas.
A etapa 3 objetivou sequenciar as atividades: o cronograma foi construído de acordo
com o método do diagrama de precedência. Foi detectado o relacionamento lógico de ligação
entre as atividades.
A estimativa de durações das atividades foi realizada na etapa 4: para a determinação
da quantidade de tempo necessário para concluir cada atividade foi utilizada a estimativa de
três pontos.
E, por fim, o desenvolvimento da pesquisa finalizou-se na etapa 5, em que visou
desenvolver o cronograma: foi utilizado a análise de rede para o desenvolvimento do
cronograma por meio do Diagrama de Gantt, na plataforma Lucid Software Inc.
As relações entre os métodos e o desenvolvimento do trabalho, à medida que foi
executado o controle do cronograma, permitiu uma análise com qual precisão tal
gerenciamento contribuiu para a execução do projeto dentro do prazo estimado.

Resultados e Discussão

Desenvolvimento de estratégias de distribuição do projeto fonográfico

Entende-se muitas vezes o produto fonográfico como uma unidade indivisível, mas
que compreende muitos processos. Nakano (2010), reconheceu dois processos: a produção
do conteúdo e a do suporte físico necessário à distribuição deste conteúdo. Mas com o
advento da música digital, e a transição do suporte físico para as plataformas de “streamings”
como principal forma distribuição, muito se transmudou no mundo da música, alterando não
apenas sua forma de distribuição, mas também sua interação entre produto e consumidor.
Esse cenário resultou em algumas perguntas comuns aos processos de distribuição:
• O que faz o ouvinte escutar um artista novo?
• O que artistas semelhantes estão fazendo?
• Como o público-alvo se comporta?

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• Como o público-alvo consome música?


Posto isso, propôs-se estabelecer estratégias de inserção no mercado fonográfico
digital independente, considerando tanto as características do público brasileiro quanto as
possibilidades comunicacionais e econômicas da internet. Reconhecendo o fato de que,
mesmo que majoritariamente, as gravadoras sejam as principais responsáveis pela produção
e comercialização das gravações fonográficas, há outros atuantes no mercado, outros
“stakeholders” que devem ser levados em consideração, como já identificava Silva (2001).
A Figura 2 mostra o mapa mental desenvolvido para a área de distribuição de
fonograma.

Figura 2 Mapa mental de distribuição de fonograma


Fonte: Resultados originais da pesquisa

Como pode ser observado na Figura 2, têm-se as quatro perguntas: Quem, O Que,
Onde e Quando, que devem ser respondidas para atender a distribuição fonográfica,
conforme discutidos a seguir.
- (Quem): o conceito tem como objetivo detectar os envolvidos na obra, desde os
responsáveis pela execução das atividades ao consumidor final. Quando se pensa em
distribuição de fonograma, a primeira figura importante é a do Distribuidor Digital, podendo
esta ser a gravadora, ou em projetos independes, empresas especializadas. Tais empresas

