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Leis

de

Kepler
Volta Redonda, 9 de julho de 2003

Escola de Engenharia Industrial Metalúrgica de Volta Redonda


UFF

Disciplina: Cálculo Vetorial

Assunto: Demonstração da segunda e terceira Leis de Kepler

Componentes: Turma: V2

Aline de Almeida Fonseca


Alvim Flores de Carvalho
Leonardo Matos Machado
Rodrigo Vieira da Fonseca

Professora: Salete Buffoni

Prof. Salete Buffoni 2


Índice:

Introdução: As Três Leis de Kepler sobre o Movimento dos Planetas

Desenvolvimento: Demonstração da segunda e terceira lei de Kepler

Aplicação

Conclusão

Bibliografia

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As Três Leis de Kepler sobre o Movimento dos Planetas

No século 16, o astrônomo polonês


Nicolaus Copernicus trocou a visão
tradicional do movimento planetário centr
na Terra por um em que o Sol está no cent
os planetas giram em torno deste em órbit
circulares. Embora o modelo de Copérnic
estivesse muito próximo de predizer o
movimento planetário corretamente, exist
discrepâncias. Isto ficou particularmente
evidente para o planeta Marte, cuja órbita
havia sido medida com grande precisão pe
astrônomo dinamarquês Tycho Brahe.
O problema foi resolvido pelo
matemático alemão Johannes Kepler, que
descobriu que as órbitas planetárias não er
círculos, mas elipses. Kepler descreveu o
movimento planetário por três leis.

O astrônomo alemão Johannes Kepler destruiu a velha crença no Geocentrismo, ao


comprovar que os planetas se movem em elipses em volta do Sol e que o Sol é o centro das
órbitas dos planetas. Suas três leis sobre os movimentos dos planetas, conhecidas como
Leis de Kepler, tiveram uma influência profunda na astronomia e ainda são fundamentais
para o que conhecemos hoje do Sistema Solar. Publicou diversas obras importantes, como
Mysterium cosmographicum, Astronomia nova, Dioptrice, Epitome astronomiae
copernicanae, Harmonice mundi, Tabulae rudolphinae e Solemnium.
Johannes Kepler nasceu no dia 27 de dezembro de 1571, em Weil der Stadt, Württemberg,
um Estado independente que fazia parte do Sacro Império Romano-Germânico.
Em 1588 terminou a primeira parte de seus estudos na Universidade de Tübingen, na
Alemanha. Começou a estudar filosofia, matemática e astronomia na Universidade de
Tübingen em 1589, tendo sido diplomado mestre em 1591. Em 1594 ele assumiu o cargo
de professor de matemática e astronomia em Graz, na Áustria.
Em 1596 publicou Mysterium cosmographicum, obra que contém sua teoria de que as
distâncias entre o Sol e os seis planetas então conhecidos podiam ser relacionadas com
figuras geométricas. Em 1598 Kepler foi forçado a deixar Graz devido a perseguições
religiosas. Passou um ano em Praga antes de voltar a Graz. Em 1600 foi expulso novamente
de Graz, tendo voltado a Praga, onde se tornou assistente do astrônomo dinamarquês Tycho
Brahe (1546–1601), que substituiu, após a morte deste, como matemático imperial do
imperador Rodolfo II.
Em outubro de 1604 observou uma supernova, catalogada desde então como a Nova de
Kepler.

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Em 1609 publicou Astronomia nova, na qual enunciou a Primeira e a Segunda Leis de
Kepler. Demonstrou nesta obra que os planetas se movem em elipses, com o Sol no centro,
e que linhas imaginárias do Sol às suas órbitas são proporcionais ao tempo gasto para
percorrê-las.
Em 1619 publicou Harmonice mundi, a Terceira Lei de Kepler, que é a relação da distância
entre um planeta e o Sol e o tempo que o planeta leva para completar uma órbita em torno
do Sol.

Em 1627 concluiu Tabulae rudolphinae, um catálogo de 1.005 estrelas. Iniciado por


Tycho Brahe, incluía tabelas de posições astronômicas dos planetas.
Kepler faleceu de febre em 15 de novembro de 1630.
Em 1631 foi publicado Solemnium, um conto de ficção científica escrito por Kepler vinte
anos antes, onde era descrito o sonho de uma viagem à Lua.

Demonstração da segunda e terceira lei de Kepler

Segundo a primeira lei de Kepler, os planetas descrevem órbitas elípticas em torno do


sol.

