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DF, FCTUC v. 5.3, Fev.

2014

ONDAS E ÓPTICA - Trabalho Prático nº 2

LENTES ESPESSAS; ASSOCIAÇÃO DE LENTES

1. Objectivos
i) estudar a formação de imagens dadas por sistemas ópticos simples constituídos pela associação de duas
lentes delgadas, e testar a aproximação paraxial (ou de Gauss) usando as equações de Newton e de
Gauss;
ii) determinar a distância focal efectiva da associação das 2 lentes e localizar os pontos cardinais do sistema
óptico;
iii) estudar o princípio de funcionamento do telescópio de Galileu.

2. Equipamento
Duas lentes convergentes; uma lente divergente; banco de óptica; objecto luminoso; espelho plano; alvo; fita
métrica.

3. Lentes espessas
Uma lente simples é um sistema constituído por dois dioptros, sendo pelo menos um deles curvo. Se a sua
espessura d (distância entre os vértices dos dois dioptros) for desprezável ela designa-se por lente delgada. As
lentes cuja espessura não é desprezável designam-se por lentes espessas.
A equação dos focos conjugados para uma lente espessa, na aproximação paraxial (equação de Gauss), é
dada por*
1 1 1
+ = (1)
s s' f

admitindo a convenção de sinais do real-positivo. Nesta expressão, f representa a distância focal efectiva da lente
espessa (ou sistema de lentes), s é a distância do objecto ao plano principal objecto e s’ é a distância da imagem
ao plano principal imagem (ver Fig. 1). De acordo com a convenção adoptada, s > 0 se o objecto estiver à
esquerda do plano principal objecto (i.e., do lado da luz incidente) e s’ > 0 para imagens que se formam à direita
do plano principal imagem do sistema (admitindo que a luz incide da esquerda para a direita). A distância focal
efectiva também é medida relativamente aos planos principais da lente (f = FH 1 e f’ = H 2 F ' , ver Fig. 2) e é
positiva para lentes convergentes e negativa para lentes divergentes. As distâncias h1 e h2 representam,
respectivamente, as distâncias do plano principal objecto ao vértice V1 e do plano principal imagem ao vértice V2.
Estas distâncias são positivas se os planos principais estiverem à direita dos respectivos vértices. Na Fig. 1, por
exemplo, h1 > 0 mas h2 < 0.

*
“Óptica”, E. Hecht, Ed. Gulbenkian;
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s s’

objecto

V1 V2
imagem

h2
h1
Fig. 1 – Planos principais de uma lente espessa biconvexa: h1 – distância do plano principal objecto (ou 1º plano
principal) ao vértice V1 do dioptro 1; h2 – distância do plano principal imagem (ou 2º plano principal) ao vértice V2
do dioptro 2.

A equação das lentes de Newton é dada por, f 2= x x’ (2)


em que x e x’ são, respectivamente, a distância do objecto ao plano focal objecto e a distância da imagem ao
plano focal imagem (ver Fig. 2). x > 0 se o objecto estiver à esquerda do foco objecto (admitindo que a luz incide
da esquerda para a direita) e x’ > 0 se a imagem estiver à direita do foco imagem. Esta equação é muito
conveniente para o estudo de lentes espessas ou sistemas de lentes.

s s’
yo

yi

Fig. 2 – Diagrama de raios: imagem de objecto real dada por uma lente convergente espessa, ou um sistema de 2
lentes com vértices V1 e V2.

yi s'
A amplificação lateral (ou transversa) de uma lente é dada por MT = =− , em que yi e yo são,
yo s
respectivamente, o tamanho da imagem e do objecto.

4. Associação de lentes
Uma lente espessa também pode ser encarada, de uma forma mais geral, como um sistema óptico
constituído por uma associação de lentes delgadas ou espessas. A associação de lentes pode, por isso, ser
representada por dois planos principais, o plano principal objecto (ou 1º plano principal) e o plano principal

