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Celma Augusta Veriano


Judith da Nilsa Benfica
Sabina Martins

Confidencialidade Nos Registos

Universidade Alberto Chipande


2022
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Celma Augusta Veriano

Judith da Nilsa Benfica

Sabina Martins

Confidencialidade Nos Registos

Trabalho de Carácter Cientifico e


avaliativo a se r entregue na cadeira de
Epidemiologia, Leccionadora pelo
docente:

Assuba Momade Cheia

Universidade Alberto Chipande


2022
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Índice

Introdução..........................................................................................................................4

1. Confidencialidade nos registos......................................................................................5

1.1. Conceitos....................................................................................................................5

1.2. Confidencialidade no sentido clínico.........................................................................5

2. O papel do sistema de informação.................................................................................6

2.1. Formas de prevenção da Confidencialidade nos registos...........................................6

3. A importância da confidencialidade..............................................................................8

Conclusão..........................................................................................................................9

Referencias Bibliográficas...............................................................................................10
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Introdução

As origens do sigilo profissional estão representadas na figura de Hipócrates, o qual


afirmou que o que quer que visse ou ouvisse da vida dos homens, em sua prática
profissional ou fora dela, que não devesse ser falado ao público, ele não divulgaria e
deveria ser, assim, mantido em segredo. Autores chegam a afirmar que a privacidade no
domínio da área da saúde é pelo menos tão antiga quanto os antigos gregos. Assim
sendo, a partir desses tempos antigos, o sigilo profissional, a privacidade e a
confidencialidade para os prestadores de cuidados de saúde tornaram-se uma obrigação
legal, bem como um dever ético. No sector saúde, a privacidade e a confidencialidade
dos dados do paciente são partes muito importantes da relação equipe-paciente. Ao
longo da história, os profissionais tiveram de ser norteados pelos códigos de suas
profissões em todas as sociedades e culturas. Os pacientes concedem acesso a seus
corpos para exames e tratamentos, mas eles esperam que os cuidadores os protejam de
qualquer contato físico desnecessário ou constrangedor que os exponham. Os
profissionais obtêm informações pessoais confidenciais de pacientes para entender seus
problemas de saúde, e tais informações são de fato confidenciais, indicando que aqueles
que a possuem têm a responsabilidade de protegê-las de divulgação para alheios
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1. Confidencialidade nos registos

1.1. Conceitos

Segundo Loch (2003), define confidencialidade como sendo à segurança do indivíduo


que revelou algo de sua intimidade que a informação será mantida em sigilo. Este autor
salienta ainda, a confidencialidade e a privacidade são termos directamente
relacionados que tratam da guarda das informações pessoais. (p.51-64).

De acordo com Goldim (1995), no seu olhar sobre o conceito da confidencialidade,


salienta,
Confidencialidade é uma comunicação secreta, sigilosa e, pelo Glossário de Bioética do
Instituto Kennedy de Ética, como a garantia do resguardo das informações dadas
pessoalmente em confiança e a protecção contra a sua revelação não autorizada. Requer
ainda, os vastos princípios éticos, na medida que se vai possuindo varias informações
acerca de variados estados clínicos de qualquer que seja a personalidade que a divulga
por meio de qualquer consulta médica (p.76).

Diante do exposto, a confidencialidade é uma forma de privacidade informacional que


acontece no âmbito de uma relação entre duas partes e que envolve a privacidade, a
confiança e a segurança de que a informação não seja revelada sem a autorização de
quem a fornece.
1.2. Confidencialidade no sentido clínico

Segundo Santos (2012), para compreender o carácter obrigatório do sigilo, que garante a
confidencialidade dos dados do paciente, é necessário conhecer suas raízes e evolução
histórica, visto se ter relato desde os primórdios. No que diz respeito ao histórico da
confidencialidade, cabe destacar a Declaração Universal dos Direitos Humanos,
promulgada em 1948 pela Organização das Nações Unidas, que cita em seu artigo XII
o direito à não interferência na vida pessoal ou familiar e o Juramento de Hipócrates,
que deveria ser cumprido pelo médico com o objectivo de proteger os segredos dos
doentes: “tudo quanto veja ou ouça, profissional ou privadamente, que se refira à
intimidade humana e não deva ser divulgado, eu manterei em segredo e contarei a
ninguém”