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apenas enviam a faixa musical para as plataformas digitais, e para tal envio o proponente já
deve ter em mãos: fonograma, autorizações e capa (peça publicitária). Existem inúmeras
empresas que ofertam o serviço, seja de forma gratuita ou paga. Cabe ao responsável
entender qual empresa melhor contempla suas necessidades. Contudo, o lançamento de um
fonograma não se restringe ao envio das faixas musicais para a Distribuidora Digital. Tendo
ainda, a necessidade de identificar outros envolvidos. Como, por exemplo, a equipe de criação
publicitária. Para o controle desse processo, é essencial um profissional que gerencie e
monitore a distribuição do produto.
- (O Que): aqui é preciso delimitar com clareza qual o produto e os objetivos a serem
alcançados. No caso estudado, por exemplo, trata-se de um lançamento fonográfico – Quatro
faixas, compiladas em um EP.
- (Onde): é essencial o levantamento de todos os locais e de que forma será distribuído
o material. Lembrando que a Distribuidora Digital apenas envia o fonograma para algumas
plataformas digitais e excluem outros meios de difusão, como as redes sociais e veículos de
imprensa.
- (Quando): para que o lançamento seja realizado com sucesso, precisa-se definir de
acordo com as necessidades do projeto quando será efetuada e como será feito o
monitoramento do lançamento. Sendo crucial um plano com precisão.
O mapa mental, elaborado e sugerido neste estudo, foi aplicado no empreendimento
desta pesquisa, acreditando-se que poderá ser aproveitado por outros artistas e produtores.
Para este trabalho, não foi analisada a etapa de produção musical, apenas considerou a etapa
de distribuição. Entende que a distribuição de fonograma vai além do seu envio para
plataformas digitais de “streamings” comuns ao consumo de música, e prevê outros suportes
e formatos. Acrescentando ao projeto de caráter independente em estudo, força de mercado
e competição.
Foi feito, inicialmente, um diagnóstico das principais dificuldades ao se lançar um
produto fonográfico independente. E detectou-se o Gerenciamento de Cronograma como área
crítica. Foi correlacionado cada ponto crítico com as áreas de conhecimento, como mostra a
Figura 3. De forma, a evidenciar a importância de direcionar os estudos à uma área de
conhecimento.

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Figura 3 Correlação entre dificuldades e as áreas de conhecimento do PMBOK


Fonte: Resultados originais da pesquisa

Com base na correlação feita, observando-se que o Gerenciamento de Cronograma é


uma das áreas críticas do projeto, foi decidido propor melhorias, e aplicação de ferramentas
de monitoramento e controle. Para isso, foi elaborado um cronograma de acordo o fluxograma
de etapas recomendado pelo PMBOK 6ª edição (PMI, 2017). A partir desse momento, a
pesquisadora junto a equipe – artista e produtor de mídia – analisaram quais possíveis formas
de planejamento e controle do tempo. Com o uso de pesquisas exploratórias, e de algumas
reuniões foi construído e aprovado o seguinte a estrutura analítica do projeto [EAP], conforme
apresentada na Figura 4.

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Figura 4 EAP do projeto analisado de distribuição fonográfica


Fonte: Resultados originais da pesquisa

Após o avaliar as necessidades do projeto, se inicia a etapa de Pré-Lançamento. Essa


fase é fundamental para o produto, pois é nesse momento que ocorre a concepção da
tipologia e a finalidade do produto final. Em relação à tipologia, definiu-se que além dos
fonogramas, também seria lançado um videoclipe para o “single” do EP. Foi pensado sua
linguagem e quais canais de comunicação seria vinculado a obra.
O lançamento é uma fase mais técnica, em que o fonograma e os subprodutos obtidos
na fase anterior são trabalhados para atingir o resultado visado. É o momento que os
fonogramas, videoclipes e peças publicitárias são disponibilizadas. De modo que valorize e
eleve a interação do produto com o púbico alvo.
O principal elo no Pós Lançamento, está nas diferentes possibilidades e finalidades
que a obra pode ter. O formato de distribuição e comercialização dependem, basicamente,
dos meios que serão utilizados. Deve-se ainda aqui aplicar as estratégias de relacionamento
com os fãs, ampliando o consumo do produto.

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Com a EAP apresentada, foi organizado o escopo do projeto em estudo, de forma


visual, hierárquica e em partes menores. Facilitando o entendimento e o gerenciamento das
entregas, além de assegurar melhores decisões. Tão logo, pôde-se iniciar a etapa 3,
estabelecida na metodologia, com o objetivo de sequenciar as atividades.
Compreendendo como principais atividades de cada entrega:
• Fonogramas - Músicas.
• Registros e Autorizações - Documentos de garantia de direitos.
• Material Publicitário - Capa; Encarte; Ensaio fotográfico; Chamadas etc.
• Distribuidora Digital - Pre-save; Envio do fonograma para plataformas digitais.
• Relação com fãs - Mailist; Repost; DM; Live; Influenciadores.
• Imprensa - Release; Portais; Entrevistas; Investimento.
• Plataformas Digitais - Spotify; Deezer; Tidal; Apple Music; Amazon Music etc.
• YouTube - Premiere; Live; Making Off; Videoclipe etc.
• Redes Sociais - Instagram; Twitter; Tik Tok; Facebook; Kwai; Pinterest etc.
• Playlists - Adicionar fonograma em diferentes Playlists.
Foi definido o nível de detalhamento das atividades e a frequência de controle, junto
ao artista. Para algumas entregas, como ‘Material Publicitário’ foram criados pacotes de
trabalho por existirem muitas atividades. Foi obtido resultado da aplicação do Método
Diagrama de Precedência [MDP], tornando possível a percepção do relacionamento lógico de
ligação e dependência entre as atividades, como mostra a Figura 5.

