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nº 146
Um silêncio dramático. Uma escuridão que toma todo o ambiente. Uma pessoa
sozinha diante de um caixão prestes a abri-lo. O que se sucede? Um susto que conquista
o suspiro e até mesmo gritos de toda a sala do cinema. Simultaneamente os
expectadores começam a questionar a verossimilhança do filme: "Ninguém seria burro
assim na vida real...".
E de fato, as pessoas são "burras" assim na vida real. Na verdade não trato como
"burras", mas sim inconsequentes.
O ano é 2020 e as circunstâncias nos mostraram que as pessoas são, de fato, "burras"
assim na vida real. O termo pandemia provém de um vocábulo grego que significa
“união do povo”, entretanto é perceptível que o povo nunca esteve tão desunido. Diante
da expansão de um vírus que alcançou todos os continentes com um rastro infeliz de
traumas e mortes, através de um contágio assustador capaz de comprometer o sistema
respiratório e ainda deixar infecções em outros órgãos vitais, foi emitida uma
recomendação pela competência máxima de saúde do planeta, a Organização Mundial
da Saúde, a qual dispôs como principal defesa contra o antígeno o distanciamento e o
isolamento social, além de uma série de medidas que viessem a efetivar o seu combate,
como o uso de máscaras e o hábito de higiene.
Claro que com os efeitos dessa repentina tragédia, presenciamos casos de pessoas
que tiveram que continuar com seus trabalhos e suas rotinas devida a sua condição
econômica, social, etc. Todavia, não é para elas que dirigimos nossa atenção, mas sim
aos inconsequentes - senão burros, dessa vez sem aspas - que, com acesso ao
conhecimento e condições positivas para permanecer reclusos, expuseram não apenas a
própria vida, como também de todos que os beiram, em uma postura arrojada e
enrustida incapaz de pensar, minimamente, no contágio que estaria permitindo ao
continuar saindo de casa desnecessariamente, desrespeitar o distanciamento entre as
pessoas e negar o uso de máscaras.
Pois bem, pensando no assunto é difícil começar de outro ponto de partida senão a
indiferença. A Era Contemporânea diferencia-se, dentre tantos outros fatores, da
Antiguidade pelo enfoque observado na ação dos homens. Não existe mais aquela rotina
dedicada aos estudos, ao aperfeiçoamento do espírito e à prática direta da vida política e
da filosofia. A ação humana hoje é direcionada à subsistência, transformando o animal
político ("zoon politikon", de Aristóteles) no animal do trabalho ("animal laborans", de
Hannah Arendt), dedicado a manter o seu consumismo trabalhando cegamente,
enxergando no trabalho a sua sobrevivência.
Sejamos o limite que confronta esse mal, combatendo-o de frente com o brilho das
nossas velas. Levemos amor e união onde se cultivam as discussões, como aprendemos
com a chama do Amor filial; depositemos fé onde predomina a desesperança,
aquecendo os necessitados com o calor da chama da Reverência pelas Coisas Sagradas;
carregando nossos bons modos onde vive a indelicadeza, encantando as pessoas com o
brilho da Cortesia; emanando harmonia onde predomina a displicência, carregando
firmemente a missão de promover o companheirismo; levando princípios onde se carece
de valores, como prova da fidelidade que assumimos ao nos tornarmos membros dessa
ordem; sendo exemplo de bondade e limpidez de pensamentos, palavras e ações ao
insistir a descomunhão, defronte qualquer ameaça à pureza; e assumindo o dever de ser
brasileiro e defender nossos compatriotas de qualquer mal que atinja a sua vida,
dispondo-nos, inteiramente à sua defesa, como aprendemos com a importante lição do
patriotismo.
Sendo assim, tendo em vista atitudes que afastem nossa realidade de um filme de
terror, há de ser mister a atuação de todos os irmãos em prol de uma verdadeira luta a
favor dos bons valores e costumes, despertando compaixão no espírito das pessoas e
concedendo ao mundo a sua energia para seguir lutando. Não devemos nunca nos
afastar dos nossos valores, somente eles são capazes de guiar as pessoas para bons
caminhos, e silenciando os jovens estaremos, irremediavelmente, construindo um futuro
mudo. Afinal, como dizia Frank Sherman "Dad" Land: "O princípio é o que importa".
ID: 65933
GCE: SE
Elaboração: 21/10/2020