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Norma I.S.O.

10816-3

Norma Internacional ISO 10816-3 de 1998 - Avaliação da Severidade das Vibrações


em Máquinas Rotativas Através de Medições na Carcaça (*)
Aplicação
Máquinas industriais, com potência nominal acima de 15 kW e velocidades de rotação entre 120 e 15.000
rpm, para medições insitu.

Introdução
A Norma ISO 10816-3 apresenta guia específico para avaliação da severidade das vibrações medidas nos
mancais, em seus pedestais ou na carcaça de máquinas industriais, quando instaladas em seu local de
operação (insitu).

Escopo
O critério de avaliação das vibrações se aplica aos seguintes tipos de conjuntos de máquinas:
turbinas a vapor com potência até 50 MW,
turbinas a gás até 3 MW,
motores elétricos de qualquer tipo,
compressores rotativos (exceto os de parafuso), bombas centrífugas, de fluxo axial ou misto,
geradores (exceto os hidroelétricos), sopradores e ventiladores, em geral.
Não se aplica a máquinas alternativas e às rotativas acopladas a máquinas alternativas.

A Norma ISO 10816-3 se aplica a medidas de vibrações de banda larga (níveis globais), captadas junto aos
mancais, nos pedestais e na carcaça de máquinas, operando em regime normal, de forma estabilizada,
dentro da faixa nominal de velocidade de rotação. Ela trata tanto de testes de aceitação como do
acompanhamento da qualidade de funcionamento de máquinas, através de monitoramento contínuo ou
descontínuo das vibrações.

Esta Norma inclui máquinas que podem ter engrenagens e rolamentos, mas não se refere especificamente
à avaliação da qualidade de funcionamento desses componentes. Os critérios se aplicam somente a
vibrações produzidas pelo grupo de máquinas em observação, não incluindo as vibrações produzidas por
fontes externas.

Procedimentos de Medida e Condições de Operação

Instrumento de medição

O instrumento deve ser capaz de medir o valor eficaz (rms) de vibrações de banda larga, com resposta
plana pelo menos na faixa de 10 a 1.000 Hz. Para máquinas que operam próximo ou abaixo de 600 rpm o
instrumento de medida deve chegar a 2 Hz com resposta plana. Para diagnóstico de problemas específicos
(como das engrenagens) pode ser necessário ultrapassar o limite de 1.000 Hz.

Deve-se ter cuidados especiais quanto a influência de fatores externos sobre os instrumentos de medida,
tais como: variações de temperatura, presença de campos magnéticos, sons, variações na fonte de
alimentação (elétrica) e, principalmente, problemas com o cabo, a orientação e a montagem do transdutor
na carcaça da máquina.

Locais de medida

As medições devem ser realizadas nas partes normalmente acessíveis da máquina. A localização e a
direção das medidas devem ser escolhidas de forma a garantir uma sensibilidade adequada às forças
dinâmicas da máquina, evitando-se ressonâncias e amplificações locais. Tipicamente são realizadas duas
medidas radiais, em direções ortogonais, na caixa ou pedestal de cada mancal, conforme indicado nas
figuras 1e 2.

(*) Trata-se de tradução livre e não completa da Norma ISO 10816-3. Para uma aplicação fiel da
Norma deve-se considerar o texto original em inglês.

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Para máquinas montadas horizontalmente, costuma-se medir nas direções horizontal e vertical. Para
máquinas verticais ou inclinadas deve-se medir numa das direções onde for detectado o maior nível de
vibração, normalmente associado a um dos principais eixos de elasticidade da estrutura da máquina. Em
alguns casos é recomendado também medir na direção axial (ver observação Vibração Axial).

Nas figuras 1e 2 a seguir são mostrados os pontos normalmente utilizados para medidas em máquinas
horizontais e verticais.

Quando se conhece com exatidão o comportamento dinâmico da máquina pode-se, eventualmente, medir a
vibração no ponto mais significativo do plano radial.

Monitoramento contínuo e não contínuo

Em máquinas críticas e/ou de grande porte é comum instalar em pontos estratégicos instrumentos de
monitoração contínua, on-line, das vibrações. Para a maioria das máquinas de pequeno e médio porte é
suficiente monitorar periodicamente as vibrações, com sensores portáteis ou permanentes, detectando-se
com razoável confiabilidade mudanças no desbalanceamento, desalinhamento ou no estado do rolamento.
Tem-se generalizado o uso de análises de tendência e diagnósticos de problemas específicos, através de
sistemas computadorizados.

Condições operacionais

As medições devem ser realizadas com o rotor e os mancais em temperaturas estabilizadas, com a
máquina operando em regime normal, mantendo condições nominais, por exemplo, de velocidade de
rotação, voltagem, escoamento, pressão e carga, ou dentro das principais condições de operacionais
(quando variáveis) para períodos prolongados.

