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1SBN BS-87550-02-0

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T ftCNOt.DCSIA LA•trR O tOITA L
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~ SAMIR N. Y. GERGES
JJ~~-~----- "'· ""''"""•oSenhor
e-mail: copyflo@'wpyflo.oom.br
SOBRE O AUTOR

PROF. SAM IR N. Y. GERGES, Ph .D.


!sarnir Nagi Yousri Gerges, Ph.D.

Formado em Engenharia Aeronáwica em 1964,


mes/1 -e em 1969 e cinco anos de experiência na
indústria aeronáutica egípcia. Em 1969 f oi contratado
com o Re s earc h Fe /10111 p e la Univ ersidade
Southampton. Instituto de Pe.~q11isa em Som e Vibra -
ções (IS VR) . Inglaterra. para execuçiio de projetos de
pesquisa parn indústrias britânicas. Doutorado em
1974 em Vibrações e Ruído pelo JSVR, sob orientação
do Prof F. Fahy: quatro anos de pós-dol//orado nas
universidades de So11tl1ampton e Sussex. Jnglaterra.
ex ecutando projetos para Babcock & Wilcox
l111emacional, Marinha Ing lesa e outras. Em 1979 Fundamentos e Controle
aceitou convite da Universidade Federal de Santa
Catarina (UFSC) para imegrar uma equipe de
professores do ISVR da Inglaterra para iniciar
pesquisas e ministrar disciplinas na nova área de pós-
graduaçrio em Vibrações e Acústica do Departamento
de Engenharia Mecânica da UFSC. Em 1980 foi
contratado como professor titular concursado em
Universidade Federal de Santa Catarina
Vibrações e Acústica. Executa projetos de consultoria e
pesquisa para órgãos públicos e privados. Tem mais de
\' l Departamento de Engenharia Mecânica
220 artigos técnicos publicados em revistas e
Laboratório de Vibrações e Acústica - LVA
congressos nacionais e intemacionais. Membro / Caixa Postal: 476- CEP 88040-900
fimdador da Sociedade Bras ileira de Acústica
(SOBRAC). Membro do Instituto de E ngenharia de ./i , Florianópolis - SC - Brasil
Controle de Ruído (EUA). Membro do c01po Editorial f \"
' "
das revistas técnicas internacionais; Jntemational 1, ~ 1 Tel.: O-XX-48-331 -9227 / 234-4074 / 331-7095
Joumal ofA coustics and Vibration (EUA) and Joumal
ofBuilding Acoustics (Inglaterra). Prêmio "Fel/ow" do , Fax: O-XX-48-331-9677 /234-1519
flltemational lnstitute of Acoustics and Vibration em E-mail: <gerges@ mboxl.ufsc.br>
1999. Membro do g rupo de trabalho da Organização
\
Mundial de Saríde - Suíça, como alllor de dois capíwlos
em livro intemacional sobre ruído. Criador e J
supen 1isor do Laboratório de Ruído Industrial (LAR!).
como 1ínico laboratório credenciado pelo Ministério de
Trabalho e Emprego para ensaios de protetores
auditivos. Responsável pela ediçiio da Revista
ia Edição -Atualizada e Ampliada
Brasileira de Acústica e Vibrações da SOBRAC. Florianópolis - SC - Brasil
Nos últimos sete anos. tem ministrado o curso intensivo
(24 horas) sobre Controle de Ruído Industrial em todo NREditora
o Brasil, Chile e México. Este livro é o fruto de 36 anos 2000
de experiências práticas em vários países.
I
Primeira edição 1992
Segunda edição 2000

ISBN 85-87550-02-0

Copyright © 1992 e 2000 por Sarnir Nagi Yousri Gerges. Reservado


todos os direitos de publicação pelo autor. Nos termos da lei que resguarda
os direitos autorais. É proibida a reprodução total ou parcial, bem como a
produção de apostilas a partir deste livro, de qualquer forma ou para qualquer
meio eletrônico ou mecânico, inclusive através de processo xerográfico,
de fotocópia e de gravação, sem a permissão por escrito do autor.

CATALOGAÇÃO NA FONTE
À memória de meu pai, Nagi Yousri Gerges Rafael, e minha mãe, Aida Habib
pelo zelo e carinho dedicado a nós três.

À meus irmãos, Amai e Mourad, pelos cuidados a mim dedicados.

G367r Gcrges, Sam ir Nagi Yousri


Ru ido : fundamentos e controle / Sam ir N. Y. Gerges.
- 2. ed . - Florianópolis : S. N. Y. Gergcs, 2000.
696 p.

Inclui bibliogralia, apêndice e indicc.

1. Ruído. 2. Engenharia acústica. 3. Acústica arquitetônica.


4. Ruído - Efeito fisiológico. 5. Poluição sonora. 6. Ruído-Controle.

CDU : 62 1.03 : 534.8

Catalogação na fonte por: Oné/ia Silva Guimarães CRB-14107 1


..}...

Ao Bras il, que escolhi, entre vários países, para morar e casar.

À Márcia, pelas nossas lutas e aceitação dos grandes desafios.

À Nina Rosa e Rafael Nagi, que são tudo o que temos.


.. , ..

Prefácio
Este livro não é uma obra per feita e comp leta sobre o assunto de ruído; para
assim ser, nunca poderia ser terminada. Foi concluída após muitos anos, sendo
uma cobrança da sociedade, das indústrias e das universidades.
O principal objetivo deste li vro é preencher uma grande lacuna que existe na
bibliografia técn ica portuguesa e espanhola (ver versão espanhola deste mesmo
livro) sobre soluções de engenharia dos problemas de ru ído ambiental, conforto
acústico e controle de ruído industrial, com o objetivo de melhorar a qual idade de
vida e bem-estar do homem.
A grande demanda pelo conforto acústi co e controle de ruíd o e vi brações
ex ige soluções de engenharia e desenvol vimento de materi ais e processos para
probl emas de ruíd o. Hoje, req uisitos fundamentais e especificações rigorosas,
na fase de projeto de aparelhos, máquinas, processos industriais, ambi entes
internos e externos, são exigidos e apoiados por legislações, como a lei do silêncio
elaborad a pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente, em 1990, selo do ruído,
entre outras, dando proteção ao homem contra o meio amb i en te poluíd o
acusti cam ente.
Esta grande demanda no mercado forçou-me, ao. lo ngo da minha v ida
profi ssional em vári os países, a desenvolver técnicas e soluções práticas para
problemas de ruído. A lém disso, passei a escrever e reescrever versões atual izadas
da minha apost ila do Curso de Pós-Graduação em CONTRQ/,E DE RUÍDO
INDUSTRIAL, acrescentando as últimas técn icas e conhecimentos, lançando
mão da experiência adquirida com a pai1icipação efetiva no lnternational /11stit11te
o/ Noise Contrai Engineering (l/INCE), /111ernational Comission o/ Aco11stics
(ICA) e lnternationa/ lnstitute o/ Acoustics and Vibration (l l AV), além da
Sociedade Brasilei ra deAcústica (SOBRAC) e Federação l beroameri cana de
Acústica (FIA) como membro da diretoria, e nos congressos internacionais anuais
do lnter-Noise e outros, como membro do lnternational Advisory Commi tte. ·
....
Em 1988 a aposti la chegou a 350 páginas, e foi usada nos cursos intensivos dois ass untos importantes na área de medições acústi cas. O primeiro sobre
de três dias (24 horas) que foram requ isitados cm ritmo acelerado, por todo o intensidade acústica, seus erros, calibração, limitações e aplicações, e o segundo
Brasil, Chile e México e nas palestra dadas nos congressos e seminários de so bre a medição de resposta impul siva usando Seqüências de Comprimento
engenharia, segurança e medicina do trabalho. Esta apostila, junto com outra de Máximo (Maximum Length Sequences - MLS). No capítulo 4 foi adicionado e
acústica ap licada, elaborada para alunos de grad uação e pós-graduação, formaram • detalhado a parte sobre rad iação sonora de uma placa. No capítulo 7 foi ad icionado
a base deste livro, que· foi at uali zado com o acrésci mo das técnicas e soluções dois novos ítens sobre Método de Raios Acústi cos e parâmetros de avaliação de
mais modernas. ambientes fechados . O novo capítulo 13 s ubstitui o antigo cap ítulo 11
Os assuntos apresentados neste livro são integrados, não havendo a neces- acrescentando so luções de controle de ruído para máquinas e eq uipam entos
s idade do leitor ter conhecimentos prévios na área de acústica; embora para industriais mais usados . O capítulo 14 foi completado com casos práticos de
compreender melhor os sete primeiros capítulos sobre fundamentos de acústica enclausura mentos. O capítulo 15 , so bre protetores auditivos, foi atualizado
ap licada, se faz necessário um embasamento em equações diferenciais, álgebra colocando-se as novas normas de ensaios acústicos e mecânicos, avaliações do
linear e números complexos. protetores, escolha, cuidado e man utenção.
Este livro tem como objetivo orientar técnicos, engenheiros de segurança, de O autor gostaria de receber comentári os e críticas que, sem dúvid a, serão
projeto, de man utenção, de operação, gerentes, médicos do traba lho e campos estudados para melhorar as próximas edições deste livro, lembrando que alguns
afins na área de controle de ruído e conforto acústico. erros em equações e no texto podem ainda haver, apesar dos cuidados tomados.
Nos sete pri meiros capítulos são apresentados: fundamentos de acústi ca Meu agradecimento ao Prof. Frank J. Fahy, do Instituto de Pesquisa em Som
apl icada, instrumentos para medição e análise de ruído e vibração e seus efeitos e Vibrações (ISVR) da Universidade de Southampton, Inglaterra, não só pelo
no homem. Os capítulos 8 a 15 apresentam métodos para identificar e quantificar ensinamento de acústica durante os 1O anos de minha vida na Inglaterra, como
as fontes de ruíd o de ventiladores, motores, válvulas, compressores, torres de orientador de meu trabalho de doutorado e pós-doutorado, mas também pelo
refrigeração, engrenagens, rolamentos etc. e os procedimentos para elaboração ensinamento so bre como pesquisa r e como trabalhar em grupo. Meu agrade-
de projetos para redução de ruído na fonte, na trajetória e no receptor, tais como: cimento também pela autori zação para usar material do seu 1iv ro Sound and
enclausuramentos, di visores, silenciadores, filtros acústicos e ressonadores. Um S1r11c 111ra/ Vibra1ion: Radialion, Transmission and Response.
capít ul o indispensável é apresentado sobre os protetores auditivos, seu s Meus agradecimentos aos professores de um grupo de Vibrações e Acústi ca
funcionamentos, atenuações reais e problemas de utili zação. ,..,., do Departamento de Engenharia Mecânica (EMC) da Uni versidade Federal de
O livro é recoi11endado para alunos de graduação e pós-graduação em ciências Santa Catarina (UFSC): Roberto M. Heidrich, Roberto Jordan, Renan R. Brazzalle e
ap licadas e usado nas disciplinas de fundamentos de acústica, acústica avançada, Elizabeth R. C. Marques, pela nossa luta, através dos projetos de pesquisa (FINEP
conforto acústico e controle de ruído, nos cursos de graduação e pós-grad uação e CNPq) e trabalhos de extensão para contribuir, completar e atualizar o Laboratório
de Engenharia Mecânica, Civil, Segurança, Arquitetura e Engenharia de Produção de Vibrações e Acústi ca (LYA) do Departamento de Engenharia Mecânica da UFSC.
(Ergonomia) Ao melhor aluno de pós-graduação desde o início do curso de mestrado na área de
vibrações e acústica do EMC/UFSC, hoje colega professor e membro do mesmo
Uma lista de referências bibliográficas acompanha cada capítulo para fornecer
grupo, Roberto Jordan, pelas revisões iniciais de parte deste livro em 1986.
aos leitores material de estudo mais profundo.
Aos meus alunos do curso de graduação e pós-graduação (Mestrado e
Esta nova versão lançada no ano 2000, conta com uma atualização total e
Doutorado) em Engenharia Mecânica da UFSC, pelas contribuições através dos
adição de novos capítulos. Os dois novos capítulos são: o capítulo 1O; Métodos
trabalhos de bolsas, pesquisas, teses e dissertações; especialmente aos seguintes
Numéricos em Yibroacústi ca e capítulo 11 sobre Análise Estatística de Energia
que orientei: Marco A. N. de Araújo, Jorge C. da Silva Pinto, Humberto N. Bez,
(SEA). Estes novos capítulos apresentam os métodos numéricos usados para
Luiz G. Martins, Ed uardo Bezerra de Andrade, Nicodemus N.C. Lima, Elias B.
modelagem de sistemas pelo Método de Elementos Finitos (FEM) e Método de
" Teodoro, Marcus A.V. Duarte, Ulf Hermann Mondl, Eduardo Giampao li, Jaime P.
Elementos de Contornos (B EM), válida para baixas e médias freqüências e SEA
Céspedes, Marcus A. C. Nu nes, Elvira B. Viveiros da Silva, Sandra Buone Fredel,
válida para médias e altas freqüências. O capítulo 3 foi atuali zado, ad icionando
~ 11111•• Conteúdo

Rodrigo Rih l Kniest, Geraldo C.N . Miranda, A lessandro M. Balved i, A lexandre


Roberto Dias, André Lucchi no Goldstein, Elizabete Yuk iko Bavastri , Geraldo Cesar
Conteúdo
Novaes Miranda, Gustavo Dantas Pinheiro da Silva, Julio Cesar de Luca, Lia
-#' 1. Ondas Acústicat
Korchamar, Marcelo Lui z Pereira, Márcio Henrique de Avelar, Márcio Rogéri o
Maebara Kimura, Mauricy Cesar Rodrigues Souza, Naor Moraes Melo, Victor
.. ' 1. 1. Introd ução .................................................................................... 1
Mourthé Valadares, Germano Riffie, Janete A. Didoné, Márcio G. Mottos, Arlinton 1.2. As Ondas de Pressão Sonora ...................................................... 2
J. Calza, Antoniolli E. Bento, Erasmo Felipe V. Miranda, Maria J. de Deus, Dinara 1.3. Velocidade do som nos fluídos .......... ... ....................................... 4--'
X. Paixão, Al ice H. Botteon Rodrigues, Paulo Brandão, Fabiano Lima, Fábio A . 1.4. Propagação do Som ...................................................................... 5
1.5. Nível de Pressão Sonora - O decibel (dB) ................................... 6 -
T hi eme. U m especial agradec imento àqu el es que ti veram seus trabalh os
publ icados em periódicos, revistas e congressos nos EUA e Europa, tais como: ~ 1.6. _Adição de Níveis de Pressão Sonora ..................................... .... 7
1.7. Subltração do Ruído de Fundo ................................................... 9
Journal of Sound and Vibration, Journal of Noise Control Engineering, Journal of f 1.8. Ondas Acústicas de Propagação Unid imensional .................... 11 -
Applied Acoustics, l nternational Journal of Acoustics and Vibration, Journal of
1.9. Comportamento Elástico dos Fluídos ....................................... 12
Bui ld ing Acoustics. Ao Eduardo Giampaoli, pelas revisões iniciais de quatro
1.1 0. Equação da Onda Plana ............................................................. 16
capítul os da primeira ed ição deste livro e ao Newton S. Soeiro, Paulo de T. R. de
1.11. Solução Harmônica da Equação da Onda Plana ....................... 18
Mendonça, Lauro César Nicolazzi, ºG ustavo Melo e Márci o H . de Avelar pela
revisão dos novos capít ulos desta segunda edição. 1.1 2. Densidade de Energia da Onda Plana ....................................... 20
1.1 3. Intensidade Acústica ................................................................. 23
À equipe do Comi tê Brasileiro de Equipamentos de Proteção A uditiva da
1.1 4. Impedância Acústica Específica da Onda Plana ....................... 24
ABNT, CB-32, especialmente ao Moshe Bain, Maria Cláudia de C. Costa
1.15. Ondas Acústicas com Propagação T ridimensional ................ .. 25
Dominguite, Oswaldo de A . Postore, Daniel Gu ilherme da Silva, Peter J. Barry, .. 1. 16. Equação Geral da Onda .............................................................. 25
Walter E. Hoffmann. A equipe do Mini stério de Trabalho e Emprego, SSST,
1.1 7. Equação da Onda em Coordenadas Esféricas ........................... 27
especialmente ao Sr. José Eduardo e A lmir A . Chaves.
1.18. Ondas Esféricas Harmônicas ..................................................... 30
Ao CN Pq pelo apoio aos projetos integrados e bolsas, a CA PES pelo apoio 1.1 9. Impedância Acústica Específica ................................................ 31
às participções em congressos no exterior e bolsas para os alunos de pós- 1.20. Intensidade das Ondas Acústicas ............................................. 32 ,
graduação, FINEP pelo apoio aos projetos de pesquisa ao nível do Depa11amento 1.21. Equação da Onda em Coordenadas Cilíndricas ................. ....... 34
de Engenharia Mecânica da UFSC. Ao técnico /\dilto Teixeira, pelas contribuições 1.22. Nível de Potência Sonora ........... ........................................... ..... 37
nos trabalhos de ensino, pesquisa e extensão. 1.23. Diretividade de Fonte ................................................................. 38 -
Ao Fábio F. Nunes, pela criatividade e dedicação no eficiente trabalho de 1.24. Referências Bibliográficas .............................. ............................ 40
editoração gráfica eletrôn ica deste livro.
2. Efeitos do Ruído e de Vibrações no Homem
2. 1. Introdu ção ........................................................................... ..... .. 41
A todos que contribuíram de forma direta ou indireta neste trabalho.
2.2. O Ouvido Humano ..................................................................... 42
2.3. Mecanismo de A udição ............................................................. 46
Samir N. Y. Gerges 2.4. Ruído e a Perda de Audição ....................................................... 46
2.5. Efeito do Ruído nos Sistemas Extra-Auditivos ......................... 47
2.6. Critérios para Perda de Audição ................................................ 52
2.7. Escalas para Avaliação de Ruido ............................................... 53
2.8. Curvas e Critérios para Avaliação de Ruído .............................. 61
2.9. Efeito da Vibração no Corpo Humano ....................................... 66
2.10. Programa de Conservação da Aud ição ..................................... 71
2.11. Referências Bibliográficas .......................................................... 76
Conteúdo Conteúdo

3. Instrumentação Para Medição e Análise de Ruído e Vibraçõe .:> 5.6. Parede Dupla ........................................................, ................... 218
5.7. Efeito de Aberturas e Paredes Compostas .............................. 223
3. 1. lntrodução .................................................................................. 79 5.8. Ruído de Impacto ...................................... :.............................. 224
3.2. Sinais de Ruído e Vibrações ....................................................... 79 5.9. Número único para Isolamento Acústico ................................ 226
3.3. Instrumentos para Medição de Ruído ....................................... 88 .. 5. 1O. Medição da Perda de Transmissão ......................................... 230
3.4. Instrumentos para Medição de Vibrações ................................. % 5. 11 . Referências Bibliográficas ........................................................ 233
3.5. filtros ........................................................................................ 102
3.6. Pré-amplificadores .................................................................... 109
3.7. Registradores ............................................................................ 11 O 6. Propagação do Som no Ar Livre
3.8. Gravadores de Fita ......................................... ............... :.......... 110 6.1. Introdução ................................................................................ 235
3.9. A nali sadores de Freqüência .................................................... 110 6.2. A tenuação de Ruído com a Distância ..................................... 236
3. 10. lntensimetria Acústica com dois M icrofones ......................... 11 3 6.3. Absorç ão do A r ........................................................................ 241
3.11 . Medição da Resposta Impulsiva de Sistema Linear 6.4. Efeito das Condições Metereológicas .................................... 243
usando Seqllências de Comprimento Máximo 6.5. Efeito da Vegetação .................................................................. 245
(Maximum Length Sequences - MLS) ..... ................................ 124 6.6. Barreiras .................................................................................... 248
3.12. Referências Bibliográficas ........................................................ 129 6.7. Modelo Computacional para Predição de Ruído .................... 251
6.8. Referências Bibliográficas .................................... .................... 256
4. Radiação Sonora de Estruturas Vibrantes
4.1. Introd ução ................................................................................ 133 7. Acústica de Ambientes Fechados
4.2. Relações Gerais ........................................................................ 136 7.1. l ntrodução ................................................................................ 259
4.3. Radiação de Ruido de uma Esfera Pulsante ............................ 139 7.2. Crescimento da Intensidade Acústica ..................................... 260
4.4. Radiação de Ruído de um Pistão ....... ...................................... 144 7.3. Decaimento da Intensidade Acústi ca .... .................................. 263
4.5. Radiação de Ruído da Esfera Vibrante .................................... 161 7.4. A bsorção do Som no A r .......................................................... 268
4.6. Radiação de Ruído de um Pistão numa Superfície Esférica .... 163 7.5. Determ inação de Potência Sonora ........................................... 269
4.7. Radiação de Ruído de Corpos Cilíndricos ............................... 164 7.6. Redução de Ruído por A bsorção ............................................ 288
4.8. Radiação de Ruído de um Segmento de Casca ....................... 170 7.7. Freqilências Características e Densidade Modal .................... 293
4.9. Radiação de Ruído de Placa Vibrante ...................................... 172 7.8. Sala Retangular co m Paredes Absorventes ...... ... ... ... ... ........ ., 301
4. 10. Conclusão ........................................................................ ......... 183 7.9. Raios Acústicos ........... ................................... ...... ................... 306
4. 11. Recomendações para Atenuação do Ruído ............................ 184 7. 1O. Qualidade Acústica da Sala ........ ............................................. 309
4.12. Referências Bibl iográficas ........................................................ 185 7.11. Referências Bibliográficas ........................................................ 310

5. Isolamento de Ruído 8. Materiais para Absorção de Ruido


5. 1. Introdução ................................................................................ 187 8. 1. Introd ução ......................................................................... ....... 313
5.2. Transmissão através de Dois Meios ................................. ...... 190 8.2. Materiais de Absorção Acústica ............................................. 314
5.3. Reflexão na Superficie de um Sólido ........................................ 195 8.3. Medição do Coeficiente de Absorção Acústica .. ................... 320
5.4. O Tubo de Impedância ........... .................................................. 197 8.4. Tipos de Materiais de Absorção Acústica .............................. 34 1
5.5. Perda de Transmissão de Paredes Simples ............................. 197 8.5. Referências Bibl iográficas ........................................................ 348

111111-
Conteúdo
Conteúdo
12.3. Procedimentos Simples de Projeto ........................................ .. 470
9. Filtros e Ressonadores Acústicos
12.4. Sistema com Vários Graus de Liberdade ............................... .. 47 1
9. 1. Introdução ,....................................... ... ............... ... ... ... ............. 35 1 12.5. Outros Fatores no projeto de Isolamento ............................... 477
9.2. Propagação de Ondas Sonoras em Dutos Retos .................... 352 12.6. Tipos e Configurações de Isoladores ... ... ... .............. ......... ... .. 482
9.3. Reflexão de Ondas em Dutos ........................................... ........ 356 .. 12.7. Isolamento de Choques ................................................ ........... 489
9.4. Ressonância em Dutos .......................... ................................ ... 360 12.8. Referências Bibliográficas .............................................. .......... 492
9.5. Ressonadores de Helmholtz .............................................. ...... 363
9.6. Teoria Geral de Abertura Lateral em Dutos ............................. 367
13.Controle de Ruído das Máquinas
9.7. Ressonador de Helmholtz na Abertura Lateral .. ..................... 370
9.8. Orifício na Abertura Lateral .................................................. ... . 373 13. 1. Introdução ................. ............................................................... 493
9.9. Tubo Fechado na Abertura Lateral ................... ............... ....... 376 13.2. Ruído dos Ventiladores e Exaustores ...................................... 494
9. 1O. Câmaras de Expansão ................................ .......................... ... .. 377 13.3. Ruído dos Motores Elétricos ................................................... 518
9. 11 . Absorção de Ruído em Baixas Freqüências ............................ 386 13.4. Ruído de Válvulas ......................... ... .......................... .............. 527
9. 12. Controle Ativo de Ruído ....................... ................................... 394 13.5. Ruído de Jatos .......................................... ........................ ........ 532
9. 13. Referências Bibliográficas ... ... ... ... ............................................ 398 13.6. Ruído dos Compressores ........ ................................................. 546
13.7. Ruído de Turbinas a Gás ......... ................................................. 552
13.8. Ruido de Motores Diesel ............ ..... ... ... ... ... .............. ............ .. 554
10.Métodos Numéricos em Vibroacústica
13.9. Ruído de Torres de Refrigeração ............................... ......... ... .. 556
10. 1. In trodução .............................................. ............... ... ................ 401 13.10. Ruído e Vibrações de Engrenagens ......................................... 557
10.2. Método dos Elementos Finitos (FEM) .................................... 402 13.11. Ruído e Vibrações dos Rolamentos e Mancais ....................... 568
10.3. Método dos Elementos de Contornos (BEM) ........................ 405 13. 12. Referências Bibliográficas ................ ........................................ 574
10.4. Método de Elementos Infinitos (IEM) .................................... 410
10.5. Outros Métodos Alternativos ..... ................................... ... ... ... 41 1
14. Engenharia de Controle de Ruído
10.6. Problemas Relacionados ao Uso de Métodos Numéricos ..... 412
10.7. Aplicações e Casos de Estudos ........................... ................... 414 14. 1. lntrodução ........... ...... ... .................... ...... .................................. 577
10.8. Referências Bibliográficas: ..................... ... ... ............................ 440 14.2. Controle de Ruído por Enclausuramento ................................ 58 1
14.3. Exemplos Práticos ............................................... ...................... 593
14.4. Referências Bibliográficas ...................... ... ... ....................... ... .. 60 1
11. Análise Estatística Energética (SEA)
11 .1. lntrodução ........................................................ ... ... .................. 443
15. Protetores Auditivos
11.2. O Uso de SEA ............ ............ ...... ... ... ........................ ............... 446
11 .3. História da SEA ........ ....... ........ ............ ... ................................. . 447 15. 1.lntrod ução ... ................. ............... .......................... ......... .......... 603
11 .4. Fundamentos de SEA ........... ... .:.... .............................. ... ... ....... 448 15.2. Funcionamento do Protetor ..... .............. ...... .......................... .. 603
11 .5. Exemplos de Aplicações .................................... ... ... ................. 456 15.3. Tipos de Protetores Auditi vos ... ........... ... ............................. .. 606
11.6. Referências Bibliográficas ........................................................ 459 15.4. Redução de Ruído .............. ...................................................... 612
11.7. Apêndice: Definições ......................... ..... ... .............................. 46 1 15.5. Ensaios de Atenuação de Ruído .............................................. 613
15.6. Números Simplificados (Ún icos) para Atenuação ..........................
12.lsoladores de Vibrações e Choques dos Protetores ........................................................................... 620
15.7. Procedimento de Avaliação da Eficiência dos
12.1. In trodução .. .......................... ... ... ......................................... ..... 463 Protetores Auditivos em Ambiente do Trabalho .................. .. 627
12.2. Fundamentos do Isolamento de Vibrações .................. ... ... ..... 465
1\
Conteúdo •111111 Lista de Símbolos

15.8. Ensaios Mecânicos .................................................................. 630


15.9. Recomendações para Seleção, Uso, Lista de Símbolos
Cuidados e Manutenção dos Protetores
Auditivos (Norma EN 458: 1993) .............................................. 632 J A absorção total (m2)
15.1 O. Desempenho dos Protetores no Ambiente Industrial ............ 635 AT atenuação
15. 11. Tampão e Concha usados Simultaneamente ........... ................ 641
15.12. Efei to da percentagem do tempo de uso ................................. 644 a raio (m)
15. 13. Problemas de Utili zação dos Protetores Auditivos ................ 645 e velocidade do som (m/s)
· 15. 14. Custos ....................................................................................... 647 e, velocidade da onda longitudinal (m/s)
15.15. Considerações Finais ............................................................... 647
15.1 6. Referências Bibliográficas ...................:.................................... 648 e, velocidade da onda de flexão (m/s)
e coeficiente de amortecimento

Apêndices e.. coeficiente de amortecimento crítico


CAI classe de isolamento de impacto (dB)
Apêndice 1 - Unidades e Grandezas................................................... 653
Apêndice li - Propriedade das Substâncias ...................................... 655 CTS classe de transmissão sonora (dB)
Apêndice Ili - Valores Representativos do Coeficiente d deflexão estática (m)
de Absorção Acústica de Alguns Materiais Simples ............. 657
D fator de diretividade
Apêndice IV - Características do Painel Acústico de
Lã de Rocha Basáltica Thermax® com Revestimento D di ferença de nível (dB)
Decorativo e Incombustível de fabricação da RockFibras ..... 658 D!( 8 ) índice de diretividade
Apêndice V - Características do Forro Acústico
Focus da Santa Marina ............................................................ 659 E módulo de Young
Apêndice Vil - Características do Sistema de Forros Ee energia cinética
Acústi cos Modulares Luxalon® ............... ............... ............... 660 E,. energia potencial
Apêndice VII - Valores do Coeficiente de Absorção
Médio para Ambientes Industriais .......................................... 661 / freqüência em ciclo/seg (Hz)
Apêndice VIII - Absorção Total em (m2) para Pessoas e Móveis .... 661 .~. freqüê ncia crítica ou de corte (1lz)
Apêndice IX - Valores Recomendados para Classe de .t; freqüência de engrenamento (Hz)
Transmissão Sonora de Paredes e Divis.ó rias - CTS .............. 663
Apêndice X - Classe de Transmissão Sonora - CTS - !,,, freqüência de ressonância (Hz)
para Materiais de Construção mais Usados ........................... 663 freqüência de passagem (Hz)
Apêndice XI - Perda de Transmissão Média (IMRR) espectro cru zado
Recomendada para várias Condições de Privacidade ........ .... 663
espessura da placa (m)
h porosidade
hm função de Hankel esférica
lim função de Hankel cilíndrica

..... ,//
fun ção de transferência
Lista de Símbolos Lista de Símbolos

11 P potência en H P P(x) distribuição de probabilidade


intensidade sonora(Watt/m 2) p pressão atmosférica
o
/0 intensidade de referência (= 10-12 Watt/m 2) p pol inôm io de Lagrange
li

),., fun ção de Bessel es férica pressão acústica de referência (2x 1 o-sPa)
J.., função de Bessel c ilíndrica pressão estática
k número de ondas ( l / m) PT perda de transmissão ou pressão total
K rig idez Q fator de diretividade (m3/ s)
Kr número de onda de flexão Q fator de perda mecân ica
comprimento fator de diretividade
l 1,,
l ,.
nível de poluição sonora
níve l global de avaliação corrigido
ºº
R
R
resistência ao fluxo de ar
constante de enclausuramento
L.,, nível sonoro equivalente em dBA ro R resistência acústica específica
l, nível critério R,. autocorrelação
L,, l, .• l = dimensões de uma sala retangular (m) /?~·· correlação cruzada
111, AI/ massa RPM velocidade de giro
111r massa adic iona l resistência de rad iação
111 = 2a constante de atenuação do meio Rs resistividade específica ao fluxo de ar
N número de pás r, e,z coordenadas ci líndricas
N número de Fresnel r,e coo rdenadas es féri cas
N número de modos normais s condensação ou d istância en tre doi s microfones
N velocidade de rotação (RPM) s área de seção transversal, área de superfície
NI níve l de intensidade sonora densidade espectral de potência
NPS nível de pressão sonora densidade espectral cruzada
N número de esferas tempo

NRR nível de redução de ruído temperatura em ºC
NWS nível de potência sonora cm dB T tempo de reverberação
p d iâmetro primitivo (ver figura 12.41 ) 'l~ transmissib i 1idade
P(I) pressão acústica . 11, v, 111 veloci dades da partícula nas direções x, y, z
P1 (1) pressão total w potência sonora
p(x) densidade de probabilidade 1 V volume
Lista de Símbolos Ondas Acústicas

V velocidade de vibração de superfícies


s
f/0 amplitude de velocidade
xoX
x,y,::
reatância acústica específica
coordenadas Cartesianas
..
1

X média
- 2
X média quadrática
a,, coeficiente de absorção para incidência normal
coeficiente de absorção Capítulo 1
a
a,. coeficiente de reflexão
a, coeficiente de transmissão Ondas Acústicas
r razão calorífica do gás
função de coerência
1.1. Introdução
densidade de energia
comprimento de onda O som se caracteriza por ílutuações de pressão em um meio compressível.
No entanto, não são todas as flutuações de pressão que produzem a sensação de
fato r de perda mecânica audição quando atingem o ouvido humano. A sensação de som só ocorrerá quando a
1Jmd fator de perda de radiação amplitude destas flutuações e a freqüência com que elas se repelem estiver dentro de
fator de perda total determinada faixa de valores. Desta forma, flutuações de pressão com amplitudes
IJ,,,,
inferiores a certos mínimos não serão audíveis (limiar de audi ção), como também,
V coeficiente de Poisson ondas de nível alto, tais como nas proximidades de turbinas à gás e mísseis, que
1
ç razão de amortecimento :li': podem produzir uma sensação de dor ao invés de som. Pode' mencionar também as
ç, IJ, ç deslocamento da partícula nas direções x, y, z i ondas de choques simples como as geradas por explosões ou aeronaves de alta
velocidade (supersônicas). Ainda, existem as ondas cujas freqüê ncias de repetição
p densidade do fluido (Kg/111 3) das flutuações, acima referidas, estão acima ou abaixo de freqüências geradoras da
P, densidade instantânea sensação auditiva (20Hz a 20kHz)e são, respectivamente, denominadas por ondas
coeficiente de autocorrelação ultrassônicas e ondas infrassônicas, reij)ectivament,e:--
P,
0 som é parte da vida diária e apresenta-se, por exemplo, como: mús ica, canto
coeficiente de correlação cruzada dos pássaros, uma batida na porta, o tilintar do telefone, as ondas do mar, etc.
desvio padrão Entretanto, na sociedade moderna muitos sons são desagradáveis e indesejosos, e
variância esses são definidos como ruído. O efeito do ruído no indivíduo não depende somente
das suas características (ampl itude, freqüência, duração, etc), mas também da atitude
eficiência de radiação do indivíduo frente a ele.
velocidade potencial Neste capítulo serâ"'apresentado os parâmetros físicos de interesse tar 'como;
ú) freqüência (rad/s) pressão sonora, velocidade d~som, escala decibel, intensidade, potência e impedância
so norá~ Serão desenvo lv idas também as eq uações da onda unidimensional e
v2 Laplaciano tridi mensional, em coord enadas retangular, esférica, cilíndrica e suas soluções.
Sarnir N. Y. Gerges . Ondas Acústicas

1.2. As Ondas de Pressão Sonora campa.ração com a pressão atmosférica estática P0 (:::::: 1000 milibar em condições
} ,, . normais de temperatura e pressão ambiental), (ver figura 1.2); então tem-se:
Na prática, a geração do ruído é causada pela variação da pressão ou da velocidade
das moléculas do meio. O som é uma forma de energia que é transmitida pela col isão P(I) = P,(t) - P,, ( 1.1 )
das moléculas do meio, umas contra as outras, sucessivamente. Portanto, o som
pode ser representado por uma série de compressões e rarefações do meio em que se
"
propaga, a partir da fonte sonora (ver figura 1.1 ). P1 ( t)

--r P{ t)

Silêncio

~ ). = c/f
Te moo
Fig ura 1.2: li pressão acústica

Figura 1.1: Propagaçcio da onda sonora


É suficiente uma pequena variação de pressão acústica para produzir um ruído
1
descon fortável (:::::: 10- milibar). Por outro lado, a sensibilidade do ouvido é tal que,
7
É importante ficar claro, no entanto, que não há deslocamento permanente de uma pressão de 2x 10- milibar pode ser detectada, caso a frequência esteja na faixa
moléculas, ou seja, não há transferência de matéria, apenas de energia (com exceção, mais sensível de audição, que é aproximadamente de 1000 Hz a 4000 Hz.
por exemplo, em pontos nas proximidades de grandes explosões). Uma boa analogia, Pouquíssima energia acústica é necessária para manter a flutuação de pressão
é a de uma rolha flutuando em um tanque de água. As ondas da superficie da água se nesta ~rdem . O grito de uma pessoa promove um alto ruído, contudo a energia
propagam e a rolha apenas sobe e desce, sem ser levada pelas ondas. A taxa de envolvida não ultrapassa de 1/ 1000 de Watt. Para muitos tipos de máq uinas, a potência
ocorrência da flutuação completa de pressão é con hecida como freqüência. Esta é sonora em itida pode ser estimada como uma fração da potência mecânica ou elétrica.
dada em ciclos por segundo, ou ainda designada internacionalmente por Hertz ( Hz). Esta fr~ção, tipicamente entre 10-4 a 1o-5, ou seja, entre 10·2 e 1o-3 porcento, é
Na faixa de freqüência de 20 a 20000 Hz as ondas de pressão no meio podem ser conhecid a como eficiência acústica. Controlar o ruído na fonte significa red uzir a
aud íveis. A inda, outro fato que deve ser considerado é que o ouvido humano não é eficiência acústica desta, o que freq uentemente envolve al terações significat ivas no
igualmente sensível ao longo desta faixa de freqüência. Portanto, conforme já ~rojeto de ~iáquinas. Alguns métodos mais práticos de controle de ru ído de máquinas,
menc ion ado anteri ormente, frequência e amplitude do som são levadas em Já ~n~ func ionamento, consiste na absorção ou no iso lamento do flu xo de energia
consideração na determinação da aud ibilidade humana (loudness). A amplitude de acusttca entre a fonte e o receptor. Esses métodos, na realidade, não red uzem a
pressão acústica P(t) se refere à magnitude da flutuação de pressão total P,(I) em eficiência acústica da fonte.
Sarnir N. Y. Gerges Ondas Acústicas

1.3. Velocidade do som nos fluídos 2 yP


e =- = yR(273+1) ( 1.6)
As ondas acústicas propagam-se através do meio flu ído, e sua veloc idade p
.quq_df{)tlca/ é definida pela rai z quadrada da prim eira deri vada da pressão em relação
à densidade do flutdo: Onde Ré a constante uni versal dos gases.

é) p Assumindo um modelo simplificado, o som se propaga a uma velocidade que


c2 = - ( 1.2) depende apenas da temperatu ra do meio. Para o ar a 20 ºC, a velocidade do som e é
Jp de 343 m/s. Uma fórmula aprox imada para determinação da velocidade do som no
ar, dentro de um intervalo razoável de temperatura / (en ºC) é:
No processo termod inâmico do mecanismo de propagação de ondas acústicas
nos gases, não há tempo para haver troca de cal or entre as regiões de compressão e e =33 1+0,61 m/s ( 1.7)
rarefação, sendo portanto, considerado processo adiabático, isto é:
Outra grandeza freqiientemente uti lizada é o comprimento da onda acústica
p representada pela letra À. (À. = c!f ), que pode ser definido como: a distancia entre
- = constante ( 1.3) dois pi cos consecutivos de pressão acústica, considerando-se onda harmônica
pY
(senoidal), medida na direção de propagação desta onda.
onde yé a razão en tre o ca lor especifico do gás com pressão constante e o ca lor
especifico do gás com vo lume constante. A partir da equação ( 1.3) pode-se escrever: 1.4. Propagação do Som
..
Teoricamente o som se propaga em forma de ondas es féricas a partir de uma
ôP yP fonte pontual. D uas situações podem dificultar este modelo simples: a presença de
= { 1.4)
ôp p obstáculos na traj etória de propagação e, em campo abe1to, a não uni formidade do
1
meio, causada por ventos e/ou gradientes de temperaturalf.
Introduzindo o valor de ô P na condição de equilíbrio, no ponto (P, p), na equação Se uma onda sonora encontra um obstácu lo com dimensões menores do que o
ôp " seu comprimento de onda, o efei to não é perceptível , ocorrendo o oposto se a
( 1.4 ), obtém-se: dimensão do obstáculo for com parável ao compri mento de onda do som. Portanto,
para i mpedir a passagem de som, barreiras devem ser co locadas perto da fonte ou do
c2 =yP ( 1.5) receptor, e suas dimensões devem ser' três a cinco vezes o comprimento de onda do
p som envolvido.
V ibrações de superfície de sólidos prod uzem exci tações no ar e desta forma o
Para o ar a OºC, temos P = 1,0 l 3x 10 5 N/m2 , p = 1,293 Kg/m 3 e / = 1,402. N este som é gerado. Qualquer processo que provoque fl utuações no ar pode gerar ondas
sonoras. Exemplos são: pás de um ventilador e estrangulamento da passagem de ar
caso a velocidade do som será:
em uma sirene.
Em todos os casos a fonte sonora pode ser representada por uma superfície
vibrante (ver capítulo 4). O fator crítico é o tamanho desta em relação ao compr imento
(1,402)(1,01 3)(10 5 ) =
e= 33 14 111/s de onda. Uma superfície vibrante terá que ter dimensões bem maiores do que o
1,293 ,
comprimento de onda para ter uma boa eficiência de radiação acústica. Por esta
" razão que uma caixa acústi ca possui alto falantes de tamanhos diferentes, uma para
Utili zando a forma geral da equação dos gases, na equação ( 1.5), obtém-se: cada faixa de freqilência.
Sarnir N. Y. Gerges Ondas Acústicas

1.5. Nível de Pressão Sonora - O decibel (dB) Exemplo: para P = O, 1 N/m2 , o NPS é dado por:
O ouvido humano responde a uma larga faixa de intensidade acústica, desde o

2.~6-' J
limiar de audição até o limiar da dor. Por exemplo, a 1OOOHz a intensidade acústica
NPS = !Olog( = 74 dB ( 1.1 O)
-V )(capaz de causar a sensação de dor é 10 1il vezes a intensidade acústica capaz de
causar a sensação de audição. É visível a dificuldade de se expressar em números de
ordens de grandeza tão diferentes numa mesma escala linear, portanto usa-se a escala
para P = 0,2 N/m2 , então NPS = 80 dB
logarítmica. Um valor de di visão adequado a esta escala seria log lO, sendo que a
razão das intensidades do exemplo ac ima seria representada por log 10 1", ou 14
Além do NPS e NI, temos a terceira grandeza acústica importante; o nível de
divisões de escala.
potência sonora NWS definida por;
'i< Portanto, um decibel corresponde a 10º·1 = 1,26, ou seja, é igual à variação na
intensidade de 1,26 vezes. Uma mudança de 3 dB corresponde a 10º·3 = 2, ou seja,
dobrando-se a intensidade sonora resul ta em um acréscimo de 3 dB.
O nível de intensidade acústica NI é dado por: NWS = 10 log(i;12 )

l Onde:
Nl = lü log- ( 1.8) W é a potência sonora (Watt)
fo 1O-12 é a potência sonora de referência (Watt) análoga 'a intensidade /0 da
onde: .. equação 1.8.
I é a intensidade acústica em Watt/1112
'f 10 é a intensidade de referência = 1O-12 Wattfm2 1.6. Adição de Níveis de Pressão Sonora
10 corresponde, aproximadamente,' a intensidade de um tom de 1000 Hz que é
levemente audível pelo ouvido humano normal (valor de referência). Considere-se que duas máquinas geram cada uma, num determinado ponto de
medição,-95 1ú-~~~p1:essã"o,.So)l'Or;t P 1 e Pi/espectivamente. O nível total que
essas máquinas produzirão nesse mesmo ponto, quando operadas simultaneamente,
A intensidade acústica é proporcional ao quadrado da pressão acústica (ver item • l.-
corresponde à soma dos níveis f._ 1 e Entretanto, quando se usa a escala dB, os
1.1 3), então o nível de pressão sonora é dado por:
níveis de pressão sonora L 1 e L 2 não podem ser somados diretamente. O
desenvolvimento matemático para efetuar a soma é apresentado a seguir:
p2 p
NPS = 10 log-2 = 20 log - ( 1.9)
~, Pi, ( 1.11)

onde Po = ~ p l oC = ~ 4 1Sxl0- 12 = o,oooô2 N/m2 é o valor de referência e


correspondente ao limiar da audição em 1000 Hz.

Outro aspecto importante da escala dB é que ela apresenta uma correlação com
"1 aud ibi lidade humana, muito melhor do que a escala absoluta (N/m2 ).
Um ( 1) dB é a menor variação que o ouvido humano pode perceber. Um acréscimo
y de 6dB no nível de pressão sonora equivale a dobrar a pressão sonora.
Sarnir N. Y. Gerges Ondas Acústicas

Então o nível de pressão sonora total é dado por:

p2
10 log ;
li
= 10log10Tõ + 10 log 1+10
[ -(l·-Li
'º )l _J
02
<l 2,0

l,O

NPS, = L 1 + LIL ( 1.1 2)

onde O'--~--'-~~_._~__..__~_._~~~~~~~~~~

o 2 4 6 8 16

LIL = 10 log 1+ 10- IÕ"


( L, -1., J]
[
Figura 1.3: Adição de níveis de pressão sonora

A figura 1.3 representa a relação entre:


1.7. Sub. tração do Ruído de Fundo
Quando se efetuam medições de níveis de pressão sonora deve-se considerar a
O procedimento para soma de níveis de pressão sonora (níveis de potência sonora in fluência de mais uma grandeza até aqui não mencionada que é o ruído de fundo,
ou níveis de intensidade) é o seguinte: isto é, o ruído ambiental gerado por outras fontes que não o objeto de estudo.
Medi r os níveis de pressão sonora da máquina 1 e da máquina 2, l 1 e l 2 1 Obviamente, o ruído de fundo não deve mascarar o sinal de interesse. Na prática.
respectivamente. Achar a diferença entre os dois níveis (l 1 - L2 ), considerando que Isto significa que o nível do sinal deve estar no mínimo 3 dB acima do nível de
L 1 > L2 • Entrar na figura 1.3 com a diferença, subir até a curva, e então, obter !JL no fundo, porém, uma correção deve ai nda ser necessária para a obtenção do resultado
eixo das ordenadas, ou calcular !JL usando a equação ( 1.1 2). Adicionar o valor de correto. O procedimento para a medição do nível sonoro de uma máquina, sob
!Jl obtido, ao maior dos dois níveis medidos. condições de elevado ruído de fundo, é o seguinte:
Assim, obtém-se a soma dos níveis de pressão sonora NPS, das duas máq ui nas. Se o nível de pressão sonora de uma máq ui na L, foi medido sob condições de
elevado nível de ruído de fundo L1 , e deseja-se saber qual é o nível de pressão
NPS, = l 1
+ tJL ( 1.1 3) sonora da máq uina sob condições de ruído de fu ndo zero, então:

Exemplo: Para somar 85 dB e 82 dB, temos: p2 = p2 - p2 ( 1.14)


, f
1-'1 = 85 dB
L2 = 82 dB onde
Diferença = 3 dB P é a pressão sonora da máqui na sem ru ído de fundo
Da figura 1.3: !JL = 1,7 dB P1 é a pressão sonora do ruído de fundo
Nível Total: NPS, = L 1 + tJL = 85 + 1,7 = 86,7 dB P, é a pressão sonora total

-·••111 11111•-
Sarnir N. Y. Gerges •111111 Ondas Acústicas

'i: 10,0
L, = 10 log(P,:) ,.....
lXl
fc1 E. +8,0

l
_J
<I

L1 = IOlog[p~I'i1 +6,0

? 0 = 2 X 10 -S N/m2 +4,0

Portanto, o nível de pressão sonora da máquina eliminando os efeitos de ruído


+2,0
de fundo é dado por:

p2)
NPS = 10 log -
(fc1 2
2 4 6 8 10 12 14 16
(dB)
L1 - L1 '

lr
NPS = lülog 10Tõ - 1010
[
l.f l Figura 1.4: Subtração do ruído de fundo

Por exemplo: Para subtrair 53 dB de 60 dB, tem-se:


NPS = L, - L1L (1.15)
NPS total: L, = 60 dB
NPS do Ruído de fundo: L, = 53 dB
A figura 1.4 representa a variação de ,1L com (L, - L, ), portanto o procedimento Diferença: L, - L1 = 7 dB ·
para subtração de ruído de fundo é: · Correção: ,1L (ver figura 1.4) - 1 " \'
(a) Medir o nível de ruído total L,, com a máquina funcionando sob condições de NPS da máquina: 60 - l = 59 dB
elevado ruído de fundo;
(b) Medir o nível de ruído de fundo, com a máquina desligada L,; 1.8. Ondas Acústicas de Propagação Unidimensional
(c) Obter a diferença entre os dois níveis (L,- L1). Se for menor que 3 dB, o nível de
As ondas acústicas de propagação unidimensional, também denominadas ondas
ruído de fundo é muito alto para uma medição confiável. Se apresentar um valor
acústicas planas, são o tipo mais simples de onda propagada através de meios fluidos.
entre 3 e 1OdB, uma correção será necessária;
,., A propriedade característica de tais ondas é qu' a pressão acllstica, deslocamento da
(d) Nenhuma correção será necessária se a diferença for maior que l O dB; 1 partícula, etç, têm mesma amplitude em todos os pontos de qualquer plano constituído
(e) Para fazer a correção, entrar no gráfico (Figura 1.4) com o valor da diferença por perpendiculares à direção de propagação. Um exemplo, são as ondas num fluido
(L - L ), subindo até a curva; em segu ida, obter ,1L no eixo das ordenadas. Subtrair confinado em um tubo rígido, geradas através da ação de um pistão vibrante localizado
o ~albr obtido !JL do nível de ruído L,. O resultado obtido será o nível de ruído em uma das extremidades do tubo. Qualquer tipo de onda divergente num meio
\. da máquina NPS. O mesmo procedimento pode$er usado para subtração dos homogêneo, também assume as características de onda plana quando se propagam a
níveis de potência sonora ou níveis de intensidade sonora. grande distância de sua fonte.

·- 111111
Ondas Acústicas
Sarnir N. Y. Gerges

1.9. Comportamento Elástico dos Fluídos


As ondas acústicas planas têm muitas características em comum com as ondas
longitudinais que são propagadas ao longo de uma barra fina. Conseqlientemente, é
O termo partícula do meio deve ser entendido como o elemento de volume grande
possível deduzir um a equação de onda para a propagação de ondas através de um
e contendo milhões de moléculas, ta l que possa ser considerado como um fluído
meio fluido que se admite estar confinado em um cilindro rígido de seção transversal
contínuo, mas suficientemente peq ueno de maneira que certas variáveis acústicas
constante. No sentido de efetuar essa dedução é necessário inicialmente estabelecer
tais como pressão, densidade e velocidade possam ser consideradas constantes dentro
um a relação entre as mudanças de pressão e as deformações do flu ído. Tal equação
deste elemento.
pode ser dedu zida a partir da combinação de uma equação que ex pressa as
propriedades termodinâmicas do fluido e uma que expressa o princípio básico de .
dx
conservação da massa.
Os segu intes sím bolos serão usados na dedução e solução das eq uações
1
subsequentes, para propagação de ondas planas ao longo do eixo x: 1
µ.l Wr+~d
x coordenada da posição de equi lí brio da partícula do meio FONTE *) ) ) s 1
1 c)x
Ç deslocamento da partícula da posição de equilíbrio ao longo do eixo de 1 1
propagação x 1 1 1

11 velocidade da partícu la I X X+ dx ..1


p, densidade instantânea em qualquer ponto ONDA PLANA
p densidade de equilíbrio constante do meio
s condensação em qualquer ponto, definida como:
dx(l+ ~: )

Figura 1.5: Deslocamento defluído devido a passagem de onda sonora


( 1.16)
Na análise que se segue serão negligenciados os efeitos da fo rça da gravidade, e
ou portanto p e Pª podem ser considerados com valores uniformes através do meio, o
p 1 = p(I + s) ( 1. 17) qual é também suposto homogêneo, isotrópico e perfeitamente elástico; isto é, não
há fo rças dissipativas presentes, tais corno as devidas à viscosidade ou perdas por
condução de calor. Finalmente, a anál ise será li mitada para ondas de pequenas
/ S Área da seção transversal do fluido amplitudes de tal forma que as mudanças de densidade do meio serão peq uenas
P1 Pressão instantânea em qualquer ponto
comparadas com seu valor de equil íbrio.
Pa Pressão de equilíbrio constante do meio Quando uma onda plana se move ao longo do eixo x, os planos adjacentes de
P Pressão em excesso ou pressão acústica em qualquer ponto, definida corno:
moléculas no fluldo são deslocados de suas posições de equilíbrio, como é mostrado
na figura 1.5. Em geral, esses des locamentos são funções das coordenadas de posição
P =P,-P,, e tempo, e podem ser representados pela fu nção Ç (x,f). Nossa primeira tarefa é
dedu zir uma equação relacionando esses deslocamentos com as mudanças de
e velocidade de propagação da onda dens idade no meio. Para isso deve-se aplicar o princípio da conservação da massa
f velocidade potencial, onde do fluTdo não perturbado, contido entre os planos posicionados em x ex + dx. A
massa desse elemento de fluído é p Sdx. A seguir adm itir-se-á que na passagem de
u =-
J<t> uma onda sonora, o plano originalmente em x é deslocado de Çpara a direita, e o que
Jx
Samir N. Y. Gerges
,, Ondas Acústicas

estava originalmente em x +dx é des locado uma distância de Ç+( ~ :.1 dx . O volume Em geral, existem muitas dessas relações, dependendo do processo termodinâmico
envolvido. Por exemplo, a equação que descreve o processo isotérmico para os gases
perfeitos é:
contido é, portanto, mudado para sc1.J 1+ JÇ \J. Conseqiientemente, a densidade
l dx
do fluido contido entre os planos deve ser alterada, de tal modo que a massa total
possa permanecer inalterada, como expresso pela equação:
enquanto que para processos adiabát icos:

( 1.20)
Usando a equação ( 1.16) pode-se substitui r p 1 por p (1 + S) e cancelar o termo
comum p dx, o que leva a equação a ficar:
Deve-se admi tir que o processo adiabático é o mais apropriado para expansões e
compressões alteradas do pequeno elemento de volume S dx da figura 1.5, quando
perturbado por ondas acústicas. Em geral, qualquer compressão do elemento de
(l+ s)(1+ºÇl=I
éJx
( 1.1 8) volume de fl uido requer; um gasto de trabalho, M qual é convertido em calor..,
' aumentará'~ua temperatu ra, a menos que o processo seja muito lento, e a energia
1 escoe no fluido circulante.
Como as muda nças na densidade e des locamento molecular são pequenos Quando um fl uido está transmiti ndo ondas acústicas, os gradientes de temperatura
(mesmo para os sons intensos no ar que são do lorosos ao ouvido humano, v entre partes adjacentes do fl uido comprimidas e expandidas são relativamente
nem s e nem ~ Ç excedem a 1o- 4
), podemos desprezar o produto de s por ~Ç e a .v pequenos. Consequentemente, pouca energia sob a fo rma de calor sai 'f)ã'r-af'ept antes
ax ax que cesse a compressão. Sob tais circunstâncias o processo termodinâmico pode ser
dito ad iabático. Portanto, adm ite-se que esse processo é o mais adequado para
equação ( 1.18) simplifica-se para:
.J- descrever mudanças de pressões acústicas e densidade nos fl uidos.
'(' No sentido de general izar a dedução das equações para todos os flu idos, sejam

S ""- - - ( 1.1 9) eles líquidos, gases reais ou gases perfeitos, considera-se a segui nte vari ação entre
OX pressão P e a densidade p:

Essa é uma forma especial de uma equação da dinâmica de fl uídos mu ito


im portante conhecida como Equação da Continuidade. Ela afirma que quando um
plano de molécula no fl uido à direita de um dado ponto, é deslocado mais para a
dP=[ ~; }1p ( 1.2 1)

direita do que um plano similar à esquerda de tal ponto, ou seja, quando esses do is
planos são separados por uma distância maior do que sua separação de equi líbrio,
Onde dP é a inclinação no ponto de coordenadas P e p de um diagrama adiabático
então ~ é positiva e a densidade do fl uido é diminuída. Uma segunda propriedade dp
dX de pressão versus densidade. Para as pequenas mudanças que ocorrem em ondas
dos fl uidos que é usada na dedução da equação da onda é a propriedade termodinâmica acústicas, podemos substitui r a mudança incremental da pressão total dP pela pressão
que relaciona mudanças na pressão e dens idade. acústica P e a mudança incremental da densidade dp por sp (ver equação 1.1 6).
Sarnir N. Y. Gerges
Ondas Acústicas

A equação ( 1.26) pode ser combi nada com a equação ( 1.24) para eliminar P ou x,
p =(dP
dp
) ps ( 1.22) resultando, respectivamente:

Substituindo a equação ( 1.2) em ( 1.22) obtém-se: ( 1.27)

P = c2 ps ( 1.23)

A equação ( 1.23) é uma expressão importante, relacionando pressão acústica P e ( 1.28)


condensação s. Finalmente substituindo s pelo seu equivalente - E..f, obtem-se:
dx
Sendo assim, essas são as duas formas particulares da equação da onda acústica
plana. Equações simi lares também se aplicam para variáveis acústicas tais como
p= -pc2(aç)
dx
( 1.24)
velocidade da partícula 11 e condensação s. Entretanto, não é necessário resolver
cada uma dessas equações. A solução para P será suficiente. Uma vez que sua solução
tenha sido obtida, o comportamento das outras variáveis acústi cas pode ser
prontamente obtido usando as relações desenvolvidas anteriormente, tais como:
1.1 O. Equação da Onda Plana
1'
Quando um meio fluido é deformado segundo a maneira descrita da seção 1.9,
as pressões resultantes nas duas faces do elemento de vol umeSdx serão levemente p = -pc 2(8Ç)
Jx
diferentes, produzindo uma força resultante que acelerará o elemento. Como a força
externa que age em cada face é igual ao produto da pressão pela área da face, a força
resultante sobre Sdx na direção x será:
s=-(JÇ)
Jx
( 1.25)

li= ( ~;)
Na dedução dessa equação foram ignoradas as forças causadas pela pressão de
equilíbrio P ,visto que sempre se cancelam. Somente o gradi ente 0 p da pressão Um fluído não é, normalmente, constituído de moléculas que têm posições médias
ª w dx fi xas no meio, como se supõe na dedução da equação da onda.
acústica é importante na produção da força resultante sobre o elemento de volume. Mesmo sem a presença de uma onda, as moléculas estão em constante movimento,
Fazendo-se essa força igual ao produto da massa do elemento S pela sua aceleração, com velocidades médias maiores do que qualquer velocidade de partícula associada
tem-se: 'f com o movimento de onda. Contudo, do ponto de vista estatísticg.pêqueno elemento
de vol ume pode ser tratado como uma unidade imutável uma vez que as moléculas
vt que saem de seus limites são retpostas por um número igual de moléculas com
( 1.26)
~ propriedades idênticas à média, mantendo deste modo_..as propriedades macroscópicas
do elemento considerado.
Sarnir N. Y. Gerges Ondas Acústicas

1.11. Solução Harmônica da Equação da Onda Plana


): i !}_ 1(1<>1+b )
':> = -2- e
A so lução geral da equação ( 1.28) é dada por : - pc k

P = F 1(c1-x)+ F2 (ct + x) ( 1.29)

onde e é a velocidade de propagação da onda.

