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27/04/2023

Universidade Federal da Bahia Sistemas de observação dos Minerais


Departamento de Geologia
Mineralogia Determinativa e Petrográfica

Observação dos minerais sob


nicóis cruzados: Ortoscopia
Docente: Dr. Jailson Júnior Alves Santos

Período 2023.1

Sistemas de observação dos Minerais Introdução


 Minerais Anisotrópicos: produzem o
fenômeno da Dupla Refração

Sistema Peças ópticas fundamentais Propriedades ópticas observáveis  Os dois raios que deixam o mineral têm
velocidades proporcionais aos índices de
polarizador inferior hábito, relevo, cor, pleocroísmo, refração associados.
Luz Natural
(objetiva pequena ou média) clivagem e partição

polarizador inferior e analisador Cores de interferência: birrefringência, sinal  Estes raios estão polarizados em planos
Ortoscópico
(objetiva pequena ou média) de elongação, tipo de extinção, etc ortogonais.
polarizador inferior, analisador, lente de
Figuras de interferência: caráter óptico, sinal
Conoscópico Amici-Bertrand e condensador móvel.
óptico, ângulo 2V, etc  Quando deixam o mineral, há uma
(objetiva maior)
diferença de percurso ou atraso entre as
trajetórias dos raios.
 Por vibrarem em planos ortogonais não
interferem entre si – são incoerentes. O= Raio Ordinário
E= Raio Extraordinário
On= Onda Normal a E e O

A função do Analisador Princípios de interferência da luz


O analisador é um polarizador, orientado a 90º do inferior.  Ondas polarizadas em um mesmo plano:
Sua função: fazer com que as duas ondas passem a vibrar no mesmo
plano e assim interfiram entre si, o que produz cor de interferência.

Ondas de um raio de luz que se propaga segundo a direção “OP”.


27/04/2023

Princípios de interferência da luz Princípios de interferência da luz


 Ondas polarizadas em planos perpendiculares:  Ondas polarizadas em planos perpendiculares:

Nesta situação a onda resultante será a soma vetorial de todos os pontos das ondas
Duas ondas primárias que se propagam simultaneamente segundo uma
originais r1 e r2. Logo, a função do analisador do microscópio é que através dele só
mesma trajetória porém vibrando em planos perpendiculares entre si, não
passe ondas resultantes devido a interferência de ondas primárias, ele está orientado
são capazes de se interferirem mutuamente, ao menos que elas sejam
de forma que a sua direção de polarização esteja a 90° do polarizador inferior.
forçadas a vibrarem em um mesmo plano.

Conceito de Atraso (∆) Conceito de Atraso (∆)


 Definição:  Definição:
A distância ou a diferença de percurso, ou atraso na A distância ou a diferença de percurso, ou atraso na
trajetória entre a1 e a2; a2 e a3, e neste caso é igual a 1λ. trajetória entre b1 e b2; b2 e b3, e neste caso é igual a 1λ.
a1 - a2 - a3 = 1λ= ∆ b1 - b2 - b3 = 1λ= ∆
a1 - a3 = 2λ= ∆ b1 - b3 = 2λ= ∆

Conceito de Atraso (∆) Conceito de Fase


 Condições:
Um raio de luz (OP), ao
• Ter a mesma amplitude (comprimento)
atingir a superfície inferior do
mineral sofre dupla refração, • Tem a mesma direção e apontam para o mesmo
surgindo dois raios, um lento sentido (para cima)
que vibra no plano de
incidência e o rápido (r)
ortogonal ao primeiro. O raio
rápido atinge as superfícies
do mineral em um tempo Tr.
Quando o raio lento atinge
a superfície, em um tempo
∆ Tl, o raio rápido terá
percorrido uma distância ∆.
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Interferência Interferência
Construtiva e Destrutiva Construtiva e Destrutiva

Propriedades Óticas Observáveis Cores de Interferência

 Cores de Interferência É devida a diferença de percurso, ou atraso, promovida pelo


mineral aos dois conjuntos de onda que o atravessam vibrando
 Posição de Extinção e de Máxima Luminosidade em planos perpendiculares entre si.
 Tipos de Extinção
 Birrefringência ∆ = e (N-n)

∆ = o atraso, ou a cor de interferência de um certo mineral


 Posições dos raios lento e rápido
e= espessura
 Sinal de Elongação
N-n= d = birrefringência, diferença entre os seus índices de
refração.