Se os níveis de aceitação forem ultrapassados e houver suspeita da presença de vibrações externas


excessivas, deve-se realizar medições com a máquina desligada. Se o ruído de fundo ultrapassar 25% do
valor medido deve-se atuar sobre o sistema para reduzir a transmissão ou atenuar as fontes externas de
vibração.

Classificação das Máquinas

Nesta Norma os padrões de severidade de vibração são definidos em função dos seguintes parâmetros:
• tipo de máquina,
• potência nominal ou altura do eixo (para motores elétricos), e
• flexibilidade do sistema de fixação.

Classificação de acordo com o tipo e a potência ou a altura do eixo

Diferenças significativas no tipo, projeto ou nos mancais e estruturas de suporte tornam necessária a
separação em diferentes grupos de máquinas. As máquinas dos 4 grupos propostos podem ter eixos
horizontais, verticais ou inclinados e podem ter estruturas de suporte flexíveis ou rígidas.

Grupo 1: grandes máquinas até 300 kW de potência e/ou máquinas elétricas até altura de eixo H ≥ 315 mm.
A altura H das máquinas elétricas é definida como a distância entre a linha de centro do rotor e o plano de
apoio da máquina pronta para uso. Para máquinas verticais ou com base não definida usa-se a metade do
diâmetro externo.
Grupo 2: máquinas de tamanho médio com potência nominal acima de 15 kW até 300 kW e/ou máquinas
elétricas com altura de eixo H entre 160 e 315 mm. Essas máquinas têm normalmente mancais de
rolamentos e velocidade de rotação acima 600 rpm.
Grupo 3: Bombas com impelidor de múltiplas pás (centrífugas, de fluxo axial e misto) com acionador
separado e potência nominal acima de 15 kW. Máquinas desse grupo podem ter mancais de
escorregamento ou rolamentos.
Grupo 4: Bombas com impelidor de múltiplas pás (centrífugas, de fluxo axial e misto com acionador
integrado e potência nominal acima de 15 kW. Máquinas desse grupo podem ter mancais de
escorregamento ou rolamentos.

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Classificação de acordo com a flexibilidade da estrutura suporte

Duas condições são definidas para classificar a flexibilidade das estruturas de suporte, em direções
definidas: suportes rígidos e suportes flexíveis.

Se a mais baixa frequência natural do sistema combinado máquina/estrutura-suporte na direção de medida


é pelo menos 25% maior do que a principal frequência de excitação, que normalmente corresponde à
frequência de rotação, então a estrutura suporte pode ser considerada rígida naquela direção. Caso
contrário é considerada flexível.

Somente turbo geradores ou compressores com potência acima de 10 MW e máquinas verticais têm
normalmente suportes considerados flexíveis.

Em alguns casos a estrutura suporte pode ser considerada rígida numa direção (tipicamente, a vertical) e
flexível na outra (a horizontal). Quando não for conhecida a primeira frequência natural do sistema de
suporte por desenhos e cálculos, pode-se determinar esta frequência por meio de testes de impacto.

Avaliação da Qualidade de Funcionamento das Máquinas

Esta Norma define dois critérios de avaliação usados para qualificar a severidade das vibrações das várias
classes de máquinas. Um critério considera o nível global da vibração (de banda larga) e o segundo
considera as mudanças nos valores desse nível, independentemente se estão aumentando ou diminuindo.

Critério I: avaliação do nível global de vibração

Este critério está relacionado com a definição de limites para a intensidade de vibração, compatíveis com
cargas dinâmicas aceitáveis nos mancais e com níveis aceitáveis de vibrações transmitidas para o meio
ambiente, através da estrutura suporte e fundações. O máximo nível de vibração medido em cada mancal
ou pedestal é qualificado contra a faixa de avaliação definida em função do tipo de suporte. Essas faixas de
avaliação foram baseadas em experiência internacional.

Zonas de avaliação

As seguintes zonas foram definidas para permitir uma avaliação qualitativa das vibrações de uma máquina
específica e sugerir orientações sobre possíveis ações.

Zona A: níveis de vibração normalmente atingidos por máquinas recém comissionadas.


Zona B: níveis considerados normalmente aceitáveis para máquinas liberadas para operações em longas
campanhas.
Zona C: níveis considerados insatisfatórios para operações contínuas em longas campanhas. Normalmente
as máquinas nessas condições só podem operar por períodos limitados, até a oportunidade adequada para
a tomada de ações corretivas.
Zona D: níveis severos normalmente considerados capazes de causar danos à máquina.