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imagem (ou 2º plano principal), relativamente aos quais se definem as distâncias focais e as distâncias objecto e
imagem. Mostra-se† que a localização dos planos principais de uma associação de duas lentes L1 e L2, de distâncias
focais f1 e f2, respectivamente, separadas de uma distância d, fica perfeitamente determinada se se conhecer a
distância focal efectiva f da combinação das 2 lentes. As distâncias h1 e h2 são então obtidas a partir das seguintes
relações
fd e h 2 = V2 H 2 = − f d
h1 = V1H1 = (3)
f2 f1

em que H1, H2, V1 e V2 são, respectivamente, o ponto principal objecto, o ponto principal imagem, o vértice da
lente L1 e o vértice da lente L2 (Fig. 2). A distância focal efectiva da combinação das duas lentes é dada por
1 1 1 d .
= + −
f f1 f 2 f1 f 2 (4)

e a amplificação lateral é igual ao produto das ampliações individuais, i.e.,

 s'  s'  s'


MT =  − 1   − 2  = − (5)
 s1   s 2  s

em que s’1 e s1 são, respectivamente, a distância imagem e a distância objecto relativas à lente L1, s’2 e s2 são as
distâncias imagem e objecto relativas à lente 2 e s’ e s são as distâncias imagem e objecto relativas ao sistema das
duas lentes (e por isso medidas relativamente aos pontos principais do sistema óptico).

5. Instrumentos Ópticos

Define-se a amplificação angular de uma lente ou sistema de lentes, como a razão entre o tamanho da
imagem formada na retina quando o objecto é observado através da lente ou associação de lentes e o tamanho
da imagem formada na retina quando o objecto é observado directamente.

5.1 Lupa

A ampliação angular de uma lupa é dada por

d  1 
M A = o 1 + ( L − l ) 
(6)
L  f 
com
do = distância mínima de visão distinta;
L = distância do olho à imagem final dada pela lupa;
f = distância focal da lente;
l = distância do olho à lente.

Para uma observação com o olho relaxado (sem acomodação), MA = do/f .


“Óptica”, E. Hecht
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5.2 Telescópio de Galileu

Um telescópio é um instrumento óptico utilizado para a observação de objectos distantes. O telescópio de


Galileu é constituído por uma lente convergente (a objectiva) e uma lente divergente (a ocular), sendo a distância
focal da objectiva muito maior que a da ocular (em módulo) (ver Fig.3). A amplificação angular do telescópio é
dada por
f (7)
M A = − ob
f oc

em que fob é a distância focal da objectiva e foc é a distância focal da ocular.

foc
fob
Fig. 3 – Esquema de um telescópio de Galileu para observação de objectos distantes e olho não acomodado.

6. Questões pre-laboratoriais ‡
1. Considere um sistema óptico composto por uma lente convergente com uma distância focal f = +12 cm e um
espelho plano colocado a 4 cm da lente, do lado oposto ao da luz incidente (ver Fig. 4). Represente num
diagrama de raios a formação da imagem quando o objecto luminoso se encontra no plano focal objecto da
lente.

2. Considere a associação de duas lentes convergentes, L1 e L2, separadas de 20,0 mm. O foco objecto da
associação das 2 lentes está 24,0 mm à esquerda da lente L1 (i.e., do lado da luz incidente) e o foco imagem
está 16,0 mm à direita da lente L2. Verifica-se que a imagem de um objecto colocado a 10 cm da lente L1 se
forma 29,5 mm à direita de L2. Fazendo uso da equação de Newton, determine a distância focal da associação
das 2 lentes e indique num esquema a posição dos focos e dos planos principais deste sistema óptico.

3. Deduza as expressões 3 e 4 para uma associação de duas lentes delgadas, usando o método matricial e
determine a distância focal de cada uma das lentes da alínea anterior.


Estas questões devem ser respondidas na folha incluída no Anexo a este documento e entregues ao
Professor no início da aula laboratorial.

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7. Procedimento experimental
7.1 Lentes delgadas

Usando uma das lentes convergentes de que dispõe, determine experimentalmente a distância focal da lente.
Para tal, determine a posição dos focos da lente da seguinte forma:

- coloque um objecto luminoso a uma distância da lente aproximadamente igual à distância focal nominal;

- coloque um espelho plano em frente à lente, perpendicularmente ao eixo óptico da lente (cole-o ao
anteparo);

O
Espelho
plano
L
Fig. 4

- mova o objecto para a frente e para trás até obter uma imagem nítida no plano do objecto. Esta posição do
objecto corresponde ao foco da lente. Porquê? Que foco é este?

- Registe a posição§ da lente, do foco objecto e do foco imagem bem como as incertezas nestas posições. Faça
uma estimativa da distância focal.

