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Ética e Deontologia

Privacidade e Confidencialidade dos registos: notas e registos oficiais

A confidencialidade surge a partir de outros princípios morais:

 Beneficência: psicólogo age para proteger o bem-estar do paciente;


 Não maleficência: evitar ações que possam causar danos ao paciente
 Integridade (fidelidade, cumprimento de promessas)
 Respeito pela autonomia do paciente

É essencial para o sucesso da terapia (influencia a relação do terapeuta e do cliente), promove a


privacidade pessoas e a confiança no profissional. Também protege o cliente do estigma (não
partilhamos que X pessoa está a fazer terapia, e assim, protege do estima que pode impedir a
procura da ajuda).

Código OPP

2. Privacidade e Confidencialidade (começa com um princípio principal, com a exposição de regra e


possibilidade de existirem exceções à regra).

Os/as psicólogos/as têm a obrigação de assegurar a manutenção da privacidade e


confidencialidade de toda a informação a respeito do seu cliente, obtida direta ou indiretamente,
incluindo a existência da própria relação, e de conhecer as situações específicas em que a
confidencialidade apresenta algumas limitações éticas ou legais

21. Informação do Cliente (no início do processo terapêutico, devemos falar sobre a
confidencialidade e as suas limitações)
No início da relação profissional, e sempre que se justificar, é discutida com o cliente a
confidencialidade e as suas limitações.

2.2. Privacidade dos Registos (só registamos o que é fundamental para a avaliação)
Os/as psicólogos/as recolhem e registam apenas a informação estritamente necessária
sobre o cliente, de acordo com os objetivos em causa.

2.3. Utilização posterior dos registos (o cliente sobre o tipo de utilização posterior dos registos,
assim como o tempo que esse material será conservado)
O cliente é também informado sobre o tipo de utilização posterior desses registos, bem
como sobre o tempo que esse material será conservado e sob que condições. O arquivo,
manipulação, manutenção e destruição de registos, relatórios ou quaisquer outros
documentos acerca do cliente são efetuados de forma a assegurar a privacidade e
confidencialidade da informação, respeitando a legislação em vigor. No caso de morte ou
incapacidade mental grave do/a psicólogo/a, os registos devem ser selados e
encaminhados para a Ordem dos Psicólogos Portugueses

2.4. Acesso do Cliente à Informação sobre si Próprio


O cliente tem direito de acesso à informação sobre ele próprio e a obter a assistência
adequada para uma melhor compreensão dessa mesma informação.

2.5 Clientes Organizacionais


Quando o cliente é uma entidade institucional ou organizacional, a informação sobre
pessoas obtida no âmbito de atividades avaliativas ou formativas é transmitida a quem a
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solicita, não excedendo aquilo que for considerado estritamente necessário para os
objetivos formulados. Sempre que for possível as pessoas avaliadas devem ter
conhecimento da informação produzida. Contudo, os limites desta informação devem
sempre ser objeto de discussão prévia com as pessoas.

2.6. Interrupção ou conclusão da intervenção


Em qualquer caso de interrupção ou conclusão da relação com o cliente, os/as
psicólogo/as asseguram a manutenção da privacidade da informação relativa ao cliente.

2.7.. Autorização para divulgar informação


Os/as psicólogos/as podem divulgar informação confidencial sobre o cliente quando este,
ou o seu representante legal, der previamente o seu consentimento informado.

2.8. Limites da Confidencialidade


O cliente e outros com quem os/as psicólogos/as mantenham uma relação profissional
(ex., entidade empregadora, colegas, pessoal auxiliar, voluntários, serviços com quem
prossigam uma articulação interinstitucional) são informados e esclarecidos sobre a
natureza da confidencialidade e as suas limitações éticas e legais.
A não manutenção da confidencialidade pode justificar -se sempre que se considere existir
uma situação de perigo para o cliente ou para terceiros que possa ameaçar de uma
forma grave a sua integridade física ou psíquica — perigo de vida, perigo de dano
significativo, ou qualquer forma de maus-tratos a menores de idade ou adultos
particularmente indefesos, em razão de idade, deficiência, doença ou outras condições de
vulnerabilidade.

