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Mineralogia II

Observação dos minerais à polarizadores cruzados (Ortoscopia)

2022
Dr. Otávio Augusto Ruiz Paccola Vieira
Sistema peças ópticas fundamentais propriedades ópticas observáveis

polarizador inferior
Morfológicas: hábito, relevo, cor,
Luz Natural (objetiva pequena ou média)
divisibilidade, etc
Polarizador inferior e analisador Cores de interferência: birrefringência, sinal
Ortoscópico (objetiva pequena ou média) de elongação, tipo de extinção, etc

polarizador inferior, analisador, lente de Figuras de interferência: caráter óptico, sinal


Conoscópico Amici-Bertrand e condensador móvel. óptico, ângulo 2V, etc
(objetiva maior)
Observação dos minerais à polarizadores cruzados (Ortoscopia)

Introdução

• Analisador: No sistema ótico as ondas de luz que passam através do


polarizador e penetram em um cristal estão vibrando somente em uma
direção.

• Ao atingir um mineral anisotrópico, a luz se divide em dois raios que


estão vibrando em planos ortogonais entre si.

• Ao deixarem o mineral, esses dois raios são incoerentes, e assim, não


interferem entre si. Quando atingem o analisador, eles se combinam e
se interferem, o que gera cores de interferência.
Observação dos minerais à polarizadores cruzados (Ortoscopia)

Princípios de Interferência da Luz

• Onda resultante da interferência entre duas ondas de luz: comprimento de


onda, amplitude e da diferença de percurso Δ entre as ondas primárias
(distância entre dois pontos).

• No caso de duas ondas primárias de mesmo comprimento de onda , mas


com uma diferença de percurso n, tem-se:
• Interferência construtiva: quando a onda resultante exibe uma amplitude
(A) maior do que das ondas primárias. Isso ocorre quando as ondas em
interferência estão em fase, ou seja, n é um número inteiro.
• Interferência destrutiva: quando a onda resultante apresenta uma
amplitude (A) menor do que das ondas primárias. Isso ocorre quando as
ondas em interferência estão fora de fase, ou seja, n é um número
fracionário.
Construtiva Destrutiva Construtiva

= n
Observação dos minerais à polarizadores cruzados (Ortoscopia)

Cálculo da diferença de trajetória ou atraso (Δ)

• A luz polarizada incidindo sobre a superfície de um mineral anisotrópico


será desdobrada em dois raios que vibram em planos perpendiculares entre
si.

• Esses dois raios possuem velocidades de propagação diferentes,


proporcionais aos raios rápido (R) e lento (L), cujos índices de refração
seriam n e N, respectivamente.
• R atingirá a face superior do cristal em um intervalo de tempo menor que L.

• Assim, o mineral teria promovido um atraso ou uma diferença de percurso Δ


entre esses dois raios, visto na equação: = e (N-n)
Observação dos minerais à polarizadores cruzados (Ortoscopia)

Cores de Interferência

• As diferenças de percurso (Δ) provocadas pelo mineral vão gerar as


cores de interferência exibidas sob polarizadores.

• O atraso, ou a cor de interferência de certo grão mineral, será


proporcional à sua espessura (e) e à diferença entre os seus índices de
refração (birrefringência: N-n=δ).
Carta de Cores de Interferência de Michel-Levy (1888)

= e (N-n)

Na carta:
 (mμ) = x
e=y
N-n = diagonal

•Δ = 0 – 550 m - cores de primeira ordem: preto, cinza, amarelo, vermelho.


•Δ = 550 – 1.100 m - cores de segunda ordem: violeta; verde, azul, amarelo, laranja, vermelho.
•Δ = 1.100 – 1.650 m - cores de terceira ordem: azul, verde, amarelo, vermelho.
•Δ = > 1.650 m - cores de quarta ordem e acima: tonalidades de verde e vermelho.
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Cores de Interferência Anômalas

• Cores de interferência anômalas são aquelas cujas matizes não se


encontram na carta de cores. Causadas por dois motivos:

• a) Minerais que apresentam cor natural muito forte. Cores de


interferência são sobrepostas por essa cor natural.

• b) Minerais com dispersão variada dos índices de refração - existem


alguns minerais que apresentam valores muito distintos de índices de
refração para os diferentes comprimentos de onda que compõem a luz
branca incidente.
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Birrefringência

