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FACULDADE DE EDUCAÇÃO
CAMPINAS, SP
2019
ANGELA MARIA GONÇALVES DE OLIVEIRA
CAMPINAS, SP
2019
Ficha catalográfica
Universidade Estadual de Campinas
Biblioteca da Faculdade de Educação
Rosemary Passos - CRB 8/5751
TESE DE DOUTORADO
COMISSÃO JULGADORA
2019
DEDICATÓRIA
Ao meu Deus, pelo dom da vida e pela oportunidade de vivenciar mais uma
etapa no meu processo de formação.
Um agradecimento especial à minha família, que soube compreender minha
ânsia pela busca do conhecimento.
Aos meus pais: in memoriam. Ana Gonçalves e Francisco Vilaça. Os principais
responsáveis pela minha formação que, com certeza, onde estiverem, estão orgulhosos
de mim, como sempre demonstraram.
Aos meus filhos: Kesiane, Andreson, Tiago e Joyce. Apesar da ausência em suas
vidas, em seus problemas e em suas alegrias, é a vocês que entrego esta vitória! Vocês
que são minha vida, meu mundo, meu tudo, meus eternos amores!
Aos meus netos e, em especial às minhas netas-filhas: Bia e Gabi. Por não estar
perto de vocês quando mais precisaram; por não acompanhar o crescimento de vocês,
por não desempenhar minha função de vó-mãe. E mesmo assim, sei que vocês amam!
A todos os meus filhos do coração, aos quais meu amor por eles não é menor
que pelos biológicos, em especial ao Caio Biase, que sempre chega a mim com uma
palavra de carinho e consolo. Obrigada pelo amor de vocês!
Aos meus irmãos: Fernando, Carlos, Jair e Tadeu que sempre estiveram ao meu
lado, quer seja com uma palavra de carinho e incentivo, ou com um puxão de orelha.
Obrigada manos!
Às minhas cunhadas, em especial à Cinthia, que, no decorrer desse processo e
diante dos meus muitos momentos de fraqueza, esteve ao meu lado, incentivando-me a
continuar com meu projeto.
Às muitas amizades que fiz nesses quatro anos em Campinas, amigos esses que
foram a minha família nesta cidade: Samara Oliveira, Lucia Ceccon, Nádia Drabach,
Lucelma Braga, Sérgio Evangelista, Andreia Abbiati, Katya Lacerda Fernandes, Rayane
Gasparelo que me ajudaram a conviver com a ausência da minha família.
Às minhas amigas da UFAM: Zilda Gláucia, Adriana Medeiros, Juliane Quirino,
Elis Alves, Eulina Nogueira, Irene Cibele que, com a experiência do doutoramento e a
ausência dos amigos e família, ajudaram-me a suportar os nós que surgiram nesse
processo.
À Universidade Federal do Amazonas, por seguir as normativas e me conceder a
liberação para o meu processo de doutoramento.
À Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas – FAPEAM. Edital
003/2015 - RH Interiorização, pelo apoio financeiro concedido para a realização da
pesquisa.
#ELENÃO!
Movimento nacional criado em 2018, por mulheres lutando contra o machismo a
misoginia do então candidato à Presidência da República Jair Bolsonaro. Movimento
que participei ativamente!
Não poderia deixar de manifestar minha dor à destruição que sofre hoje minha
Amazônia.
LAMENTO DE RAÇA
Boi Garantido
Autor: Emerson Maia
O direito à educação foi consolidado pela Constituição Federal de 1988 e afirmado pela
Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei N° 9394/96. Criada como uma
estratégia para a garantia do direito à educação, a Educação em Tempo Integral, passou
a ser objeto de políticas educacionais do Governo Federal e de vários entes federados. O
estado do Amazonas em 2002 iniciou uma Política de Educação em Tempo Integral.
Este trabalho se propôs a investigar a seguinte questão de pesquisa: A política de
Educação em Tempo Integral do Estado do Amazonas promoveu a materialização do
direito à educação? Teve como objetivo geral: analisar a política de Educação em
Tempo Integral no estado do Amazonas, tendo em vista o cumprimento do direito à
educação de acordo com os princípios constitucionais quanto às condições de acesso,
permanência e qualidade. A partir de uma abordagem metodológica qualitativa,
utilizamos como procedimentos metodológicos, a revisão bibliográfica, a análise
documental da legislação e documentação oficial, assim como dos Projetos Políticos
Pedagógicos em três Centros de Educação em Tempo Integral - CETIs, pertencentes à
rede estadual de educação do estado do Amazonas, sendo esse, nosso lócus de pesquisa.
Analisamos também dados estatísticos do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas
Educacionais Anísio Teixeira – Inep. O recorte temporal dessa pesquisa referiu-se ao
período de 2010 a 2017. Na dimensão acesso verificou-se que na criação dos CETIs, o
critério meritocrático prevaleceu na seleção dos estudantes ingressantes, sendo
incorporados outros critérios mais abrangentes, como a delimitação geopolítica ao longo
do período analisados. Em relação a dimensão permanência a distorção idade série foi
um problema presente, entretanto, os dados apresentaram a redução nas taxas de
reprovação e abandono, o que possibilitou um maior número de estudantes a prosseguir
sua trajetória escolar. Na Dimensão qualidade, a investigação revelou um movimento de
ampliação paulatina de docentes com formação em nível superior da equipe dos CETIs,
entretanto, verificou-se um descompasso entre a formação docente e área de
conhecimento em que atuava, assim como a relação intensa entre o tempo que o docente
dedicava a várias escolas e classes, implicando diretamente na intensificação do esforço
profissional para o magistério. A promoção de contratação de professores concursados
ao longo do período investigado, demostrou um processo de estabilização do quadro
docente, favorecendo o desenvolvimento do Projeto Político Pedagógico e,
consequente, de um ensino de qualidade. Verificou-se que o Projeto de Educação em
Tempo Integral do estado do Amazonas apresentou um movimento na direção da
materialização do direito à educação.
The right to education was consolidated by the Federal Constitution of 1988 and
affirmed by the Law of Guidelines and Bases of National Education, Law No. 9394/96.
Created as a strategy for guaranteeing the right to education, full-time education has
become the object of educational policies of the Federal Government and several
federated entities. The state of Amazonas in 2002 initiated a Full Time Education
Policy. This paper aimed to investigate the following research question: Did the
Amazonas State Full-time Education policy promote the materialization of the right to
education? It had as its general objective: to analyze the policy of Full Time Education
in the state of Amazonas, in view of the fulfillment of the right to education in
accordance with the constitutional principles regarding the conditions of access,
permanence and quality. From a qualitative methodological approach, we used as
methodological procedures, the literature review, the documentary analysis of the
legislation and official documentation, as well as the Pedagogical Political Projects in
three Centers of Full Time Education - CETIs, belonging to the state education network
of the Amazonas state, this being our locus of research. We also analyzed statistical data
from the National Institute for Educational Studies and Research Anísio Teixeira - Inep.
The timeframe of this research referred to the period from 2010 to 2017. In the access
dimension, it was found that in the creation of CETIs, the meritocratic criterion
prevailed in the selection of new students, and other broader criteria were incorporated,
such as the geopolitical delimitation along of the period analyzed. Regarding the
dimension permanence the distortion age grade was a present problem, however, the
data showed a reduction in failure and dropout rates, which allowed a larger number of
students to continue their school career. In the Quality Dimension, the investigation
revealed a gradual expansion of teachers with higher education level of the CETIs team,
however, there was a mismatch between the teacher education and the area of
knowledge in which it worked, as well as the intense relationship between time that the
teacher devoted to various schools and classes, directly implying the intensification of
professional effort for teaching. The promotion of the hiring of teachers in the course of
the research period showed a process of stabilization of the teaching staff, favoring the
development of the Pedagogical Political Project and, consequently, of a quality
teaching. It was found that the Amazonas State Full-Time Education Project presented a
movement towards the materialization of the right to education.
Keywords: Right to education; Full time education; Education in the state of Amazonas.
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 7 - Mapa do Amazonas com suas microrregiões e municípios - 1980 ......... 146
TABELA 30 - Taxa de adequação docente nos anos iniciais – Rede Federal, Estadual,
Municipal e Privada Amazonas – 2013 a 2017. ........................................................... 221
TABELA 38 - Rendimento Escolar, por série dos anos finais do ensino fundamental -
CETI Prof. Garcitylzo, Dra. Zilda e João Braga - Manaus-Amazonas, 2010 a 2017. . 300
TABELA 39 - Rendimento Escolar Ensino Médio - CETI Prof. Garcitylzo, Dra. Zilda e
João Braga - Manaus-Amazonas, 2010 a 2017. ........................................................... 306
TABELA 40 - Rendimento Escolar por série no Ensino Médio - CETI Prof. Garcitylzo,
Dra. Zilda e João Braga - Manaus-Amazonas - 2010-2017. ........................................ 308
TABELA 44 - Média de alunos por turma - CETI Prof. Garcitylzo, Dra. Zilda e João
Braga – Manaus-Amazonas, 2010-2017. ..................................................................... 321
TABELA 45 - Média de horas-aula diária – CETI prof. Garcitylzo, Dra Zilda Arns,
João Braga - Manaus-Amazonas, 2010-2017. .............................................................. 325
Tabela 46 - Indicador do Nível Socioeconômico dos CETI Prof. Garcitylzo, Dra. Zilda
Arns, João Braga – Manaus-AM – 2013, 2015. ........................................................... 331
TABELA 47 - Ideb observado e metas projetadas para CETI Prof. Garcitylzo, Dra.
Zilda e João Braga – Manaus-AM – 2011-2017. ......................................................... 342
TABELA 48 - Percentual de docentes que atuam nos anos iniciais por nível de esforço
necessário para o exercício da profissão. CETI Prof. Garcityulzo, Dra. Zilda Arns, João
Braga – Manaus-AM – 2013-2017. .............................................................................. 353
LISTA DE GRÁFICOS
GRÁFICO 17 - Taxa de concluinte dos anos finais – CETI Dra. Zilda Arns – Manaus-
AM 2010 a 2017. .......................................................................................................... 303
GRÁFICO 18- Taxa de concluinte dos anos finais – CETI João Braga – Manaus-AM
2010 a 2017. ................................................................................................................. 304
GRÁFICO 27 - Ideb observado nos CETIs Prof. Garcitylzo, Dra. Zilda Arns, João
Braga - Manaus-AM – 2011-........................................................................................ 343
GRÁFICO 33 - Percentual de docentes que atuam nos anos Finais por nível de esforço
necessário para o exercício da profissão. CETI Prof. Garcitylzo, Dra. Zilda Arns, João
Braga – Manaus-AM – 2013-2017– Manaus-AM – 2013-2017. ................................. 355
GRÁFICO 34 - Percentual de docentes que atuam no ensino médio por nível de esforço
necessário para o exercício da profissão. CETI Prof. Garcityulzo, Dra. Zilda Arns, João
Braga – Manaus-AM – 2013-2017– Manaus-AM – 2013-2017. ................................. 356
GRÁFICO 35 - Taxa de docentes por contrato de trabalho – CETI Prof. Garcitylzo, Dra.
Zilda Arns, João Braga – 2013-2017. ........................................................................... 357
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 30
Procedimentos metodológicos...................................................................................... 38
2.1.1 A Políticas educacionais no Brasil: de FHC (1995) a Michel Temer (2017). ....... 83
2.2 Educação integral e Educação em Tempo Integral: aproximações conceituais ..... 103
2.3.1 O Centro Educacional Carneiro Ribeiro: Uma proposta de Anísio Teixeira ...... 106
2.3.3 Os Centros Integrados de Educação Pública – CIEPs de Darcy Ribeiro ............ 113
2.3.4 O “Projeto Minha Gente” e os Centros de Atenção Integral à Criança (CAIC) . 116
5.2 Caracterização dos Centros de Educação em Tempo Integral - CETIs .................. 275
CONCLUSÃO............................................................................................................. 361
INTRODUÇÃO
suas responsabilidades para com a educação. De acordo com o discurso das propostas
neoliberais, as famílias teriam a oportunidade de escolha na busca pela melhor educação a
seus filhos. Tais estratégias, no entanto, inviabilizam a materialização do direito à educação.