2.9. Comunicação de informação confidencial


A informação confidencial é transmitida apenas a quem se considerar de direito e
imprescindível para uma intervenção adequada e atempada face à situação em causa. O
cliente é informado sobre a partilha de informação confidencial antes desta ocorrer,
exceto em situações onde tal seja manifestamente impossível, pretendendo minimizar -se
os danos que a quebra de confidencialidade poderá causar na relação profissional.

2.10. Trabalho em Equipa


Quando os/as psicólogos/as estão integrados numa equipa de trabalho, ou em situações
de articulação interdisciplinar e ou interinstitucional, podem transmitir informação
considerada confidencial sobre o cliente, tendo em conta o interesse do mesmo, e
restringindo -se ao estritamente necessário para os objetivos em causa. O cliente deve ter
a consciência e ser esclarecido previamente acerca da possibilidade desta partilha de
informação dentro da equipa de trabalho ou entre os diferentes serviços e profissionais.
Em determinadas circunstâncias, o cliente pode recusar essa partilha de informação
confidencial o que, no limite, poderá obviar a realização dessa mesma intervenção.

2.11. Casos especiais


Quando o cliente é uma criança, adolescente ou adulto particularmente indefeso em razão
da idade, deficiência, doença ou outras condições de vulnerabilidade, pode partilhar -se com
os seus responsáveis legais apenas a informação estritamente necessária para que se
possa atuar em seu benefício e em conformidade com a legislação em vigor.
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2.12. Meios Informáticos
Quando serviços ou informação são fornecidos através de meios informáticos, o cliente é
informado sobre eventuais riscos e limitações relativos à manutenção da privacidade e
confidencialidade.

2.13. Situações didáticas e formativas


Em situações com objetivos didáticos ou outros (ensino, apresentação oral de casos
clínicos ou ilustrativos, publicações escritas, supervisão) é sempre protegida a identidade
do cliente. Se esta partilha de informação puder, de alguma forma, suscitar a possibilidade
de identificação do cliente por parte de terceiros, os/as psicólogos/as devem assegurar -se
de que este dá previamente o seu consentimento informado.

2.14. Situações Legais


Sempre que haja solicitação legal para a divulgação de informação confidencial sobre o
cliente (registos, relatórios, outros documentos e ou pareceres), é fornecida a um
destinatário específico, apenas a informação relevante para a situação em causa, tendo
em conta os objetivos da mesma, podendo haver recusa de partilha de informação
considerada não essencial. O cliente é previamente informado desta situação, bem como
dos conteúdos da informação a revelar, exceto em situações em que tal for
manifestamente impossível.
Caso os/as psicólogos/as considerem que a divulgação de informação confidencial pode
ser prejudicial para o seu cliente, podem invocar o direito de escusa (de acordo com o
disposto no artigo 135.º do Código de Processo Penal).

2.15. Defesa Legal do/a Psicólogo/a


A não manutenção da confidencialidade pode também justificar-se se o/a psicólogo/a for
processado pelo cliente. Nessa situação, o/a psicólogo/a transmite apenas a informação
considerada estritamente necessária por forma a assegurar o seu processo de defesa