Figura 5 Diagrama de Precedência do Material Publicitário do projeto analisado


Fonte: Resultados originais da pesquisa

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O MDP possui quatro tipos de dependências ou relacionamentos lógicos, conforme


mostrados na Figura 5, descritos como:
TI – Término para início = Relacionamento lógico em que uma atividade sucessora
não pode iniciar até que uma atividade predecessora tenha terminado.
TT – Término para término = Relacionamento lógico em que uma atividade sucessora
não pode terminar até que uma atividade predecessora tenha terminado.
II – Início para início = Relacionamento lógico em que uma atividade sucessora não
pode iniciar até que uma atividade predecessora tenha iniciado.
IT – Início para término = Relacionamento lógico em que uma atividade sucessora não
pode terminar até que uma atividade predecessora tenha iniciado.
A atualização dos documentos do projeto foi a principal forma de saída para frequência
de controle. A partir de então, foi fácil perceber quais camadas o projeto abordado pode
perpassar. Atravessando não apenas a criação musical, mas também a criação de outros
subprodutos que reforçam a compreensão e o consumo do produto primário.
Consequentemente, tem-se aqui um projeto crossmídia, no qual a história é contada e
interpretada de forma independente em diferentes plataformas, possibilitando maior interação
do usuário. Esse conceito, obriga a pensar em termos de economia política de uma obra que
se produz, distribui e consome, e, portanto, leva a uma teoria de mundos narrativos (Scolari,
2013).
Diante desse conjunto de alto nível de complexidade, os produtores independentes,
cujo seu orçamento é limitado e equipe é reduzida, além de enfrentarem dificuldades no
gerenciamento das entregas, contam também com crises na definição de papeis, já que esses
se justapõem. Ao utilizar a matriz “Responsible, Accountable, Consulted e Informed [RACI]”
no projeto em foco se confirma essa declaração. Sendo assim, a matriz seria aplicada da
forma apresentada na Figura 6.

Figura 6 Matriz RACI do projeto analisado de distribuição fonográfica


Fonte: Resultados originais da pesquisa

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Perante essas investigações, verificou-se a necessidade de implementar métodos de


gerenciamento de qualidade. Para isso, empregou-se do ciclo “Plan, Do, Check, Act [PDCA]”,
uma técnica que consiste em quatro passos cíclicos com o objetivo de melhorar os processos
e os produtos de forma contínua (Souza, 2016). Usam-se os seguintes passos: “Plan” –
Planejar: elaborar um plano, escolha do caminho a se seguir para que o os objetivos sejam
atingidos; “Do” – Fazer: capacitar os envolvidos para alcançarem as metas; “Check” – Checar:
analisar o andamento das entregas e resultados alcançados; “Act” – Agir: tomar ações
corretivas caso o planejado não ocorreu conforme o previsto. A Figura 7 apresenta o PDCA
elaborado para o processo em estudo.