O direito à educação, de acordo com Bobbio (2004), está relacionado aos direitos
sociais e fundamentais do ser humano. Corresponde aos direitos dos quais nenhuma pessoa
pode ser espoliada, sendo condição sine qua non para garantia dos demais direitos (SAVIANI,
2013a). Esse direito deveria ser materializado por meio de políticas públicas capazes de
garantir a formação do sujeito em suas múltiplas dimensões, de modo a possibilitar a
oportunidade de sair da condição de sujeito consumidor para tornar-se sujeito de direito
(DUARTE, 2004).
Definido como Estado Democrático de Direito na Constituição Federal de 1988
(BRASIL, 2016, art. 1º), o Brasil declarou, entre outros direitos sociais, o direito à educação,
que deveria ser materializado por meio das políticas públicas. No capítulo III, artigo 205 da
Carta Magna de 1988, a educação foi definida como “direito de todos e dever do Estado e da
Família” (BRASIL, 2016). Vista constitucionalmente como dever do Estado e da família, a
educação resguarda ao cidadão o desenvolvimento de sua condição humana de forma a lhe
possibilitar uma formação enquanto sujeito consciente de seus direitos e deveres.
Mesmo com a garantia Constitucional, o direito à educação no Brasil foi
fortemente afetado pela Reforma do Estado, que efetivou uma nova gestão pública (new
public management), ocorrida na década de 1990, durante as duas gestões (1995-1998 e 1999-
2002) do governo de Fernando Henrique Cardoso-FHC, do Partido da Social Democracia
Brasileira (PSDB). De acordo com Frigotto e Ciavata (2003), durante o governo de FHC, foi
inaugurada no Brasil uma série de políticas educacionais de acordo com a ideologia neoliberal
definida no Consenso de Washington1.
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional - LDB 9394/96, após um
grande período de tramitação, permeada por dezenas de emendas da base aliada do governo,
foi aprovada por meio da Lei 9.394, de 20 de dezembro de 1996 (BRASIL, 1996). De acordo
com Saviani (1997), essa lei foi aprovada com forte caráter minimalista, sendo rejeitada em
1
A expressão Consenso de Washington surgiu em 1990, em euforia liberal em que se generalizavam processos
de transição para a economia de mercado. Significava um modelo de política econômica defensor da
privatização, da abertura ao investimento estrangeiro, da liberalização do comércio internacional e duma política
monetária e orçamental orientada para a estabilidade de preços e o equilíbrio das finanças públicas. Realizado
em 1989 em Washington, nos Estados Unidos da América, tinha como pauta principal difundir a ideologia
neoliberal em combate à grave crise econômica que assolava o mundo e, especificamente, a América Latina
(MURTEIRA, 2008).
32
sua aprovação, muitas das propostas dos educadores comprometidos com uma educação
democrática e com fortes características do Estado mínimo efetivado no Brasil.
A LDB, no artigo 2º, ratificou a Constituição Federal determinando três
finalidades para a educação: “o pleno desenvolvimento do educando”, “seu preparo para o
exercício da cidadania” e “sua qualificação para o trabalho”.
Essas três finalidades da educação correspondem ao que compreendemos como
uma educação integral (GANZELI, 2017), que poderá ser materializada pela educação em
tempo integral. Em relação à temática da Educação em Tempo Integral, a LDB também
determinou no artigo 34 que o Ensino Fundamental fosse progressivamente ampliado de 4h
diárias para o tempo integral.
Embasado no artigo 34 da LDB, o PNE 2001-2011, aprovado pela Lei n° 10.172
de 9 de janeiro de 200, com vistas à universalização do Ensino Fundamental, estabeleceu
como uma de suas diretrizes: “Nos cinco primeiros anos de vigência deste plano, o ensino
fundamental deverá atingir a sua universalização, sob a responsabilidade do Poder Público,
considerando a indissociabilidade entre acesso, permanência e qualidade da educação escolar”
(Brasil, 2001). Dentre os objetivos do plano, constava:
De acordo com o autor, o PDE foi implantado sem considerar o Plano Nacional da
Educação (PNE) - 2001/2011 que estava em vigor.
Dentre os vários programas que constavam do PDE, estava o Programa Mais
Educação (PME), oficializado por meio da Portaria Normativa Interministerial nº- 17, de abril
de 2007, cujo objetivo era “contribuir para a redução da evasão, da reprovação, da distorção
idade/série, mediante a implementação de ações pedagógicas para melhoria de condições para
o rendimento e o aproveitamento escolar” (BRASIL, 2007b).
Para Leclerc; Moll (2012), o Programa Mais Educação (PME) fomentou a
educação em tempo integral, como forma de possibilitar o desenvolvimento humano em suas
múltiplas dimensões. Nesse discurso, a educação em tempo integral foi reconhecida como
política positiva para o enfrentamento das desigualdades sociais e educacionais a partir do
processo interinstitucional, agregando diferentes instituições que se tornaram corresponsáveis
pela formação dos estudantes. O Programa Mais Educação (PME) constituiu-se como um
programa indutor aos entes federados de políticas e programas de educação em tempo integral
(OLIVEIRA; GOUVEIA; ARAUJO, 2018).
De acordo com Oliveira (2009), somente no segundo mandato do governo Lula
que as políticas educacionais se caracterizaram como políticas consistentes e permanentes,
35
2
A presidente eleita Dilma Roussef foi vítima de um Golpe de Estado quando o então presidente da Câmara dos
Deputados, Eduardo Cunha, abriu o processo de impeachment contra a presidente, alegando crime de
responsabilidade com respeito à lei orçamentária e à lei de improbidade administrativa – as decantadas
“pedaladas fiscais”[2]; No dia 17 de abril, o plenário da Câmara aprovou o relatório favorável ao impedimento
da presidente, numa sessão em que parlamentares indiciados por corrupção e réus em processos diversos
dedicaram seu voto a Deus e à família, numa espetacularização execrável da política; em 12 de maio, o Senado
Federal também aprovou a abertura do processo que culminou no afastamento de Dilma Rousseff da presidência
(JINKINGS, 2016).
36
sobre a busca ativa de adolescentes de 15 a 17 anos, garantindo não somente o acesso dos
estudantes às escolas, mas também sua permanência. A meta 7 foi composta por um conjunto
de 36 estratégias voltadas para a qualidade do ensino por meio das avaliações em larga escola,
“sem alusão explícita à ampliação da jornada escolar para o tempo integral” (COELHO, 2016.
p.106).
Compreendemos que o PNE 2014-2024, ao determinar a meta sobre a Educação
em Tempo Integral criou também estratégias para a garantia do acesso, permanência e
qualidade do ensino conforme os princípios constitucionais determinados no artigo 206 da
pela Constituição Federal de 1988, especificamente nos incisos: “II – igualdade de condições
para o acesso e permanência na escola” e “VII – garantia de padrão de qualidade” (BRASIL,
2016).
De acordo com Oliveira; Araújo (2005), os princípios Constitucionais de acesso,
permanência e qualidade foram compreendidos como enunciados básicos e normativos
contemplando situações e demandas para a garantia do direito à educação como direito
público subjetivo e, como tal, deveriam estar articulados a um conjunto de variáveis materiais
que possibilitassem o melhor desempenho intelectual, físico, ético e moral dos estudantes, ou
seja, a educação integral a ser efetivada em tempo integral.
No que concerne à educação em tempo integral, de acordo com Ganzeli (2017), é
uma concepção que se propõe a formar o sujeito de direito atendendo-o na sua integralidade.
É nesse sentido que defendemos a efetivação de políticas públicas de educação em tempo
integral que ultrapassem o simples processo de extensão da jornada escolar e os conteúdos
hierarquizados e fragmentados, os quais contribuem para a manutenção e reprodução da
sociedade desigual.
Com base em Manacorda (2007), a educação integral deve transcender uma
educação unilateral e possibilitar um processo de educação omnilateral, que promova a
humanização do sujeito em todas suas dimensões formativas.
No caso do estado do Amazonas, em 2002, foi iniciado um projeto de educação
em tempo integral nas escolas da rede estadual de ensino.
O Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) publicou em 2013 um
relatório cujo título era: “Percursos da educação integral em busca da qualidade e da
equidade”. O capítulo 03 tratou sobre as experiências exitosas de Educação em Tempo
Integral existente no país, dentre as quais, a do estado do Amazonas.
De acordo com o documento, “O Estado do Amazonas iniciou sua experiência
com escolas de tempo integral em 2002, ao implantar dois projetos-piloto, no Município de
37
Manaus, nas escolas Marcantonio Villaça e Petrônio Portela” (UNICEF, 2013, p. 52). Esses
projetos foram efetivados no último ano de mandato da gestão de Amazonino Armando
Mendes, do Partido Democrático Trabalhista (PDT), (gestão 1995-1998 e 1999-2002).
De acordo com Maciel, at. al (2016), na gestão de Carlos Eduardo de Sousa Braga
(2003-2006 e 2007-2010), do Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB), o
governo ampliou esse modelo de ensino adaptando algumas escolas para o atendimento em
tempo integral criando com isso as Escolas Estaduais de Tempo Integral – EETIs.
A partir dessa experiência de educação em tempo integral, esse modelo de
educação passou a fazer parte da agenda de governo do estado do Amazonas, sendo pauta de
propostas governamentais, conferências e planos estaduais.
Em 2007, foi realizada a Conferência de Educação do Estado do Amazonas na
segunda gestão de Carlos Eduardo de Sousa Braga3, cujo eixo 02 “Democratização Da Gestão
Educacional” tinha como meta 35 “Implantar gradativamente num prazo de 10 (dez) anos o
Tempo Integral em todas as Escolas da Rede Estadual e Municipal de Educação, em todos os
níveis de ensino” (AMAZONAS, 2007, p. 15).
Em 2008, a Secretária de Estado de Educação e Qualidade do Ensino (SEDUC)
elaborou a primeira Proposta Pedagógica de Educação em Tempo Integral e o Conselho
Estadual de Educação do estado do Amazonas (CEE/AM) aprovou a Resolução n°112/2008
autorizando o funcionamento das escolas em tempo integral que, desde 2002, atuavam nessa
modalidade de ensino (CEE/AM, 2008).
Para materialização do referido projeto, o governo do estado criou os Centros de
Educação em Tempo Integral – CETI. Esses Centros foram planejados com estrutura física e
pedagógica adequada para o funcionamento condizente ao que se propunha o projeto
pedagógico das escolas de tempo integral. Em 2010, foi inaugurado, em Manaus, o primeiro
CETI e, em 2011, em Parintins, interior do estado.
Seguindo as orientações do PNE 2001-2011, o estado do Amazonas elaborou seu
Plano Estadual de Educação, aprovado pela Lei n. º 3.268, de 7 de julho de 2008. Dentre as
metas do plano, estava a “Implementação gradativa do tempo integral na Escola, objetivando
a melhoria do processo de aprendizagem dos estudantes e, por conseguinte, dos indicadores
educacionais do Estado” (AMAZONAS, 2008; p. 25).
Em 2011, o Conselho Estadual de Educação do estado do Amazonas (CEE/AM)
aprovou a Resolução n°. 17/2011, regulamentando o funcionamento do Ensino Fundamental e
3
Governador reeleito.
38
Ensino Médio ofertado em Tempo Integral em 22 escolas que atuavam com educação em
tempo integral desde a implantação do projeto piloto em 2002. A proposta tinha como
objetivo contribuir para a formação de cidadãos éticos, comprometidos com a justiça, com a
solidariedade e com a igualdade de direitos. De acordo com o discurso do projeto, o estado do
Amazonas se propunha a oferecer uma educação em tempo integral que contribuísse para a
formação do ser humano em suas múltiplas dimensões (AMAZONAS, 2011, p. 03).