O exposto permite inferir que na área clínica, confidencialidade pode ser entendida
como o sigilo da comunicação entre o profissional de saúde e o paciente que é
rescaldado por valores éticos e por determinações legais que devem ser seguidas.   A
confidencialidade pode ser entendida como um direito-dever, ou seja, um direito do
paciente e um dever do profissional de saúde de forma que o paciente possa revelar
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situações potencialmente embaraçosas, em um ambiente confiável objectivando o


melhor cuidado de sua integridade física e emocional.   Por isso, as informações
discutidas não podem ser repassadas a outras pessoas sem permissão explícita.

2. O papel do sistema de informação

A crescente utilização de sistemas de informação para registo de dados em saúde


melhorou a disponibilidade e facilidade de acesso às informações de saúde do indivíduo
e, por isso, a confidencialidade além de ser abordada juntamente com as questões de
privacidade passou, também, a ser relacionada com a segurança da informação (Loch,
2003, p.58).

O acesso aos dados de saúde de um indivíduo em formato electrónico melhorou o


desempenho da saúde pública, porém ameaça a privacidade pela facilidade de duplicar e
transmitir a informação a pessoas não autorizadas. No entanto, Myers (2008), enfatiza,

Apesar deste ponto de fragilidade, os dados electrónicos são mais fáceis de serem
protegidos que os registados em papel, pois permitem a utilização de mecanismos de
segurança da informação como autenticação,  autorização e auditoria. A preocupação
com este tipo de registo deve-se possivelmente na ameaça cibernética que tem
acompanhado a evolução das ciências tecnológica (p.83).

Diante os expostos, da para entender como as tecnologias de informação estão


ganhando espaço no mundo moderno, neste sentido, compreende um dos grandes
desafios na conservação de dados dos pacientes nos dias actuais. Surgem novos desafios
alinhados pela própria tecnologia principalmente os chamados ataques de bases de
dados.

2.1. Formas de prevenção da Confidencialidade nos registos

Para Silva (2013), Dentre as várias formas de prevenção, destaca-se acções


de engenharia preventiva que podem ser tomadas tanto a partir do indivíduo como
para os meios electrónicos:

A partir do indivíduo  (educação):

Capacitação de pessoal: é uma parte integrante da prevenção à maioria das violações


de confidencialidade que surgem internamente;
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Criação de um responsável pela segurança dos dados: responsável pelo


desenvolvimento e organização de formação do pessoal e monitoramento da segurança
do meio ambiente organizacional e da aplicação local;

Meios electrónicos  (prevenção):


Autenticação: determinar quem está avessando o sistema e pode ser feita idealmente
nos níveis: 1º com informações que o usuário saiba (senha) e 2º com algo que o usuário
tenha (biometria, assinatura digital,  certificado digital);

Autorização: definir quem pode acessar e que informação pode acessar;

Prevenção de acessos externos: tomando medidas como isolamento de servidores ou


redes da internet;

Segurança do modo de transmissão e manipulação de dados: não salvar informações


nos devices (dispositivos) de clientes, uso de firewall, a encriptação de Servidores de
dados e aplicação, computadores desktop, móvel computadores, mídia portáteis, e e-
mail ou outras formas de dados transmissão; Gerenciamento do software: protecção
contra vírus, software malicioso mal-intencionado (malwares), etc. Além de controlo
sobre uso de software não certificado;

O compartilhando das informações, especialmente em formato electrónico, pode


acarretar benefícios na prestação de cuidados de saúde, na vigilância em saúde, na
pesquisa e na educação.   Entretanto, quando o objectivo não for a assistência à saúde a
um indivíduo específico, para divulgar as informações com segurança, se deve adoptar
mecanismos eficientes e efectivos de desidentificação e de animização das informações.