7.2 Lentes espessas

1. Coloque no banco de óptica uma das seguintes combinações (conforme as lentes que tem disponíveis):

i) a lente L1 (f1 = + 10 cm) e a lente L2 (f2 = + 20 cm) a uma distância de 6 cm uma da outra;

ii) a lente L1 (f1 = + 10 cm) e a lente L2 (f2 = - 15 cm) a uma distância de 5 cm uma da outra;

iii) a lente L1 (f1 = + 20 cm) e a lente L2 (f2 = 25 cm) a uma distância de 6 cm uma da outra;

2. Determine a posição dos focos desta associação de lentes conforme indicado no ponto 7.1 (note que neste
caso terá de localizar quer o foco objecto quer o foco imagem. Porquê e como?)

3. Determine a distância focal efectiva deste sistema de lentes usando a fórmula de Newton. Para cada
posição O do objecto, registe a posição I da imagem, a incerteza associada, e o comprimento yi da
imagem.

O I ±δI x δx x' δx’ f δf yi±δyi Ml δMl

. . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . .

§
Posição = valor lido directamente na régua do banco de óptica.
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7. 3 Telescópio de Galileu

1. Monte um telescópio de Galileu com as lentes de que dispõe de forma a poder fazer a observação de
objectos distantes sem acomodação.

2. Coloque o olho perto da ocular e tente observar objectos distantes. Assegure-se que está a fazer a
observação sem acomodação. A imagem é direita ou invertida?

3. Afixe o quadriculado anexo (Anexo I) numa parede e tente fazer uma estimativa da amplificação da
observação. Para tal use um dos olhos para ver através do telescópio e o outro para olhar directamente
para o quadriculado (ver Fig. 5). Compare as distâncias entre as linhas num e noutro caso e faça uma
estimativa da amplificação da observação.

Fig. 5 – Arranjo experimental para estimar a amplificação da observação através do telescópio (manual da Pasco).

8. Análise de resultados
8.1 Lente delgada:
Compare o valor obtido no ponto 7.1 para a distância focal de uma das lentes com a distância focal
nominal. Comente os resultados.
8.2 Lente espessa/Associação de lentes:
Verifique a validade da fórmula de Newton para esta associação de lentes. Determine graficamente a
distância focal efectiva do sistema.
Indique num esquema a localização das lentes, dos focos objecto e imagem e dos pontos principais H1 e
H2 do sistema.
Mostre que se s e s’ forem, respectivamente, as distâncias do objecto ao ponto principal H1 e da imagem
ao ponto principal H2, a equação 1 é verificada.
Compare os valores obtidos para a distância focal efectiva deste sistema óptico com o valor esperado
teoricamente.
Calcule a amplificação lateral para cada par objecto-imagem e compare com os esperados teoricamente.
Comente os resultados.
8.3 Telescópio de Galileu : comente os resultados obtidos.

Bibliografia:

E. Hecht, "Óptica", Ed. C. Gulbenkian;


F. L. Pedrotti, L. S. Pedrotti, "Introduction to Optics", 1992;
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Anexo - Questões pré-laboratoriais

Nome do aluno________________________________________; Data : ________; PL ______

1. Considere um sistema óptico composto por uma lente convergente com uma distância focal f = +12
cm e um espelho plano colocado a 4 cm da lente, do lado oposto ao da luz incidente (ver Fig. 4).
Represente num diagrama de raios a formação da imagem quando o objecto luminoso se encontra no
plano focal objecto da lente.

2. Considere a associação de duas lentes convergentes, L1 e L2, separadas de 20,0 mm. O foco objecto da
associação das 2 lentes está 24,0 mm à esquerda da lente L1 (i.e., do lado da luz incidente) e o foco
imagem está 16,0 mm à direita da lente L2. Verifica-se que a imagem de um objecto colocado a 10 cm
da lente L1 se forma 29,5 mm à direita de L2. Fazendo uso da equação de Newton, determine a
distância focal da associação das 2 lentes e indique num esquema a posição dos focos e dos planos
principais deste sistema óptico.

3. Deduza as expressões (3) e (4) (pag. 3) para uma associação de duas lentes delgadas, usando o método
matricial e determine a distância focal de cada uma das lentes da alínea anterior.

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