Considerando as políticas educacionais aqui apresentadas, efetivadas a partir de
um discurso para a materialização do direito à educação, este trabalho se propôs a responder a
seguinte questão de pesquisa: O Projeto de Educação em Tempo Integral no Estado do
Amazonas promoveu a materialização do direito à educação?
Segundo Oliveira; Araújo (2005), podemos dizer que a materialização do direito à
educação pode ser considerada pelas “dimensões” de acesso, permanência e qualidade. Com o
intuito de responder à questão de pesquisa, estabelecemos como objetivo geral: analisar o
Projeto de Educação em Tempo Integral no estado do Amazonas, tendo em vista o direito à
educação de acordo com os princípios constitucionais de acesso, permanência e qualidade.
Procedimentos metodológicos
QUADRO 2 - Teses de doutorado sobre a temática de Educação em Tempo Integral publicadas em 2017.
ANO DE
TÍTULO AUTOR UNIVERSIDADE
DEFESA
O direito à educação em questão: as
Patricia Moulin Universidade Federal de
tensões e disputas no interior do 2017
Mendonca, Minas Gerais
programa Mais Educação
A relação entre currículo e educação
integral em tempo integral: um estudo Madison Rocha Universidade Federal do
2017
a partir da configuração curricular do Ribeiro, Pará
Programa Mais Educação
A formação e o trabalho docente na Glaucia Fabri Universidade Federal de
2017
escola de tempo integral Carneiro Marques Juiz de Fora
Continua
41
Continuação
ANO DE
TÍTULO AUTOR UNIVERSIDADE
DEFESA
Programas governamentais para a
educação em tempo integral no Brasil Elisangela Maria Universidade Estadual
2017
e Portugal: implicações sobre as Pereira de Campinas
desigualdades educacionais
O currículo praticado no contexto do
Programa Mais Educação: concepções, Vinicios Rocha de Universidade Federal do
2017
práticas e limitações da educação Souza Ceará
integral
A falácia da educação integral sob o
Paulo Aparecido Universidade Federal do
domínio imperialista: um estudo do 2017
Dias da Silva Amazonas
programa mais educação em Rondônia
Direito à educação nos países Universidade Estadual
Kellcia Rezende
membros do Mercosul: um estudo 2017 Paulista Júlio de
Souza
comparado Mesquita Filho
Fonte: Catálogo de teses e dissertações da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior –
CAPES, 2017.
Ano de
Título Autor Universidade
Defesa
O Ensino Médio nas Escolas de Janilce Negreiros Universidade Federal do
2012
Tempo Integral Ferreira Amazonas.
Política Estadual de Educação
Integral para o Ensino Médio no Sirlei Adriani do
Universidade Federal de
Amazonas: Um estudo sobre a Santos Baima 2016
Juiz de Fora.
implantação do Tempo Integral em Elisiário
uma escola de Manaus
O Sistema Público de Educação de
Tempo Integral em Manaus e as Cintia Adélia da Universidade Federal de
2017
possibilidades da Educação Integral Silva Rondônia.
Politécnica
Fonte: Catálogo de teses e dissertações da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior –
CAPES, 2012, 2016, 2017.
Rendimento escolar
Distorção Idade-Ano
Permanência
Média aluno-turma
Média Hora-aula diária
Aspectos
Nível socioeconômico dos alunos
Extraescolares
Qualidade Currículos e projetos pedagógicos
Aspectos
intraescolares Avaliação Externa
Docentes: formação e profissionalização
Fonte: Elaborado pela autora a partir de estudos dos Projetos Políticos Pedagógicos dos CETI.
4
Corresponde a quatro mandatos devido à cassação, pelo TSE, do mandato do governador José Melo e seu vice
em 2017. Com isso, o TSE convocou eleição suplementar para governador do Amazonas sendo eleito o Sr.
Amazonino Mendes para um mandato de 2017-2018.
46
Este capítulo tem como objetivo analisar a Reforma do Estado no Brasil, suas
implicações no processo de materialização do direito à educação, assim como a relação entre
a Reforma do Estado e as políticas públicas efetivadas no Brasil a partir dos anos de 1990.
De acordo com Aguillar (2013),
Latina, a maioria da população se tornou mais pobre tendo em vista a prioridade da política
econômica em detrimento das políticas sociais. Assim, os países de economia mais
desenvolvida “se viram outra vez acostumando-se com a visão diária de mendigos nas ruas, e
mesmo com o espetáculo mais chocante de desabrigados protegendo-se em vãos de portas e
caixas de papelão, quando não eram recolhidos pela polícia” (HOBSBAWM, 1998, p. 314).
Foi um período de estagnação econômica dada a agressiva retração da produção industrial, o
alto índice de desemprego e, consequentemente, o aumento de miseráveis e sem teto, como
resultado da ampliação da desigualdade social e econômica dessa nova era.
Diante dessa grave crise mundial, os intelectuais, pensadores do International
Institute for Economy (IEE), tomaram a decisão de se reunir para discutirem as reformas
necessárias para que a América Latina saísse da crise de estagnação, de inflação, de recessão e
da dívida externa em que se encontrava e assim retomar o caminho do crescimento, do
aumento da riqueza, do desenvolvimento e, quiçá, da igualdade social. Segundo Fiori (1996),
foi realizado em 1989 em Washington, capital Norte americana, o Consenso de Washington5,
cuja pauta principal era difundir a ideologia neoliberal com o objetivo de combater a crise
econômica enfrentada pela América Latina.
As propostas que saíram dessa reunião foram incorporadas à agenda
governamental dos países da América Latina e baseadas em critérios elaborados pelo Fundo
Monetário Internacional (FMI) e pelo Banco Internacional para Reconstrução e
Desenvolvimento (BIRD). Os participantes da Conferência defendiam a existência de um
Estado forte, capaz de anular o poder dos sindicatos e, desta forma, efetivar medidas para a
diminuição dos gastos públicos sociais na intenção de possibilitar novamente o crescimento
da economia (CANDELORI, 2002).
De acordo com Bresser-Pereira (1991), o Consenso de Washington defendia dez
reformas que poderiam ser traduzidas em duas grandes vertentes. Uma delas seria a de
promover a estabilização da economia através do ajuste fiscal e da adoção de políticas
econômicas, sendo o mercado o grande regulador dessas políticas. A outra referia-se às
diferentes formas de redução do tamanho do Estado, isto é, à efetivação de um Estado
Mínimo. Tendo em vista o diagnóstico, apresentado na reunião, de que a crise latino-
5
Sobre Consenso de Washington, ver nota de rodapé 01. De acordo com Bresser-Pereira (1991), existia, em
Washington e nos países desenvolvidos da Organização de Cooperação e de Desenvolvimento Económico
(OECD), uma espécie de consenso sobre a natureza da crise latino-americana e sobre as reformas necessárias
para superá-la.
49
6
A Administração pública burocrática se caracteriza pela profissionalização, pela ideia de carreira, de
hierarquização funcional, impessoalidade, formalismo, em síntese, pelo poder racional legal. O controle
administrativo visa evitar a corrupção e o nepotismo (COSTA, 2010).
7
A Administração pública gerencial é orientada predominantemente pelos valores da eficiência e da qualidade
na prestação dos serviços públicos e pelo desenvolvimento de uma cultura gerencial nas organizações (IDEM).
8
Por governança, Dror (1999) conceitua-o como a capacidade do governo para tecer o futuro, para organizar o
Estado, não reprimindo ou ignorando atividades essenciais, mas arquitetando-as de acordo com as necessidades
da população para que esta possa ter uma vida melhor.
50
pública, para a equidade e para a qualidade na educação 9. Contudo, tendo em vista o caráter
neoliberal dessas políticas, que, como tal, tem a prevalência do mercado financeiro em
detrimento das políticas sociais, as políticas efetivadas, com ênfase na desburocratização e
descentralização, apenas reforçaram a má qualidade e a desigualdade no sistema escolar.
Na educação, a administração pública gerencial (New Public Management)
implantou o ideário neoliberal numa perspectiva gerencialista denominada de “educação de
qualidade”, voltada exclusivamente para a formação do indivíduo visando o atendimento ao
mercado de trabalho, em detrimento de uma formação integral.
Para os defensores do neoliberalismo, as reformas eram necessárias e
imprescindíveis para a superação da crise educacional e, consequentemente, para a efetivação
de uma educação de qualidade. Com esse discurso, a ideologia neoliberal colaborou com a
construção e difusão de um novo senso comum dando legitimidade às reformas impulsionadas
pelo bloco dominante, com respaldo e parecer favorável, num sentido gramsciano, dos seus
intelectuais orgânicos de filosofia neoliberal. Sobre essa questão, Gentili (1996, p. 11) afirma
que:
Não bastava apenas a efetivação das reformas. Antes de tudo, era preciso que elas
fossem aceitas como receitas milagrosas, reconhecidas e até exigidas pelo público
beneficiado. Seria preciso que elas fossem tomadas como algo natural e necessário para
resolver os problemas educacionais, isto é, teriam que ser vistas como reformas que visassem
à criação ideológica de um novo senso comum hegemônico. Para tanto, buscou-se a
incorporação de uma “nova linguagem” reafirmando um pensamento único de reformas para
superação da crise educacional e transformação na realidade educacional.
De acordo com Gentili (1995), tratava-se de uma cultura de satisfação de seus
idealizadores que, por meio de um discurso para, supostamente, atender à população,
elaboraram doutrinas que lhes permitiam naturalizar sua posição privilegiada, pois, para o
discurso neoliberal, “há necessidade de articular e subordinar a produção educacional às
9
Sobre qualidade na educação, trataremos mais adiante neste capítulo.
52
a crise educacional pela qual passava a América Latina, iniciaram uma série de estudos e
conferências, cujo objetivo era encontrar uma saída para tais problemas.
Em 1990, a CEPAL10 publicou o documento: “Transformación productiva com
equidade, que enfatizava a urgência da efetivação de mudanças educacionais em termos de
conhecimentos e habilidades específicas, demandadas pela reestruturação produtiva”
(FRIGOTTO; CIAVATTA, 2003, p.99). Tais agências tinham interesse na urgência das
reformas educacionais, devido ao surgimento de demandas advindas do novo contexto
produtivo e econômico da sociedade, de modo que a educação passou a ser concebida como a
maior responsável pela preparação da mão-de-obra para o mercado de trabalho. Em outras
palavras, a educação, na visão neoliberal, constituiu-se em um instrumento fundamental para
preparar o sujeito para responder às demandas do mercado.
No período de 05 a 09 de março de 1990 foi realizada em Jomtien, Tailândia, a
“Conferência Mundial sobre Educação para Todos”, inaugurando um projeto de educação em
nível mundial, para a década de 1990-2000, financiado pela Organização das Nações Unidas
para Educação, Ciência e Cultura (UNESCO), pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância
(UNICEF) e pelo Banco Mundial. Seu eixo principal consistia na ideia da ‘satisfação das
necessidades básicas da aprendizagem”, cujo discurso era de que cada estudante deveria estar
em condições de aproveitar as diferentes oportunidades de aprendizagem (FRIGOTTO;
CIAVATTA (2003).
A partir dessas determinações, o Brasil, até então, como signatário da maior taxa
de analfabetismo do mundo, foi solicitado a desenvolver políticas educacionais que
viabilizassem melhorias no tocante aos problemas educacionais identificados e, assim,
garantir o direito à educação, conforme determinado na Constituição recém-aprovada em
1988 (FRIGOTTO; CIAVATTA, 2003).
O discurso para a efetivação dessas políticas baseava-se na educação para a
equidade social seguindo o modelo gerencial e produtivista. Oliveira (2004, p. 1130) afirma
que tais políticas foram “assentadas nos conceitos de produtividade, eficácia, excelência,
importando das teorias administrativas as orientações para o campo pedagógico”.