O mai s impo11ante tipo de solução é aquele que experessa a pressão sonora como
função de ondas harmônicas sob forma complexa, que é:

Os dois termos da equação ( 1.30) representam as pressões acústicas produzidas


( 1.30)
pelas ondas movendo-se nos sentidos positivo e negativo de x, respectivamente.
Essas relações complexas demonstram que, quando as ondas planas estão se
Onde é!_ é a amplitude co mplexa de pressão so nora de uma onda plana de movendo no sentido pos iti vo de x, a pressão acústica P , , a condensação s e a
freq üência Cú e número de onda k ( "" cv/c), propagando-se no sentido pos itivo de x velocidade da partícula u , estão em fase e precedem o deslocamento por um quarto
com velocidade e, e /1 é a amp litude comp lexa da onda propagando-se no sentido de ciclo o u 90ºde ângulo de fase. Por outro lado, quando as ondas planas estão se
~
negativo de x. movendo no sentido negativo dex, a velocidade da partícula 11_, precede deslocamento
A equação ( 1.30) pode ser desmembrada em: por 90º, mas a condensação s_ e a pressão P_ estão retardadas por 90º do deslocamento.
Essas diferenças de relações de fase entre as diversas variáveis acústicas para o
p = A e'(w1-kl) e p = Bei(w1+k.<) movimento das ondas em sentidos opostos devem-se ao fato de que a pressão e
-+ - - - - condensação são quantidades esca lares, enquanto que a veloc~dade e o deslocamento
r são quantidades vetoriais. Observa- se que, independente dã d ireção de propagação
da onda, um m áximo de pressão e de condensação é associado a um máximo de
A velocidade da partícula, o deslocamento e a condensação relativas das ondas velocidade da pa11ícula na direção de propagação da onda. Estas relações de fase
f.+ e f_ _ são respectivamente dados por: são mostradas nas figuras 1.6.

_.. =-=-e
11
A
pc
1(<u1- k.r) P,s ,u

11
B i(1u1+k.r)
= --=-e
-- pc

(a) P,s ( b)

Figura 1.6: Relações defase (a) Onda positiva (b) Onda negativa
Sarnir N. Y. Gerges Ondas Acústicas
'1
Considere os casos especiai s, onde A e B são constantes reais. Então: Quando a pressão acústica é positiva ( ~P), o volume do elemento vai diminuir (-d V),
e o trabalho realizado tem que ficar positivo, por essa razão tem-se na equação ( 1.37) o
sinal negativo.
P = A cos (mr - k.r) + B cos (mr + kx) (1.3 1)
.
Usando-se a equação ( 1.24) na equação ( 1.36), onde (
(
~:. ) = -l p: 2
'J tem-se:
A B
Ç =- ,- sen (wr - kx )- - - sen (wr + kx)
pc k pc 2k ( 1.32)
Vo
dV = - --dP ( 1.38)
pci
A B
s = - -, cos(wr - k.r)+ --cos(wr + kx) ( 1.33) Subst ituindo-se ( 1.38) em ( 1.37), tem-se:
pc p c2

V 1 P2
= ~ JPdP = - -2 V0
=-A cos(wr - kx)- - B cos(wt + kx)
LJE,, ( 1.39)
li ( 1.34) p c· 2pc
pc pc
A energia acústica total será:

1.12. Densidade de Energia da Onda Plana ,


2
As energias envolvidas na propagação das ondas acústicas em meio flurdo são '1E=L1Er +L1E,, =-p P ) Vo
1 ( U 2 +-,-, ( 1.40)
) de duas formas, a saber : a energia cinética das partículas em movimento e a energia 2 p ·c
potencial do ílufdo comprimido.
Considere-se um pequeno elemento de vo lume de comprimento dx, eng lobando
e a densidade de energia instantânea será:
as partículas com mesma velocidade 11. A energia cinética deste elemento será:

2
energia total L1E 1 ( 2 P ) 2
(1.35) e= =-=-p li +- 2 - 2 =pu ( 1.41 )
vo lume V0 2 pe
J..I onde V0 = Sdx é o vol ume do elemento no fluido não perturbado.
Usando-se as equações ( 1.3 1) e ( 1.34) em ( 1.40), tem-se:
À medida que o ílu1do é expandido e comprimido durante a transmissão de uma
onda acústica, o elemento de vol ume sofrerá vari ações na seguinte forma:
( 1.42)

V= v (1+ JÇ)
0 ( 1.36)
Jx para propagação da onda no sentido positivo, e

A mudança na energia potencial relacionada a esta variação de vol ume será:


e_ = pu~ ( 1.43)

L1E /1 = -JPdV ( 1.37) para propagação no sentido negativo


Sarnir N. Y. Gerges Ondas Acústicas

A densidade de energia instantânea ficará, então: 1.13. Intensidade Acústica


P:- intensidade acústica I é definida como a média no tempo da razão do fluxo de
( 1.44) energia através de uma área unitária normal à direção de propagação da onda (unidade:
Watts/m2).'foda a energia acústica contidé1.&:na coluna de comprimento e c/1 (metros), isto
Onde os índices(+) e(-) indicam o movimento da onda no sentido positivo ou é, ec c/1, vai passar pela área unitária durante o intervalo de tempo c/1. Conseqilentemente,
negativo de x, respectivamente. As variáveis 11 e 11- são funções da posiçãoxe do a taxa instantânea do fluxo de energia acústica através da área unitária é:
V""-'
tempo 1, e consequentemente a densidade de energia, e , ou e., não será constante
dentro do meio. A média da densidade de energia no tempo em qualquer ponto fixo e/E
- =ec ( 1.49)
no meio, sobre um período 7~. será: dt

- ) l r,. 1 E a intensidade ou média, no tempo, da razão do fluxo de energia é:


( ê + , = - J pu; c/1 = -pU; ( 1.45)
Tr 0 2

Onde U é a amplitude de velocidade de partícu la


Como a relação entre 11 e P é:
(dE] (-)
f = dt
1
=ê, c ( 1.50)

Portanto, no sentido positivo de x, tem-se:

- A2
Í + = Cê+= --=~
12 IP ( 1.5 1)
então: 2p c 2p c
- ) A2
(ê + = - - ( 1.46) onde 11 é o módulo.
1 2pc2

Quando se usam amplitudes efetivas (raiz média quadrática no tempo) como:


Se, no lugar de se determinar a média de tempo em um ponto fixo, fizer-se a média
espacial, em um instante 1, sobre o comprimento da onda completo, então ter-se-á:
A A
P,. = Ji. ' u,. - Ji,pc ( 1.52)
2
( -ê + ).• =-J
1"
À.
A
ê+dx = - -
2pc
0
2 ( 1.47) então

/ + = ~.u,. ( 1.53)
Identicamente, o valor médio de densidade de energia da onda plana propagando-
e semelhantemente,
se na direção negativa x é:
2

( ;:_) = (t:-) =~ ( 1.48)


- 8
I =-Cê- =-- - = - - -
2
lf-1 ( 1.54)
I .r2pc2 - 2pc 2pc

-·••111
Ondas Acústicas
Sarnir N. Y. Gerges
Para a água desti lada tem-se:
1.14. Impedância Acústica Específica da Onda Plana
A razão entre a pressão acústica no meio e a velocidade de partícula, é definida (pc)20 =(998,2)( 1482,3)= 1,479632 106 · (Rayl)
como impedância acústica específica z, que depende do meio e do tipo de onda
presente (onda plana, cilíndrica, etc). Para ondas planas propagando-se no sentido
positi vo de x, tem-se: 1.15. Ondas Acústicas com Propagação Tridimensional
p A equação geral da onda em três dimensões, em íl uído não dissipativo, pode ser
~+ = .:::!:.. = p c ( 1.55)
!:!.+ desenvolvida através da combinação das três equações básicas que seguem

• Eq uação da conservação da massa


Semelhantemente, para ondas planas propagando-se na direção negativa de x, tem-se:
/
• Equação "da:mmse_Mçãtrda111assa •l e

~- = -pc ( 1.56) • Equação da fo rça (Lei de Newton)


Além disso, o desenvolvimen to da equação será feito, considerando pequena
faixa de variação de pressão acústica, de densidade, de condensação, de deslocamento
= para ondas planas é um valor real de magn itude pc(kg / m s =Rayl).
2
e de velocidade de partícula (variação linear, ver item 1.9).

A quantidade p e tem muita importância como propriedade característi ca do


meio, mais do que o valor de p ou e individualmente. 1.16. Equação Geral da Onda
A impedância acústica específica do meio é uma quantidade real para ONDAS
Considere-se uma partícula de íluido, em equilíbrio na posição x, y, z; em geral
PLANAS PROGRESSI VAS. Mas, para ondas divergentes, o valor de z, em geral é
essa partícula pode mover-se em qualquer direção e seu deslocamento, representado
complexo, dado por:
por d., terá componentes t:, 17 e Ç nas direções x, y, =, respectivamente. O vetor
p .
===/'+IX
. .
velocidade de parti cuia q = -
dd terá os componentes /1 =-JÇ ,v = -d1] , w = -JS' .
As variáveis d., g,, P e s - ( de x, y e z. ª' ª' ª'
Z
- u
( 1.57) 8
são funções
O estudo feito para uma dimensão, apresentado no item 1. 11 , poderá ser usado
onde
r = resistência acústica específica para três dim ensões; similarmente à equação ( 1.1 8) tem-se, para três dimensões,
x = reatância acústica específica
Para ondas planas progressivas (equações (1.55 e 1.56))
( 1.59)
r =±rc ( 1.58)
ou
x =O

Para condições normais, temperatura de 20 ºC, densidade de ar p =1,2 1 kg/m3 e s ,,, -(ª!; +
Jx
817 +d()= -Vd
Jy Jz -
( 1.60)
velocidade do som e = 343 m/s, ~\~~ a impedância característica do ar é dada por:

onde V d. representa o DIVERGENTE do vetor fÍ..


(pc)20 =4 15,03 (Rayl)
Ondas Acústicas
Sarnir N. Y. Gerges .,
Usando-se ( 1.6 1) e ( 1.63) e eliminando-se "Vçf,, obtém-se:
Usando a equação ( 1.23) obtem-se:

( 1.6 1) ( 1.65)

Considerando agora a di ferença da fo rça externa que age em cada par de planos A equação ( 1.65) é a fo rma geral de equação da onda acústi ca; V2 pode ser
paralelos do elemento de coluna dx, dy e dz (veja figura 1.7), poderão ser obtidas as representado em coordenadas cartesianas (com a eq uação 1.63) ou em coordenadas
três equações de força simi larmente à eq uação ( 1.26). esféricas ou cilíndricas.

1.17. Equação da Onda em Coordenadas Esféricas


( 1.62)
O operador Laplaciano em coordenadas esféricas (ver figura 1.8) é dado por:

y
2 a
V=-- +- -+
2 2 a l a(sene Íe) + -1- - () 2
( 1.66)
Br2 rBr r 2
sen6l ae 2 2
r sen 6l B1f 2

onde:
x = r sen(} cos 1/1
y = r sen (} SCn l/f
z = /'cose
X

z
z Figura / . 7: Elemento de volume

Por diferenciação de ( 1.62) e soma termo a termo:

( 1.63)

ou

( 1.64) X

Figura 1.8: Coordenadas esféricas


Onde V2 é o Laplaciano.
Sarnir N. Y. Gerges Ondas Acústicas

Se a onda tem simetr ia esférica, isto é, se a pressão acústica P = P(1;t) é função Para n = O, a onda esféri ca d i vergenl e é i ndependente de e; neste caso
e
do raio e do tempo ( independente de e lfl ), as equações ( 1.65) e ( 1.66) podem ser
e;fr
reescritas da seguinte forma: !i<\2 >(kr)= -
P., (cos e)= l e
,. , po11anto a pressão sonora é dada pela equação ( 1.75).
Para /1 = 1, tem-se o caso de uma esfera vibrante, neste caso:
( 1.67)

Pi(cose) = cose
( 1.68) + -ikre - iÁ,.
i -1-
I11(i)(k r ) = -
k2 ,.2
Se o produto rP nessa eq uação é considerado uma variável simples, a equação e a pressão sonora é dada por:
tem a mesma forma que a da onda plana (ver equação 1.29), e a solução geral é:

P(1., e, t )-
-
A · -i · -
k•ª ,.2
ikr . ee;(w1- Ãr)
1 +--cos
.
ou
As equações ( 1.62) demonstram que o gradiente da pressão é proporcional à
aceleração radial da partícu la; sim il armente para onda esférica tem-se:
( 1.69)

onde: Jp J 2~
F 1 é a onda que di verge (afastando-se da origem) --=p-
2
(1.7 1)
Jr dt
F2 é a onda que converge (aproximando-se da origem)
onde Ç é o deslocamento radia l.
Sendo r nulo na origem, a equação nos dá um valor infinito para a pressão acústica
na origem da onda esférica. Na prática esse valor torna-se fin ito e tão grande que ;'
Integrando em relação ao tempo, obtem-se:
muitas das suposições feitas na derivação da equação de ond a não são mais válidas.
O caso mai s geral é da onda es féri ca vari ando em re ee
independente de vr, isto
é P(1; 8,t). A solução da eq uação da onda neste caso é dada por:
( 1. 72)

P(r, B, t) = A/'"' h,~2 l(kr) P,, (cos B) ~.70)


Mas para so luções harmônicas no tempo, onde P(r , t) = P(r )e;'"' , tem-se:
onde:

1i,\2 l é a função de Hankel, dada por [J,, (kr) + i11 11


(kr )] -1 ô P(r,t)
u=-- ( 1.73)
} (kr) é a função de Bessel esférica Í(J)pôr
11

1111 (kr) é a função de Neumann esférica Ç = f udt = _::__ = l ôP(r,t)


(l.74)
• P,, (cos B) é o Polinôm io de Legendre im m2p ôr
Sarnir N. Y. Gerges Ondas Acústicas

1.18. Ondas Esféricas Harmônicas 1.19. Impedância Acústica Específica


O mais simples tipo de onda esférica é a do tipo divergente harmôni ca, que pode A impedância acústica específica:, é definida como (veja a equação 1.79).
ser escrita na fo rma complexa, (equação 1.70 para /1 = O):
_ _ f..(r ,t) _ k2r 2 •• kr
~ - - - - pc , , + 1p c , , ( 1.81)
f 0·' t) = ~,. ei(tvt- Ar) ( 1.75)
- 11 l +k · r · l +k · r ·

onde
Usando-se as equações ( 1.73), ( 1.74) e ( 1.75), as demais variáveis acústicas são: R = p ck2 1(1 + k 2 r 2 ) é a resistência acústi ca específica.
X = p ckr 1(1 + k 2 r 2 ) é a reatância acústi ca específica.
- f..0·,
s- -- t) ( 1.76)
- pc2
A equação 1.8 1 mostra que quando kr ~ O, R ~ O e X ~ O, e qu ando
kr ~ oo, R ~ pc e X ~ O. Este é o caso da onda plana.
A equação 1.81 pode ser escrita na seguinte forma:
!.!. = - -.I_ J f_(r , t) = (..!. + ik)~(r,t) ( 1.77)
1 wp Jr r 1 wp

~ = -!- J!:._(r,t) = -(~ + ik ) !:._(1~,t) ( 1.78)


onde
- w· p Jr r w·p kr
jzj= p c --r==== ( 1.82)
~I + k2r 2
A fase entre E. (r, t) e l!. pode ser obtida através da equação ( 1.77).
e
f.0·, t)
-- -
iwp
- pc
kr(kr + i)
-
p ckr .
e'º 1 kr
( 1.79)
li - (+. + ik) - (1 + er 2
) - ~1+ k2,. 2
(} = COS - -r====
~I + k2r 2
onde
Também pode-se escrever
1
tgB = - ( 1.80) jzj = pc cos (} ( 1.83)
kr
e
Quando r é grande, isto é, quando a distância entre a fon te acústica e o observador
é grande (kr > 1); então P(1;1) e /1 estão em fase. Por outro lado, quando
lf~, )1 = pc cos (} m
1
kr - t o,e - t 90º, então P e /1 estão M90º fora de fase. Em fenômenos acústicos, ( 1.84)
2
o parâmetro kr é muito mais importante do que k ou r indi vidualmente. kr = ~r ,
onde ~ = .f é o comprimento de onda. Quando kr ~ oo, e ~O e z = p c,(caso da onda plana).
Sarnir N. Y. Gerges
Ondas Acústicas
1.20. Intensidade das Ondas Acústicas r
A parte real da eq uação ( 1.75), considerando A real, é dada por: I =-
IP(_r
,1_)11 ( 1.90)
2pc
A
P(r , r) = -cos(mr - kr) = P cos(mr - kr)
,. ( 1.85) onde

Onde Pé a amp li tude de pressão acústica.

A pressão acústica da onda esférica varia com o inverso da distância r. Usando- Pode-se observar que a equação 1.90 é idêntica à eq uação ( 1.51) da onda plana.
se ( 1. 79) ou ( 1.77), a parte real da velocidade de partícula é dada por: A intensidade da onda esférica poderá ser obtida considerando o trabalho feito
por área unitária, e será igual a média temporal do produto da parte real da pressão

ti = -
A .J1 + k2r 2
c.:os(mt - kr - e)= u cos(mt - kr - e) ( 1.86)
pela parte real da velocidade de partícula, para um ciclo completo.
per kr
T
onde Ué a amplitude da velocidade de partícula. JP(r, r)urlr
I =-º---- ( 1.9 1)
A densidade média no tempo da energia ci nética t:,. (equação 1.35) é dada por:
T

1 TA
( 1.87) · I =- J- cos(wt - kr)U cos(wt - kr - e)dt ( 1.92)
To,.
-
A densidade média, no tempo, da energia potencial t:,, (ecuación 1.39), é dada por:
= PU cos6
1
2
( 1.88) $ r 1:u
Desde que U cos 8 = _f_ , as equações ( 1.90) e ( 1.92) sej'lÍÍti eq ui valentes.
pc
Portanto, a densidade média total é: A equação ( 1.90) é mais útil já que não está envolvido o fator cos, que varia com
a distância e a freqüência.
2 2
- -E:c +E:,,
- = A 1 - ) = -p - ( 1+ -J - ) A potência sonora de uma fonte pode ser calculada, integrando a intensidade
E:= 1+ - (
( 1.89) numa superfície esférica, de raio r, em torno desta fonte. Para caso de fonte
2pc2r2 2k2r 2 2pc 2 2k2r 2
omnidirecional, tem-se:
A intensidade instantânea da onda esférica não poderá ser obtida multiplicando
E: por e como foi feito para onda plana; isto por que parte da densidade de energia w = 4Jrl' 2 J =2JrA
--
i
( 1.93)
cinética das ondas esféricas são devidas ao fato da pressão e da velocidade não pc
estarem em fase, e essa energia não é transmitida para fora do sistema. Pode-se
mostrar, no entanto, que a intensidade da onda esférica é dada pelo produto de e com Portanto, a potência sonora independe do raio da superfíci e de passagem do
o primeiro termo da equação ( 1.89), isto é: fluxo de energia. Esta é uma conclusão consistente com a conservação de energia do
sistema.
Sarnir N. Y. Gerges Ondas Acústicas

1.21. Equação da Onda em Coordenadas Cilíndricas Substitui ndo ( 1.96) em ( 1.94), tem-se:

Em alguns casos é mais conveniente expressar a equação da onda em coordenadas


c ilínd ricas (ver figura 1.9), conforme segue:
-
[r
a [ ra- +2-+
1 -
ar
1 a
2
ar
J r é)rp
2

a:-
2
-a ,] P0', rp,:,1 )+ k02 P0', <P, :)= 0 (1.97)

1 . a J+ ---:;-1 a">n.' +-a


a [1-a 2
a , P(1,rp, z,t)=-1 a P(r,
2
] .
a rp, z, ,) (1.94)
2

[ --a
r r r r- º'!' - z- e2 t2
onde k 0 = cu ; k0 é o número de onda acústi ca.
e
Fazendo a função P(r, </J, z) variar harmonicamente com o tempo t, obtém-se:
z
P(1A,z) N

?0., rp, k) = JP0"rp, z )e-ik:dz ( 1.98)

e
z
( 1.99)
y

As derivadas parci ai s em relação a= podem ser executadas como segue:

Figura 1. 9: Coordenadas cilíndricas


( 1.1 00)

fazendo a função P(r, rp, z ) e;'"' variar harmoni camente com o tempo t, obtém-se: Tomando a transformada de Fourier de ambos os membros da equação ( 1.97), tem-se:

P(r, rp, z, t) = P(r, rp, z)e""' ( 1.95) 2


~I[-1 - a J P(r,'I',/, , z,t )e -ik·c1
a ( ra- ) + 21 ---"2 · z
-~ r ar dr r é)rp
A deri vada parcial de segunda ord em da expressão ( 1.95) em relação ao tempo
resulta em:

2
éJ P(i.,rp,z, t) _
a1-> - -ú)
2p(· n.
I , 'I'• Z
)
e
iw1
( 1.96) + j a ipJ~·2fP· z) e-;~'dz + j k 1~P(r,rp, z)e-'k' dz =O {1.1 0 1)
-~ -~
Sarnir N. Y. Gerges Ondas Acústicas

Usando as eq uações ( 1.98) e ( 1.100) em 1.1O1 , resulta: 1.22. Nível de Potência Sonora

1 --;-
[ -ror
é} ( r--;- l J-1 é}
é} +----:;--;----:;-
or r-d</J-
, ,)-
P(r,</J,k)+ ~k1~ -k- P(r,</J,k)= O (1. 102)
2 Uma importante propriedade de qualquer fonte é a potência sonora W ou energia
acústica total emitida pela mesma na unidade de tempo. A potência sonora é apenas
dependente da própria fonte e independe do meio onde ela se encontra. Por exemplo,
se o nível de pressão sonora NPS de uma máquina for medido em determinado
ambiente, quando essa máquina for levada a um outro ambiente (do campo livre
Obtém-se uma so lução para P(r, </J, /.:),considerando a radiação sonora em campo para uma pequena sala), a pressão acústica provavelmente mudará bastante, mas a
liv re; essa so lução será da forma: potência sonora W permanecerá inalterada. O ambiente exerce influência na pressão
acústica pela introdução de absorção e reflexões.
É, portanto, importante a medição da potênc ia sonora emitida por qualquer
P(r, </>, k) = f, A/li cosvu</> )H,,, ~,.)
m= O
( 1.1 03) máq uina. A partir dos dados obtidos é possível calcular a pressão acústica em qualquer
ambiente de tamanho, forma e absorção das paredes conhecidos.
onde: Já foi visto ( ver i tem 1. 13) que a inten sidade acústica I é a energia W passando
por uma área S por unidade de tempo para fonte onidirecional, ou seja:
k2 = k2
o - k2

H 111 ~r) é a função Hankel de ordem 111, onde l =-


w ( 1.106)
s
f'fr) + iN ft:_,.)
ft:_,.) = ~,,,
H 111 \K I \K 111 \/\.
As escalas para quantificação de intensidade acústica e de pressão sonora foram
1 111 ~r) é a função Bessel ci líndrica de ordem m descr itas em forma logarítmica; a potência sonora é também quanti ficada da mesma
forma. Assim, o nível de potência sonora NWS é dado por:
N,,, ~,.) é a função Neum an n cilíndrica de ordem 111
A é uma função geral de k I S
Ili
NWS = IOlog--
/ ,..1' 1
Obtém-se a so lução tomando o inverso da transformada de Fourier P(r, </> . k) I
NWS = IOlog-+ IOlogS
lo
( 1.104)
NWS = NPS + IOlogS ( 1.1 07)

Finalmente, substitu indo ( 1. 104) em ( 1.95) tem-se como so lução: onde _l_ = f}_
Io Po2
2
e para S = 4nr
( 1.1 05)
NWS = NPS + 10 log 4nr 2

A equação ( 1. 105) fornece a solução geral da equação da onda em coordenadas NWS = NPS + 10 logr 2 + 10 1og4;r
cilíndricas e será usada no capítulo 4 para quantificação da rad iação sonora de cascas
v ibrantes. NWS = NPS + 20 log r + l l

-·••111
Sarnir N. Y. Gerges Ondas Acústicas

Note que as equações ( 1.106), ( 1.107) e ( 1.108) são válidas para campo livre. Então
Considerando-se, neste caso, o espaço como semi-esférico, a área superficial será 2rcr2•
Da mesma fom1a, outras superficies podem ser consideradas. Por exemplo, uma fonte = p2(e)
Qo p2 ( 1.11 3)
em linha (fluxo de veiculos na estrada) pode gerar ruído que se propaga segundo uma
superfície semi-cilíndri ca através de uma área n r por unidade de comprimento.
No primeiro e segundo casos tem-se: Substituindo-se /( B) na equação ( 1. 11 2) e na equação ( 1. 11 3) tem-se para uma
fonte em campo livre:
1° Caso: N WS = NPS + 20 /og r + 8
2° Caso: NIVS = NPS + 1O /og r + 5 - p2(e)
Qli - ( 1.11 4)
lpc
onde NWS é o nível de potência sonora por unidade de comprimento da fonte.
A potência sonora pode ser determinada em câmara anecóica, câmara reverberante
ou usando o medidor de intensidade sonora (técnica de dois microfones).A potência
O nível de pressão sonora NPS ( e) na direção eem campo livre à distância r,
sonora pode também ser determinada em campo através do método de éomparação pode ser então expresso por:
usando uma fonte cali brada.

1.23. Diretividade de Fonte NPS(e) = NWS + 10 log( ºº,)


4m· -

Fontes reai s dificilmente irradiam som de forma igual em todas as direções; elas
são, por exemplo, limitadas pel o chão. NPS(9 ) = NWS + D/(8)- 20 log r - l l ( 1.11 5)
É necessário, portan to, avaliar o Índice de Diretividade, que será definido como:

D/ (q ) = 1O l og Q" ( 1.109) Para fonte omnidi recional Q9 = 1 em campo livre, e assim o nível de pressão
sonora que será prod uzido à di stânci a r ( N PS) por uma fo nte irrad iando
onde Q e é o Fator de Diretividade, definido como: uniformemente em todas as direções será:

I(e) 1
l 4nr J
Q, =
( 1.11 O) NPS = NWS + IO!o l --2
l

onde/( e) é a intensidade na direção e e à distância,. da fonte, descrita por: ou

NPS = NWS - 20 1ogr -11


!(B )= P2(B) ( 1.111 )
pc
que é similar à equação ( 1.108).
I = potência da fonte/área
A figura 1. 1Omostra um caso Upico de direti vidade de fonte, onde é apresentada
w p2 a curva do fator de diretividade (/(e) / I ), medido na superfície de uma máquina
I =-- = - (1.112) complexa em câmara anecóica. O módulo do fator de direti vidade é proporcional ao
4nr2 pc comprimento dos raios representados pelas flechas na figura.
Efeitos de Ruído e de Vibrações no Homem
Sarnir N. Y. Gerges •111111

Capítulo 2

Figura 1.10: Curva típica de diretividade


Efeitos do Ruído e de Vibrações no
Homem

2.1. Introdução
1.24. Referências Bibliográficas
[1] Kinsler L.E., Frey A.R., Coppens A.B. and Sanders J.V., Fundamentais of O ouvido humano é o mais sofisticado sensor de som. Devido a deterioração do
sistema auditivo por expos ição prolongada ao ru ído, é necessário que se tenha
acoustics, John Wiley & Sons, 1982.
conhecimento sobre o funcionamento e o comportamento do sistema de aud ição.
[2] Morse P.M, Vibration and Sound, McGraw-Hill, 1948. Também é im portante conhecer os efeitos de ruídos e vibrações no corpo humano.
[3] Reynolds D.D., Engineering Principies of acoustics - Noise and vibration O objetivo deste capítulo é discutir e entender o mecanismo da aud ição e sua
control, Allyn and Bacon lnc. 198 1. perda, as escalas usadas para a avaliação do ruído e os efeitos de vibrações no corpo
humano.
Som e ruído não são si nônimos. Um ruído é apenas um tipo de som, mas um som
não é necessariamente um ruído. O conceito de ruído é associado a som desagradável
e indesejável. Som é definido como variação da pressão atmosférica dentro dos
limites de amplitude e banda de freqiiências aos quais o ouvido humano responde.
O limiar da aud ição, isto é, a pressão acústica mínima que o ouvido humano
pode detectar é 20x lo-6 N/m2 na frequência de l kl-lz. A figura 2. 1 mostra a variação
do limiar de audição com a frequência e os contornos de audibilidade. Na banda de
freqüência auditiva, que vai de 20 Hz a 20.000 Hz, o ouvido não é igualmente sensível.

-·••111
Sarnir N. Y. Gerges Efeitos de Ruido e de Vibrações no Homem

140
130
1\. '
""'- 130 fone
!\..' ""'- ~ ......_ ~o. ~ ~ I
120
['( 1-.... ~
~~ 11()-. "'.... r-- .... I
r-- .... I ~
11 o
~ !'...._ ~ n~ ~ IV
100 "
90 ~ l'-,r-..,
~r-.. ....._ 19()' r--.....'"" I " r-..
~ ..._ 80~ t'--. I ;
...
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60 r-....... 1\
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_.... !\..i\ ~

" _.... \.. Vestíbulo


~'I

</)
' ....-............. 40 ~
Tímpano Martelo Bigorna Estribo
</) 40 .......
...
Q)

a.. 30 r--.....' ........_ ......_ 30


_...,. , ....... I

Q)
~
20
limiar de__?: ... .
~
........_
20 ~

10 .......
_.... ,:, ...

, I~ Nervo
- .-:-- _..,..,
~

Q)
>
10
o audição
111 1
-- Pavilhão
Vestibular
Nervo
z -10 Auditivo Facial
0,02 0,05 0,1 Q2 0:5 1,0 21) 5,0 10 15 (Orelhol
Freaüência (kHz)
Nervo
Auditivo
Figura 2. 1: Contornos padrão de audibilidade para tons puros
Cóclea

Janelo
Oval

Veio Trompa de Nosofaringe


2.2. O Ouvido Humano Cerebral Eustáquio
O ouvido humano é um sistema bastante sensíve l, delicado, complexo e discri-
minativo. Ele permite perceber e interpretar o som. A recepção e a análi se do som Figura 2.2: Ouvido humano
pelo ouvido humano, são processos complicados que ainda não são completamente
conhecidos.
O ouvido pode ser dividido em três partes: o ouvido externo, o médio e o interno,
como está mostrado na figura 2.2.

2.2.1. Ouvido Externo


O ouvido externo é constituído por três elementos: pavilhão da orelha, canal
auditivo e tímpano. O pavilhão da orelha tem forma afun ilada para coletar e transmitir
as ondas sonoras que excitam o TÍMPANO (membrana que vibra).
Sarnir N. Y. Gerges ••11111 Efeitos de Ruído e de Vibrações no Homem

2.2.2. Ouvido Médio Estribo

O ouvido médio atua como um amplilicador sonoro, aumentando as vibrações


do tímpano através de l igações deste com três ossos: o MA l?TELO que bate contra a
13/GORNA que por sua vez é ligada com o ESTRl/30. Esse último está l igado a uma
membrana (na cóclea) chamada JA NELA OVAL. A CÓCLEA é o órgão responsável
por co lher esses movimentos e tem a fonna de espiral cônica.
O ouvido médio contém importantes elementos para proteger o sistema de
audição, como a TROMPA DE EUSTÁQUIO, que é ligada à garganta e à boca para
equilibrar a pressão do ar (ver figura 2.3).

Figura 2.4: A cóclea e os dutos

Oroõo de Corte
Células Ciliados

Conol do
Ouvi cio

Figura 2.3: O Ouvido médio

2.2.3. Ouvido Interno


Os movimentos de vibração do tímpano e dos ossos do ouvido méd io são
transm itidos por nervos até o cérebro. A cóclea é a parte responsável por co lher estas
vibrações. Ela é uma espiral cônica com três tubos compr imidos lado a lado. Os
tubos de c ima e de baixo comunicam-se com o ouvido médio através da JANELA
OVAL e JANELA REDONDA , respectivamente. Ambos os tubos são cheios de um
liquido chamado PER/LINFA. O tubo do meio, DUTO COCLEAR, também é cheio
de um fluido chamado ENDO LINFA (ver figuras 2.4 e 2.5). Figura 2.5: Corte da cóclea
Sarnir N. Y. Gerges Efeitos de Ruído e de Vibrações no Homem
1\'
2.3. Mecanismo de Audição
As ondas sonoras percorrem o ouvido externo até atingir o tímpano, provocando @' 10 1---+--"~...,..:i"-c--P""o+---i HERTZ
v ibrações que por sua vez são transferidas para os três ossos do o uv ido médio, que .:Q. 2n1-~+---+--1W-.,~+-3-..-4--"~ 250
1---1-~~~~L.----:~1000
trabalham como uma série de alavancas; portanto o ouv ido médio atua como um o
ampli ficador. As vibrações da j anela oval geram ondas de pressão que propagam-se <l: 3111-~+---l~-f-__,,.,.M..-_.._+-'l.----l L---l-~~-l-~~~~2000
até a cóclea, e v iaj am ao longo do tubo superi or. Neste processo, as paredes finas da
e> ~ºº
õ 401---4---+--+--_.....~-- 2000
cóclea v ibram, e as ondas passam para o tubo central e depo is para o tubo inferi or
~ 1
até a j anela redonda. As v ibrações das mem branas BASAL e TECTÓRIA, em sentidos w 50 3000 1---+-~1---+---i~~6000
opostos (ver figura 2.5), estimulam as células a produ zirem sinais elétricos . As ondas o HOMEM 4000 MULHER
percorrem distânc ias di ferentes ao longo da cóclea, com vários tempos de atraso, <l: 60t---+-~-+---ii---+-~-tt-~
o 8000
dependendo da freqliênc ia. Isto permite ao ouvido dist inguir as freqüências do som. a:: 70 '---'-~"----'-~-'-~'-- ......
A percepção da direc ionalidade do som ocorre através do processo de correlação w
o.. 20 30 40 00 60 50 60 70 80
0

cruzada entre os dois ou v idos. A di ferença de tempo entre a chegada do som num ANOS ANOS
ouv ido e no outro (ouvido esquerdo e direito), fornece in formação sobre a direção
de chegada; por isso é necessário manter os do is ouv idos sem perda de sensibili dade. Figura 2. 6: Perda de audição por idade

2.4. Ruído e a Perda de Audição


Qualquer red ução na sensibi lidade de audição ê considerada perda de audição.
A exposição a níveis altos de ruído por tempo longo dani fica as células da cócl ea. A figura 2.7 mostra o ouvido interno em, quatro, estados:, (a) normal (b) dani fi-
O tímpano, por sua vez, raramente é danificado por ruído industrial. cado parcialm ente, (e) profundamente danificado e (d) danificado total mente.
O ru ído alto causa v ibrações da membrana basa l, que provocam o ci salhamento das
Existe outro ti po de perda de audição, especialmente nas altas freq üências, causada
por envelh ecim ento. A figura 2.6 mostra va lores típi cos da perda de audição, células e consequentemente distorções das célul as pil ares e das fibras nervosas.
em vári as freq liências, em função so mente da idade, para homens e mulheres. A figura 2.8 mostra a perda de aud ição para três grupos de idade: 18 a 29 anos,
O níve l zero dB representa audição plena. 35 a 43 anos e 43 a 5 1 anos. As curvas mostram a di ferença entre um grupo ex posto
O primeiro efeito fi sio lógico de exposição a níveis al tos de ruído, é a perda de ao ruído ( 85 90 e 95 dB(A)) e outro sem ex pos ição aos altos níveis de ruído. O efeito
audição na banda de freqüências de 4 a 6 kHz. Geralmente o efeito é acompanhado por exposição ao ruído de impacto mostra uma perda de até 55 dB nas faixas de
pel a se nsação de percepção do ruído após o afastam ento do campo ruid oso. freqüênc ias de 5 a 6 kHz, para até 30 anos de ex pos ição (ver figura 2.9).
Este efeito é temporário, e portanto, o nível original do limiar da audição é recuperado.
Esta é a chamada mudança temporária do limiar de audi ção (MTL A). Se a ex pos ição
2.5. Efeito do Ruído nos Sistemas Extra-Auditivos
ao ruído é repetida antes da completa recuperação, a perda temporária da audição
pode to rnar-se permanente, não so mente na faixa de freq ilênc ias 4 a 6 k l-l z, Pesqui sadores tem compilado dados nos últimos 30 anos sobre o efeito de
mas tam bém abaixo e ac ima desta faixa. As células nervosas no ouv ido interno são ruído no corpo humano. São conhecidos sérios efeitos tai s como: aceleração da
danificadas, portanto o processo da perda de audição é irreversível. pulsação, aumento da pressão san güínea e estreitamento dos vasos sangüíneos.
Sarnir N. Y. Gerges Efeitos de Ruído e de Vibrações no Homem

I•

Células Ciliados
Internos e Externos Três Células Ciliados Ausentes

NP~~~~ 2~t·:i 2~[j 2~i~I


Células
Suporte

85 40 40 40
60 60 60
Células Pilares Células de ~ 1 4 16 , 4 16 1 4 .,

ºD ºLJ-- º[:g-
Fibras Células Pilares

~J
Nervosas Distorcidas AJX>iO
Confraidos
90 ,g20 20~ 20~
(a) (b) .~40 40 40
'O
60 60 60
Colapso do C6cleo Cddeo Ausente o 1 4 16 l 4 16 1 4 16

~
~
· .. · .. . .. . .. . ~d.,_:;. .,"~ ,, 95 ~~ 402~o·- 402~u..,
60
\.....,. 40
60
. .-,. . .
2~u~-----~
'-
60
ReduçOO do Número Fibras Nervosos Ausentes , 4 16 , 4 16 1 4 16
dos Fibras Nervosos
Freqüência ( k Hz)
(e) (d)
Figura 2.8: Perda de audição, (. ...} sem e(_ } com exposição de ruído
Figura 2. 7: Órgão da cóclea,(a) Normal,(b,c e d) Danificada
Sarnir N. Y. Gerges Efeitos de Ruído e de Vibrações no Homem

Um longo tempo de exposição a ruído alto pode causar sobrecarga do coração


causando secreções anormais de hormôn ios e tensões musculares( ver figura 2 .1O).
O efeito destas alterações aparece em forma de mudanças de comportamento, tais como:
nervosismo, fad iga mental, frustração, prejuízo no desempenho no traba lho, provocando
. \ também altas taxas de ausência no trabalho. Existem queixas de dificuldades mentais e
emocionais que aparecem como irritabilidade, fadiga e mal-ajustamento em situações
diferentes e conflitos sociais entre operários expostos ao ruído.

