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ESCRAVIDÃO NA ÁFRICA  No final do século XVI, a mão de obra escravizada

 A escravidão era uma prática corrente nas negra africana tornou-se dominante no Brasil. Isso
sociedades africanas por séculos antes da chegada não significou o fim da escravidão indígena, que
dos europeus ao continente. Quando OS europeus permaneceu em diferentes partes do território até o
desembarcaram na África, já havia um mercado de final do período colonial, em especial nas regiões
mão de obra escravizada antigo e estruturado. mais pobres e no interior, por causa da dificuldade de
 A escravidão era comum em grande parte das importação de escravizados africanos.
sociedades africanas, e por isso a demanda
TRAFICO NEGREIRO
europeia encontrou rapidamente a oferta necessária
no continente. A existência de inúmeros indivíduos  Ao longo de 350 anos séculos XV e XIX,
dedicados ao comércio de escravizados explica a aproximadamente 25 milhões de africanos tenham
rapidez da implementação do tráfico negreiro nos sido capturados, arrancados de suas comunidades e
séculos XV e XVI. escravizados. Desses, metade morreu antes de
embarcar nos navios negreiros.
 Chefes africanos participaram ativamente do
comércio de escravizados, capturando e vendendo  Tumbeiros: Estima-se que 12,5 milhões de africanos
cativos e fazendo alianças com os europeus. foram forçados a embarcar nos navios rumo a
América, desses, calcula-se que 10,5 milhões
A identidade africana é algo bastante recente, resultado dos tenham desembarcado na América, ou seja, a
movimentos de libertação nacional do continente no século XX. Nesse travessia matou quase 2 milhões de pessoas ao
momento, a luta política contra as potências colonizadoras forjou longo do período.
uma identidade ampla, que englobava diversos povos do
 A África ocidental tornou-se a principal fornecedora
continente.
de escravizados para as Américas. Mais de 80% dos
 Os europeus transformaram a escravidão em um
cativos provinham da região da Costa da Mina
sistema global, que alcançou uma dimensão
(também chamada Costa do Ouro) – atuais Gana e
geográfica (África, América, Europa e parte da
Togo –, da República do Benim, da Nigéria, do
Ásia) e uma escala (volume de pessoas
Congo e de Angola.
escravizadas) inéditas. Além disso, em busca de
 Brasil, a maior nação escravista da América
lucro e de trabalhadores para as economias
coloniais, os europeus fomentaram a escravidão no moderna, recebeu aproximadamente 5 milhões de
continente africano, estimulando a guerra e a africanos, a maioria dos escravizados tinha como
captura e venda de seres humanos em troca de origem a possessão portuguesa de Angola, e os
mercadorias, armas e munições. principais centros importadores de cativos foram
Salvador, Rio de Janeiro e Pernambuco.
 Pela primeira vez a cor da pele passa a ser um
 Pode-se dividir os povos africanos escravizados no
marcador da escravidão. O que fundamentou a
existência do racismo, presente até Brasil em dois grandes ramos étnicos: os
contemporaneidade. sudaneses, predominantes na África ocidental e que
ESCRAVIDÃO NO BRASIL COLONIAL englobavam diversos grupos, como haussás, jejes e
iorubás, e os bantos, presentes nas regiões do
 A montagem de uma estrutura econômica baseada
Congo, de Angola e de Moçambique e do qual faziam
na produção em larga escala de gêneros tropicais
parte os angolas, os moçambiques e outros.
demandou um grande volume de trabalhadores já no
início do processo de colonização. MORTE SOCIAL: O PROCESSO DE “COISIFICAÇÃO”
 As famílias portuguesas que migravam para o Brasil
 Retirada forçada da sua terra natal
não chegavam em número suficiente e, mais
importante, não desejavam trabalhar nas fazendas  Perda do nome de nascimento, substituído por um
coloniais na produção de açúcar, tabaco, algodão, católico no processo de batismo
etc.  Proibição do uso da língua materna/ ou falta de uso
 Num primeiro momento, empregou-se a escravização em razão do afastamento dos seus semelhantes
dos povos indígenas, e, a seguir, houve a introdução tribais
dos escravizados africanos.  Proibição de culto, práticas religiosas diversas e
 Razões para o emprego da escravidão negra africana práticas culturais
no Brasil: problemas de natureza demográfica  Imposição do catolicismo
para a continuidade da escravização indígena:
doenças trazidas pelos europeus, como varíola,  Separação das famílias
sarampo e gripe, dizimaram as populações nativas, o  Alocação em grupos com rivalidades internas (tribos
que dificultou o emprego em larga escala dessa mão rivais)
de obra; a experiência dos portugueses:  Submetidos à violência psicológica, eram vítimas
escravizados africanos eram empregados em também de todos os tipos de violência física, desde o
Portugal e na produção açucareira do arquipélago da açoite, tortura até a morte.
Madeira desde o século XV; a existência de um
 As mulheres escravizadas eram, além de açoitadas
grande mercado de escravizados na África antes
e torturadas, vítimas constantes de estupros.
da chegada dos europeus: isso facilitou a obtenção
Obrigadas a amamentar os filhos das senhoras,
de mão de obra escravizada em grande volume para
tinham seus próprios filhos roubados, escravizados e
emprego na economia colonial.
vendidos.