Foi baseado nesses conceitos, de eficiência e eficácia, e nas orientações dos
organismos multilaterais que o governo brasileiro efetivou em 1993 o Plano Decenal de
Educação para Todos (1993-2003), cujos objetivos eram: satisfazer as necessidades básicas de
10
Comissão Econômica para a América Latina e Caribe – CEPAL
54
Assim aconteceu com o Plano Decenal de Educação para Todos, cujas ideias
foram incorporadas de forma diferente pelo sucessor de Itamar Franco, Fernando Henrique
Cardoso (FHC), que pautou seu projeto de governo nas reformas neoliberais propostas e
assumidas no Consenso de Washington e por outras agências internacionais como a Comissão
Econômica para a América Latina e Caribe – CEPAL.
A Reforma do Estado foi sendo materializada por meio das políticas educacionais
efetivadas, que seguiram um discurso hegemônico de melhorias para o sistema educacional.
De acordo com Sacristán (1996, p54), “as reformas substituem, muitas vezes, a carência de
um sistema de inovação e atualização permanentes, de uma política cotidiana, para melhorar
as condições dos sistemas educacionais”, pois, “ao não se abordar as necessidades de forma
cotidiana, aparecem, de vez em quando como intervenções “taumatúrgicas e milagrosas”.
Essas reformas apareceram de forma fragmentada e com pouca relação com a vida
cotidiana das instituições educacionais, sem o envolvimento dos diferentes grupos que
participavam do sistema educacional para clarificar os critérios de qualidade e práticas
educacionais e sem a existência de um sistema eficaz de aperfeiçoamento de ação educacional
contínua.
Na verdade, foram políticas com ideologias neoliberais, cujo objetivo principal
não era o sujeito de direito, mas o sujeito consumidor. Harvey (2014, p.12) afirma que
55
Para Bobbio (2004), os direitos do homem são todos os direitos relativos à pessoa
humana, dos quais nenhum indivíduo pode ser despojado, sendo condição imprescindível para
seu aperfeiçoamento e, portanto, para o desenvolvimento da civilização. Eles são efetivados
no âmbito interno por meio da Constituição.
Os “direitos fundamentais” surgiram com o advento do Estado liberal, a partir da
Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão na França em 1789, durante a Revolução
Francesa. De acordo com Hartmam (2004), essa foi a primeira declaração de direitos e serviu
de inspiração para a Declaração Universal do Direitos Humanos aprovada pela Organização
das Nações Unidas (ONU) em 1948.
Essas declarações representaram um marco na história dos direitos fundamentais,
universais e positivos do homem; universais porque os destinatários são cidadãos do mundo e
não de um Estado específico; positivos porque eles não devem ser apenas proclamados,
efetivados, mas, sobretudo, protegidos.
Os direitos fundamentais do homem são históricos e mutáveis; modificam-se
conforme as transformações históricas da sociedade, alterando-se de acordo com os interesses
da classe social hegemônica. São históricos porque resultantes de lutas travadas pelo homem
para sua emancipação e transformação; são mutáveis porque sujeitos à transformação e
ampliação. Nesse sentido, não existem direitos absolutos; o que foi fundamental em uma
época não o é em outra. Não se podem atribuir fundamentos absolutos a direitos
historicamente relativos (HARTMAM, 2004).
Como direitos mutáveis, foram sendo transformados até atingir a exigência
máxima da sociedade, isto é, sua garantia, de fato, naquilo que o indivíduo necessita para seu
desenvolvimento. Na sociedade contemporânea, em que há a predominância do Estado
democrático de direito, Bobbio (2004) afirma que a questão não é mais a garantia dos direitos,
visto que eles já foram proclamados, mas protegê-los para que não sejam transgredidos e
violados.
Ao terem seus direitos violados, muitos serão os danos causados à vida humana;
não somente danos físicos, mas principalmente, e talvez o mais grave, danos subjetivos, o que
leva o indivíduo à perda de sua dignidade como eixo principal na busca de seu
aperfeiçoamento humano.
57
11
Zygmunt Bauman nasceu em Poznań, Polônia, em19 de novembro de 1925, e faleceu no dia 09 de janeiro de
2017. Bauman vivenciou os horrores da segunda Guerra Mundial - especialmente por ter servido às forças
militares -, participou do partido comunista da Polônia e, no tempo que foi demitido do serviço militar, dedicou-
se aos estudos de Sociologia e se tornou Professor Assistente na Universidade de Varsóvia. Após os eventos de
1968, no citado país, Bauman - descendente de judeus não praticantes -, teve que abdicar de sua cidadania
polonesa, como efeito do expurgo realizado na sua terra natal aos judeus. Mudou-se para Israel e, mais tarde,
recebeu um convite para lecionar na Universidade de Leeds, na Grã-Bretanha, onde permaneceu toda a sua vida
e publicou vários textos e livros em diferentes línguas estrangeiras, dentre os quais: Teoria do Estado, Teoria da
Política, Teoria da Cultura. A combinação desses eixos temáticos favorece uma compreensão mais nítida acerca
daquilo que constitui as fragilidades e as virtudes da dignidade no século XXI (AQUINO, 2016).
58
12
A “Reforma Educacional Francisco Campos” foi efetivada por meio de Decretos, estabelecendo: a
reintrodução do ensino religioso nas escolas oficiais; a criação do Conselho Nacional de Educação; a
organização do ensino superior e o estabelecimento do regime universitário como regra de organização das
futuras instituições de educação superior; a organização da Universidade do Rio de Janeiro; a organização do
ensino secundário, a organização do ensino comercial e a regulamentação da profissão de contador (SAVIANI,
2013c).
13
O Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova foi um movimento educacional realizado em 1932 por iniciativa
de 26 educadores que ansiavam por uma educação democrática que atendesse as necessidades reais da
população. A proposta do Manifesto era “organizar a escola como um meio propriamente social, para tirá-la das
abstrações e impregná-la da vida em todas as suas manifestações” (SAVIANI, 2013c. P. 245)
60
dos menos para com os mais necessitados; assim, por occasião da matricula, será exigida aos
que não allegarem, ou notoriamente não puderem allegar escassez de recursos, uma
contribuição modica e mensal para a caixa escolar” (BRASIL, 1937). Os que tinham
condições econômicas eram obrigados à contribuição mensal para a caixa escolar.
O Estado brasileiro desse período, como se vê, tratava a educação como política
compensatória, de modo que o direito à educação, em relação à gratuidade do ensino público,
era política dirigida aos mais necessitados. Era uma educação excludente, visto que havia uma
distinção entre as escolas destinadas à elite e aquelas voltadas à população menos favorecida
(TEIXEIRA, 2008).
A Constituição de 1946, por sua vez, apresentou inovações em relação ao direito à
educação. Determinou no artigo 166 a educação como direito de todos e de responsabilidade
do Estado, “apesar de não atribuir esta responsabilidade unicamente ao Estado” (OLIVEIRA;
PENIN, 1986, p.282).
A Carta Magna instituiu, pela primeira vez, os princípios da educação no art. 168,
estabelecendo a obrigatoriedade do ensino primário oficial para todos; já o ensino secundário
também poderia ser gratuito, porém, continuava como na legislação anterior, somente para
quem provasse a insuficiência de recursos e, dessa forma, mantinha-se o caráter elitista e
excludente do direito à educação (BRASIL, 1946).
No que concerne ao financiamento, manteve a vinculação orçamentária da nação,
destinada à educação, conforme Art. 169 “Anualmente, a União aplicará nunca menos de dez
por cento, e os Estados, Distrito Federal e os Municípios nunca menos de vinte por cento da
renda resultante de impostos na manutenção e desenvolvimento do ensino (BRASIL, 1946).
Oliveira; Penin (1986) afirmam que a Constituição de 1946, no que concerne à
educação, retomou alguns pontos já consagrados na Constituição de 1934, mas deixou muitos
para serem discutidos na elaboração da Lei de Diretrizes e Bases (LDB).
De acordo com Saviani (2013c), o trabalho da Constituinte resultou no programa
de reconstrução educacional. A Carta Magna atribuiu à União a competência para legislar
sobre as “diretrizes e bases da educação nacional” (artigo 5º, inciso XV alínea d).
Para atender a esse dispositivo constitucional, foi criada uma comissão formada
pelos principais educadores do país para elaborar o anteprojeto da LDB. Foi uma disputa em
favor da redemocratização que levou 13 anos para sua aprovação. O anteprojeto estava em
consonância com a ideologia “modernista conservadora” que sustentava o governo da época,
o Governo Dutra, e mostrava uma lei de caráter político em detrimento do pedagógico
(SAVIANI, 2013c).
62
A Lei 4024 foi a primeira legislação específica para a educação que se propunha a
regulamentar o sistema educacional determinando o direito à educação no art. 3º:
O direito à educação é assegurado:
I- Pela obrigação do poder público e pela liberdade de iniciativa particular
de ministrarem o ensino em todos os graus, na forma de lei em vigor;
II- Pela obrigação do Estado de fornecer recursos indispensáveis para que a
família e, na falta desta, os demais membros da sociedade se desobriguem
dos encargos da educação, quando provada a insuficiência de meios, de
modo que sejam assegurados iguais oportunidade a todos.
Pela primeira vez no Brasil, uma Constituição Federal tratou sobre a educação no
âmbito dos direitos sociais (OLIVEIRA, 1999). Os direitos sociais são aqueles que viabilizam
a melhoria da qualidade de vida do indivíduo promovendo a equalização das condições
sociais, com a prestação positiva do Estado.
A Carta Magna responsabilizou o Estado para com a educação ao determinar no
art. 205 que
14
Hermes Zaneti foi líder sindical do magistério, tendo presidido o CPERS (Centro de Professores do Estado do
Rio Grande do Sul), a CPB (Confederação de Professores do Brasil) e a Organização Mundial de Professores.
Exerceu mandato como deputado Federal, pelo PMDB, em duas legislaturas: 1983-1987 e 1987-1991. Durante a
Assembleia Nacional Constituinte de 1987-1988, presidiu a Subcomissão de Educação, Cultura e Esportes.
Depois de aprovada a Constituição da República, atuou incisivamente, juntamente com um grupo de deputados
bastante comprometidos com os assuntos do setor da educação, na tramitação do projeto da Lei de Diretrizes e
Bases da Educação Nacional, buscando a formatação de um texto que consolidasse princípios inscritos na
Constituição, dos quais se destacam a democratização da educação e o fortalecimento das responsabilidades
públicas para com a educação (FARENZENA, 2008).
65
A educação, vista como direito de todos e dever do Estado, engloba três grandes
objetivos que contribuem para a formação integral do sujeito: o pleno desenvolvimento da
pessoa, o preparo para o exercício da cidadania e a qualificação para o trabalho. Tais objetivos
visam, respectivamente, ao desenvolvimento físico e intelectual, ao desenvolvimento político
e, consequentemente, ao desenvolvimento da sociedade (GANZELI, 2017).
As legislações apresentadas foram ao encontro da ideia defendida por Bobbio
(2004) quando afirma que os direitos fundamentais do homem, na sociedade contemporânea,
estavam consolidados, sendo necessária, contudo, a sua proteção, uma vez que a lei precisa
ser materializada em políticas públicas.
Entendemos a educação como direito fundamental para o desenvolvimento das
várias potencialidades do homem e para a construção da sua cidadania plena e efetiva. Sendo
o homem dotado de inúmeras capacidades, de valores éticos e morais, como sujeito de
conhecimentos e de potencialidades, a educação contribui para o exercício de sua cidadania
como sujeito de direitos e deveres. Nesse sentido, Duarte (2004, p.115) afirma que essa
educação,
mas também como uma forma de organização da educação escolar nacional. Cury (2008)
afirma que a educação básica é um conceito novo para um país que, por séculos, garantiu
educação somente a uma classe elitista, negando aos demais cidadãos o direito ao
conhecimento educativo sistematizado.
No que concerne ao direito à educação, concordamos com Bobbio (2004) quando
afirma que os direitos fundamentais do homem já foram proclamados, faltando, todavia,
meios para protegê-los.