Dilatação do pupilo
10 Aumento do pro<i.Jçõo
Tempo de exposição< 1 ano
hormonios do tire61de
20 Aumento do ritmo de
batimento cardíaco
Aumento do produção de
,g 3 cxlrenolino e corticotrofina
~~~iE~~~~Contração
u-
'Õ à 10 anos do estômago
=i
e abdomen
o 40
CI>
"O
o 26 'a 30 anos
Reação muscular
~
CI>
50
a..
,. Contração de vasos
6 sanguíneos

500 700 1000 1400 2000 2800 4000 5600 8000


Freqüência (Hz}

Figura 2. 9: Perda de audição por ruído de impaclo Figura 2.10: Efeilo do ruído no organismo humano
Samir N. Y. Gerges ., Efeitos de Ruido e de Vibrações no Homem

2.6. Critérios para Perda de Audição 2.7. Escalas para Avaliação de Ruído
Os seguintes fatos são confirmados pela maioria das pesquisas realizadas
Várias escalas e critérios foram desenvolvidos para quantificar e garantir o
sobre perda de audição em relação aos níveis de ruído.
conforto acústico e o estado do sistema auditivo. A seguir são apresentados os
(a) A função mais importante do ouvido é ouvir e entender a conversa humana. principais critérios e escalas usados para avaliação subjetiva do conforto acústico.
(b) Dificuldade significativa na recepção de som ocorre para perdas de audição
maiores que 25 dB (valor méd io nas freqüências de 500 l lz, 1 kHz e 2kHz). 2.7.1 . Circuitos de Compensação A,B,C e D
(c) Exposição a níveis de pressão sonora abaixo de 80 dB(A)- para 90 da população
- não causa dificuldade na sensação e interpretação do som. Os fatores que determinam a audibi lidade subjetiva de um som são tão
(d) A perda de audição por exposição a níveis acima de 80 dB(A) depende da complexos que ainda mu ita pesquisa continua a ser feita no assunto. Um desses
distribuição cios níve is com o tempo de exposição e da susceptibilidade do fatores é que o ouvido humano não é igualmente sensível a todas as freqüências,
indivíduo. mas é mais sensível à faixa entre 2 kH z e 5 kl-l z, e menos sensível para freqüências
A figura 2. 11 mostra a relação desenvol vida por Eldridge sobre critérios para extremamente baixas ou altas. Este fenômeno é mais pronunciado para baixos
perda de audição. Um nível de 85 dB(A) na fa ixa de 3 kl-lz para 8 horas de NPSs do que para altos. Isto pode ser visto na figura 2.1 que mostra uma família de
exposição por dia pode ser considerado como limite para perda de audição. curvas que indicam o nível de pressão sonora necessário, em função da freqüência,
para dar a mesma audibilidade (fones) aparen te que um tom de 1000 Hz.
Por exemplo: um tom de 100 Hz deve ter um nível de 5 dB mais alto, para dar a
140 mesma aud ibilidade subjetiva que um tom de 1.000 Hz, a um nível de 80 dB.
CXroçõo (min) Circuitos eletrônicos de sensibilidade variável com a freqüência, de forma a
51.5
modelar o comportamento do ouvido humano, são padronizados e classificados
o
.....
o como A, B, C e D (ver figura 2.12 e tabela 2.1 ). O circuito A aproxima-se das
e 3
o curvas de igual audibi lidade para baixos NPSs (é do inverso da curva de 40 fones,
(f)

o 11 0 7 ver figura 2. 1). Os circuitos B e C são análogos ao circuito A porém para médios e
'º 15 altos NPSs respectivamente (inversos das curva de 70 e 100 fones respectivamente,
"'..."'
Q)
30
ver figura 2.1 ). Hoje, entretanto, somente o circuito A é largamente usado, uma
a.. 60
Q)
90 120 vez que os circuitos B e C não fornecem boa correlação em testes subjetivos.
'O
Qj -~::::::::::::::;;::::::::;;:;;;.:~240 Uma característica especial, a curva de compensação D, foi padronizada para
> 480
ao ~~~..___.__._.._._...L...L.._._~__.~_.__._.._.._.____,
z O) 0,3 Op 1,0 3,0 5,0 7,0 medições de ruído em aeroportos. Os níveis mostrados na figura 2. 12 são níveis
Freqüência (kHz) relativos, isto é, para um NPS de 70 dB em 1 kHz, o ouvido humano percebe
integralmente 70 dB(A), entretanto, se este nível está em 50 l-lz, o ouvido humano
Figura 2. 11 : Níveis de pressão so110ra para risco da perda de audição percebe um NPS = 70 - 30,2 = 39,8 dB(A).
Sarnir N. Y. Gerges Efeitos de Ruído e de Vibrações no Homem

Freqüência Curva A Curva B Curva C


(Hz) dB(A) dB(B) dB(C)
10 -70.4 -38,2 -14,3
;/
12,5 -63,4 -33,2 -11 ,2 .. 10
16 -56,7 -28,5 -8,5
20 -50,5 -24,2 -6,2
25 -44,7 -20,4 -4,4
CD
31 ,5 -39,4 -17, 1 -3,0 "O

40 -34,6 -14,2 -2,0 E


Q)
50 -30,2 -11 ,6 -1,3
-~
63
80
-26,2
-22,5
-9,3
-7,4
-0,8
-0,5 -
o
Q)
100 -19,1 -5,6 -0,3 a:
125 -16,1 -4,2 -0,2 cn
ºQ)
160 -13,4 -3,0 -0,1
-~
200 -10,9 -2,0 o.o z
250 -8,6 -1 ,3 o.o
315 -6,6 -0,8 o.o 50 100 200 500 lK 2K 5K 10K 20K
400 -4,8 -0,5 0,0 Freqüência (Hz)
500 -3,2 -0,3 o.o
630 -1 ,9 -0,1 o.o Figura 2.12: Circuitos de compensação A,B,C e D
800 -0,8 o.o 0,0
1000 o.o o.o 0,0
1250 0,6 o.o 0,0
1600 1,0 o.o -0,1 2.7.2. Nível Total (Global) de Pressão Sonora
2000 1,2 -0,1 -0,2
2500 1,3 -0,2 -0,3 É uma grandeza que fornece apenas um nível em dB ou dB(A) sem infonriações
3150 1,2 -0,4 -0,5 sobre a distribuição deste nível nas freqüências. Constitui-se portanto uma medida
global (RMS) simples, que pode ser efetuada com um medidor de nível sonoro sem
4000 1,0 -0,7 -0,8
filtros (ver figura 2.1 3). No medidor de nível sonoro existem dois circuitos RC, um
5000 0,5 ,1,2 -1,3
com constante de tempo de 125 ms (circuito rápido) e outro de 1 s (circuito lento).
6300 -0, 1 -1 ,9 -2,0
8000 -1, 1 -2,9 -3,0
10000 -2,5 -4,3 -4,4 2.7.3. Nível de Pressão Sonora - Pico [dB (Pico)]
12500 -4,3 -6,1 -6,2 Este é o pico absoluto do som contínuo. Normalmente as características dos
16000 -6,6 -8,4 -8,5 equipamentos de medição limitam a duração mínima do pico do ruído medido.
20000 -9,3 -11, 1 -11,2 o circuito de pico de um medidor de nível de pressão sonora permite a medição do
nível do pico com boa precisão, usando tempo de subida de 20 ms conforme as
1àbe/a 2. l:Atenuação da percepção auditiva A, B e C normas IEC R 179 A e DIN 45633(ver figura 2. 13).

-·••111
Efeitos de Ruído e de Vibrações no Homem
Sarnir N. Y. Gerges
As normas IS0/1.995 e 1.999 definem o método para o cálculo do L., , existindo
1
medidores (medidores de doses de ruído) para a execução automática dos cálculos
(ver figura 2.14). Esses medidores são disponíveis em versões fixas ou portáteis, sendo
que estes últimos podem ser colocados no bolso de um operário, com o microfone
o
o montado próximo ao seu ouvido (ver figura 2. 15). Os aparel hos portáteis têm a .>d
<n
• =>
finalidade de veri ficação da dose máxima permitida. Esta dose é de 85 dB(A) para
~ ~~_.~--l~~-4~~1-<~~~~~-. uma jornada de trabalho de 8 (oito) horas ( Po1taria Brasi leira 3.214 de 08/0611 978).

o
10
(/)
(/)
Q)
'-
a..
Figura 2.13: Valor do pico, média e raiz média quadrática (RMS)

2.7.4. Nível de Pressão Sonora - Impulsivo [dB (Impulso)]


Medidores de nível de pressão sonora impulsiva de precisão, que satisfazem as
normas IEC R 179 A e DIN 45633-2 possuem um circuito incorporado de contagem
quadrática, uma seção RC com constantes de tempo de 35 ms para carregar e descarregar,
e uma seção que tira a rai z quadrada da voltagem através do capacitor da seção RC.
Isto sign ifica que quando o medidor está no modo impulsivo, ele integra o ruído em
um período de 35 ms simulando a altura subjetiva do ruido impulsivo.
Figura 2.14: Medidor de doses de ruído
2.7.5. Nível Sonoro Equivalente (Dose de Ruído)
O potenc ial de danos à aud ição de um dado ru ído depende não somente de seu
nível, m as também de sua duração. Uma exposição de um ~1 in uto a 100 dB não é tão Existe o utro valor chamado Nível de Exposição Sonora - NES que é usado para
prejud icial quanto um a expos ição de 60 minutos a 90 dB. E possível estabelecer um ruído transiente, tal como o ru ído gerado pela passagem de um avião. Ele é definido
valor único L,.,,, qu e é o nível sonoro mé~io integrado durante uma fai xa de te1.11po como o L"" normalizado para um segundo de tempo de integração (ver figura 2.16).
especificada. O cálculo é baseado na energia do ruído (ou pressão sonora quad rática). A tabela 2.2 mostra os n íveis máximos permi tidos pela Portari a Brasi leira 3.214
O L"1 é definido por: e a duração de tem po para cada nível. A exposição a níveis diferentes é considerada
dentro dos limites per mitidos da portaria se o valor de Dose D iária de Ruído - D,
l fT p 2(f)
L
eq
=l Olog- J, - -
T o Po2
dt calculada pela expressão abaixo, não excede a unidade.

onde:
T é o tempo de integração
P(I) é a pressão acústica instantânea
onde:
P0 é a pressão acústica de referência (2 x 10·5 N / m 2)
L representa o nível contínuo (estacionário) equivalente em dB(A), que tem o C, é o tempo real de exposição a um especí fico NPS
"' mesmo potencial de lesão audit iva que o nível variável considerado. T, é o tempo total permitido para aquele NPS (ver tabela 2.2).
Sarnir N. Y. Gerges ••11111 .,1 11111•• Efeitos de Ruído e de Vibrações no Homem

NPSdB (A) Máxima exposição


diária permissível
85 08 horas
86 07 horas
87 06 horas
88 05 horas
89 04 horas e 30 minutos
90 04 horas
91 03 horas e 30 minutos
92 03 horas
93 02 horas e 30 minutos
Figura 2.15: Medidor de Dose de Ruído Porlálil
94 02 horas e 15 minutos
95 02 horas
96 01 hora e 45 minutos
98 01 hora e 15 minutos
too 01 hora
102 45 minutos
2.7.6. Distribuição Estatística no Tempo: LN 104 35 minutos
105 30 minutos
A análise estatística de ruído fornece informações valiosas com relação às causas
106 25 minutos
do dano à audição. O histograma cumulativo do ruído mostra o percentual do tempo
108 20 minutos
total de exposição em relação ao nível de pressão sonora dB(A). O nível denominado
110 15 minutos
l 90 representa o valor acima do qual os demais níveis permanecem 90% do tempo
112 10 minutos
total (ver figura 2. 17). Similarmente são definidos l 50 e L 10• Os três níveis citados
são usualmente empregados. l 10 é mais usado para estudos de ruído ambiental (ruído 114 08 minutos
de trânsito). 115 07 minutos
A variação do l,.q com o nível de poluição sonora, l"·' é dado por:
Tabela 2.2: limites do NPS- Portaria 312411978

onde:
K = 2.56 é uma constante, baseada em distribuição normal (Gaussiana) e a é o
2.7.7. Nível de Interferência na Comunicação Verbal
desvio padrão em dB. Uma das conseqüências do excesso de ruído nos ambientes industriais é o aumento
Na maioria dos casos, o valor de l 1,., pode ser aproximado para: de acidentes devido à perda de inteligibilidade na comunicação verbal entre os
trabalhadores. Por exemplo, uma pessoa alertando ou avisando a outra de um perigo,
poderá não ser ouvida, acarretando a ocorrência de acidente.

111111~
Sarnir N. Y. Gerges Efeitos de Ruído e de Vibrações no Homem

O N ível de Inter ferência na Comunicação Verbal - NIC V pode ser determinado


NPS dB (A) de forma simples para qu antificar a inteligibilidade na comuni cação verbal. O NJCV
é calcul ado através da média aritmética dos níveis de pressão sonora nas bandas de
oitava centradas em 500, 1000, 2000 e 4000 Hz. As princi pai s variáveis consideradas
- NES
para a inteli gibili dade da fala são o nível geral das vozes e a d istância entre o emi ssor
e o receptor. A tabe la 2.3 indica em qu ais condições obtém-se uma inteligibi lidade
mínima aceitável, em função da di stância e nível de voz necessários.
A comparação entre o nível calculado com os valores na tabela dá uma razoável
- - L eq precisão para avaliar a classe relativa em regime permanente com respeito à sua qualidade
de interferência na comunicação. O método é limitado para ruídos com espectros suaves
(aproximadamente planos) em regime permanente. Exi stem outros métodos que
estabelecem escalas de classificação, tal como o índice de Articulação IA , que é usado
ls na comunicação telefünica e na qualificação de ambientes internos de veículos e av iões.

Tempo (s)
Distância (m) Normal Alto Multo Alto Grito

Figura 2.16: Nível de exposição sonora 0,3 65 71 77 83


0,6 _ ,_ 59 65 71 L 77
-
0,9 .•
,
55 61 67 -
73
1,2 - 53 59 65 71
1,5 51 57 63 69
3,6 43 49
..
55
- - 61

Tabela 2.3: Nível da voz em dB

NPS 0
/o
dB(A)
2.8. Curvas e Critérios para Avaliação de Ruído
Os países industri alizados têm suas própri as normas e recomendações sobre
índi ces e·níveis de ruído para vários tipos de ambientes. A lgumas, entre as mais
importantes, são:

(a) ISO ( lnternati onal Standard Organizati on) - R 1996 ( 197 1) e R 1999 ( 1975).
(b) BS (B ritish Standard) - BS 414 1 ( 1967)
(c) NFS (Association Françai se de Normal ization) - NFS 3 1-0 1O ( 1974)
(d) ABNT (Associação B rasileira de Normas Técnicas) - NBR 1O15 1 e 1O152
(e) IBAMA ( Instituto Brasil eiro do Meio A m biente) - Resolução Conama 00 1 e 002
Figura 2.17: Distribuição cumulativa do ruído de 17 de agosto de 1990.

- ·••111
Sarnir N. Y. Gerges
••11111 Efeitos de Ruído e de Vibrações no Homem

As normas geralmente levam em con ta os par âmetros que influenciam o Ceracterlstlces tem orais do ruido Corre ão dB (A)
desconforto, a saber: variação dos níveis e hora do dia em que ocorre a exposição.
Fator de pico para ruído impulsivo 5
Existe uma tendência de unificação de todas as normas numa única norma
internacional (ISO). . .
100a 56
. ...
Presença de tons puros audíveis 5

o
2.8.1. Recomendações ISO R 1996 e NBR 10151 56 a 18 -5
18 a 6 -10
As recom endações ISO R 1996, N BR 10 15 1 ou CONAMA 00 1 que são
6 a 1,8 -15
basicamente similares, estabelecem para conforto acústico em comunidade (excluindo
1,8 a 0,6 -20
ruído de aviões) a comparação en tre dois níveis: um nível med ido corrigido L" e um
0,6 a 0,2 -25
nível critério l,., definidos como segue:
<02 -30
( 1) O nível globa l de avaliação co rrigido l, em dB(A), é baseado no nível medido
L11 em dB(A) (ou L,.,1 em dB(A) quando o ruído varia de maneira compl exa) que deve Tabela 2. 4: Correções em função das jl11111ações dos níveis
ser corrigido conforme a tabela 2.4.
Para um ruído de nível constante, lc é dado por:
Horário Correclio dB (A)
Dia o
Anoitecer -5
- -
onde: Horário de sono -10a -15
l 11
= 5 dB(A) para, ruído impu lsivo e/ou com componentes tonais audíveis
L,1 é a correção para ruído intermitente (ver tabela 2.4) expresso em 1àbela 2.5: Correção emflmçcio do horário
função de percentuais.
Para ruído de nível flutuante, lc, é dado por:
2.8.2. Curvas de Avaliação de Ruído NR e NC
As curvas de avaliação de ruído NR (Noise Rating) ou NC (Noise Criteria), são
conjuntos dos níveis de banda de oitava que podem ser comparados com o nível de
(2) O nível critério L,. em dB(A), é considerado o limite superior permitido, que pressão sonora do ambiente. Curvas NR podem ser encontradas na norma ISO 1996/7 1
provoca queixas sempre quando L" 2'. L,. (ver figura 2. 18) e na N BR 1O1 52.

O nível critério básico é válido para áreas residenc iais com níveis entre 35 dB(A)
e 45 dB(A) de ruído externo (na NBR 1O15 1 é considerado apenas 45 dB(A)). Este TI o de ocu a lio Corre ão dB A
nível básico deve ser corrigido dependendo do horário (ver tabela 2.5) e zoneamento Residência rural
(ver tabela 2.6) para fornecer o nível cri tério L, em dB(A). Hospital o
Recreação
A diferença entre o nível corrigido L" e o nível critério l, dá um indicativo da
Resídência suburbana 5
reação da comunidade. A tabela 2.7 mostra uma estimativa da reação do público
Pouco trânsito
esperada para valores de .:1 L = l" - l, entre O dB(A) e 20 dB(A).
Residência urbana 1O
A avaliação de ruído em ambientes internos residenciais pode ser obtida ainda
Idem com algumas lojas ou comércio nas avenidas principais 15
com a correção de L.. dependendo da condição das janelas, conforme tabela 2.8.
Cidade (comércio, serviços, administração, etc) 20
No caso de ruído em ambientes internos não residenciais, as cu rvas de avaliação NC Área redominantemente industrial 20
(NR ou PNC) podem ser usadas (ver seção 2.8.3) com o nível classificado NC
mostrado na tabela 2.9. Tabela 2.6: Correção de zoneamento
Sarnir N. Y. Gerges •111111 . Efeitos de Ruído e de Vibrações no Homem

Valor em dB(A) Resposta estimada da comunidade


de Lc • Lr Categoria Descrição
o nenhuma não se observa reação
5 pouca - .~
queixas esporádicas
10 média queixas generalizadas Locais dB(A) NC
15 enérgicas -~
ação comunitária ': eJ..
··ttnt:i~l

20 muito enérgicas ação comunitária vigorosa Departamentos, enfermarias, centros cirúrgicos, 35-45 30-40
Laboratórios, áreas para uso do público 40-50 35-45
Tabela 2. 7: Re~posta estimada da comunidade ao ruído
Serviços 45-55 40-50
1- ;feitUa...""1

Neste método, sobre as curvas padrão NR, são marcados os níveis do ambiente, Bibliotecas, salas de música, salas de descanso 35 - 45 30- 40
medidos por banda de freqilência (li nhas hori zontais sobre a figura 2. 18). Pode-se Salas de aula, laboratórios ~ 50 \ 35-45
então visualizar qual a classe da NR que se acha as~ociada ao ambiente sob análise, Circulação 45- 55 40- 50
que é o valor mais alto de NR obtido da interseção das curvas padrão com os pontos !r.mn
marcados x. No exem plo da figura 2.18 tem-se NR=78. Apartamentos 35 - 45 30- 40
A tabela 2. 1O mostra, os, valores, de, NC, recomendados para vários tipos de Restaurantes, salas de estar 40 - 50 35-45
ambientes. Portaria, recepção, circulação 45-55 40- 50
1: r:.l..:. lh ~ 1.To..11 ; 1 ~ .. oy - "

~
Dormitórios 35- 45
Condições das janelas Correção dB(A) _
Salas
.. de estar
- J 40 - 50 5
Janelas abertas -10 • 11 UI Ili tJ..."'11

Janelas simples, fechadas -15 Salas de concertos, teatros 30- 40 25- 30


- 1 ~

Janelas duplas, fechadas -20 Salas de conferências, cinemas e de uso múltiplo 35-45 30- 35
Restaurantes 40- 50 35-45
Tabela 2.8: Correções para interiores de residências ,. •• ,.ti.=

Salas de reunião 30 - 40 25- 35


Salas de gerência, projetos e administração 35 - 45 30-40
TI o de ambiente
Grandes escritórios sem datilografia
NC
35
Salas de computadores
Salas de mecanografia
A
50-60
40- 60
45- 55
Lojas de comércio 35
Igrejas e templos (cultos meditativos) 40 - 50 35 - 45
Lojas de departamentos 35
Salas de estar 35
l•t I.+:n:W!~ • t ......
Pequenos restaurantes 35
Pavilhões fechados para espetáculos e atividades
esportivas
~-60 40- 55
Grandes restaurantes 45
Escritório com datilografia 45 Tabela 2. 10: Valores dB(A) e NC recomendados
Grandes escritórios com datilografia 55
Oficinas (dependendo do uso) 45- 75

7àbela 2.9: NC recomendado para ambientes internos

-·••111 11111•-
Sarnir N. Y. Gerges Efeitos de Ruído e de Vibrações no Homem

120

110 70

100
60
90

00 50
CD 70
:e 40
(/) 60 CD
Cl. "O
z 50 ~30
(/)
Q.
40 z
20
30
20
10
10
10 Hz O'----'---'----'-----'--'---'--..__--'---'---'
31.5 63 125 2!IO 500 000 2000 4000 8000
31,5 63 125 250 5001k 2 4 SFreq.iÊ!ncia Freqüência
Figura 2.18: Curvas de avaliação de ruido (N R) Figura 2.19: Curvas de critério de ruído preferido - PNC

2.8.3. Curvas de Critérios de Ruído Preferido [PNC]


Globo Ocular--,·º · (Cabeço, Modo Verticol-20'a 26 Hz)
As curvas deste método são similares às NR e NC (ver figura 2. 19) e foram
Estruturas lntraocuta-
desenvolvidas por Beranek nos EUA, a partir de muitas en trevistas e medições de res (32-78Hz)
ruído em vários ambientes . O método é baseado nas med idas dos níveis de
interferência e nível sonoro. Os resultados de anál ises nas bandas de oitava são Ombros
pl otados em curvas PNC. O valor mais alto de PNC é escolhido como limite em (3-5 Hz)
u:::-1--- - Parede do Torox
função do tipo de ambiente. Por exemplo:
(50-60 Hz)
PNC = 45 a 55 instalações de fábricas
Mão -Braço
PNC = 35 a 45 hotéis e escritórios Antebraço (20- 200Hz)
PNC = 25 a 35 bibliotecas e escritórios (10-30 Hz)
PNC < 25 no subúrbio e escritórios executi vos

2.9. Efeito da Vibração no Corpo Humano


O corpo humano pode ser considerado como um sistema mecânico complexo,
de múltiplos graus de l iberdade (ver figura 2.20). Na reação do corpo humano em Figura 2.20: Corpo '1111110110 como sistema 111ecâ11ico
Sarnir N. Y. Gerges Efeitos de Ruído e de Vibrações no Homem

um campo de vibrações e choque, deve-se considerar, não apenas a resposta mecânica


do sistema, mas também o efeito psicológico sobre o indivíduo. O primeiro estudo
quantitativo no assunto foi real izado por Goldmann e publ icado em 1960. Os efeitos
das vibrações sobre o corpo humano podem ser extremamente gráves. Entre estes
efeitos pode-se citar: visão turva, perda de equilíbrio, falta de concentração, e até
danificação permanente de determinados órgãos do corpo.
N
Indivíduos que trabalham com equipamentos vibratórios de operação manual, tais ~
como martelo pneumático e moto serra, apresentam degeneração gradati va do tecido E
muscular e nervoso. Os efeitos aparecem na forma de perda da capacidade manipuladora
e do controle de tato nas mãos, conhecido popularmente por DEDO IJRANCO.
A norm a I SO 263 1, es tabel ece curvas de limite de aceleração máx ima
recomendada para cada tempo de exposição, de um minuto a 12 horas. A faixa de
freqüências na qual o corpo humano apresenta mais sensibi lidade é de 1 Hz a 80 Hz.
O corpo pode ser submetido a vibrações em várias direções e posições, em pé, sentado o
N

ou deitado (ver figura 2.2 1). ~


w ongitudirol
Três códigos de severidade são encontrados na norma (ver fi gura 2.22): O Eixo Oz)
(a) Limite de conforto, apl icáve l para passageiros de veículos; ~ lL--~~---4-L---"-"'--+----
(b) Limite de perda de eficiência, causado por fadiga, relevante para operadores de
Troosversol J
{ax e ayl !
máquinas e motoristas; '
1
1
(c) Limite de exposição sob condições especí ficas que oferecem perigo à saúde. l - I
0,2'-~~~~L---'-----''---'-~~~~...._~~
2 4 8 80 Freqüência

z~:~
Figwa 2.22: Os três limites estabelecidos pela norma ISO 263 1

t y
Oz A direção na qual o corpo é mais sensível à vi brações é vertical (individuo em pé).
t X
Na faixa de freqüências de 4 a 8 Hz, se situam as frequências naturais dos elementos
ay do corpo humano (massa abdominal, ombros e pulmões). Nesta faixa de freqüências,
'
o corpo humano apresenta alta sensibilidade, por isso os limites dos níveis de vibração
são menores. Na direção transversal e lateral, a rigidez do corpo é menor, portanto a
faixa de freq üências mais sensível é de 1 Hz a 2 Hz. As figuras 2.23 e 2.24 mostram
os limites de aceleração recomendados pela norma ISO 263 1/ 1978 em função do
número de horas de exposição. A norma brasi leira NR-1 5, Anexo 8, estabelece os
níveis máximo de vibração, utilizando os dados especificados pelas recomendações
Figura 2.2 1: Direções de vibração do COl/JO e da mão ISO 263 1/1 978.

-·••111 11111•..s
Sarnir N. Y. Gerges •••• ,// Efeitos de Ruído e de Vibrações no Homem

2.10.Programa de Conservação da Aud ição


Medidas de conservação da audição devem ser aplicadas tão logo se suspeite da
presença de um problema de ruído. O procedimento básico envolvido na iniciação de
um programa de conservação da audição é descrito a seguir e sumariado na figura 2.25

Avaliaçllo do Ruido

Sem Risco Área de Risco


1
Redução do Lcq

Redução do Nível de Ruído Redução do Tempo de Exposição


1

1 1 1 1 1
Redução do Trajelória de Isolamcnlo Proteção da Refügios Rotação de
Ruido na Fonte Transmissão das Pessoas Audição Protegidos Ocupação
l.__~~1-nt_er_ro~m-p-id_ª~___.I IL ~~~--'l~~.---do_R_1_11d_o~~-----'I
40 63 1
Especificação do Ruido Educação, Supervisão
Figura 2.2_3: limites de vibração vertical para posição sentado para Novas Instalações e Monitoramento Audiométrico
Figura 2.25: Organização de um programa de conservação da audição

250,00
O termo conservação da audição deve ser compreendido no seu sentido mais
,040 amplo como o meio de prevenir o dano do sistema auditivo, uma vez que um programa
125,00
e
de conservação da audição não consiste meramente em se colocar à disposição de
~63,00 sistemas de proteção do ouvido às pessoas expostas. A conduta de um empregador
I '

e prudente e racional pode ser sumariada como segue.


>-.

e..
xc.31,50
N 0,0 15 2.10.1. Mapeamento de Ruído
e1s.oo
li>

íii Um dos primeiros passos em um projeto de redução de ruído é a preparação de


ê
! 8,00 0,010
0,008
.g
um mapa ou levantamento topográfico do ruído. Um esboço razoavelmente exato
o o deve ser desenhado, mostrando as posições relativas de todas as máquinas, processos,
e- 4,oo
'º 'O
:s~ e outros itens de interesse. A esse esboço são adicionados os níveis de pressão global

~
em dB(A), tomados em um número conveniente de posições em torno da área que
2,00 - Aceleroçõo
---Velocidode
está sendo investigada. Quanto maior o número de medidas, mais exato será o
levantamento. Traçando-se linhas de conexão entre os pontos de iguais níveis, tem-
se uma melhor visualização dos modos de distribuição do ruído. Um levantamento
'-
8 20 50 12 5 315 800 Freqüêncio Hz deste tipo ·mostrará, de imediato, as zonas perigosas de ruído. Este é o ponto de
12,5 31.5 80 200 500 partida para se planejarem as providências a serem tomadas para a proteção dos
Figura 2.24: limites de vibrações para as mãos trabalhadores. Quando as providências necessárias tiverem sido tomadas, uma série
Sarnir N. Y. Gerges Efeitos de Ruído e de Vibrações no Homem

de novas medições dará uma clara imagem da extensão da mudança nos níveis de 2.10.4. Refúgios do Ruído
ruído, em comparação aos iniciais. Um levantamento topográfico com zonas Em vários processos contínuos, instrumentos de controle e monitoramento são
vermelhas também pode ser usado, para indicar as áreas onde protetores auriculares freqüentemente instalados num console central, que pode então ser enclausurado
sedam obrigatórios até que nova ação seja tomada para redução de ruído na fonte como um refúgio de aten uação de ruído. Em outras situações onde somente inspeções
(ver figura 2.26). regulares são requeridas, um refúgio de ruído pode ser providenciado, onde os
~peradores podem permanecer durante o período de tempo entre tais inspeções.
E importante lembrar que os refúgios geralmente não proporcionam grande proteção
para o pessoal da indústria, já que, por exemplo, reduzindo-se o tempo de exposição
à metade, obtém-se uma redução de somente 3 dB na dose de ruído.

2.10.5. Rotatividade de Função


A rotatividade de função se torna algo prático somente onde os níveis de ruído
estão um pouco ac ima dos limites aceitáveis, já que, como já foi mencionado,
uma redução no tempo de exposição à metade, fornece redução equivalente de
somente 3 dB na dose de ruído.
Figura 2.26: Mapa do rnído

2.10.2. Zonas de Risco de Ruído e Avisos de Alerta 2.10.6. Especificação de Ruído


Todas as áreas e máq uinas onde os níveis de ruíd o excedam os valores Uma especificação de ruído deve fazer parte de todos os contratos envolvendo
estabelecidos ei;n critérios, devem ser imediatamente designadas como ÁREAS DE fornecimento de novas máquinas. Este dado, fornecido pelo fabricante, permitirá
RISCO DE RUIDO, mesmo que medidas de controle de ruído possam ser aplicadas prever o aumento dos níveis de ruído no ambiente de instalação do equipamento
a longo prazo. Sinais de alerta devem ser colocados em pontos de acesso a áreas de (ver capítulos 6 e 7).
risco de ruído. Para que se possa prever com precisão o efeito da introdução de uma nova fonte
em um am biente acústico, é necessário conhecer o Nível de Potência Sonora da
2.10.3. Controle de Ruído fonte (N WS), e desenvolver um modelo matemático do ambiente.

A remoção dos riscos de ruído, ou de pessoas das zonas de ruído, é o caminho


mais correto para a preservação da audição. A praticabilidade disto deve ser examinada 2.10.7. Proteção da Audição
em todos os casos. Infelizmente, o controle de ruído de algumas máquinas ou
Quando técnicas de controle de ruído não possam ser ap licadas imediatamente,
processos se torna dificil, seja pelo alto custo envolvido ou pela impossibilidade
técnica de serem feitas modificações. Em alguns casos, então, esta forma de controle ou durante períodos de implantação, sistemas de proteção da aud ição devem ser
de ruído deve esperar até que uma máquina possa ser dispensada ou substituída, usados como solução paliativa. Na prática, a modificação de uma planta industrial
ocasionando um atraso considerável na im plantação do programa. pode levar anos, o que obriga a que se tomem cuidados na seleção dos protetores de
Em algumas máquinas ou processos é possível aplicar enclausuramento ou outros ouvido a serem usados çomo solução paliativa.
tratamentos locais, sendo que problemas de ventilação, refrigeração, acesso de Há vários tipos e marcas de protetores de aud ição no mercado, e são vários os
materiais e pessoal, manutenção e assim por diante, não devem ser esquecidos. fatores a serem considerados na seleção do tipo mais adequado para cada situação.
A assistência e apoio de técnicos especializados em controle de ruído é Alguns destes fatores são: conforto, custo, durabilidade, estabil idade química, higiene
fundamental para um bom projeto de redução de ruído. e aceite pelo usuário (ver capítulo 12 sobre Protetores Auditivos).
Sarnir N. Y. Gerges 11111•• Efeitos de Ruído e de Vibrações no Homem

(e) Para o pessoal com longo tempo de serviço sujeito a exposição a ruído; feito em
2.10.8. Educação
intervalos de dois o u três anos.
Uma parte importante de qualquer programa de conservação da audição é que
ele deve ser aceito por pessoas de qualquer nível desde, os trabal hadores, e operadores Éessencial que a audi ometria seja feita em ambientes qualificádos, caso contrário
até o pessoal da gerência (mais altos escalões). O envolvimen to de representantes o limiar da audição será mascarado. O efeito do mascaramento do ruído é normalmente
dos trabalhadores nos estágios iniciais do programa é um passo importante e mostrado com o aparente desvio no limiar da audição em bai xas freqüências.
normalmente isto resulta numa melhor e mais ampla cooperação por parte do pessoal Em muitos casos, uma cabine audiométrica se faz necessária para reduzir os níveis
mais graduado da indústria. de ruído de fundo a valores aceitáveis.
Cada uma das técn icas de ed ucação disponíveis, tais como posters, fitas de vídeo,
palestras, folhetos, revistas, etc, devem ser em pregadas para suplementar o contato
do pessoal com os departamentos médico e de pessoal.
2.10.11 . Conclusões
Cópias das por1arias brasilei ras e regulamentos sobre os riscos de ruído, e qualquer Um programa de conservação da audição incluindo audiometria, se feito com
publicação o ficial subseq uen te de natureza similar, devem estar disponíveis para o en tusiasmo e perseverança, e tendo o apoio da gerência da empresa, sindi catos e
pessoal envolvido. corpo de segurança e saúde, deve reduzir drasticamente a incidência da perda de
audição ocupacional induzida por ruído dentro da indústria. A propaganda se faz
2.10.9. Supervisão e Treinamento freqüentemente necessária para que sej a superada a relutância aparentemente
irracional que é externada por alguns empregados em usar adequadamente os
Um programa de conservação da audição será mais efetivo se a responsabilidade
protetores de ouvido. Mesmo assim, os melhores programas de conservação da
geral pela coordenação for dada a uma única pessoa, que pode ser de um dos seguintes
audição tem alcançado na prática somen te 70% a 90% de acei te do uso de protetores,
departamentos: engenharia, segurança, pessoal ou méd ico. É possível que outros
exceto quando o seu uso tem sido uma condição para o emprego ser conseguido.
aspectos, como por exemplo, especificação dos níveis de ruido, possam ser delegados
O custo e os esforços necessários para assegu rar a conservação da audição,
a outras pessoas dentro de uma grande organização. Todas as pessoas engajadas simp lesmen te com o uso de protetores, podem exceder os envo lvidos com técnicas
num programa de conservação de audição devem receber treinamento apropriado, de engenharia para redução de ruído; este último caminho deve sempre ser preferido.
e após, devem segu ir passos q ue mantenh am o programa atual izado e com o seu A responsabilidade de tomar medidas apropriadas para a conservação da audição
correto desenvolvimento em campo.
dos empregados é das empresas como empregadoras, seus gerentes e aqueles
responsáveis pela saúde e segurança no traba lho.
2.10.1 O. Audiometria Tendo sido começado o programa de proteção da audição, é importante que
Vári os argumentos podem ser co locados contra e a favor da audiometria na todos os esforços sejam feitos para mantê-lo.
indústria. Idealmente, a audi om etria não seria necessária se todas as medidas de A educação do trabalhador é de importância fu ndamental dentro deste programa.
conservação da audição fossem tomadas corretamente. Entretanto, devido às falhas Resumindo, um programa de conservação da audição segue então os seguintes
humanas, os protetores de ouvido não são sem p re usados adequadamente. proced imentos:
Adicionalmente, os limites de níveis de ruído correntemen te aceitos são designados
(a) Medição do ruído: um levantamento detalhado dos níveis de pressão sonora
para proteger somente uma certa percentagem do número de pessoas expostas.
dB(A) deve ser feito nas áreas em que é possível haver riscos à audição.
A audiometria deve ser realizada em qualquer pessoa a ser empregada pela primeira vez.
Testes audiométricos ad icionais devem ser real izados como segue: (b) Avaliação do risco: A medição do nível de ruído contínuo eq uivalente pondera-
do - A (lcq A) deve ser comparado com o corrente critér io de 85 dB(A) e todas as
(a) Em qualquer pessoa que tenha mostrado, num aud iograma inicial, anormalidade
máquinas, oficinas e áreas onde este nível for excedido, sinali zadas como área
de qualquer natureza.
de Risco de Ruído.
(b) Em qualquer pessoa que tenha sido empregada por um periodo de no máximo dois
anos em área de risco de ruído. A partir daí o próximo teste será feito no máximo (e) Redução de ruído: há várias situações onde a aplicação de técnicas de controle
ao final do ano seguinte, devendo ser repetido conforme o resultado obtido. de ruído é impraticável, não econôm ica, insuficiente ou simpl esmente os proje-
. '
Sarnir N. Y. Gerges Efeitos de Ruido e de Vibrações no Homem

tos são inviáveis. Nestes casos, dispositivos pessoais de proteção da audição [9] Elliot H. Berger & Jeffreg C. Morri li., No ise & Hearing Conservation Manual,
devem ser providenciados e os passos necessários tomados para assegurar que Americmr Industrial Hygiene Association, 1986.
eles sejam empregados.
[10) Goldmann D.E. & von Gierke M.R., The Effects of Shock and Vibration on
(d) Monitoramento audiométrico: nos casos em que protetores devam ser empregados Man. Medical Research lnstitute, Bethesda Matyland lecture and review series
para a redução do ruído a limites ace itáveis, é essencial o monitoramento da Nº 60-3. USA, 1960.
audição de todo o pessoal exposto a ruídos com potencial de dano. Isto porque,
protetores auditivos são raramente empregados na melhor forma, e a proteção [ 11) Kryter, K.D., The Effects of Noise on Man, Academic press, lnc, 1985.
fo rnecida pode ser inadequada. Um programa para ser eficiente, deve ter então o
[1 2) IB AMA, Resolución Conama 001e002 (Programa de Silêncio), Publicado
apoio de todos, desde os mais altos escalões da empresa até os empregados que
en el Diario Oficial de Unión el día 17 de Agosto de 1990, Sección 1.
estão habitualmente expostos ao ru ído. Ainda, o programa será mais eficiente se
for designado um membro responsável da organização como coordenador para [ 13) ISO/R 1996- 197 1 Assessment ofNoise with Respect to Comunity Response.
iniciar o programa, e segui-lo em cada passo assegurando o apoi o de todos.
[ 14) ISO 1995-1975. Assessment of Ocupati onal Noise Exposure for Hearing
Conservation.
2.11. Referências Bibliográficas
[ 15) ISO 263 1-1 978: Guide for the Evaluation of Human Exposure to Whole-
[ 1] Allen, G. R., Agard Proposed limits for exposure to who le-body vertical body Vibration.
vibrationfromO.I Hz toO.I Hz,-C P 145, 1975.

[2] American Industrial 1-lygiene Association. Industrial No ise Manual. 3de.


Westmont, 1996, 1v.

[3] ANS I S3. l- l 977, Criteria for PermissibleAmbient Noise During/\ udiometric
Testing.

[4] Brüel & Kjaer - DK-2850 Naerum-Denmark, Acoustic Noise Measurements.


[5] Coernann, R., et ai: The Passive Dynamic Mechanical Propertics ofthe Human
Thorax - abdomen System and ofthe Whole Bocly System. Aerospace Med.
Vol. 31, p. 443, 1960.

[6] Eldridge and J. D. Miller., Acceptab le No ise Exposure-damage Risk Cri teri a.
American Speech and Heari ng Association, Washington, DC, l'eb-1969,
pp.11 0- 120.

[7] Cohen, Alexander., Ex tra- auditory Effects of Acc upational No ise; 1.


Disturbances to Physical and Mental Health. National Safety News, Chicago,
108(2), Aug. 1973.

[8] Davies, D.R., Phys iological Effects ofNoise; a brief review. Proceedings of
Symposium on the Psychological Effects of No ise, Cardiff, 1967. London,
1970, Sect. 2.2.
'• Radiação Sonora de Estruturas Vibrantes

Capítulo 4

Radiação Sonora de Estruturas


Vibrantes

4.1. Introdução
Antes de se examinar métodos de red ução de ruído em máquinas, seria proveitoso
mencionar alguns pontos simples da teoria de vibrações, uma vez que a maior parte
dos ruídos irradiados por máquinas é gerada pela vibração de suas estruturas.
Todas as estruturas ou seus elementos têm uma séri e de freqüências naturais de
vibrações, isto é, se elas são excitadas, vibram e podem então emitir sons em várias
freqüências. O elemento mais simples para análise de vibrações consiste de uma
massa m (kg) suspensa sobre uma mola de rigidez k (N/m) (ver figura 4.1 ).

li li
Mosso m

Amor,1e Rimento !x R'191' dez 11


k 11
e
Base

Figura 4. I: Sistema com um grau de liberdade


Sarnir N. Y. Gerges

Se a massa é deslocada e liberada, ela oscilará em uma freqüência denominada


Freqüência Natural ou Freqüência de Ressonância./; dada pela fórmula :
••••
,// Radiação Sonora de Estruturas Vibrantes

A altura do pi co dessa curva é determinada pelo amortecimento aplicado


sobre a parte elástica do elemento.
Para se entender o processo de geração de ruídos em máquinas, é necessári o
desenvolver um pouco mai s o modelo teórico, pois quase todas as máquinas
1
1
= 2n v[k;;; geram vibrações em um número muito grande de componentes de freqüências.
O ruído gerado por vibrações de estruturas pode ser quantificado através do
nivel de pressão sonora ou nível de potência sonora. O nível de pressão sonora
O sistema ideal da figura 4.1 continuará oscilando para sempre. Entretanto,
NPS medido, depende dos seguintes fatores:
sistemas reais sempre têm alguma forma de amortecimento que reduz a amplitude
de oscilação para zero, após algum tempo. Um sistema elementar com um grau de - Distância entre a fonte (máquinas ou equipam en tos) e o medidor de níve l
liberdade, como o mostrado, tem somente uma freqüência natural.
sonoro ;
Sistemas mai s complexos, com massa e rigidez distribuídas, apresentam uma
freqüência natural fundamental e outras de ordem superior. - Orientação ou diretividade da fonte do ruído;
O efeito da freqüência natural do elemento também se apresenta quando uma - A mbiente no qual o nível de pressão sonora é medido.
força variável periódica é aplicada na base. Quando a freqüência de excitação é
Por outro lado, o níve l de potência sonora NIVS é urna propriedade física
igual à freqüência natural do elemento, a resposta de amplitude do elemento é máxima.
Se a freqüência de excitação é aumentada a partir do zero, a resposta do elemento característica da fonte de ruído, independente do ambiente onde está montada.
acompanha a curva mostrada na figura 4.2 Por isso, a potência sonora é um parâmetro absoluto importante para o controle
de ruído. A potência sonora pode ser usada para:

- Avaliar a qualidade acústica da máquina ou eq uipamento;


:-0 - A uxiliar no desenvolvimento de máquinas e equipamentos si lenciosos;
I0,05 - Calcular o níve l de pressão sonora NPS a uma dada distância da máq uina,
0,1,0 operando em um ambiente específico (a determinação de potência sonora é
-0,15 e apresentada no capítulo 7).
x
U::: 2P
o.k5s=cc Máqu inas industriais possuem formas físicas compl icadas, com distribui ção

-o
( /)
o
// ....
0,375
1 de níveis de vibração variáveis no espaço (ao longo da superfície), no tempo e na
freqüência. Como nestes casos a avaliação da potência sonora irradiada torna-se
~
~

~ !----- [\; ~0,50


(/)
Q) difícil, podemos estudar a potência irradiada de fontes simples, extrapolando os
a: 1,0 resultados para modelos de fo ntes mai s comp licadas, considerando-se, por

~ ~~
..............
exemplo, que uma máquina, é composta de corpos rígidos pulsantes e/ou vibrantes
como vigas, barras, placas, cascas, etc.
~ """-

o 1,0
---- 2,0 3 ,0 4,0 5,0
O espectro do ruído irrad iado é determinado pelo espectro da força. lrnagina-
se que a máquina é excitada por um vibrador de freqüência vari ável, aplicado no
ponto em que a força oscilatória gerada pela máquina normalmente atua. Se a
Razão de Freqüência ::; força do vibrador permanece constante e a freqiiência é variada, o nível de ruido
11
gerado por unidade de força pode ser medido e plotado em relação à freqüência.

...... Figura 4.2: Resposta de sislema de um grau de liberdade

,//
Este é chamado de espectro do ru ído.
Radiação Sonora de Estruturas Vibrantes
Sarnir N. Y. Gerges
Onde W é a energia dissipada internamente. Portanto, quanto maior for a dis-
4.2. Relações Gerais si pação interna de energia de vibração (r/,,," . alto), meno r será a velocidade de
vibrações de superflcies e conseqiientemente menor será o nível de ruído gerado.
A potência acústica emitida é um parâmetro prático de co ntrole de ru ído. O fator de perda mecânica está rel·acionado ao fator de qualidade Q,,, mecânica
Quando o ruído é irradiado por um corpo vibrante, esse corpo perde energia por e à razão de amortecimento Ç, da seguinte forma:
este mecanismo. A potência acústica irradiada W é relacionada com a Resistência
de Radiação R com o Fator de Perda de Radiação 17 . / e com a Eficiência de
rad' '"' 1
Radiação (Jm.i através da seguinte expressão: Q,,,=-- (4.4)
1111wc

W = Rrad < 7 > =OJMTfrar1 < v2 > = p cSa md <vi > (4. 1)
ç = .E_ = !],,,..,. (4.5)
onde: e,. 2
< v2 > é a velocidade média quadrática em espaço e tempo (m/s)2 ond e:
p densidade do meio (kg/m3) e é o coeficiente de amortecimento
e velocidade do som (m/s) C .. é o coefi ciente de amortecimento crítico
S área de superflcie da fonte vibrante (1112)
w freqüência em radianos por segundo (rad/s) e =2&e

M massa modal da fonte vibrante (Kg)


A tabela 4.1 mostra valores típicos de 17111"c para vários materiais.
<> médi a espacial!
As dissipações em juntas podem contribuir significantemente para o fator de
médi a temporal
perda mecânica. Para pressões de contato, altas e baixas, as energias dissipadas são
O parâmetro adimensional, eficiência da radiação, (Jmd' fornece uma indicação pequenas, portanto, existe uma pressão ótima para dissipação máx ima. No caso de
de como a fonte de ruído irradia energia sonora. Estes valores são normal izados com junta parafusada, uma pressão ótima é da ordem de 0,5 x 106 a 5x 106 N / m2 e
corresponde a um fator de perda mecânica de 4%, aprox imadamente.
a área da superílcie vibrante Se a velocidade < v2 > normal à superficie. A introdução de materiais de alta perda mecânica em juntas, como por exemplo,
A resistência de radiação R m.i é a parte real da impedância de rad iação z, e tem materiais viscoelásticos ou materiais granulares (areias), pode aumentar o fator de
como unidade [Watt/(velocidad)2]. O fator de perda de radi ação é adimensional. perda mecâni ca até um valor de 10%.
O fator de perda total 7J pode ser considerado como sendo a soma do fator de A potência acústica irradiada por um corpo vibrante pode ser obtida através da
perda mecânica 17 associado com o amortecimento interno do material, e o fator solução da equação da onda submetida às condi ções de contorno de uma superficie
de perda de radiaÇ'ã~' 11m.i, correspondendo à radiação sonora. Portanto: vibrante, e pode ser calculada por um dos métodos que segue:
(a) Em um campo próximo; pela média temporal da integração do produto da pressão
(4.2) sonora Ps pela velocidade da superficie do corpo Vs sobre a área vibrante ds:

O fator de perda mecânica 7Jmrc é responsável pela dissipação da energia vibratória W = JPsVsds (4.6)
dentro do material;
onde:
Energía disipada W c1;.u
P" e V, são respectivamente, a parte real da expressão da pressão sonora de
11mer = ,, • · = (4.3) campo próximo e a velocidade de superficie.
Energia Injetada wM < v2 >

llllliiiiílsl
Sarnir N. Y. Gerges Radiação Sonora de Estruturas Vibrantes

Material Fator de Perda 4.3. Radiação de Ruído de uma Esfera Pulsante


Mecãnlca
Do ponto de vista teórico, a fo nte mais simples é a esfera pulsante, isto é, uma
Alumínio 10 ·•
10 ·3
esfera cuj o raio varia senoidalmente com o tempo (ver figura 4.3). É óbvio, pela
Latão. Bronze
simetria, qu e tal fo nte gerará ondas esféricas harmônicas unid irecionais. Exemplos
Tijolo 1 a 2 X 10-2
práticos de tal tipo são: ru ído de cavitação, explosão, ruído da queima de uma gota
Cobre 2 X 10-3
de combustível, ruído do gás de escape de silenciadores, etc.
Cortiça 0,13a0,17
Vidro 0,6a2x10·3
Placa de Gesso 0,6 a 3 X 10-2
0,5a 2x 10·3
z p (r)
Chumbo
Magnésio 10 ·•
Bloco de Construção 5a7X10·3
Carvalho 0,8 a 1 X 10·2
Plástico 5X 10·3
Acrílico 2 a 4 X 10·2
Madeira Compensada 1 a 1,3 X 10·2
Areia Seca 0,6 a 0,12
Aço, Ferro 1 a 6X 10·4 y
Estanho 2 X 10-3
Placa de Madeira 1 a 3X10·2
Zinco 3X10·4

Leve 1,5 X 10·2 X


Poroso 1,5X 10 -2
Denso 1 a5 X 10·2 Fig. 4.3: Esfera Pulsante

Tabla 4. 1: Valores típ icos do f ator de perda mecânica 11m.i


A potência sonora irradiada pode ser obtida através da solução da equação da onda
acústica em, coordenadas esféricas (ver Capítulo 1) . Para fonte simétrica ( e = cp = O)
(b) Em um campo afastado; pela média temporal da integração da intensidade acústica I e harmônica no tempo, a pressão acústica é dada por:
sobre uma superfície fechada contendo a fonte ds:

f..(r, t ) = A ei<w•-kr> (4.9)


W = Jl ds (4.7) /'

onde:
(c) /\ través da multi plicação da pat1e real da impedância de radicação pela velo-
f..(r , t ) é a pressão acústica complexa a uma distância radial r no tempo t;
cidade < v2 > : A é uma constante complexa que depende das condições de contorno;

......
/' é a distância da fo nte ao ponto de observação ;
W = <vi > R""' (4.8) k é o número de onda (k = w /e)

,//
Sarnir N. Y. Gerges Radiação Sonora de Estruturas Vibrantes

A velocidade da partícula é dada pela seguinte equação (ver capítulo 1): e a intensidade acústica é dada por:

.)
U( 1, 1 _
----l -J -
P -_( -+1
l ·kJA.
--e i(w1-kr) -_( 1+ I- JE_(r,
--- /)( 4. IO) p2
l = ....!!!!L =
pck2Q2
para ka << 1 (4.15)
- iwp J r r iwpr ikr pc pc 32;r 2 r 2

Satisfazendo-se a condição de contorno, a velocidade da superfície da esfera onde


deve ser igual à velocidade da partícula no meio, parar = a, onde a é o raio da esfera. P,.~,.. é a pressão sonora méd ia quadrática no tempo.
Então a constante A. é dada como segue:
A potência sonora irradiada pode ser ca lculada pela integral da intensidade
acústica sobre qualquer superílcie fechada contendo a fonte, isto é:
V(1e ;'"' = (~ + ik) •
A. ei<1v1- k(I>
a 1wpa 2

ou W =p c4;ra ,- -V2
11
-
,
k2rr para ka << 1 (4.16)

pckQ (ka + i) eik(I ou


A = - - - - -2- (4. 11 )
- 47r 1+ k2a

para ka << 1 (4.17)

A= ipckQ para ka << 1 (4.1 2)


4;r
Então as seguintes observações podem ser feitas:
Onde:
(a) A pressão acústica i rradiada é in ver samente proporcional à distância ,.
110 é a amplitude de velocidade na superfície da esfera
(ver equação (4.14)). Ass im, tem-se um caimento de 6 dB a cada duplicação da
Q = 4n aJ 110 é a velocidade de volume (m 3/ seg).
distância (201og2 = 6 dB).

Para ka << 1 o 2n a <<À, isto é, quando a circunferência da es fera é bem menor (b) A eficiência de radiação a,,u,pode ser obtida substituindo a equação da potência
do que o comprimento de onda', tem-se a fonte pontual ou monopolo. em (4.1):
Substituindo a equação ( 4. 11) ou ( 4. 12) em (4.9), a pressão acústica ir radiada
por uma fonte de ruído pul sante é dada por:
(4.18)

P(r 1) = pckQ (ka + i) e '1w1-kr+kn>


(4. 13)
- ' 47rr 1+ k2a 2 a111" = 1 para ka >> 1
a,.
0" = O para ka ~ O
ou
A figura 4.4 mostra que a eficiência de radiação u,YU, é alta quando ka?:. 1, isto
P(l·,t) =
- ipckQ e i<Wl - fr J
para k a<< 1 (4.1 4) é, quando o perímetro da seção da esfera é maior ou igual ao comprimento da onda
- 4Jrr (2n a 2! À).

llllllmlll
Sarnir N. Y. Gerges Radiação Sonora de Estruturas Vibrantes

Úrad 0,6

1,0 G"rod=0,9
E
0,4
=o

.Q
o
o::
0,4 0,2

0,2

4
2p 5,0 103 10
1,0 3,0 4,0 ka
Freqüência (Hz)

Figura ./. ./: 1:.j iciência de radiação da e~fera pulsanle Figura 4.5: Relação enlre raio efreqiiência para o;,,. 1
= (),9

(c) A potência sonora irradiada é pequena para ka << 1 ( pequeno raio a e/ou em Por outro lado, quando kr > 1, tem-se um campo RESISTIVO dominante e a
bai xas freqüências), o que indica a necessidade de um alto-falante com raio grande co mponente da pressão ac ústi ca está em fase com a veloc idade da partícul a.
para geração de som em baixas freqiiências. Por exem plo, para CJmd= constante, Nesta região tem-se a energia acústica irradiada para fora. Então, para a medição da
temos a seguinte relação entre a freqüência e o raio (ver equação 4.1 8): potência sonora irradi ada, o m icrofone deve ser colocado numa di stância r > I / 2p
(um a distância de r > I / 2 é aceitável) .
?
? ? C-(J 1111
. I (f) Um exemplo interessante é o de uma fonte hemisféri ca pul sante, montada na
f -a- = =constante (4 . 19) superfície de um pl ano infinito rígido (bqffle).
. 4Jr2 (1- (Jrai/)
Neste caso a radiação é confinada a somente um lado do plano (ver figura 4.6).

A figura ( 4.5) mostra que para as bai xas freqüências precisa-se de um rad iador
com grande raio. Então, por exemplo, um alto-fal ante com raio = l 8cm apresenta
boa rad iação sonora para freq iiências acima de 800 Hz.
(d) A potência sonora W aumenta com pc. Por exemplo, a radiação na água é maior
do que no ar. W também aumenta com a velocidade de volume, Q, da superfície
da fonte.
(e) A equação (4. 1O) mostra que, para kr < 1 a pressão acústi ca e a velocidade da
partícula estão fora de fase (para kr = 1, temos 45º de di ferença de fase). Então
tem -se um campo sonoro RC!ITI VO dominante quando kr ~ 1 (e fe i to do
movimento da massa e/ o u rigidez sem elemento dissipati vo). Fig"ura 4.6: Fonte hemisférica

111111mm
Sarnir N. Y. Gerges
Radiação Sonora de Estruturas Vibrantes
Pela simetria existente, a pressão acústi ca gerada em um lado é análoga àquela
que é produzida em campo li vre por uma fonte esférica, sendo dada por:
d p = ipck ~ds ) ei(tor-kr"J (4.23)
- 2Jrr'

P(r !) = ipck Q ei<wHrJ (4.20) onde r 'é a distância do elemento da superfície ao ponto do meio onde d.P será medido.
- ' 21rr "

onde Q" é a velocidade de volume da fon te, dada por: Q" = 2ncr2\10 y

Similarmen te, a intensidade acústica e a potência sonora são dadas por:

(4.2 1)

(4.22)
X

(g) O ruído gerado pela cavitação em válvulas, bombas, etc, é o resu ltado da explosão
de bolhas de gases, as quais podem ser consideradas como fontes acústicas do
tipo monopolo. Nas baixas freqiiências as fontes monopolo são mais eficientes
do que as fo ntes dipolos e/ou quadripolos (ver figura 4.15).
A cavitação será um problema desde que possa atingir estágios de desenvolvi-
mento bastante avançados capazes de danificar a parte estrutural.
Figura 4. 7: Coordenadas do pistão

4.4. Radiação de Ruído de um Pistão


Uma equação para a pressão acústica irradiada pode ser obtida via integração da
equação 4.23 na superfície do pistão circu lar rígido vibrante com velocidade normal
4.4.1. Relações Gerais
a sua superficie V= V0 cos OJt. A rad iação será simétrica em relação ao eixo x.
Em geral, a radiação de ruído produzido pela vibração de uma superfície com Usando-se coordenadas esféricas (1; e) para medir a pressão sonora, e coordenadas
dimensão maior do que um comprimento da onda, não tem simetria de diretividade. polares (<J,l/f) para o elemento da superfície do pistão (veja figura 4.7), um elemento
A pressão acústica de tal fonte produzida em qualquer ponto será a soma das pressões de área pode ser representado por:
produzidas por fon tes simples (ver figura 4.7). Um elemento infinitesimal de área ds
de uma superfície vibrante prod uz uma pressão çf_P dada por (ver equação 4.20):
ds = o d od1p (4.24)
Sarnir N. Y. Gerges Radiação Sonora de Estruturas Vibrantes

A di stância r · é dada por: A ssim a pressão acústica produzida por um pi stão ao longo do ei xo X ( (} = 0) é
igual à pressão da fonte simples hemi sférica. Os valores do termo de direti v idade
em função do ângulo são mostrados pela figura 4.8.
r'= ~~- 2 + a 2 - 2ra sen () cos l/f)

,.
r'=r ( l- a sen 8cos!f1J para ª,. << l (4.25)

Também , a contribuição de cada elemento do pistão para a pressão total em um X


ponto consideravelmente distante (r >> a) será aprox imadamente igual (para todos ...... 0 .8
os elementos). Então, a distância r · no denominador da equação 4.23 pode ser tomada x
como r (r ·:::::: r). Assim, substituindo as equações 4.24 e 4.25 em 4.23, tem-se: -5
N 0 .6

IP -- ip
~ -ck- V0 ei(to1 -kr)e'"'"""º"º'VI c.s
I 0.4
21rr
ou 0 .2

o 2 16 X

-0.2

Figura 4.9: Função 2.J1(x) 1 x


P(r () t) = ipckQ 21 1(ka sen ()) e•<io•-lr> (4 .26)
- ' ' 2:rr,. ka sen e

onde :
Os valores de pressão são nulos qu ando:
J 1 é a função de Besse l.
Q é a ve loc id ade de volume da fonte (Q =n a 2 V0 )

As equações 4. 14, 4.20 e 4.26 são simil ares, com exceção da presença do termo
21 1(ka sen e) ~ o
ka sen ()
de diretividade:

21 1(ka sen () ) =1 _ (ka sen 8 )2


e os valores de e correspondentes aos zeros são:
(4.27)
ka sen () 8
sen = 3,83 7 ,02 10,75 (4.28)
8
para ka sen e< 1 ka ' ka ' ka
Sarnir N. Y. Gerges Radiação Sonora de Estruturas Vibrantes

Então, o primeiro ângulo é dado por: Então


O'rnd ---? O para ka ---? O

3 83 cr,."'1 ---? 1para ka >> 1


e, = sen _, •
ka A figura 4. 15 mostra a vari ação da eficiência de radiação do pistão com ka.

que marca o ângulo extremo do lóbul o maior.

Portanto, quando o raio do pistão é grande em relação ao comprimento de onda


(ka >> 1), a fo rma da diretividade será com muitos lóbulos e se ka 5 3.83 só existirá
o lóbulo maior (ver figura 4.9).
Se ka << 1 o term o de diret ividade é quase unitário (unidirecional).
A intensidade acústi ca é dada por:

=~=
1
pck-V
1
0 1r-a
2 , 4[ 2J (kasen () )]2
1
-90°'---'--'--L-J'---JC..::.::...J...._.__.__.__._~
1 2 2 OdB -20 -40 - ~ -30 -10 OdB -20 -40 -50 -30 -10 90º
2pc 8;r r kasene
(a) f=250 Hz (b) f = 1.000 Hz

1 = 10 [2.1 (ka sen e )]


1
2

(4.29)
ka scn ()

A figura 4 .9 mostra o gráfico polar da diretividade para um pistão de raio


a = O, 1m, isto é, a variação do log (///0 ) com eem várias freqüências. -9Q1V\-_._....._......_.L.-.._,..~_._....__._~

A potência sonora é dada por: OdB -20 -40 -50 - 30 -10 OdB -20 -40 -50 - 30 - 10
\ e) f = 2.000 Hz (d ) f = 4.000 Hz
W = fI ds Vigura 4.9: Diagra111a polar de diretividade para pistcio de raio a ~ O, 1 111
ou

(4.30)
4.4.2. Banda e Índice de Diretividade
Um método para especificar a diretividade da fonte tal como o pistão ideal izado,
Então a eficiência de radiação cr,."" é dada por:
é a banda do lóbulo maior. Teoricamente a intensidade é zero no primeiro ân-
gulo polar dado por sen e
= 3.83/ka = 0,6 1 íl la. Na prática, no entanto, a inten-
O' = _ 2J 1(2ka) sidade nula não é encontrada devido à existência inevitável de ruído de fundo no
1 (4.3 1)
'"'' 2ka ambiente se fazendo necessário usar então um valor para especificar a banda 28.
Sarnir N. Y. Gerges Radiação Sonora de Estruturas Vibrantes

A razão usada por vários autores varia da seguinte forma: por exemplo, para ka = 8Jr. Teoricamente o fator de diretividad~ para um pistão irrad iando som em um lado
de um espaço infinito pode ser ded uzido. A intensidade na direção () é dada por:

máximo f- = 0,5(-3d8)2q = 7,4º


o = 41 1\ka sen fJ)
1 10 2
(ka sen fJ )

máximo f- = 0,25(-6d8) 2q = 10, 1°


o Considerando-se um elemento de área ds = 2n r 2 sen () d() na superfície da
esfera de raio r com cent ro no centro do pistão, a potência ac(1stica é dada por:

máx imo f- = O, 1(- 1OdB)2q = 12,9°


o
W = 8tr: r
2 JJ
IL
2
1
2
(ka sen ()) sen () e,/(}
0 (ka sen () ) 2

máximo -f-o = (- 17,5dB)2q = 17,3° ou

Outro método para especificar a direti vi dade de fontes sonoras é através do Fator (4.34)
de Diretividade D, dado por:
E o fator de diretividade
D= l.JL
/ l'f'/
D = 4Jrr 2/ o = k2a2
(4.35)
e o índice de diretividade d, dado por: W _ 2J 1 (2ka)
1
2ka

I0 Se 2ka < 1 D = 2
d= IOlogD = IO log- (4.32) 4nS
I ,.,f Se 2ka >> 1 D - k1 a 1 = - -
42
onde
A exp ressão teórica para o índi ce de diretividade pode ser obtida fazendo
w d = 1O log D = 20 log (ka) para 2ka » 1.
l ,4 = ----:; (4.33)
4tr:r
4.4.3. Intensidade Sonora Próxima a uma Fonte Pistão
W = J ldS é a potência total irradiada pela fonte. Nas seções anteriores, considerou-se r ' e r >> a, isto é, a pressão e a densidade
produzidas por um pistão em distâncias bem maiores do que o comprimento de
O fator de diretividade varia entre a unidade (para uma fo nte simétrica tal como onda. A análise nos pontos próximos ao pistão é complexa e portanto restringir-
uma fo nte simples isolada) e vários valores maiores para fontes altamente direcionais. se-á o tratamento à anál ise em pontos sobre o eixo onde:
O fator de di retividade para um a fonte simples irrad iando em um lado de um espaço
semi-in finito é, D = 2. r '1 = ,.1+ s i (4.36)
Radiação Sonora de Estruturas Vibrantes
Sarnir N. Y. Gerges
A intensidade em pontos no eixo x tende a zero quando r cresce até infinito. Nas
Desta forma a equação (4.23) ficaria: freq.üências altas, onde a >> À a equação 4.40 será:

- ikJr '.? +<1 2


ipck V iWI e
d P = - - oe -;:::= = = "'
r/S ª2
,. ==-
2TC .J,.2 + <J2 - 2íl.

Integrando-se sobre a superfície do pistão, tem-se:


Finalmente, para distâncias grandes em comparação com o rai o do pistão, a
equação 4.38 será:
1 1 -e-ikr)
_P -- - pc \! 0 eiwt( e-ikJr +a (4.37)

(4.41 )
A parte real da equação 4.37 representa a pressão verdadeira e pode ser usada
para determinar a intensidade ax ial /0, sendo
que é igual a eq uação 4.29.
(4.38) Em geral, a intensidade axial próxima à superfície do pistão sofre grande variação.
Aumentando-se a distância, a intensidade apresenta uma série de picos de amplitudes
co nstantes, alternados por posições de intensidade zero. A última posição de
No centro da superfície do pistão, onde r = O, ?

intensidade zero ocorre na vi zinhança de r = ~~ . A um a grande distância a

/ 0 (r = O) = 2pcV0 sen
2 2(ka)
2 intensidade atinge seu último máx imo e então, quando r > 2 f, decresce
inversamente com o quadrado da distância. A equação 4.41 é válida para distâncias
2 2
~
2
Assim, a pressão e intensidade são iguais a zero quando = llTC, onde n é um r > ~ . Para distâncias menores que ªíl. o som irradiado pode ser entendido
número inteiro. Similarmente a pressão e intensidade são iguais a zero na distância r como se esti vesse confin ado em um cilindro de rai o a, enquanto que, além desse
no eixo do pistão, onde: ponto, tem-se aproximação esféri ca divergente. A figura 4.1 O mostra de que maneira
a intensidade varia com r quando a = 4À.
!:.._(~,.2 + a2- r) = nrc (4.39)
2
4.4.4. Reação no Pistão Vibrante
O maior valor der que satisfaz a equação 4.39 é o que corresponde a n =1 Para a determinação da equação di ferencial do movimento din âmico do pistão,
é necessá ri o incluir, não somente as constantes dinâmicas (massa, ri gidez, e
res istência mecânica), mas também a força com a qual o meio reage na superfície do
~,.2 + ª2 - ,. = íl. (4.40) pistão. Essa força de reação é necessária no sentido de transferir energia do comando
para o meio e poderá ser computada da ex pressão da pressão acústica em pontos no

......,//
meio imediatamente adjacente à superfície do pistão.
Se a freqüência é baixa ou a :::; À a equação não terá solução real.
Samir N. Y. Gerges Radiação Sonora de Estruturas Vibrantes

Considerando uma área infinitesimal ds da superfície do pistão, d12. como o A força reativa total agindo no pistão será
incremento na pressão que o movimento de ds produz no ponto adjacente de algum
outro elemento da área do pistão ds' (ver figura 4. 11 ), a pressão acústica total E. no
meio adjacente a ds' pode ser obtida in tegrando-se a equação 4.23 na superfície do L~-fffds' (4.43)
pistão. Assim, ou

( 4.42) f
_,
= - ipck
2JC
Voe""' Jf ds'Jf e·i!r ds
,. ( 4.44)

A força reativa agindo no elemenlo ds 'devido ao movimento de ds é a mesma de


ds devido ao movimento de ds '; portanto devemos duplicar o resultado final para
incluir cada par de elementos. Conforme figura 4.1 1:

ds' = sdsdy
onde
0 < l/f < 2TC
O< a < a

ds = r dq dr
donde
o 2a 4a 6a 8o -Jl < () < .!!.
Distância Axial 2 2
O< r < 2CJcos8
Figura 4.1 O: Campo sonoro próximo do pistão, a = 4Â.
Portanto,

f
-r
-ipck
=- - - V0 e""1
1C
l"CJ du12" dl/f JI-'f!. d(}Í2uco,Q· e-i!rdr
O O
2
O
(4.45)

A integração fornece:

(4.46)

onde
Figura 4.11: Elementos ds y ds 'usados para obter a força reativa na superflcie do pistcio R/x) e X,(x) são as funções impedância do pistão sendo:
Sarnir N. Y. Gerges Radiação Sonora de Estruturas Vibrantes

4.4.5. Impedância de Radiação


x2 x4 x"
Ri(X) = (2)(4) - (2)(4 2 )(6) + (2)(4 2 )(6 2 )(8) .. . Z.,. é a relação entre a força exercida pelo pistão no meio e a velocidade do
pistão. De acordo com a terceira lei de Newton da igualdade entre a ação e reação,
e essa força deve ter sinal negativo. Usando-se a equação (4.46) pode-se escrever:

(4.48)

R 1 (x) é a função de resistência


X 1 (x) é a função de reatância A fo rça de reação pode ser expressa em termos da impedância de radiação

(Veja figura 4.12)


f =Z
~r
V e""'
-r O (4.49)

A equação diferencial de movimento do pistão, excitado por uma força complexa


;~ r-..... Feia" será:
- -nR (x)
I 111
J 2J:
Jt 2
Jf
-'='- + R - '=' + sÇ = Fe""' - Z V /'"'
"' Jt - ( 4.50)

1'íl\
- r O

0 .5 onde
/. J ~Xl (x) Ç é a coordenada de deslocamento
111 é a massa do pistão
"'-..... -
oV
~
R111 é a resistência mecânica
............... ~
s é a constante de rigidez
o 2 4 8 12 16
X---
A solução da equação (4.50) é dada por

Figura 4. 12: Funçcio de impedância do pislão

\1 = (F - - Z_ ,.V() )e;'"'
(4.5 1)
Parax << 1 _ ,, R,,, + i(wm - s / w)

4,.
R1( "'Y) =~
,. 2
8
.
e X 1(-'=3JZ'
•)
-
"' (4.47) Desde que o movimento inicial do pistão seia
._,
V
- 1>
= Voe;"' ' a eq uação 4 . 51
torna-se:
Para x > 1
F
V o = -----=--- - -
- R,,, + i(Wm - s / W) + ~r

ll!mllllll
Sarnir N. Y. Gerges •111111 Radiação Sonora de Estruturas Vibrantes

ou A carga da massa adicional reduz a freqüência de ressonância para:

F
V =--==--- ( 4.52) , s
-º Z
-111 +Z
_ ,.
ál() =---
111 + 111,.
onde ~"' = R111 + i (mm - s / úJ) é a impedância mecânica. Sem carga da massa adicional a frequência de ressonância é

A impedância total agindo no pistão é a soma da impedância mecânica Z111 e a


, s
impedância de radi ação z.,.. Sendo ambas fu nções da freqüência, a amplitude da ál() = -
ve locidade V não será constante quando a frequência varia, a menos que a força 111

motriz també~11 varie de fo rma a manter F / (Z111 + Z.,.) constante. As unidades de Z.111
Em altas freqüências ka >> 1
ou Z. .são kg/seg.
Ás componentes real e imaginária são definidas como resistência de radi ação e
reatância. Para um pistão circular montado em espaço infi nito, tem-se:

R,. = npca 2 R1(2ka) ( 4.53)


e

_ 2pa
(4.54) 111,. -y (4.58)

A reatância é sempre positi va e seu efeito é equivalente ao se somar, à massa real


do pistão, uma massa adicional 111,. dada por: Nota-se que em altas freqüências a carga da massa adicional produz efeito menor
do que em baixas freqüências (ver figura 4. 13).
X, .v (2ka)
111,. = -
á)
= "ª 2
PA 1 k
(4.55)

3
Em baixas freqüências, onde 2ka << 1, tem-se:

..-
2
4 2ka (4.56) O>
X (2ka)::: - - ~

1 " 3 ....
e E
8 2
111 1• = - pa 3 = pna .11 (4. 57)
3 o
50 100 500 lk 5k 10k
Essa massa é eq uivalente à massa do cilindro imaginário de mesmo raio que o Frequência ( Hz)

do pistão e tendo comprimento ,1./ = ~~ . Figura 4.13: Massa adicional do pistão vibrante em água (a=O, / m)

-·••111
Sarnir N. Y. Gerges •111111 Radiação Sonora de Estruturas Vibrantes

Existe uma relação direta entre a potência acústica gerada pelo pistão e o tr~balho
4.5. Radiação de Ruído da Esfera Vibrante
feito contra a resistência de radiação R, . A potência média expressa em Watts e dada
por uma eq uação similar àquela do oscilador simples. Em muitos casos não se pode utilizar o modelo da esfera pulsante (item 2.3).
No caso da vibração de motores diesel, elétr icos, transformadores ou compresso-
res herméticos, onde se tem um corpo rígido vibrante (ver figura 4.14 ), uti liza-se
(4.59) a expressão da velocidade da superfície normal de uma esfera vibrante dada por:

Usando-se a equação 4.53 (4.64)

(4.60)

Quando 2ka < 1, isto é, pequenos pistões ou bai xas frequências

k2a 2 (4.6 1)
R (2ka) = -
1 2
Portan to:

(4.62)

O que mostra que:

W - - s2v2
_ -pck2 o
4;r
Fig ura 4.14: Esfera Vibra nte
ao se veri licar a equação 4.22 de uma fonte simples com velocidade de volume

= uando
Q,, Q SVO'
ka >>
' - 1 f •• A • •
1, isto é, grandes p1stoes ou a tas req uenc1as.
Similarmente ao caso da esfera pulsante, aplicando a condição de contorno,
a i ntensidade e a potência sonora são dadas por (ver capítulo 1):

R, =pena '- = p ca 2 v0?- cos 2 () (ka) 4


e então 1 2 4
(4.65)
2r ( ka) +4
W =2'l pc:ra-v =2l p csvo
? ?
0-
2 (4.63)
e

(4)
2 4
Assim, a potência sonora IV é a mesma de um pistão (veja capítu lo 1) irradiada W = pc - :ra 2 \10 (ka }
---
4 (4.66)
uma onda plana dentro de um tubo de raio a. 3 4 ( ka) +4

ll!mllllll llllllmifII
Samir N. Y. Gerges Radiação Sonora de Estruturas Vibrantes

Portanto, a eficiência de radiação é dada por: 4.6. Radiação de Ruído de um Pistão numa
Superfície Esférica
4
(ka) (4.67)
(J = _;___;____ Um modelo idealizado da radiação do ru ído de um pistão vibrante em um corpo
md (ka)4 + 4 rígido de esfera (a boca humana, um alto-falante, caixa acústica, ele) pode ser obtido
pelo tratamento matemático do ruído irradiado por um pistão vibrante, com velocidade
V0 e""' (normal à superfície) subtendido por um ângulo 2a e com um raio efetivo
0",.,,.1 =- 4-)4
(/.:a
para ka << 1, fo nte dipolo b = a sena. O restante da esfera permanece rígido. A anál ise matemática deste caso é
complicada, e foi apresentada por Morse em 1948. /\ potência sonora gerada é dada por:

A figura 4.15 mostra a comparação das três fo ntes: esfera pulsante, pistão e
esfera vi brante. Nota-se que para todos os casos a eficiência de radiação CJ,."'1 ~ 1 (4.68)
para ka >> 1.

onde CJ"'"' é a eficiência de radiação, dada na figura 4. 16.

A figura 4. 16 mostra que para kb ~ 3 o valor de (Jmd - 1, independe do raio da


úrod

/
.
--·--- ...........
--~ ·
/ .

........... _ ............
esfera a.

/
0,8
/
I
0,6
I , t/
ESFERA PULSANTE
- o-
I (MONOPOLO)
"' / ~
b
ESFERA VIBRANTE
(DIPOLO ou oas MONOPOLOS) ~-*
V
8
2 4 6 8 10 ok kb

Figura 4.15: Eficiência de radiação de três tipos de fonles Figura 4.16: Radiaçcio de 11111 pistão numa esfera
Sarnir N. Y. Gerges Radiação Sonora de Estruturas Vibrantes

4. 7. Radiação de Ruído de Corpos Cilíndricos 4.7.1. Radiação de Ruído de uma Casca Infinita
A radiação de ru ído a partir de cor pos cil índri cos é em geral a fonte mais comum Para um cilindro infinito vibrante com número de modo axial S (ou número de
de ruídos em fábr icas. Incluem-se nesta categor ia suportes de estrutu ras, tubulações, onda estrutural, k= = n S / /,onde I é o comprimento do cilindro considerado) e com
prensas, máqu inas têxteis, pi lares, etc. modo circunferencial 111, a seguinte fórmula expressa a velocidade superficial normal :
Nesta seção, a so lução geral da eq uação de onda em coordenadas cilíndricas é
apresentada para as cascas infinitas e finitas. As soluções para os casos especiais tais
como v igas c ilíndricas, cascas pulsantes, etc, podem ser obtidas. V = V0 sen(k: z) cos(nl(/J )e-h•r -oo< z <oo (4.7 1)
A potência acústica pode ser determinada calculando-se a pressão acústica na
superfíc ie v ibrante, e obtendo-se a potência média no tempo, pela integração do
produto da pressão pela velocidade superficial normal sobre a superfície da estrutu ra. Apl icando as condições de contorno, a potência sonora gerada é dada por:
Isso req uer que a so lução da eq uação da onda sati sfaça duas condições de contorno:

(a) Igualdade entre a velocidade da partícu la do fluído em contato com a casca e


w = v}wp e _ _ ___
a velocidade superficial normal.
(b) Somente as o nd as qu e deixam a superfície devem ser con sideradas para 2 -21-H 111 (- )J'
k ka
(4.72)

sati sfazer a condição de campo l ivre.


onde
A solução da equação da onda em coordenadas cilíndricas é dada no capítulo 1 como: - 2
k = kl; - k2 é o número de onda;
Hm é a pr imeira der ivada da função de Hankel.
e · Huf - ( )
P(r,r/J, z, t) = - - f 'LA111 cos(111r/J)H 111 kr eikz dk (4.69) Po11anto, a resistência de radiação e o fator de perda de radiação são, respectivamente:
2Jr --111=0

onde:
P é a pressão acústica (4.73)
r,ip,:: são as coordenadas ci líndricas
/-/
111
é a função de Hankel de ordem m, H111 = J + iY
111 Ili

J111 é a função de Bessel


Y111 é a função de Neumann (4.74)
- 2 2 ..,
k = k0 - k·
k - (J)
onde
o - e
M é a massa da casca
O valor de !1 111 será obtido pela co ndição de contorno da ig ualdade entre a p 111 é a densidade do material da casca
velocidade de partícula e velocidade de superfície, isto é:
Em altas freqiiências, quando ka >> (111 + 1/2). tem-se:

V1 =- -
1 - Jpl 4wpe Jrka
r=fl iwip a,. r=a
(4.70)
R""1 = k2 2 (4.75)

llllllmrB
Sarnir N. Y. Gerges

e a eficiência de radiação será:


•••• ,// Radiação Sonora de Estruturas Vibrantes

Número do ·Modo
R mt1
a nul = p c2TCa/ =1 (4.76)
Circuferenciol m

1.
A eficiência de radiação é máxima em altas freqüências e isto, ocorre porque
nessas freqüências a pressão acústica e a velocidade da partícula estão em fase e
fornecerão um valor máximo para a radiação de ruído. A figura 4. 17 mostra a variação
de 17mt1 com a freqiiência para diferentes modos circunferenciais 111. li
No caso de tubo pul san te, em ba ixas frequ ências, tem-se : m= O e ~
0.1
IH (ka)I = 4/(TCka), então:
0

(4.77)
º'JilºQ')
'-'--"

t..=..J

e e!
e 0.01
C\J
TCka
a ,.{I{, =-8- (4.78)

No caso de tubo osc il ante, nas ba ixas freqüê ncias, tem-se: m = 1 e


0.001.....___._._.__.__._.._.__.L.......ll'-----'----'-----.l.-.-__..l.__.J
IH, (ka)I =2/(TCk2a 2
), então: o 2 4 6 8 10 12 14
o~ o z
R ,.,"1 -- wp f1..n 2k 2 a " (4.79) Figura 4.17: Radiação sonora de casca infinila

4.7.2. Radiação de Ruído de uma Casca Finita


(4.80)
Neste caso, a velocidade de superfície é dada por (ver figura 4. 18):

Portanto, em baixas freqilências fo ntes do tipo pulsantes são mais eficientes do


V = 0,0 para (4.81)
que as do tipo oscilante.
Radiação Sonora de Estruturas Vibrantes
Sarnir N. Y. Gerges
A solução numérica da equação 4.82 é demonstrada na figura 4.19. Portanto,
e a efiçiência de radiação é sempre função de /11 = número de modo circunferencial,
S= número de modo axial, e de kJk= = número de onda acústica/número de onda est111tural
para (k,=rc SI/ e fia = comprimento da casca/raio extemo da casca). Para valores pequenos de
kJk: (baixas freqüências) a eficiência de radiação cai exponencialmente (ou linearmente na
escala logarítmica). Para valores grandes de k0 /k= (k0 /k= >> 1), a radiação da casca finita
aproxima-se assintoticamente da radiação da casca infinita e (Jmd = 1.
X

o
-50

'º,--,\,
\ - I
'éD
~

b
E
"O

S2
CI
o
-1

s=30 s= 30
Modo Circunferencial m =3 $2 m=5 50!--1-- 1- m= 5
1
Lia =100 Lia =10

I
.1 -3!:>U'-----'-----'---~ -3,!'>( J'---__,

0,1 1,0 10 100 o, l


_ _--1._ __ ,
1P 10 100
Figura 4.18: Casca.finita em coordenadas cilíndricas k/kz k/kz

o
Similarmente, ap licando as condições de contorno, a eficiência de rad iação é ,..... 50
1/
dada por:
3
(l)

-1oc
/
/
cos
2 kJ cose
= -16- 1"'2 2 l d() (4.82)
50
<J .
/OI
f

ª
7r 2 / 0 k; [ 1- k2
k~ cosi () ]1-
H,,,(ak0 sen()) sen() 1
2

00
s= 8
-
s =30
5: m= 2 - m=S
1/ a=lOO 1 /a =10
Não existe uma solução em forma explícita para a equação 4.82. Uma solução -30o -
aproximada para o caso de ki > 1O e k0 / k= << 1, é dada por:
-350 -
0,1 1,0 10 100 o, 1 1p 10 100
~( 2,. } (kº l "'+
2 2

(~} +'(,.2"'S2"' ~
2111
~i (4.83)
2 k/kz k/kz
2111 2
_
(írod - 2 _ ..... Figura 4.19: Radiação sonora de casca.finita
Jr 2 111.' k= ! 2 im+ 2111 + 1 2111 - 1 3

llllllmrD
Sarnir N. Y. Gerges •111111 Radiação Sonora de Estruturas Vibrantes

4.8. Radiação de Ruído de um Segmento de Casca N

No item 4.6 foi tratado o caso da radiação de ruído de um pi stão numa esfera e
demonstrado que para pequenas partes vibrantes, a radiação de ruído é independente
do raio da esfera e da forma da parte vibrante. A potência sonora gerada no caso de
duas dimensões, isto é, um segmento de casca de raio a subtendido por um ângulo a
(ver figura 4.20), que vibra com velocidade V0 e-"º'( independente de coordenadas z),
é dada por [8] :

(4.84)

onde

Figura 4.20: Seg111e1110 de casca


1
para ka >> 111 +- (4.85)
2

e
lindrico ko=0,4 ko=l
0= ~ :::::~(~)m+I 1

~+{3-
C v C
111
para ka << /11 +- (4. 86)
ka TC · - 2TC ka 2

Para baixas freq üências, onde ka << 1, tem-se:

kaa
(Y =-- (4.87)
md 16

Portanto a eficiência de radiação para b = 2Jra, isto é, para o caso do tubo pul sante,
é dada por:

kh 11.
0-rad = 16 = g ka (4.88)

o 2 3 4 5
ko
O compo11amento da diretividade de radiação e potência sonora são mostrados
na figura 4.2 1. Fig ura 4.21: Diretividade de radiação de seg111ento de casca

lllmllllll
Sarnir N. Y. Gerges Radiação Sonora de Estruturas Vibrantes

4.9. Radiação de Ruído de Placa Vibrante A equação (4.89) é válida para freqüên cias dadas por:

A lg umas fontes de som apresentam-se na forma de chapas finas o u painéi s e,


<--
vibrantes. Precisa-se entender a influência do carregamento do fl uido e dos parâmetros .f 2011
estrutu rais na eficiênc ia de radiação de tais estruturas, a fi m de que se possam fazer
estimativas teóricas da radiação sonora, e se possam apli car medidas de controle de
onde c1 é a velocidade da onda lo ngitudin al, dada por :
ruído.
Exi stem dois tipos de efeitos a serem considerados: as excitações mecânicas
localizadas, que ocorrem na estrutura da chapa, e a exci tação distribuída, devida a
e,= fE
presença do fluido circundante, que é uma excitação acústica (ou hidrodinâmica).
No primeiro ti po a excitação mecânica locali zada gera ondas de flexão livre que se
r;;: (4.90)

propagam com número de onda k". No segundo tipo, o campo fluido impõe um
movim ento de onda na chapa com número de onda própri o.
p, sendo a densidade do material da pl aca.
A ntes de se considerar a radiação da chapa v ibrante, analisa-se o problema geral
da radiação de ondas de flexão livre em chapas finas, infinitas e de espessura uni forme. Se for considerada uma onda simples, harmônica, para a forma de flexão da placa:

4.9.1. Onda de Flexão em uma Placa


(4.9 1)
U tili zar-se-á para o tratam ento deste problema o modelo de ondas de flexão
unidimensionais. O ndas acústicas planas geram ondas de flexão em paredes infinitas. onde
A equação di ferencial do movimento de flexão li vre unidimensional de uma placa Ç0 é a am plitude complexa de deslocamento de vibração
não amortecida é dada por (ver figura 4.22): k_r é o número de onda de flexão li vre

,,
_,,..............."'-
ç:...,__7
~
~
,,,r '
ç:
__?"
_
~r
---
... "]J =Deslocamento
... z
Substituindo-se 4.91 em 4.89, tem-se

(4.92)
Figura 4.22: Onda deflexão livre e

D 4;r 2
- -- -
(4.89) M íl.2
f
ou
onde
Ç é a coordenada de des locamento 4 , M
M é a massa da pl aca por unidade de área
k1 =or - (4.93)
D
D é a rigidez de fl exão da placa
D = Eh 1/ 12( 1 - v 2 ), para a placa homogênea então
h é a espessura da pl aca
v é o coeficiente de Poisson
E é o módulo de Young
c1 = -kw vrw 4{[;
-
M
r
= vW 4 --
E/i J
12P.1./1
= ~1 '.1
8 "e1li

(4.94)
1
Radiação Sonora de Estruturas Vibrantes
Sarnir N. Y. Gerges

Portan to, ondas de flexão em placas são dispersivas, isto é, propagam-se com
4.9.2. Radiação de Ruído de Ondas de Flexão Livres em
uma velocidade que depende da freqüência (velocidade de propagação do som em uma Chapa Infinita
fluidos não depende da freqiiência). O número de onda de flexão livre é dado por (veja a equação 4.93)
Para qualquer placa, existe uma frequência onde a velocidade da onda de flexão
c é igual a velocidade do som no fluido circundante e (c1 = e). Essa freqiiência
1
crítica w,. dada por: (4.96)

onde Me D são a massa e a rigidez de flexão por unidade de área, para placa
uniforme, homogênea de espessura h, densidade p e módu lo de elastic idade /~.
ou
D e M são dados respectivamente por:
c2 [M c2
f,. = 2" ~li = 1.s11c1 ( 4.95)
D=-- - -
E!t~
(4.97)
12(1 - v2 )
A freqiiência crítica/;. é inversamente proporcional à espessura da placa h.
e
Da figura 4.23, pode-se ver que existem fai xas de freqüênc ias nas quais ondas
de flexão se propagam com velocidades inferiores à velocidade do som, e outras nas M = p.J1 (4.98)
quais ondas se propagam com velocidades superiores à velocidade do som.
Então

kf = 1,86 - ú) )~ (4.99)
[ hc1

k1 é o número de onda de flexão para uma placa no vácuo. Quando a placa está
em contato com um fluido em um ou em ambos os lados, a reação do fluido ao
movimento da placa produz forças de carregamento que modificam k . Se o parâmetro
(C) l
pclwM (onde pé a densidade do fluido e e é a velocidade do som) menor do que a
unidade, a influência do carregamento do flui do sobre kr é pequena; isto acontece
para placas de aço em contato com o ar. ·

O fluido em contato com uma placa onde se propaga uma onda de flexão livre,
com número de onda k , obedece a equação da onda acústica e satisfaz as condições
1
de contorno na superfíc ie da placa. Isto significa que a velocidade de partícula na
direção normal à superficie da placa é igual à velocidade transversal da placa ( v).
A equação da onda em y e z é dada por:

fc Freqüência (4.1 00)


Figura ./.23: Variação da velocidade da onda de flexão com afreqiiência
Sarnir N. Y. Gerges Radiação Sonora de Estruturas Vibrantes
com (a) Ondas de flexão subsônicas (acusticamente lentas) kl > k0
{.()
ko =-
~"'
C
(4. 107)
= F[ijpc,
A condi ção de contorno é dada por:
1 -[:~J
aP = -1cvp-
-
. a; = -1cvpv
. para y= O (4. 1o 1) A impedância de onda é imaginária e positiva. Entretanto, o carregamento de
dy d/ fl uido é inercial (tipo massa). Não há potência sonora irradi ada.
(b) Ondas de flexão sônica (k1 = k0 )
A solução da eq uação 4. 100 toma a forma:

i(wy-k1 : l
z
-W
~ 00

P ( y , z, t ) = P( y )e (4. 102)

(c) Ondas de flexão supersônicas (ondas acusticamente rápidas) k, < k11


Substituindo-se 4. 102 em 4. 100, tem-se:

( 4. 108)
() 2 P(y) + ík2 - k2 )P( y) = O (4. 103)
.., 2 ~ o f .
oy

ou
1

P(y) = e±iy(t,i - t/) /Z


(4. 104) A im pedância é real, portanto existe energia sonora irrad iada para;,"'--? p"quando
k/ k0 --? Oou w--? oo. A impedância da onda é puramente real (resistiva) neste caso.

Considerando-se a onda negativa, e usando-se as equações 4. 1O1 e 4. 104, tem-se: A potência acústica irradiada W por unidade de área da placa é dada por:

. .( 2 2 \/ 12
- 1cvpv = - t\k 0- k1 ) (4. 105)
l Ír . v2pc
Então,
W = - 0 (p) Y.0 vdt = ~
T
( J
1 - k.r / k(} '
(4. 109)

= =-w
7 (4. 106)
Pode-se definir a efi ciência de rad iação <J,.(111 por

_,
onde z- w é a impedância da onda de fl uido. ~V = pcv-ª ""' (4. 11O)

Tem-se três casos interessantes: Onde < v2 > é a velocidade méd ia da placa em tempo e espaço.

llllllmill
Radiação Sonora de Estruturas Vibrantes
Samir N. Y. Gerges
freqiiência natural modal (k0 << k ) , o fluido é deslocado de uma região positiva
Usando- se 4. 11 O e 4. 109, tem-se: 1
para. uma região negativa como mostram as fl echas (ver figura 4.25). Portanto,
o fluido só é significativam ente comprimido nas extremidades da placa (fontes
acústicas). Po11anto, dependendo do modo de vibração (simétrico ou antisimétrico),
para k1 < k0 (4. 111 )
ocorre mecanismo de cancelamento destrutivo e construtivo do campo sonoro
(ver figura 4.26).
e Uma placa com contornos livres (sem baffle) tem urna baixa eficiência de radiação
porque as zonas limi tes não podem comprimir o fluido (ver figura 4.27).
o md =o para k f > ko
A figura 4.28 mostra a eficiência de radiação da placa (bqf]led) retangular de
área ab (m 2) vibrante nos modos 111, nem função de k0 / k , (calculada por Wa llace
1
Foi visto, entretanto, que a condição~ = k 0 (a freqiiência critica de radiação do C.E.), onde:
som) divide o número de onda em duas faixas:

kr > k0 sem potência sonora gerada, (4. 11 2)


k. < k0 com potência sonora gerada.
1

4 .9.3. Radiação de Ruído de uma Placa Finita


Placas finitas vibram segundo os se us modos de vibração (ondas estacionárias).
Cada m odo tem uma frequência natural associada. Por simplicidade pode-se
considerar inicialmente os modos unidimensionais de placas simplesmente apoiadas
com distri buição senoidal para os deslocamentos transversais. A fonna de vibração
ou modo é mostrado na figura 4.24. Os contornos da placa são rígidos como se a
placa fosse circundada por um plano rígido (baf!le). Figura 4.25: Radiação de Placa Finita

--- - - -- - 0

't
Placa Vibrante --1- 1
' 1 fl/ Batfle
)))//)))JJAI\ 777)7/))

Figura ./. N: Radiação de ruído de uma placa finita circundada por plano rígido Modo Simétrico Residual

Pode ser demonstrado q ue a e fi ciên cia de radiação de pl acas finitas é


dependente de três parâmetros: --- - - -- - a
(a) Da razão entre o comprimento e a largura da superfície da placa
(b) Do número do modo de vibração )))))))))~~~~;;;;;;;;;;
(c) Da razão entre k0 e k1 (ver equação 4. 111 ) 1 I~\
Em geral, uma explanação sobre a capacidade de placas finitas irradiarem abaixo Modo Anti-simétrico
da freqüência crítica é dada pela figura 4.25. Quando o comprimento da onda de
flexão \é muito menor do que o comprimento da onda acústica À.0 , avaliado na
Figura 4.26: Efeito de comprimento de p laca
Sarnir N. Y. Gerges Radiação Sonora de Estruturas Vibrantes

2
r _ c 1 ( Lx · L>' r\
• A eficiênc ia de radiação até a freqiiência / 11 ( onde .1 11 - -!. 4 s
t
L)' + L ,
X

onde / = 1 para placa simplesmente apoiada, / > 1 para pl aca fi xa e / < 1 para
placa livre)

_ 4Sf 2
(J"md = - -,-
e-
Figura ./.27: Cancela111e1110 para placa com co111ornos livres
• Nas freqiiênc ias logo acima de / 11 a eficiênc ia de radiação tem grandes variações.

1
111 - 1- - l.b) Nas freq üênci as abai xo de co inc idênc ia (k0 < k1 ) , temos regiões de
multi modos (k, L., e krl y > 2), os modos de cantos e bordas ocorrem na freqüênc ia
lÔ ' Ili /
/

J = i~
I= é:.\\
f ;::; 1P .
., -
~~ m.n N estes regiões a eficiência de radi ação é dada por:
...._.._
~ .1
1/ .... "' ,
1 /. / I I
= ;z 1.3 Àr G ) PÀr
/ .r ~ b/o / ~ .<_m,n=Z,2 H+++--+--i O",.,,d "' sg' a +- s -g 2Ga )
...• 16 1
~~ ~1
_g ,1111~~11/o
.li
'ii
u ~ ·" 1 onde:
:~!
e
~~~
••.üç:
IU