Esse movimento de rotação em torno do sol se dá devido a força gravitacional, que


atua paralelamente à reta que une os planetas.

r
F
r

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Fazendo um somatório dos torques em relação ao ponto (0)

(0)(0)
( 0)

r r r r r
τ ( 0 ) = r ∧ F ; como r é paralelo a F para qualquer posição na órbita τ ( 0) = 0
A soma vetorial de todos os torques que atuam sobre uma partícula é igual a sua taxa
de variação do momento angular em relação ao tempo, assim:
r r r
dL dL dL
∑τ = dt τ ( 0) =
dt

dt
=0

O vetor momento angular em relação a (0) é constante com o tempo. Isto significa
r
que L não pode variar nem em módulo, nem em direção, nem em sentido.
r r r
L é definido como o produto vetorial do vetor r pelo vetor momento linear p .

r r
r r e p definem o plano da órbita.
p
r
r

r r r
L é perpendicular a esse plano formado por r e p . Se o plano de órbita mudasse,
r r
L mudaria de direção. Como L não pode mudar de direção, o plano de órbita não pode
mudar.
r
Portanto, a conservação de direção e sentido do vetor L implica que a órbita dos
planetas é constante.
Partiremos do princípio que a órbita do planeta é uma elipse de excentricidade nula (
circunferência ) , com o sol no seu centro.
y r
A equação da circunferência centrada na origem é: V (t )

r
r (t )
x2 + y2 = r 2
θ
0
x
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Parametrizando a curva;

x = r cosθ y = r sen θ 0 ≤θ ≤ 2π
r r r
Vetor posição é dado por: r (θ ) = r cosθ i + r sen θ j

r r
r dr dr dθ
Usando a regra da cadeia: V (t ) = = ⋅
dt dt dt

r  dθ  r  dθ  r
V (t ) = − r sen θ  i + r cosθ  j
 dt   dt 

r r r r
Adotando o vetor h como h = r ∧ v , temos:

r  dθ 
[ ] [ ]
v r r r
h = r cos θ i + r sen θ i ∧ − r sen θ i + r cosθ j ⋅  
 dt 
r r r dθ
(
r r r r r r
)
h = − r 2 cosθ sen θ i ∧ i + r 2 cos 2 θ i ∧ j − r 2 sen 2 θ j ∧ i + r 2 sen θ cosθ j ∧ j ⋅
dt

( )
r r r dθ r dθ v
h = r 2 cos 2 θ k + r 2 sen 2 θ k ⋅ ∴ h = r2 k
dt dt
r
h

r
v

r
r
r
Calculando o módulo de h , temos:

r r r r r r dθ
r ∧ V = r ⋅ V ⋅ sen φ ; r =r e V =r
dt

 dθ  2 dθ
h = (r ) ⋅  r  ⋅ sen(90º ) ∴ h = r
 dt  dt

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h
r
Assim, o módulo de h pode ser
r interpretado como a área do
V r r
retângulo formado por r e V .
φ r r
r ∧V
r
r
r
V

Obs.: Como se trata de uma circunferência,


r r
temos que o ângulo entre V e r será
para qualquer ponto igual a (90º). 0 r
r

Calculando o movimento angular em um ponto qualquer da órbita do planeta, temos:


r r r r r r
L = r ∧ p ∴ L = r ∧ mV m- massa do planeta
( )
r r r
L = m r ∧V

r dθ r
Fazendo o produto acima, teremos: L = mr 2 k
dt
r r r
Analisando o vetor L , nota-se a existência de uma relação entre L e h .

r
L

r
p

r
L

r
r

r dθ r r r r r
h = r2 k ⇒ L = mh ∴ L = m h
dt

r
Como já foi provado L = constante

r
Logo, h = constante

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r
Considerando o deslocamento de um planeta de uma posição r (t ) para uma posição
r
r (t + ∆t ) ,

r
∆r
r
r (t + ∆t )
dA
dθ r
r (t )
θ
0
se o intervalo de tempo ∆t for muito pequeno ( ∆t → 0) , o módulo do vetor deslocamento
r
∆ r ficará muito próximo do valor do comprimento do arco formado por dθ .

rdθ r ⋅ rdθ
dA dA =
dθ 2
r
r2
dA = dθ a área e o ângulo variam com o tempo, então:
2

dA r 2 dθ r2 =h
= dt
dt 2 dt

dA h r
= ; como h = h = const
dt 2

dA h
= = const
dt 2

Essa equação diz que a razão pela qual A é percorrida é constante e prova a segunda
Lei de Kepler.