• A diferença numérica entre os valores máximo (N) e mínimo (n) dos


Intervalo numérico Cor de interferência observada
índices de refração
Nomenclatura recebe o nomepara
da birrefringência deespessura
birrefringência.
de 0,03 mm Exemplos
(N-n)
a
Fraca 0 – 0,010 cinza claro,
• a) Birrefringência nos minerais isotrópicos: nula.branco, amarelo 1 quartzo (0,009)
ordem apatita (0,003)
• b)Moderada
Birrefringência0,010
de –minerais
0,025 uniaxiais: a A birrefringência máxima será
vermelho 1 ordem até verde de augita (0,025)
dada pela diferença (ne-nw), se seu sinal a
ótico for positivo,cianita
2 ordem ou (nw-ne)
(0,016)
se for negativo. 0,025 – 0,100
Forte da segunda ordem superior até zircão (0,062)
a
cores de 5 ordem encontrartalco
• c) Birrefringência de minerais biaxiais: Para a (0,040)
maior
a
Muito Forte 0,100 – 0,200 acima da 5 ordem calcita (0,172)
birrefringência,
Extrema deve-se
> 0,200 procurar aqueles que exibem rutilo
Ordens superiores cores de
(0,2885)
interferência de maior ordem em comparação aos demais.
Determinação da birrefringência

= e (N-n)

= 700m, e= 0,03mm e (N-n)= 0,024


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Efeito da Rotação da Platina

• Na platina, o mineral anisotrópico apresenta duas direções principais de


vibração, R e L, ortogonais entre si. (Exceção de cortes paralelos ao
Eixo Óptico).

• Dependendo da posição dos raios rápido e lento em relação às direções


de vibração do polarizador inferior e analisador, que pode ser alterada
por meio do movimento de rotação da platina, haverá duas situações
extremas:

• Posição de extinção e Posição de máxima iluminação


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Efeito da Rotação da Platina

Extinção (E) Máxima Iluminação (M)


• Posição de extinção: Direções de vibração do mineral ficam paralelas
aos polarizadores. Não passa luz pelo analisador, mineral fica preto
(extinto).
M= E+45o

• Posição de máxima iluminação: Quando as duas direções de vibração


do mineral formam um ângulo de 45º com o analisador e o polarizador, o
mineral apresentará máxima luminosidade.
E

Extinção

E+45o

Máxima Iluminação
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Ângulo e Tipos de Extinção

• Ângulo formado por uma direção cristalográfica qualquer, como traço de


clivagem, plano de geminação, eixo cristalográfico e uma direção de
vibração do mineral (raio rápido e lento).

• Para medir o ângulo de extinção, gira-se a platina do microscópio de tal


forma a alinhar uma direção cristalográfica com um dos retículos,
anotando-se o valor da platina nesta posição. A seguir, gira-se
novamente a platina até a posição de extinção do mineral, anotando-se
o valor nesta nova posição. O ângulo de extinção será a diferença entre
essas duas posições.
Extinção reta ou paralela

Quando o ângulo entre a direção cristalográfica e aquelas de vibração do mineral


coincidir. O ângulo entre o raio rápido (R) e a direção de clivagem é de 0º e, por
consequência, o ângulo do raio lento (L) com a direção de clivagem é de 90º.
Extinção inclinada ou oblíqua

Quando o ângulo entre a direção cristalográfica


não coincidir com nenhuma das direções de
vibração do mineral..
Extinção simétrica

Quando as direções de vibração dos raios rápido (R) e lento (L) se posicionam na
bissetriz do ângulo formado entre duas direções cristalográficas escolhidas do
mineral.
Extinção ondulante

Diferentes partes de um único grão estão em orientações ligeiramente diferentes e,


portanto, são extintas em momentos diferentes. Normalmente efeito da deformação.
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Compensadores e as Posições dos Raios Lento e Rápido

• Placas de minerais anisotrópicos (normalmente de gipso) montadas de


forma orientada formando um ângulo de 45º com os polarizadores.

• Possuem um raio rápido (Rc) e um raio lento (Lc).

• Acentuar ou compensar o atraso entre os raios lento e rápido que


emergem do mineral em análise na platina do microscópio. O atraso
produzido pelo compensador de gipso é de 1 ou de 550 m.
1- Posição de Extinção (E): direções de vibração do mineral coincidem com os
polarizadores. = 0.
Máxima Iluminação (E+45º) : direções de vibração do mineral coincidem com as do
compensador. Cor de de interferência do mineral= m.
2- Extinção + 45º H. Rm//Rc e Lm//Lc f= m+550m
3- Extinção +45º AH. Lm//Rc e Rm//Lc f= m-550m

Legenda:
R= rápido, L= Lento, m= mineral, c= compensador, f= final (após + ou – 550m)
Determinação da ordem da cor de interferência

= 850m?? = 850+550 m= 1400m


= 850-550 m= 300m
R
L R L
L
R

(-) (+)
R
R
= 850 m
(-) (+)
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Sinal de Elongação

• Definido exclusivamente para minerais com hábito alongado (como


prismático, acicular e tabular).

• Identificar qual raio, rápido ou lento, tem sua direção de vibração


paralela ou sub-paralela à direção de maior alongamento do mineral.

• Elongação positiva: Raio Lento // Maior elongação do cristal.


• Elongação negativa: Raio Rápido // Maior elongação do cristal.

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