Cores de Interferência Cores de Interferência


 Carta de Michael-Levy
 Carta de Michael-Levy

Cada ordem que consiste a carta de cores de Michael-Levy, é separada Carta está dividida em ordens: cada ordem= 550mµ=1λ
• 1ª ordem: 0-550mµ; 2ª ordem: 550-1100mµ...
pela cor vermelho que se repete a cada intervalo de um comprimento de
A Cor vermelha separa as ordens
onda ou 550 mμ.
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Cores de Interferência Cores de Interferência


 Carta de Michael-Levy  Carta de Michael-Levy

∆ = 0 - 550 mμ - Cores de 1ª ordem – preto, cinza, amarelo, laranja e vermelho; Há cores apenas de 1ª ordem: preto e cinza
∆ = 550 - 1100 mμ - Cores de 2ª ordem – violeta, azul, verde, amarelo, laranja, vermelho
Há cores que não aparecem na 1ª ordem: azul e verde
∆ = 1100 - 1650 mμ - Cores de 3ª ordem – azul, verde, amarelo, vermelho
∆ > 1650mμ - Cores de 4º ordem e acima – tonalidades de verde e vermelho Cores de ordem baixa possuem matriz mais fortes do que as de ordem superior.

Cores de Interferência Posições de Extinção e Máxima


1ª ordem
Luminosidade
2ª ordem Um fragmento de mineral anisotrópico, apresenta duas
direções principais de vibração, denominadas de raios lento
3ª ordem e rápido, que fazem um ângulo de 90° entre si.

Dependendo da posição destes dois raios em relação as


4ª ordem direções de vibração do polarizador inferior e analisador, que
pode ser feita através do movimento de rotação da platina,
teremos as seguintes situações extremas:

 Posição de Extinção;
Quartzo
 Posição de Máxima Luminosidade

Posição de Extinção Posição de Máxima Luminosidade

É quando as direções de vibração do mineral Nesta situação, as duas direções de vibração (r1 e r2) do mineral
coincidem com as direções de vibração do polarizador formam um ângulo de 45° com o analisador e polarizador.
e analisador.
O mineral orientado nestas condições diz-se estar em sua posição
de máxima iluminação ou luminosidade.
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Exemplo.... Ângulo de Extinção

Extinção

Será a diferença entre:


1- Direção cristalográfica do mineral alinhada com o retículo
2- Posição de extinção
Máxima Luminosidade

Tipos de Extinção
 Extinção Reta ou Paralela  Extinção Reta ou Paralela

Quando o ângulo entre a direção


cristalográfica coincidir com uma
das direções de vibração do
mineral.

No caso do exemplo, a direção


cristalográfica considerada foi a
clivagem e o ângulo entre o raio
rápido (r) e a direção de clivagem é
de 0° e o ângulo do raio lento (l) Biotita Luz Plana Biotita Nicóis Cruzados
com a direção de clivagem é de
90°.

Tipos de Extinção  Extinção Inclinada ou Oblíqua

 Extinção Inclinada ou Oblíqua

Quando o ângulo entre a


direção cristalográfica não
coincidir com nenhuma das
direções de vibração do mineral.

No caso do exemplo, a
direção cristalográfica
considerada foi a clivagem. O
ângulo entre o raio rápido (r) e
a direção de clivagem é
diferente de 0°.
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Tipos de Extinção  Extinção Simétrica

 Extinção Simétrica

Quando as direções de vibração


dos raios rápido (r) e lento (l) se
posicionam na bissetriz do
ângulo formado entre duas
direções cristalográficas do
mineral.
No caso do exemplo, as direções
cristalográficas consideradas
foram os dois traços de
clivagem. O ângulo entre os
traços de clivagem e qualquer
uma das direções de vibração
do mineral é constante.

 Extinção Ondulante

Desenvolvida quando um mineral fica sujeito a esforços


compressivos durante a sua formação (comum em minerais de
natureza metamórfica).
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 Extinção Olho de Pássaro  Extinção Olho de Pássaro


Olhos de pássaro
Biotita Extinta
Alguns filossilicatos apresentam esse tipo de extinção, em especial a
muscovita e a biotita.
• A propriedade se desenvolve durante a confecção da seção
delgada.
• Quando micas são submetidas a tração durante o desgaste há
produção de minúsculas placas que se orientam de forma aleatória,
gerando a feição.