Oliveira; Araújo (2005) defendem os princípios Constitucionais de acesso,
permanência e qualidade, como possibilidade para materialização do direito à educação.
vida do ser humano visto que, além de um direito social, caracteriza-se como a condição sine
qua non para busca dos demais direitos, quer seja social, civil ou político.
ensino, foram criadas as políticas de ciclos, sendo proibida, em alguns casos, a reprovação
escolar.
Esses programas, de acordo com Oliveira; Araújo (2005), sem preocupação com
os problemas e dificuldades de aprendizagem dos estudantes, tinham como objetivo principal
melhorar os índices de eficiência e eficácia dos sistemas de ensino e melhoria do fluxo
escolar. Essa dinâmica ocasionou a queda expressiva na taxa de repetência, mas implicou
negativamente na qualidade do ensino.
A LDB 9394/96 contribuiu ainda mais com essa tendência ao institucionalizar os
ciclos de aprendizagem, conforme o art. 23:
propostas reformistas, ainda mais se esse pesadelo for analisado dentro de um Estado, cuja
preocupação central é a formação de mão de obra para o mercado de trabalho e não a
formação integral do estudante.
Outra medida, visando à garantia da permanência e conclusão do estudante na
educação básica determinada pela LDB 9394/96, foi a aceleração de estudos, ao definir no art.
24 as regras comuns de organização da educação básica: “b) possibilidade de aceleração de
estudos para alunos com atraso escolar” (BRASIL, 1996)
Essa medida apresentou-se como uma alternativa pedagógica, como possibilidade
para o sucesso educacional do aluno que se encontrava em situação de atraso escolar.
Situação, aliás, que não se apresentava como um fenômeno novo na sociedade
contemporânea. Sampaio (2000, p.57) afirma que “A situação de alunos com mais de dois
anos de atraso escolar, gerado na maioria das vezes por reprovações contínuas, não é um
fenômeno novo entre nós; ao contrário, é antigo e tão frequente que se tornou um fato
corriqueiro, naturalizado aliás, como as outras manifestações do fracasso escolar”. A
distorção idade-série apresenta-se como uma das causas que contribuem para permanência, ou
não, do estudante no contexto escolar.
Todavia, vale ressaltar, o sucesso/fracasso do estudante no contexto escolar
ultrapassa as paredes da sala de aula, sendo determinado por diferentes fatores, tanto de
ordem pedagógica como cultural, social e econômica.
Cury (2002) afirma que o direito à permanência dos estudantes na escola é
determinado pela distribuição de renda do país e, mais ainda, a garantia dessa permanência
está sujeita à efetivação de um ensino de qualidade, sobre o qual trataremos no próximo item.
tinha acesso a níveis mais elevados de escolaridade, deixando excluída desse direito uma
grande parte da população.
Oliveira; Araújo (2005, p.8) afirmam que esse foi o primeiro indicador de
qualidade da educação com o qual a sociedade conviveu.
Isso favoreceu uma perspectiva de qualidade cuja lógica tinha por base as
ideias de eficiência e produtividade, com uma clara matriz empresarial, em
contraposição à ideia de democratização da educação e do conhecimento
como estratégia de construção e consolidação de uma esfera pública
democrática (OLIVEIRA, ARAÚJO, 2005, p. 06).
15
O Termo Teoria do Capital Humano foi cunhado por Theodoro Schultz (1962), nos anos de 1956-1957. Os
conceitos por ele utilizados para avaliar capital e trabalho se mostravam inadequados para explicar os acréscimos
na produção. Então, o autor percebeu que muitas pessoas começaram a investir em si mesmas e que esses
investimentos estavam possibilitando o maior crescimento econômico do país. Então percebeu que o
investimento básico era o próprio capital humano, sendo este o investimento essencial para investir em educação.
(FRIGOTTO, 2006).
16
A Portaria Ministerial n. 931, de 21 de março de 2005, em seu artigo 1º, institui “o Sistema de Avaliação da
Educação Básica – Saeb, que será composto por dois processos de avaliação: a Avaliação Nacional da Educação
Básica – Aneb e a Avaliação Nacional do Rendimento Escolar – Anresc [...]”. O Aneb faz um levantamento
76
Desenvolvimento da Educação Básica – (Ideb), que foi materializado pelo Prova Brasil, para o
ensino fundamental, e pelo Exame Nacional do Ensino Médio – ENEM, para o ensino médio.
Este último foi criado em 1998 com o objetivo de avaliar o aprendizado dos estudantes
concluintes do ensino médio.
Essas avaliações, criadas a partir de princípios gerencialistas, com base em
conceitos de eficiência e eficácia na educação, tinham, e ainda têm, como objetivo direcionar
os governos no estabelecimento de metas e ações pedagógicas para a melhoria da qualidade
educacional.
As avaliações em larga escala foram identificadas por Oliveira; Araújo (2005)
como o terceiro indicador de qualidade da educação.
De acordo com Sousa (2014), ao longo dos vários anos de aplicação do SAEB, os
resultados não foram positivos quanto à qualidade da Educação Básica, contudo, vêm
alterando a dinâmica escolar e o modo de gestão educacional, que, após as reformas
educacionais dos anos de 1990, passaram a adotar uma perspectiva de gestão embasada no
“quase-mercado”, nas palavras de Souza; Oliveira (2009).
Nessa concepção, a qualidade da educação foi interpretada tão somente, à luz de
dados quantitativos, cujos resultados retratam o trabalho pedagógico desenvolvido na escola.
Almeida; Dalben; Freitas (2013) argumentam que “os desempenhos médios obtidos não
podem ser traduzidos como retrato fiel da qualidade das instituições”, sem considerar o Nível
Socioeconômico (NSE) dos estudantes bem como as diferentes realidades sociais onde estão
inseridos. Segundo Oliveira; Araújo (2005), o Ideb não considerou o problema das
desigualdades regionais quando da aplicação das avaliações em larga escala e o direito à
educação, mesmo sendo determinação constitucional, vem sendo reduzido pelas
desigualdades sociais e regionais.
amostral, de larga escala, externo aos sistemas de ensino público e particular, de periodicidade bianual, para
avaliar a qualidade, a equidade e a eficiência da educação brasileira. Enquanto o Anresc, através da Prova Brasil,
faz um levantamento de dados censitário para avaliar a qualidade do ensino ministrado nas escolas (BRASIL,
2005).
77
Outro agravante identificado por Sousa (2014) nas avaliações em larga escala foi
a responsabilização pelo desempenho dos alunos atribuída às unidades escolares e aos
professores. Os entes federados, a partir das reformas educacionais dos anos de 1990, sempre
trataram a qualidade da educação a partir de uma concepção mercadológica e meritocrática ao
implantarem em seus governos incentivos monetários às escolas e aos professores, a exemplo
do estado do Distrito Federal, São Paulo, Pernambuco e Amazonas (SOUSA, 2014). Desse
modo, a qualidade da educação configura-se como um caráter competitivo, em busca de
melhores lugares no rankeamento educacional, característica do modelo neoliberal de Estado.
A partir do exposto, foi possível identificarmos um conceito de qualidade da
educação que há tempos vem permeando o processo educacional no Brasil. É um conceito
baseado em preceitos de eficiência e eficácia a partir de parâmetros mercadológicos e
competitivos que apenas contribuem para a manutenção de um processo educacional elitista e
excludente. É um processo que avalia todos os diferentes sistemas educacionais, a partir de
um único modelo de educação, mercantil e produtivista, isto é, uma qualidade a partir da
teoria da Escola da Qualidade Total17 com fortes características conservadoras. Um modelo de
avaliação que não percebe a educação cuja função social é a formação humana e integral do
sujeito em suas múltiplas dimensões educativas, mas uma educação cujo objetivo é a
preparação para o mercado de trabalho.
A Constituição Federal de 1988 estabeleceu, no art. 206, alguns princípios, por
meio dos quais, poderá ser materializado o direito à educação; junto dos princípios que tratam
da igualdade de acesso e permanência do estudante, determinou no inciso “VII – garantia de
padrão de qualidade” (BRASIL, 2006).
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB 9394/96, ao preceituar
os princípios da educação, ratificou a Carta Magna determinando no art. 3º a efetivação da
educação a partir de “padrões mínimos de qualidade de ensino”. No art. 4º, ao tratar do direito
à educação e do dever de educação, definiu no inciso “IX - padrões mínimos de qualidade de
ensino, definidos como a variedade e quantidade mínimas, por aluno, de insumos
indispensáveis ao desenvolvimento do processo de ensino aprendizagem” (BRASIL, 1996).
Incorporado o conceito de educação de qualidade a partir da Constituição Federal
de 1988, Oliveira; Araújo (2005, p. 17) afirmam que
17
A Escola da Qualidade Total tem características do Programa de Total Quality Control (TQC) aplicadas em
algumas instituições educacionais Norte-Americanas. A Escola de Qualidade Total é uma tentativa de aplicar os
princípios empresariais de controle de qualidade no campo pedagógico, como uma solução possível para a crise
educacional (GENTILI, 1995).
78
Dessa forma, várias são as causas que determinam o fracasso/sucesso escolar dos
estudantes, a exemplo do capital econômico, social e cultural dos alunos e de suas respectivas
famílias. Fatores como o nível de renda das famílias que permite o maior acesso aos
diferentes bens culturais e tecnológicos, a participação das famílias na vida escolar dos
estudantes, os hábitos culturais, dentre outros, têm grande influência no sucesso/fracasso
escolar dos alunos, resultando numa educação de qualidade.
Soma-se a esses fatores a visão que a comunidade tem da escola, pois é essa visão
que faz com que a escola trabalhe para a efetivação de uma educação de qualidade social para
todos.
Ferreira (2017, p. 207) define uma educação de qualidade como aquela que
79
Uma escola de qualidade ou uma boa escola é [...] aquela em que existe um
clima favorável à aprendizagem, em que os professores e gestores são líderes
animadores e em que a violência é substituída pela cultura da paz e pelo
gosto de os alunos irem a uma instituição que atende às suas necessidades.
Uma boa escola tem um currículo significativo: mantém um pé no seu
ambiente e outro na sociedade em rede.
entre os atores; a politics é o próprio jogo político; a policy diz respeito às políticas públicas,
ao resultado do jogo disputado de acordo com as regras vigentes”.
Sobre políticas públicas, Duarte (2004, p. 117) define-as “como um conjunto de
ações que o poder público realiza, visando o efetivo exercício da igualdade, base de toda
ordem social”. Elas têm uma especificidade própria, relacionada a cada concepção de Estado,
representando a força política de cada governo e interesses de grupos hegemônicos.
De acordo com Souza (2006), as políticas públicas podem ser definidas como um
campo do conhecimento que coloca o governo em ação para implementar e/ou analisar essa
ação e, quando necessário, propor a reformulação, de modo que melhor beneficie a população.
São planejadas, (re) formuladas e se desdobram em planos, programas e projetos que
precisam ser avaliados após sua materialização.
Villanueva (1996, p. 35) afirma que
Ball (2011, p.37) afirma que “a política é algo feito para as pessoas. Como
beneficiários de primeira ordem, ‘eles’ ‘implementam’ políticas; como beneficiários de
segunda ordem, ‘eles’ são afetados’ positiva ou negativamente pelas políticas”, ou seja, as
políticas colocam problemas para os sujeitos resolverem e têm caráter intencional que podem
apresentar resultados a curto, médio e longo prazo.
Dentre as diferentes políticas públicas, têm-se as políticas sociais. Carvalho
(2007, p. 74) define-as como a política que ordena escolhas segundo “um princípio de justiça
consistente e coerente [...], a política social é em realidade uma ordem superior, metapolítica
que justifica o ordenamento de quaisquer outras políticas”.