Os valores numéricos fornecidos como limites entre as zonas de avaliação não devem ser considerados
como limites de aceitação, os quais devem ser objeto de acordo entre o fabricante da máquina e o usuário.
Entretanto esses valores podem servir de guia para evitar especificações irrealistas ou grosseiras.

Devido a características específicas de uma máquina em particular, pode ser necessário alterar os limites
entre as zonas de avaliação, para menos ou para mais. Neste último caso o fabricante deve explicar as
razões da mudança e, principalmente, garantir que a máquina não estará exposta a maiores risco por
operar a níveis mais elevados de vibração.

Limites das zonas de avaliação

Os valores limites entre as zonas de avaliação, apresentados na Tabela 1 a seguir, são baseados no nível
máximo global (de banda larga) da velocidade de vibração, obtido em cada plano/mancal através de dois
transdutores radiais colocados em posições ortogonais (No Anexo A são mostrados os valores limites de
deslocamento e velocidade, conforme apresentados na Norma).
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Tabela 1: Zonas de severidade de vibração para máquinas dos grupos 1 a 4

Níveis
Limites das Zonas de Avaliação
Globais (rms)
Grupos 2 e 4 Grupos 2 e 4 Grupos 1 e 3 Grupos 1 e 3
Velocidade Mancais Mancais Mancais Mancais
(mm/s) Rígidos Flexíveis Rígidos Flexíveis
A
1,4 ---------------- A A

2,3 B ---------------- ----------------

2,8 ---------------- B B
A
3,5 C ----------------

4,5 ---------------- ---------------- ---------------- B


C C
7,1 D ---------------- ---------------- ----------------
D D C
11,0 ----------------
D

Vibração axial
O critério de avaliação só se aplica para vibração axial no caso de mancais de escora (axiais) onde a
vibração axial está correlacionada a pulsações axiais que podem causar danos às superfícies que suportam
a carga axial. Os critérios da Tabela 1 se aplicam portanto para vibração radial em todos os mancais e para
vibração axial, nos mancais de escora. As vibrações axiais medidas em mancais de carga puramente radial
são realizadas com a finalidade de detectar alguns tipos de falhas (como o desalinhamento entre mancais)
através de monitoramento periódico.

Vibração de bombas
O critério de avaliação da Tabela 1 se aplica para bombas operando nas condições nominais de vazão. Em
condições diferentes da vazão nominal, devido ao aumento das forças hidráulicas de fluxo parcial, podem
ocorrer altos níveis de vibração. Esses valores podem ser permitidos para operações em curtos períodos,
mas podem causar danos e acelerar o desgaste se mantidos por longos períodos. Os níveis de ALERTA e
FALHA devem ser ajustados com base em experiência.

Na instalação de bombas é importante ter especial atenção com a conecção das tubulações e a fundação,
para se evitar ressonâncias com as frequências de excitação, como 1 e 2 vezes a frequência de rotação ou
a frequência de passagem das pás, que podem causar vibrações excessivas.

Deve ser ressaltado que há alguns tipos de bombas desenvolvidas para aplicações específicas têm
características especiais de construção que permitem operar com níveis superiores aos fornecidos
na Tabela 1, sem maiores problemas.

Critério II: tendência dos níveis de vibração.

Este critério permite avaliar a variação do nível global de vibração a partir de um valor de referência
previamente estabelecido. Uma variação significativa do nível de vibração pode ocorrer, requerendo uma
ação corretiva, mesmo que a zona C do critério I não tenha sido atingida. Essas variações podem ser
instantâneas ou progressivas e podem indicar um problema incipiente ou alguma outra irregularidade.

Para aplicação do critério II as medidas de vibração a serem comparadas devem ser realizadas no mesmo
ponto e direção e sob, aproximadamente, as mesmas condições operacionais da máquina. Quando um
aumento ou uma diminuição no nível de vibração ultrapassar 25% do nível superior da zona B, definido na
Tabela 1, as variações devem ser consideradas significativas, principalmente se forem repentinas, e a
causa diagnosticada. O valor da variação pode ser estabelecido caso a caso para máquinas especiais.

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Limites operacionais

Para longas campanhas é comum estabelecer limites operacionais de vibração, nos níveis de ALERTA e
FALHA.

ALERTA: proporciona um aviso de que o valor de vibração atingido pode significar uma ocorrência que
necessite uma ação corretiva. Numa situação de ALERTA normalmente a máquina pode continuar
operando até que seja identificada a causa e definida a ação corretiva.

FALHA: a operação da máquina nessa condição pode causar danos. Se este nível for ultrapassado deve-se
tomar ação corretiva imediata para reduzir a vibração ou retirá-la de operação (desarme).