Figura 7 PDCA para o processo em estudo


Fonte: Resultados originais da pesquisa

Com o PDCA elaborado, foi determinada uma forma de análise e esquematização das
entregas. Na sequência, foi estimada a quantidade de tempo para execução das atividades e
tarefas. Uma técnica recomendada é a Estimativa de Três Pontos. A estimativa de duração
nesse caso leva em consideração o risco e a incerteza de estimativa. Ao usar essa ferramenta
é possível definir uma faixa aproximada para duração de uma atividade. Pondera-se de três
perspectivas de tempo:
Para o cálculo da duração esperada [tE], usa-se de uma fórmula de distribuição
triangular, conforme a eq. (1).

tO + tM +tP
tE= (1)
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Onde, tO: é a duração Otimista, baseia-se na análise do melhor cenário; tM: é a duração Mais
Provável, baseia-se em estimativas prováveis, expectativas realistas; e tP: duração
Pessimista, baseia-se no pior cenário para a atividade.
Sendo assim, ao aplicar o cálculo para prever a duração do envio do fonograma da
distribuidora digital até as plataformas digitais, temos o seguinte resultado, conforme a eq. (2).

10 + 15 +20
tE= = 22 dias (2)
3

A estimativa de duração firmada em três pontos fornece uma expectativa de duração,


e também aclara a faixa de incerteza sobre a mesma.
Com a assimilação da estrutura, divisão de trabalho, dos processos de como se
relacionam, foi possível estimar o tempo das atividades. Para em seguida iniciar o
desenvolvimento do cronograma por meio do Diagrama de Gantt na plataforma Lucid, como
elucida a Figura 8.

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Figura 8 Diagrama de Gantt para o projeto analisado


Fonte: Resultados originais da pesquisa

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O Diagrama de Gantt é visualmente atraente, e pode ser facilmente interpretado.


Oferece uma rápida visualização das dependências dos processos, facilitando a compreensão
do caminho crítico e possíveis desvios que estejam impedindo a entrega. O método
representa o tempo por meio de barras, sendo possível a demarcação dos momentos de início
e término das atividades, como também elucida o progresso real e o seu nível de conclusão
(Slack et al., 2002).
Depois de ter inserido as etapas, suas respectivas durações e realizado o
sequenciamento das atividades, foi inserida a de término. Comumente para projetos de
distribuição fonográfica primeiro se define a data de lançamento, e com isso é estimado a data
de início do projeto. Neste caso, todas as atividades devem ser planejadas para serem
concluídas dentro prazo.

Diagnóstico das dificuldades apresentadas pelo projeto

A partir da análise do caso específico foi realizado um levantamento das principais


dificuldades do projeto no Planejamento e Controle da Produção na obra. Por meio de
reuniões com as pessoas envolvidas diretamente na execução, constatou-se que algumas
atividades estavam em situação de atraso por conta dos seguintes problemas:
1. Falta de uma reunião semanal de planejamento: os responsáveis pelas atividades,
nesse caso o artista e o produtor de mídia, não realizam uma reunião semanal para a
discussão conjunta acerca das atividades a serem realizadas na semana, e sobre o
andamento do cronograma real.
2. Erro na definição das atividades: as atividades não apresentavam uma boa
definição; não identificavam possíveis causas para a não conclusão dos pacotes de trabalho.
3. Gerenciamento do projeto não parte do Gerente de Projeto: a execução e
monitoramento era realizada pelo artista, esse que não possui nenhuma experiência ou
profissionalização na área de gestão de projetos.
O fator determinante para as falhas na definição das atividades estava na qualidade
dos planos. Alguns pacotes de trabalho não eram definidos de forma correta, não
especificando quando seria executado naquela faixa semanal. Além disso, não se analisava
as possíveis dificuldades da não conclusão de alguns serviços.
Logo, foi criada uma estratégia para implantação de melhorias, aperfeiçoamento no
processo de Planejamento e Controle da Produção [PCP], conforme a Figura 9.