Para Ceja (2004, p.20),
O governo de FHC foi dotado de alto poder decisório; o sistema institucional que
regimentava seu governo garantia a dominância do Executivo por meio de apoio
incondicional do Legislativo, evidenciando assim um forte poder de concentração nas mãos
do executivo por meio de uma agenda extensa e complexa, exigindo a concretização das
reformas, já esboçadas nos governos anteriores (FIGUEIREDO; LIMONGI; VALENTE,
1999). De acordo com os autores,
Para a aprovação dessas reformas, o governo de FHC precisou ampliar sua base de
apoio parlamentar e incorporou “novos partidos dentro do espectro ideológico de centro direita”,
tornando-se, efetivamente, um governo centralizador e altamente antidemocrático em
contraposição ao que os setores progressistas vinham tentando construir desde os fins da
Ditadura Militar.
Segundo Florestan Fernandes, em entrevista concedida em 12 de julho de 1995
para a jornalista Fátima Murad, na época redatora da Fundação Sistema Estadual de Análise
de Dados (SEAD), “Eu diria que esse grupo no poder, com Fernando Henrique à frente,
representa a conciliação mais ampla e, ao mesmo tempo, mais escabrosa que já ocorreu na
história do Brasil”. Nessa mesma entrevista, Florestan Fernandes afirma que
direitos porque cumpre seus deveres de cidadão. Assim, de acordo com essa concepção, é
função da educação preparar esse indivíduo para tornar-se cidadão consumidor.
A outra concepção compreende a relação entre direitos e deveres como pertença a
qualquer indivíduo. Ganzeli (2017, p 580) reafirma a concepção de Canivez afirmando que “a
educação, a segurança e a saúde, entre outros direitos, são incorporados à vida cidadã e
garantidos pelo Estado, compreendido como uma instituição econômica, social e política
organicamente vinculada à sociedade”. Nessa concepção, ser cidadão significa a pertença do
indivíduo a um Estado.
Na concepção de Estado Democrático de Direito, a educação tem a função de
formar cidadãos críticos e conscientes de seus direitos e deveres e é, nesse âmbito, que se
situa o cerne da educação: subsidiar o indivíduo na sua formação enquanto sujeito de direitos
e deveres e não somente para atender aos interesses do capital, como força de trabalho.
Vale situar que a LDB, 9394/96, pela primeira vez na história das legislações
educacionais, fez referência à terminologia “tempo integral”, nosso objeto de estudo.
No artigo 34, § 2º, a lei dispõe que “O ensino fundamental será ministrado
progressivamente em tempo integral, a critério dos sistemas de ensino” (BRASIL, 1996). No
artigo 52, a Lei determinou que um terço do corpo docente para o Ensino Superior deverá ter
regime de “tempo integral”. No artigo 87, ao instituir a Década da Educação, dispõe no
parágrafo 5º que “Serão conjugados todos os esforços objetivando a progressão das redes
escolares públicas urbanas de ensino fundamental para o regime de escolas de tempo
integral”. Assis (2016) atenta para o fato de a Legislação não utilizar o termo “educação em
tempo integral” e de não haver qualquer mudança significativa na LDB relacionada ao termo
“tempo integral” ao longo de mais de 20 anos de sua aprovação.
A LDB 9394/96 permitiu-nos vislumbrar possíveis mudanças na questão do
direito à educação, tanto no campo político, epistemológico como no campo, jurídico. A
educação, como direito público subjetivo positivado no art. 208 da Constituição Federal, é
preciso que seja materializada e cercada de todas as condições necessárias para essa
materialização.
Outra política efetivada na gestão do governo de Fernando Henrique Cardoso foi
o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do
Magistério (FUNDEF), instituído pela Emenda Constitucional nº 14, de 12 de setembro de
1996, regulamentado pela Lei nº 9.424, de 24 de dezembro de 1996 e pelo Decreto 2264, de
27 de junho de 1997, afetando a dinâmica de distribuição dos recursos destinados à educação
(AMARAL, 2001).
88
18
Foi em 1962 que surgiu o primeiro Plano Nacional de Educação brasileiro, mas não como um projeto de lei,
mas como um conjunto de regras com vistas a algumas aplicações financeiras. Era basicamente um conjunto de
metas quantitativas e qualitativas a serem alcançadas num prazo de oito anos ” (VIEIRA; RAMALHO e
VIEIRA, 2017).
90
Ainda, de acordo com Saviani (2007), o PDE não apresentou garantias para que o
objetivo proposto fosse alcançado, tendo em vista a falta de mecanismos de controle, de
acompanhamento e de avaliação do plano nos diferentes sistemas de ensino.
95
Como um programa, dentro do PDE, foi criado em 2007 pelo Instituto Nacional
de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) o Índice de Desenvolvimento da
Educação Básica (IDEB), para monitorar a implantação do PDE a partir dos resultados do
ensino nas escolas públicas e privadas do país (SAVIANI, 2007). O IDEB destacou
especificamente três aspectos: reprovação, evasão e aprendizado nas disciplinas de
Matemática e Língua Portuguesa, nos três âmbitos do ensino básico; anos iniciais do ensino
fundamental, anos finais do fundamental e ensino médio, determinados com os dados
coletados a partir do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) e do Censo Escolar.
De acordo com Saviani (2007, p. 1234),
19
Segundo Saviani (2007), o ano de 2022 foi definido não apenas em razão da progressividade das metas, mas
também em vista do caráter simbólico representado pela comemoração dos 200 anos da Independência política
do Brasil.
96
vista as melhores colocações nos rankings definidos pelos sistemas de avaliação (SOUZA;
OLIVEIRA, 2003).
De acordo com o discurso governamental, para melhoria do ensino nas escolas
brasileiras e assim elevar o país aos melhores rankings mundiais no campo da educação, um
dos atores que precisava de maior atenção eram os profissionais da educação com ênfase na
remuneração e nas condições de trabalho.
Para tanto, o governo brasileiro regulamentou o “Piso do Magistério” por meio da
Lei 11.738, de 16 de julho de 2008 (BRASIL, 2008b). Assim definia o artigo 2º da referida
lei:
20
Sobre o Programa Mais Educação, discutiremos mais adiante, no próximo item.
97
momento em que foi afastada tendo em vista o golpe institucional materializado pelo
impeachment. 21
Com o término do PNE 2001-2011, começou a ser discutido o novo Plano
Nacional de Educação PNE, como política de Estado, para os próximos dez anos (2011-
2020). As discussões partiram da Conferência Nacional de Educação (CONAE), realizada em
2010, que se constituíram num amplo movimento envolvendo a sociedade política e diversos
setores da sociedade civil vinculados à educação. De acordo com Oliveira et al. (2011, p
483),
21
A presidente eleita Dilma Roussef foi vítima de um Golpe de Estado quando o então presidente da Câmara dos
Deputados, Eduardo Cunha, abriu em 2016 o processo de impeachment contra a presidente, alegando crime de
responsabilidade com respeito à lei orçamentária e à lei de improbidade administrativa – as decantadas
“pedaladas fiscais”. No dia 17 de abril, o plenário da Câmara aprovou o relatório favorável ao impedimento da
presidente, numa sessão em que parlamentares indiciados por corrupção e réus em processos diversos dedicaram
seu voto a Deus e à família, numa espetacularização execrável da política; em 12 de maio, o Senado Federal
também aprovou a abertura do processo que culminou no afastamento de Dilma Rousseff da presidência
(JINKINGS, 2016, p.12).
“Pedaladas Fiscais”. Nome dado à prática do Tesouro Nacional de atrasar o repasse de dinheiro para bancos
(públicos ou privados) financiadores de despesas do governo (IDEM, p, 14).
22
O III SEB e suas marcas no novo PNE. Educ. Soc., Campinas , v. 32, n. 114, p. 11-17, mar. 2011 .
Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-
73302011000100001&lng=pt&nrm=iso>. acessos em 20 dez. 2018. http://dx.doi.org/10.1590/S0101-
73302011000100001.
98
esse evento foram discutidas as propostas do Projeto de Lei, tomando como ponto de partida
os múltiplos olhares, análises e avaliações para a elaboração final do documento definitivo.
Tendo em vista o trâmite da legislação que consumiu três anos e meio, o PNE
somente foi aprovado pela Lei n. 13.005, de 25 de junho de 2014, para o decênio 2014-2024
(BRASIL, 2014), trazendo novos desafios ao planejamento educacional, tanto para a
Educação Básica como para a Educação Superior (SOUZA; MENEZES, 2017).
No que concerne à Educação Básica, quatro metas merecem destaque neste
trabalho por fazer referência à temática aqui discutida, no que concerne aos princípios
constitucionais de acesso, permanência e qualidade, além da meta que tratou sobre a educação
em tempo integral.
A meta 02 previu a universalização do ensino fundamental e sua conclusão, na
idade recomendada:
Essa meta foi composta por 13 estratégias, dentre as quais destacamos a estratégia
2.4:
Para ampliar a jornada escolar para o tempo integral nas escolas e com
qualidade, é necessário um conjunto de medidas complementares que
deveriam se relacionar com as demais metas propostas pelo referido Plano”.
102
Não abre espaço para sua presença mais sólida nas estratégias que levarão à
consecução da universalização do ensino fundamental de 9 anos (Meta 2); da
qualidade (Meta 7); do aumento de matrículas a jovens e adultos (Meta 10),
bem como à valorização salarial de professores (Meta 17).
23
A formação omnilateral é a que objetiva a formação do homem completo em suas múltiplas dimensões: física,
intelectual, moral, ética e política, possibilitando sua atuação consciente na sociedade (MANACORDA, 2007a).
Trataremos dela mais detalhadamente no próximo item.
104
todas suas múltiplas dimensões; uma educação que, possibilitando a liberdade do sujeito para
a busca de sua autonomia e emancipação política, propicie a formação global de modo que
possa contrapor-se à atual sociedade capitalista.
Para dar conta dessa formação global, dessa Educação Integral e de todas as
características formativas, inerentes ao sujeito, a escola, instituição historicamente
responsável pela educação formal, precisa de um tempo escolar que ultrapasse o tempo de
ensinar a ler, a escrever e a dominar as operações matemáticas.
Para o cumprimento do direito à educação, conforme o artigo 205 da Constituição
Federal de 1988, necessita-se de uma educação formal com jornada escolar ampliada, ou
Educação em Tempo Integral que se torne parte de uma nova concepção de educação.
Cavaliere (2007) argumenta que:
A escolha de qual modelo seguir está relacionada a diferentes aspectos, tais como:
projeto societário de educação escolar; realidade social e econômica da escola e de sua
106
24
O Manifesto dos Pioneiros foi um movimento de educadores que, em 1932, iniciaram um grande movimento
educacional propondo a reconstrução educacional no Brasil. Seu redator principal foi Fernando de Azevedo,
líder da mais profunda das reformas que se realizou, nesse setor, no País; e, entre vários signatários, figura o
nome de Anísio Teixeira e Lourenço Filho (AZEVEDO et al., 2010).
107
25
Como diretor da Instrução Pública do Estado da Bahia, Anísio Teixeira realizou, em 1927, sua primeira
viagem aos EUA. Nessa viagem, assistiu a cursos na Universidade de Columbia e visitou instituições de ensino,
lá permanecendo por sete meses. No ano seguinte, 1928, voltou aos EUA para aprofundar seus estudos, com
vistas ao diploma de Master of Arts da Universidade de Columbia. Durante o curso, Anísio Teixeira tomou
contato com as obras de John Dewey e W. H. Kilpatrick, as quais marcaram fortemente sua formação e lhe
deram as bases teórico-filosóficas para a construção de um projeto de reforma para educação brasileira
(CAVALIERE, 2010. P. 250).
108
a sua civilização – esta civilização tão difícil por ser uma civilização técnica
e industrial e ainda mais difícil e complexa por estar em mutação
permanente. E, além disso, desejamos que a escola dê saúde e alimento à
criança, visto não ser possível educá-la no grau de desnutrição e abandono
em que vive. Tudo isso soa como algo de estapafúrdio e de visionário. Na
realidade, estapafúrdios e visionários são os que julgam que se pode hoje
formar uma nação pelo modo por que estamos destruindo a nossa
(TEIXEIRA, 1959).