Proteção do direito da confidencialidade

1. Preparação
1. Conhecer os direitos dos clientes e a nossa responsabilidade em relação a esses
direitos
2. Conhecer as leis que podem afetar a capacidade de o profissional proteger
informação confidencial
3. Refletir sobre a nossa posição pessoal em relação à confidencialidade e os seus
limites
4. Decidir quando e como vamos voluntariamente limitar a confidencialidade
5. Desenvolver uma plano de repostas ética a situações legais em que somos
obrigados a divulgar involuntariamente informação do cliente
6. Escolher consultores éticos e legais que nos possam auxiliar na tomada de
decisão ética
7. Preparar documentação para consentimento informado
8. Preparar para discutir, em sessão, confidencialidade e seus limites de forma clara
e com linguagem compreensível
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2. Consentimento Informado
1. Informar sobre os limites à confidencialidade que pretendemos impor
2. Explicar possíveis conflitos de interesse ou papeis que possam limitar a
confidencialidade
3. Informar que o consentimento informado destas limitações à confidencialidade é
condição para prosseguir com o processo terapêutico
4. Voltar a esta discussão se/quando as circunstâncias se alterarem
3. Obter CI antes da divulgação voluntária da informação
1. Obter CI voluntário prévio do paciente (sempre que possível) para a divulgação de
informação
2. Informar corretamente o cliente sobre o conteúdo das informações divulgadas e
suas consequências.
4. Resposta ética a pedidos legais de divulgação
1. Informar o cliente que foi requerido legalmente divulgação de informação e de que
o CI do cliente não é necessário
2. Repostas cuidadosa e ética a pedidos de divulgação no sentido de proteger os
direito de confidencialidade até onde for legalmente possível
3. Divulgar apenas informação relevante para o propósito requerido
i. A divulgação da informação segue uma lógica ética, e não de obediência
legal. Preparamo-nos para divulgar informação de forma a proteger a
confidencialidade do cliente tanto quanto seja legalmente possível. [o que é
legalmente obrigatório não é necessariamente eticamente obrigatório].
5. Evitar a divulgação que não tem que ser feita
1. Evitar exceções não-éticas à confidencialidade
2. Alguns dos princípios de clarificação, ampliação e aplicação foram desenvolvidos
para prevenir este tipo de divulgação
3. Evitar divulgação informal (contextos sociais, comentários com colegas não
envolvidos no caso, na supervisão)
4. Evitar divulgação de conteúdos não autorizados em contextos adequados
5. Proteger a identidade dos clientes em apresentações, conferências, etc.
6. Treino de equipa de secretariado (e.g., monitorizar informação escrita sobre
clientes)
6. Falar sobre confidencialidade
1. Supervisão; Formação

Manutenção dos registos

1. Conteúdo dos registos


Determinar o que é necessário para
1- proporcionar uma intervenção adequada
2- assegurar a continuidade da intervenção no caso de morte, incapacidade do/a
psicólogo/a
3- supervisão ou formação
4- documentar tomadas de decisão, especialmente em situações de risco
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5- permitir ao psicólogo responder perante queixas legais

Criar registos coerentes, que descrevam adequadamente a história da intervenção (que sirva quer
o cliente quer o terapeuta). Escrever as notas a partir do pressuposto de que alguém, incluindo o
cliente, pode ter acesso ao seu conteúdo (mesmo que nunca venha a concretizar-se)

2. Registos oficiais vs. notas da terapia


a. Notas de terapia: apontamentos detalhados centrados na análise dos conteúdos
da conversação durante as sessões.
b. Registos oficiais: prescrição medicação e monitorização, início e fim das sessões,
modalidade e frequência da intervenção, resultado de testes clínicos, breve
sumário de diagnóstico, funcionalidade, plano de tratamento, sintomas, progressos
e prognóstico
3. Registos electrónicos
a. Vantagens: armazenamento, acesso e transporte
b. Desvantagens: segurança (não encriptados, ausência de password, duplicação e
eliminação do sistema; se armazenados vários clientes na mesma pen drive,
potencial perigo)
4. Armazenamento registos
a. Quanto tempo? Armazenamento durante 7 anos (adultos), 3 anos (menores após
atingirem a idade adulta) [de acordo com APA]
b. Como devem ser destruídos?: métodos que preservem a confidencialidade e
previnam a descoberta. Simplesmente “apagar” registos informáticos não é
suficiente à importante consultar especialista informático (e.g., desmagnetizar;
destruir fisicamente o local onde o registo está armazenado

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