Muscovita Extinta Muscovita Máxima Iluminação

Olhos de pássaro são feições


desenvolvidas em pinheiros do Canadá e
EUA, de origem desconhecida (fungos,
bicada de pássaros, etc)
Feição de olhos de pássaro em prancha de madeira
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Posição dos Raios Lento e Rápido Posição dos Raios Lento e Rápido
Mineral em posição de extinção Mineral em máxima iluminação Dentre os acessórios utilizados em mineralogia óptica, os
compensadores são os mais importantes, tanto é que os dois termos
são empregados como sinônimos.
Os compensadores são placas de minerais montados de forma
orientada em uma estrutura metálica que lhes dão suporte. Três tipos
de compensadores são empregados:

i-mica,
ii-gipsita (=gipso) ou quartzo,
iii- cunha de quartzo.
http://www.rc.unesp.br/igce/petrologia/nardy/moraplen.html

Duas situações podem ocorrer:


 ADIÇÃO
 SUBTRAÇÃO

Posição dos Raios Lento e Rápido Lembrando....


Acessórios
Compensador de mica Cunha de quartzo,
Os compensadores se inserem no conjunto óptico do microscópio caracterizado por uma porção mostrando a variação de
segundo a direção NW-SE, ou seja, formando um ângulo de metálica onde está assinalado o espessuras em perfil. A
atraso (1/4λ) e a direção do raio cunha é introduzida a
45o com os polarizadores. Possuem duas direções privilegiadas de partir de sua parte mais
lento (g) que sustenta a placa do
propagação da luz, perpendiculares entre si. mineral (círculo branco) que possui fina.
espessura constante. Como nos demais
compensadores, a cunha
1- Uma delas, corresponde ao índice de refração maior e é está orientada de forma
denominada por direção lenta, que seu raio lento seja
Compensador de gipso ou quartzo paralelo a porção mais
caracterizado por uma porção estreita, assinalada por
2- e a outra de índice de refração menor, designada por direção metálica onde está assinalado o g. Seu atraso é de 1/2 λ
rápida. atraso (1 λ) e a direção do raio a 3 λ.
lento (g) que sustenta a placa do
mineral (círculo branco) que possui
espessura constante

Posição dos Raios Lento e Rápido  Adição das cores de interferência:


 Adição:
- Cunha de quartzo

Esquema de um mineral em posição


de máxima iluminação mostrando
adição nas cores de interferência
quando inserida a cunha de
quartzo, com as cores de
interferência se movimentando
para fora do mineral uma vez que o
http://www.rc.unesp.br/igce/petrologia/nardy/moraplen.html
compensador é introduzido no
sistema com as direções lenta (L) e
Ao incidirem com o acessório, as direções lento e rápido do mineral coincidem com
rápida (R) do mineral coincidindo
aquelas do compensador, com isso o atraso D1 passa a ser maior, ou seja, D2 http://www.rc.unesp.br/igce/petrologia/nardy/mocunhaqz.html com aquelas e lenta (g) e rápida do
compensador.
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Posição dos Raios Lento e Rápido  Subtração das cores de interferência:


 Subtração:
- Cunha de quartzo

Esquema de um mineral em posição de


máxima iluminação mostrando
subtração nas cores de interferência
quando inserida a cunha de quartzo,
com as cores de interferência se
movimentando para dentro do
mineral uma vez que o compensador é
http://www.rc.unesp.br/igce/petrologia/nardy/moraplen.html
introduzido no sistema com as direções
Ao incidirem com o acessório, as direções lento e rápido lenta (L) e rápida (R) do mineral Não
do mineral não coincidem com aquelas do compensador, coincidirão com aquelas e rápida e
lenta (g) do compensador.
http://www.rc.unesp.br/igce/petrologia/nardy/mocunhaqz.html

com isso o atraso D1 passa a ser menor, ou seja D3.

∆= 850mµ??