lO
.- l.41 ~li
I //
P = 2(L., + L>' )
= ~ .2
S = L., L,. ( para painéis retangulares)
10·• 0.1 0 .1 1 k / kp

Figura 4. 28: Eficiência de radiaçcio da placa retangular de área ab ( m2) para f < f;;{
vibrante nos modos 111, n
para f > f;;{
A segui r são apresentadas equações que fornecem valores aproximados da
efi ciência de radiação para placa finita de dimensões L., x L,. [ver Beranek, capitulo
r ) 1
{i-a )111 ~ +2al
2

1- a
gi 'ª ~
\X
11 )] . A eficiência de radiação para placa retangular simplesmente apoiada, radiando
em um lado, em função da freqiiênc ia é dada por:
=4-
n
2
[ 1\l - a 2 2

1.a) N as freqiiências bem abai xo da frcqiiência co incidênc ia j~ , com as seguintes


condições:
(k0 << k 1 ) , L_,.•L,. << À. ou (k0 L.
1
e k 0 L_, << 1) , temos dois casos;
a =[L
f,. f2
)
Sarnir N. Y. Gerges Radiação Sonora de Estruturas Vibrantes
( 11) Na freqüê ncia de coincidência, temos
Apesar de ter potência sonora radiada muito baixa em baixas frequências devido
aos cancelamentos, temos pressão acústica alta no campo próximo nas regiões
próximas das bordas e cantos.
Uma placa com apoio fixo tem radiação sonora menor (fator de 2 eq uivalente
a 3dB) de uma placa simplesmente apoiada devido aos modos das bordas e cantos.
Na prática o apoio não é nem sim ples nem fixo, portanto pode-se usar um fator
(Il i) Acima de freqüência de coincidência temos; de 1,5 dB para tanto.

4.1 O. Conclusão
A potência sonora gerada W (Watt) por uma estrutura vibrante é dada por:
A figura 4 .29 mostra valores aprox imados da efi ciência de radiação baseados
nas equações acima. _,
W = Spc <V-> O'riul (4.11 3)

p A equação aci ma pode ser escrita em termos do nível de potência sonora


5 log(-) - ----------- NWS (em dB) como:
2>..c
<Trod =1
o - - - - - - -- - - - - - - - - r-
1
1 NWS = 20 1ogV + IOlog S + 101ogo ra11 +146,2 (4.11 4)
1
1
1
1
1 onde
1
1
-ºº"ª
X~ S é a área total da superfície da estrutura
cn
10 log S 1
1
1 p é a densidade do meio
~
1 c é a velocidade do som
1 -2
1
1 1 < V > é a velocidade média quadrática das vibrações da estrutura em espaço e
1 tempo
l
1 1
1
1 1 1 1 1 <7,"'1 é a eficiência de radiação
~dicionar 3 dB nesta regiõ~ 1 <7.mi == 1 nas altas freq üências, quando f > ~~ onde n é o número do modo
I para placas fixas 1
1
de vibração (número inteiro) e /é o comprimento da estrutura.
1 1 1
Os valores de <J,.°'1 nas baixas frequências são menores do que a unidade,
2 ~~c [:; -1] 100(~)~ ~e
fc
4 dependendo do tipo de estrutura, condições de contorno, material, forma e freqüência.
Freqüência - Uma red ução de velocidade de vibração com fato r de 50% fornece uma atenuação
de 6 dB no NWS, enquanto que uma red ução da área com o mesmo fator fornece
Figura 4.29: Eficiência de radiação da placa apenas 3 dB de atenuação.
Radiação Sonora de Estruturas Vibrantes
Sarnir N. Y. Gerges ••11111
4.11. Recomendações para Atenuação do Ruído
Cobertura SÓiida sobre
As seguintes recomendações podem ser consideradas para atenuação de ruído Polia e Correia
gerado por vibrações de superfície:
(a) Atenuação da velocidade de vibração através da aplicação de amortecimento
(ver, figura, 4.30), ou afastamento das freqüên cias excitadoras das freqi'lên cias Placa de Aço
naturais do sistema. Isto pode ser feito modificando a distribuição da massa ou Perfurada ou
da rigidez do sistema.

NPS dB

ReuonÔnelos

o
Figura 4.31: Caso típico de redução de área vibrante
Figura 4.30: Aplicação do amortecimento para redução de velocidade

4.12. Referências Bibliográficas


(b) Afastar a freqüência crítica para valor maior, por exemplo, através da diminuição
da espessura da chapa. [ 1] Beranek, Leo, K. 1998, published by INCE - USA
(c) Usar chapa perfurada ou tela; isto permite o cancelamento das regi ões de
compressão e rarefação nos dois lados da chapa (ver figura 4.31 ). Neste caso, o [2) Gerges, S.N.Y, Acousti c interaction between transverse vibration of slender
mecanismo de radiação é bem diferente. Uma atenuação de 15 a 30 dB pode ser beams and a bounded surrounding fluid, Ph.D . Thesis Uni versity of
obti da apenas trocando a chapa por outra perfurada ou por tela; em baixas Southam pton. Institute of Sound and Vibration Research, Inglaterra, 1974.
freqiiências são alcançadas aten uações maiores.
[3] Gerges, S.N.Y. and Fahy, F.J., Sound rad iation from transversaly vibrating
(d) Diminuir o raio ou o perímetro da seção transversal da estrutura. unbaffled beam, J. ofSound and Vibration, Vol. 26(4), pp. 437-439, 1973.
(e) Redução das áreas das estruturas vibrantes .

..... ,//
Sarnir N. Y. Gerges Isolamento de Ruído

[4) Gerges, S.N.Y. and Fahy, F.J., Acustic radiation by unbaffled cylindrical beam
in multi-modal transverse vibration, J. of Sound and Vibration, Vol.40(3),
pp. 299-306, 1975.

[5) Gerges, S.N.Y. e Pinto, J.C.S., Acoustic radiation by finite shells, the IOOth
Meeting of American Society of Acoustics, Nov/1980, Los Angeles, EUA.

[6] Junger, M.C. , Radiation loading of cylindrical and spherical surfaces,


J.Acoustic Soe. of Am. Vol. 24(3), pp. 288-289, 1952.

[7) Kinsler, L.E., Frey A.R., eoppens A.B . and Sanders J.V., Fundamentais of
Acoustics, John Wiley & Sons, 1982.
[8] Manning, L.E. Maidanik, M., Radiation properties ofcylindrical shells, J. of
Acoustical Soe. of Am. Vol. 36(9), 1964. Capítulo 5
[9] Morse, P.M., Vibration and Sound, McGraw-Hill Book eompany, 1948.

[10) Pinto, J.e.s., Radiação Acústica de cascas finitas, tese M.Sc., UFSe Isolamento de Ruído
(orientação do prof. Sam ir N.Y. Gerges), 1980.
[ 11] Wallace, e .E. Radiation resistance of a baffled plate, J. Acoustical Soe. Am.
Vol. 51 (3), pp. 946, 1970. 5.1. Introdução
[ 12) Wallace, e.E., Radiation resistance of a baffled beam, J .Acoustical Soe. Am. O isolamento de ruído fornecido por paredes, pisos, divisórias ou partições,
Vol. 51(3), pp. 936-945, 1970. é apenas uma maneira de atenuar a transmissão da energia sonora de um ambiente
para outro. A energia sonora pode ser transmitida via aérea (som carregado pelo ar)
[ 13) Williams, W.Parke, N.G. Moran, D.A. anel Shennan, e.M., Acoustic radiation e/ou via sólido (som carregado por estrutura). A figura 5.1 mostra as duas trajetórias
from finite cylinder, J. Acoustical Soe. of Am. Vol. 36( 12), pp. 2316-2322,
da propagação.
1964. A propagação de uma onda acústica no ar se dá apenas por ondas do tipo·longi-
tudinal, isto é, a vibração das partículas de ar ocorre na mesma direção da propaga-
ção da onda. Em sólidos existem vários tipos de ondas. A figura 5.2 mostra os vários
tipos de ondas que podem ocorrer em meio sólido.
No projeto e construção de partições ou paredes de isolamento acústico, deve-se
considerar os princípios físicos básicos. Nas diversas faixas de freqliência existem
parâmetros variáveis que permitem determinar o nível de ruído transmitido.
Este capítulo aborda os princípios físicos e quantifica os parâmetros que deter-
minam o comportamento acústico dos materiais usados no isolamento acústico, bem
como ensaios necessários para quantificação destes parâmetros.
As características de materi ais ou di spositivos para isolamento acústico
(enclausuramentos, divisórias, etc) podem ser estabelecidas através da determinação das
seguintes grandezas físicas: Perda de Transmissão (PT) e/ou Diferença de nível (D).
Sarnir N. Y. Gerges · Isolamento de Ruído
r 1
:
1
1
1 !111111 1111 1111 111111111
l1 :1 Onda Longit udinol
1. ---'
uL' IITIJ~~ d

Onda de Cisalho -
menta

Onda Torcionol

~Ruido Carregado
Via Estruturo
Onda de Flexão
@ Ruido Corregodo
Via Ar

Figura 5. J: Ruído carregado por ar e estrutura Figura 5.2: 7/pos de ondas no sólido

Perda de Transmissão de Ruído (PT) Diferença de Nível (D )


Ta l índi ce rel aciona logaritmicamente a energia sonora transmitida com a ener- A redução de ruído através do uso d e disposit ivos como paredes ou
gia sonora incidente em uma parede. Em termos matemáticos tem-se: enclausuramentos pode ser quantificada pela Diferença de Nível de Pressão Acústi-
ca D, que expressa a diferença do NPS antes e depois da colocação do dispos itivo
isolador. Matematicamente tem-se:
l
PT = IOlog -
a,
onde
a, = coeficiente de transm issão acústi ca onde:
NPS, = nível de pressão sonora antes da colocação do dispositivo isolador.
energia trans mitida NPS2 = nível de pressão sonora após a colocação do dispositivo isolador.
a,
energia incidente A diferença de nível D não depende apenas das características intrínsecas dos
materiais, mas também de ou tros fatores como: local da medição dos níveis de pres-
Valores altos da perda de transmissão tem como significado fisico um a ba ixa são sonora, vo lume do enclausuramento, orificios ex istentes, absorção acústica, etc.
transm issão de energia acústica e vice-versa. é portanto um parâmetro de um di spositivo específico.
Sarnir N. Y. Gerges
Isolamento de Ruído
Em termos técnicos é preferível o uso da grandeza perda de transmissão, já que e
esta é baseada somente na razão das energias acústicas incidente e transmitida, inde-
pendentemente dos ambientes. (5.3)
O modelo mais simples para o estudo do isolamento acústico é o de transmissão
de som através de dois meios. Apesar de tal modelo ser muito simples, ele fornece os
conceitos básicos usados na prática do controle de ruido. Portanto, será desenvolvi-
do primeiramente o modelo da transmissão de som através de dois meios. Ainda, um
M
modelo de transmissão de som através de três meios fornece informações sobre as
características necessárias do segundo meio para atenuar a energia sonora transmiti- Meio r Meio lI
da. Tal modelo será tratado em fo rma mais geral, permitindo a vibração da parede
em forma de corpo rígido e em forma de onda de flexão. Portanto, serão apresenta-
dos vários modelos para transmissão de som através de dois meios, três meios, dois
.. -
p,
1

meios separados com parede fina osci lante e vibrante em ondas de flexão, isolamen-
to de paredes compostas e duplas e as técnicas para determinação do isolamento ~t
acústico em laboratório. .. fr
5.2. Transmissão através de Dois Meios
Quando uma onda plana progressiva, propagando-se em um meio fluido, incide N
em uma superficie de um segundo meio, forma-se uma onda refletida (no primeiro
meio) e uma onda transmitida (no segundo meio). As razões entre as intensidades e X =O
ampl itudes das pressões das ondas refletida e transmitida e da onda incidente, depen- Figura 5.3: Reflexão e /ra11s111issão de uma onda plana
dem das impedâncias características dos meios e do ângulo de incidência da onda.
A figura 5.3 mostra a superficie MN que separa os dois meios; o meio 1 com
impedância característica p 1 c 1 e o meio li com impedância característica p2c2 onde As ondas transmitida e refletida têm a mesma freqiiência da onda incidente mas
pé a densidade do meio e e é a velocidade do som. Considera-se a onda acústica devido a diferença de velocidades do som nos meios 1e li , tem-se o número de 'onda
plana progressiva propagando-se na direção positiva de x com incidência normal na do meio 1 igual a k1 = w /e 1 e do meio li, k2 = w J cr
superfície MN. Esta onda incidente pode ser representada por: Há duas condições de contorno:
(a) As pressões acústicas nos dois lados da superfície de separação NM são iguais; e
(5. 1) (b) As ve.locidades de partícula normais à interface são iguais.
Como a pressão é uma quantidade escalar a primeira condição de contorno em
x = O, fornece:
onde A 1 é uma constante real que representa amplitude de pressão da onda.

Quando a onda E, incide na superflcie MN, onde x = O, produz-se uma onda -1


P + -r
P = -P1
refletida E,., e uma onda transmitida E1 , onde:
Isto é:

(5.2)
(5.4)
Sarnir N. Y. Gerges •111111 Isolamento de Ruído

As velocidades de partícula das três ondas são: Por exemplo, para uma onda em ar incidindo em uma superflcie de água, tem-se:

(5.5) a = (4) (1480000) ( 4 15) = 0 00 112 = 0 1%


I (1480000+4 15) 2 ' '
,.

A velocidade de partícul a no meio 1 é U, + U,.. e a segunda condi ção de contorno Portanto a intensidade da onda plana, passando do meio água para o meio ar
é dada então por: (ou do ar para a água), é reduzida de um fator de 0,00 11 2 (ou -29,5 dB). O fato de na
transmissão de energia sonora da água para o ar(ou vice-versa) ter uma redução de 29,5 dB
u, + u,. = u, é devido a um alto gradiente de impedância. Tal fato pode ser usado na prática para
OU
o controle de ruído. É possível, por exemplo, executar proce<><:t)S ruidosos submersos
em água, tais como: corte de materiais (telas) e explosões, sem que o ambiente
~- !11 = !':12 (5.6)
circundante apresente alto níve l de ruído.
p 1c1 p,c, P 2C2 A eq uação 5.7 mostra que a constante compl exa 11. 1 é agora uma quantidade real
B1que tem valor positivo quando p2 c2 > p1 c 1 (a pressão acústica da onda refletida
está em fase com a onda incidente), e negativo quando p 2 c2 < p 1 c 1 (a pressão sonora
Com binando as equações 5.4 e 5.6, tem-se: da onda refletida está 180º fora de fase com a onda incidente).

Tem-se A
81 (B ·o \J
~ 1 l A: =e' ,B = O quando p c/p c ~ O; neste caso a onda
1 2 2
(5.7) 1

refl etida está em fase e t~mbém com a mesma amplitude da onda incidente. A forma
da onda estacionária resultante é estável, com ampl itude de pressão na super flcie
igual a 2A 1 (veja figura 5.4).
Com binando as equações 5.7 e 5.4, tem-se:

(5.8) NPS

Pressão
Mcixima
A equação 5.8 mostra que a constante compl exa ,12 é uma quantidade rea l e
sempre tem valor positivo.
A amplitude A tende a 2 A quando p2c,/p 1c1 ~ oo (por exemplo, meio 11 é água e P,, c1, << P2C2
meio 1é ar), e A t~ndc para ze;o quando p ~/p c ~ O (meio .11 é ar .e meio 1é água).
2 11
o 2
coeficiente de transmi ssão definido pela relação de 111tens1dade das ondas
e =o
transmitida / e incidente / 1 , entre os meios 1 e 11, é dado por:
1

_ Pressão
Mínima

.....
(5.9)
Figura 5.4: Onda eslacionária, pressão máxima 11a superficie

,//
Samir N. Y. Gerges Isolamento de Ruído

Tem-se~: ~-1 (~: = e;º, B = n J quandop1 c/p2c2 ~ oo; nestecasoa onda

refletida está fora de fase e com a mesma amplitude da onda incidente. A forma da
onda estacionária resultante é estável com pressão nula na superfície (veja figura 5.5). 2
P tem va lor máximo = l(A1 +8 1) 2 quando k1x+ .Q.. = ±nn , onde n é um
-2 2 2
NPS
núm ero i nte iro , e P tem va l or mínim o 1<A,
+8 1) 2 quando
k 1x + %= ± (211 - 1) ~ (ver figuras 5.4 e 5.5).
Pressão
Máxima
O coe ficiente de refl exão defi nido pela relação de intensidades das ondas refle-
tida 1, e incidente /1 , é dado por:

(5. 12)
/ ,,.
_ _ _ Pressão
Mínima
AI + B, - . . -
onde ROE= A _ - (pressão máxima/ pressão mí111ma) ou Razao da Onda
1 81
Estacionária. •

Fig ura 5.5: Onda es/acionária, pressão mínima na superflcie


5.3. Reflexão na Superfície de um Sólido
A característica do compor1amento da superficie de um sólido pode ser simulada
A pressão total no meio 1é: através do parâmetro ?.,, , isto é, a impedância acústica específica normal (ver figura 5.6),
que é definida como:

?.,, = (pressão acústica)/ (velocidade normal da partícula)

Escrevendo fl = B/º, tem-se: MEIO I MEIO 1I


Fluído Solido
(5. 10)

A média quadrática no tempo da pressão acústica total, é dada por:

T !'r

.,.,,,,//
2p -
_-l f P,2...,,1Gf
I /
T o Fig ura 5.6: Som incidenle no meio sólido

111111mm
Isolamento de Ruído
Samir N. Y. Gerges

Como a pressão acústica nem sempre está em fase com a velocidade da pa1tícula Como a energia incidente é igual a energia transmitida mais a energia refl etida
do flu ido na superficie, a impedância específica acústica normal é geralmente com- (lei da conservação da energia), pode-se escrever:
plexa, dada por:
(5.19)
:::-u = r + ix (5. 13)
li li
Portanto, o coeficiente de transmissão a, é dado por:
onde
r,, é a componente resistiva
4r p c
x,, é a componente reati va a =I-a
1
=
,. (
, i i
(5.20)
i;, + P1C1J +x"
As condições de contorno de continuidade da pressão e da velocidade da partí-
cula em x = O, fornecem:
5.4. O Tubo de Impedância
f , +f,. =z (5.14)
!:!., +!;!_,. -11 O tubo de onda estacionária (ou tubo de impedância) é usado para medição do
coeficiente de absorção e impedância acústica dos materiais. O tubo possui numa
Usando as equações 5. 1, 5.2 e 5. 13, obtém-se: das suas extremidades um alto falante. Na outra extremidade é fixado o material a
ser testado seguido por uma tampa com alto isolamento acústico. O microfone de
medi ção pode se deslocar axialmente ao longo do tubo, captando o nível máxi-
A +B p e = z
_..1___=.L
A1 -8
-1
'' _,,
(5 .15)
mo [ 1<A + 8)Je o mínimo [ 1<A- 8)Jda pressão sonora dado pela equação 5.9
(ver capítulo 7, seção 3. 1).
O valor de ()(ver seção 5. 2) pode ser calculado quando se mede a posição do
Isolando-se o valor de 111' chega-se a:
. .ro m
pnme1 . 1mmo,
. 6 = -2
k ..\. +2 7l
ou 6 = -n -2k1,\'. Med .indo-se o valor das pres-
1
(5. 16) sões acústicas máxima e mínima, o valor da razão da onda estacionária ROE e do
coeficiente de absorção podem ser calculados (ver equações 5.9, 5. 11 , e 5. 12).
Sabendo-se o valor de fl. 1 , a impedância específica acústica normal g pode ser
11

Tomando-se o mód ulo da equação 5. 16, tem-se: calculada usando-se a equação 5. 15.

(5. 17)
5.5. Perda de Transmissão de Paredes Simples
Serão apresentados aq ui, três modelos matemáticos para a predição da perda de
transmissão através de três meios, parede oscilante e parede vibrante.
O coeficiente de refl exão será:
5.5.1. Transmissão de Som Através de Três Meios
A figura 5.7 mostra a transmissão de onda plana, com incidência normal, através
(5. 18)
de três meios. A onda plana no meio 1 é transmitida a um segundo meio li e, poste-
Sarnir N. Y. Gerges . •111111 Isolamento de Ruído

riormente, a um meio 111. Supõe-se que a onda incidente se propaga na direção posi- Usando as cond ições de contorno em x = O tem-se:
tiva de x, que o limite entre os meios 1e 11 está localizado em x = O, e que o limite
entre os meios li e Il i está localizado em x = /.
ou
(5.26)
Meio l Meio ][ Meio m
Usando a propriedade da continuidade da velocidade da partícula em en x =O,
pode -se escrever:
- - - - - - Pt 2
- - - - Pt3
ou
Pn --- -- - - - - -- - - - Pr2
(5.27)

X=o X=~ Similarmente, em x = /,a condição da continui dade de pressão leva a:

Figura 5. 7: Transmissão através de três meios

ou
A onda incidente no meio 1 pode ser representada por: (5.28)

(5.2 1) A continuidade da velocidade da pa11ícula em x = /, fornece:

No estado estacionário as ondas transmitidas e refletidas são:


ou
(5.22)
(5.29)
p = A ei<wr- k2x> (5.23)
-12 -1
Para se determi nar d. 3 é necessário el iminar 11.., ,12 e112 entre as equações 5.26,
p =B ei«•r+kzx> (5.24) 5.27, 5.28 e 5.29. Combinando-se 5.26 e 5.27elimina-se11., assim:
- r2 - 2

e
(5.25) AI= (P2C2 + P1C1 M 2 +(P2C2 + P1C1)B2 (5.30)
2p2C2

mm111111 111111ms
Samir N. Y. Gerges Isolamento de Ruído
Combinando-se 5.28 e 5.29, tem-se: e

(5 .3 1)
ou
e

(5.32)

Introduzindo as aprox imações práticas acima citadas, obtém-se:


Substituindo-se estes valores na equação 5.30, obtém-se:

(5.33) (5.35)

onde
O coeficiente de transmissão sonora a, do meio 1 através de li até Ili será: M = P/ é a densidade de área do meio li.

Em termos da Perda de Transmissão PT, definida por:

PT =lO logJ_
ou a,
tem-se então:

7l
PT= 20 log - + 20 log Mf (5.36)
p,c,
Existe uma série de formas pat1icu lares que podem ser derivadas da forma geral,
porém, o caso mais prático, é quando a densidade do meio li e sua velocidade de
e usando p 1c 1 = 4 15 rayl para o ar (condições normais), resu lta:
propagação do som são maiores do que as dos meios 1 e Ili (sempre válido,. desde
que os materiais das partições tem p2c2 maior do que p 1c 1, que neste caso é igual a
p3c3 do ar). Portanto, PT = -42,4 + 20 log Mf (5.37)

A equação 5.37 mostra que a transmissão de som através de três meios depende
Além disso, as espessuras das paredes, na maioria ~dos casos, são menores do apenas da densidade de área do material do meio li e da freqiiência da onda inciden-
que o comprimento da onda sonora incidente, ou seja: te, considerando que os m~jos 1 e Ili são ar. Esta é chamada de Lei das Massas.
~estas circunstâncias PT tende a apresentar um aumento de 6 dB para cada
duphcaçã.o de M ou d.a freqiiência da onda incidente. Uma conclusão importante é
k/ << 1 que para isolar um ruido, é necessário usar materiais de afta densidade superficial.
Sarnir N. Y. Gerges •111111 Isolamento de Ruído

Ad icionalmente conclui -se que as altas freqüências são mais fácei s de serem isola-
das do que as baixas frequências. Este model o, apesar de ser muito simples, fornece A equação 5.39 pode ser usada desde que (JJP~ >> J . PTa, aumenta aproxima-
conclusões interessantes. As hipóteses e simplificações que foram adotadas em tal
. do que a 1~1·. Na
. o_itava e é menor
damente de 5 d Bi ·' t'1ca é mais
' pra · correto se usar a
modelo, são: perda de transm1ssao de campo, rsto corresponde a incidências com âng ulos até 78º
( a) Ondas planas longitudinais com propagação unidirecional e é dada por : '
(b) Incidência normal à superficie
(c) Parede ríg ida, sem v ibração P7~.ª"'" = PT - 5 (5.40)
(d) Não há diss ipação de energia nos m eios 1, li e Il i
(e) E algumas aproximações que só são válidas para bai xas freqiiências e/ o u pare-
des densas.
A segunda hipótese pode ser eliminada considerando um modelo de incidência
aleatória e integrando o coeficiente de transmi ssão ao longo de todos os ângulos de
incidência.

Transmissão Sonora com Incidência Aleatória


Na prática, o campo sonoro em uma sala incidente numa das paredes, é aproxi-
madamente aleatóri o. Isto é, todos os ângulos de incidênc ia são .i gualmente (campo
difuso) prováveis. Então, um coeficiente de transmissão médio pode ser estimado
considerando todos os ângulos de incidência de O até 90º, integrando a( q>) com um
elemento infinites imal de área dA=12 cosq> senq> dq> dlJf (ver figura 5.8); isto é:

a
f ' f"
_ ---'-º"-----------
,;cC:.:...I
2
</> dlfl d</>2
r a(<jJ)cos<jJsen
111n /fr1 - f"'2 r2" ,.2cos<jJ sen </> dlfl d</J (5.38)
Jo Jo Figura 5.8: Projeção da área esférica no plano

onde a( q>) é dada pela equação 5.65 na forma de PT. Pela lei das massas, apli-
cando-se a equação 5.65 na 5.38, tem-se:

1 Medições em laboratório e em campo mostram que PT é um va lo · 1


do PT p cnm" r mais rea
PTª' = 1Olog(- -) que n/' ortanto, a perda de transmissão (equações 5.37 e 5.40) é dada por:
ªllU'dia

PTcnmp = 20 1ogMJ- 47,4 (5.4 1)


PT01 := PT - 10 log(0,23PT) (5.39)

onde A fig ura 5.9 mostra a variação de PT PT PT Mfj, d


PT é a perda de transmissão à incidênc ia normal 5 37 5 39 5 PT • ª'' ca111p com , ados pelas equações
· .' · e ·41 · "ª"'" será chamada apenas PT para uso nos projetos de cá lculos
PTa1 é a perda de transmi ssão à incidência aleatória (Oº até 90°) de isolamento sonoro.

filmllllll
Sarnir N. Y. Gerges
Isolamento de Ruido
80
70

60
íil
.:g,
5
Pc Pc
o
10
li)
40 P·
-1
li)
.E
li)
e 30
o
~
QI
20 Pr
'O

o 10
"U
....
CI)
a.
~06 e /
Freqüência x Densidade de Area (Kg/m 2 )(Hz)
X=o
Figura 5.9: Comparação entre PT. P7~1 e P7~ª"'"
Figura 5.10: Transmisscio através de parede oscilante

5.5.2. Transmissão através de Parede Oscilante


A parede pode ser representada por amortecedores e molas, C e K, distribuídos
por unidade de área e tendo uma massa por unidade de área AI/ (ver figura 5. 1O).
Para este sistema a equação do movimento é dada por:
V =-=
ª4
_, a /
' .•=º
==!.._
P /
pc .•=º
(5,44)

a2 ç aç As equações 5.42, 5.43 e 5.44 fo rnecem:


M --=+C-=+ K J: = (P . + P, - P ,),=0 (5.42)
a,
2 a1 ?. -· - - ·
a2 ç aç
M :i -2 + (C +2pc)-= + K Ç=2(P .) _11 (5.45)
Satisfazendo-se as condições de contorno com a igualdade das velocidades de oi Jt - _, .i -

vibração da superfície e de partícula, sendo a velocidade da onda incidente K, , da


refl etida K, e da transmitida K,, tem-se:
A equação 5.45 representa um sistema com massa por unidade de área 1\1/, amor-
tecimento (C + 2pc) e rigidez K (um gra u de liberdade), sendo excitado por uma

v . + v =-=
JÇI =
P; -E_,. , (5.43)
pressão que é o dobro da pressão sonora do campo incidente. Estão envolvidas no
sistema quatro ondas acústicas:
_, -r {)f x=O pc .1=0
(i) A onda sonora incidente P, ,

111111-.
Sarnir N. Y. Gerges •111111 Isolamento de Ruído

(ii) A onda sonora refletida pela superfície quando esta é bloqueada; neste caso Então:
Ph = P,, então a pressão bloqueada total é igual a 2P, (geralmente válida),
A2 ~'
1
= (5.47a)
(i ii ) A onda transmitida para a direita P, = pc ~~ , .11 ~Ili('("+~..

(iv) A onda irrad iada devido ao movimento da parede P,, = -pc ~~ . e o coeficiente de transmissão é dado por:

2 p c ~~ é um termo de amortecimento acústico, responsável pela energia de 2


A 1 4p 2c 2
a, = 1~~ =
rad iação da parede. A impedância de rad iação f., =2pc é a pressão irrad iada dividida (5.48)
(C + 2pc) 2 + (WM - K / w) 2
pela velocidade normal (é sempre real).
A impedância mecânica da parede é a força por unidade de área requerida para
produzir uma velocidade unitária normal (no vácuo): Há três casos especiais a serem analisados:

J 2Ç JÇ (a) Nas baixas freqüê ncias onde w«.JK/M e (C+2pc)«MOJ,


M-= + C-= + kl; = Força aplicada/unidade de área a equação 5.48 fica:
dt 2 dt -

(5.49)
Considerando solução harmônica, tem-se:

(iM w + C - iK / w) ~~ =Força aplicada/unidade de área a, é controlado pela rigidez e a perda de transmissão é dada por:

Então: PT= 1Olog(I /o,)= 20 log(K / .f)- 74,2 dB (5 .50)


I.mec =C+i(Mm -K /úJ) (5.46)

. (b)Nasaltasfreqüênciasonde w ».JK/ M e (C+2pc)<<Mm,aequação


Portanto, a adição de g_ 111 ,ce f.,. produz uma impedância mecânica modificada por 5.48 fica:
carregamento do campo sonoro (acoplamento entre estrutura vibrante e campo acús-
tico). Assim, a eq uação 5.44 pode ser escrita na seguinte forma:
(5.5 1)

(5.47)
G.zmec +z-r )-JÇ
d/ Ix=O=2 (f,
P. ),=O
a, é controlado pela massa e a perda de transmissão é dada por:
A pressão transmitida na superfície é dada pelas equações 5.44 e 5.47 :
PT =-42,4+201og(f M) dB (5.52)
2pcf; I.,. f._;
(C+2pc)+i(wM - K /w) ~IJl('C +~,. Esta é a lei das massas na incidência normal do som (veja equação 5.37)

11!!mllllll
Sarnir N. Y. Gerges Isolamento de Ruído

A equação de PT da lei das massas indica um aumento de 6 dB com a duplicação


da freqliência ou da densidade de superfície M.
(c) Na frequência de ressonância onde OJ = OJ0 ='1 K / M
1 (5.53) .2
a=----~ e:
' (l+C /2pc) 2 N Q)
E
o</)
'ãl ~ ·u
-
</)
s e> Q)
o
..... CE ... :E
...o
a, é independente de lt>0 , mas depende de C. Cl. ...o ~
a, l
~ 2~c )
2
para(' >> 2pc (contro lada pelo amortecimento)
o

</)
</)

·e
e. <t
5
e.
e.
o
'O
o
a, ~ 1 para C << 2pc transmissão completa de energia sonora. </)
e:
o
~
-
õ...

u
e:
o
Se o amortecimento mecânico C = O, na ressonância, a pressão transmitida é Q)
igual a pressão incidente e a pressão re fl etida bloqueada é igual a pressão irradiad_a. 'O

Então, não há re fl exão líquida e a onda passa através da parede como se esta nao o
existisse. Portanto, no projeto de enclausuramentos ou divisórias acústicas, não se
...
'O
Q)
Cl.
deve ter freqiiências de ressonâncias perto das freqiiências do ru ído incidente.
A figura 5. 11 mostra a perda de transmissão nas três bandas de freqiiências (a, b e c). Ressonôn- Freqüência (H z)
cio
Este modelo mostra que o isolamento de uma parede é muito pobre quando a
frequência do ru ído se aproxima da freqiiência de ressonância da parede. Para. uma Figura 5.11: Curva típica de PT para parede simples
parede plana de material homogêneo retangular fixada nos seus quatro lados Uane-
las, portas, paredes, etc), a freqiiência de ressonância (para modo 1, 1 de parede
quadrada) é dada por: 5.5.3. Transmissão Através de Parede Vibrante
Antes de analisar a transmissão do som através de paredes vibrantes, devemos estu-
_ 35,99 ~ D (5 .54)
dar o comportamento de ondas de flexão livres cm estruturas de tal tipo. Quando a
n:a 2 p 111· h
J,,,111 - 2 velocidade de passagem das ondas do som no ar se aproxima da velocidade da onda de
flexão livre na parede, percebe-se facilmente que o campo sonoro faz vibrar a parede e o
onde: isolamento acústico se toma pobre. Mas quando essas velocidades são mu ito diferentes,
h é a espessura da parede o isolamento acústico melhora. A velocidade de propagação da onda de flexão livre foi
P111 é a densidade do material da parede apresentada no Capítulo de Radiação Sonora; essa velocidade c1é dada por:
a é a largura ou o comprimento da parede (quadrada)
Eh 3 •
D =-- onde E é o módulo de Young do matenal
12 '

Freqiiências de ressonância de outros sistemas podem ser calculadas a partir da O caso mais geral é o da parede vibrante em forma de onda com campo acústico
teoria de vibrações mecânicas ou através de programas de elementos finitos. Tam- de incidência oblíqua (ver figura 5. 12). Neste caso, a parede é fina e uniforme, e a
bém podem ser medidos em campo através de excitaccão controlada do sistema .. incidência da onda sonora se dá com um ângu lo e, arbitrário.
Samir N. Y. Gerges Isolamento de Ruído

z A impedância mecânica z111cc deste tipo particular de carregamento é obtida, con-


siderando a equação do movimento da placa:
/ / /
/ 4 /
T ; ; 'f... "' /
À.t i I / / (5.59)
I / / /
-1 f,r--
1 9t / /X onde:
D é a rigidez à flexão e igual a Eh 3 /12(1-v 2 ), para uma placa homogênea.
/ I
E é o módulo de Young
/
/ / h é a espessura da placa
/ Pt I
v é o coefi ciente de Poisson

Os deslocamentos da vibração da placa podem ser escritos na seguinte forma:

Figura 5.12: Transmissão da parede vibranle


Ç= Ç / (w1 - zk se11 </J) (5.60)
- -O

A pressão acústica incidente é dada por: onde:


~ é a amplitude complexa do deslocamento
k1 é o número de onda de flexão l ivre
p.
-t
=A .e''
_,
wr - k!i_) =A - 1
e•(lvr - kxwsO, - k:xl'llO, } (5.55)
Substituindo a equação 5.59 na equação 5.58, e introduzindo um termo de amor-
tecimento mecânico com a substituição de D por D( 1 + i17), tem-se:
onde d é a distância na direção de propagação.

O s ângulos de incidência e,, de reflexão e,


e de transmissão são iguais; e, E. = [D (l+i77)k4 sen 4 </J-a/M ]Ç (5.6 1)
e,=e, =e, = l/J, no caso do fluido ser o mesmo nos dois lados da placa.
A onda bloqueada refletida f. hr é naturalmente uma imagem refletida, e as ondas
A impedância mecânica z111,r é portanto dada pela razão en tre a pressão e a velo-
reirradiada E..,,. e transmitida E.., são dadas por:
cidade:

p =B ei(Wl+Ã:lco,jl- k: >enj)) (5.56)


- 1>1' - 1 (5.62)

p = B ,ei(tv1+k.1co>jl-k:""n9) (5.57) A impedância de radiação z, é obtida a partir das cond ições de contorno (ver
_,, - -
item anterior):

(5.58) ~ .. = 2p csec </J


Sarnir N. Y. Gerges Isolamento de Ruído

A, PT diminui com o aumento de <P e tem o seu maior valor para <P = Oº (incidencia
Portanto, a forma explícita da razão A- é dada por (ver equacao 5. 74a): normal). (incidência normal). Então, as ondas sonoras com incidência oblíqua propa-
-1
gam-se através da placa mais facilmente(a teoria é inadequada para <P= n/2). Para ip= Oº,
a equação 5.66 se torna similar às equações 5.37 e 5.52 .
.6. 2 2pcsec<P
(2) Transmissão de Som na Coincidência:
-A = D 4 4 . M D k 4 sen4 "')
(5.63)
_1 (2pcsec<P+ (1)1]k 1 sen <P)+1((1) - úJ 'I'
Para a incidência normal </J = 90º, a condição de concidência é chamada crítica.
A freqüência crítica é dada por (ver capítulo de Radiação Sonora):

A perda de transmissão PT é:

PT = 20logl~:1
onde:
Portanto, a razão .6.i deve ser a maior possível para que se tenha um bom c1 é a velocidade da onda longitudinal no sólido, que depende do módulo de
.6.2 Young E, da densidade do material p111 e do coeficiente de Poisson v do material, na
isolamento acústico. Quando os termos w Me Qe se11 4<P são iguais, pode haver seguinte forma:
úJ
uma queda no valor de PT (condição de coincidência). Três situações importantes
2 E
podem então ser analisadas: e, = i
[p 111 (l -v )]
(1) Transmissão Controlada com Massa fres < f << fcoln
Nas freqüências bem abaixo da freqüência de coincidência pode-se ignorar a
O produto da freqüência crítica f.: pela espessura da parede h depende apenas do
rigidez e os amortecimentos mecânico e acústico, então:
material da parede e da velocidade do som no ar. A tabela 5.1mostra valores def,.h
para o ar a 20°.
.6.2 2pcsec<P
(5.64)
.6_ 1 2pcsec</J+iúJM

e portanto, Material f < h [m IS)


Aço 12,4
Alumínio 12
- -
(5 .65) Bronze 17,80
Cobre
- 16,3
-
-
Vidro 12,70
Madeira
- 20a23
Considerando w J\4 / p e >> 1, tem-se:
Concreto 17 a 33

Tabela 5.1: Valores de f.:h para vários materiais


PT= 20 1ogf M cosf/J - 42,4 (5.66)
Sarnir N. Y. Gerges Isolamento de Ruído

A condição de coincidência acontece quando o comprimento da onda acústica Ondas sonoras no ar são longitudinais, com velocidades independentes da fre-
projetada na, estrutura é igual ao comprimento da onda de fl exão livre no painel (ver qüência (ver capítulo 1). Entretanto, nos sólidos, a propagação do som se dá por
figura 5. 13), ou: ondas longitudinais, transversais, de fl exão, cisalhamento, etc. (ver fig ura 5.2).
Os deslocamentos gerados nos sólidos· por ondas de fl exão podem se acoplar com o
À deslocamentos no ar gerados por ondas acústicas longitudinais. Neste caso a propa-
À, .= - ou k.r = k sen</J (5.67) gação ocorre na freqüência de coincidência f.re a equação 5.63 fica:
J sen</>

-
A2 =----------
2pcsec</J
(5.69)

Então:
2
Mm91]
PT = IOlog 1+ (5 .70)
[ 2pcsec</J )
}._f
e o isolamento acústico é controlado pelo amo1tecimento 17(ver capítulo 4, tabela 4.1 ).

Comparando-se as equações 5.65 e 5.70 para 1] > 2pcsec</J/(Mm9 ) ve-se que


a perda de transmissão PT na coincidência é aproximadamente 201og77 menor do
que no caso quando a lei das massas foi considerada. Para valores de 7J na ordem de
10·2 a 10·3 , esta diferença poderá ser de 40 a 60 dB (ver figura 5. 11 ).

