Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
TEXTO I
Estamos hoje vivendo numa sociedade em que as pessoas se agridem por motivo nenhum.
Um colega olha diferente e você já tira satisfações. Um garçom entrega um prato errado e
você vira a mesa. Alguém disca seu número por engano e você manda longe. Dentro do
ônibus, na fila do banco, na beira da praia: todo local serve de ringue para agressões
desmedidas. Em entrevista, o antropólogo Roberto DaMatta afirma que é enganosa a ideia de
que não toleramos a desigualdade: na verdade, o que não toleramos é a igualdade. Cidadãos
com os mesmos direitos, a mesma liberdade e a mesma importância é uma democracia com
que não estamos acostumados a lidar na prática, só no discurso. No fundo, mantemos uma
atitude aristocrática que nos impede de aguardar a nossa vez e respeitar o espaço do outro.
Porém, em vez de aprofundar essa questão, simplesmente botamos tudo na conta do stress.
Trabalha-se muito, ganha-se pouco: stress. Vários compromissos, pouco tempo para lazer:
stress. Acorda-se cedo, dorme-se tarde: stress. Sem falar no pior dos desaforos: ninguém
reparar que você existe. Existo, sim, olhe aqui: bang! Chá de camomila não resolve. Terapia
coletiva para todos.
TEXTO II
Estamos todos mais irritados do que nunca, mais impacientes do que jamais estivemos. Não
há tempo para nada e nos comportamos como uma bomba-relógio. As pessoas trabalham
estressadas, loucas para voltar para casa. Mas, antes de chegar aos seus ninhos, sabem que
vão enfrentar filas, engarrafamentos, metrô superlotado e ônibus que chacoalham, freiam e
desrespeitam seus usuários. Não há, em quase nenhuma forma de relacionamento hoje, a
delicadeza de ouvir o desejo do outro. Somos todos produtos. Pior, somos produtos xplodindo.
Conviver com o próximo deixou de ser um exercício de respeito e delicadeza para se tornar o
de um caminhar num campo minado. Nossas bombas podem ser detonadas por uma bobagem
qualquer. Retomando o lado mais fraco da corda, o que é preciso é torná-la mais resistente. É
esta a palavra que deve ser adotada como uma reza nos tempos de hoje. O mais importante
para combater as indelicadezas que sofremos todo dia não é reagir e, sim, resistir. E tem mais,
resistir pacificamente. O que mais se espera do outro é a reação violenta. Jamais a delicadeza.
E só para fechar, gentileza gera gentileza.
LISBOA, Claudia. Gentileza gera gentileza. Revista O Globo, 1o mai. 2011, p. 62. (Adaptado).
TEXTO III
REDAÇÃO
Texto
ALVES, Ataulfo
Disponível em: http://letras.terra.com.br/ataulfo-alves/84080/
ABAIXO A OBSOLESCÊNCIA
Nossos avós são de uma época em que a compra de um eletrodoméstico era uma
aquisição para a vida inteira. Uma geladeira, pois, tinha de perdurar por gerações…
Hoje a lógica do mercado é completamente oposta, e nós, consumidores, vivemos um
ciclo constante de compra, reposição e repetição. No início dos anos 1960, o visionário
designer alemão Dieter Rams previu o crescimento desenfreado dessa tendência e
criou um produto que, nos 50 anos seguintes, iria nadar contra a maré: o Sistema
Universal de Prateleiras 606. Trata-se de um produto simples, mas que foi concebido
para durar ad eternum, pois a composição mantém os mesmos padrões desde a
primeira peça comercializada e a montagem é altamente flexível. [...]
O iPad estreou ontem com sucesso nas lojas – físicas e virtuais – do Brasil. As filas
que se formaram ainda na quinta-feira já indicavam o interesse pelo tablet. [...] O
economista Salmo Valentim já tem um iPad, mas não resistiu à novidade. Levou para
casa um modelo mais caro e completo, com 64 GB, Wi-fi e 3G. [...]
Com base nos textos acima e em seus próprios conhecimentos, escreva um texto
dissertativo/argumentativo, expondo sua opinião e suas ideias sobre a sociedade de
consumo e como esse conceito afeta os consumidores, a indústria, o comércio e o
setor de serviços (oficinas de conserto, por exemplo). Aponte vantagens e
desvantagens relacionadas a um ou mais desses grupos.