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Ética e sigilo profissional

Como dissemos na introdução, a responsabilidade não é outra coisa senão a própria eticidade,
necessária nas instituições e em toda a conduta profissional. É a Ética que nos reconduz ao sigilo ou
mesmo segredo profissional. Um bom código de ética prevê sempre o sigilo profissional para a função
desempenhada.

Por Sigilo profissional se entende a manutenção de segredo para informação valiosa, cujo domínio de
divulgação deve ser fechado, ou seja, restrito a um cliente, a uma organização ou a um grupo, sobre a
qual o profissional responsável possui inteira responsabilidade, uma vez que a ele é confiada a
manipulação da informação. Ou seja, o sigilo pode ser compreendido a partir da esfera das técnicas
usadas para estabelecer vínculos de confiança que são norteadores para um desvelar de outras
possibilidades não apenas na psicologia clínica, mas em todos as práticas psicológicas.

Diz-se que o sigilo profissional vai até o limite da transgressão de uma Lei, ou seja, o profissional deve
guardar todas as informações a que tiver acesso, ou vir a tomar conhecimento, em razão de sua
actividade profissional, mas aquelas que não são criminosas, sob pena de ser enquadrado em algum
crime contra a sociedade. (WIKIPÉDIA- Enciclopédia de Consulta livre).

O conceito de sigilo profissional tem evoluído ao longo dos tempos. Durante o período Hipocrático, não
era considerado como um direito do paciente, mas antes um dever do médico, no entanto, estava
sujeito a um processo de "blindagem" forte, pelo que se equiparava ao segredo da confissão. Não
existiam neste período quaisquer bases jurídicas capazes de proteger o doente. Durante o século XIX,
houve um gradual processo de desconstrução da blindagem existente até aí, aproximando-se o sigilo
profissional da esfera jurídica, pelo que poderia ser facilmente revogado sempre que qualquer
autoridade o pretendesse.

No século XX emerge uma nova preocupação pela protecção do sigilo profissional, passando a estar
consagrado no âmbito do direito do cidadão (não apenas como dever do profissional), sendo protegido
na constituição da República (CRM, art. 249), a Convenção sobre os direitos do Homem, e vários códigos
deontológicos, bem como no código Civil e Penal. Desta forma a defesa do sigilo profissional passa a ser
tanto um direito como um dever. Transcende também a esfera médica, pelo que ficam obrigados a
respeitá-lo todo o pessoal com acesso directo ou indirecto a informação de carácter confidencial, devido
à sua profissão/função.

Luban[1] (1992) afirmou que a confidencialidade pode ser justificada por um argumento que tem dois
componentes: o primeiro é instrumental, pois a confidencialidade se justifica porque é necessária para o
exercício profissional, visto que, se não existirem garantias de sigilo, o paciente não revelará as
informações de que o médico, por exemplo, necessita para bem tratá-lo; o segundo é o fato de que a
profissão tem importância em si mesma, haja vista defender certos valores considerados indiscutíveis. O
centro dessa ética deontológica está pautado na identificação e na justificação de deveres que obrigam
o profissional a agir de certa forma, independentemente dos resultados dessa ação. Com base nessa
reflexão surgiram os códigos de atuação profissional. Os códigos deontológicos contêm sugestões e
recomendações de normas adequadas e próprias da vocação profissional, que comprometem e
garantem a qualidade humana e a técnica da atividade profissional.

Quanto mais aberta e transparente for uma sociedade, mais informação chega ao domínio público. Uma
avalanche de informação impossibilita que qualquer cidadão, por mais diligente, acompanhe todos os
acontecimentos.

O parlamento, os encontros com as autoridades públicas locais, as salas de tribunais e as empresas


públicas podem estar abertas ao público. Uma comunicação social profissional e diligente devotada no
esforço quotidiano de examinar minuciosamente toda esta quantidade de informação (com sensatez e
atenta ao interesse público), pautando a sua actuação pelo interesse do cidadão consciente e
comunicando tal informação de um modo honesto, responsável, conciso e acessível.

Neste caso, posto que a Administração se tornou depositária de parcela da intimidade de um cidadão,
cumpre-lhe para com este proceder lealmente. O que vale dizer existe também aqui interesse público
em que o segredo seja mantido. Igualmente nesta hipótese, portanto, ao revelar indevidamente tal
assunto, o servidor estará agindo contra o Estado e infringirá, então, a lei. Note-se que o crime aí
definido se aperfeiçoa independentemente de qualquer dano concreto, real ou potencial, para a
Administração. Basta, para caracterizá-lo, a presença de uma infidelidade do sujeito activo, seguida de
prejuízo meramente moral para o Estado.

Em 2008, entrou em vigor em Moçambique o Sistema Nacional de Arquivos do Estado (SNAE), com vista
a contribuir para o desenvolvimento social. Cultural e cientifico proporcionando aos cidadãos uma
participação activa e consciente da vida do país, isto porque o governo denotou a existência de
problemas de fuga de informação na própria fonte, no caso vertente as instituições do Estado.

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