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Figura 9 PCP para o processo em estudo


Fonte: Resultados originais da pesquisa

No novo modelo foi instituído reuniões semanais, em que se passou elaborar planos
semanais, incluindo atividades a serem iniciadas, e a conclusão de atividades antecedentes.
Definindo de forma clara as atividades. De maneira que, a vulnerabilidade de execução
evidenciada das duas primeiras causas fora removida.
Essa deficiência tem como consequência direta da ocorrência do projeto ser
gerenciado por uma pessoa sem conhecimentos suficientes em gestão de projetos. Como
justificado anteriormente, por se tratar de um projeto independente, este carece de orçamento
e mão de obra. A aplicação do gerenciamento do cronograma foi elaborada pela
pesquisadora, mas executado pelo artista. De modo que, o artista encontrou dificuldades em
gerenciar o projeto.
Nesse caso, o aumento de produtividade pode ser explicado pelo efeito aprendizagem.
O projeto foi sendo executado como previsto por meio da familiarização com o trabalho. A
consultoria, feita por meio da pesquisadora, a continuidade e a repetição certificaram a
melhoria na organização, na redução de prazos e nas alterações de atividades, e, obviamente,
no gerenciamento e supervisão do plano.
Um dos fatores que determinam o sucesso de um projeto é a figura do Gerente de
Projetos. Na visão de Fisher (2011) um Gerente de Projetos deve possuir três competências:
(a) as individuais, tributos e habilidades dos indivíduos na resolução de problemas; (b) as de
equipe, capacidade de gerir e resolver adversidades complexas em equipes multidisciplinares;
(c) e as da empresa, capacidade de formar um ambiente e uma cultura de projetos que
colabore com a participação dos membros das equipes.
Com base nos resultados obtidos neste trabalho, aponta-se que ao se aplicar as
práticas recomendadas pelo PMBOK 6ª edição, é possível obter bons resultados, os quais
atendam as expectativas dos envolvidos. Mas essa prerrogativa não exclui outras ferramentas

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e práticas. Ainda, salienta a importância do Gerente de Projetos em projetos grandes ou


pequenos, de alto ou baixo orçamento de distribuição de fonográfica, a fim de que seja
garantido um planejamento adequado, abordado as áreas e interesses do dono do projeto.

Conclusão

Neste trabalho, foi atingido o objetivo de avaliar o Gerenciamento do Cronograma em


um projeto de distribuição fonográfica de artista independente, sob a ótica do fluxograma de
processos recomendados pelo guia PMBOK 6ª edição. Por meio dessa análise, foram
identificadas as melhores práticas e como implementá-las nos processos de gerenciamento
do cronograma da obra estudada. Aponta-se que as limitações processuais estão altamente
ligadas as características do projeto – baixo orçamento e pouca mão de obra. Nesse cenário,
com a expansão do mercado fonográfico digital, muitos artistas decidiram investir e gerenciar
seus trabalhos na música. Entendendo a complexidade de um projeto de distribuição
fonográfica, e que a maior parte desses artistas não possuem conhecimentos suficientes em
gestão de projeto é compreensível que o gerenciamento do tempo seja uma área crítica e
delicada. Apesar da obra analisada nesse estudo apresentar alguns desvios durante o
monitoramento, o plano inicial à linha de base do cronograma planejado, de modo geral,
mostra a eficácia da implementação das boas práticas recomendadas pelo PMBOK, afetando
positivamente o desempenho do projeto em termo de cumprimento dos prazos. Analisando a
postura do artista ao fazer uso de melhores ferramentas e metodologias no processo de
execução e monitoramento, percebe-se maior assertividade nas expectativas, garantindo, um
processo mais coerente e eficaz. Portanto, acredita-se ser essencial no impacto do sucesso
das entregas e conclusão do projeto. Como trabalhos futuros, sugere-se realizar pesquisas
sobre mudanças advindas na indústria fonográfica perante o cenário atual e novas práticas
de distribuição para essa área.

Agradecimento

Gostaria de agradecer meus pais: Taisa Goes da Costa e Wanderley Rodrigues


Macedo. A minha irmã que acreditou na minha jornada. A minha tia e madrinha, Janete Goes
e Emanuella Goes, por toda generosidade e apoio. Ao meu amigo Felipe Leão pela paciência.
E a minha orientadora Prof. Maria Júlia Xavier Belém por impulsionar sempre a superação.

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Referências

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