(3) Transmissão Sonora em Freqüências acima da Freqüência de


Coincidência
Figura 5.13: Condição de coincidência
Quando ro l ro1 > 1, a equação 5.63 pode ser dada por:

A freqiiência de coincidência pode ser obtida colocando-se a parte imaginária do l


denominador da equação 5.63 igual a zero, quando então se obtém o valor máx imo 2
(5.7 1)
4 4
de d.2 / d. 1; isto é: l +[Dk sen </Jcos</Jl
2pcm

Portanto, o isolamento acústico é controlado pela rigidez, e a PT é dada por:


OU

2
r,; 4

PT= IOlog I + Dk sen <fJcos<fJJ


4 2

.....
f.9 = c - (5.68) ]
(5 .72)
· 2nsen 2 </J D [ ( 2cpm

,//
Isolamento de Ruído
Sarnir N. Y. Gerges •111111
A equação 5.72 mostra que acima da freqüência de coincidência a perda de trans- Nesta banda de freqüência PT é dada por (ver equação 5.72):
missão aumenta 1Olog 2 6 = 18 dB por oitava.
A análise apresentada nesta seção para o isolamento de paredes simples vibran- 4
2

tes mostra que deve-se considerar toda a banda de freqiiências de interesse. Existem PT= lülog l +
Dk4 sen rpcosrp ] ]

cinco bandas de freqiiências onde o mecanismo de isolamento é di ferente; as cinco [ ( 2cpú)


bandas de freqüências são:
( 1) Abaixo da freqiiência de ressonância mecânica do painel Portanto a PT é controlada pela rigidez D. Neste caso temos um aumento de 18 dB
Nesta banda de freqüências a perda de transmissão é dada pela equação 5.50; por oitava. Outras teori as mostram que o aumento de PT é menor que 18 dB por
oitava, dependendo do tamanho do painel, dos seus contornos e do seu amortecimento
interno. Tal aumento pode chegar até 1Od Bioitava.
K
PT = 20 1og--74 2 (5) Na freqüênc ia de coincidência
f '
O mecanismo de transmissão nesta faixa de freqüências é muito complexo para que
possa ser modelado matematicamente. Entretanto, resu ltados de medições em laborató-
Portanto, a PT aumenta 6 dB a cada duplicação da ri gidez, caindo 6 dB a cada rios mostram coerência dos valores obtidos com o método do patamar. Neste método é
duplicação da freqüência. considerado um campo acústico difuso nos dois lados do painel. Considerando que a
razão largura ou altura em relação a espessura da parede é maior do que 20, os seguin-
(2) Na frequência de ressonância mecânica do painel

Nesta banda tem-se ú) = Jf, e portanto a perda da transmissão é dada por


tes passos podem ser tomados para se determ inar a PT na freqüência de coincidência
(ver figura 5.14):
(ver equação 5.53): · (a) Determina-se a PT do sistema em 500 Hz usando-se a equação 5.41 e traça-se
uma linha com 6 dB de aumento/oitava.
PT = 20 log(l + __f_)
2pc
(b) Obtém-se a altura do patamar (ver tabela 5.2) e a interseção desta com a linha
obtida em (a), definindo a freqüê ncia inferior de coincidência.
(e) A freq üência superior de coincidência é dada pela multiplicação da freqüência
inferior obtida em (b) pela largura do patamar na última coluna da tabela 5.2.
Isto é, a PT depende de C, que é a razão de amortecimento mecânico do sistema.
Geralmente tem-se C << 2 pc, e então, PT -7 O, ou seja, 100% da energia sonora é (d) Acima da freqiiência superior de coincidência, a PT mostra aumentos entre 1Oa
transmi tida de um lado para outro. 18 dB/oitava.
(3) Ac ima da freqüência de ressonância mecân ica e abaixo da freqüência crítica
A perda de transmissão é dada por (ver equação 5.41) Malerlal Densidade de área Altura do Largura do
2
k m orem al amardB alam ar
Aluminio 26,60 29,00 11,00
Concreto 22,80 38,00 4,50
PTCf/1111, =20 logM.f -47,4
Vidro 24,70 27,00 10,00
Chumbo 112,00 56.00 4,00
Aço 76,00 40,00 11,00
Nesta banda de freq üências PT é contro lado pela densidade de área M = p111h, r 9010 21 ,00 37,00 4,50
onde p111 é a densidade superfiq!al do material do painel eh é a sua espessura. Madeira 5,70 19,00 6,50

(4) Acima da freqiiência de coincidência Tabela 5.2: Método do Patamar


Sarnir N. Y. Gerges Isolamento de Ruído

PT (dB) Em sistemas com paredes duplas, a incorporação de um espaço de ar de 15 a 200


mm fornece um aumento na perda de transmissão de aproximadamente 6 dB acima
da soma aritmética das perdas de transmissão de cada uma das duas paredes.
Considera-se agora um modelo com cinco meios acústicos adjacentes, conforme
. Largura do mostrado na figura 5. 15. As impedâncias características são dadas por z = p e .
Uma onda plana com incidência normal propaga-se através do conjunto ,:~fleti~d~­
Patamar
1 se parcialmente a cada fronteira de dois meios adjacentes. Ainda p é a massa espe-
11
cífica do meio n e e,, a velocidade do som neste mesmo meio.
As equações das pressões acústicas das ondas incidentes em cada meio e das
..... transmitidas correspondentes, podem ser escritas como:
o
E
.E
~
o
(5.73)
"O

o.....

-::>
<i (5.74)
500 Freqüência (escola log) H z
Figura 5.14: Deter111inação de f'T usando o 111é1odo do pala111ar
(5.75)

Portanto é impo11ante conhecer bem o espectro do ruído a ser isolado e escolher


adequadamente a parede para o isolamento acústico, de maneira que não ocorra
(5. 76)
ressonância mecânica e/ou efeito de coincidência. Geralmente, na maioria dos pro-
blemas práticos tem-se ruídos com conteúdos de freqiiências acima da ressonância
mecânica da parede ou painel. Nestes casos, o controle de ruído é feito baseado no
princíp.io da lei das massas.
(5.77)

5.6. Parede Dupla onde:


Uma melhor solução em projetos de sistemas de alta perda de transmissão, sem t.!.. 11 é a amplitude complexa da pressão acústica
o emprego de grandes massas, é o uso de paredes duplas (ou triplas). k11 é o número de onda
Por exemplo, para duas paredes idênticas de mesma espessura, sem espaço de ar w é a freqiiência angular
entre elas (em contato), tem-se uma perda de transmissão de 6 dB acima da PT de t é o tempo
apenas uma delas (dobra-se a espessura, aumentando-se com isso a PT de um fator i=r-1
de 20log2, ou seja, 6 dB). Quando as duas paredes estão bem afastadas e isoladas e é a base do logaritmo natural
uma da outra, a perda de transmissão é igual ou maior do que a soma aritmética das 1,, é a espessura do meio n considerado.
PT das duas paredes. Nesta formulação considera-se / 1 e /,, = oo

llllllmID
Sarnir N. Y. Gerges •111111 Isolamento de Ruído

( I) (lI) (][) Usando-se as equações 5.73 a 5.81 pode-se chegar a um conjunto de equações
que relacionam as impedâncias características dos meios zll e o fator de propagação
811=li 11 , com as amplitudes da onda incidente, das ondas transmitidas e das refleti-
das. Matematicamente estas equações são escritas como:

(5.82)

Figura 5.15: Configuração fisica do modelo matemático para parede dupla


(5.83)

As equações das pressões acústicas das ondas refletidas podem ser escritas como:
(5.84)
(5.78) 1
(5.85)
(5.79)

(5.80) (5 .86)

(5.8 1)
(5.87)

onde: .•
f.1.11 é a amplitude complexa da pressão acústica da onda refletida. A solução das equações 5.82 a 5.87 fornece uma relação explícita entre as pres-
sões acústicas éJ. 1 e é!.5•
As condições de contorno na fronteira entre dois meios adjacentes são fisica- No caso de isolamentos acústicos realizados com paredes duplas de materiais como
mente definidas como: a igualdade da pressão e a continuidade da velocidade da alvenaria, gesso, metais, vidro, etc, separados por um espaço de ar, é possível fazer-se
partícula. significativas simplificações sem haver perdas na exatidão dos resultados finais.

-·••111
Samir N. Y. Gerges •111111 Isolamento de Ruído

Considera-se os meios li e IV formados por materiais com impedância caracte- É também recomendado usar paredes com diferentes espessuras e/ou materiais para
rística muito maior do que as dos meios 1, 111 e V. Assim, a perda de transmissão evitar a excitação das freqiiências de ressonância das duas paredes simultaneamente.
entre os meios 1 e IV, pela fórmu la simplificada, será:
5.7. Efeito de Aberturas dParedes Compostas
PT= PT2 +PT4 +20 log sen72n// 1+6,0 (5.88)
Na prática as paredes de enclausuramentos são muitas vezes compostas de dife-
1
rentes materiais, podendo ter estes, ainda, diferentes espessuras e áreas. Neste caso
Onde P'/~ + P'/~ são as perdas de transmissão das paredes simples dos meios 11 e IV, a perda de transm issão total PT é dada por:
dadas pela equação 5.4 1. O termo contendo a função seno pode apresentar valores nu-
los, significando fisicamente a possibilidade de ocorrência de _ressonância acústica ~1a
cavidade de ar entre as paredes duplas, o que redundará em baixas perdas de transmis-
são. Neste caso PT-? - oo. Po1tanto, é recomendado o preenchimento deste espaço com
PT = lOlog~ = IOlog
a
f;si
.S;CX;
(5.93)

material de absorção acústica para eliminar as ressonâncias da cavidade. '


A equação 5.88 não é usada para o cálculo da PT, quando o argumento do seno
for zero. Sharp apresentou resultados confirmados por modelos teóricos e ensaios Por exemplo, para duas paredes com áreas S 1 e S2 , e com coeficientes de trans-
ex perimentais abaixo da freqiiência crítica; missão a, e a 2 , respectivamente, tem-se:
Para/ > e I 2nd

PT "' n; + PT2 + 6 (5.89)

Parai,'""" </ < c / 2nd


As aberturas e/ou elementos de baixa perda de transmissão podem ser conside-
PT "' PT1 + PT2 + 20 log 2kd (5.90)
rados como acusticamente transparentes.
Para estes casos as fórmu las são aproximadas, pois não levam em conta as .
diretividades, efeitos de ressonâncias, etc. Por exemplo, uma parede de PT1 = 30 dB
3 2
( ª1 = 10- ) com áreas, = 1 m , tendo uma abertura s2 = 0,0 1 m2 e ª 2 = 1,0 (abertura),
(5.9 1) apresenta uma perda de transm issão total:

Onde/ é a freqiiência massa-ar-massa. Nesta freqilência as duas paredes forma- l


rão um sist~~;~a mecânico ressonante com a rigidez do volume de ar, e o valor da PT cai. PT= lOlog - - - - - - - -
(0,01) (1) + (0,99) (0,001)

e
.fmam = 2'/í (5.92)
PT =19,6 dB
onde:
111 e 111 2 são as densidades de superficie das paredes Ou seja, uma abertura de 1% da área total provoca uma redução na PT de 30 para
1
d é a distância entre paredes (espaço de ar) 19,6 dB, ou seja, uma redução de 10,4 dB. '

-·••111 11111•-
Sarnir N. Y. Gerges •••• ,//
6o
Isolamento de Ruído

5o
4o
S2 / S1 % ~ ~ ~JI ~ ~.......:;:;
__.
--"~.,,
,,,. ~~-
3e 01 --=.. .... lo" ~ ~ ~ ~ ~ ,.
~

cn 20
Percentagem de Óreo Aberto= 0,1
-
2e~ ,....-
1--.... 0'2-.... lo" --i;; 1-"' ~ V/
o,'5-"- i"
~
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10 6 1/
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Cl. _,I" 1/
3 _,v J
50 100
2 :/ ~

10 15 20 25 30 35 1/
PT Sem Abertura (dB)
Figura 5.16: Perda de transmissão de parede com aberturas
lV 2 3 4 5 6 7 8 10 20 30 40 50 60
PT1 - PT (dB)
Figura 5.17: Perda de transmissão para parede composta
Po11anto, abe1turas, frestas, etc, podem reduzir a perda de transmissão, podendo, por
outro lado, até amplificar o ruído em algumas freqüências (ressonâncias acústicas).
A figura 5. 16 pode ser usada para quantificar a perda de transmissão de parede com
abeituras e a figura 5. 17 é usada para quantificar a perda de transmissão de paredes
compostas. construidas com vigas de aço ou concreto, a transmissão do som via lajes e vigas é
muito favo recida em toda a estrutura da ed ificação (som carregado via estruturas).
A energia sonora procura as trajetórias mais fáceis de propagação assim como
5.8. Ruído de Impacto elementos dissipadores, como por exemplo elementos em estado de ressonância.
O isolamento acústico de impacto pode ser feito por piso flutuante que consiste
Os ruídos de impacto são causados por contato ou atrito mecânico de um corpo basicamente na introdução de material resi liente entre a laje estrutural e o contrapiso
sobre outro; por exemplo, máqu inas de prensar, quedas de objetos no piso, passos, etc. (ver figura 5. 18). Então o contrapiso e todas as cargas (massa) ficam montados so-
A transm issão de ruído de impacto em prédios depende de vários fato res que podem bre o material resiliente (mola) funcionando como um sistema massa-mola, cuja
levar uma laje a vibrar, transmitindo ruído ao ambiente inferior, ou as vezes até ampli- primeira freqüência de ressonância está bem abaixo da freqüência mínima de excita-
ficando o ruído de impacto gerado no andar superior. Ondas de impacto podem-se ção. Os materiais resilientes usados para piso flutuante podem ser do tipo espuma de
propagar a longas distâncias sem atenuação, devido aos altos ~alore~ ?e d.ensida?~ e

......
polietileno extrudado com células fechadas (por exemplo ETHAFOAM fabricado
de velocidade do som nos materiais sólidos. Nas edificações res1denc1a1s e mdustnais,
pela DOW-Espumas Industriais) ou lã de vidro .

,// 111111..a
Sarnir N. Y. Gerges Isolamento de Ruído

5.9. Número único para Isolamento Acústico A Classe de Transmi ssão de Som Nominal - CTS é um número único determina-
do através da comparação entre a perda de transmissão medida em bandas de 1/3 de
N a prática é importante a aval iação da PT através de um número único. O obje- o itava nas freq ilênc ias d e 125 Hz até 4000 H z e uma curva de CTS padrão
tivo é facilitar a com paração inicial e restr ingir a esco lha fi nal entre um número (v er figura 5. 19, apêndices VII e VIII ).
menor de configurações. Este número único deve ser usado com cuidado já que a
perda de transm issão depende da freqüência.

Roda
Parede ·~ 501--t-~-+~--f~-.,,.l~~t::;s::===i
Acabamento do Assoalho -~ 47
411
Contra piso e
;g. 40r-r~~'»''---+~~+-~-+~---.j

Material Elástico .i
'U
Argamasso de Regulariz.
La1·e Estrutural I " .0 : ·o· :: . ·· .. .' _' :
:a ·a·.. ·.(:~;," ::_::I•I e
'E
301'-1"-j'--1~~-+----+~--4~---.j

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• .
0
• • •

L.:...'-'---· - -·- --- . . :. . -·-· =-- -· -


. . :

_
-

·_J
cr Freqü8ncb (Hz)

Figura 5.18: Piso jl11111ante 250 500 lK 2K 4K


Figura 5.19: Classe de transmissão sonora (CTS)
5.9.1. Ruído Contínuo
O valor médio do somatório aritmético da perda de transmissão em bandas de 1/ 3 O número único da CTS é determinado satisfatori amente cumprindo-se as se-
de oitava, de 100 Hz até 3 150 Hz, é chamado índice médio de redução de ruído, guintes condições:
(IM RR). A tabel a 5.3 mostra valores típicos do IMRR para vários mater iais (v er tam- ( 1) Uma diferença máxima de 8 d B da PT abaix o da curva de C TS
bém apêndice IX). O valor do IM RR é geralmente muito próximo do valor da PT na
(2) Uma soma máxima de 32 dB, das diferenças dos valores de PT em bandas de 1/3
frequência de 500 Hz.
de oitava abaixo da mesma curva de CTS.

Material Espessura Densidade de IMMR


Por exemplo, a determinação da CTS para os valores de perd a de 'transmissão
(c m) área ( kg/m
2
) (dBl
mostrados na tabela 5.4, é mostrada na figura 5. 19; CTS é o valor na freq üência de
500 Hz.
Tijolo inteiro 25,0 480,0 53,0
A figura 5.1 9 mostra uma d i ferença máx ima de 6 dB em 125 Hz e a soma das
Meio Tijolo 12,5 240,0 48,0
Tijolo de cimento 30,0 41 8,0
·-
43,0
- di ferenças abai xo da curva CTS fornece:

Porta de madeira 3,5 70,0 24,0


Vidro temperado 1,5 150,0 38,0
- 6 + 5 + 4 + 2 + 2 + 1 + 2 + 2 + 1 + 1 = 26 dB

7àbela 5.3: l 'a/ores típicos de IJ\4RR que é menor do que 32 dB. Portanto o C7S = 47.
Sarnir N. Y. Gerges Isolamento de Ruído

Fre Oêncla [Hz] PT(dB


125 24
160 27
200 33
250 38
315 41
400 45
500 45
630 46
800 48
1000 48
1250 51
1600 56 30 Freqüência (Hz)
2000 54
2500 55 100 160 250 400 630 1CX)() 2500 4000
3150 58
Figwa 5.20: Curva Cll padreio
4000 64

Tabela 5 . ./: Exemplo para cálculo de CTS

As apêndices V I e V II mostram valores de CTS para materiais de construção


mais usados e para paredes e di v isórias.

5.9.2. Ruído de Impacto Sola de Fonte


Existem dois métodos para avaliação do iso lamento acústico de ru ído de impacto:
Máquina de
( 1) C lasse de Isol amento de Impacto (C//)
É um número único determinado através de comparação entre uma curva C// pa-
drão (ver figura 5.20) e os níveis de pressão sonora de impacto transmitida (NPSI)
..
• Impacto Padrã o

medidos em bandas de 1/3 de o itava de l 00 a 3 150 H z na sala receptora. A sal a da ......~--..,=~


~...,.---,.........,,.....,...,.........,....,.......,.....,..,.~-.-

fonte é exc itada por uma máquina de impacto padrão (ver figura 5.2 1). Tem-se então:
...
-,
t:' Sala
R Receptora
NPSI = NPS - I Olog-' •
Ro
'' :•
onde:
NPS é o nível de pressão sonora de impacto na sala receptora
R, é a absorção total da sala receptora (m 2 )
R0 é valor padrão de 1O m 2 Figura 5.21: 1\1/edição de ruído de impacto
Sarnir N. Y. Gerges •••• ,//
O número único C// é determinado corno o C TS (ver condições [ 1] e [2) anteri-
ores) e o valor único coincide com o nível da curva padrão em 60 dB .
A pressão acústica média obtida na câmara 1é dada por:
Isolamento de Ruído

(2) Avaliação do Ruído de Im pacto (AR!)


É usado nos EUA por órgãos federais e sua determinação é muito similar ao Cll. <~ >= 4p cW (5.94)
1
a
A rel ação entre eles é:
onde:
Cll "" AR! +5 1 a é a absorção total da câmara 1
W é a potência sonora da fo nte
Um valor de A/?/ = Osignifica que o isolamento de ruído de impacto é satisfatório, p é a densidade do ar na câmara
enquanto que valores positivos de AR! indicam um isolamento mais do que e é a velocidade de som
satisfatóri o.
O coeficiente de transmissão é definido como a razão entre a energia transmitida
na câmara li (W2 ) e a energia incidente na amostra na câmara 1(W1);
5.10. Medição da Perda de Transmissão
Dois métodos principais são usados em laboratório para a medição da perda de (5.95)
transmissão: medi ção com duas câmaras reverberantes e medição através de med i-
dor de intensidade acústica, descritos a seguir.
A energia inciden te na amostra depende da área aberta entre as duas câmaras
5.10.1. Medição com duas Câmaras Reverberantes (com coeficiente de absorção 100%) em comparação com a área total da câmara 1.
A medição da perda de transmissão de uma amostra de material é feita Então a energia sonora incidente W1 na amostra de área Sé dada por:
posicionando-se a amostra entre as duas câmaras reverberantes (ISO R 140/ 1978).
Mede-se então o nível de pressão acústica médio no espaço e no tempo em cada
câmara, colocando-se em uma delas uma fonte sonora (ver figura 5.22). - < P 12 >S
Wi - (5 .96)
4p c
"
CAMARA lI
CÂMARA I
A pressão acústica média no espaço e no tempo na câmara li é dada por: ·
tl Amostro de
!.----'Teste 2 4pcW2
< P2 >= (5.97)
NPS 1 NPS2 ª2
onde:
&-!onte
n a 2 é a absorção total da câmara li ( a 2 = O,l; 1V J. Substituindo 5.95 e 5.96 em
2
2

5.97, tem-se:

Figura 5.22: Medição de PT usando duas câmaras reverberantes


Isolamento de Ruído
Sarnir N. Y. Gerges
Por definição, a perda de transmissão é dada por:
ou

PT = IOlog _!_ = NPS, -NPS2 + !Olog(~J (5.98) PT = 1O/o Energia Jncidente


~ ª2 g E~ nerg .1 a T ransm111
. .da

onde:
NPS e NPS2 são os níveis de pressão acústica médi os no espaço e no tempo
1
medidos nas câmaras 1 e li respectivamente. < P 2 > / 4pc
PT é calculada para cada faixa de freqüência (1 /3 ou 1/ 1 oitava), PT = IOlog (!,) (5.99)
medindo-se NPS1 , NPS2 e 0::2 .
onde:
5.10.2. Medição com Medidor de Intens idade Acústica !1 é a intensidade acústica transmitida, medida com o medidor de
A vantagem do uso do Medidor de Intensidade Acústica de dois microfones intensidade sonora
-?
próx imos (ver figura 5 .23 ) é não ser necessário o emprego de duas câmaras < P- > / 4 pc é a intensidade acústica incidente na amostra
reverberantes, além do fato de se poder medir PT no campo. -2
/
1
e <P > são medidos em bandas de freqiiência de 1/ 1 ou 1/3 oitava e a PT
é calculada usando a equação 5.99.

5.1 1. Referências Bibliográficas


[ 1] ASTM E90-70, Reco mmended practice fo r laboratory measurement of
airborne sound transmission loss of building partitions, American Soe. fo r
Testing Materiais, 19 16 Race Street, Philadelphia, Pennsylvania, 19 103
Amostro
[2] Bazley, E.N., TheA irborneSound lnsulation ofPartitions, National Physical
de Teste
Laborato ry, London, Her Maj esty's Stationery Office, 1966.

[3] Beranek, L.L., Noise and Vibration Control, McGraw-H ill Book Company, 197 1.

[4] Breket, A., Calculation Methods fo r the Transmission Loss ofSingle, Double
and Tripie Partitions, Applied Acoustics, Y. 14( 181), pp-225-240.

[5] Crocker, M.J. Battacharyua, M.C. and Price, A.J ., Sound and vibration
transmission through paneis and tie beams using statistical energy analys is,
ASME J. Eng. lnd. aug/ 197 1,pp.775-782.

[6] Donato, R.J., Sound Transmission through a Double Leaf Wall, J. Acoust.
Soe. Am. Y.57(3) 1972.

Figura 5.23: Medição de PT por técnica de intensidade acústica [7] Fahy, F.J., Sound and Structural Vibration, Academic Press, 1993 .

Bmllllll llllllmB'I
Sarnir N. Y. Gerges •111111 Propagação do Som no Ar Livre

[8] ISO 140/78, Measurement of Sound lnsulation in Buildings and Buildings


Elements.
[9) Kinsler, L.E., Frey A.R., Coppens A.B. and Sanders, J.V. Fundamentais of
Acoustics, John Wiley & Sons, 1982.

[ 1O] Magrab, E.B., Environmental Noise Control, John Wiley & Sons, New York,
1975.

[ 11 ] Mondl, U.H. e Gerges, S.N.Y., Predi ção do Isolamento Acústico de Paredes


Duplas, COBEM-85, CTA, São José dos Campos/SP,pp.657660.

[ 12) Price, A.J. & Crocker, M.T., Sound transmission through doubl e paneis using
statistical energy analysis. J. Acoust. Soe. Am, V.47(3), 1970.

[1 3] Reynolds, D.D., Engi neering Principies of Acoustics, Noise and Vibration


Control, Allyn anel Bacon, 1981.
Capítulo 6
( 14] Sharp, 8., Prediction Methods for the Sound Transmiss ion of Build ing
Elements, Noise Control Engineering, sep/oct. 1978.

[ 15] Utlei, W.A. & Mullholland, K.A., The Transmission Loss of Double and
Propagação do Som no Ar Livre
Tripie Walls, Applied Acoustics, V 1( 1968), pp.15-20.

6.1. Introdução
A energia gerada por fontes sonoras sofre atenuação ao se propagar em ar livre.
Os fatores causadores de atenuação são: distância percorrida, barreiras, absorção
atmos férica, vegetação, variação de temperatura e efeito do vento. Na análise do
campo acústico em comunidade é im portante desenvolver relações entre a potência
sonora das fontes, os níveis de pressão sonora no receptor e a influência dos vários
caminhos de propagação (ver figura 6. 1). A predição de níveis de pressão sonora em
áreas externas adjacentes a fontes de ruído requer a análise da propagação de som no
ar livre. Esta propagação é afetada pela atenuação ao longo do caminho de transmissão
e é estimada através de correções ad itivas para divergência esférica, absorção no ar,
reflexões, efeito da vegetação, efeito da topografia do solo, efeito de barreiras e
espalhamento nas próprias instalações. A propagação externa também é afetada por
variações nas condições atmosféricas tais como: umidade relativa do ar e temperatura.
Neste capítulo são apresentados métodos para quantificação das atenuações que
oco rrem no ca minho de propagação . É apresentado também um modelo

......
computacional para predição dos níveis de pressão sonora (em bandas de oitava) em
áreas residenciais adjacentes a fontes sonoras de instalações industriais .

,//
Propagação do Som no Ar Livre
Sarnir N. Y. Gerges
A presença de uma superfície rígida in finita (por exemplo, fonte fi xa no chão)
causa.a reflexão de toda a energia sonora para um espaço semi-infinito. As ondas de
j =1 propagação são semi-esféricas e a energia sonora atravessa uma área de valor 2:rr 1.2,
Fonte
~ sendo o fator de diretividade neste caso:

"" Fo'ítte
Q =2
\ e "

- "'-"l \ \ Ccminhos de
Transmissão
D!(q) = 3 dB

No caso de fonte un idirecional posicionada na aresta (intercessão de duas

--- "- \ E9
~e."'
<t;<f:'.
'--.

- -
"

Ponto Recept;;;-:4p
"

0\
superfícies rígidas infin itas), tem-se propagação através de uma área de 7C r 1 e então,

e
o_,, = 4

Dl(q) = 6 dB
Figura 6.1: Modelo para predição de ruído na comunidade

Para o caso da fonte no vértice (intercessão de três superficies rígidas infinitas), tem-se:

6.2. Atenuação de Ruído com a Distância Q=8


e "
A atenuação do nível de pressão sonora com a distância depende da distribuição Dl (q) = 9 dB
das fontes de ruído. Vários tipos de distribuição podem ser considerados:

(1) Fonte pontual simples A figura 6.2 mostra o efeito da presença das superfícies. A influência da presença
de superfícies na pressão sonora irradiada por ou tras fo ntes, como por exemplo,
Neste caso, tem-se por exemplo fonte monopolo unidirecional Q0 = 1, em ar dipolo, pistão, etc. é mais complexa (ver a lista de referência). Nas baixas freqiiências,
livre. A relação entre o nível de potência sonora NWS, o nível de pressão sonora NPS onde o comprimento da onda acústica À. é maior do que o tamanho da fo nte, tem-se
e a distância entre a fonte e o ponto de medição r é dada pela equação 1.115 do um campo sonoro unidirecional (ver figura 4.9); então pode-se usar os valores de Q 0
capítulo 1, como: apresentados na figura 6.2.
A rel ação entre NPS1 (na distância r 1) e NPS2 (na di stância r2) é dada por:
NPS(O)= NWS + DI(e)- 20/og r-11 (6. 1)
r
NPS 1 -NPS 2 =20 1og.i (6.2)
onde: '2
D/(8) é o índice de diretividade = 10logQ(8)
Q0
é o fator de diretividade de superficie.
Então tem-se 6 dB de caimento do nível de pressão sonora para cada duplicação
da distância.
Então tem-se 6 dB de atenuação para cada duplicação da distância r.
Sarnir N. Y. Gerges Propagação do Som no Ar Livre

A relação entre NPS1(na distância 1) e NPS2(na distância 1) na mesma


Q =2
direção () é dada por:

,.
NPS1 -NPS2 = IOlog-1.
,. 1
(6.4)

Portanto, a predição dos níveis de pressão sonora em qualquer distância r2 pode


ser obtida a part ir de um nível medido em qualquer outra distânci(l r 1•
(a) (b)
(3 ) Fontes Pontuais em Linha
Uma linha de máquinas idênticas como por exemplo no caso de máquinas de
tecidos ou fios, máquinas de estamparia, etc, pode ser considerada uma linha de fo ntes.

b b b b

'' \ \
\ I
I
1
/
\ \ / /
\ \ I 1
\ \ / I
' \ I /
\ \ I //
(d)
(e)

Figura 6.2: Efeito da presença de s11pe1flcie na diretividade


'
' \
\
\
\
\
I/ I
I /
I
/
I

\ \ / I
\\li
(2) Fonte Linear Receptor
Um flu xo de veículos em uma estrada ou um duto longo carregando fluxo de Figura 6.3: Fontes lineares
fluido turbulento ruidoso podem ser considerados como fo nte sonora em linha de
comprimento/. Neste caso tem-se:
Rathe mostra que para fo ntes incoerentes, ao longo da distância radial r < bl n,
NPS = N WS + DI(e ) - 1O/og2n ri onde b é a distância entre as fo ntes, a propagação do som é similar ao de fo nte pon-
ou tual simples com atenuação de 6 dB para cada duplicação da distância (a contribuição
(6 .3) das fontes afastadas é pequena). Entretanto, parar > bl n, a propagação é similar ao
NPS = N WS + DJ(e)-10/og rl - 8
caso da fonte em linha, com atenuação de 3 dB para cada duplicação da distância
(a contri buição de todas as fontes é significante). Essas característi cas são mostradas
Então tem-se 3 dB de atenuação para cada duplicação da distância. na figura 6.4.

-••1111 111111.al
Sarnir N. Y. Gerges •111111 Propagação do Som no Ar Livre

- -- - - Fonte Plano
r--_/
Fontes Pontuais -3d ;:-._
8
em Linho 1 P<>r d.'
1 do r LJp/1~ ~

1 1 '6''
1 1 ~s.:>..
(/) 1 O'o O'~':'
a.. -- 1 ,,.. ft:>Q'
z
~ºº ~ r-3~Vdupfico~I
-- 1
............
::t:'~"
dor ' -
11 D' t A ' - -
1s onc10
b e Figura 6.5: Fonte pontual (alarme) e plana (va:a111e11to de ruído)
r= r=-
lT lf
Figura 6.-1: Atenuaçüo com a distância para vários tipos de fonte

6.3. Absorção do Ar

(4) Fonte Plana Como o ar não é um meio perfeitamente elástico, durante suas sucessivas
compressões e rarefações ocorrem vários processos irreversíveis complexos de
A transmissão de ruído através de uma porta, janela ou parede de uma casa de
absorção sonora que dependem da freqiiência.
máquinas, pode ser considerada como fonte plana finita (ver figura 6.5). Rathe também
A absorção sonora no ar estático e isotrópico, é causada por dois processos.
mostrou que parar < bl n não existe atenuação e para bln < r < cln tem-se -3 dB por
O primeiro é resultado das combinações dos efeitos de viscosidade e de condução
duplicação da distância (fonte linear), para r > c/n tem-se -6 dB por dup licação da
do calor durante um ciclo de pressão. A atenuação devida a este processo, chamada
distância (fonte pontual). Essas aten uações são mostradas na figura 6.4.
absorção clássica, pode ser calculada através das leis de Kirchoff. Gil l apresentou a
Segundo Ellis, as atenuações fornecidas pela fi gura 6.4 devem ser usadas para
distâncias radiais e propagação divergente da fonte. Nessas atenuações, não foram expressão para o coeficiente de atenuação por absorção clássica no ar a 20 ºC como:
consideradas as interações entre as fontes, isto é, o cancelamento ou reforço (campo
destrutivo ou construtivo) que pode ocorrer. Além disso, foram consideradas apenas
as fontes simples fundamentais e sua propagação básica. Cuidados devem ser tomados a 1 = 1,2 X ( Ü - IO f 2 dB / m (6.5)
com fontes complexas, onde as atenuações são baseadas nos conceitos simples de
atenuação com distâncias, sem a complexidade de cada fonte ou acoplamento entre O segundo efeito na absorção atmosférica é conhecido como relaxamento molecular
elas. Portanto, os resultados s}io mais realistas para fontes pontuais, tipo monopolo
e ocorre pela dissipação de energia durante o processo de relaxamento vibratória das
unidirecional (em fase), a distâncias maiores do que o comprimento de onda.
moléculas de oxigênio. O processo é dependente da umidade, temperatura e pressão .

..,,,,,//
Sarnir N. Y. Gerges Propagação do Som no Ar Livre

Para temperaturas do ar entre ± 1OºC , a absorção por relaxação mo lecular pode


ser dada por:

dB / m (6.6)

onde:
t:.1 é a diferença de temperatura relati va a 20 ºC
11 é a umidade rel ativa em %

Portanto, a absorção tota l do ar é então dada por:

(6.7) 10 20 30 40
o
10
<.>-
Em trabalhos mais complexos sobre a absorção no ar, também são considerados º
::>
e
os efeitos de relaxamento mo lecul ar do nitrogêni o do ar. As equações aqui apre- <l>
sentadas não consideram o relaxamento do nitrogênio e portanto são aproximações. ~
Valores de a com mais preci são foram apresentados por Harris para uso em indústria
aeronáutica. As fi guras 6.6 e 6.7 mostram as atenuações em dB/ km em função de
tem peratura e umidade.

Umidade Relativo%
10

~
- 10 o 10 20 30 40
...... Temperatura (ºC)
CD
.:g Figura 6. 7: Atenuação do ar em d Bikm nas bandas de 4 e 8 kllz
60
,g 2000Hz Umidade
(.)..
o 40
::>

-
e
<l>
<t 20
6.4. Efeito das Condições Metereológicas
o 10 20 30 40 Os cam inhos de propagação do som são influenciados por variações de tem peratura
Temperatura ("C) e velocidade do vento. O aumento de temperatura com a altura ( inversão térmica)
provoca um aumento das velocidades de frente de ondas que causa a mudança de
Figura 6.6: Atenuação do ar em dB/km nas bandas de I e 2 kH::: direção das ondas ascendentes, empurrando-as na direção do solo (ver figura 6.8).
Sarnir N. Y. Gerges Propagação do Som no Ar Livre

Direcõo do Vento

ºº-
e1
"O ::>

cz:::s:f
Q)

'E 1i; Fonte R .

~~
Sombra
~~ ~~ústicos Acústico
177 ///
Solo
Solo
Figura 6.8: Efei10 de au111e1110 da 1e111pera11tra com a/Jura
Figura 6. /O: Variação do caminho das ondas acústicas com o efeilo do ve/1/o

Se a temperatura diminui com a altura, tem-se comportamento oposto, ou seja,


as frentes das ondas descendentes divergem afastando-se do solo e formando uma 6.5. Efeito da Vegetação
sombra acústica como está mostrado na figura 6.9. A variação da velocidade do som
com a altura pode ser dada pela primeira deri vada da equação 1.7 (ver capítulo 1), Zonas de árvores, folhagens, gramas, floresta, etc, são aproveitadas para atenuação
como: de ruído na comunidade. Resultados de atenuação em dB para 100 metros de distância
de vegetação obtidos por Hoover, Embleton, More, Aylor, Meister, Wiener e Keast
são mostrados nas figuras 6. 11 e 6. 12.
de =0, 6 d1 (6.8)
dz dz

onde: 5Qr----.--.-r-r-r-r-rrT~-r--.-...-,-~~

= é a altura 45t--~~~~~t--~~~~--t
e
é a temperatura em ºC

Raios o
Acústicos 'ºoo
Sombra ::>
e
Acústico cu
~

Solo
Figura 6. 9: Efeilo de diminuição da Jemperatura com altura
&----e Arvores Duros (Aylor)
+- --+ Arvores Duros no Outono (Aylor)
O mesmo conceito pode ser aplicado para o efeito do vento. É formada urna x--- --x Folhagens Densas (More)
o----o Gramo (More)
zona de sombra acústica na direção de chegada do vento dificultando a percepção
do ruído nesta posição (ver figura 6. 1O). Figura 6.11: Atenuação para várias vegelações

-·••111 11111•-
Sarnir N. Y. Gerges Propagação do Som no Ar Livre

45.-----,,----,--.--....,..,..,,..,,-~..--T-T~"T"TT">

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o
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d1
·I· d
dg

e:
Cll
a Figura 6. 13: Grupos de vegetação n,, = 2
2 4 6 8 lK 2 4 6 8 DK
o-----<1 Plantação Hem locks de 10 Anos (Aylor)
x - - x 16m Altura de Pinho (Aylor) Kraphn, A nderson e Jako bsen apresentam as seguintes considerações para
Valor médio poro Floresta dos EU A (Hoover) quantificar a atenuação causada pela vegetação:
e e Floresta Cano dense (Embleton)
(a) A altura da vegetação deve exceder a altura do cami nho de transmissão curvo
• - - • Areo Verde Denso (W iener e Keost)
em pelo menos um metro (ver figura 6. 13).
Figura 6.12: Atenuação para várias vegetações (b) Um grupo de árvores e arbustos é considerado denso se ao longo do cam inho de
transmissão é impossível ver através da vegetação; i sto é, o caminho de trans-
missão é visualmente bloqueado.
A atenuação causada pela vegetação é geralmen te maior nas altas freqliências. ( c) Se o cam inho de transmissão atravessa um número consecutivo de grupos de árvores
Embl eton e Ay lo r mostram que entre 160 e 4 50 Hz ocorre uma atenuação de e arbustos, e cada grupo bloqueia v isualmente o cam inho de transm issão, fica
até 4,5 dB/ I Om de di stância de árvores altas (tipo Pinho) e vegetação densa baixa. considerado um número máximo de quatro grupos como influentes na atenuação.
l-l oover mostrou que na média, urna zona de árvores densa de 1Orn de distância e de ,.
(d) Uma floresta densa é considerada como um conjunto de grupos. Cada 50 metros de
20m de largura fornece 2 dB em 1 kl-lz. Q uando existe grama densa e folhagem no
caminho de transmissão (ver figura 6.14) que atravessa a floresta representa um grupo.
so lo, esta atenuação aumenta para 4 dB. Apesar da vegetação fornecer po uca
atenuação de ruído, ela pode serv ir como isolador visual do receptor, fornecendo um
efeito psico lógico favorável.
Se o caminho de propagação atravessa vegetação densa formada de ár vores e
arbustos, deve-se incluir uma aten uação At(dB) na função de transferência do caminho
de transmi ssão.
Um caminho de transmissão curvo pode ser considerado; a altura ti.h do caminho
I
de transmissão curvo acima da l inha reta entre a fonte e o ponto receptor é dada por:

,1h = d,d2 (6.9) dv


16d

onde d = d1 + d2 ; d1 e d2 são as d istânci as mostradas na figura 6. 13. Figura 6. 14: Grupos de vegetação n .. = dv / 50
Propagação do Som no Ar Livre
Sarnir N. Y. Gerges

A atenuação AT,, causada por veget~ções é calculada pela seguinte equação:

AT,, =-11,.a,. (6.1 O)

onde:
n,. é o nlimero de grnpos de vegetação
a. é o coeficiente de atenuação por grupo
A tabela 6.1 mostra valores de a,.por grnpo em d Bi grupo, para cada banda de 1/ 1 Média
oitava. Se 111, > 4, n,. é tornado igual a 4. - Freqüência

fc [Hz] 63 125 250 500 1k 2k 4k 8k Bai)(O


a v [dB I grupo) o o 2 3 Freq~nda
Figura 6.15: Barreira
Tabela 6. 1: Valores de a,, por grupo de vegetação alta e densa

Os valo res de av são válidos tanto para condições de verão como de inverno, Kurze e A nderson desenvolveu a seguinte equação para cálculo de atenuação da
fonte pontual:

l
desde que o caminho de transmissão seja visua lmente bloqueado. No outono os
va lores da tabela 6.1 devem ser multiplicados por 0,5. ,.
AT = 20/og[ .j2iN +5 para N :2! -0,2
6.6. Barreiras ta11 h(~27r N )

Barreiras são usadas para atenuação de ruído de tráfego causado por fluxo de e
veículos, máquinas de construção, geradores ou transformadores. Também podem
AT = O para N~ - 0,2
ser usadas em ambientes internos para separar processos ruidosos. A presença de
barreira ou di visor, bloqueia a linha reta de v isão entre a fonte e o receptor causando
atenuação por difração. A zona de sombra acústica é maior para barreiras altas e em onde:
altas freqüênc ias (ver figura 6. 15). A atenuação obtida depende da altura e da pos ição N é o número de Fresnel dado pela equação 6. 11
da barreira e do comprimento da onda acústica. Essas variáveis são incorporadas em AT é a atenuação em dB; a diferença entre o NPS sem e com barreira
um parâmetro adimensional; o número de Fresnel , dado por:
K urze e J\nderson's estenderam o modelo de fonte pontual para fonte linear,
subtraindo 2 a 8 dB dos valores de atenuação referentes a fonte pontual. A figura
6. 16 mostra valores de atenuação para fonte pontual e fontes não coerentes lineares.
N=A+B-C O s resultados da fonte linear foram verificados por ensaios em escala por K oyasu e
(6. 11)
:i/2 Yamashita.
onde: No caso prático de barreira finita, as ondas sonoras dobram por difraçio não só
A é a distância entre a fonte até a ponta da barreira no bordo superior da barreira, mas também nos dois bordos laterais diminuindo a
B é a distância entre o receptor até a ponta da barreira .atenuação (ver figura 6. 17). A atenuação de cada lado pode ser calculada pela mesma
e é a distância entre a fonte e o receptor fórmula usada no cálculo da atenuação por cima.

1
(• 111111mm
Sarnir N. Y. Gerges . Propagação do Som no Ar Livre

O efeito de reflexão do som pelo piso pode ser calculado usando a teoria de A atenuação total considerando o bordo superior AT1 e os dois bordos extremos
fonte-imagem e interferência [Rousseaux - 1984]. Neste caso a superficie é substitu ída 111; y AT~ é obtida pela soma logarítmica abaixo:
por uma imagem da fonte e uma imagem fictícia da barreira, simétricas e idênticas à
fon te e a barreira.
(6.12)
As ondas sonoras que circundam a barreira, seguem quatro diferentes caminhos; 1

fo nte e sua imagem na borda superior e fonte e sua imagem na borda inferior (imagem 'i
da borda superior). Na prática a atenuação máxima por difração fica em torno de 24 dB.
Uma maneira prática de aumentar a atenuação de barreiras é colocar materiais
absorventes nos bordos diminuindo a parcela de energia sonora dobrada por difração.
30 No cálcul o de atenuação total da barreira deve-se inclui r, além da atenuação por
difração, citada, acima,, também, a, atenuação, por, transmissão. Considerando que AT;,

Xi
25

20
S
4 8
:.:::::::,._R é a atenuação por difração da barreira e AT, é a atenuação por transmissão, então a
atenuação total é dada por:

g
AT =-IOlog rlO-A
~
·r,,11o+ IO-A1;110 ]
oo 10(

o.
o
::>
e:
Q)

<í (6.13)
,,
Para que A7;01 seja o maior possível, o segundo termo deve ser o menor possível,
0,2 0,3 0,5 1,0 2 3 5 10 20 30 50 isto é, AT; » A7>
N= 2f!J / À Então, a perda de transmissão de barreiras deve ser 6 dB aproximadamente maior
Figura 6. f 6: Atenuação da barreira para fonte pon/ua/ e linear que a atenuação fornecida por difração. Portanto, a barreira não precisa ser fei ta de
material maciço. Na maioria dos casos uma barreira com material de densidade
superficial de 1O a 20 kg/m 2 é suficiente.
Fonte
6.7. Modelo Computacional para Predição de Ruído
Existem vários procedimentos para predizer os níveis de pressão sonora em áreas
adjacentes a instalações industri ais, utilizando dados de potência acústica das fo ntes.
Estes métodos consideram as fo ntes de emissão de ruido co mo monopolos
equival_entes à fonte real e quantificam os níveis de pressão sonora em bandas de
oitava (63 - 8000 Hz).
Um procedimento foi apresentado por Hearing, Polthier, Sank R., que é, na
verdade, um resumo das normas VDl-27 14 e 25 17. Este método de predição,
basicamente considera os mesmos fatores de atenuação do nível de pressão sonora
ao longo do caminho de transmissão apresentado nas normas, mas difer destas por

.....,,//Figura 6. f 7: Distância para cálculo de a/enuação de barreira finita

,.

1
se tratar de um método baseado em dados de nível de pressão sonora das fontes
expressos em dB(A) .
Sarnir N. Y. Gerges

Outro método ap resentado no trabalho de Gi ll , embora desenvo lvid o


J,, Propagação do Som no Ar Livre

6.7.2. Caminho de Transmissão


especificamente para predição de níveis de pressão sonora em áreas adjacentes a
obras de construção civil ou de demolição de prédios, é bastante útil pois trata É calculada a contribuição de cada fonte para o nível de pressão sonora no ponto
detalhadamente dos fatores de atenuação em propagação externa. receptor, considerando cada caminho de transmissão da fonte emissora ao ponto
Não há grande divergência entre os métodos existentes para predição dos níveis receptor. A figura 6.18 mostra urna fonte emissora s, e dois caminhos de transmissão:
de pressão sonora em áreas externas adjacentes a fontes de ruído industrial. Em através de uma barreira t = 1 e através da reflexão na fachada do edifício t = 2. As
alguns casos, é mais interessante um método baseado em níveis equivalentes de energias sonoras que chegam através destes dois caminhos devem ser somadas para
pressão sonora com ponderação l"'1 [dB(A)]. Mesmo nestas situações, o método obter o nível de pressão sonora total no ponto receptor.
baseado em níveis de pressão sonora equivalente em bandas de oitava poderá ser
utilizado, desde que se faça um julgamento das bandas de oitava domi nantes no
espectro das fontes de ruído.
Nesta seção é definid o um método para predição dos níveis de pressão sonora

---- -
-- ---
em áreas externas adj acentes a instalações industriais. O método escolhido é,
basicamente, o descrito por Kragh, Anderson e Jakobson. Este trata as fo ntes de
ruído como monopolos, e analisa a propagação sonora ao ar livre em bandas de
oitava (63 - 8000 Hz) considerando vários efeitos ao longo do caminho de propagação.
O método é resultado de um trabalho conj unto que envolveu as agências de proteção
ambiental da Dinamarca, Noruega e Suécia e se baseia em grande parte num método
Holandês de BackenhofT que é um trabalho mais elaborado e refinado, real izado a

.
J ----
___...--
..........__
.............
.............
/
/ Superfície
Refletora

partir de um método alemão publicado nas normas VDl-27 14 e 257 1. '( 1t=2
O método em discussão utili za como entrada os dados relativos às fontes sonoras
e dados topográficos. Baseadas nestes dados, são calculadas as contribuições para o 1
nível de pressão sonora no ponto receptor, para cada caminho de transmissão, para "-.. l
cada fonte sonora e para cada banda de oitava de freqiiência central de 63 a 8000 Hz.
~;p Ponto Receptor

Figura 6.18: Caminhos da transmissão


6.7.1. Fonte Sonora
Cada fonte real é representada por um monopolo equivalente como mostrado na Para cada caminho de transmissão é, calculada uma função de transferência (SDN),,.
figura 6. 1. Este somatório representa as influências dos eventos ocorridos ao longo do caminho
Neste caso o ruído no ponto de recepção é devido a quatro diferentes fontes() = 4). de transmissão de ordem t. O índice i indica o número da freqiiência central de
oitava, uma vez que, em geral, !JN é depend ente da freqiiência.
Para cada fonte de ruído existe um caminho de transmissão até o ponto receptor e neste
caminho são considerados os vários fatores influentes na propagação sonora em ar livre.
Cada monopolo equivalente é caracterizado por sua posição, e capacidade de 6. 7 .3. Ponto Receptor
emissão sonora, isto é, seu nível de potência sonora, NWS(</> ). </>é o ângulo entre As contribuições da energia sonora, em bandas de oitava, que chegam ao ponto
uma direção de referência na fonte emissora e a direção do caminho de propagação receptor são calculadas ad icionando cada nível de potência sonora e correspondente
da fonte ao ponto de emissão. Estes dados devem estar disponíveis em bandas valor da função de transferência do caminho de propagação (ver equação 6. 14).
de oitava, isto é, um espectro de potência sonora, NWS( cp ), em bandas de oitava i Pela adição destas contribuições, com base na energia, é obtido o espectro (em bandas
(ver capítulo 11 sobre Ruído de Máquinas). de oitava) do nível de pressão sonora no ponto receptor (ver equação 6.15).

l
1
Sarnir N. Y. Gerges Propagação do Som no Ar Livre

Para obter o valor total do nível de pressão sonora com ponderação dBA no O nível de pressão sonora total com ponderação A é:
ponto receptor, são aplicados os valores de correção da curva «A» aos níveis de
pressão sonora por bandas de oitava (ver equação 6.16) ou alternativamente, a correção
da curva «A» pode ser aplicada aos níveis de potência sonora da fonte.
8 NPS ;+LlNAi
' 1
NPS A = IOlog 10 "'10
L_, 1o (6.16)
6.7.4. Resumo do Procedimento de Cálculo i =l

O nível de pressão sonora é dado por:


onde:
NPSA é o nível de pressão sonora com ponderação A, no ponto receptor.
L1 N111 é a correção correspondente a curva A na banda de 1/ 1 de oitava i.
(6.14)

6.7.5. Descrição da Fonte


onde:
NPS11J é a contribui ção para o nível de pressão sonora no ponto receptor, na Com base neste método de predição, cada fonte deverá ser representada pelo seu
banda de 1/1 oitava i, referente ao caminho de transmissão Ida fonte j monopolo equivalente. Este é definido como uma fonte pontual hipotética, que ao
[dB ref. 20 µPa]. substituir a fon te real gera o mesmo nível de pressão sonora da fonte real.
A capacidade de emissão acústica de um monopolo é definida como o nível de
NWS(t/J )IJ é o nível de potência sonora na banda de Ili oitava i, na direção f, do potência sonora relevante no ponto receptor NWS(t/J ), em bandas de 1/ 1 de oitava.
caminho de transmissão Ida fon te) (dB re J0-12 Watt). NWS( t/J ), em geral, depende da direção do caminho de transmissão entre a fonte e o
é o va lor da função transferência na banda de 1/ 1 oitava i , para o V ponto receptor considerado, o que é indicado pelo ângulo l/J. A expressão, nível de
caminho de transmissão te o ponto receptor (dB]. Este valor é determi- potência sonora relevante, indica que NWS( t/J) não é, em geral, o mesmo que nível
nado pela soma das correções referentes aos vários efeitos ao longo de potência sonora total da fonte, mas é apenas uma parte da energia sonora emitida
do caminho de transmissão. atingindo o ponto receptor. Assim, no presente método, é considerada a emissão no
plano horizontal. Portanto, NWS(t/J ) é denominado nível de potência sonora di°recional
Então, o nível de pressão sonora em bandas de 1I1 oitava, no ponto receptor, é no plano horizontal.
dado por: Se as características de operação da fonte são variáveis com o tempo, deve-se
calcul ar um valor equivalente de energia du rante o período de operação.
No caso de fontes distribuídas a representação pode ser feita por vários
NPS; = 10log 10 f, f,10 N';·~·v (6. 15) monopolos, correspondendo cada um a uma parte da fonte.
r=l j =l

6.7.6. Fatores de Correção


onde:
NPS éo nível de pressão sonora total na banda de 1/1 oitava i, no ponto receptor, A função transferência do caminho de transmissão é determinada pela soma do
' calculado pelos somatórios das contribuições através dos cam inhos de números de correções, em geral indicadas com símbolos L1N. O índice associado
transmissão / = 1, 2, ... , m das fon tes j = 1, 2, 3, .. ., n indica a causa da correção considerada. A função transferência do cam inho de
transmissão, Et.N, em bandas de oitava, é determinada pela seguinte equação:
n é o número total das fon tes contribuintes para NPS, (incluindo fontes
imagem).
111 é o número total dos caminhos de transmissão da fonte) ao ponto receptor. Í:&'/ =&'/d+&'/a+&'/, +&'/.,.+&'/,.+ &'/N (6. 17)
Sarnir N. Y. Gerges •111111 Propagação do Som no Ar Livre

onde: [9] Harris, C.M., Absorption of sound in air versus humidity and temperature,
!JN" é a atenuação devida à distância JASA, vol 40, pp. 148-1 53, 1966.
!JN,, é a atenuação devida à absorção do ar
!JN,. é a atenuação devida aos obstáculos refletores [1 0] Hoover, R.M., Tree zones as barri ers fo r control of no ise due to aircraft
!JN,. é a atenuação devida às barreiras ,, operation, Bult and Newman. lnc, Repor! 844, 196 1.
t1N,, é a atenuação devida à vegetação
t1Ni; é a atenuação devida a outros mecanismos tais como: espalhamento interno [11] Jonasson, H. Eslon. L., Determination of sound power levels of externai
no ise sources, Part 1- Measurement methods, Part li - Some measurements -
e efeitos do solo, etc.
Techn ical Repor!, SP-Rapp, 198 1:45, Statens Provnin gsanstalt, Boras,
Existem vários programas computacionais desenvo lvidos em computadores PC, Sweden, 198 1.
baseados nos conceitos apresentados nesta seção, para estimati vas dos níveis de [ 12] Jacobsen . J., Predi cti on ofnoise emission from facades ofindustrial building,
pressão sonora em bandas de freqiiências. Tais programas servem para planej amento
Report nº 25, Dani sh Acousti cal Lab., Lyngby, 198 1.
de expansão de cidades perto de instalações ind ustriais, com objetivo de evitar
prob lemas de ru ído e fornecer confo rto acústico adequado em áreas residenciais. [1 3] Koyasu M. and Yamashita M., Scale model experiments in noise reduction
by acoustic barri er of a straight line source, Appl. Acoust. Vol.6, pp.232-
242, 1973 .
6.8. Referências Bibliográficas [ 14] Kragh, J. Anderson B. and Jakobsen, J., Environ menta l noise from industrial
[I] ANSI 1.26, American National Standard, Method for the calculation ofthe plants: general prediction method, Danish Acoustic Lab.,Report nº 32, 1982.
absorption of sound by the atmosphere, New York, 1978. [ 15) Kurze, U.J. and Anderson, G.S., Sound attenuation of barriers, Appl. Acoust.
vo l.4, pp.35-53, 197 1.
[2] Ay lor, D., Noise reducti on by vegetation and ground, JASA, vol.51, pp. 197-
205, 1972. [ 16] Lahti , T. and Tuo minen, H.T., Second draft proposal for measurement
procedure for the emission of externai noise from large industri al sources,
[3] Beranek, L.L., Noise and vibration control, McGraw-Hill, New York, 197 1.
,. Technical Research Center of Finland, Espoo, 1982.
[4] Ellis, R.M., The sound pressure of a uni fo rm finite plane source. J. Sound
[ 17] Maekawa Z., Noise reduction by screens, Appl. Acoustics, vol. l, pp. 157-
Vib. 13(4), 1970.
173, 1968.
[5] Embleton, T.F.W., Sound propagation in homogeneous deciduous and
[ 18] Maekawa Z., Noise reducti on by screens offinite size, Mem. Fac. Eng. Kobe
evergreen woods, JASA, vol 35, pp.111 9-11 25, 1963.
Uni versity, 12, 1966.
[6] Gerges, S.N .Y., Hiedrich, R.M., Brazzalle, R.R. e Jordan, R. Relatóri o final
do contrato COBRABl/FEESC, Três modelos computacionais para predi ção (1 9) Meister, F.J . and Ruth enberg, W., The influence of green a·reas on the
dos níveis de potência sonora das fo ntes, ruído extern o e interno com propagation of noise, Larmbekamptung 3, 1959.
aplicações para caso de CSN na cidade de Volta Redonda, R.J ., 1985. [20] Moore, J.F., Designs fo r noise reduction, London, 1966 .
[7] Gill, H.S., Assessment, prediction and control ofn oise levels due to plant on [2 1] Moreland, J.B. and Musa, R.S., The performance of acoustic barriers, J. Noise
construction sites, Ph ~d. Thesis - ISVR-Southampton, England, 1980. Control Eng. vol. I, n°2, pp.98-1 O1, 1973.
[8] Hearing, H.U., Polthier, K., Sank, J.P. and Sank J.R., Noise emission of
[22] Rathe, E.J., Note on two common problems of sound propagation. J. Sound
industrial plants and building, Sound and Vibration, EUA, Dec. 1983. and Vib. 1O(1969) .
...
Sarnir N. Y. Gerges 1
Acústica de Ambientes Fechados

[23] Rousseaux , P., Sound attenuation by wide barriers on the ground. Acustica,
55, 293-300, 1984.

[24] Wiener, F.J. and Keast, D.D., Experimental study° of propagation of sound
over ground, JASA , vol 3 1, pp.724, 1959. .,
[25] Outdoor sound propagation, VD I Verlag Gmb l-1, Dusseldorf, 1976.

[26] Sound radiation from industrial buildings, VDI Verlag GmbH, Dusseldorf,
1976.

Capítulo 7

.,
.
Acústica de Ambientes Fechados

7.1. Introdução
No estudo do campo sonoro de ambientes fechados, deve-se considerar variá-
veis complexas, tais como: a fo rma geométrica do ambiente, absorção acústica, re-
flexões e difrações das várias paredes e elementos internos, fontes sonoras, seus
espectros e diretividade, posição das fontes, efeitos das aberturas no ambiente ...etc.
Os ambientes internos devem satisfazer condições acústicas dependendo de seus
objetivos. Por exemplo: igrejas, aud itórios, salas de aul a, etc, devem ter inteligi-
bilidade máxima. Fábricas e oficinas devem ter nível de pressão sonora abaixo do
limite permitido (85 dB(A) para 8 horas por dia). Teatros, estúdios de gravação,
TV e rádio, também devem ter características acústicas adequadas.
Este capítulo fornece os fundamentos acústicos para ambi entes internos fecha-
dos, especialmente de fo rma retangular, e apresenta os dois limi tes de campos sono-
ros, isto é, campo difuso em câmara reverberante e campo livre em câmara anecóica.
As utilidades dessas câmaras na determinação de potência sonora, absorção de ma-
teriais e diretividade, são apresentadas. Análise modal é usada para pred ição da
resposta da sala mostrando a variação espacial da energia sonora. Será discutida em
primeiro lugar a resposta transiente da sala, isto é, crescimento e caimento do campo
sonoro difuso dentro de salas, freqüências características e densidade modal.

