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1, Fevereiro 2014
1. Objectivo
Estudar a interferência da luz por divisão de amplitude e o princípio de funcionamento de um interferómetro de
Michelson, bem como algumas das suas aplicações. Neste trabalho, utilizar-se-á o interferómetro de Michelson para
a medir : i) o comprimento de onda da luz de um laser e ii) o índice de refracção do ar em função da pressão.
2. Equipamento
Consideremos uma fonte de luz aproximadamente monocromática, polarizada linearmente, que emite um feixe de
raios paralelos que se propagam num meio não dispersivo, ao longo, por exemplo, do eixo dos x. As ondas
electromagnéticas1 são ondas planas representadas pelo vector campo eléctrico que lhe está associado:
E = E 0 cos ( kx - ωt )
E 0 = E 0 rˆ em que E0 é a amplitude da onda, r̂ é o vector unitário que define a direcção do vector campo eléctrico,
2π
kx - ωt é a fase da onda, ω=2πν é a frequência angular de vibração, k = êx é o vector nº de onda e λ é o
λ
comprimento de onda da luz. Num dado meio a frequência de vibração e o comprimento de onda estão relacionados
λν = v,
em que v=c/n é a velocidade de propagação da onda nesse meio, c é a velocidade da luz no vazio e n é o índice de
refracção do meio. Como a frequência de vibração da onda não depende do meio em que a onda electromagnética se
propaga, o comprimento de onda λ nesse meio é dado por λ = λ0/n em que λ0 é o comprimento de onda no vazio.
2π
Podemos, então, escrever que kx = nx . O produto Λ = nx é designado por percurso ou caminho óptico.
λ0
1
Uma onda electromagnética é uma onda harmónica, transversa, que pode ser descrita pela variação no tempo e no espaço do vector campo
eléctrico que lhe está associado;
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diferença de fase for igual a um múltiplo ímpar de π a interferência diz-se destrutiva. Se as intensidades de ambos os
feixes forem iguais, a interferência destrutiva é total .
A interferência construtiva (anel claro) surge num ponto do alvo para o qual a diferença de fase, δ, entre os dois
feixes é um múltiplo par de π, enquanto que uma interferência destrutiva total (anel escuro) surge quando
δ = (2m+1) π (m = 0,1,2,...). Esta diferença de fase é devida à diferença de percurso óptico2 dos dois feixes, ou
porque a distância física percorrida pelos dois feixes é diferente ou porque eles percorrem meios diferentes em parte
ou na totalidade do seu percurso. A diferença de fase no centro do padrão de interferência é dada por (ver Apêndice
I)
2π 2π
δ= ( Λ 2 − Λ1 ) + δ r = ( nar 2∆l+2ndiv d' ) + π
λo λo
em que Λ1 e Λ2 são os percursos (ou caminhos) ópticos, λo é o comprimento de onda no vazio, nar e ndiv são os índices
de refracção do ar e do divisor de feixe, respectivamente, 2d’ é a distância percorrida pelo segundo feixe dentro do
divisor de feixe, ∆l=l2-l1 é a diferença das distâncias dos espelhos ao divisor de feixe e δr = π é a diferença de fase
introduzida na reflexão3. A diferença de percurso óptico que surge pelo facto de o feixe 2 atravessar três vezes o
Percurso ou caminho óptico: Λ = n x , i.e., produto da distância percorrida pelo índice de refracção do meio.
2
Existe uma diferença de fase adicional entre os dois feixes, δr=π, devido à reflexão pois um dos feixes sofre uma reflexão interna (quando a
3
luz é reflectida na superfície interna da placa, ou seja, a luz passa de um meio mais denso para um meio menos denso) enquanto o outro
sofre uma reflexão externa (a luz é reflectida na superfície externa, ou seja, a luz passa de um meio menos denso para um meio mais denso).
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divisor de feixe enquanto o feixe 1 só o atravessa uma vez, pode ser compensada colocando no caminho do feixe 1,
uma placa de faces paralelas (placa compensadora) do mesmo material, com a mesma espessura e com a mesma
orientação relativamente ao feixe (Fig. 1). Neste trabalho, como se utiliza um laser (He-Ne) como fonte de luz, não é
necessário usar a placa compensadora em virtude da elevada coerência da luz laser. Para alargar o feixe, introduz-se
uma lente convergente entre o laser e a placa divisora (ver Fig. 1), observando-se neste caso um padrão de
interferência constituído por uma sucessão de franjas claras e escuras com a forma circular se o alinhamento for
perfeito.
Qualquer variação da diferença de fase entre os dois feixes: i) ou porque a distância que um ou os dois feixes
percorrem é alterada (por exemplo, movendo um dos espelhos) ; ii) ou porque se altera o meio atravessado por um
dos feixes (por exemplo, introduzindo uma placa transparente no percurso de um deles), vai-se traduzir numa
alteração do padrão de interferência.
4. Questões pre-laboratoriais5
No vazio, λ = c em que c e ν são, respectivamente, a velocidade da luz no vazio e a frequência da radiação. Num meio qualquer com
4
o
ν
v c λo . A frequência da radiação é uma
índice de refracção n = c/v, em que v é a velocidade de propagação da luz nesse meio, λ= = =
ν nν n
constante em todos os meios atravessados.
5
Estas questões devem ser respondidas na folha incluída no Anexo II deste documento e entregues ao Professor no início da aula laboratorial.
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5. Procedimento e análise de dados:
O interferómetro já está alinhado podendo, no entanto, necessitar de pequenos ajustes. Ligue o laser e observe o
padrão de interferência que se forma no alvo. Verifique que as franjas de inteferência são aproximadamente
circulares na zona central. (Se houver necessidade de proceder a algum ajuste deve chamar o professor). Use uma
marca no alvo para servir de referência e utilize-a para contar as franjas que passam num ponto.
6
O valor da pressão atmosférica terá de ser lido num barómetro.
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Bibliografia:
E. Hecht, "Óptica", Ed. C. Gulbenkian;
F. L. Pedrotti, L. S. Pedrotti, "Introduction
Introduction to Optics",
Optics 1992;
M. Ferreira, “Óptica e Fotónica”.
APÊNDICE I
r1 r2
Nome do aluno______________________________________________________
6. Qual deverá ser a diferença de percurso óptico entre duas ondas electromagnéticas que interferem para que se
observem franjas claras?
7. Num interferómetro de Michelson qual ou quais as origens das diferenças de fase entre os dois feixes que
interferem?
8. Movendo um dos espelhos do interferómetro de Michelson, altera-se a diferença de percurso óptico dos dois
feixes que interferem. Qual deve ser o deslocamento do espelho móvel para que, num dado ponto do alvo, se
passe de uma franja clara para uma franja escura?