Ajuste do limite de ALERTA

Os limites de ALERTA podem variar bastante em função dos diferentes tipos de máquinas. Os limites são
normalmente escolhidos tendo como referência os valores obtidos pela experiência de medições anteriores
(baseline) no ponto e direção para a máquina em particular.

É recomendado que o limite de ALERTA seja estabelecido acima do baseline, por um valor correspondente
a 25% do limite superior da zona B. Se o baseline for baixo o nível de ALERTA pode ficar abaixo da zona C.

Quando não há baseline definido, como em máquinas novas, o valor inicial de ALERTA deve ser
estabelecido, ou por experiência em máquinas semelhantes, ou deve estar relacionado a valores
acordados na aceitação da máquina. Após algum tempo, de operação em regime, com a formação do
baseline da máquina, o limite de ALERTA deve ser apropriamente estabelecido.

É recomendado que o limite de ALERTA não ultrapasse 1,25 vezes o limite superior da zona B. Quando o
baseline de regime muda (para máquinas reformadas) o limite de ALERTA deve ser revisto de acordo com a
nova referência.

Ajuste do limite de FALHA (desarme)

O limite de FALHA deve estar relacionado à integridade mecânica da máquina e depende das característica
de projeto que tenham sido introduzidas para garantir a resistência da máquina a forças dinâmicas
anormais. Portanto, os limites utilizados são geralmente os mesmos para máquinas com projetos similares e
não devem estar relacionados ao baseline de regime, utilizado para o limite de ALERTA.

Há entretanto diferenças significativas entre os valores admitidos para máquinas de diferentes projetos,
tornando difícil estabelecer uma orientação clara para o limite de FALHA. Em geral o limite de FALHA deve
estar entre as zonas C e D, sendo recomendado que não ultrapasse 1,25 vezes o limite superior da zona C.

Recomendações sobre procedimentos e critérios

A medida e avaliação das vibrações na carcaça, definidas pela ISO 10816-3, podem ser suplementadas
pelas medições de vibração no eixo, avaliada pelos critérios da ISO 7919-3. Deve-se ressaltar, entretanto,
que não há uma forma simples de se relacionar as vibrações da carcaça com as do eixo, e vice-versa. Se
na aplicação de diferentes critérios se obtiver diferentes avaliações da severidade das vibrações, deve
prevalecer o mais restritivo.

A avaliação considerada na ISO 10816-3 é limitada ao nível global de banda larga, sem referência às
componentes de frequência e fase. Os níveis globais geralmente são adequados para os testes de
aceitação e monitoração. Entretanto, para monitoração mais detalhada de longas campanhas e diagnóstico
de falhas, a análise das componentes do espectro de frequências é mais completa para detectar e definir
mudanças na condição dinâmica da máquina.

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ANEXO A

Tem sido verificado que a velocidade de vibração é suficiente para caracterizar os limites da zonas de
avaliação de severidade da vibração, para uma grande quantidade de tipos de máquinas e de suas
velocidades operacionais. Portanto o valor principal de avaliação é o valor global eficaz (rms) da velocidade
de vibração.

Na maioria dos casos é suficiente medir somente a velocidade de vibração. Se no espectro de vibração
devem aparecer componentes de baixas frequências a avaliação deve ser baseada em medidas de banda
larga de velocidade e de deslocamento.

Tabela A.1: Zonas de severidade de vibração para máquinas do Grupo 1

Tipo de Suporte Limites das Zonas de Deslocamento (rms) Velocidade (rms)


Avaliação µm mm/s
Rígido A/B 29 2,3
B/C 57 4,5
C/D 90 7,1
Flexível A/B 45 3,5
B/C 90 7,1
C/D 140 11,0

Tabela A.2: Zonas de severidade de vibração para máquinas do Grupo 2

Tipo de Suporte Limites das Zonas de Deslocamento (rms) Velocidade (rms)


Avaliação µm mm/s
Rígido A/B 22 1,4
B/C 45 2,8
C/D 71 4,5
Flexível A/B 37 2,3
B/C 71 4,5
C/D 113 7,1

Tabela A.3: Zonas de severidade de vibração para máquinas do Grupo 3

Tipo de Suporte Limites das Zonas de Deslocamento (rms) Velocidade (rms)


Avaliação µm mm/s
Rígido A/B 18 2,3
B/C 36 4,5
C/D 56 7,1
Flexível A/B 28 3,5
B/C 56 7,1
C/D 90 11,0

Tabela A.4: Zonas de severidade de vibração para máquinas do Grupo 4

Tipo de Suporte Limites das Zonas de Deslocamento (rms) Velocidade (rms)


Avaliação µm mm/s
Rígido A/B 11 1,4
B/C 22 2,8
C/D 36 4,5
Flexível A/B 18 2,35
B/C 36 4,5
C/D 56 7,1

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