Inspirado nas ideias de Anísio Teixeira no que concerne à defesa de uma escola
pública em tempo integral, na década de 1980, no Rio de Janeiro, na gestão de Leonel de
Moura Brizola, do Partido Democrático Brasileiro - PDT (1983-1987; 1991-1994), o então
vice-governador e antropólogo Darcy Ribeiro implantou o Programa Especial de Educação-
PEE que pretendia romper com o autoritarismo presente na escola pública, comprometendo-se
com os ideais democráticos. Mignot (2001, p. 154) afirma que,
Para o governo tão importante quanto construir escolas era fazer escola:
romper com o tradicional, com todo o legado do autoritarismo e investir
numa concepção de escola comprometida com ideais democráticos
inaugurando novos tempos.
26
“Os padrões de gestão da rede pública que prevalecem são os que, à falta de melhor denominação, chamo de
administração zig-zag”: as mais diferentes razões fazem com que a cada secretário de educação tenha o seu
plano de carreira, a sua proposta curricular, o seu tipo de arquitetura escolar, as suas prioridades. Assim os
planos de carreira, as propostas curriculares, a arquitetura escolar e as prioridades mudam a cada quatro anos,
frequentemente até mais rápido, já que nem todos permanecem à frente da secretaria durante o mandato do
governo ou prefeito (CUNHA, 2009, p. 474).
116
escolas de turnos isolados; o que era para servir de inspiração a todas as escolas públicas do
estado resumiu-se a escolas cuja população era rejeitada pelo próprio sistema dando
continuidade à precária expansão de oportunidades de acesso e permanência dos estudantes,
bem como a ausência de um ensino de qualidade (CAVALIERE; COELHO, 2003).
Bomeny (2001, p. 119) enfatiza, porém, que os CIEPs não tiveram apenas perdas,
pois,
população ao mundo do trabalho. Com a abertura política no país, foram criadas políticas
públicas que pudessem minimizar os problemas sociais vivenciados por essa população.
Para minimizar esse grave problema social, o governo brasileiro, na gestão Collor
de Melo, criou, por meio do Decreto N° 539 de 26 de maio de 1992, o “Projeto Minha Gente”
(BRASIL, 1992), cujos objetivos foram elencados no artigo 1º.
Art. 1° O Projeto Minha Gente tem por finalidade promover ações integradas
de educação, saúde, assistência e promoção social relativas à criança e ao
adolescente e a sua integração na comunidade, com as seguintes atividades:
I - Proteção à criança e à família;
II - Saúde materno-infantil;
III - creche e pré-escola;
IV - Ensino fundamental;
V - Convivência comunitária e desportiva;
VI - Difusão cultural;
VII - iniciação para o trabalho.
27
De acordo com o Acervo do jornal digital O Estadão, publicado em Brasília no dia 29/09/1992, o ex-
governador alagoano Fernando Collor de Mello, empossado no dia 15 de março de 1990, tornou-se o mais jovem
presidente brasileiro. No começo de 1992, o governo Collor enfrentou crises e denúncias, que culminariam com
o impedimento do presidente. No dia 30 de março, o ministério de Collor renunciou coletivamente devido às
acusações de corrupção contra o governo (https://estradao.estadao.com.br/).
118
total e integradora, “[...] que se limite a ilustrar a mente, mas que organize seu tempo, seu
espaço, que discipline seu corpo, que transforme e conforme sua personalidade por inteiro”.
O Programa Mais Educação (PME) atuou, principalmente, por meio do tripé:
tempo, espaço e currículo, como a expressão de um novo modelo de educação que ampliava a
jornada e o espaço escolar, propondo uma educação que trabalhasse a transversalidade do
conhecimento.
Em relação ao tempo escolar, Cavaliere (2007) associa-o como parte integrante da
concepção de educação escolar que se pretenda oferecer, tomando como princípio a função da
escola na formação dos estudantes. A autora afirma que a maior quantidade de tempo escolar,
se estiver dissociada de outros fatores, quais sejam: o tempo e o espaço escolar, o currículo, a
formação docente e, principalmente, a adoção de uma política focalizada em crianças e jovens
em situação de vulnerabilidade social, não produzirá os resultados esperados na educação
integral, ou seja, não contribuirá para a formação do sujeito em suas múltiplas dimensões.
Para Cavaliere (2007, p. 1017),
sujeitos a capacidade de tecerem relações uns com os outros e, com isso, promoverem o
desenvolvimento da cultura da qual fazem parte e poderem agir para a realização dessas
mudanças.
Para Cavaliere (2007, p.1022),
Com a efetivação do golpe de Estado sofrido pela presidente eleita Dilma Roussef
em 2016, assumiu a Presidência da República o então vice-presidente Michel Miguel Elias
Temer Lulia do Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB), cujo nome foi
alterado em 2017 para sua denominação de origem Movimento Democrático Brasileiro
(MDB).
Dentre os projetos efetivados pelo novo presidente, estava o Programa Novo Mais
Educação, criado pela Portaria n° 1.144 de 10 de outubro de 2016 (BRASIL, 2016) para as
escolas de Ensino Fundamental. O PNME foi regulamentado pela Resolução n° 17 de 22 de
dezembro de 2017 do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação – FNDE (BRASIL,
2017).
O Programa Novo Mais Educação (PNME) para o Ensino Fundamental definiu
seus objetivos no art. 1º, a saber: “melhorar a aprendizagem em língua portuguesa e
matemática no ensino fundamental, por meio da ampliação da jornada escolar de crianças e
adolescentes, mediante a complementação da carga horária de cinco ou quinze horas semanais
no turno e contraturno escolar” (BRASIL, 2016).
De acordo com as orientações constantes no Caderno de Orientações
Pedagógicas versão I, o PNME se propôs a “possibilitar a ampliação de tempos e espaços
escolares, além de oportunidades educacionais uma vez que investe no acompanhamento
pedagógico de crianças e adolescentes, visando à erradicação do fracasso escolar” (BRASIL,
2017, p.03).
O documento deixa em evidência a preocupação com a ampliação do tempo e do
espaço escolar não como uma possibilidade de formação integral do estudante em seus
múltiplos processos de aprendizagem, mas como estratégia para a erradicação do fracasso
escolar com vistas a melhorias nas avaliações externas, conforme consta nas finalidades do
programa:
127
Mais uma vez o Programa mostrou-se excludente e seletista com foco nos
estudantes que se encontravam “fora dos padrões normais de aprendizagem”. Concentrou-se
nas dificuldades dos alunos apenas nas disciplinas de Língua Portuguesa e Matemática,
relegando a um segundo plano as outras disciplinas como se essas não fossem importantes
para a formação do estudante. De acordo com Barbosa; Rodrigues (2017, p.10), “os alunos do
Programa foram submetidos a uma “prova” inicial para “mapear” o nível do seu
conhecimento (naturalmente, em Português e Matemática) e serão novamente submetidos a
novo exame para que seja possível avaliar a eficiência e eficácia do programa ”. Essa é uma
forma pautada na eficiência e eficácia de conceber a educação como elementos centrais para
preparar o indivíduo ao mercado de trabalho.
Quanto ao tempo escolar, o PNME foi planejado de modo que as escolas
pudessem escolher entre duas formas de organização do tempo: com 5 horas de atividades
com apenas o acompanhamento pedagógico às disciplinas de Língua Portuguesa e
Matemático ou com 15 horas de atividades incluindo o acompanhamento pedagógico às
disciplinas de Língua Portuguesa e Matemático mais as atividades de livre escolha tais como
as atividades de artes, esportes, etc.
O PNME não avançou em relação ao PME no que se refere aos profissionais que
continuaram como voluntários, como se observa:
28
Francisco Ferreira da Silva, conhecido no Brasil afora como Chico da Silva, nasceu em Parintins, estado do
Amazonas no dia 8 de maio de 1945.Considerado um dos maiores músicos brasileiros compôs músicas para
Alcione e trabalhou com nomes do porte de Martinho da Vila. O compositor e cantor começou sua longa e bem-
sucedida carreira em meados dos anos 80 e desde então seu samba verdadeiro e melodioso encantou gerações e
conquistou inúmeros fãs (https://noamazonaseassim.com.br/).
132
Com as notícias de que esse Novo Mundo era dotado de vastas e fáceis riquezas,
começaram as expedições ao continente; pela costa atlântica, na América Central, deu-se a
conquista, em 1526, do Peru, uma civilização admirável povoada com gente valente, cujo
povo eram os Incas, onde os espanhóis estabeleceram seu domínio de caráter definitivo,
organizando a administração pública de acordo com os modelos da Espanha sob a
administração de Francisco Pizarro.
133
Sob o domínio de seu governo estava a Amazônia, uma terra rica em especiaria
das mais valiosas do Novo Mundo: O País da Canela. Logo, Francisco Pizarro organizou uma
expedição com o objetivo da conquista ao Eldorado29 (REIS, 1989).
Em 1541, descendo os Andes peruanos, a expedição espanhola seguiu a selva
densa, sendo, durante todo o percurso, salteada por contratempos naturais e ataques
indígenas30. Seguindo o Rio Napo, a expedição chegou em 22 de junho de 1541 à foz do Rio
Nhamundá. Nesse encontro,
29
A origem da lenda do eldorado é indígena. Os viajantes europeus a interpretaram livremente e passaram a
acreditar que havia um local na Amazônia onde o ouro era farto. Segundo a lenda, no coração da floresta
amazônica, reluzia uma cidade com prédios e telhados dourados, habitada pelos índios Manoa, que tomavam
banho de ouro em pó às margens do lago Parima, ou lago Douro. Essas lendas só serviram para alimentar a
sanha dos viajantes e ceifar muitas vidas, inclusive dos indígenas, caçados pela floresta para servirem de
carregadores e remadores, na busca do tal Eldorado (TUPIASSU, 2010).
30
Estima-se que, na época da chegada de Colombo, a Amazônia era habitada por mais de oito milhões de
indígenas, principalmente nas margens do Rio Amazonas. Os índios viviam em sociedades complexas.
Produziam peças de cerâmica e cultivavam, por exemplo, cacau, mandioca, tabaco, abacaxi, açaí e cupuaçu
(CLEMENT et al., 2015).
134
poderes para agir. Capitão Teixeira fundou a povoação de Franciscana, vinte léguas abaixo da
confluência dos rios Aguarico e Napo. Essa povoação serviu posteriormente de referência
para a delimitação dos territórios de Portugal e Espanha. Acredita-se que essa foi a primeira
expedição portuguesa a explorar o Rio Negro e o Rio Branco (REIS, 1989).
Somente depois da viagem de Pedro Teixeira começou de fato a conquista do
território amazonense. Esses exploradores buscavam as chamadas “drogas do sertão”: o
cacau, a baunilha, a canela, o cravo, as raízes aromáticas. Importante frisar que a caça mais
preciosa para esses exploradores eram os indígenas, usados para os mais variados serviços.
Retirado das crônicas das expedições, assim nos conta Reis (1989, p.65-66) sobre
esse aprisionamento dos nativos:
Essa situação dos indígenas foi alterada com a chegada dos Jesuítas em 1650.
Padre Antônio Vieira suplicou à corte portuguesa para abrandar o sofrimento “dos senhores
da terra”. Contudo, embora com brandura no sofrimento, continuaram escravizados, dessa
vez pelos missionários jesuítas que os obrigavam a mudarem seus hábitos, costumes, crenças.
E assim continuou, pelos exploradores, a implacável caça aos nativos da Amazônia.
De acordo com Gomes (2016), preocupado com a relação dos índios do Rio
Negro e Amazonas com os holandeses, o capitão Francisco da Mota Falcão foi nomeado pelo
governador paraense para guardar as bocas do rio Negro e impedir a invasão dos holandeses.
Escolhido o lugar entre os rios Negro e Solimões, fundou o forte de São José do Rio Negro,
em cujas imediações logo se localizaram algumas famílias das tribos de Barés, Banibas e
Passés formando a primeira população do Lugar da Barra. Nasciam aí os fundamentos de
Manaus. A exploração e a ocupação do Amazonas continuaram por todo o século XVIII,
principalmente pelos sertanistas do Pará e do Maranhão.
