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INTRODUÇÃO
DESENVOLVIMENTO
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Professor EBTT de Música no Instituto Federal de Rondônia – Campus Cacoal. Possui Graduação em Produção Musical,
Especialização em Educação Musical e Mestrado em Comunicação Audiovisual.
X Semana Nacional de Ciência e Tecnologia, I Seminário de Iniciação Científica - IFRO – Campus Cacoal, out. 2020.
os diversos elementos postos em jogo na criação musical. (RIMOLDI; MANZOLLI, 2017,
p. 4)
[…] as músicas directamente nascidas dos novos media e das novas tecnologias - como
a música concreta (fundada em 1948), e como as músicas electro-acústica e electrónica
- influenciaram profundamente, fora do seu círculo de difusão ainda muito restrito, as
músicas populares. (CHION, 1994, p. 63).
It is almost a cliché of cultural studies that, for example, a division exists between
‘popular’ music and ‘art’ music. It is a central argument of this book that (at last!) this
distinction is being eroded in digital culture. Whereas, in the past, a ‘highbrow’ musician
was usually ‘classically trained’ and a ‘lowbrow’ musician was not, the new technologies
are enabling the emergence of a new kind of musician, whose work resists easy
classification in either sector and who may move comfortably into a range of situations.
(HILL, 2018, p. 49).
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a pesquisa, a inexistência de instrumentos musicais e salas apropriadas para o ensino ou
prática musical coletiva. Essa realidade é a de muitas escolas espalhadas pelo país. Em
oposto a isso, podemos verificar que uma boa parte dos jovens, mesmo os de baixa renda,
possuem um aparelho smartphone, sendo este uma ferramenta em potencial para o ensino e
prática musical.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Na experiência realizada pelo projeto de pesquisa citado neste trabalho, traçamos uma
série de objetivos e metas: uma composição por integrante, uso de materiais acústicos
captados por celular ou gravador, manipulação e transformação destes sons em ambiente
digital, composição com pelo menos 3 minutos de duração, desenvolvimento de motivo
melódico ou rítmico.
Com o auxílio financeiro recebido pela Pró-Reitoria de pesquisa do IFRO, foi possível
fazer aquisição do software Ableton Live. Foi nesta plataforma que desenvolvemos todos os
trabalhos por possuir um workflow mais próximo da realidade de um músico ao invés de um
engenheiro de som.
Inicialmente introduzimos conceitos históricos e repertórios da música eletrônica,
eletroacústica, acusmática e eletroacústica mista. Em um segundo momento foram ensinados
conteúdos sobre síntese sonora, formação do som, síntese subtrativa e granular, tipos de
sintetizadores, processos de gravação e conceitos de composição musical.
Apesar de vivermos um momento onde a escuta está em constante transformação,
paisagens sonoras urbanas produzem uma infinidade de ruídos e materiais sonoros, o
repertório musical ainda é centrado em formações tradicionais e estruturas básicas da teoria
musical ocidental. Neste sentido, desconstruir esse processo de escuta, onde começamos a
identificar aspectos de timbres, formas musicais definidas por um gesto visual ou uma
sensação, foi o primeiro grande desafio. Como primeiro exercício propomos a criação de um
motivo musical que fosse familiar às alunas participantes, porém com o material sonoro
captado (barulho de portas, passos, latas, caixas, e etc).
As técnicas de captação sonora utilizadas fazem referência ao processo de gravação e
edição de sound design, termo creditado a Walter Murch e Ben Burtt e comumente utilizado
para tratamentos sonoros no cinema - a princípio não relacionados à trilha sonora -
principalmente a partir da década de 1970 (CHAVES, 2016, p. 5). Acreditamos que a partir
deste meio de captação podemos desenvolver o lado criativo, com materiais pouco
convencionais ao meio musical popular, aprimorando a escuta e as possibilidades de trabalhos
de uma amostra sonora. Partimos do princípio que todo som pode ser material para o trabalho
intencionalmente musical, assim como afirma SCHAEFFER:
[...] os silêncios falam; o menor ruído, uma folha de papel amassado, a batida de uma
porta, e nossos ouvidos parecem escutar pela primeira vez. Sim, as coisas agora têm
uma linguagem, como a própria semelhança das palavras o diz: imagem que é a
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linguagem para o olho e bruitage (sonoplastia), que é linguagem para o ouvido.
(SCHAEFFER, apud REYNER, 2012, p. 97)
REFERÊNCIAS
CHION, Michel. Músicas, Media e Tecnologias. Trad. Armando Pereira da Silva. Lisboa:
Biblioteca Básica de Ciência e Cultura, Instituto Piaget, 1994.
HILL, Andrew. The digital musician. Third edition. New York; Londo: Routledge, 2018.
Kindle Edition.
SCHAFER, R. Murray. Educação sonora: 100 exercícios de escuta e criação de sons. Trad.
de Marisa Fonterrada. 2. ed. São Paulo: Melhoramento, 2009.
______. A afinação do mundo. Trad. de Marisa Fonterrada. 2. ed. São Paulo: UNESP, 2011a.
______. O ouvido pensante. Trad. de Marisa Fonterrada. 2. ed. São Paulo: UNESP, 2011b.
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