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Domingana A.

Veriano

Posturas Eurocentristas e Africanistas face a Escravatura


Curso de Licenciatura em Ensino de História com habilitação em documentação

Universidade Rovuma
Extensão de Cabo Delgado
2022
Domingana A. Veriano

Posturas Eurocentristas e Africanistas face a Escravatura

Trabalho de carácter avaliativo a ser


apresentado no departamento de
Letras e Ciências Sociais, na cadeira
de HA II, leccionado pelo: Msc.
Mouzinho Manhalos

Universidade Rovuma
Extensão de Cabo Delgado
2022
1. Posturas Eurocentristas e Africanistas face a Escravatura

1.1. Postura Eurocentrica (Radical)

Para os europeus dizem que o tráfico de escravos dependeu de facto dos africanos
estarem dispostos a venderem escravos, pois não fizeram do que imitar as práticas
correntes em África nessa. Os eurocentistas defendem sua tese questionando porque é
que a África foi “exportada de Almas para o Novo Mundo?”.

Assim, como forma de resposta dizem,


O continente africano durante esse período comportava uma quantidade étnica enorme,
ou seja o facto de a sua população ser maioritariamente negra não a torna homogénea no
que diz respeito a cultura, línguas, costumes, etc. Se formos a ver antes da chegada dos
europeus, sabemos que uma boa parte de África já conhecia o valor mercantil do
escravo.

Segundo Claude Meillassoux, no seu livro Antropologia da Escravidão, a escravidão


aparece na África como antítese das relações de parentesco, isto é, uma comunidade que
tinha dois elementos identificados: de um lado o parente, de outro lado o estranha. Foi
um povo amador de guerra, na qual entre os diferentes povos. Neste contexto
observou-se a formação de estados militares que objectivavam a obtenção de escravos
através da exploração das populações, foram assim chamadas guerras de sobrevivência
que ganharam u contorno dos cativos ao comércio do tráfico de escravo.

Enquanto, para Silva (2002), salienta,


A escravidão se insere na África dentro dos aspectos da economia tradicional africana,
moldado pelo desenvolvimento histórico do escravismo e pelas transformações
ocorridas nas estruturas económicas, não raro como decorrência de factores políticos e
sociais. De todo modo a escravidão é reinventado entre os africanos, adquirindo
contornos únicos e características próprias – e mesmo circunscritas no continente,
apresenta diferentes funções, como variável de ambientes pastoris, agrícolas ou urbanos
(pp.80-82).

Em suma, para os eurocentrista afirma de forma categórica que o processo de trafico e


posterior venda do escravo, só aconteceu por que os africanos possibilitaram, porque os
africanos neste caso chefes africanos, por ser muitos na sua sociedade de recorreram de
forma continua a busca e captura dos seus elementos familiares ou elementos que vivem
na mesma sociedade que de certa forma os descartavam. Dai que para estes, o africano
vendia o seu próprio povo. Por sua vez os africanista afirma o contrario dista ideia,
assim ceremos em seguida.
1.2. Posturas Africanista

Aqui, destacamos as ideias do grandioso historiador africano Joseph KI-Zerbo, naquele


que foi a sua maior obra (historia geral da África Vol. I), assim diz ele,
A palavra escravo provém, como se sabe, de facto de ser em particular os Eslavos da
Europa Central vendidos na Idade Média, não só a escravatura que estava em uso na
África distingue-se no conjunto de escravos domésticos e os escravos de guerra e na
verdade nas regiões de África em que a evolução económica estava avançada, como em
torno de centros urbanos da Jena e Tombuctu. (2010, p.87).

Vimos de forma explícita que, segundo Ki-Zerbo os europeus foram responsáveis na


introdução deste mesmo mal para o contente africano. Que antes o contente africano
tinha suas próprias formas de agir perante os seus povos, e não havia a exploração de
mão-de-obra barata. Salienta ainda que aquele que um dia foi considerado escravo na
África possuía seus direitos, isto é, enquanto não estivesse o seu dono, ele assumia o
cargo de chefe ate um certo ponto. Assim, diferenciando do escravo europeu que era
apenas uma propriedade sem direito nenhum. De forma clara, K-Zerbo nega as ideias
que vimos anteriormente nas posturas eurocentrista, assim, Joseph acrescenta mais,

A escravatura tomara um carácter de acentuada exploração, mas esses escravos viviam


com as suas famílias. Eram sobre tudo, servos ligados a um domínio, até no Congo,
sublinha o autor, que um escravo honesto é muito considerado e podia substituir um
chefe na sua ausência. Portanto o escravo tinha direitos cívicos e direitos de
propriedade, a pesar que os europeus seguiram uma prática pré-existente, mas não se
tratava do mesmo fenómeno, com o efeito em 1442, Antão Gonçalves, moço da câmara
de D. Henriques o navegador, desembarcando na costa africana captura uma mulher e
um homem e numa outra incursão, os negros ao se defenderem, mata três e leva consigo
dez. (Ibid., p.87).

Em síntese, as exportações de escravos, interromperam o crescimento demográfico da


África Ocidental durante dois séculos. O tráfico estimulou novas formas de organização
política e social; as atitudes dos europeus foram muito mais brutais, sobre tudo na caça,
no escoamento do interior para a costa e no armazenamento nos barcos negreiros.

Historiadores salienta o sofrimento que o escravo passava, principalmente na forma


como o escravo era transportado nos chamados barcos negreiros. A forma como estes
eram organizados era desumana, as longas distâncias percorridas desde o momento da
captura ate o processo de transporte.

Por outro lado, salientar também, os africanos que não conseguiam resistir aquelas
acções sofrida, o clima também por vezes não facilitava na sua adaptação, vários
homens, molhes e inclusive crianças morreram perante as acções que eram perpetradas
pelos dirigentes dos navios.

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