∆ = 850 - 550mµ = 300mµ


∆= 850mµ??
∆ = 850 + 550mµ = 1400mµ

R R

(-) (+)

p.ex: SILIMANITA
Extinção 45°
45°

L ∆ = 800 – 550 = 250

R ∆ = 690
L
∆=0 R
∆ = 800

Extinção
45°
∆ = 800 + 550 = 1350

R
R
∆ = 690 + 550 = 1240

L
L
∆=0
∆ = 800
AUGITA
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p.ex: SILIMANITA
45°
Cores de Interferência Anômalas
Alguns minerais possuem cor de interferência diferente daquelas
da carta de cores. Isto ocorre por dois motivos principais:
∆ = 690
1 – Minerais fortemente coloridos que, via de regra, são
pleocróicos. Cor natural vai se sobrepor àquela de interferência.
ex: Aegirina-augita

∆ = 690 - 550 = 140

Cores de Interferência Anômalas Birrefringência


2- Minerais com dispersão variada dos índices de refração:
existem alguns minerais que apresentam valores muito diferentes de A diferença numérica entre os valores máximo (N) e mínimo
índices de refração para diferentes comprimentos de onda que (n) dos índices de refração de um mineral.
compõem a luz branca que incide em um mineral .
∆ = e (N-n)

∆ = o atraso, ou a cor de interferência de um certo cristal mineral


Tonalidades de cores diferentes
daquelas observadas na carta de e= espessura
cores. N-n= d = birrefringência, diferença entre os seus índices de
refração.

Os minerais isotrópicos apresentam birrefringência nula pois


estes minerais possuem um único índice de refração, logo (n-n)=0
CLORITA

Birrefringência Birrefringência
 Birrefrigência em minerais Biaxiais:
 Birrefrigência em minerais Uniaxiais:
A birrefringência é máxima quando estes forem cortados Os minerais biaxiais apresentam birrefringência máxima, quando
paralelamente à seção principal, ou seja, o eixo óptico será cortados paralelamente ao plano óptico.
paralelo à platina do microscópio e cores de interferência de
maior ordem.

A birrefringência máxima
(ne - nw ), se seu sinal óptico for positivo,
(nw - ne ), se for negativo.

Os cristais de minerais uniaxiais, cujos eixos ópticos são


perpendiculares à platina do microscópio, apresentam
birrefringência nula (nw - nw = 0) e a cor de interferência será http://www.rc.unesp.br/igce/petrologia/nardy/mobirrefbi.html
preta. http://www.rc.unesp.br/igce/petrologia/nardy/mobirrefbi.html
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Birrefringência Birrefringência
 Birrefrigência em minerais Biaxiais:  Birrefrigência em minerais Biaxiais:

Um fragmento de mineral biaxial cortado paralelo à platina do microscópio,


A fotomicrografia corresponde a vários cristais de augita, onde o fragmento apresentará birrefringência nula pois apenas um índice de refração (nb)
que exibe a maior cor de interferência é aquele azul. estará associada a esta seção.

Quaisquer outras seções, apresentarão valores de


birrefringência intermediárias entre estes dois casos
extremos.

http://www.rc.unesp.br/igce/petrologia/nardy/mobirrefbi.html

 Determinação da Birrefrigência  Determinação da Birrefrigência


Para a determinação da birrefringência de um mineral necessitamos saber
∆= e(N-n)
qual é a sua cor de interferência máxima e sua espessura.
N-n = birrefringência, para que (N-n) seja máxima, ∆ também deverá ser
máximo.
Dentre os cristais de um mesmo mineral, escolher aquele de maior ∆
para a determinação da birrefringência.

∆ = 600

∆ = 700

∆ = 300

http://www.rc.unesp.br/igce/petrologia/nardy/modetbic.html

Birrefringência

∆= 700mµ, e= 0,03mm e (N-n)= 0,024


http://www.rc.unesp.br/igce/petrologia/nardy/modetbic.html
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Sinal de Elongação Sinal de Elongação


É a relação entre o hábito do mineral e as posições dos raios O sinal de elongação é uma propriedade óptica relevante na
lento e rápido neste mineral. identificação de um mineral. Porém "armadilhas cristalográficas" podem
surgir fazendo com que a elongação dependa da face cristalina e da
 Elongação Positiva:  Elongação Negativa: direção de corte do mineral observadas.

http://www.rc.unesp.br/igce/petrologia/nardy/mosinelo.html http://www.rc.unesp.br/igce/petrologia/nardy/mosinelo.html

O raio lento está subparalelo à direção de O raio rápido está subparalelo à direção
maior alongamento do mineral de maior alongamento do mineral

Sinal de Elongação Indefinido


Quando os raios rápido e lento de um mineral estiverem dispostos a 45°
(ou valores próximos) da direção de seu maior alongamento.

A variação da seção de corte em relação a uma face longitudinal de


um mineral, pode levar a obtenção de sinais de elongação ora
positivos ora negativos.

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