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Considerando agora que o período T de um planeta em torno do sol; ou seja, T é o
tempo requerido para o planeta dar uma volta completa em torno do sol, através de sua
órbita elíptica, suponha que os comprimentos dos eixos maior e menor da elipse sejam 2a e
2b.
O período de rotação do planeta será o tempo que a reta r leva para varrer toda a área
da elipse.

dA h h
= ⇒ dA = dt
dt 2 2

Ae T
h
integrando a expressão, temos: ∫ dA = ∫ dt (I)
0
20
y
b
x2 y2
θ + =1
a2 b2
a
−a x

−b
A área da Elipse é dada por:

y2
a 1−
b x
Ae = 4 ∫ ∫ dxdy
0 0
 y = b sen θ 
 
b
y2  dy = b cos θ d θ 
Ae = 4 ∫ a 1 − dy
0
b2

π
2
Ae = 4 ab ∫
0
1 − sen 2 θ cos θ d θ ⇒

π
2
Ae = 4 ab ∫ cos θ dθ ⇒
2

0
π
1 sen( 2θ )  2 π
Ae = 4 ab  θ +  ⇒ Ae = 4 ab ⋅ ⇒
2 4 0 4
Ae = π ab

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substituindo em (I);

πab h T h 2πab
A0 = ⋅t 0
⇒ πab = T ⇒ T=
2 2 h

y
c
2 2 2 e=
a = b + ( ae ) a

a
b b 2 = a 2 − ( ae ) 2
b 2 = a 2 (1 − e 2 )
ae 1
F F´ x 2 2
b = a (1 − e )

Definição de semi-lactus rectum

h2
GM
= T = a 1 − e2 ( ) Esta é a demonstração de que a órbita, se
periódica, é elíptica, como diz a primeira lei
Kepler.

(
b = a 1 − e2 ) (
b2 = a2 1 − e2 )
(
b2 = a ⋅ a 1 − e2 )
b 2 = aT
b2 h2 b2 h2
=T = ⇒ =
a GM a GM

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1
 ah 2 2
b=  ⇒ T = 2π ab
 GM  h
 
 1 2
  ah 2 2  2 2 3
(Th ) 2
= 2π a 
   ⇒ T 2 h 2 = 4π 2 a 2 ⋅ ah ⇒ T 2 = 4π a
  GM   GM GM
   
 

Toda elipse tem duas diretrizes D1 e D2 (relacionadas com seus dois focos F1 e F2 ,
respectivamente) e uma excentricidade e, com 0< e<1. Se a elipse tiver semi-eixo maior a
c 2 2
e semi-eixo menor b, então a excentricidade será dada por e = , onde c = a − b é a
a
distância do centro C a cada foco.
b2
Cada diretriz está d unidades de seu foco correspondente, onde d = , e as
c
diretrizes são perpendiculares ao eixo maior.

C
F1 F2

D1 D2

Então podemos provar que:

h2 b2 b2 e
= = = b 2 ⋅ = ed
GM a c c
e
Aplicação:

O período da terra girando em torno do Sol é de aproximadamente 365,25 dias.


Utilize esse fato e a terceira lei de Kepler para determinar o maior eixo da órbita terrestre.
Você precisará do valor da massa do Sol, M = 1,99x 1030 kg, e da constante gravitacional,
G = 6,67 x 10-11 N.m2/kg2.

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T = 365 , 25
M = 1,99 × 10 30 kg
G = 6 , 67 × 10 − 11 N ⋅ m / kg 2

4π 4π 2
T2 = a 3 ∴ (365,25) 2 = −
⋅ a3
G (m + M ) 11
6,67 × 10 ( M )
(365,25)2 × (6,67 × 10 −11 )× (1,99 × 1030 ) = a 3
4π 2
1,77 × 10 25
a3 = 2
= 4,48 × 10 23

a = 3 4,48 × 10 23 = 76547887,09m
a = 76547,89 Km

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Bibliografia:

- Geometria Analítica/ Steinbruch, Alfredo, Winterle, Paulo. – 2º edição – São Paulo:


McGraw-Hill,1987

- Cálculo/ Munem,Mustafa, Foulis, David – Volume 1 – Rio de Janeiro – LTC- Livros


Técnicos e Científicos, Editora S.A.

- astro.if.ufrgs.br/Orbit/orbits.htm

-astro.if.ufrgs.br/kepleis/node5.htm

-www.if.ufrgs.br/~kepler/fis207/bib/bibkepler.html

- br.geocities.com/saladefisica9/biografias/kepler.htm

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