.. 111111-.zB
Sarnir N. Y. Gerges Acústica de Ambientes Fechados

7.2. Crescimento da Intensidade Acústica é dS dr f.1t12 sen ecos e ete =é -


dS-dr
L1E = - (7.2)
2 o 4
Se uma fonte opera continuamente em uma sa la, somente a absorção nas pare-
des e no ar permiti rá um estado estacionário dentro da sala. Nesta condição a energ ia
emitida pela fonte é igual a energ ia absorv ida pelas paredes e ar. Para salas pequenas Como o intervalo de tempo para a chegada da energía é Ll/ = dr/e, então a vari-
a absorção do ar é negli genciada, especialmente em baixas frequências. ação de energia sonora no tempo é dada por :
O nível de intensidade acústica e seu crescimento até o estado estacionário den-
tro de uma sala são contro lados pela absorção das paredes. Se a energia absorv ida é
grande, o estado estacionár io estab ili za-se rapidamente. Por outro lado, se a energia
absorvida é pequena, o crescimento da intensidade é lento. L1E = e e dS = I dS (7.3)
Considera-se dS o elemento de área da parede e d V o elemento de vo lume no Llt 4
mei o à distância r de dS (veja figura 7.1 ). Supo ndo-se que a densidade de energia
acústica dentro do elemento de volume d V sej a uni forme, a energi a presente em dV Portanto, a intens idade deste campo sonoro d i fuso inc idente nas paredes será:
será t:dV. A área da esfera de rai o r circundante é 4 irr2 • A projeção da área em qual-
q uer ponte da es fera é dScose; então a razão dScose /4irr2 representa a fração de
energia em d V incidente em dS por transm issão direta. ! =~ (7.4)
4

Então, o valor da intensidade no campo fechado uniforme é 1/4 do valor encon-


•'
trado no caso da onda pl ana (ver equação 1.50).
Se a 1, a2 , ~ .... são coeficientes de absorção (representam a taxa de potência sonora
absorvida em relação a incidente) dos diferentes materiais com áreas S1 , S2 , S3 ,. .. S11
no interior da sala, a constante da sa la A (Sabine/ m 2 ) será:

A= f. a;S; (7.5)
i =I

Figura 7. 1: Elemento da área e vo/11111e


e a potência absor vida pelas paredes igual a ecA/4. A equação d iferencial que
governa o crescimento da potência sonora é então dada por:

Po11anto, L1E, pa11e da energia em dl' que i nci de diretamente em dS, é dada por:
W =V dé + Acé (7.6)
dt 4
L1E = e d\/ dS cosB onde
(7 .1 )
4nr 2 W energia gerada pela fonte

V ~/~ crescimento de energ ia dentro da sala


I'

Supondo que o vo lume dV = 27r 1:?. sen8d8dr é agora um anel circu lar do campo
sonoro uni forme (vej a figura 7. 1), então, L1E para o campo sonoro é dado por : A~é energia absorvida nas paredes
Sarnir N. Y. Gerges Acústica de Ambientes Fechados

A so lução da equação 7.6 é dada por: A equação 7.1 O é usada para determinação da potênci a sonora em câmaras
reverberantes (ver seção 7.5. I) e pode ser escrita em escala dB como:

ê =: (1 - e - (;\ c/ 4\1)1 )=e_ (1-e -( ;\c/4\l )r ) (7.7)


NWS = NPS +JO log(:) (7.1 1)

Usando a equação 7.4, a intensidade e a pressão acústica são dadas respectiva-


mente por:
7.3. Decaimento da Intensidade Acústica
I (t) =: ~ _e -< Ar l 4\l)r ]=I _ (t - e - <11tt <11' >r ] (7.8) A equação diferencial formulada para representar o decaimento da distribuição
uniforme do campo sonoro difuso em sa las é obtida colocando W = O, na equação
e
do balanço de energ ia (equação 7.6). Supondo que a fonte seja desl igada em t = O,
a solução da equação diferencial 7.6 é dada por:
(7.9)

onde P_, !_ e e_ são valores do estado estacionário (t >> 4 V!Ac)


.,, onde:
A expressão 4V/Acé denominada constante de tempo. Se a absorção A é pequena, t::0 representa a densidade de energia em t =O
a constante de tempo é grande e precisa de um período longo de tempo até que os
valores P_,!_ e e_ se estabilizem . Similarmente, a intensidade I em qualquer tempo t é dada por:
Os resultados desta seção aplicam-se só no caso de campo sonoro com distribui-
ção espacial uniforme, isto é, campo difuso (na prática, este campo pode ser gerado
em câmara reverberante). A eq uação 7.7 indica que a densidade de energia final é I -- / oe-( llc/4\l )r (7. 12)
uniforme e não depende do volume ou da forma de sala, apresentando valores
idênticos em qualquer ponto dentro da sala. e_ só depende da absorção total A. onde /0 é a intensidade inicial em t = O
Os resultados não podem ser aplicados, por exemplo, no caso de salas esféricas onde
as ondas acústicas tendem a ser refletidas ao centro do ambiente, não sendo mantido, A mudança no nível de intensidade é dada por:
portanto, campo difuso. Para uma fonte gerando potência sonora W dentro de uma
câmara, onde a energia sonora gerada é distribuída uniformemente no volume da
câmara (campo difu so), a relação entre pressão acústica e potência so nora, LJNI = !O l oge- (Ac/ 4\l)r = -l,087Act
no estado estacionário (t > 4 V!Ac), é dada por: V

W = < p i> A A razão de decaimento D= - LJNJ , em dB por segundo, é dada por:


(7.1 O) f
4pc li

onde:
2 D= l,087Ac
< P >= P:;, é a pressão acústica média (espacial e temporal ) quadrática. (7. 13)
\/

11111•-
Acústica de Ambientes Fechados
Sarnir N. Y. Gerges
Uma aproximação para ambientes de alta absorção foi sugerido por Eyring, que
De acordo com Sabine, o tempo de reverberação T é definido como o tempo
considera as múltiplas refl exões das paredes como um grupo equivalente de fontes
correspondente ao caimento do nível de intensidade de 60 dB, então:
imagem. A energia acústica em qualquer ponto consiste da acl~mu l ação de incre-
T = 60 = 55,2V = 0,16 1V mentos sucessivos provenientes ~a fonte verdadeira, da reflexão simples (l -a)
2
W,
(7. 14)
D Ac A mais a da segunda reflexão (1 -a)W ... etc. Portanto, o crescimento da densidade de
energia é:
onde:
V é o volume (m3)
A é a absorção total (m2 ) dada pela equação 7.5
e= 4W {l -exp[ cS ln~~1-a)t ]} (7. 15)
-cS ln(l -a)
A figura 7.2 mostra o crescimento e o decaimento do nível de pressão sonora
com o tempo.
A eq uação 7.1 5 é similar à equação 7.7 para salas reverberantes, com a absorção
total equivalente dada por:

601-i...+~~-t-~f----t-t--+--+-+-11--t-t--++I
' \'"" ........ A =-S ln(l -a) (7.1 6)
501 t-111-t--t--\+~d--t-+-l---l-+-l--l--4--I-~

ã3' :~ ] \ \ '"""' r""'-.... Absorção Baixo ,, onde:


s v \ ...... ~ S é a área interna da superfície da sala
20tt::-:'--'-----:!:-'--'t--t--t--t--t--+-~~-+-l--+---l-I
ena.. Absorçao __., ~r""'-.
10 '- Alto -r'irl-++-+--+-+-+-+----'l'....i::--4---H a é o coeficiente de absorção médio dado por:
z o 1 1 1 1 ' r""'-......._
o Tempo (seg.) T
-a=-°"'L...__
a.S.
, _, (7.1 7)
Figura 7.2: Crescimento e caimento do nível de pressão sonora s
Note que para a << 1, a equação 7.15 tende ao mesmo valor da equação 7.7.
A mudança no tempo de reverberação obtida numa sala inicialmente vazia e Similarmente, o decaimento da energia sonora é dado por:
posteriormente com material adicional permite determinar o coeficiente de absorção
sonora do material adicionado. Câmaras reverberantes, que satisfazem a condi ção
de campo difuso, são usadas para determinação de coeficientes de absorção dos cS ln(l -a)tl
e= e exp - ---- (7.18)
materiais (ver capítu lo 8). A equação 7. 14 fo i deduzida para campo difuso (onde as º [ 4V
reflexões durante o crescimento e decaimento do som, assim como a energia refleti-
da, são suficientes para criar uma distribuição de densidade de energia uniforme)
não sendo aplicável no caso em que o coeficiente de absorção é alto, isto é, quando onde a razão do decaimento em dB por segundo é:
o tempo de reverberação é pequeno. Na eq uação 7.14, se o coeficiente de absorção ...
for maior do que 0.2 (20%), estar-se-á cometendo erros na fa ixa de 10%. Portanto,
l ,087c S ln (1-a)
neste caso, o crescimento e o decaimento do som devem ser tratados através de D= (7.19)
outras abordagens. V

11111•-
Acústica de Ambientes Fechados
Sarnir N. Y. Gerges
A equação 7.25, para salas absorventes, pode ser obtida da equação da sala
Então, o tempo de reverberação é dado por:
reverberante (equação? . 14), substituindo-se o coe ficiente de absorção a, por:

T= 0,161V
(7.20) a; =- ln(l-a;) (7.26)
-S ln(l -a)

2 Quando se tem materiais de absorção com coeficientes de absorção em faixas


donde V é dado em m 3 e Sem 111 •
mai s altas, a equação 7.25 fornece valores com melhor precisão do que a equação
7. 14 ou a 7.20 no cálcu lo do tempo de reverberação.
Morris supõe que a densidade de energia é red uzida de ( 1 - a) cada vez que há O tempo de reverberação é uma característica importante da sala. A absorção das
refl exão. A lém di sso, o caminho médi o livre L definido como a distânc ia média na
paredes depende do campo sonoro dentro da sala e do seu espectro. Portanto, salas
qual o raio sonoro caminha através do ar entre duas reflexões sucessivas é dado por
proj etadas para baixas freqüências não tem boas características acústicas em altas
(verificada experimentalmente e teoricamente) : freqliências. A figura 7.3 mostra o tempo óti mo de reverberação para cada tipo de sala
em função do volume, nas bandas de Ili oitava para freqüências centrais;?: 500 Hz.
Para as bandas de 250 Hz e 125 Hz, o tempo de reverberação é obtido mult iplicando
L= 4V (7.2 1) o valor da figura 7 .3 por 1, 14 e 1,48 respectivamente.
s
Então o número n de reflexões experimentadas por um raio no interva lo de tem-
3,5
po t é dado por :

ct Sct
n= - = - (7.22) 3,0
L 4V
.!!!.
Portanto, a densidade de energia decrescerá do valor inicial de i:opara ê de acordo com: o 2,5
'ºI>
e
.....
a)4V
St t
ê = êo (1 - (7.23) ~
.....
2,0

~
Em geral, o tempo de reverberação ca lcul ado pela equação 7.20 é menor do que °'
Q) 1,5
"'O
o calculado pela equação 7.14. Para a > 20%, o tempo de reverberação med ido tem o
melhor concordância com a eq uação 7.20 do que com a equação 7. 14. e..
E 1,0
O utra aprox imação é a de M illington e Sette, onde a absorção total é dada por: ~

(7.24) 0,5

o que leva a um tempo de reverberação dado por: o


100 soo 1000 5000 10000 50000
"
Volume da Sala lm3l
(7.25) Figura 7.3: Tempo ótimo de reverberação
Acústica de Ambientes Fechados
Sarnir N. Y. Gerges
Então, o tempo de reverberação torna-se:
Escolher um tempo ótimo de reverberação de uma sala depende do seu uso (sala
de aula, de concerto, teatro, etc). Os fatores que determinam o tempo de reverberação
são: volume, forma da sala e tipo e distribuição dos matérias de absorção. Para salas T = 0,161\1
médias e pequenas, usadas para escritórios, o tempo de reverberação preferido é de (7.29)
0,5 segund os aproximadamente. Em geral, uma sala de música deve ser mais ... A+ 4111.V
reverberante do que uma sala de aul a. Um fator muito importante no proj eto de um
audi tóri o é o efeito da presença da audiência no tempo de reverberação. Como a O coeficiente de absorção sonora do ar aumenta com a freqüência. Portanto,
absorção sonora média do corpo humano fica em torno de A = 0,5 m2 (ver equação 7.5), deve-se considerar o efeito de absorção do ar para freqüências acima de 2 kH z apro-
uma variação em número e posição da audiência produ z muita variação no tempo de ximadamente.
reverberação. Por exemplo, o campo sonoro durante o ensaio em um auditóri o vazio
é bem diferente do que durante o concerto, com o auditório cheio. Isto deve-se às 7.5. Determinação de Potência Sonora
absorções das pessoas e assentos.
Vários métodos são disponíveis para a medição da potência sonora de uma fonte
de ruído. A escolha adequada depende de vários fatores, incluindo o objeti vo e pre-
7 .4. Absorção do Som no Ar cisão da medição, a natureza e o tamanho da fo nte, as características do campo
Na teoria desenvolvida até agora para o campo sonoro reverberante, foi conside- sonoro irradiado e a disponibilidade de câmaras acústicas. Não se tem aqui como
rado que a absorção da energia sonora pelo ar era negligenciável. No entanto, a onda finalidade a descri ção de detalhes das várias normas nacionais ou intern acionais que
existem para determinação de potência sonora, mas a apresentação dos princípios
sonora perde energia durante a sua propagação. Em particular a intensidade da onda
decresce de acordo com a seguinte equação: J1
básicos que regem cada método.

7.5.1. Medição em Campo Difuso (Câmaras Reverberantes)


(7.27)
Todas as superfícies de uma câmara de reverberação são feitas tão duras e refletivas
quanto possível, com coeficiente de absorção médio das paredes de 6% no máximo,
onde m = 2a é uma constante de atenuação do meio (a aqui é o coeficiente de exceto abaixo da freqüência/.,.= 2000/V1 3 (freqüência de Waterhouse) em que é reco-

1
absorção do ar). Para 20 ºC a é dado aproximadamente por: mendável aumentar o coeficiente até 16% no máx imo para aumentar a largura dos
modos acústicos devido a baixa densidade modal em baixas freqüências (ver norma
ISO 3471, 1988). As paredes de uma câmara reverberante são não paralelas (ver figura 7.4),
a= ss,of 2 10· 9 por metro o que cria um pretenso campo difuso onde a energia sonora é uni formemente distribuída
(7.28)
u no volume da câmara. No estado estacionário, a taxa de emissão de energia sonora da
fonte é absorvida nas paredes.
Para câmaras retangulares de volume em torno de 200 m3 é recomendado [ANS I
onde u é a umidade relativa percentual (ver·capítulo 6). S l.21 , 1972 ou ISO 3471, 1988) usar relações entre largura/comprimento (l/ l) e
altura/comprimento (l/ l) conforme a tabela 7. 1, ou uma relação de Lx: L.,: ( equi-
Valores mais precisos do coeficiente de absorção do ar foram apresentados no valente a 1: 2 113 : 4 113 para evitar concentração das ressonâncias acústicas ·em faixas
capítulo anteri or. estreitas de freqüência.
Durante um período t, a distância x = ct, então / = !0e·111c1• Também existe um volume mínimo recomendado dependendo da freqüência de
Introduzindo a absorção d'o ar na equação 7. 12, tem-se: J corte da câmara (ver tabela 7.2). Para uma câmara de uso geral (por exemplo em
centros de pesquisa e universidades) o volume máximo deve ser 200 m3 para evitar
o efeito de alta absorção do som no ar nas altas freqiiências.
Sarnir N. Y. Gerges Acústica de Ambientes Fechados

A intensidade total na câmara é a soma da intensidade direta dada pela equação 1.1 11,
mais a contribuição do campo reverberante dada pela equação 7.9, resultando:
câmara Reverberante
de rorma Irregular
<- , ?
p - > p - (B)
p'.:
,, ---=--+-
pc pc pc
ou
2
<P >
pc -
-w[-ªº-+i)
4.n-r 2 A
(7.30)

A equação acima pode ser expressa em dB como:


Fig ura 7. ./: l'ista de 1111w câmara reverberante

L /L X 0,83 0,83 0,79 0,68 0,7


NPS = NWS + IOlog[ Qo 2
4.n-r
+i)
A
(7.3 1)

L ,/L X 0,47 0,65 0,63 0,42 0,59 ~g 0


onde: •
Tabela 7. I: Relações de dimensões recomendadas para câmara L r é a distância da fonte ao ponto de observaçã° _ j
Q0 é o fator de diretividade _ _
R é a constante da câmara S a / ( 1 - a )
Fr üêncla mlnlma Volume mlnlmo (m ) S é a área total da supcrílcie da câmara (m2 )
125 Hz banda de oitava 200
a é o coeficiente de absorção médio da câmara
100 Hz banda de 1/3 de oitava 200
125 Hz banda de 1/3 de oitava
160 Hz banda de 1/3 de oitava
250 Hz banda de oitava
150
100
70
r Para superílcies altamente refletoras da câmara reverberante, a é muito pequeno,
portanto A pode ser posto igual a S a .
200 Hz banda de 1/3 de oitava 70 Para o método de determinação de potência sonora em câmaras reverberantes
são tomadas precauções para garantir que o microfone seja posicionado longe da
Tabela 7.2: Volume mínimo recomendado pela norma ISO 3740 fonte de ruído. Então:

Em câmara reverberante é possível determinar o coeficiente de absorção de ma-


teriais (ver capítulo 6) e a potência sonora de fontes, pois o nível de pressão sonora,
em qualquer direção ou posição dentro da câmara, é praticamente o mesmo.
e a equação 7.3 1 ficará:
Estas câmaras são menos dispendi osas de se construi r do que as câmaras anecóicas
e encontram uso bem definido para investi gações de ruído de máquinas e absorção

.....,,//
de materiais, além de serem usadas para investigação da resposta de estruturas exci-
tadas por campo sonoro reverberan te.
(
1

1
·!·
NPS = NWS + !Olog(:)

llllllmill
(7.32)
Sarnir N. Y. Gerges Acústica de Ambientes Fechados

A constante da câmara, A= S.a pode ser calculada através da medição do tempo máxi ma e mínima. A colocação de superficies refletoras (di fusores rotativos perto
de reverberação, Te da ap licação da fórmula de Sabine (equação 7.14) dada por: do centro da câmara reverberante) diminuem os efeitos das ondas estacionárias.
O efeito dos difusores é equivalente ao de se medir a pressão em um grande número
de pontos ou de se calcu lar o valor médi o quadrático da pressão sonora.
T = 0,161V (7.33)
.,1 O tempo de reverberação pode ser medido usando um conjunto fo rmado por:
A med idor de nível de pressão sonora, filt ros, registrador de nível e uma fonte sonora.
A seguir apresenta-se uma análise da resposta acústica da câmara reverberante e
Substituindo 7.33 em 7.32, tem-se: da distribuição estatística espacial da energia sonora no seu interior para maior en-
tendimento do comportamento do campo sonoro em tais câmaras. O obj etivo é me-
lhorar a precisão das medições. As análises apresentadas a seguir foram desenvolvi-
NWS = NPS + !OlogV - IOlogT- 14 das e pub licadas no J. Sound and Vibration aparti r de 1972 por Gerges (ver lista de
referências).

As normas ISO 3740 e ANS I S 121 recomendam que os microfones sejam Resposta Acústica da Sala Excitada por Fontes Distribuídas
posicionados a uma distância maior do que meio comprimento de onda (À/2 = c/2f) Quando uma fonte sonora, com distribuição de velocidade de volume q(x, y, z, 1),
das paredes da câmara. Assim Waterhouse inclui um fator de correção devido à
é colocada em funcionamento em uma sala, a equação diferencial da onda forçada,
energia não considerada, próxima às paredes ( l + ~Ç } A contribuição da energia em coordenadas retangulares, é dada por:
perto das paredes foi investigada em detalhe por Marco A. Nabuco (ver lista de
referências bibliográficas). Incluindo o termo de correção de Waterhouse, a equação ..
1

2 1 éJ 2 éJq(x,y,z,1)
acima será dada por: V P(x,y,z,1)- 2 - 2 P(x,y,z,l)=p -. (7.35)
e éJt oi

NWS = NPS + IOlog \I -IOlogT- 14+ !Olog( l + :: ) (7.34) onde:


.. P(x, y, z, t) é a pressão sonora instantânea no ponto (x, y, z) da sala
p é a densidade do meio
A equação 7.34 é usada para determinação da potência sonora, onde: e é a velocidade do som no meio
NPS é o nível de pressão sonora médio dos sinais dos microfones para cada
banda de freqüência, calculado na forma abaixo: A resposta de uma sala devida a uma fo nte de ru ído é composta de duas partes:
pressão sonora de regime transitório e pressão sonora de regi me permanente.
A eq uação do movimento que corresponde ao regime permanente da eq uação

NPS = IOlog[-
M
1
-f IONPs,nn ]
i=I
homogênea 7.35 é dada por:

2
02 P( . ,
V ,\,), Z,I
)- 12 d P(x, y , z,1)
,
=O (7.36)
A precisão da medida depende da unifo rmidade do campo difuso; por isto usam- e Jr
se várias posições da fonte e dos microfones. Cuidados devem também ser tomados
para evitar o efeito do campo direto.
Uma das dificuldades na medição do tempo de reverberação é a formação de Neste modelo consideram-se as superficies da sala retangular como sendo perfei-
uma configuração de ondas estacionárias com grande vari ação entre pressões tamente rígidas (absorção das paredes nula, caso aproximado da câmara reverberante).

111mllllll
Sarnir N. Y. Gerges Acústica de Ambientes Fechados

I sso significa que tem-se como condições de contorno velocidade de partícula sendo
nula (normal às paredes) nas paredes. Se a origem das coordenadas estiver em um
dos cantos da sala, que possui dimensões L .. , LYe L,, então:

11, =o para x =O e x=L X .,


(
/1 rc
P,, (.r, y, z) = cos _x_x ) cos [ -/1 ·,.rc-y
L... L-"
l[ cos -/1 =rc
L,
-z ) (7.40)

11 =o
y
para y =O e y = L)' onde:
11, =o para z =O e z = L: Ali são coeficientes a determinar
n_,., ny e 11: = O, 1, 2 ... (trio de números /1 )

onde: Tem-se ainda


11... , uY , 11= são as velocidades das partículas nas direções x,y,z respectivamente.
k = 11/C = OJ.r
\
Supondo que p(x,y, z, t) seja uma função harmônica no tempo, L, e

P(x, y , z,t) = P(x, y, z, t)e;"'' (7.37)


k = /1 ,.rc = (.0 1•
,. L (7.41)
Substituindo a equação 7.37 na equação diferencial homogênea 7.36, tem-se:
-'" e

?
..
'
V - P(x, y, z, 1)+-2
r.v-
e
P(x,y,z, t) = O (7.38)
k =
'
llJC
L.
= OJ:
e

Como a velocidade de partícula é nula nas paredes; E então o número de onda é dado por:
..
ô P =0 para x = O e x = Lx
k2=k2+k2+k2
.r
li )' : (7.42)
ôx
onde:
8 k;;, k.,, k: são os números de onda correspondentes às frequências de ressonância
p=O para y= O e y = LY (ou natLirais) da sala para um determinado modo normal (n.. , 11.re 11).
ôy
A freqüência de ressonância da sala é dada pel as equações 7.41e7.42, como :
ô P
~=O para z= O e z=L,
12
A solução da equação diferen cial 7.38 é conhecida e igual a: .1;, = ~[[!!..L)2 +[2]2+[!!.2. .)2] ' (7.43)
2 L... L-" L,

P(x, y,z,t) = L,A,, P,,(x,y,z) (7.39)


para o modo (n,., nye 11).
Sarnir N. Y. Gerges Acústica de Ambientes Fechados

As funções P,,(x,y, z) são conhecidas como ondas estacionárias e são resultados e substituindo-se as equações 7.46, 7.47, 7.37 e 7.39 em 7.35, tem-se:
das s ucess ivas reflexões das ondas sonoras nas seis paredes da sa la.
As funç ões P,,, conforme a equação 7.40, são também chamadas de fun ções
características, e possuem a propri edade da ortogonalidade, ou seja:
., L A (-k,; P,, (x, y, z) )+ k2 L A P, (x, y, z) = icvp L B P, (x, y, z) (7.49)
11 11 1 11 1

Íi,P,,(x,y,z)P,,, (x,y,z )dV= ~ para 111=11 (7.44) Utilizando-se as condições de ortogonalidade 7.44 e 7.45, tem-se:

imnB ) iwp A f q(x,y,z)P,,(x,y,z)dV


Íi,P,1 (x,y,z) P111 (x,y,z)dV=O para m=t=n (7.45) A = ( ,., ,, =--v:..........J.;v
. 1_ ________ (7 .50)
1/ (k2 -k,;) (k 2 -k,;)
onde
V = L L L = volume da sala
X )' : Substituindo a equação 7.50 em 7.39, a pressão sonora instantânea no ponto (x, Ji z) fica:
;\ = ell,. eftl' e,,=
e0 = 1 ; i:1 = e2 = e3 = .. . = 2
A f q(x,y, z)P,,(x,y,z )dV JP11 (x,y,z) .
A equação 7.39 mostra que o valor da pressão sonora será fun ção da posição de . °"\' [ V Jv IWI
(
Px,y,z,t ) =1Wp,t,.. e (7.51)
2 2
medição, bem como das freqiiên cias normais da sala ou do modos naturais que esta- li (k -kll)
rão sendo excitados.
Para determinar os coeficientes A,, da equação 7.39, que correspondem às ampli-
Se a sala for excitada por uma fonte na freqüência de ressonância w,,, a pressão
tudes das diversas ondas estacionári as que compõem o campo sonoro p(x, y, z),
sonora tende a um valor infinito. Isto ocorre em função da sala não possuir amorte-
pode-se escrever a eq uação não homogênea 7.35, considerando, como já fo i visto,
cimento algum (absorção sonora nu la).
que a fon te sonora é harm ôni ca (excitação harmônica) no tempo, o u seja, com
Evidentemente, esta condição é impossível na prática e pode-se, então, sem alte-
rar substancialmente as freqüências naturais da sala dadas por 7.43, considerar as
q(x, y, z,t) = q(x, y, z)e""' (7.46) paredes da sala como sendo quase rígidas o u com amortecimento baixíssi mo (como
será visto na última seção deste capítulo).
Considerando que as paredes da sala possuem algum amortecimento, o que pode
q(x, y, z) pode ser desenvolvida em função dos P,,(x, y, z), o que só é possível ser representado por um termo de amortecimento {3, então a pressão sonora é dada por
em vista dos mesmos fo rmarem um conjunto completo e ortogonal de soluções da
equação 7 .38. Então
[ ~ J q(x,y,z)P,,(x,y,z)dV Ji~1 (x,y,z) .
q(x,y,z,t)= l,B 11 P,1 (x,y, z) (7.47) P(x, y , z,t)= iwpl, v e""' (7.52)
[k2-k 2 -i2k /J[êllX + êll)' + ê,,, l~
li
li
11
" LX Ly LZ
Da equação homogênea 7,36, sabe-se que:

Se a freqüência de excitação w for igual à freqiiênci a de ressonância w,,,


2
\7 P,, (x, y, z) = -k,; P,, (x, y, z) (7.48) a resposta não tende mai s a infin ito, como pode ser visto na equação 7.52.

-·••111 11111•-
Sarnir N. Y. Gerges •111111 Acústica de Ambientes Fechados

Substituindo P11 da equação 7.40 e reso lvendo a integração, tem-se:


z

1 Y Máquina

///
0~-­ sob Teste

/ e a pressão sonora é dada pelas equações 7.54 e 7.5 1 (ou equação 7.52).
Para um dipolo, que é formado por dois monopolos próximos um do outro e
pulsando fora de fase, a di stribuição de velocidade de volume da fonte será do tipo:
Figura 7.5: Modelo de câmara reverberante

q(x,y,z)= Q"ófx-(x0 -L1.r/2)J óly-(y0 -Lly/2)J ó[z- (z0 -Llz /2)]


Considerando uma fo nte de excitação tipo monopolo, que é uma esfera pontual
pu lsante, com raio a bastante pequeno comparado com o comprimento de onda (ver -Q"ó[x-(x0 + Llx /2)) '5[y-(y0 + Lly /2)) Ó[ z - (z 0 + Llz /2)) (7.55)
seção 4.3), tem-se:
onde:
ka << 1 donde k = 111 /e Qc1 é a velocidade de volume do dipolo em m3/s
(x0 , y 0 , z 0) é a pos ição do dipol o
Lix, L\y, L\z são as distâncias entre os do is monopo los e são muito peq uenas em
A fun ção de di stribuição de velocidade de volume de um monopolo pode ser relação ao raio de cada monopo lo.
escrita como:
Então a pressão sonora da resposta da sala é dada pelas equações 7.55 e 7.51
q(x, y, z, t) = Q0 ó(x-x0 ) Ó( y- y0 ) Ó(z- z0 ) (7.53) (ou equação 7.52).
A formulação acima permite estimar a res posta da sala retangular excitada por
onde: um conjunto de fontes de ordem s uperior (dipolo, quadripo lo, etc).
Q0 é a velocidade de volume da fonte em m3/s No próx imo item é apresentada uma análise sobre a variação espacial estatística
o(x-xo), o(y -yo), o(z - zo) são os fun ções delta de DIRAC aplicadas em Xo•Yo da energia sonora em câmara reverberante e são feitas recomendações sobre a preci-
e =orespectivamente. são na determinação da potência sonora de uma fonte.

O problema se resume, então, em encontrar o resultado da integração entre as Variação Estatística do Ruído em Câmara Reverberante
chaves do numerador na equação 7.52, como segue:
Desenvolve-se nesta seção, um modelo matemático para a câmara reverberante,
que permitirá um melhor entendimento das condi ções nas quais a potência sonora

lV
q(x,y,z)P,,(x,y,z )dV =lOl,ll"
O O
ll' Q0 ó(x-x0 ) medida em uma câmara reverberante é igual àquela medida no campo livre.
Considera-se a câmara reverberante retangular (mostrada na figura 7.5 ) de di-
Ó(y - y 0 ) Ó( z - z0 ) P,, (x, y, z) dz dy dx mensões lx, LY e L= com paredes de condutância específica f3 pequena.
Sarnir N. Y. Gerges Acústica de Ambientes Fechados

A pressão sonora P(x, y, z, t) produzida no ponto (x, y, z) por uma fonte de ru ído A integração na expressão 7.57 é feita sobre todas as superfícies da câmara
situada em (x0 , y 0 , z0 ) é dada pela equação 7.52 como: (seis paredes).
Substituindo-se a expressão 7.56 na 7.57, os resultados obtidos por Gerges mos-
tram que, a potênc ia sonora irrádiada por uma fonte sonora tipo monopolo
imp . I, AP,,(x,y,z)J q(x, y, z)P,,(x,y, z)dV (uma pequena esfera pulsante, ver figura 7.6), quando obtida a partir da média dos
J~
(7.56) valores referentes a diversas posições da fonte no inter ior da câmara, apresenta valor
P(x,y, z, t)=--y-e""' 11 ... . 11,..11 . [ [. ê
· k2-k2-2·k /3 ~
L
+ ....!!!...
L
+ 811
L
'
igual ao obtido em campo livre. Os mesmos resultados foram obtidos para uma fonte
li 'li tipo dipolo pontual (ver figura 7.6), para uma fonte tipo quadripolo (ver figura 7.6)
X y z
e para uma fonte unidimensional, tal como uma barra v ibrando transversalmente.

onde:
ú) é a freqllência angular da fonte (rad/s)
k é o número de onda acústi ca (cv lk = e)
k,, é o número de onda da câmara

a) Fonte Sorora Tipo Monopolo


Os
da

P11 é a função característica da câmara


b) Fonte Sonoro Tipo Dipolo
P,,(x, y, z ) = cos(k_J) cos(k ,.Y) cos(k , z)
Diretividade
nX , n)' e n: são os números dos modos da câmara
J\ é o fator normalizado

J\ = ellX e eu;;
I~)'
e) Fonte Sonoro Tipo Quodripolo

e0 = 1 e e11 = 2 para n > O


e q é o termo da fonte ( fluxo de volume).

Grande parte da energ ia acústica é diss i pada nos co ntorn os d a câmara Figura 7.6: Modelos de fontes sonoras
reverberante, especialmente em bai xas freqiiências, onde pode ser desprezada a ab-
sorção do ar. No estado estacionário, a potência acústica média temporal < W >,
emiti da pela fonte é igual àq uela absorvida pelas paredes da câmara:

Portanto, é possível concluir que, para qualquer tipo de fonte sonora, resultados
pp•
< W> = f-/3dA (7.57) precisos da potência sonora podem ser obtidos efetuando a média da potência emi-
2pc tida em tantas posições quanto possíveis no interior da câmara reverberante.
O desvio padrão espacial normalizado correspondente, <r, para cada tipo de fon-
onde P' é o complexo conjugado de P. te sonora, é o seguinte:
Sarnir N. Y. Gerges Acústica de Ambientes Fechados

1. Fonte Sonora Monopolo r ígida, irradia mais potência que aquele no campo livre, devido ao campo de interferên-
cia construtivo). A razão entre a,,= a,
e 11111 , com respeito à orientação do dipolo, é:

(7.58)

onde:
f é a freqüência da fonte em Hz
V é o volume da câmara reverberante em m3 3. Fonte Tipo Quadripolo Lateral
T é o tempo de reverberação em segundos

2. Fonte Tipo Dipolo Pontual


CJ = f
181 8 [ V )il"
T ( sen 4 2</J+cos '1 2</J- 2 sen 2 2</Jcos 2 2</J ~
9
2

(7.62)

(7.59)
para um quadripolo em um plano paralelo ao plano z, a um ângulo l/J com o eixo x.

onde ee
tP são os ângulos de azimute e o ângulo axial do dipolo, respectivamente, O caso geral de orientação do quadripolo oblíquo é de so lução muito complexa,
em coordenadas esfét:icas. portanto, não é possível se obter um valor limite mínimo para a.

Um valor mínimo para aé obtido para um dipolo oblíquo com a seguinte direção: 4. Uma Barra Cilíndrica Vibrando Transversalmente
B = tg - J2 e tP = 7r 14, e é dado por:
1

12
CJ . = 1070(T ) '
(7.63)
(7.60)
m111 f V

onde:
Este valor mínim o é devido ao alto número de modos ob líquos sendo excitados;
a111111 é sempre maior que zero.
e é o âng ulo do plano de vibração
z é o plano de vibração da barra
Um valor máximo para o desvio padrão normalizado é obtido para a seguinte
l é o com primento da barra ( igual ao comprimento da câmara)
direção do dipolo: e o= ( um dipolo que vib)·a paralelo às paredes da câmara), a, a,
Neste caso, a razão 11ax / 11111 = 1,34
e é dado por:
12 Uma análi se feita para o caso de uma barra cilíndr ica pulsando rad ialmente e
C] = l680(I_) ' (7.6 1) vibrando axial mente, mostra que;
m:1x J V
1/2

Este valor máximo é devido à orientação paralela ao canto da sala e também à proxi- CJ = 77 78 TL (7.64)
' ( Vf )
midade das paredes (um dipolo que vibra paralelamente e próximo a uma superficie

fl!1mllllll
Sarnir N. Y. Gerges Acústica de Ambientes Fechados

A mais significante conclusão que pode ser deduzida desse modelo de estudo Se as medições forem feitas muito próximas da fonte, o nível de pressão sonora pode
(ver as equações 7.58, 7.59, 7.62, 7.63 e 7.64) é que o menor desvio padrão a possível variar significativamente com uma pequena mudança de posição. Esta situação ocorre a
(conseqüentemente, maior confiabi lidade da medição da potência acústica irradiada distâncias/, que definem uma região de pontos denominada ('Ai\i/PO PRÓXIMO;
com a posição da fonte) pode ser obtido se o lóbulo maior da diretividade da fonte for
orientado não paralelamente a qualquer parede ou canto da câmara reverberante. I < comprimento de onda ou 2 x (maior dimensão da fonte)
Também, (J é menor para câmaras de volume maior, nas altas freqüências, e para câ-
mara com tempo de reverberação baixo (ou alta absorção). Isso explica porque a nor- Como foi demonstrado no capitu lo 1, para distâncias próximas de zero entre a
ma ISO 374 1 especifica valores altos de absorção para baixas freqüências (a = 16%).
fon te e o ponto de medição, a pressão acústica e velocidade da partícula estão fora
Usualmente obtém-se pouca precisão na potência sonora medida em baixas fre- de fase; então não existe energia sonora propagando-se mas apenas ar vibrando.
qliências. Isso porq ue poucos modos da câmara são excitados e a vari ação do nível Além disso, perto da fonte o mapa da energia acústica é compl icado, isto é, existe
de pressão sonora com a posição da fon te, ou com a posição do microfone, é grande. troca de energia local entre regiões (perto da superficie da fonte), além do que em
A potência sonora medida em baixas frequ ências é sempre menor do que a medida alguns casos, existe flu xo de ar e variação de temperat ura. Consequentemente,
em campo livre (câmara anecóica). no campo próximo existe uma grande variação no nível de pressão sonora. Portanto,
para uma distância /, tem-se campo próximo e as medições nessa região devem ser
Conclusões
evitadas, se possível.
A determ inação precisa da potência irradiada por uma fonte numa câmara A uma grande distância da máq uina existe o campo acústico denominado CAM-
reverberante pode ser obtida se: PO REVl~IW L'RA N TE; nesta região as refl exões das paredes e outros objetos podem
ser tão fortes quanto o som direto.
(a) O volume da câmara for grande e esta tiver forma irregular (paredes não parale-
Entre os campos reverberante e o próximo, existe o campo quase- livre, obser-
las e de di ferentes tamanh os);
vando-se neste campo que o nível cai 6 dB para cada duplicação de distância a partir
(b) Um grande número de posições para a fonte e para o microfone forem usados, da fonte. A figura 7.7 mostra os vários campos.
especialmente em baixas frequências para tons puros; Muitas vezes é necessário medir a potência sonora de máquinas já instaladas em
(c) A câmara tiver um tempo de reverberação baixo (maior absorção) em baixas ambientes de fábricas ou oficinas. Nestes casos usa-se o método de comparação no
freqüências; qual se emprega uma fonte de potência sonora calibrada com valores de níveis de
(d) O lóbulo de diretividade da fonte não for paralelo a qualquer parede ou canto; potência (N WS,.c1) conhecidos. Esta fonte de referência é colocada na posição mais
próxima possível da máquina e o nível de pressão sonora (NPS,,1 ) é então medido em
(e) Difusores estacionários ou rotativos forem usados. Com difusores rotativos a
vários pontos no ambiente, a distâncias correspondentes a campo li vre (ver figura 7.7).
variação da pressão média quadrática pode ser 10 (dez) vezes menor do que a
A seguir repete-se a medição, com a própria máq uina (NPSmnq). As diferenças determi-
obtida com difusores estacionários;
nadas entre os níveis de potência sonora serão iguais às diferenças dos níveis de pres-
(f) Forem usados fatores de correção de Waterhouse (ou de Nabuco). são sonora; assim a potência sonora da máquina pode ser determi nada por:

7.5.2. Medição em Campo Semi-Reverberante N WSmaq = N WSre.f - ( NPSn:f - NPSmaq) (7.65)


Na prática, a maiori a das medições de ruído é feita em câmaras qu e são
nem anccóicas nem reverberantes, mas algo interm ediário, como por exemplo: Além dos erros já citados que podem ocorrer na determinação da potência sono-
ambientes de fáb ricas, escritórios, etc. Isso torna dif1cil a defini ção da posição ra de uma fo nte, há ainda um devido ao fato do campo não ser perfeitamente
adequada dos micro fones e fonte. Entretanto, visando o confor to acústico e a reverberante; tal erro pode levar a se ter flutuações de até 4 dB. /\medição na distân-
proteção da audi ção, as medições devem simplesmente ser tomadas na posição cia correta da fonte é importante, para evitar os efeitos da diretividade, tanto da
normal dos ouvidos. Neste caso, as refl exões são parte do campo sonoro que se máquina quanto da fo nte de referência, lembrando qu e as duas di reti vidades nunca
deseja medir. são iguais. Por isso, a fonte de referência é fab ricada para ter diretividade o mais
Existem diferentes campos acústicos definidos em relação à distância da fonte. uni forme possível (unidirecional).

111111-
Sarnir N. Y. Gerges Acústica de Ambientes Fechados

Reflexões
Parede
Eir.IWIO

Porede
Interno

N1vel Sonoro dB
~ x comp. mci-
1-qu ina ou um-l 1 Campo
comp. onda 1 Campo Livre 1reverberante
ou
1
lsemi-rever- Figura 7.8: Vis/a de 111110 câmara a11ecóica
1 1 berante

i 6d8/ dobro 1
1
I Dist.
1 Geralmente, a câmara tem forma cÍlbica e comprimento maior que duas vezes o
1 ' 1 comprimento da onda de freqüência mais baixa.
1
Ccrrl:>o Proximo 1 Campo Remoto
O número de pontos de medição necessário para permitir uma avaliação precisa
1
1 1 dependerá bastante da distribuição do ru ído irradiado pela fonte.
Considere-se um a superfície que contenha a fonte dividida em N áreas
S;(i = 1, 2, 3, ... , N) . A soma das potências passando por cada área fornece a
Figura 7. 7: Distribuição do campo sonoro em salas potência sonora total emitida;

f p 2s.
w =Li-'-' (7.66)
i =I pc
7.5.3. Medição em Campo Livre (Câmaras Anecóicas)
onde:
Este método garante que somente o ruído emitido pela fonte é medido, P, e S, são as pressões acústicas e as áreas dos elementos, respectivamente.
sem reflexões. As medições deverão ser feitas em uma câmara anecóica. Em uma N é o número de pontos de medição circundando a fo nte, tomados no cen-
câmara anecóica, todas as paredes, o teto e o chão, são revestidos com um material tro de cada elemento da área.
altamente absorvente (a= 99,99%) para el im inação das reflexões (ver figura 7.8).
Assi m, o nível de pressão sonora, em qualquer direção a partir da fonte de ru ído, pode Câmaras anecóicas são usadas para medição de diretividade de fontes sonoras, além
ser medido sem a presença de reflexões interferentes. A medição em câmara anecóica de medição de absorção de materiais, excitação de estruturas com campo sonoro livre,
é necessária quando a fonte possui fortes componentes de freqüências discretas, calibração de microfones e curvas de resposta de caixas acústicas.
ou quando é necessário determinar a diretividade da fonte. Os dados são normalmente obtidos em bandas de 1/1 oítava ou de 1/3 de oitava.

&mllllll
Sarnir N. Y. Gerges Acústica de Ambientes Fechados
Há três tipos de erros associados à medição em câmara anecóica:
(i) O e1rn de medição no campo próximo, onde a pressão sonora e a velocidade de partí-
cula podem não estar em fase, não havendo nenhuma relação simples entre a energia
acústica e a pressão sonora medida. A tabela 7.3 mostra os valores mínimos de1f(onde
r é a distância do cenh·o da fonte até o ponto de medição e/é a freqüência).

Tipo de fonte r f (m I s) Erro (dB)


Dipolo > 50 $3
Dipolo
Quadripolo
•L,
> 100
> 120
·- SI
$3
~
·-

Quadripolo > 250 s1

7àbe/a 7.3: Freqüência x Distância

Portanto, por exemplo, para a banda de oitava de/= 125 Hz e para erros iguais
ou menores do que 1 dB, a distância r mínima tem que ser maior que 0,8m,
para um dipolo, e 2,0m para um quadripolo.
(ii) O erro de amostras discretas para o cálculo da média quadrática da pressão onde uma Figura 7. 9: Câmara semi anecóica lípica
série de pontos discretos (medidos no centro de cada elemento de área da superficie)
são usados, ao invés da integração contínua. Este en-o é menor que 1 dB para fonte
dipolo ou quadripolo, mas pode chegar até 2 dB para outros tipos de fontes complexas. O campo sonoro reverberante é associado com as reílexões das paredes; a pressão
(i ii) Outros erros devidos a: calibração dos equipamentos, leitura, ruído elétrico, .. , etc, média quadrática produzida no campo difuso reverberante (veja equação 7.30) é dada por:
que não serão discutidos aqui.

Câmaras semi anecóicas especiais são usadas para medições de ruído e desen- <
P2 >=--
r r1•
4pcW0
A-
volvimento de produtos, tais como: computadores, revestimentos acústicos de auto-
móveis, etc. (ver figura 7 .9).
Portanto, a pressão média quadrática total é dada por:

7 .6. Redução de Ruído por Absorção


Em ambientes internos, dois campos sonoros são produzi dos por uma fonte:
2 2 2 +-
<P >=<P,1 >+ < 2?,.,.,. >=pcW ( - - ºº 4)
4Jrr A
um é o campo sonoro direto divergindo da fonte e o outro é o campo sonoro reverberante.
A pressão média quadrática produzida pelo campo direto, supondo que a radia-
Conseqüentemente, a relação entre o nível de potência sonora NIVS, de uma fonte
ção é uniforme, é dada pela equação 7.30;
e o nível de pressão sonora NPS, gerado por esta a uma distância r, em uma sala,
pode ser escrita como:

Onde ré a distância entre o centro da fonte e a posição do ponto de medição.


NPS-NWS= IOlog( ºº, +~)
4nr - A

llllllm111JJ
Sarnir N. Y. Gerges Acústica de Ambientes Fechados

Onde A é absorção total da sala dada por: A = aS, sendo a o coeficiente de


absorção médio das superfícies (ver apêndices 111,IV, V e VI) e S a área da superfície
da sala. A figura 7.1 O mostra a variação de ( NPS - NWS) com r;::;- r para vários

