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Com a Lei de Acesso à Informação foi possível que a sociedade, de uma maneira

geral, tivesse maior liberdade para conseguir se expressar sobre tudo aquilo que diz respeito a
assuntos públicos. O direito constitucional à privacidade, entretanto, acaba por entrar nessa
discussão uma vez que o acesso à informação pode, de certa maneira, entrar em choque com
tal garantia. Através do acesso à informação, a cobrança por transparência na administração
pública pôde começar a ser uma realidade e quem sabe, assim, se tornar uma cultura. Pode-se
dizer que com essa lei estabelecida e aplicada, as pessoas passaram a ter um incentivo maior
para verificar, de forma segura, as mais diversas questões da administração pública.

Apesar de já existir, desde a constituição de 1988, a previsão legal de acesso à


informação, a Lei de Acesso à Informação que entrou em vigor no dia 16 de maio de 2012
regulamentou a maneira como isso poderia e deveria acontecer. Mesmo que haja uma relação
com questões relativas à privacidade, o acesso à informação é garantidor dos preceitos de
democracia, responsabilidade e desenvolvimento social. Não só a lei em si é importante como
também sua ampla divulgação e conhecimento pela sociedade. Apenas dessa maneira, o
governo poderá se relacionar com a população da forma como tem que ser: com as contas
prestadas e com a transparência necessária para o conhecimento geral.

Existem hoje alguns mecanismos que possibilitam que os três poderes sejam
fiscalizados. Seja pessoa física ou jurídica, mesmo sem apresentação de justificativas, é
possível acessar dados que esclarecem o gasto público. A fiscalização pode ser entendida
como um exercício de cidadania. A credibilidade da administração pública é fundamental
para a manutenção de um Estado democrático. Estruturalmente falando, a Lei de Acesso à
Informação consiste em tornar obrigatório que os devidos órgãos públicos organizem suas
informações de forma integral e autêntica.

O direito garantido de acesso à informação, em função da própria constituição,


esbarra em outros direitos fundamentais. Na verdade, todos os demais direitos fundamentais,
assim como o direito de acesso à informação, encontram algumas limitações. Existe, dessa
forma, uma necessidade de conformar esse direito com os demais direitos como, por
exemplo, o direito à privacidade e à intimidade do cidadão. Se por um lado o acesso à
informação permite o exercício da cidadania e de uma plena democracia, por outro lado, ele
pode acarretar numa diminuição da segurança do Estado à medida que se fornece acesso às
informações públicas. A divulgação de informações de interesse público pode ser feita sem
que se sacrifique o direito individual à privacidade. Para isso, a divulgação da informação
deve ser justificada por sua utilidade pública.

Na visão de alguns juristas, algumas informações pessoais não devem ser


divulgadas sem que isso seja, comprovadamente, necessário. O acesso aos contracheques de
servidores públicos, por exemplo, poderia acarretar numa diminuição da segurança dos
mesmos. Com esse entendimento, tais juristas acreditam que o decreto nº 7.724/12, que
entrou em vigor após a Lei de Acesso à Informação vai contra um direito fundamental
garantido pela constituição ao prever que fossem divulgadas as remunerações de servidores
públicos. A divulgação, nesse caso, iria ferir a dignidade da pessoa humana por ir contra os
direitos fundamentais de intimidade e privacidade.

Os documentos públicos foram reconhecidos pela Constituição Federal de 1988


como patrimônio documental do país. Entretanto, desde a constituição de 1934 é possível se
verificar menções à proteção de bens patrimoniais artísticos e históricos. Tais
reconhecimentos favoreceram que se preservasse e se buscasse o maior acesso a tais
documentos. A preservação não deve ser responsabilidade apenas do poder público. Toda a
sociedade tem sua parcela de responsabilidade na proteção do patrimônio cultural. E é,
justamente, essa preservação que vai criar uma ligação da sociedade com o passado e criar
uma identidade. Através dos registros é possível se relembrar a história e, de certa forma,
entendê-la.

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