Assim, para que o desenvolvimento de sistema de informação atenda ao requisito de


confidencialidade e às questões legais de órgãos reguladores e entidades certificadoras
em seu contexto de uso e aplicação, é ímpar a implantação de um conjunto de políticas
de segurança da informação e o controle de acesso ao seu conteúdo.
3. A importância da confidencialidade

O segredo profissional tem por finalidade respeitar e proteger o direito das pessoas à


reserva da intimidade da vida privada e à confidencialidade das informações e dados
pessoais, bem como garantir a confiança dos cidadãos nos profissionais de saúde.
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O sigilo médico é de suma importância, afinal, proporciona mais credibilidade para a


relação médico-paciente. Permite, também, que os pacientes atendidos possam expor
seus problemas e confiar no tratamento indicado, pois tudo o que eles disserem no
consultório estará seguro pelo poder da lei

Por exemplo, na temática HIV/AIDS, um estudo reconheceu o estigma e a


discriminação de mulheres como resultado da identificação como profissionais do sexo.
Para muitas mulheres, as primeiras experiências numa pesquisa do HIV foram
acompanhadas por medo, receio de ser identificada como uma trabalhadora do sexo pela
mídia local ou a polícia e violência. Com isso, o pouco trabalho sobre o tema da ética
em pesquisa entre profissionais do sexo identificou as questões de confidencialidade,
privacidade e respeito como pertinentes a essa população.

Em outra questão específica, o fornecimento de tratamento para pessoas com HIV em


estabelecimentos correccionais engloba considerações especiais relacionadas com o
acesso aos serviços, a privacidade do paciente, confidencialidade, consentimento
informado para o tratamento e a prestação de serviços em um ambiente institucional
cuja principal missão não é saúde, mas a manutenção da segurança. Nesse sentido,
houve um debate ético e de saúde pública considerável sobre se o teste de HIV deve ser
obrigatório nos estabelecimentos correccionais.
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Conclusão

Os profissionais devem manter o sigilo em todo o processo de comunicação, inclusive


evitando que pessoas fora do processo de cuidado acessem o histórico clínico dos
usuários. Ressalta-se que dados sobre a saúde física e mental fazem parte da privacidade
das pessoas e merecem protecção na assistência à saúde. Os usuários possuem o direito
de conhecerem as informações relativas ao seu estado de saúde. As informações
confidenciais dos usuários não devem ser expostas à mídia sem devida autorização dos
pacientes. Ademais, sobre dois assuntos específicos, os profissionais devem garantir o
sigilo nos casos de usuários acometidos por doenças infecto-contagiosas, uma vez que
ninguém perde os seus direitos e não podem ser marginalizadas por causa da infecção
que é acometido. Sob outra perspectiva, profissionais actuantes na área psiquiátrica têm
acesso ao mais íntimo do ser humano e podem, com facilidade, infringir os direitos
humanos mais essenciais e manipular a consciência dos pacientes. Nesse sentido,
destaca-se que o tratamento psicoterápico tem como objectivo a autonomização dos
pacientes e não sua manipulação. A relação clínica estará sendo violada quando os
profissionais desta área utilizarem seus conhecimentos para outros objectivos que não
sejam o bem-estar e o respeito aos direitos dos usuários psiquiátricos
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Referencias Bibliográficas

LOCH, J.A. Confidencialidade: natureza, características e limitações no contexto da


relação clínica. Bioética. v. 11, n. 1, p.51-64, 2003

GOLDIM, J.R. Confidencialidade. Kennedy Institute of Ethics. Bioethics Thesaurus.


Washington: KIE, 1995.

SANTOS, M.F.O; SANTOS, T.E.O; SANTOS, A.L.O. A confidencialidade médica na


relação com o paciente adolescente: uma visão teórica. Rev. Bioét. (Impr) 2012;
20 (2): 318-25.

SILVA, M.L. (Editor). Manual Operacional de Ensaios e Análises para Certificação de


S-RES. Sociedade Brasileira de Informática em Saúde. 2013

MYERS, J.; FRIEDEN, T.R.; BHERWANI, K.M; HENNING, K.J. Privacy and Public
Health at Risk: Public Health Confidentiality in the Digital Age. American
Journal of Public Health. v. 98, n. 5. maio 2008.disponivel aos 19 de maio de
2022 as 17:12

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