valores de A (en 111 2). "ºº


o
\~ 1111
-5
~ A( m2 )=50
10

15
Campo ~ ........... ~ 100
Livre =oo ,~
í'l.X

2Q
~ .. 5()(
~~~~ Figura 7.11: Efeito da absorção
CJ)
~
..... J()()(
~
z
1
25

X
---
~
:..-! XI

l5CXX Em ambientes industriais, a redução do NPS do campo reverberante (campo


~
CJ)
o.. ...... 10000 afastado das fontes) pode ser conseguida usando materiais absorventes nas paredes
z - -- ~~

:o.:xx: e/ou suspensos em ambientes (ver figura 7.11 e 7.12). Uma redução de 3dB é obtida
4Q
r1Var:/
1 1 1
'\ lTTI dobrando a área revestida S, ou o coeficiente de absorção. O NPS no campo próxi-
~1 1,0 10 100
mo sofre pouca aten uação pelo revestimento, pois seu valor é fortemente determina-
do pelo campo direto.
Figura 7.10: NIVS e NPS dentro de salas Note que a adição de absorção num ambiente melhora suas características acús-
ticas internas tais como, redução da reverberação e aumento da inteligibi lidade,
que são fato res ligados à qualidade do som e sua distribuição em salas.
Quando
11
Q , << 4 /A, o efeito da absorção dos materiais adicionados nas Quando duas pessoas conversam perto uma da outra a iníluência da sala é
41rr - irrelevante, porque cada uma recebe o campo direto. No entan to, quando N pessoas
paredes tem pouca iníluência no nível de pressão sonora (caso do operário da má- estão conversando em grupos separados (em restaurante ou festa), a pressão acústi-
quina na figura 7.1 1). ca do campo reverberante (ruído de fundo) au mentará de 10 logN e a conversação
Quando Q11 , >> 4 /A, o nível de pressão sonora reduz-se de 3 dB para cada fica mais difíci l pelo aumento do ruído de fundo. Portanto, cada um va·i tentar falar
4m· - mais alto e conseqüentemente o ruído de fundo aumenta e a inteligibilidade diminui.
duplicação da absorção total A (caso do supervisor na figura 7 .11 ). Este fenômeno é chamado EFEITO COQUETEL.
Por exemplo, um trabalhador na frente de uma máquina ruidosa recebe o campo Barreiras e di visores são tão efeti vos dentro de ambientes internos quanto exter-
direto P". O aumento da abso rção tem pouca influência no NPS que ele recebe. nos. Barreiras usadas em ambientes in ternos podem atingir a mesma atenuação de
No entanto, o trabalhador mais afastado da máquina recebe o campo reverberante P'"'" barreiras externas. Nos ambientes internos as barreiras devem ser revestidas com
onde o NPS redu z-se de 3 dB para cada duplicação da absorção. Portanto, deve ser materiais de absorção no lado da fonte, incluindo as bordas. O revestimento das
tomado cuidado na tentativa de atenuação de ruído através da simples colocação de bordas tem por objeti vo atenuar a parcela da energia sonora dobrada por difração
materiais absorventes dentro de ambientes industriais. (ver figura 7. 13). Barreiras em campos difusos não são efetivas.
Sarnir N. Y. Gerges Acústica de Ambientes Fechados

7.7. Freqüências Características e Densidade Modal

7.7.1. Salas Retangulares


A teoria de geometria ou raio acústico é inadequada para estudar o com porta-
mento acústico de salas porque tal teoria considera valores médios e ignora as fre-
qllências característ icas das sa las. A mais adequada é a teoria da análi se modal
(ondas acústicas), onde uma sala pode ser tratada como um ressonador compl exo
tendo vár ios modos acústicos, cada um com sua freq uência característica de resso-
nância l ivre e amortecimento.
A expressão para uma onda plana dentro de um a sala retangular com dimensões
L,.. L,. e L: é dada por:

(7.67)

que satisfaz a equação da onda sonora

Figura 7.12: Exemplo típico de uso de materiais, absorventes, suspensos SONEX da


l/bruck Industrial Lida.
(7.68)

As constantes kx, ~v e k: são dadas por:

(7.69)

onde kx / k, k/ k e k) k representam as direções da onda em relação aos eixos x, y e z.

Em geral tem-se oito ondas, simultaneamente, na equação 7.67, com todas as


combinações possíveis dos sinais de x, y e z.
Então, a equação geral da pressão dentro de uma sala é a soma das oito ondas
planas, dada por:

E. =Acos(k_..x)cos(k,,y)cos(k, z)e;wi (7.70)


Figura 7.13: Biombo de fabricação Acústica São Luiz
Sarnir N. Y. Gerges . Acústica de Ambientes Fechados
As condições de contorno para a sala retangular com paredes rígidas (absorção zero) A eq uação 7.70 é a expressão geral para a onda estacionária em qualquer ponto
são velocidades de pattícula nulas nas paredes, isto é: (x, y, z), produzida em uma sala retangular com paredes rígidas.
Quando 11v = 11= = O, a equação 7.70 se torna igual a equação da onda plana em
l Jp um tubo coni'terminações rígidas em x = Oex= Lx.
u =----== O para x= O e x= L... As ondas estacionári as em salas retangulares são de três tipos:
iOJp d X
1. Grupo de ondas ax iais onde dois dos /1 são zeros; a onda se move paralela ao
eixo x ou y ou z.
l Jp 2 . Grupo de ondas tangenciais para as quais um dos /1 é zero; estas se movem
v =---==O para y =O e y= LY (7.7 l )
iwp J y paralelas a um plano (xy ou yz ou zx).
3. Grupo de ondas oblíquas para as quais nenhum /1 é zero; a onda se move nas três
direções (x, y e z).
l () p
w = -----= = O para z = O e z = L, A tabela 7.4 mostra os resultados obtidos para uma sala com dimensões
iwp () z
7 x 4,5 x 2,5 111 em termos das primeiras dez freqüências de ressonância da sala e os
modos associados a estas.
Substituindo-se 7.70 em 7.7 1 tem-se:
b 1
.sen(k ... L. . ) = sen(k.\'LY) =sen(k ,L=) =O 1
1
ou 1
l ,8 ,5 ,2 o 7- ,5 ,8 l
k . =n..n l n .. = 0,1, 23
once , , ... 1
·' L... 1
1
1 a
\0,0Modo
li )'![
k >' = - - onde /1 >' = O, 1, 2, 3,. .. (7.72)
L"' 2,1,0 Modo
n, n n, f(Hz)
o o 24,5
o 1 o 38,j
k = n,n onde 11, =O,l ,2,3,. .. 1 1 o 45,3
' Lz 2 o o 490
2 1 o 62,1

Portanto, a freqüência característica de cada modo acústico tem três componentes, o o 1 68,6
sendo dada por: 1 o
3 o
o 2 o 76,2 \ 1,0 Modo

(~J2 +(5:.)2
+(!!LJ2
e {J) o 78,5
f=-=- (7.73)
2TC 2 L... L>' L,
7àbla 7.4: Freqfiências e modos de ressonância para sala de 7x4,5x2,5 m

111111mm
Acústica de Ambientes Fechados
Sarnir N. Y. Gerges •111111
O conhecimento das freqüências características de uma sala é essencial para o
entend imento completo das suas propriedades acústicas, já que ela age como um
ressonador e responde fortemente naqueles sons compostos com freqüências iguais
ou· próximas das freqüênc ias características. Por exemplo, a tabela 7.4 mostra dois
modos di ferentes, ( 1,0, 1) e (3,0,0), que tem freqüências características próximas.
Portanto, essa sala particular responde fortemente em sons com bandas de freqiiên-
cias entre 72 e 74 Hz.
A eq uação 7.70 indica que a amplitude da pressão sonora de todas as ondas em
uma sala retangular terá um máx imo no canto da sala. Portanto, se a fonte estiver no
canto, será possível excitar todos os modos em sua extensão completa. E também, fy
se o microfone estiver no canto, estar-se-á medindo os picos de pressão sonora de
todos os modos excitados. Em contraste, se a fonte esti ver na posição de pressão
nula, esse modo não será excitado; por exemplo, se um alto-falante é posicionado
no centro de uma sala retangular, somente alguns dos modos serão excitados
(modos que têm 11'", 11Y ou 11= par).
Um campo sonoro típico gerado por um alto-falante localizado em um canto de
uma sala retangular e medido por um microfone local izado no canto diagonalmente
oposto, é mostrado na figu ra 7.14. Neste caso a sala foi excitada com tons puros
com variação lenta da freq üência de 20 Hz até 100 Hz. Os picos indicam as freq üên-
cias de ressonância da sala. Figura 7.15: Distribuição de ji-eqiiê11cias

40 Cada ponto no diagrama do espaço de freqüências (ver figura7. l 5) representa


um modo característico da sala. Portanto, pode-se obter o número N de modos nor-
30
mais abaixo da freqüência/ através de:
ã)20
:g
N= volume de um oitavo de esfera de raio .f
(/) 10
Cl. volume de um bloco retangu lar (c!2L_,,cl 2L>' ,c/ 2L=)
z o
o 20 40 60 80 100 120 140 ou
Freqüência (Hz)
N = 4nV / 3
(7.74)
Figura 7.14: Resposta típica de sala nas baixas freqüências 3c 3

Ap licando a eq uação 7.74, o número de modos abaixo de 78,5 Hz na mesma sala


da tabela 7.4 é N = 3,9 modos.
A equação 7.73 indica que cada freqüência de ressonânciafpode ser considera-
Portanto, N calculado pela equação 7.74 é menor do que aquele mostrado na
da como um vetor no espaço de freqüências com componentes n Tc/2l X, 11y c/2l)' e
tabela 7.4; a equação 7.74 fornece, assim, um erro considerável.
n,cl2l= (ver figura 7. 15).

Bmllllll
1
Sarnir N. Y. Gerges Acústica de Ambientes Fechados

Assim, na fo rma mais correta da equação 7.74, deve-se também considerar os Para uma sala cilíndrica com raio a e comprimento /, a solução da equação da
modos tangenciais (em qualquer plano) e os modos ax iais (em qualquer eixo), e então: onda em coordenadas cilíndricas é dada por:

N - -- f
_ 4.nV 3 TC S- J 2 +-
+- L f (7.75)
p(r, B, z,t ) = eiw1 cos(m B)cos ( --;;-
3c3 · 4c 2 8c · (J) • Z ) 1,,,cos ( -e-
(J) r /' ) (7.77)

S é a área da superílcie das paredes, S = 2 (Lxl.1, + Ll: + l:L)


L é a soma dos comprimentos das arestas da sala, L = 4(L_. + LY + LJ
onde J,,, é a função de Bessel de ordem 111.
Considerando, então, o exemplo anterior, a eq uação 7. 75 fornece N = 1O, que é As condições de contorno de velocidade da partícula nula nas superfícies são:
o mesmo valor encontrado na tabela 7.4.
Na equação 7.74 são considerados somente os modos oblíquos, mas na equação
7.75 são considerados todos os tipos de modos (oblíquos, tangenciais e axiais).
Um parâmetro útil é o número de modos normais t1N que há dentro de uma (J) ./
- ·- = /IJ[
banda t1/ com freqiiência central f. A derivação da equação 7.75 fornece: e .

e
(7.76)

OJ,.a
A equação 7.76 indica que dN/df é proporcional ao volume Ve ao quadrado da [ad/'PJ =O
:=a
o --=a,,,,,TC
e
freqiiência central ([2) da banda. Portanto, a distribuição mais aleatória do campo
sonoro pode ser obtida nas altas freqiiências, em salas grandes e bandas largas.
Então, a equação 7. 14 é mais adequada nas altas freqiiências e para salas grandes, onde os valores de a,,,,, são dados na tabela 7.5
onde a energia sonora dentro da câmara é mais distribuída (campo sonoro difuso). =
a,,10 m / p param >> 1
Nas salas cúbicas, a distribuição do campo sonoro é menos uni forme do que nas =
a,,w n + 0,5111 + 0,25 para n >> 1 e n ;;:: 111
salas retangulares, por ter va lores iguais de freqüências de ressonância para modos
diferentes. Nas salas não uniformes (com paredes não paralelas), a distribuição do
campo sonoro é mais aleatória, ou o campo é difuso. Por isso, é recomendado que as
paredes das câmaras reverberantes não sej am paralelas.
m 11:0 11:1 11=2 11:3 11:4
7.7.2. Salas Cilíndricas o 0,0000 1,2197 2,2331 3,2303 4,2411
Na seção 7.7.1 foi analisado o caso da sala retangular. Em alguns casos especiais, 1 0,5861 1,6970 2,7140 3,7261 4,7312
entretanto, como por exemplo o interior de um avião ou submarino, corpos cilíndricos 2 0,9722 2,1346 3,1734 4, 1923 5,2036
de máquinas, dutos de ar CQJldicionado, etc, tem-se forma cilíndrica. 3 1,3373 2,5513 3,6115 4,6428 5,6624
As equações: do número de modos 7.75, da densidade modal 7.76 e do tempo de 4 1,6926 2,9547 4,0368 5,0815 6,1103
reverberação 7. 14, são válidas, mas fica difícil definir os tipos de modos, tais como

,...,,,//
modos axiais, tangenciais e oblíquos, para formas não retangulares. Tabla 7.5: Valores de a
""'

11111•--
Sarnir N. Y. Gerges Acústica de Ambientes Fechados

Portanto, as frequências de ressonância da sala ci líndrica são: onde:


V= rca 11
S = 2rca1 + 2rcal
OJ =( -·-
TCll.C )
11, =O, 1, 2, ... L = 4rca + 41
z I
A com paração entre as equações 7.80 e 7.76 demonstra que as duas equações
tem a mesma forma mas com os coeficientes de f 3, f 2 e f diferentes. As salas

-(nca
OJr - ,,,)
---
a
11
ci líndricas tem os modos acústicos mais agrupados em di ferentes faixas de freqüên-
cias. As salas esféricas, por sua vez, possuem modos concentrados em faixas estrei-
tas de freqllência. En tão, uma conclusão geral que pode ser tirada é: quanto mais
irregular é uma sala, mais distribuída é a energia acústica (campo difuso) e melhor a
Então:
sua característica acústica interna.

(7.78) 7.8. Sala Retangular com Paredes Absorventes


Um termo de amortecimento e·f31 pode ser introduzido na equação da onda esta-
cionária não amortecida 7.70 pela troca do termo do expoente (iw), por (iW - /3);
A freqüência do modo fundamental da sala ci l índrica é dada por:
o resultado para a onda estacionária amortecida fi ca então como:

_ e 0,5861 _ l,84c
f. - 2- - a- - - 2na
-- (7.79)
f. =A cosh{ (,B, -iOJ");+ tf>" }cosh{ (,8,\' -iOJ,.); +t/>.1.}

Abaixo desta frcqiiência, somente ondas planas podem propagar no meio cilíndrico.
Os três tipos de ondas em salas c ilíndricas são: cosh {(.B, -iOJ, )~+t/>, }el•w-Pl• (7.81)

1. A onda ax ial z, onde 111 = n = O; há propagação na direção paralela ao ei xo z;


2. A onda radial, onde n, = n = O; há propagação radial; onde 4>,., 4'y e 4>, são constantes de fase que dependem das cond ições de contorno.
3. A onda tangencial, onde n, = n = O; há propagação próx ima à parede curva.
Substi tuindo-se 7.8 1 na equação da onda 7.68, mostra-se que os vários we f3 são
As ondas radiais são pouco absorv idas pelos materiai s nas paredes curvas e as restritos a certos valores que devem satisfazer a relação :
ondas z-ax iai s são fortemente absorvidas.
Uma análise aprofundada com respeito ao número de modos e à densidade modal
da sala cilíndrica, demonstra que:

Tomando as pattes real e imaginária desta equação, tem-se:


N = 4nVf 3 + nSf 2 + l..f
3c1 4c
2
8c
e e

......
2
-=
dN 4TC f
.3
V 1l
+-·-+-
fS L
fJ = fJ OJ.\ + fJ OJ, + fJ OJ.\
2
(7.80)
df c 2c 8c " OJ ·' CV " CV

,//
Sarnir N. Y. Gerges Acústica de Ambientes Fechados

Nota-se que, quan do /J .• = /; ,. = /;, =O, então f3 = Oe as equações acima reca- O sinal negativo é usado porque a pressão positiva na parede prod uzirá uma
em na equação 7.69. velocidade de partícula negativa. Em geral,<!>.. é complexo. Muitos materiais usados
Para paredes absorventes é possível apl icar as condições de contorno nas várias em paredes têm a característica acústica r11 >> x 11 >> 1, então:
paredes e determinar as constantes w.., w>" w,, f3 .., /3,.. /3,, <Px' <Py e <P,· Mas para evitar
tratamento matemático complexo e a fim de obter equações em forma fechada, ,·
será anal isado o caso mais simples; após o estudo será generalizado para o caso (7.86)
tridimensional. Um caso simples é quando w.. = co,. = Oe também~.= f3: = <Py = <P, = O
(as quatro paredes são rígidas). Tem-se apenas propagação na direção x, e usando
wX = we f3\' = f3' resulta: Aplicando-se a condição de contorno que toma ;;.11 : : r,pc en x ':' L... obtém-se:

(7.82) 1;, "'coth{(/3-i(JJ)~-_!_} (7.87)


e ,."

e a velocidade da partícula é: Expandindo 7.87,tem-se:

!! = ~ senh {e /3 - i (J)) !..e + </>, }e<iw- /J>r 1-itglt /3L_, _ _L


tg (J)L_,
pc
/'
11
e 1;, e
_
"' - - - - - , - - - - ' - - - - - ' ' - - . . . . _ _,_ (7.88)
tgh(/JL.• _
e
_L)-itg(ml_,)
1;, ' e
Assim, a impedância acústica específica é dada por:

{J)L \ {J)L
I. =E= coth{(/3- i(JJ)!..+</>.•}
u e
(7.83) Ser11 é real, então tg - -
l·' J = O o - -
e
·' = nn, onde /1 = O, 1, 2, 3...
e
Isto é, qu ando r11 >> x 11 >> 1, as freqüências características das ondas amorteci-
das são idênticas à das ondas não amortecidas dadas pela equação 7.72.
Ap licand o a co ndi ção de contorn o da impedância acúst ica específica do A parte real da equação 7.88 é:
material ;;,11 nas paredes, tem-se:

I.,, = (r,, +ix )pc


11
(7.84) __!__ :: tglt [ /JL., _ __!__ ) (7.89)
1 ~, e r,,

onde pc é a impedância acústica do ar. Como 1 / r11 << 1 a expansão em série pode ser expressa por:
Apl icando 7.84 na eq ua9ão 7.83 quando x = O, então:

-(1;, + ix,,) = coth</>_, (7.85)


Sarnir N. Y. Gerges Acústica de Ambientes Fechados

ou Resolvendo a integral e substituindo ae, obtém-se:

(7.90)
(L1E) / = edSdr
--- 8 [ l+- l-- -2 ln(l +r) ]
(7.96)
"'"' 4 1;1 l + r,, 1;1 "

Então, a densidade de energia e é dada por:

(L1E),.i,, (_.E) / E.dSdr


2 Desde que a=~= LJ " " ·' - -
,, = _!!__, = "oé
" , - 2p1 = '-oe
,, - 141'/r,, I. , )1 4
" (7.9 1) Então
pc -

onde e0 é a densidade da energia em t = O. 8 [ 1+ -l - - -2 ln(l+r,,) ]


a=-
r,, l +r,, r,,
A razão de decaimento em dB por segundo é dada por:
e

( - 4c/r I. ) 17,3c para (7.97)


D =- 101 og\e " · =-- (7.92)
1;1 L11

A equação 7.97 fornece a relação mais simples entre a e r11 (para r11 >> l ), isto é,
Então, o tempo de reveberação 7 ~. é dado por: apenas para salas com baixa absorção acústica ( câmara reverberante).
Substituindo-se 7.97 em 7.93 ,tem-se:
T = 60 = 3,451;,L.. (7.93)
·' D e T _ 21,6Lx _ 55,2V _ 0,161V
-' ------;;;-- 2S,ac --A-,- (7.98)

Existe uma relação entre resistência acústica específica r,, e o coeficiente de


e,
absorção a0 na direção que pode ser obtida parar,, >> 1 e r,, >> x11 , na forma:
onde Ax = 2Sp é a absorção total de duas paredes em x = O ex = Lx (S..= 2LJ).

41;, cose A equação 7.98 mostra que as ondas estacionárias amortecidas nessa sala parti-
ao=----- (7.94)
(rncose + l )2 cular são as mesmas previstas pela distribui ção aleatória da energia sonora em um
volume fechado (campo difuso). A equação 7.98 é similar à equação 7. 14.
O fator e,,'" das ondas axiais y e z é somente a metade do correspondente à onda
A fração de energia (L1E),,h.,absorvida pelo elemento de superficie dS é: axial x. Consequentamente, o tempo de reverberação é dado por:

edSdr
(L1E) 11,,_, = --
f"'2 T = 0,161V
2 10 a 0 sen8cos8d8 (7.95)
y.: 0,5A_,
(7.99)
Sarnir N. Y. Gerges Acústica de Ambientes Fechados

Portanto, o método mais efeti vo para reduzir a intensidade de um modo particu-


lar da sala é colocar os materiais absorventes nos locais de pressão máxima deste f . = 2000~1/v (7. 101 )
modo. A colocação de materi ais de absorção nos cantos de uma sala é duas vezes
mais efetiva do qu e em qualquer outra posição.
onde T é o tempo de reverberação em segundos (s) e V é o volume da sala em
Então, a ex pressão mais geral para o tempo de reverberação é dada pelas equa-
metros cúbicos (m 3).
ções 7.99 e 7.98, modificadas com a adição dos termos em y e z.
Como a resposta impulsiva de uma sala é, atualmente, essencial para a investiga-
0,161V ção da qualidade acústica, dois tipos básicos de algoritmos computacionais, baseados
T = - - - -- - - - (7. 100)
s,,... A... + ê 11>' A"' + ê 11, A, nos princípios da acústica geométrica, foram desenvolvidos para se chegar a uma
resposta impulsiva aproximada. Um destes algoritmos é baseado na idéia de que cada
onde: reflexão pode ser imaginada como uma fonte virtual, existente fora da sala e constitu-
e,, = 0,5 para n = O ída pela imagem especular da fonte (com relação à parede), cuja energia sonora, ao
e,, = 1,0 paran ;ZO cruzar a fronteira, sofre uma perda correspondente ao coeficiente de absorção da sala
(ver Figura 7.16). Este algoritmo é conhecido como o da Fonte imagem especul ar
Como os três e são unitários para uma onda estacionária oblíqua, o tempo de ("image-source"). O outro algoritmo simplesmente "segue" o raio sonoro, levando em
reverberação é igual' ao dado pela equação de Sabin (7. 14). Por outro lado, para ondas conta a lei da reflexão e é conhecido como algoritmo de raios acústicos ("ray-tracing").
axiais ou tangenciais o tempo de reverberação é maior do que para ondas oblíquas.
Então, o caimento do som depende da contribuição de cada tipo de onda. 3
O caimento incial da curva é controlado por ondas oblíquas; após é controlado por
ondas tangenciais e no final da curva (menos inclinado) é controlado por ondas
axiais. Isto explica porque em baixas frequências a curva de caimento tem várias
inclinações (ver figura 7.16).
Apesar das várias simplificações feitas neste modelo, conseguiu-se conclusões
valiosas sobre: a impo1tância do local de colocação de materiais de absorção na sala; a
curva não linear de caimento do som; e o amortecimento de cada tipo de onda.

7 .9. Raios Acústicos


Figura 7.16: Representação da sala com a fonte virtual especular substituindo uma
Apesar dos avanços que vêm permitindo, cada vez mais, a aplicação da teoria de reflexão de primeira ordem.
ondas acústicas no projeto de ambientes fechados, a teoria de raios acústicos ainda
é a mais aplicada nestes casos. Atualmente, vários programas baseados nesta teoria Cada um destes algoritmos apresenta suas vantagens e desvantagens e, dessa for-
são comercialmente disponíveis. ma, outros algoritmos foram desenvolvidos, combinando estes doi's primeiros
A teoria de raios acústicos considera que o som se propaga em forma de um raio, (Vorlander, 1989). O algoritmo fonte imagem especular ("image-source") apresenta,
com propriedades semelhantes às encontradas na ótica geométrica. A reflexão é o como vantagem principal, a boa resolução temporal obtida, fato importante, principal-
fenômeno mais importante para esta teoria. Para se chegar a esta simplificação, consi- mente quando se pretende realizar a convolução da resposta impulsiva com um sinal
dera-se que o comprimento de onda é infinitamente pequeno, comparado às dimen- gravado (com uma certa freqliência de amostragem), em processos de "auralização"
sões da sala. Em geral, esta condição é verificada na prática, mas deve-se ficar atento (Kuttruff, 1993). Em compensação, o tempo de computação necessário para calcular
ao fato de que, em baixas freqiiências, esta consideração pode não ser satisfatória. respostas impulsivas cresce exponencialmente com o comprimento desta. Outra des-
Uma freqiiênci a limite aceita por vários especialistas, acima da qual a teoria de raios vantagem é que este algoritmo não leva em conta os efeitos de difusão das reflexões,
acústicos é válida, é a freqiiência de Schroeder (Vorlander, 1998), dada por: ou o espalhamento devido às formas irregulares das superficies refletoras.
Sarnir N. Y. Gerges •111111 Acústica de Ambientes Fechados

O algoritmo de raios acústicos ("ray-tracing"), apesar de não oferecer um resul- 7.10. Qualidade Acústica da Sala
tado com uma boa resolução temporal, pode levar em conta as reflexões difusas e
ainda requer um tempo de computação que é (apenas) proporcional ao comprimento A acústica de uma sala de concerto, ou de qualquer outro tipo de ambiente,
da resposta impulsiva. pode, atua lmente, ser projetada ou prevista através de diversas ferramentas.
Como ilustração, um histograma de um programa comercial (RAYNOSE 3.0), O parâmetro conhecido como Tempo de Reverberação era o único que relac ionava o
baseado em algoritmo híbrido, é mostrado na Figura 7. 17. Um modelo de um teatro fenômeno fisico com as impressões produzidas nas pessoas. Hoje por vo lta de dez
construído no mesmo programa é apresentado na Figura 7. 18. parâmetros diferentes podem relacionar o comportamento fisico da sala com dife-
rentes ti pos de sensações auditivas. Essas sensações podem ser descritas como,
por exemplo: intensidade, impressão espacial, clareza, brilho, presença, textura, etc.
meoanioa1
TIME(ms ) : 11 .4 POINT: 27 Uma extensa base de dados foi produzida por diversos pesquisadores e apresenta-
AMPLITUOE (dB) : 57 .33 FREQ : 1000 O Ht da por Beranek [Beranek, 1996], classificando salas de concerto de diversos países,
so.o
em cinco categorias, de acordo com preferências de vários ouvintes, músicos, maes-
50.0 tros e críticos especializados entrevistados e relacionando estas classificações com
dB os parâmetros acústicos medidos nestas salas. Deste e de outros estudos, concluiu-
40.0 se que a avaliação da qualidade acústica de uma sala de concerto pode ser feita com
base em seis parâmetros diferentes (medidos ou previstos).
30.0 A qualidade acústica de uma sala de concerto é importante, não para o público
mas também para os artistas. O artista se ajusta, de fo rma consciente ou não, de
20.0 acordo com sua impressão sobre a acústica da sala. É fato conhecido que vários
compositores, como Bach, Wagner e outros, em vários momentos compunham de
10.0 acordo com o ambiente em que suas peças deveriam ser reproduzidas. De acordo
com a acústica da sala onde uma orquestra ensaia, o maestro pode exigir que seus músi-
o.o cos exercitem diferentes tipos de técnicas. Para cada estilo de música, por exemplo,
· 100.0 00 100 200 300 400 500 600 700 soo Barroca, Cláss ica ou Romântica, existem características acústicas adequadas para
ms
uma sala onde a atividade principal seja a linguagem falada. As salas conhecidas
Figura 7.17: l listogra111a de 11111 programa comercial de raios acústicos possuem recursos que permitam mudar rapidamente suas características acústicas,
(RA )'NO/SE 3. O) para a simulação de 11111a sala. como co11inas que abaixem sobre certas paredes ou até sistemas que permitam mu-
dar o ângulo de algumas paredes.
Destacamos sete parâmetros para avaliar a qualidade acústica de uma sala:
( 1) Fração Lateral (latem/ Fmction): relacionado à impressão espacial do ouvinte
(o ouvinte pode sentir que está "dentro" do som produzido por uma orquestra).
(2) Tempo de Reverberação (Reverberation Time) : definido como o tempo neces-
sário para que o Nível de Pressão Sonora seja atenuado 60dB, depois de desligar a
fonte sonora. Este é o parâmetro mais antigo usado para relacionar o fenômeno
fisico com certas impressões auditivas, como a inteligibilidade, por exemplo.
Outros parâmetros ainda podem ser calculados a paitir do Tempo de Reverberação.
(3) Tempo de Caimento Inicial (Early Decay Time -EDT): definido como o tem-
po necessário para que o nível de pressão Sonora seja atenuado 1OdB, depois de
Figura 7.18: Foto do 1eatro do Cen/ro Integrado de Cultura (Florianópolis) e modelo desligar a fonte sonora. Nos estudos mais recentes este parâmetro tem sido apon-
construído para a simulação alravés de raios acústicos. tado como um dos mais importantes na percepção auditiva do ser humano.

-·••111 llllllmI!IJ
Sarnir N. Y. Gerges Acústica de Ambientes Fechados

(4) Fator de Apoio (Strengf/1 Factor): relacionado à intensidade com que o som é [5) Gerges, S. N.· Yousri and Fahy, F. J., Acoustically induced vibration of and
transmitido a determinados locais da sala. Por exemplo, o som produzido por sound radiation from beams inside an enclosure, J. of Sound and Yibration,
um violino pode ser ouvido com maior intensidade em uma sala com 500 assen- 45(4), 1976, pp. 584-594.
tos do que em uma sala com 3000 assentos.
[6) Gerges, S. N. Yousri and Fahy, F. J., Distorted cylindrical shell response to
(5) Intervalo de Tempo de Atraso Inicial (lnitial-time-delay gap): relacionado internai acoustic excitat ion below the cut-off frequency, J. of Sound and
com a percepção da "intimidade" de uma sala. Em uma sala grande, por exem- Yi bration, 52(3), 1977, pp. 44 1-452.
plo, pode se ter a impressão de estar presente em um ambietne menor, mais
íntimo. Este parâmetro é relacionado às reflexões laterais provenientes das pare- [7] Gerges, S. N. Y., Estatísticas da potência sonora radiada por fontes funda-
des da sala ou de painéis devidamente posicionados. mentais em câmaras reverberantes, Jornadas Latino Americanas de Acústi-
(6) Razão das Baixas Freq üências (Bass Ratio): relacionado à percepção das fre- ca, Fev. 1979, Curitiba, RP.
qüências mais baixas na sala. [8) Gerges S. N. Y., Structure aco usti c interacti on in an enclos ure, The
(7) Fator de C lareza (C/arity Factor): relacionado com a clareza com que o lnternational Conference ofNoise Control Engineering (lnter-Noise 79), Set.
interl ocutor é ouvido (i nteligibilidade) 1979, Varsovia, Poland.
Alguns parâmetros acústicos devem à medida do possível, ser feitos durante os [9] Gerges S. N. Y., An ana lys is of the acoustic power radiated by cuadrupole
eventos e atividades normais da sala, pois a presença do público tende a alterar as
source into a reverberation chamber, The lnternational Conference ofNoise
características acústicas dos ambientes. Este foi e é um problema a ser resolvido pelos
Control Engineering (lnter-Noise 79), Set. 1979, Yarsovia, Poland.
especialistas da área de acústica, pois, em geral, as técnicas utilizadas interferem
demasiadamente no espetáculo. Técni cas alternativas vêm sendo desenvolvidas, [ 1O] Gerges S. N. Y., The variance of acoustic power radiated with position for
sendo que algumas prevêem um tempo mínimo de interferência no espetáculo e outras higher order sources in a reverberation chamber, J. of Sound and Vibration,
podem ser empregadas paralelamente ao evento, sem que o público ou os artistas 72( 1), 1980.
percebam. Todas elas ainda estão em fase de desenvolvimento.
[11] Gomes, Márcio H.A., Gerges, Samir N.Y., "Obtenção de parâmetros acústi-
cos de uma sala, usando a técnica de medição MLS (Maximum Length
7 .11. Referências Bibliográficas Sequences) e simulação numérica", Anais do 1 Congresso lberoamericano
de Acústica (1998), p.355.
[ 1] American national standard methods fo r the determination of so und power
leveis ofsmall sources in reverberation rooms, ANSI S 1.2 1- 1972 (Superseded [12) Heidrich, R. M. e Gerges, S. N. Y., Projeto e quali ficação da câmara
by ANS I s 1.31-1980and s 1.32-1 980). reverberante da Springer Carrier, Canoas - RS, 1990.

[2] Beranek, L. ( 1996) "How They Sound-Concertand Opera Halls", Acoustical [ 13] ISO 3740, Acoustics-Determination of sound power leveis of noise sources:
society of America. Precision methods for broad-band sources in reverberation rooms (ISO 374 1).
Precision methods for discrete frequency and narrow-band sources in
[3] Gerges, S. N. Yousri and Fahy, F. J., An analysis ofthe acoustic power radiated reverberation rooms (ISO 3742), 1988.
by a point dipol e source into a rectangular reverberation chamber, J. ofSound
and Yibration, 25( 1), 1972, pp. 39-50. [ 14) Kuttruff, K.H., Aurali zation of Impulse Responses Modeled on the basis of
Ray-Tracing Results, Journal ofthe Audio Engineering Society, v.41 , n.1 1,
[4] Gerges, S. N. Yousri and Fahy, F. J., An analysis ofthe acoustic power radiated novembro, 1993.
into a reverberation chamber by a transversely Vibrating slender bar, J. of
Sound and Vibration, 32(3), 1974, pp. 3 11 -325. [ 15] Kinsler, L. E., Fundamentais of Acoustics, John Willey & Sons, 1982.
Sarnir N. Y. Gerges •111111 Materiais para Absorção de Ruído

[ 16] Kuttruff, H., Room Acousti cs, App lied Science Publishers, 1979.

[ 17] Lyon, R. H., Statistical analysis of power injection and response in structures
and rooms, J. Acoust. Soe. Am. 45, 1969, pp. 545-565.

[18] Morse. P. M. and lngrad, K. U., Theoretical acoustics. McGraw-Hill Book


Co., 1968.
[1 9] Morse, P. M., Vibration and Sound, McGraw-Hill Book Co., 1948.

[20] Morse, P. M. and Bolt, Rev Modern Phys. 16, 69, 1944. Capítulo 8
[21] Maling, G. C., Calculati on ofthe acoustic power radiated by an monopole in
a Reverberation Chamber, J. Acoust. Soe. Am. 42, 1967, pp. 859-865.
[22] Nabuco, M. A. and Gerges, S. N. Y., Sound power from sources nearreverberation
Materiais para Absorção de Ruído
chamber boundaries, J. ofSound and Yibration 9 1(4), 1983, pp. 47 1-477.

[23] Pierce, A. D., Acoustics and lntroduction to its Phys ical Principies and 8.1. Introdução
Applications, McG raw- Hill Book Company, 1981.
Nos capítulos anteriores verificou-se que o controle de ruído deve sempre ser
[24] Reynolds, D. D., Engineering Principies of Acoustics - Noise and Yibration efetuado na fo nte, usando-se equipamentos e máq uinas silenciosos. Todavia,
Contro l. Allyn and Bacon lnc. 1981. por razões técnicas e econômicas, nem sempre é possível o controle do ruído na fonte.
Nestes casos pode-se utilizar outros meios de controle de ru ído como o uso de:
[25] Souza, Mauricy C. R., Previsão do Ruído em Salas por Raios Acústi cos e
Ensaios Experimentais, Dissertação de Mestrado defendida no Departamen- 1- Materiais de Absorção Sonora (mecanismo resistivo) - Onde parte da energia
to de Engenharia Civil da Universidade Federal de Santa Catarina, Março de acústica é transformada em energia térmica através da viscosidade do ar; sendo
1997. o que ocorre em materiais porosos (espuma) ou fibrosos (lã de vidro, lã de rocha
algodão etc.). Os materiais de absorção sonora podem ser usados para
[26] Vorlander, M., Recent Progress ln Room Acoutical Computer Simulat ion, revestimento interno das paredes dos ambientes e/ou dutos, e é a parte principal
Anais do 1 Congresso lberoamericano de Acústica ( 1998), 43-52. interna dos silenciadores resistivos.
[27] Vorl ander, M., lntern ati onal Round Robin on Room Acoustical Computer 2- Dispositivo Reativo - Neste caso, procura-se que a energia do ruído excite a
Simulations, Proceedings of the 15th lCA, 689, 1995. ressonância do dispositivo, como por exemplo, ressonador de Helmholtz, placas
vibrantes e si lenciadores de escapamento de automóveis etc.
[28] Yorlander, M., Simulation ofthe transient and steady-state sound propagation
in rooms using a new combined ray-tracing/image source algorithm, Journal 3- Dispositivo Ativo - Neste caso, o campo de ruído é cancelado por outro campo
of lhe Acousti cal Society of America, v. 86( 1), Julho, 1989. de ruído gerado através da captação do campo original e geração do campo defa-
sado de 180°.
Os materiais e silenciadores resistivos são apresentados neste capítulo, e os dispo-
sitivos reativos e ativos serão apresentados no próximo capítulo. Serão discutidos os
tipos de materiais de absorção sonora, suas características, as técnicas de medição do
coeficiente de absorção sonora e os silenciadores resistivos.

-••1111 111111-
Sarnir N. Y. Gerges Materiais para Absorção de Ruido

8.2. Materiais de Absorção Acústica Tanto para material poroso, como para fi broso, é essencial que o material admita
a pas.sagem de um fluxo de ar, o que terá como conseqüência a possibilidade da
Os materiais de alta absorção acústica são normalmente porosos e/ou fibrosos propagação de ondas acústicas pelo ar dos poros ou interstícios do material fibroso
(ver figura 8.1 ). Nos materiais porosos a energia acústica incidente entra pelos poros e ou ~Joroso. Os mate.r'.ais acústicos devem ter células abertas. U m modo simples de
dissipa-se por reflexões múltiplas e atrito viscoso, transformando-se em energia térmica. v:nficar a permeabilidade ao fluxo de ar de um determinado material é soprar atra-
~es dele com a boca encostada. Um bom exemplo é a comparação da absorção acús-
tica da espuma com a da corti ça ou do tijolo. Como a espuma apresenta maior
permeabilidade à passagem de um fluxo de ar do que a cortiça ou o tijolo, sua absor-
ção acústica é mai or do que a dos outros dois.
. A característica de absorção acústica de um material é determinada por um coe-
ficiente de absorção acústica a, definido pela razão entre a energia acústica absor-
vida W" e a energia acústica inciden te W,;

w
a=-
ª (8.1 )
W;

. º. valor de a sempre é positivo variando de zero a um (O :::; a:::; 1) e depende


pr~nc1palmente da freqiiência, ângulo de inc idência do som, tipo de campo sonoro
ai Material Poroso
(difuso, ondas planas, etc.), densidade, espessura e estrutura interna do material
(ver A pêndices 111 , ~V, V e VI)-. U m único número de absorção chamado COEFIC!-
~NTE DE REf!L!Ç~O DE RUIDO é comercialmente usado para comparação e aná-
lise dos materiai s. E definido como sendo a média ari tmética dos coeficientes de
absorção nas bandas de oitava de 250, 500, 1000 e 2000 Hz. Para a quantificação
das ca.ra~terísticas internas dos materiais, usam-se em geral três parâmetros que são
os mais importantes. Estes parâmetros são apresentados a seguir:

(1) Resistividade ao Fluxo de Ar


A resistividade específica de fluxo R,, , é definida por:

IJP
bl Material Fibroso R =- (8.2)
" u
Figura 8.1 : Os mecanismos de dissipação da ene1gia sonora nos materiais onde
!JP é a diferença de pressão do ar medida nos dois lados de uma amostra de
material na qual se força a passagem de ar (N/ 111 2)
Nos materiais fibrosos a energia acústica incidente entra pelos interstícios das u a velocidade do ar normal à superfície da amostra. A resistividade de fluxo R
fibras, fazendo-as vibrar junto com o ar, dissipando-se assim por transformação em é definida pela resistividade específica de fluxo por unidade de espessura do
energia térmi ca por atrito entre as fibras excitadas. material ou:

-·••111 11111•-
Sarnir N. Y. Gerges •111111 Materiais para Absorção de Ruído

onde
R= R,, (8.3) V,. é o volume de vazios da amostra
d
V, é o volume total da amostra do material.

onde d é a espessura da amostra de material. O valor típico de /? é em torno de Materiais de boa absorção acústica tem uma porosidade variando de 85 a 95%.
104 Rayl / m (Ns/m4).

O procedimento para medição da resistividade de fluxo em laboratório é norma-


lizado pela ASTM-C 522-8.0 e NBR 8.5 17 (maio 1984).
Para materiais de alta porosidade a relação entre o coeficiente de absorção aêústica a,,,
para onda incidente normal na superflcie infinita, e a resistividade ao fluxo, é dada por:
0-
10 o
~e

a =-----
4k
(8.4) ~õ
" (k + 1)2 + tf' 2 .s:iz
<t

onde: ,,Q).2g
Q) 'O
<4> 0,4
'ê"õ

(p: J
- 0.754
.9! .E
k = l +0,0571 (8.5) (.)
;;:o 0,2
Q) ~

e
ºº
(.) a. 3 f/R
00
• 0,01 O,l 1,0
- 0.732
'l' = - 0,0870( pf )
(8 .6) Figura 8.2: Variação do coeficiente de abs orção C0//1 (p r I R)

sendo:
p a densidade do ar em kg/m3 (3) Fator Estrutural (S)
.f a frequência em Hz O fator estrutural descreve a influência da geometria da estrutura interna do
material sobre a densidade efetiva e, compressibilidade do fluido. Normalmente não
A figura 8.2 mostra a relação entre a,, e (r.f / !?) expressa pela equação 8.4. é possível estimar teoricamente o valor de S.
Algumas formas internas da estrutura dos materiais absorventes podem ser:
(2) Porosidade (h)
- Cavidades laterais
A porosidade é definida como a relação entre o volume de vazios dos poros da
amostra do material em relação ao volume total da amostra. - Variação de área da seção transversal
- Canais não axiais

h= vu (8.7) As figuras 8.3 mostram qualitativamente a variação dos parâmetros h, /?e Sem
v, relação à estrutura dos materiais.

Bmllllll lllllllllBll
Sarnir N. Y. Gerges Materiais para Absorção de Ruído

~ 1
Por exempl o, para atenuar uma freq iiênc ia de 100 Hz seri a necessário uma es-
pessura do maleria 1 de:

h
~ - v À.= 343 =1 7 m (8.9)
o) Porosidade : Baixa Alto (2) (100) J

~
R
b) Resistência
de Fluxo :
~
~
Baixo
~
1~
Alto
Tal valor todavia não é prático e deste modo recomenda-se afastar o material da
parede de uma d istância d em torno de um quarto do comprimento de onda e usar uma
espessura do material, também em torno de um quarto de comprimento de onda.

1
e
~ À.=d=-
4f
(8.1 O)
~
e) Fator s ~
Estrutural : Baixo Alto A figura 8.4 mostra a distribuição da veloci dade da partícula em relação à espes-
sura do materi al e ao espaço de ar.
Figura 8.3: Variação de h, R y S Os efeitos da espessura e densidade dos materiais absorventes são indicados na
figura 8.5. Observa-se que o coefic iente de absorção aumenta nas baixas freqüênci-
as para mater iais mais espessos e densos.

Em termos práticos, a escolha de um material de absorção acústica, além dos


coeficientes de absorção e da freq üência do ruído, depende também de:
Parede
1- custo
Rígido
2- características em altas temperaturas
3- peso e volume em relação ao espaço di sponível Material de Absorção
4- rigidez mecânica
5- fixação e manutenção ALTERNATIVA RECOMENDADA
............
......... ....
6- aparência e pintura ..... .. ...
....
.. ....... .
:: :.:.:•.·.·.::.-
A espessura /do material de absorção deve ser escolhi da em função do compo-
nente com a freq üência mais baixa de ruído, de modo a conter o primeiro meio o
comprimento de onda, onde a velocidade da partícula é máxima. Então, ~~
o+-
-o ...
·- o
<.J o..
e o
À.~- (8.8)
2.f ~~ Distância

onde:

..,,,,,//
c é a velocidade de propagação do som no ar. Figura 8.4: Escolha de alternativas para colocação de materiais

111111111&1
Sarnir N. Y. Gerges Materiais para Absorção de Ruído
'•
1.0 ~-~--~-----~--~---.,.--~
Copo Rígido Sondo do A lto - Folante
0,9 1----~--~---1----1---~---+---l Microfone
,g o,sL--t---l--~~:::::~:l::o~~t:;:::::;;;=!!!t~~~
(.).

~ 0,7 L----li---~~-_,L.:....__j!::___~--+----l----l
.Q
<t
25 rmi ESPESSLRA
(1)
"O 40 Kg/m3 !INSIDADE Escola de Distância
(1) 0,4 1---+--il-l--+-r-~-+---4---...----.-----i }../2
'C
.!:!
-~
....
(1) 'éõ
o ~
u O, l F---___,.~---+---+---4--F-r-
eq
-\.J+..ê,n--
c-i o-(-H
+-z_
) _---i (/)
o..
63 125 250 500 lK 2K BK z 14---=~==---_:-=======.!N~PS~mrui~n__~D~is~t~Ô~nc~i~o---
Figura 8.5: Características típicas de materiais porosos
~
"min
Figura 8.6: Medição de absorção acústica em tubo de onda estacionária

No tubo de impedância existem somente ondas planas exc itadas por tons puros
8.3. Medição do Coeficiente de Absorção Acústica abaixo da frequência de corte (ver seção intitul ada Salas C ilíndri cas no capítu l o
" sobre Acústica de A mbientes Internos), que é dada pela seguinte fórmula:
Existem dois métodos normalizados que são usados para a medição do coefic i-
entes de absorção acústica, além de outros, como o método de dois microfones (ou
= l ,84c
um micro fone) que emprega um anali sador dig ital FFT de dois canais. Este método f. (8. 11 )
. e JC d
por ser recente, ainda está em fase de padroni zação. A seguir são descritos os méto-
dos para determinação do coe ficiente de absorção de materiais.
onde:
d é o diâmetro do tubo em metros.
8.3.1 . Medição do Coeficiente de Absorção Usando-se o Tubo
de Ondas Estacionárias O campo sonoro ex istente no tubo de impedânci a é composto de duas ondas
pl anas, sendo uma incidente e outra refletida. A relação m atemática entre as pres-
A fi gura 8.6 mostra a montagem necessária para a medição do coeficiente de
sões acústicas destas ondas é:
absorção em tubo de onda estacionária (ou tubo de impedância). Tal tubo possui um
al t o- fal ante co l ocado em uma de suas extremidades, enq uanto que a o utra
é fechada por tampa onde é press i onada a amostra do material a ser med ido. P = P; + P,. = A1 cos(rot - kx )+ B 1 cosG:ot +kx) (8. 12)
O alto-fa lan te é conectado a um gerador de sin ais senoidais e amplifi cador de modo onde
a produzir dentro do tubo uma o nda estacionária. A pressão acústica da onda estaci-
P é a pressão acústica total
onária é captada por um mi crofone (ou sonda de microfone) inserido na extremida-
cv é a freqiiência circular em rad/ s
de do tubo. O microfone pode percorrer toda a extensão do tu bo de impediência, t é o tempo decorrido
1.
permitindo deste modo a leitura do nível de pressão acústica (através do sinal ampli-
x é a distância entre o microfone e a amostra (negativa)
fi cado do microfone), e também a leitura numa escala que indica a distân cia entre a
amostra e o ponto de medida. k é o número de onda ( k =: = 2
;/)
Sarnir N. Y. Gerges
••11111 Materiais para Absorção de Ruído

A leitura no amplificador de m ed ição fornece o valor méd io quadrático _,,d...f\,


(no tempo) da pressão acústica. O valor médio quadrático da eq uação 8. 12 pode ser
escrito como:
_1 [B
a,,--~
?
1] --
-

4ROE
-(ROE+ 1)2 (8. 14)

onde:
P.2 = ~ fr [A1 cos(wt - kx) + 8 1 cos(wt + kx)Tdt

-- -
ROE é a razão de onda estacionária, definida como:
'"" T Jo
p..-1,'í',; - 2
onde T é o tempo de integração, selecionado em uma chave do amplificador de f- - 'P)
(8. 15)
medição. Por exemplo, escolhe-se uma das posições: rápido, lento, até 30 segundos, etc. l -t í} / />- -;- '7.
onde: '0/!'-
Efetuando-se a integração, obtém-se a fórmul a:
l é a diferença do nível, entre P"""' e P,,,111 em dB ou L= JOlog(P,,;11 J P,,;;,,)
(8. 13)
Para o cálcu lo do coeficiente de absorção a,, no tubo de impedância recomenda-
sc os seguintes passos:

1) Mede-se a pr imeira pressão sonora máxima ? 11111_. mais perto da super fície da
onde eé o angulo de fase entre os máximos de P, e P,. ..
amostra e a primeira mínima P111111•
2) Com os valores de P11"'x e P111111 ca lcula-se L:
Os va lores máxi mos da equação 8.1 3 ocorrem quando kx + 8 12 = ± nn,
onde n é um número in teiro qualquer. Para 8 ::::: O o primei ro máximo ocorre em x = O
p2
e o segundo em x = A. 12. L = IOlog_!!!!!!...
Os valores mínimos ocorrem quando kx + 8 12 = ± (2n - 1)ir / 2, para 8 = O o p 2.
mm
primeiro mínimo ocorre em A/ 4.
A figura 8.6 indica a variação de P,;,,,
em relação à distância x. 3) Com l calcu la-se o valor de ROE usando-se a equação 8. 15.
O coeficiente de absorção acústica para incidência normal a,,, pode ser escrito
4) Com ROE calcula-se o valor de a,, usando-se a equação 8.14.
sob diversas formas, por exemplo:
Alguns am plificadores de medida têm uma escala especial, que fornece direta-
mente os valores de a,,.
A norma ASTM CA32 fornece os proced imentos sobre a med ição de a11 no tubo
de impedância. ·
A va lidade do coe ficiente de absorção a,,, determinado no tubo de impedância,
onde tem as segu intes restrições:
1ª é a intensid ade acústica absorv ida
1, é a intensidade incidente 1- O ndas incidentes normais (90°) à super fície da amostra
1,. é a intensidade refletida 2- Excitação acústica com freqüências puras ( não com bandas de freqüências)
3- Freqüênc ias até 1900 l-l z para amostra de 1Ocm de d iâmetro e freqüênc ias de
Tem-se então que a intensidade acústica 1 é proporcional à amplitude quadrática 1900 a 6300 Hz para amostra com 3cm de diâmetro, havendo todavia o perigo
da pressão da onda, o que permite expressar o coeficiente de absorção acústica como: de uma amostra pequena não ser representativa.

11111•-
Sarnir N. Y. Gerges Materiais para Absorção de Ruído

Os efeitos da superfície isolante, placa perfurada, espessuras variáveis da amos- 1,0


tra e espaços de ar podem facilmente ser avaliados. As vantagens da técnica do tubo
de impedância são: baixo custo, simplicidade e rapidez dos preparativos e procedi- õ
mentos bem como a necessidade de poucos eq uipamentos. .~ 0 ,8
No caso geral de tratamento acústico e na aplicação de materiais absorventes no o
contro le de ruído, quando a onda incidente não for normal e de uma só frequê ncia, 'º....o-
o o 0,6
mas sim, composta de ondas de incidência aleatória, e em bandas de freqüências, .o ·.:
UI

o coeficiente de absorção passa a depender muito do ângulo de incidência. As medi- <I: ·2


oQ)
das devem ser feitas em câmaras reverberantes para simulação dos casos reais. Q)

Os valores dos coeficientes de absorção a11, determinados em tubos de impedância,


"O <i 0,4
podem ser corrigidos para fo rnecerem o coefi ciente de absorção para ondas de inci- -eQ)

Q)
.2
o
dência aleatóriaª"' ou coeficiente de absorção estatísti ca (ver figura 8.7). ·o.~
;o: "O
o o 0,2
Q) · -

u E Coeficiente de Absor
<Xn Incidência Normal

5Q a:::=;::;:.~-,~,.--:l.,.-I o 0,2 0,4 0,6 0,8 1p


45~~-- Figura 8.8: Coeficiente de absorção aleatória ª"'
40~~--9-~+-::r"G~~ li

35~~-===-t----=i.+C---!.-C---l
A fase entre a onda incidente e a refletida, e, pode ser calculada medindo a
30!JQJQ.t:::::::--i'~T--t7"1 posição (x) do primeiro mínimo da pressão acústica, onde:
25
~ 20 tL:.!.::+
,..,~--
_"1_;-:::;ooo....o;::..._,~::......,,,..1 ~ = -Jl +2kx (8. 16)
_J 15 ~~-~--::;;~=-f---::~
A impedância, portanto, é dada por:
10 it-:::-:±::--+-~~"""""~

5 ~~--1..:::::.....t..~~ ·o
P. + -P r
Z = _, l+BJ A,e;
o ~~!l!!i5:t;;;;:;~~=~ - ll....; +l}_, 1- 8 1 / A,e;º
0,00 0,05 QlO 0,15 Q20 0,25 0 1 /)..
0,50 0,45 0,40 0,35 0,30
onde:
Figura 8. 7: Coeflcie111e de absorçcio a ,,1 em/unção de D 1 / À.y L
!!.J._ ROE -1
(8.1 7)
AI ROE+l

Para os casos específicos de D 1 = À. /4 os valores de ªª' podem ser obtidos da As equações 8.16 e 8. 17 são usadas para a determinação da impedância superfi-
figura 8.8, conhecidos os valores de a,,. cial dos materiais.
Sarnir N. Y. Gerges Materiais para Absorção de Ruído

8.3.2. Medição do Coeficiente de Absorção em Câmaras As medições são feitas em bandas de 1/3 ou 1/ 1 oitava. O tempo de reverberação
Reverberantes T1 o T2 depende da difusibilidade do campo sonoro e da localização da amostra na
câmara. Deste modo é possível a ocorrência de resultados diferentes, obtidos de
A determinação do coeficiente de absorção acústica em câmaras reverberantes, ensaios da mesma amostra em câmaras diferentes. Também é possível obter a > 1
tem seus procedimentos normalizados pelas normas ASTM-C423 ou ISO/R 354. devido as variações estatísticas dos seguintes parâmetros: campo sonoro na câmara,
Tal método determina o efeito dos materiais no tempo de reverberação em uma posição da amostra, posição dos microfones e fontes. Neste caso, o coeficiente de
câmara reverberante. Este parâmetro é usado para cálculo do coeficiente de absor- absorção é considerado unitário.
ção acústica. Na câmara reverberante garante-se a existência de um campo sonoro
difuso, o que significa que a energia sonora é uniformemente distribuída no interior 8.3.3. Determinação da Absorção Sonora de Materiais com
da câmara. A essência do método consiste em medir o tempo de decai mento do Sistema Computadorizado
nível de pressão acústica na câmara, com e sem amostra de material absorvente.
A área mínima de uma amostra neste método deve estar na fai xa de 1O m2 a 12 m2 . O método clássico para determinação do coeficiente de absorção de materiais
Para a câmara reverberante vazia, o tempo de reverberação T1 é dado pela se- em um tubo de ondas estacionárias utiliza um sistema de medição analógico, que
guinte fórmula de Sabine (ver capítulo sobre Acústica de Ambientes Internos): fornece valores apenas para freqüê ncias discretas. Este método já foi apresentado
neste capítulo (seção 8.3.1 ).
Com o advento das técnicas digitais de análise de sinais, tornou-se possível deter-
(8. 18) minar o coeficiente de absorção de materiais cobrindo-se uma banda de freqüências
praticamente contínua, utilizando-se o mesmo tubo de ondas estacionárias menciona-
onde: do anteriormente. A técnica consiste, basicamente, em excitar o tubo com um ruído
A é a absorção total em 111 2 branco de banda larga e medir a pressão sonora no seu interior, em duas posições pré-
V é o volume da câmara em m3 determinadas. Os sinais obtidos são processados por um analisador digital de freqüên-
cia, de dois canais, através do qual se determina a curva de absorção acústica do mate-
Tem-se que A = S a onde S é a área total da câmara e a é o coeficiente de ri al em função da freqliência. O primeiro método baseado nesta técnica utiliza dois
absorção acústica médio das paredes da câmara.
microfones, um em cada posição de medição. Os sinais dos dois microfones são si-
multaneamente processados pelo analisador digital e a curva de absorção é determina-
Para a câmara reverberante tendo uma área S1 coberta por material absorvente,
da. Este método é padronizado pela norma ASME Committee E-33.0 1 A.
o novo tempo de reverberação 7~ é dado pela seguinte fórmula:
Para excitação com ruído branco, este processo pode ser considerado estacionário,
e assim os sinais dos microfones não precisam ser simultaneamente processados.
0,161 \/ Assim, propõe-se eliminar um dos microfones e utilizar apenas um único mici·ofone
T, = - --___,=- (8.19) para efetuar as medições nas duas posições selecionadas. Em cada medição é obtida
- A + S 1 (a-a) a função de transferência entre o sinal do microfone e o sinal do gerador responsável
onde: pelo campo acústico no interior do tubo. Objetiva-se com esta nova técnica eliminar
a é o coeficiente de absorção do material de uma área S1 qualquer erro sistemático de di ferença de amplitude e de fase ou outros possíveis erros
devidos a eventuais diferenças entre os dois canais de medição. Desta forma, torna-se
Manipulando-se conven ientemente as equações 8. 18. e 8. 19 de modo a elimi- desnecessária a aplicação de funções de correção, normalmente utilizadas na técni-
nar-se o termo A, tem-se uma equação para determinação do coeficiente de absorção ca de dois microfones e que na prática geram algumas dificuldades computacionais
do material aplicado: adicionais.
O princípio de operação do tubo de ondas estacionárias é baseado na interação
de d.uas ondas planas; uma incidente e a outra refletida. O esquema de montagem
(8.20) utilizado nesta técnica é mostrado na figura 8.9.

11111•-
Materiais para Absorção de Ruído
Sarnir N. Y. Gerges .,
Portanto, o módulo da razão das amplitudes é dado por:
ANALISADOR
DIGITAL DE
DOIS CANAIS
(8.23)

MPLIFICA- GERADOR
DE No tubo de ondas estacionárias o coeficiente de reflexão a, é dado por:
DOR ,.DE
POTENCIA SINAL

Alto Folante
X

Considerando-se que a energia sonora transmitida para fora do tubo, através da


Figura 8.9: Esquema de montagem da técnica de um microfone tampa, é nula, o coeficiente de absorção a pode ser determinado da seguinte forma:

Nestas condições, no interior do tubo, tem-se:


.,
P . = Aei(wt+k.1) (8.2 1)
-1

Substituindo o valor de lª-1 AI na equação 8.23 , tem-se:


p = Bei<w•-"-' > (8.22)
-r -

a = , _ ,_H-"'A._P-_e_
- i_b12
Considerando-se a pressão total no interior do tubo (equações 8.21 e 8.22), (8.24)
e;*'-H AP
nas posições A e P, tem-se:

_ ;,.,,
_P ,,-e
lAe it•" B
+_e
- ib·,. J Observando-se a equação 8.24, pode-se notar que uma vez definida a distância
entre as duas posições de medição s, deve-se determinar a função de resposta em
freqüência para que a obtido.
A função de transferência é, por definição:

A função de resposta em freqüência ou função de transferência entre os sinais


H =E.,, = G"''
obtidos nas posições P e A é então dada por: AP p
-A
G
AA

H = f ,, = [Ae ;t.,, +Be-it r,, J = íe;kt",. +(B / A)e - ik.r,,] onde:


AP E.11 1Aeº'-'A +f}_e-;i:.,·A 1 1/klA +(!}_/ A)e-ik,, j GAi' é o espectro cruzado de E.A e E.1,, dado por:
Sarnir N. Y. Gerges Materiais para Absorção de Ruído

O segundo aspecto positivo do método digital, é o fato de fornece r uma curva do


~oe fi.ciente de absorção praticamente continua, já que a discretização do sinal pode
11nphcar, em alguns casos, numa resolução da ordem de décimos de Hz. Portanto,
GA,1 é o espectro de potência de E.A' dado por: através deste método pode-se detectar.qualquer comportamento especial das curvas
... de absorção, tais como: ressonâncias, coincidências, etc. que pelo método clássico
poderiam passar despercebidas, em função da baixa resolução.
A outra vantagem deste método é dispensar o uso de um tubo de ondas estacioná-
rias de grande comprimento para medições em baixas freqliências. Na técnica clássica
A equação de l IAI' pode ainda ser escrita da seguinte forma: o comprimento do tubo deve ser sufi ciente para conter, pelo menos, meio comprimen-
to de onda e possibilitar a medição dos níveis de pressão sonora máximo e mínimo da
onda estacionária. Nesta técnica é suficiente que o comprimento do tubo seja da mes-
ma ordem de grandeza que a distância entre as posições de microfone adotadas.
Outro importante parâmetro que deve ser determinado durante as medições de
coeficiente de absorção é a função de coerência. Esta função, que varia entre O e J,
mede o grau de casualidade entre dois sinais quaisquer. Nesta medição, ela pode ser
usada para verificar a validade da estimativa da função de transferência H obtida
, ' AP' ·
(8.25) Segundo Boden e Chu, pode ocorrer um significativo erro aleatório na função de
transferência, em freqüências para as quais a coerência entre as duas medições feitas
onde: no tubo de ondas estacionárias apresentar um valor baixo. Portanto, através da função
é o complexo conjugado de coerência pode-se quan tificar a con tiabilidade no cálculo da função /-/ e
AI' '
ss· é o espectro de potência do sinal do gerador, responsável pelo campo acús- consequentemente, na curva de absorção determ inada.
tico no interior do tubo A função de coerência é definida por:
/-IAS é a função de transferência entre o sinal do microfone na posição A e o sinal
do gerador
f-lsi• é a função de transferência entre o sinal do gerador e o sinal do microfone
(8.26)
na posição P

Conforme já citado anteriormente, supondo-se que o processo seja estac ionári o,


f-l,1se l fs1• não necessitam ser calculadas simultaneamente. Portanto, um único micro- Conforme ocorre com a função de transferência, quando se utiliza a técnica de
fone poderá ser utilizado para medir, seqüencialmente, a pressão nas posições A e P. um microfone, não é possível determinar a função de coerência de forma direta.
A função HAI" necessári a para a determinação do coeficiente de absorção, é obtida No entanto, pode-se escrever:
através da equação 8.25 .
Devem ser destacadas, ainda, três grandes vantagens desta técnica para determi-
nação do coeficiente de absorção, que utiliza um microfone e analisador digital de
dois canais, em relação ao método clássico.
A primeira vantagem consiste na maior rapidez do método digital, na determina-
ção do coeficiente de absorção. Por exemplo, a curva de absorção do material em
uma determinada faixa de freqüê ncia, pode ser obtida por este método num tempo
20 a 30 vezes menor do que o do método do tubo de impedância, cm 30 freqüências
discretas (tons pu ros), distribuídas ao longo da mesma banda de freqüência. (8.27)

1
Sarnir N. Y. Gerges Materiais para Absorção de Ruído

tubo onde encontra-se a fonte sonora, conforme recomenda Badén, é utilizado um


As fu nções J ~s e J ~P são obtidas quando o microfone ocupar respectivamente enc!1imento de espuma entre o alto-falante e o início do tubo de ondas estacionárias.
as posições A e P. A função de coerência / ~P é determi nada pela equação 8.27. Ainda, com o mesmo objetivo, as paredes internas da caixa são totalmente revestidas
Como um sistema típico, é apresentado aq ui o tubo da UFSC, (projetado por com lã de vidro, coberta por um fino envólucro plástico, e na face superior interna
Eduardo Giampaoli, como parte de sua dissertação de mestrado sob ori entação do são instaladas oito cunhas de espuma.
autor), ilustrado na figura 8. 1O. O sistema é projetado de forma a possibilitar a deter- O tubo de ondas estacionárias é construído de PVC com 200mm de diâmetro
minação do coeficiente de absorção de materiais acústicos, através da técnica de um externo e l 70mm de diâmetro interno, com tlanges, também em PVC, nas duas
microfone. É constituído basicamente por dois componentes principais, que são: extremidades. Uma das extremidades é fixada na caixa acústica e a outra acoplada
a caixa acústica e o tubo de ondas estacionárias propriamente dito. O conjunto é ao piso, através da pressão gerada pelo próprio peso do sistema. Para possibilitar
montado na posição ve1tical e utiliza o piso de concreto do laboratório como terminação uma melhor conexão, dois anéis de borracha macia são colocados e'ntre a extremida-
rígida do tubo. Este sistema é projetado para medições até 1 kHz aproximadamente. de do tubo e o piso.