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 Enquanto a ideia do “ser mulher” em voga era a de como escravos até o fim dos tempos. / Negros não
permanecer no lar, ficar distante dos espaços possuem alma.
públicos, não trabalhar, ser frágil e delicada, às  Filosofia: Pensadores iluministas, apesar de
mulheres negras era relegada a posição de objeto defenderem igualdade e liberdade, disseminavam
sem gênero, postas como algo à parte desse ideal, ideias preconceituosas contra negros e africanos,
sendo vistas como mulheres apenas em momentos contribuindo para sua inferiorização. Exemplos: “Eu
de abuso e violência sexual. me inclino a suspeitar que os negros são
naturalmente inferiores aos brancos (...)” Frase de
RESISTÊNCIA Davi Hume, filósofo britânico. “Os negros africanos
 Onde houve escravidão houve resistência: fugas não receberam da natureza qualquer inteligência que
individuais e coletivas; formação de quilombos; os coloque acima da tolice (...)” Frase de Immanuel
enfrentamento e assassinato de feitores e senhores; Kant, filósofo alemão.
promoção de rituais e festejos de origem africana,
 “”“Ciência”””:
como o jongo e o congado; preservação de religiões
1. Teoria do evolucionismo social: prega que a
de matriz africana; manutenção de costumes e
humanidade é uma só, mas apresenta
práticas culturais como a capoeira, entre outras.
estágios únicos e obrigatórios de evolução,
 Quilombo dos Palmares – o maior símbolo da
que vão do mais simples ao mais complexo.
resistência negra no Brasil: maior quilombo da
Nessa linha evolutiva, os brancos
América Latina, chegou a possuir cerca de 20 mil
representariam as sociedades mais
membros. Surgiu no final do século XVI, na capitania elaboradas e os negros as mais atrasadas.
de Pernambuco, numa região em que hoje está 2. Teoria do determinismo racial (ou
localizado o estado de Alagoas. darwinismo social): dividia a humanidade em
o Os únicos líderes conhecidos são Ganga raças a partir do entendimento de que esses
Zumba e Zumbi. grupos possuiriam atributos físicos e
o Em 1678, Ganga Zumba, recebeu uma psicológicos específicos. A divisão de raças
oferta de paz do governador da capitania de corresponderia a uma diferenciação de
Pernambuco, d. Pedro de Almeida. Ganga culturas e de estágios de desenvolvimento,
Zumba foi a Recife negociar os termos da e o grupo (raça/etnia) seria o fator
oferta de paz com o próprio. A proposta de preponderante para explicar o
paz foi aceita, mas gerou divisão no comportamento do indivíduo. Para os
quilombo, porque não contemplava os darwinistas sociais, os brancos seriam uma
escravos fugidos. A divisão resultou na raça superior aos outros povos.
morte de Ganga Zumba e o novo líder que
assumiu – Zumbi –minou a possibilidade de O POVO NEGRO NO BRASIL CONTEMPORÂNEO
acordo.
o Houve uma nova fase de confrontos, até
que entre 1692 e 1694, o bandeirante
Domingos Jorge Velho liderou uma nova
expedição. A tropa era composta por
milhares de homens e possuía, inclusive,
canhões.
o Considera-se o fim de Palmares o ano de
1694, mas a resistência na região seguiu
pelos anos seguintes. O líder Zumbi resistiu
até 1695, quando foi emboscado e morto
pelos portugueses. As tropas continuaram
na região até meados do século XVIII para
impedir que Palmares ressurgisse.

RELIGIÃO, FILOSOFIA E “””””CIÊNCIA””””” PARA


JUSTIFICAR A ESCRAVIDÃO NEGRA
 Na escravidão colonial moderna, um sistema de
ideias apareceu para começar a justificar e legitimar
a escravização dos povos negros e africanos.
Argumentos religiosos, filosóficos e/ou
pretensamente científicos criaram um arcabouço
ideológico que sustentou a defesa do cativeiro negro
e que produziu o racismo.
 Religião: “a maldição de Cam” Noé amaldiçoou a
descendência de Cam, no caso seu neto Canaã. De
acordo com a tradição, os descendentes de Canaã
teriam migrado para a África, onde trabalhariam

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