A freqüência de corte do tubo de ondas estacionári as é de 1. 18.2 Hz. Po1tanto,
o limite superior da freqi.iência para este tubo é de 1 kHz aproximadamente.
Para possibilitar a medição da pressão sonora em duas posições distintas no tu bo
o de ondas estacionárias, foram feitos sete orifícios eqi.iidistantes entre si, que acomo-
<D dam perfeitamente o microfone de meia polegada e o pré-amplificador, utili zados
Cunhas de
na med ição. A distância entre as posições de microfone "s" depende de quais orifí-
cios forem selecionados para a medição da pressão sonora. Como o sinal provenien-
te do microfone é processado por um analisador digital, o valor de "s" não pode ser
Lã de Vidro
qualquer, pois é função da discreti zação adotada no referido analisador. Para este
o estudo optou-se pela determi nação de curvas do coeficiente de absorção que cobri-
v am a banda de O 1-lz a 1000 1-lz. Os sinai s processados pelo analisador HP 545 1C
o
passam por um filtro passa baixa (filtro anti-aliasing) sintoni zado na freqi.iência de
corte de 1250 Hz. O sistema foi então ajustado de forma que fossem colhidas 5000
amostras por segundo (freqüência de amostragem), garantindo que a freqi.iência de
amostragem fosse quatro vezes maior que a frequência máxima.
Verifica-se então que s deverá ser no mínimo igual a 68,6 mm ou um múltiplo
deste. Portanto, os sete orifícios são alinhados na direção de propagação da onda
sonora, com espaçamentos de 68,6mm entre centros. Para facilitar a identificação
das posições de microfone selecionadas para medição, os orifícios são identificados
pelos números 1 a 7, iniciando-se pelo orifício mais próximo à extremidade do tubo
onde posiciona-se a amostra. A distância entre o centro do orifício 1 e o extremo do
tubo no chão, também é ajustada em 68,6mm.
Badén verificou que o espaçamento entre as posições de microfone define a faixa
Figura 8. JO: Vista em corte do aparelho de ondas estacionárias de freqi.iência na qual as medições tem precisão aceitável. Considerando ks variando
entre O e 7!, constatou que a menor variância da curva ocorrerá quando ks = 7! 12 e,
baseado em dados experimentais, recomenda como faixa de utilização, a defin ida pela
A caixa acústi ca é construída com placas de aglomerado de 20mm de espessura relação que segue:
e equipada com um alto-falante da marca Selen ium, modelo W-8.30, que possui um
diâmetro nominal de 305mm. Visando reduzir as possíveis reflexões no extremo do O, 1 7! < ks < s 0,8 7! (8.28)
Samir N. Y. Gerges Materiais para Absorção de Ruído

A partir da condição 8.28. pode-se determinar as freq üentais mfnima e máxima 1 Considerando-se, ainda, os casos nos quais:
da fa ixa recomendada para uso, em fu nção da distância entre as posições de micro-
fo ne adotadas, sabendo-se que:
11/C
f111=2s
211 f
- ·- s < 0,8Jr o fm"' < O~~C (8.29)
e onde 111 = 1, 2,3 ...
e pode-se escrever s, como:

211 f
-·- s > O,IJr o .f min >--
O,lc (8.30) lllC
s=--=111- 111
À
e 2s 2.f111 2

Analogamente, considerando-se ks = n / 2, pode-se determinar a freqüência ide-


al de trabalho,};, em torno da qual espera-se que a curva apresente a menor variância. Nestes casos, verifica-se qu e quando a distância entre as posições de microfone,
O valor de f, é dado por: s, coi ncide com um múltiplo de meio comprimento de ond a, a pressão sonora no
interi or do tubo deve ser igual nas duas posições de medição. Esta condição esta-
belece um a indeterminação na equação 8.24, utili zada para o cálculo do coefi ci-
e
f;=-4 (8.3 1) ente de absorção. Portanto, a curva do coeficiente de abso rção deve apresen tar
s grande variância nas regiões em torno das freqüências/;,,. Esta é uma característica
própria do método de medição utilizado. Verifica-se, ainda, que quanto maior for
A tabela 8.1 mostra os valores de J,,11,, ,f,,l(l\ e!, para as distâncias entre posições de s, tanto menor será o valor def,11 para um mesmo 111. Portanto, quanto maior for a
microfone, s, que podem ser adotadas no tubo de ondas estacionárias utilizado neste estudo. distância entre as posições selecionadas para o mi crofone, tanto maior será o nú-
mero de regiões com grande variância na curva de absorção, considerando-se uma
mesma banda de freqüências.
O campo acústi co no interior do tubo de ondas estacionárias é gerado ,alimen-
s fn>n t.... f1 tando-se o alto-falante com um sinal cujo espectro é de um ruído branco com largura
(mm) (Hz) (Hz) (Hz) de 1000 1-l z (a mesma banda de medição).
. - --· -- -·· '
O espectro de pressão sonora do campo acústico no interior do tubo de ondas
68,6 251 2000 12:;0
estacionárias foi determi nado, colocando-se o microfon e nas posições 3,5 e 7
137,2 126 1000 525
(ver fi gura 8.11). Observa-se nos três casos, que em freqüências bem definidas,
205,8 84 666 417
cada espectro apresenta acentuados decréscimos no valor da amplitude. Conside-
274,4 63 500 312 rando a banda de freqüências entre O Hz e 1000 Hz, as freqüências onde' os referidos
343,0 51 400 250 decréscimos ocorrem, J;1 , em função da posição de medição, são freqüências nas
411 ,6 42 333 208 quais os nós das ondas estacionárias coincidem com as posições de medi ção.
1àbela 8.1: Faixa de validade de medição para cada s Estes resultados permitem conclu ir que os decréscimos observados nos espectros,
em determinadas freqüências, devem-se à ocorrência da referida coincidência dos
nós das ondas estacionárias com as posições de medição.
O material analisado foi uma placa de espuma com 60 mm de espessura e densi-
Analisando-se a tabela 8.1, verifica-se que espaçamentos maiores entre as posições dade igual a 44 kg/m3, da qual foram tiradas duas amostras; uma apropriada ao tubo
de microfone são mais adequados para medição nas regiões de baixas freqüências. da B&K e outra compatível com o sistema utilizado neste trabal ho.
Sarnir N. Y. Gerges •111111 ,. Materiais para Absorção de Ruído

-20 Pelo método clássico, utilizando o aparelho de ondas estacionárias da B&K,


tipo 4002, foram feitas medições do coeficiente de absorção para 20 tons puros,
-30 cobrindo-se a banda de freqüência entre 100 Hz e 1050 Hz. Os va lores obtidos
encontram-se relacionados na figura 8. 12.
Pelo método utilizado neste estudo, cada curva de coefi ciente de absorção
~ (determinado através da equação 8.24) é baseada na média de 50 amostras do sinal
eo -50 enviado ao analisador di gital, já comentado anteriormente. Para as curvas de absor-
e: ção obtidas ao longo de todo o estudo, adotou-se 4/'= 2,44 Hz pois, com tJ.f= 1,22 Hz,
o a capacidade de memória do analisador utili zado seria insuficiente para armazenar
CJ)
-60
o todos os dados e proceder os cálculos necessários em cada medição.

1/)
1/) -70 A primeira curva de absorção foi determinada com o microfone ocupando as
...
Q)

a..
posições 5 e 7. Neste caso, a distância entre as posições de microfone corresponde a
l 37,2mm. A curva obtida é apresentada na figura 8. 12, na qu al também estão plotados
-80
~ os valores obtidos pelo método cláss ico.
~
Analisando-se a referida curva constata-se uma boa concordância entre os resul-
-~
-90 tados obtidos pelos dois métodos. Observa-se, também, uma vari ação mais acentu-
z ada na região de baixas freqüências, abaixo de 135 Hz. Segundo Bodén (ver tabela
-100 8.1 ), esta variação deveria ocorrer somente até 126 Hz.
Determinou-se, novamente, a curva de absorção da mesma amostra mas com o
-110 microfone nas posições 2 e 7. Neste caso, a distância entre as posições de microfone
100 200 300 400 500 600 700 800 900 corresponde a 343 mm. A curva do coeficiente de absorção obtida é mostrada na
Freqüência (Hz) figura 8.1 3 que também inclui os valores determinados pelo método clássico.
Figura 8.11: Espectro de pressão sonora, microfone nas posições 3, 5 e 7

~ --
'd
~
2,0
1,8
,g 2, o
10

~
.e 1,6
o
~
1/)
.o
1,2
<(
<( 0,8
Q) 1,2
Q)
"O
"O 0,4
~ 0,8 Q)
Freqüência (Hz)
e:
Q) e:
.~
0,0
"õ 04 200 400 600 800 lK
-~
·-
'tii
1
Freqüência ( Hz) ....
Q) -0,4
8 0,0 o
400 600 800 lK (.)

Figura 8.12: Coeficiente de absorçcio, microfone nas posições 5 e 7 Figura 8.13: Coeficiente de absorção. microfone nas posições 2 e 7
Sarnir N. Y. Gerges Materiais para Absorção de Ruído
\•

Observando-se a figura 8. 13, verifica-se que os resultados previstos teoricamen- 2,0


te sobre a ocorrência de grandes variâncias em torno de 500 Hz são confirmados
pelos dados experimentais. Excetuando-se as regiões da curva perturbadas pelas 1,5
.3.
grandes variações , novamente se observa uma boa concordância entre os valores 1,2
determ inados pelos dois métodos de medição. Quanto à região da curva abai xo de ·§.
....
135 Hz, nota-se uma menor variação em relação à medição feita com microfone nas ~ 0,8
.o
posições 5 e 7, mas, não suficientemente pequena para apresentar valores aceitáveis <(
0,4
a partir de 5 1 Hz, confo rme previsto na tabela 8. 1. Deve-se ressaltar, no entanto, que <li
"O
esta variação pode ser devida, não só ao fato de k" --? O, mas, também, aos baixos o,o
valores de a obtidos nesta região do espectro. Espera-se que para valores de a mais Q)
e:<li 800
elevados a curva de absorção apresente uma flutuação menor nesta mesma banda de 0,4

;;::
Fr eqüência (Hz)
freqüências. <li 0,8
Foram determinadas, ainda, as curvas do coeficiente de absorção da terminação o
()
rígida (piso), com microfone nas posições 5 e 7 e, também, nas posições 2 e 7. -1,2
As curvas obtidas são mostradas nas figuras 8.14 e 8. 15, respectivamente.
Figura 8. 15: Absorção da terminação rígida, 111icro/011e nas posições 2 e 7

2,0
-g
1,8
A função de coerência, / ~r, entre as duas posições de medição, dete1111inada du-
18
.... \ 2
<.>- rante a obtenção da curva mostrada na figura 8. 15, pode j usti ficar o referido pico.
o
1/) A função coerência mencionada é mostrada na figura 8. 16, onde se veri fica que na
.J:J
<(
0,8 freqüência de 179 Hz seu valor é apenas O, 15. Ainda, verifica-se que a freqüência de
179 Hz corresponde a um comprimento de onda "À" de aproximadamente l ,92m;
Q)
0,4
"O
Freqüência (H z) =
conseq uentemente, (À/4) 0,48 m. Considerando que a posição de medição 7 está a
~ 0,0 0,48 m da terminação rígida, conclui-se que o primeiro nó da onda estacionária,
e
.il 20 0 400 600 800 K relativa a 179 Hz, praticamente coincide com a referida posição de medição.
.g
Q)
-Q4 Deve-se ressaltar que o pico observado na figura 8. 15 é considerado um erro
o aleatório e pode mostrar grande variação quando um mesmo experimento é repe-
(.) -0,8
tido. Determinou-se novamente o coeficiente de absorção da terminação rígida,
Figura 8. 1./: Absorção da temlinaçcio rígida, 111icrofone nas p osições 5 e 7 com microfone nas posições 2 e 7. Veri ficou-se nesta medição que o pico (em torn o
de 178. Hz) atinge o valor de a = O, 1, e portanto, bem inferior ao valor encontrado
na figura 8. 17. Destaca-se que a curva de r~r relativa a esta apresentou o mesmo
Analisando-se as duas figuras verifica-se que os resultados obtidos são bastante comportamento de r~r mostrado na figura 8.1 6.
razoáveis, considerando-se as dificuldades naturais que envolvem a medição do coefi- Na curva da função de coerência, r~P' apresentada na figura 8.16, considerando-se
ciente de absorção da terminação rígida, que é altamente refletiva. Na figura 8.1 5 que a banda de O Hz a 1000 Hz, ainda observa-se baixa coerência em 544 Hz e 903 Hz
mostra a curva relativa às medições com microfone nas posições 2 e 7, além das gran- devido a mais duas coincidências de nós da onda estacionária com a posição 7 d~
des variações nas regiões em torno de 1000 Hz, perfeitamente esperadas, observa-se medição. Também em 625 Hz, y ~ possui um valor pequeno, neste caso, em função
também em torno de 178. Hz, um pico que atinge o valor de a = 0.53. da coincidência do nó com a posição 2 de medição.
Sarnir N. Y. Gerges Materiais para Absorção de Ruído
,,
1,2 Outro aspecto que deve ser considerado é a repetibilidade entre os resultados
obtidos no sistema de medição. Neste sentido, a figura 8. 18. mostra três curvas de
Cl.
1,0 - - - V""'I - ..,(),..... absorção, obtidas exatamente nas mesmas condições. O que se fez entre cada medi-
N<l ção foi retirar e recolocar a amostra no tu bo. A proximidade entre as curvas permite
>- 0,8 -
conclu ir que o sistema de med ição apresenta uma boa repetibilidade.
o
o
0,6 -
<~ 0,4 1,0. . . - - - - - - - - - - -- - - - -=:;;;=iiii::iij::l!lj~-1
o 0,9
(.) 0,2
0,0 1

o 100 200 300 400 500 600 700 800 900 1000
Freqüência (Hz) ·Jo.s
jo~
Figura 8. 16: F1111çcio de coerência da figura 15
• Q.4
"'~0,3
~ 0,2 -
É importante observar, no entanto, que este efeito não comprometeu a medição
do coeficiente de absorção da espuma (mostrado na figura 8.13), quando se utilizou ~ 0,1
as posições 2 e 7 do microfone. A presença do material absorvente eliminou o
efeito da terminação rígida, como pode ser observado na figura 8.1 7, que mostra a
º·º O 100 200 300 400 SOO 600 700 800 900 1000 l lOO 1200
FrtqüÍnclo (Hz)
função de coerência determ inada durante a obtenção da curva da figura 8. 13.
Figura 8. 18: Sobreposição de três curvas do coeficiente de absorção
O valor de y.!i, = 0,87 em 179 Hz corresponde a uma alta coerência entre as duas
posições de medição.
8.4. Tipos de Materiais de Absorção Acústica
1,2 Os três tipos de materiais de absorção acústica mais usados são:
1,0- - - .,,. - ""()
- (1) Espuma de Polímeros
o.. ~
r~

N<l
~ 0,8 A espuma de polímeros com poros abertos é um excelente material de absorção.
Por não ser um material fibroso, não existem erosões (separação de fibras) na pre-
o 0,6 sença de vibrações e/ou flu xo de fluido . Todavia devido aos poros abertos,
o
<t 0,4
pode existi r a contaminação com óleo ou outras impurezas que tendem a bloquear
os orificios com o passar do tempo. Outra característica indesejável é a inflamabilidade
o
(.) 0,2 das espumas, sendo necessário usar aditivos retardantes de fogo (como por exemplo
em poltronas de aviões), que tem como conseqüência (do uso de aditivos),
0,0 1
a piora das características mecânicas e/ou acústicas, além da diminuição da vida útil
o 100 200 300 400 500 600 700 800 900 1000
do material. Outra característica indesejável é a emissão de gases tóxicos em altas
Freqüência (Hz) temperaturas que ocorrem por ocasião de incêndios, sendo a faixa normal de tempe-
Figura 8. / 7: Função de coerência da figura 13 ratura no uso de espumas com retardantes entre - 40 ºC a + 100 ºC.
Sarnir N. Y. Gerges
.. Materiais para Absorção de Ruído

A figura 8. 19 mostra valores típicos do coeficiente de absorção para espuma de (2) Lã de Vidro
poliuretano de várias espessuras do tipo SONEX da llbruck Industrial Ltda. A lã de vidro é um material que existe sob muitas fonnas em termos de disponibilida-
de comercial no Brasil: painéis (ver figura 8.20), mantas, feltros, cordões ou aplicado por
processo de jateamento (ver figura 8.2 1 para materiais da SANTA MARINA). Suas pro-
~IONIX
.. priedades acústicas são bem conhecidas e previsíveis. Usualmente os diâmetros das fibras
Moteriol: Espumo Rexfvel de polivretono. podem variar de 2 a 15 mm e a densidade aparente, dos feltros, mantas e painéis, é de 1O
oulo·~UIYol, densidodo 36 Kg/rn'1 com
iuporffcie eKulpido em cunhos onecôkos.
a 100 kglm 3 • Para melhoria da resistência à vibrações e fluxo de fluidos pode ser usado
Oimensõo dos PSocos: 10001t 1000 mm
Espeuuros Orsponiveil: 20, 35, 50 •
processo de selamento com resina. Entretanto o selamento faz com que o material se torne
75mm combustível, limitanto suas características quanto ao alastramento superficial de fogo.
Cor9s: Natural: d No grof'.te
Pintodo: di'fet10s COftl:S
Ros;sl6nclo oo fogo, Ul·94 Hf-1. A temperatura de trabalho de lã de vidro vai até 450 ºC, é possível atingir tal limite de
..,,,
3S/3S
0.06
0.11
0. 10
0.21
0.21

º·'ª 0.71 ....


O.S5 0.81
0 .94
temperatura utilizando resina fenólica com aditivo anti-chama; a fibra de vidro sem resina
ll>/15 0.13
0.23
0.34
0.68
0 .72
o... ....
0.9• 0 .90
0.97 ....
0.97 poderá resistir até 540 ºC, dependendo da sua composição química e seu diâmetro.

Moteriol: Espumo flexlvel de pollureJono,


outo.tdingufvel, densidade 30 kg!m>, com
superfkie esculpido &m conhos onecóicoi.
OirNns6o dos Placas: 1200 x 600 mm
Etpes.suros Oisponlveis: 20, 35, 50 •
75 mm
Cores: Noturol: tiru:o orofite.
Pintodo: diverio• torei
Ra.ó116nda oo fogo, Ul·94 HF-1

10(l5
3S/3S
0.03
O.OS
º·"
0.21
0 .26
0.4.S
0 .42
0.63
0.52
0.81
0.66
0.97
Wt7S 0.09 0.)1 O..\e 0.71 0.8' 0.96
1~·n7' O.li 0.42 0.70 0 .91 1.00 1.01

~IONIXflltec Coeiidon.., de Al>sotçõo Sono<o

~llitH
Moteriol: Espumo semi·rigido espeóa\
ilhK, PfOficomenlt U\C.omburtMll,

~,:!~=l?~~~: 1200x600rnm
hpossvros Disponíveis: 25, 35 e 50 mm
C0tes: Noturol: bc-tlnc:o,
Pinrocfo: div-orsoS COl'et
~oofogo, Ul-94.VO
Figura 8.20: Painéis "Forrovid Shediso/ " da ISO VER-SANTA MARINA
ASTM E84 • O.... 1
..
mq

2S/35·~.
-.,-
12.S

, ~.-
.,~~
2SO

o.~ .
500

,,-~07
~~.~.n 76:--7
1000

0.•~1
1000 4000
em aplicação industria/

3s111.s o.u o.:n o 61 o.eo o.at 0.92


wns o.os o.31 o.e1 1.01 o.99 o.t.5
1!'.:iSON!Xrec Coeficientes de Absorçõo Sonora

~1-
Motieríol: Espumo ftuf~ de pofivre40no
de textura lnegvlo1 com oportncio de
concreto, cinto cloro, oulo-eJ.!ingulvel,

f;;:~:t: J2s ~~o';: 600 • 600 mm;


618 x618 mm (,."6oou1<>portonf0).
Espe.uvros Oisponfveit: 15. 20, 30
e.CSmm
Píntodo em diV'ttsos cores Ft.q 12S 1SO 500 1000 2000 4000
ReslstAnclo oo fogo' Ul-94 HF-1.
"'2015 OJ>4
0.04
0.10
0.12
0.24
0.32
O.S3
0.66
O.at
0.94
1.0$
1.03
30 0.08 0.24 _O.Sf 0.9'2 1.09 1.0$
A!> O.IS 0.70 1,00 O.IS 0.91 0.90-

Figura 8.21: Aplicação de fibra de vidro por processo de jateamento


Figura 8. 19: Coeficiente de absorção para materiais SONEX (de fabricação SANTA MARINA)
Materiais para Absorção de Ruído
Sarnir N. Y. Gerges
"
(4) Vermiculita Expandida
(3) Lã de Rocha
A lã de rocha é obtida pela fusão de diversos tipos de rocha e/ou escór!a a uma A vermicul ita é a denom inação utilizada para descrever um mineral micáceo
temperatura de cerca de 1500 ºC, para a obtenção de fibras que são p~stenorm~nte lamelar cuja constituição química básica é de silicatos hidratados de alumínio e
aglutinadas por uma resina para formar uma manta ou painel. Este material é conside- magnésio, originando-se da alteração de outras micas, principalmente biotita e
rado incombustível. Um dos maiores fabricantes de lã de rocha é a "ROCKFll3RAS'', flogopita. Submetida a aquecimento adequado, a água contida entre suas lamelas
que fabrica, por exemplo, os "Forros Ultracustic-T", usados em ambientes de trabalho e demais efeitos físicos, provocam uma expansão na direção perpendicular ao
(ver figura 8.22). plano de clivagem basal, do que resultam vermiculita expandida. É aplicada por
processo de jateamento em duas ou três camadas e tem massa específica após
aplicação de 400 kg/m3 • A figura 8.24 mostra um ambiente industrial com "For-
ro Armstrong Fine Fissurecf' fab ricado por Armstrong-EUA .

Figura 8.22: Caso típico de aplicação dos painéis de lã de rocha de fabricação


ROCK FIBRAS

Além dos três materiais citados acima, existem outros, tais como: chapas de lã
mineral, chapas de fibra de madeira, chapas a base de vermicul ita tecidos, etc.
A figura 8.23 mostra a estrutura microscópica de alguns materi ais.

Figura 8.24: Forro Arms/rong Fine Fissured

Os materiais fibrosos exigem proteção pois as fibras são frágei s, enquanto os


porosos exigem selagem por serem facilmente contamináveis.
Ex istem muitos tipos de proteção, sendo um deles as folhas de polietileno fecha-
das, de espessura de 60 mm no máximo, com chapa de metal perfurada para prote-
ção externa (ver figura 8.25).
Figura 8.23: Estrutura microscópica de espuma, lã de vidro e lã de rocha
Sarnir N. Y. Gerges Materiais para Absorção de Ruído
'•

o o - - - Parede
f!J1t Re - radiação

oo o __ Material de (/
'(()° oo ()o 'D6O~()t)
~__...

Folho de
Absorção

~~--+--li--- Polieti leno Incidência


a
oo
Placa
0;;._<;>A(,,
Perfurado 0000•---~
'Ô~"(), Transmissão
Figura 8.25: Configuração para proteção
o<>()~
Re flexão ü e::
Neste caso, o conjunto parede, material absorvente e chapa perfurada de proteção,
forma um sistema do tipo isolante-absorvedor (ver figura 8.25). O isolamento é
na
Materiais de y,1..___ _ Parede de
Absorção
fornecido por parte da parede (ver Capítulo 5 sobre Isolamento de Ruído) e a absor- Isolamento
ção por parte do material absorvente. Este conjun to pode vibrar se esti ver ligado a Re - radiação
uma estrutura vibrante ou pode vibrar a partir de excitação acústica. A sua re-radia- Re·radiação
ção acústica pode ser quantificada (ver capítulo sobre Radiação Sonora de Superfi-
cies Vibran tes). Figura 8.26: Absorção, transmissão e re-radiação
A figura 8.26 mostra os três mecanismos acústicos envolvidos numa parede:
o primeiro mecanismo é o isolamento que é fornecido pela massa da parede
(ver capítulo sobre Iso lamento Acústico); o segundo é a radiação sonora causa-
da por vibração da superfície da parede (ver capítulo sobre Radiação Sonora de
Superfícies Vibrantes); e o terceiro é o mecani smo de absorção sonora através A figura 8.27 mostra a absorção acústica de várias montagens de materiais.
do revestimento intern o com materiais de absorção sonora, que é apresentado Os valo1:es. mostrados são qualitativos e indicam apenas a tendência de variação das
neste capítulo. c~racten.sticas. Por exemplo, a figura (B) mostra absorção maior nas baixas frequên-
O uso de membranas rígidas retendo fibras de vidro com resina é em certos cias dev ~do ao aumento de densidade ou afastamento dos materiais. A figura (C)
casos uma solução contra o fogo. mostra amda um aumento de absorção nas baixas freqüências devido ao aumen to da
Normalmente áreas maiores de material absorvente são subd ivididas em pa- espessura dos materiais mais densos em combinação com os materiais menos densos.
inéis menores de modo a facil itar a montagem e manutenção. A presença de chapa perfu rada (ver figura (D)) pode reduzir a curva de absorção em
O coefi ciente de absorção de materiais acusticamente absorventes pode ser certas bandas de freqiiências dependendo da espessura da chapa, do percentual da
melhorado em função do método de instalação, obtendo-se máxima efici ência área aberta da chapa e da distância entre os furos. A presença de co1tina afastada da
quando a distância I entre o material e a parede (o u teto) for igual a um quarto do parede (figura (E}) apresenta uma absorção que varia com a freqiiência, 0 que pode
comprimento da onda acústica. ser usado em auditórios, cinemas, etc.

Bmllllll
Sarnir N. Y. Gerges Materiais para Absorção de Ruído

(5) Bodén, 1-1 . e Âbom, M., Two microphone measurements in the plane wave
Coeficiente
region of ducts; influence of errors, Report TRITATAK 8401 , Dept of
J f°'çõo Technical Acoustics, Royal lnstitute ofTechnology, Stockholm, 1984, pp.86.

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}~ [7) Chung, J.Y. and Blaser, D.A., Transfer function method ofmeasuring in-duct
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--------
1 1 1 '
o 100 1.CXX> K>.000

}~
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1 '
1 1
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li ollChopo o 100 1.000 10.0 00


materiais, Appl. Acoustic, (3), 1970, pp. I05- 11 6.

o
_ __ Perfurado
o ~100 1000 10.0 00
[ 1O] Dubout, P. and Davem, W., Calcu lation of statistical absorption coefficient from
acoustic impedance tubc measurements, Acustica, Vol.9, 1959, pp. 15-1 56.

} ll
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decaying sound lields, J. Acoust. Soe. Am. Vol.50(3), 1971 , pp.80 1-8 11.
1
C«tino ' ,./\!(\ Fr~~ncio (Hz) [ 12] Evans, E.J. and Bazley, N. E., Sound Absorption materiais, National Physical
1 ! o 100 1.000 10.000
Laboratory, London; Her Majesty's Stati onery Office, 1960 (4'" impression
Figura 8.27: Absorçcio em várias montagens 1968).

[ 13] Fahy, F.J., Rapid method for the mesaurements of sample acouctic impedance
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Sarnir N. Y. Gerges Filtros e Ressonadores Acústicos
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[ 19] Kinsler, A.E., Frey, A.R., Coppens, A.B. and Sanders, J. V. Fundamentais of
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(22] Nichols, R.H., Flow resistance characteristics offibrous acoustical materiais,


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(23] Olynyk, D. and Northwood, T.D., Comparison of ~·ev erberat ion room and
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Nov. 1964, pp.2 17 1-2 174. Capítulo 9

[24] Performance Data-Architectural Acoustical Materiais, Annual Bulletin,


Acoustical and Board Products Association, Park Ridge, Illinois.
Filtros e Ressonadores Acústicos
(25) Powel 1, J.G. and Van Houten, J .J ., A tone-burst technique of sound-absorption
measurements, J. Acoust. Soe. Am, Vol. 48(6), 1970, pp.1299-1303.

[26] Power Plant Acousti cs, Tcchnical Man ual TM 5-805-9, Headq uartes, 9.1. Introdução
Department oftheA rmy, Washington, D.C, December 1968, pp.280-289.
Os dispositivos reativos para controle de ruído são eficientes em baixas freqüên-
[27] Purcell, W.E., Compendium of materiais for noise control, Final Technical cias, especialmente para atenuação de ruído de frequências discretas (tons puros).
Report, l ITRI Project J6285, Engineering Mechanics Division, llT Research As características acústicas dos si lenciadores reativos são determinadas apenas por
lnstitute, Chicago 111. (april 1974 ). (Prepared for Department of Health, sua forma geométrica (sem uso de material de absorção acüstica). São projetados
Education and Welfare, National lnstitute for Occupational Safety and Health, de fo rma a deixar passar um fluido reduzindo fo rtemente sua energia sonora.
Cincinnati, Ohio). Como exemplo, pode-se citar os silenciadores de compressores, escapamentos de
motores automotivos de combustão interna, etc.
(28] Reynolds, D.D., Engineering Principies of Acousti cs, Noise and Yibration O princípio destes silenciadores é baseado na reflexão das ondas para a fo nte,
Control. Allyn and Bacon lnc. 198 1. isto é, as ondas ao passarem pelo s il enciado r encontram uma mudança de
im pedância acústica para valor muito grande ou muito peq ueno. Então, uma par-
[29] Sanders, G.J., Noise control fo r industri al air moving devices, Inter Noise 72 cela pequena da energia propaga através do si lenciador e a maior parte da energia
Proceedings (October 1972), pp.165-1 70. é refl etida de volta para a fo nte. Esses silenciadores são econôm icos com baixa
perda de pressão do fluido carregado.
[30] Wells, R.J , Acoustical plenum chambers, Noise Control, Yo l. 4, Page 9- 15,
July 1958. Neste capitulo serão apresentados os fundamentos de propagação de onda em
dutos, os filtros acústicos e os ressonadores colocados nos dutos para reflexão da
[3 1] Zwikker C. and Kosten C. W., Sound absorb ing materiais, Elsevier Publishing energia acústica; além de do is tipos de dispositivos reativos para atenuação de ruído
Company, lnc. 1949. em ambientes fechados; o ressonador de Helmholtz e o painel vibrante. Finalmente
é apresentado o princípio de contro le de ruído ativo.
Sarnir N. Y. Gerges Engenharia de Controle de Ruído

[28) Schuder, C.B., Coping w ith contro l valve noise. Chem. Eng. october 19,
1970.

[29] Schuder, C.B., Control va lve noi se - prediction and abatement. Ref. 1 O,
pp.90-94.

[30) Waters, P.E., Commercial road vehicle noise. J. Sound Yib. Yol. 35, Nº2,
1974, pp. 155-222. Capítulo 14
[3 1] Young, R. W., Sabine reverberation equation and sound power calculations,
J. Acoust. Soe. Am, Vol. 3 1(7), Jul, 1959, pp.912-921.
Engenharia de Controle de Ruído

14.1. Introdução
O técn ico responsável pelo projeto de controle ele ruído necessita sólidos
conhecimentos em acústica aplicada (ver capítulos 1, 4 e 9), sobre fontes de ruído
em máquinas e equipamentos (ver capítulo 11) e sobre Controle e Isolamento de
Vibrações e Choques (ver capítulo 10). Além disso, ele deve ter bom conhecimen-
to em instrumentação para medição e análise de ru ído e vi bração (ver capítulo 3).
De preferência o mesmo técnico responsável pelo controle de ru ído, que orienta
o pessoal de medição, faz também a análise e processamento dos dados medidos.
O grupo responsável pelo controle de ruído deve receber todo apoio e coopera-
ção dos outros setores de manutenção, operação, engenharia de pr ojeto e pes-
soal de administração.
Os fundamentos de acústica aplicad ~ con trole de ruído estão já bem desen-
volvidos e os princípios das soluções dos casos típicos são conhecidos. Entre-
tanto, soluções de cada caso específico necessitam não só conhecimento na
área de controle de ruído mas também in formações completas sobre funci ona-
mento, operação e manutenção das máquinas e processos industriais.
Um pr ograma de conservação da audi ção e/ou contro le de ruído, pode ser
elaborado conforme os passos mostrados no cap ítu lo 2. A identi ficação e a
quantificação das fontes de ruído em uma certa área, podem ser feitas a partir do
mapa dos níveis de ruído da área, medidos em dB(A), e da medição dos espectros
dos níveis de potência e pressão sonora das fontes em dB. O conhecimento da
potência sonora das máquinas é essencial para cálcul os do projeto de contro le.
Espectros de potência sonora podem ser obtidos dos fabricantes das máquinas,
ou podem ser medidos em laboratório usando câmara anecóica ou reverberante,
ou ainda med idos em campo, por técnica de comparação ou com medidor de
intensidade acústica, usando dois microfones próximos (ver capítu lo 3 e 7).
Sarnir N. Y. Gerges •111111 Engenharia de Controle de Ruído

A técnica de medição de intensid ade sonora pode fornecer as parcelas de Na sol ução do problema de ruído deve-se considerar todas as soluções viáveis e
fluxo de energia sonora geradas por cada fonte dentro de uma máquina o u pro- analisar para cada solução o custo/beneficio. O custo de redução de ruído envolve o
cesso complexo. No caso de estudo de um campo acústico, o vetor intensidade c usto de um projeto, fabricação, montagem e manutenção ao longo do tempo.
fo rnece a di stribui ção d e energ ia so nora dentro do ambien te. Através d o Este custo pode ser quantificado a pa11ir da aten uação desejada dos níveis de ruído.
desacionamento de algumas das fontes dentro de um sistema complexo, é possí- O beneficio da redução de ruído é elim inar reclamações, pagamento de insalubridade,
ve l quantificar a co niribuição de cada fonte de ruído. Também , é possível aposentadorias por surdez profissional, custo de assistência médica, ausência no ser-
correlacionar os vários pi cos dos espectros de ruído com as características de v iço, etc. Esses benefícios podem ser avaliados e quantificados. A figura 14.2 mostra as
cada fonte e en tão identificar as fontes responsáveis pela maior parcela de ruído curvas qual itati vas de custo e beneficio. O ponto de equilíbrio significa um balanço
(por exemplo; pi co na freq üência de rotação ou engrenamento, ver capítulo 11). entre custo de redução de ruído e beneílcios financeiros através da eliminação das
A figura 14. 1 m ostra as parcelas de potência sonora geradas pelas diferentes possíveis ilegalidades. Os beneficios sociais de se ter um ambiente industrial com
fontes em uma moto-serra, medidas através do medidor de intensidade sonora. níveis de ruído aceitáveis (que sign ifica conse1var o sistema auditi vo e a saúde dos
trabalhadores para que eles possam assumir suas responsabil idades familiares e contri-
buir para a sociedade) é muito diílci l de quantificar. Isto é, a saúde dos trabalhadores
não pode ser vendida por pagamento extra ( insalubridade), por áposentadorias anteci-
padas, por surdez ou por qualquer outra razão do gênero. Po11anto, deve-se sempre
procurar uma solução de engenharia para o problema de ruído na fonte, na trajetória ou
no receptor (ver figura 14.3), apesar dessas soluções poderem ser mais caras do que as
despesas de pagamentos extras, custo de protetores e sua implantação, etc.

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Figura 14. I: Contribuição de cada fonte de ruído em uma mo/o-serra Figura 14.2: Custo x beneficio
Sarnir N. Y. Gerges Engenharia de Controle de Ruído

(3) Substituição das máquinas, equipamentos e processos industriais usando


sistemas mais silenciosos.
(4) Modificações na fonte, que envolvem: redução das forças dinâmicas e velo-
cidade, balancean1ento dinâmico, isolamento e controle de vibração, uso ele
amortecimento, mod ificação da distribui ção das massas e rigidez para evitar
resso nância, redução da velocidade de fluidos e turbulência e red ução de
áreas de superfícies vibrantes.

Algumas das recomendações acima citadas foram elaboradas nos capítulos an-
teriores; outras serão discutidas neste capítulo, tais como: enclausuramento comple-
Figura 14.3: Fonte, trajetória e receptor to e parcial e três casos de estudo, envolvendo ruído em computadores e impresso-
ras, ruído de j atos industriais e redução ele ruido de motores elétricos (na fonte).

14.2. Controle de Ruído por Enclausuramento


A solução cio problema ele alto nível de ruído pode estar na fonte, trajetória e/
ou receptor. O controle de ruído por enclausuramento é uma solução do problema na traje-
Soluções no receptor podem ser conseguidas com: tória de propagação do ruído, sendo uma solução prática e viável para redução de
ruído de uma máquina que já está instalada e em funcionamento. O mecanismo de
( 1) Uso de cabine de proteção.
redução de ruído, neste caso, se baseia em manter a energia sonora por reflexão
(2) Uso de protetores auditivos até que ações sejam tomadas para redução do dentro do enclausuramento, e também, d issipar parte desta energia através do
ruído (o uso de protetores auditivos não deve ser considerado como solução revestimento interno do enclausuramento com materiais de absorção sonora.
permanente do problema). A eficiência e o comportamento de um enclausuramento dependem de três
(3) Uso de indivíduos surdos nas áreas com alto nível de ruído. fatores principais:
(4) Redução da jornada de trabalho nos ambientes ruidosos, com deslocamento ( 1) O volume e o número de aberturas necessárias como: entrada de ar do sistema
do pessoal para outros ambientes com serviços mais silenciosos, diminuindo de refrigeração, janelas de inspeção, etc, ou qualquer outra trajetória de baixa
assim a dose de ruído de cada trabalhador. perda de transmi ssão na estrutura e/ou paredes do enclausuramento.
Soluções na trajetória podem ser conseguidas com: (2) Perda de transmissão das paredes do enclausuramento; paredes simples,
duplas, compostas, etc.
( 1) Enclausuramento (ver seção 2 neste capítulo).
(3) Energia de ruído absorvida dentro do enclausuramento pelos materiais de
(2) Barreiras acústicas (ver capítulo 6).
revestimen to.
(3) Absorção e/ou isolamento acústico (ver capítulos 5 e 8).
Enclausuramentos são ambientes fechados, por exemplo, fei tos de alvenaria,
(4) Silenciadores (ver capítulos 8 e 9). madeira ou metal (aço), que encobrem comp letamente as fontes de ruíd o
(5) Isolamento de vibração e choque (ver capítulo 1O). (ver figura 14.4). Considerando que a menor distância entre as superfícies inter-
nas do enclausuramento e a fonte é /, en tão tem-se enclausuramento amplo
Soluções na fon te podem envolver:
quando I ~ íl e o campo acústico pode ser considerado difuso. Já no caso de
( 1) Especificação dos níveis máximos permitidos para equipamentos e proces- enclausuramento compacto, quando I ~ 1, tem-se campo acústico reati vo, sem
sos industriais ainda na fase de compra. propagação de ondas, apenas com v ibração do ar. Neste caso as paredes do
(2) Pred ição dos níveis de potência sonora para as fontes a serem instaladas em enclausuramento devem possuir alta rigidez mecânica. A seguir são apresenta-
plantas novas e na expansão das plantas antigas. dos os princípios empregados no projeto de um enclausuramento amplo.
Sarnir N. Y. Gerges Engenharia de Controle de Ruído

l - Silenciador do Ventilador s" é a área interna total do enclausuramento (m 2 )


2-Compressor de Ar a .. é o coefic iente de absorção médio das paredes internas do enclausura-
3-Enclousuromentos mento, onde:
4-Borreiras
( 14.3)
5-Cobine

a; e S, são: o coeficiente de absorção e a área de cada elemento das paredes.


V é o volume do enclausuramento (m3 )
T é o tempo de reverberação (s)

Uma forma alternativa da equação 14. 1 é dada por:

NPS,.ev = NWS + IOlogT- IOlogV + 14 (14.4)


Figura 14. 4: Exemplo de enc/ausuramento e cabine
Considerando que a dens idade de energia sonora é igualmente di stribuída
14.2.1.Enclausuramento Amplo dentro do volume interno do enclausuramento, isto é, existe campo sonoro difuso,
a intensidade sonora incidente / 1 nas paredes internas do enclausuramento (ver
O enclausuramento é considerado amplo quando a menor distância entre as
figura 14.5) é dada por:
superfícies da máquina e as paredes do enclausuramento for maior que um compri-
mento de onda(! >~). na freqüência mais baixa do espectro do ruído da fonte. Neste
caso , as relações matemáticas que controlam o comportamento acústico do
/.= < p 2 >,..... ( 14.5)
enclausuramento são baseadas na teoria do campo difuso, isto é, a distribuição da ' 4pc
energia sonora dentro do enclausuramento é uniforme. A presença do campo difuso onde:
é vá lida quando a banda do espectro de ruíd o é l arga e/ ou o volume do
< P 2 > ,.,., é a pressão sonora média quadrática temporal e espacial (tempo e
enclausuramento é grande em relação ao comprimento da onda acústica.
esp aço) do campo reverbera nte dentro do encl aus urame nto;
Comportamento do Enclausuramento Amplo: NPSr"''
< p 2 > ,.,,. = (2 X J0·5)2 J Q- 10-
O nível de pressão sonora do campo reverberante dentro do enclausuramento,
NPS,.0 ., (ver capítulo 7) é dado por: p é a densidade do meio
e é a velocidade do som

4 Em função do local de instalação do enclausuramento, serão considerados


NPS,.,.. = NWS + LOlogR (14.1)
aqui dois casos:
onde:
CASO 1: Enclausuramento em Campo Livre
NWS é o nível de potência sonora da fonte em dB (ref. 10- 12 watts);
R é a constante do enclausuramento, dada por: Para um campo sonoro livre fora do enclausuramento (ver figura 14.5), a inten-
sidade acústica externa é dada por:

_ S,o:, ~ 0,161V A f =< P2>exr


R - ----=-- - - - - - {"'\ (14.2) f!.\' I
( 14.6)
1-a, T pc

EJ!1Jllllllll
Sarnir N. Y. Gerges Engenharia de Controle de Ruído

onde: Deste modo pode-se considerar o enclausuramento e fonte no seu interior,


2 como uma nova fonte de nível de potência sonora NWS,., dada por:
< P > "" é a pressão sonora fora do enclausuramento .

· Portanto, o coeficiente de transmissão a, é dado por: NWS,. = NPS, .., + lOlog A° ~ A~::::.. S(. ( 14.IO)

onde:
2 A.1...é a área externa do enclausuramento, que é igual aproximadamente à área intema,S•.
a= !,_..,= 4<P >,,_. ,
I f 2
( 14.7)
i < p >,..... Portanto, pode- se calcular o nível de pressão sonora a qualquer distância I
das paredes do enc lausuramento. Assim,

NPS, = NWS,. -10 1og2n / 2 ( 14.11 )

CASO li: Enclausuramento dentro de uma Fábrica


lext

-
-
Para um enclausuramento dentro de uma fábrica (ver figura 14.6) que tem uma
área interna total S , com coeficiente de absorção médio das paredes a , o nível de

..
NPSext
NPS.( 1 1
Fonte pressão sonora do campo reverberante in terno, antes da construção do enclau-
suramento, é dado por:

Figura 14.5: Rncla11s11ra111ento em campo livre


NPS, =NWS+IOlog( R: l (14.12)

onde:

E a perda de transmi ssão é dada por:

1 -
PT = IOiog- = IOlog < P2 >"'. -IO log < P2 >,.,, -I0 1og4 Suponha-se que um enclausuramento seja construído com área interna S,
a,
(ver equação 14.2). Então, a pressão sonora do campo difuso dentro do enclau-
suramento é dada por:
ou

4
NPS,.11 = NPS,.,,. - PT -6 ( 14.8) NPS,.,.,. = NWS + IOlogR (1 4.13)

Portanto, o nível de pressão sonora nas paredes externas, NPS..x,, é dado por
(equação 14.1 e 14.8):
Co"fo,me ' "'ª''º 'P"'""tada "º "P''" loJi "'l•mç•Í~I)·1~"d' de trnos-
m issão do enclausuramento é dada por:
1 ,1 u < "\( t:.."';(. ~rs
4
D L,~l., PT =NPS,.,.,. -NPS,..., +lO log~ )ft~ k
NPS
'·"
=NWS+lO log- -PT- 6
R
( 14.9)
/ ~ . ~
(14.14)

-·••111 \ ~f\~\7 -~rs..a.) === r1 - idt~14+ 11111•11B!1!1


Sarnir N. Y. Gerges
••11111 . Engenharia de Controle de Ruído

As equações 14.9 e 14. 11 são usadas para os cálculos do projeto de enclau-


suramento ao ar livre, e a equação 14. 16 é usada para o cálcu lo do projeto de
Constante de enclausuramentos dentro de fábri cas. Nestas equações o cá lculo é feito para
Espo ço (fábrica)= R t cada banda de freqiiência de 1/ 1 ou ·1/3 de oitava. Os níveis de potência sonora
devem ser conhecidos e os níveis de pressão sonora extern os NPSc.w são os
Enclausuro mento níveis requeridos dependendo de cada caso.

Ref";;;;;::;;;;:~;l NPSrev
0 14.2.2. Enclausuramento Compacto
NPSext X
Quando o espaço entre a fonte e as paredes do enclausuramento for menor
do que um comprimento da onda (/ < À), existe acoplamento forte entre as super-
fíc ies da máqu ina e as paredes adjacentes do enclausuramento. Portanto,
a rigidez das paredes se torna um parâmetro importante. Uma rigidez alta é neces-
Fig ura 14.6: Encla11s11ra111e11/o dentro de 11111afâbrica sária para minimizar o movimento produzido pelas forças transmitidas no espaço
de ar. Uma predição exata da perda de transmissão para o enclausuramento com-
pacto é muito complexa. Existem vár ios trabalhos publ icados considerando a
Substituindo a equação 14.13 na equação 14. 14, o nivel de pressão sonora máquina como um corpo de forma regular e o campo sonoro de ondas estacioná-
fora do enclausuramento é dado por: rias, usando por exemplo o modelo de Beranek que é apresentado a seguir.
Neste modelo as dimensões do enclausuramento compacto permitem, as vezes,
1
NPS
4
' - PT
=NWS+ IO log-+IOlog-
s ( 14. 15)
• ocorrência de r essonâncias acústicas no seu espaço de ar interior e/ou resso-
'-" R Rf nâncias mecânicas das paredes. O modelo simpl ificado da figura 14.7 mostra a
fonte pulsante com amplitude de velocidade de superílcie V0 excitando o enclau-
suramento e vibrando suas superílcies com amplitute de velocidade Vr Então,
E a diferença entre os níveis de pressão sonora antes e após a colocação do a atenuação do nível de pressão sonora tJ.NPS, é dada por Jackson através do
enclausuramente é dada pela diferença entre as equações 14. 12 e 14. 15: modelo simples que segue:

NPS11 -NPS,.,, = PT-lO log S,. + lOlog R (14.16)


LINPS =201og(~~) (14. 17)

A equação 14.16 mostra que para se conseguir redução adequada dos níves
A atenuação tJ.NPS depende da resposta dinâmica das paredes do enclausu-
de pressão sonora, deve-se escolher paredes com alta perda de transmissão.
ramento e das freqüências de ressonância. A figura 14.8 mostra valores típicos da
Geralmente a perda de transmi ssão deve ser menor do que 20 dB para se evitar o
equação 14. 17 com valor es baixos de L1NPS nas ressonâncias ou até mesmo
efeito de grande vazamento (ver capitu lo 5). A lém disso, deve-se escolher tam-
chegando a amplificações. Maior atenuação pode ser obtida aumentando a rigi-
bém a menor área S, e maior absorção interna, apesar de ser a perda de transmis-
dez (curva C). A primeira ressonância determina a freqüência máxima de opera-
são a contribui ção mais efeti va na redução de ruído .
ção. Para uma placa retangular com dimensões a e b, espessura t e velocidade de
A pesar do campo difuso só existir nas altas freqüênciais e em espaços gran-
ondas longitudinais c1 , a primeira freqüência de ressonância é dada por:
des, onde as equações apresentadas são válidas (na prática nem sempre existe
campo difuso), os níveis ca lculados co m o modelo simples apresentado (ver
equações 14.9, 14.1 1 e 14. 16) podem fornecer variações de até± 4 dB em relação
(14. 18)
aos níveis reais.

11111•-
Sarnir N. Y. Gerges Engenharia de Controle de Ruído

obtidos considerando enclausuramento compacto. Então, pode-se usar as mes-


Enclausuramento
Compacto mas equações 14.9, 14. 11 e 14. 16 para o projeto de enclausuramento compacto
considerando-se um fator de segurança de 10 clB, isto é, o nível previsto é 10 clB
Apoio •P menor do que o calculado.
Flexível

14.2.3. Enclausuramento Parcial e Barreiras


São maneiras práti cas de se proteger um operador de um campo de ruído
direto gerado por outra máquina adjacente. A predição quantitativa do comporta-
mento de um enclausuramento parcial é muito complexa devido às difrações nos
Areo Vibrante do contornos, refl exões nas superticies, absorção e transmissão das paredes. Entre-
Parede de Enclou- tanto, é possível ca lcular o comportamento geral de um enclausuramento parcial
suromento (V1) considerando-se que a PT = O (ou 100% absorção ou transmissão) para áreas
abertas, e conhecendo-se a potência sonora e diretividade das fontes, usando-
se o procedimento da seção 14 .2. 1. A difração pode ser quantificada através da
Figura 14. 7: Modelo simplificado de enclausuramento compacto
teoria de barrei ras apresentada no capítul o 6. A figura 14.9 mostra um exemplo
típico de enclausuramento parcial.

o.--~~~-.-~~~~-.-~~-,

-201--~--,.----1-~~~~+-~~
-10 1---.~--'--+-..--~~~-+-~~-l
@ 01--~---l,,,,--~~~~-l-,---,------I Materiais
.s 101------.::---"~I-\-~~-..~ Absorventes
o 20 1--~~""""'~w+~--'~~
'8. 301--~~~~i---:~,...,,..~-AI
g 40t====t=::~~~
~ 50
~ so1~0__._,__.1...J...l..U.U.~-'-L....L..l...J...l..l.LI-..-'--..J._J_J
100 A 1.000
Freqüencia Hz
Figura 14.8: Atenuação do NPS para vários valores de rigidez

Outro parâmetro importante que deve ser considerado são as ressonâncias


aci'.lsti cas do espaço de ar entre as superticies da fonte e as paredes do enclausu-
ramento. Resson âncias acústicas correspondem a distâncias de meio compri-
mento de onda, ou múltiplo destas, i sto é, f = c/21. O efeito de ressonâncias
acústicas pode ser minimizado revestindo-se as paredes internas do enclausura- Figura 14. 9: Encla11s11ra111ento parcial típico
mento com materiais de absorção sonora.
Ensaios experimentais e estudos anteriores, em um grande número de casos,
mostram que exi ste uma ' diferença de 10 dB aproximadamente entre a perda de Os cam inhos de baixa perda de transmissão, por exemplo, aberturas de entrada e
tran smissão calculada para um enclausuramento amplo e para um compacto, isto saida do ar de refrigeração, janelas, portas, etc, devem ser considerados no proj eto
é, a PT considerada nas equações 14.9, 14. 1 1 e 14. 16 fica 1O dB acima dos valores do enclausuramento, sendo tratados através da colocação de silenciadores, portas,
Sarnir N. Y. Gerges

janelas acústicas (ver figura 14. 1O e 14.11), e/ou revestimento externo de tubulações
l .11111•• Engenharia de Controle de Ruído

(ver figura 14. 12) para minimizar o vazamento da energia sonora para fora.
Os elementos básicos de um enclausuramento são mostrados na figura 14. 13.

Vkfro Duplo de .----i


Dobradiço Espessura Diferente

/ LO de

Figura 14. 11: Janela acústica típica

A solução de engenharia para problemas de ruído envolve: substituição das


máquinas antigas por outras silenciosas ou modificação nas fontes e/ou traj etó-
ria. A seguir são apresentadas as recomendações gerais mais importantes para o
controle de ruído:
Borracho
Vedação 1. No projeto de uma planta nova, ou expansão de planta antiga, devem ser
Parede D1,.pb
de Chapas de especificados os níve is máximos permitidos de potência sonora (NWS) das
Aço com Materiais máquinas novas, a partir dos níve is de pressão sonora (NPS) estabelecidos
de Absorção para o ambiente.
2. No caso de substituição, devem ser adquiridas máquinas, processos e mate-
Figura 1./. 10: Poria acústica típica riais mais silenciosos.
Sarnir N. Y. Gerges Engenharia de Controle de Ruído

TUBULAÇÃO
Material de Paredes
Absorção Externas Placa
Perfurado

---.......-4". .~:_::.::.::::·~ ~ ~.. ·:·>> :::..:.·~ ··· .:<.~.~· · . :- ... :


"'.!.'~::...: ~· · · J.mtas
Flexíveis

BRAÇADEIRAS

REVESTIMENTO CHAPA CORRUGADA


DE ALUMiNIO 1mm

MANTA DE L Ã DE VIDRO

LENÇOL DE CHUMBO

CAMADA DE FIBROCERÂMICA OU
FIBRA DE V IDRO
Figura 14. 13: Os elementos básicos de encla11s11ra111e11/o
Figura 1./.12: Revesti111e1110 externo de tubulações

É possível, as vezes, a substituição do tipo de operação, equipamento, siste-


ma ou processo ruidoso por outro mais silencioso. Na maioria dos casos, as
3. Modificação na fonte que envolve: máquinas, processos e operações são especificados e escolhidos previamente
- redução das forças dinâmicas para satisfazer a produção e manutenção sem considerar o problema de ruído.
- red ução dos níveis de vibração No entanto, deve-se considerar o problema de ruído ainda na fase de projeto.
- balanceamento dinâmico É mais econômica a solução do problema na fonte, isto é, adquirir máquinas e
- au mento do intervalo de tempo nos processos impulsivos processos silenciosos ou substituir algumas máquinas e processos por novos
- emprego de isoladores de vibração e choque. sistemas mais silenciosos e modernos.
4. Redução de vibração e ruído que pode ser feita através de:
- afastamento das freqüências naturais das de excitação
- aumento do amortecimento dos sistemas 14.3. Exemplos Práticos
- redução das áreas v ibrantes.
5. Redução de veloc idades de fluxo e de turbulências. 14.3.1. Enclausuramento de Painéis Removíveis
6. Soluções na trajetória que envolvem: A figura 14.14 mostra um croqui de um painel de enclausuramento, composto
- Enclausuramcntos dos seguintes elementos básicos: uma placa perfurada de aço galvani zado com
- Barreiras forros de 20 a 40% da área aberta, materiais de absorção (lã de vidro ou lã de rocha),
- Silenciadores. estrutura principal de placa de aço galvani zada e vigas para apoio laterais.
Samir N. Y. Gerges .. Engenharia de Controle de Ruído

Cada elemento pode ser fabricado em dimensões e espessura dependendo de cada 14.3.2. Cabines Acústicas
aplicação e a atenuação de ruído desejado (perda de transmissão). Este painel faz
A cabi ne acústica de operação ou reflrgi os de ruído em ambientes com altos
parle de um enclausuramento completo (ou parcial) conforme mostrado na figura
nívei s de ruído, conforme mostrado nas figuras 14.1 G a 14.18, podem ser usados
14.1 5 na montagem de um enclausuramenlo passo a passo. Janelas, portas, aberturas
para redução da dose de ruído dos trabalhadores. A escolh a entre enclausurar as
para passagem de tubos e colocação de silenciador podem ser incl uídos. Frestas e
máquinas ou cabines para trabalhadores depende do número dos fones a serem
aberturas são os inimigos de isolamento, portanto, a vedação das frestas e aberturas
en~lausurad~s em relação ao nlimero de trabalhadores a serem protegidos. Caso
devem ser consideradas para garantir o isolamento necessário. O enclausuramento
exr~tam muitas fontes e poucos trabalhadores é mai s econômico a construção de
tota l fornece a vantagem de controlar os resíduos (fumaça, poeiras, ar contaminado,
cabmes para os poucos trabalhadores e vise versa. Estas cabines podem forne-
gases tóxicos, etc.) e canalizar para um sistema central fora do ambiente.
cer mais de 20 dBA de redução do ruído.
Placa de
aço
perfurada

Viga de Materiais Placa de


reforço de absorção Aço
ocúslico

Figura 1./.1./: Croqui de painel acústico

Figura 14.16: Cabine Acústica

Figura 1./.15: Afo111age111 de Enc/aus11ra111enlofabricado pela IAC!Vibranihil. Figura 14. 17: Sala acústica de operaçcio de Planta
Sarnir N. Y. Gerges .. Engenharia de Controle de Ruído

2. Realizar avaliação acústica, funcional, ergonômica, etc. e implantar as modifica-


ções necessárias para que o enclausuramento satisfará os req uisitos do projeto;
3. Revisão da ava liação e finalização do projeto.
As figuras 14.19 à 14.21 mostram o enclausuramento acústico completo de
vários tipos de máqu inas considerando todos os req uisitos mencionados.

Figura 14.18: Cabine de operação na Mannesmann S.A .fornecida por


/SOBRASIL LTDA. Bf-/-lv!G

14.3.3. Casos Práticos de Enclausuramento de Máquinas


Figura 14.19: E11c/ausura111e1110 Acúslico para linha de produção na FIAT A1110111óveis
Na elaboração de projeto de enclausuramento de máquina deve-se conside-
SIA/ornecida pôr !SOBRAS!l LTDA. 811/ MG
rar todos os requisitos de funcionamento da máquina tais como operação, manu-
tenção, produção, limpeza, entrada e saída do produto, aquecimento, inclui ndo
ergonomia de operação na interferência do operador para execução do trabalho
que precisa abrir e fechar a máquina rápido, etc .. As etapas necessárias para
projeto, fabricação e montagem de um enclausuramento são:

Etapa 1: Primeiro Projeto

1. Elaborar o projeto completo tirando as dimensões no local;


2. Verificar o lay-out do projeto com a eq uipe de usuários da máquina (enge-
nheiro de produção, manutenção, operação e ainda o operador da máquina)
3. Pinalizar e verificar·os detalhes do projeto.
Etapa li: Construção e Montagem de protótipo

1. Fabricação e instalação. do primeiro protótipo. Este protótipo pode ser até de


materiais não finais (madeira) para acertar as dimensões detalhadas e dei xar
no local para que os usuários se acostumem de sua presença. Em seguida um
segundo protótipo pode ser instalado em forma final ; Figura 14.20: E11c/a11s11ramen10 de máquina de corte
Sarnir N. Y. Gerges Engenharia de Controle de Ruído

Cortinas acústicas podem ser usadas para pequena redução de ruído com
vantagem de flexibilidade de montagem e economia de custo (ver figura 14.23).

Figura 14.21: Enclausuramenlo de máquina de encher /a/as de bebidas


Figura 14.23: Exemplos de enclausuraenlo de corli11a
Barreiras e acessos indiretos para a entrada e a saída do enclausuramento
podem ser usados para reduzi r o vazamento de ruído para áreas adjacentes con-
forme figura 14.22.
O exemplo mostrado na figura 14.24 mostra a redução do ruído gerado no
processo de limpeza e enchimento de garrafas de re frigerante por enclausura-
mento completo fornecido pela IAC! Vibranihil.

Figura 14.22: Exemplos de Barreiras para reduzir vazamenlo de ruído no acesso de Figura 14.24: E11claus11ra111e1110 Comp/e/o de Ruído emflíbrica de refrigera/1/es
enlrada e saída (fornecido por IAC!Vibranihil)

111111.m
Sarnir N. Y. Gerges Engenharia de Controle de Ruído

14.3.4. Modelo de lay-out de uma oficina


A fi gura 14.25 mostra um modelo de lay-out de uma ofi cina considerand o
todos os princípios de ruído, ergonomia, iluminação e ventilação. Note-se que a
mesa do operador tem altura variável dependendo da peça a ser tratada, utili zan-
do as míni mas fo rças físicas do operador. A fixação da peça é um fator importante
na redu ção de vibrações da peça du ra nte a operação da li xade ira e, Válvula Semi-Aberto Válvula Completamente Aberto
consequentemente, a rad iação de ru ído gerado. Todos os cabos são passados
Figura 1./.26: Modelo novo de lixadeira Silenciosa
pôr cima e não no chão evitando problema de seguran ça. As iluminações devem
ser, de preferência, natu rais através de grandes j anelas. Todos os resíduos de
cavacos, poeiras, fumaças são coletadas pôr uma central de fo ra. A ferramenta
pneumática usada (Lixadeira) é de baixo nível de ruído com silenciador na saída
do ar comprimido (ver figura 14.26) 14.4. Referências Bibliográficas

[1] Bell, Lewis H., Industrial Noise Control: Fundamentais and Appl ication.
Marcel Dekker 1nc., New York, 1990.
Silenciodor
Coluna do
trabalhador reta [2] Beranek,L. L., Noise and Vibration Control, Mcgraw-Hill Book Company,
197 1.

[3] Bush-Vishniac, l.J. anel Lyon, R.H., Paper noise in an impact line printer, J.
Acoust. Soe. Am. 70(6), December 198 1, pp. 1679-1 689.

[4] Brüel & Kj aer, Lecture and technical notes, KD-2805, Denmark.

[5] Dowling,M.J. and Williams,J. E. F., Sound and Sources ofSound, University
of Cambridge Press, 1983 .

[6] Gerges,S.N. Y., O custo de redução de ruído, Congresso Nacional de Pre-


venção de Acidentes de Trabalho, Set. 1982, Sao Paulo.

[7] Gerges,S.N. Y., Proj eto de enclusuramento para máquina de fa bricação de


pregos, Gerdau, 1995.

l8] Gerges,S.N.Y., e Grandi, C.M., Red ução de ruído das máquinas de extrusão.
Mesa Bo . • . EDN - Estireno do Nordeste S.A. Camaçari - BA. 1989.
ajustável Saída com exaustão rre1ra acus11co
Barreiro Lixomenlo com integrada removida
acústico exaustão integrado [9] Gerges,S.N.Y. e Brazzalle,R.R., Identificação e Quantificação das fo ntes
de ruído em máquin as de estiragem, Rhodi a S.A. (divisão de textil- Santo
Figura 14.25: Modelo de uma Oficina André - SP), 1989.
Protetores Auditivos
Sarnir N. Y. Gerges
[10] Gerges, S.N.Y. e Heidrich, R.M., Redução de ruído gerado por máquinas
enroladoras de fios, Cia. Nitro-Quimica Brasileira S.A. 199 1.

[11] Gerges,S.N.Y., Heidrich, R.M. e Jordon R., ldentificaçao das fontes de


vibrações e ruído em condicionador de ar Consul.1 986.
[1 2] Jackson, R.S., Some aspects ofthe performance ofacoustic hood, J. Sound
and Vibration, Vo l.3, 1996, pp.82-94.

[1 3] Jackson, R.S., The performance of acoustic hoods at low frecuencies,


Acustica, Vol. 12, 1962, pp. 139- 152.
[14] Sharland lan, Woods Practical Guide to Noise Control, Wood ofColchester Capítulo 15
Limited, 1979.

Protetores Auditivos

15.1. Introdução
Quando as técnicas de controle de ruído não são disponíveis de imediato,
ou até que ações sejam tomadas para redução do ruído até o limite permitido,
o protetor auditivo de uso indi vidual se apresenta como um dos métodos mais
comuns e práticos para reduzir a dose do ruído. Este tipo de solução não deve ser
considerado como definiti vo, devido às características intrínsecas dos proteto-
res, tais como: pouco conforto, dificuldade de comunicação verbal, etc. Neste
cap ítulo serão discutidos, de modo informativo, os mecanismos pelos quais os
protetores auditi vos atuam na atenuação de ruído e os possíveis caminhos de
vazamento. São apresentados os tipos de protetores e as técnicas de ensaio de
atenuação de ruído, recomendações para seleção, uso e manutenção, bem como
os possíveis problemas que podem ser encontrados em sua utilização.

15.2. Funcionamento do Protetor


Como os danos à audição ocorrem normalmente no ouvido interno, o prote-
tor auditivo é uma barreira acústica que deve proteger tal parte do ouvido.
O fu ncionamento de um protetor audi tivo depende de suas características e das
características fisiológicas e anatôm icas do usuário. No caso de um indivíduo
com protetor auditivo, a energia sonora pode atingir o ouvido interno por quatro
caminhos diferentes (ver figura 15. I).

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