31
Dom Sebastião, Rei de Portugal e Algarves de 1557 até sua morte, promulgou uma série de leis que procurava
proteger os nativos, defendendo-lhes como direito à liberdade, como legítimos donos da terra (REIS, 1989).
135
32
Vide imagem original no anexo deste trabalho.
136
Ser órfã de pai e mãe, ter no mínimo 5 e no máximo 10 anos, não sofrer
moléstia contagiosa ou repulsiva, não ter defeitos físicos, ser amazonense e
ter tomado todas as vacinas. Era obrigatório a ingressante permanecer no
Instituto até a idade de 18 anos completos, ou até que terminassem seus
estudos. As educandas estavam sujeitas a um regime disciplinar
rigorosíssimo com as seguintes punições: admoestação, repreensão, privação
do recreio com estudo, cópia de lição ou trabalho de agulha, privação de
saída e eliminação (MOTA, et.al, 2012. p. 786).
33
Disponível em: http://bv.cultura.am.gov.br/?m=arquivo-fotografias
138
34
Seringal é a plantação de seringueiras, árvores de onde é extraído o látex que produz a borracha (DAOU,
2000).
139
De acordo com Andrade (2013), dentre essas medidas, a que mais se destacou foi
a Zona Franca de Manaus (ZFM), (figura 5), uma área industrial criada pelo governo
brasileiro com o objetivo de atrair fábricas para a região e promover uma maior integração
141
territorial. A ZFM foi instituída em 1957, durante o Governo Juscelino Kubitschek, pela Lei
nº 3.173. No entanto, o seu estabelecimento ocorreu durante o período da ditadura militar, que
via com bons olhos a ocupação do território da Amazônia para garantir ali a soberania
nacional sob o lema: “integrar para não entregar”.
A Zona Franca de Manaus foi mantida pelo artigo 40 no Ato das Disposições
Constitucionais Transitórias da Constituição Federal de 1988:
Do ponto de vista social, não podemos afirmar que a criação do Polo Industrial de
Manaus (figura 6), como também é chamada a Zona Franca de Manaus, possibilitou avanços
sociais à população. Maciel (2013) aponta algumas consequências do processo migratório
para Manaus, tendo em vista a Instalação da Zona Franca de Manaus, dentre os quais, destaca
a “redução da importância do setor primário para a economia do Estado”, o “crescimento
populacional vertiginoso da cidade de Manaus”, acarretando num alto surto de crescimento
populacional no estado.
A instalação da Zona Franca de Manaus foi um projeto que, mais que dotar o
Amazonas de progresso e prosperidade, contribuiu para o abandono do interior do estado, haja
vista o grande processo migratório para a capital do estado.
143
Continuação
Governador e partido Vice-Governador e Mandato
Obs.
político partido político Início Fim
Vice-
Vice-Governador - Governador
Governador - Omar José
José Melo de Oliveira 31/03/2010 1º/01 2011 eleito no
Abdel Aziz
PMDB cargo de
Partido da Mobilização
titular
Nacional
Partido Social
PMN Governador
Democrático 1 /01/2011 4/4/2014
reeleito
PSD
Vice-
Governador
- 4/4/2014 1/01/ 2015 eleito no
José Melo de Oliveira cargo de
titular
Partido Republicano da Governador
Ordem Social -PROS reeleito,
José Henrique Oliveira
posteriorme
Partido Social
1/01/ 2015 9/5/2017 nte cassado
Democrático
pelo Tribun
PSD
al Superior
Eleitoral
Partido Social Presidente da Assembleia
David Almeida Democrático 4/10/ 2017 Legislativa no cargo de
PSD titular interinamente
Governador
Amazonino Armando
eleito
Mendes
nas eleições
PDT Partido Democrático Em
4/10/ 2017 suplementa
Trabalhista –PDT exercício
res do
Bosco Saraiva
Amazonas
PSDB
em 2017
Fonte: Elaborado pela autora com base no site do TRE/AM 35
Foi com essa dinastia que as políticas educacionais no estado do Amazonas foram
efetivadas, transformando os espaços educacionais em campo estratégicos para sua
perpetuação. Garcia (2014, p.220) afirma que
35
Disponível em: http://www.tre-am.jus.br/
145
36
http://www.amazonas.am.gov.br/
146
GRÁFICO 1 - Percentual da População residente, por situação do domicílio e sexo – Amazonas - 2010
37
Um espaço, uma espécie de arena, de palco onde acontece o festival.
149
38
Os artigos 29 e 30 da LDB 9394/96 tratam sobre a educação infantil como primeira etapa da educação básica,
de 00 (zero) a 06 (seis) anos.
39
O artigo 32 refere-se ao ensino fundamental, com duração mínima de oito anos.
40
O Art. 87º. É instituída a Década da Educação, a iniciar-se um ano a partir da publicação desta Lei. § 1º. A
União, no prazo de um ano a partir da publicação desta Lei, encaminhará, ao Congresso Nacional, o Plano
Nacional de Educação, com diretrizes e metas para os dez anos seguintes, em sintonia com a Declaração
Mundial sobre Educação para Todos.
151
TABELA 2 - Matrícula no ensino fundamental – Rede Federal, Estadual, Municipal e Privada - Brasil –2010 a
2017
ANO Anos Iniciais Anos Finais TOTAL
2010 16.893.490 14.254.717 31.148.207
2011 16.486.880 14.003.596 30.490.476
2012 16.134.889 13.691.738 29.826.627
2013 15.877.501 13.310.101 29.187.602
2014 15.805.134 12.766.378 28.571.512
2015 15.562.403 12.368.807 27.931.210
2016 15.442.039 12.249.439 27.691.478
2017 15.328.540 12.019.540 27.348.080
Fonte: elaborado pela autora com base em INEP – Sinopses Estatísticas da Educação Básica, 2010, 2011,2012,
2013, 2014, 2015, 2016, 2017.
Fonte: elaborada pela autora com base no Censo Demográfico de 2010 (IBGE, 2010).
152
Por esses dados, observa-se que, ao longo dos últimos anos, acentuou-se o
processo de incorporação ao sistema de ensino da grande maioria da
população, praticamente superando a causa histórica e mais significativa de
exclusão: a falta de escolas.
41
Vide tabela 3533 do IBGE - Tabela 3533 - População residente, por situação do domicílio e frequência à
escola ou creche, segundo o sexo, a cor ou raça e os grupos de idade https://sidra.ibge.gov.b
r/tabela/3533.
153
anos finais tinham em 2011 um total de 14.003.596 matrículas e, em 2017, esse número teve
uma redução de 14,2%, sendo 12.019.540 matrículas.
Essa redução nas matrículas pode ser melhor entendida, se analisarmos a taxa
bruta e taxa líquida de matrículas. Na tabela 3, apresentamos uma série histórica da taxa bruta
e taxa líquida de matrículas no ensino fundamental, no período de 200042 a 201643.
TABELA 3 - Taxa de escolarização bruta e líquida no Ensino Fundamental – Rede Federal, estadual, Municipal
e Privada - Brasil – 2000 a 2016
Ensino Fundamental Ensino Fundamental
(7 a 14 anos) - série encerrada em 2015 (6 a 14 anos)
ANO Taxa de Taxa de
Taxa de Taxa de
Escolarização Escolarização
Escolarização Bruta Escolarização Bruta
Líquida Líquida
2000 149,7 90,3 149,7 90,3
2001 121,3 93,1 121,3 93,1
2002 120,8 93,7 120,8 93,7
2003 119,3 93,8 119,3 93,8
2004 117,6 93,8 117,6 93,8
2005 117,1 94,4 117,1 94,4
2006 116,2 94,8 116,2 94,8
2007 116 94,6 116 94,6
2008 115,7 94,9 104,5 90,1
2009 117,3 95,3 105,7 91,1
201044 - - - -
Continua
42
O recorte temporal desta pesquisa é de 2010 a 2017. Contudo, entendemos ser relevante a análise antes e
depois da aprovação da Lei que regulamentou o ensino fundamental de 9 anos, por isso, optamos, neste item
analisar todo o período disponível no sítio do Inep.
43
Utilizamos o ano de 2016, tendo em vista que não encontramos informações referentes às taxas de
escolarização para o ano de 2017.
44
Nota técnica
Fontes: https://observatoriocrianca.org.br/cenario-infancia/temas/ensino-fundamental/554-taxa-de-
escolarizacao-bruta-e-liquida-no-ensino-fundamental?filters=1,116;1,113
Até o ano de 2015 - IBGE - Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) e elaborado pelo Inep.
De 2016 em diante: IBGE - Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua).
A Pnad não é realizada em anos de Censo Demográfico.
154
Continuação
“menos acesso à educação”, ela representa mais, pois significa que aqueles que estavam com
defasagem série-idade no ensino fundamental progrediram para etapas posteriores”.
GRÁFICO 3 - Taxa de matrícula bruta e líquida no ensino fundamental de 08 anos – Brasil 2000-2006 e Taxa
de matrícula bruta e líquida no ensino fundamental de 09 anos – Brasil – 2007-2016
Fonte: IBGE - Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) e Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por
Amostra de Domicílios Contínua)
Para o alcance das metas, o PNE 2014-2024 estabeleceu diretrizes. Na meta 02,
foram estabelecidas dez diretrizes. Fernandes (2018), ao tratar sobre a meta 02 no Caderno de
avaliação das metas do Plano Nacional de Educação: PNE 2014-2024, esboça uma
preocupação com o cumprimento de algumas diretrizes, tendo em vista a política de
retrocesso educacional do então presidente Michel Temer do Movimento Democrático
Brasileiro (MDB).
Fernandes (2018, p. 12) afirma que, “Embora tenhamos melhorado o acesso,
ainda temos muitos problemas em diferentes regiões do país, fluxo e correção ainda não estão
totalmente resolvidos”. De acordo com o autor, ainda é muito forte a relação que a classe
política faz entre a construção de novas escolas, a contratação de mais professores com a
ampliação do acesso escolar. Problemas relativos ao fluxo escolar, às condições de igualdade
de acesso e permanência, à efetivação de programas suplementares de material didático-
escolar, transporte, alimentação e assistência à saúde ao que parece, não estão muito presentes
nas agendas governamentais. São problemas que não apenas dificultam o acesso, mas também
a permanência e a qualidade do processo educacional.
O acesso ao ensino fundamental e sua conclusão, com sucesso, possibilita o
acesso ao ensino médio. No que tange a essa etapa de ensino, a meta 03 de PNE 2014-2024
estipulou para esse nível de ensino a “Universalização até 2016, do atendimento escolar para
toda a população de 15 a 17 anos”. Observemos a tabela 4 que mostra os dados de matrícula
no ensino médio no período de 2010 a 2017.
45
Nota técnica
Fontes: https://observatoriocrianca.org.br/cenario-infancia/temas/ensino-medio/565-taxa-de-escolarizacao-bruta-
e-liquida-no-ensino-medio?filters=1,134;1,134
Até o ano de 2015 - IBGE - Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) e elaborado pelo Inep.
De 2016 em diante: IBGE - Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua).
A Pnad não é realizada em anos de Censo Demográfico.
46
Determinamos o ano de 2016, porque não encontramos os dados para 2017.
158
TABELA 5 -Taxa de escolarização bruta e líquida no Ensino Médio – Rede Federal, Estadual, Municipal,
Privada - Brasil – 2011 a 2016
201047 - -
2011 82,2 51,6
2012 83,2 54
2013 83,5 55,1
2014 83,7 56,3
2015 83,3 56,9
2016 87,2 68
201748 - -
Fonte: IBGE - Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) e Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por
Amostra de Domicílios Contínua)
47
Nota técnica
Fontes: https://observatoriocrianca.org.br/cenario-infancia/temas/ensino-fundamental/554-taxa-de-
escolarizacao-bruta-e-liquida-no-ensino-fundamental?filters=1,116;1,113
Até o ano de 2015 - IBGE - Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) e elaborado pelo Inep.
De 2016 em diante: IBGE - Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua).
A Pnad não é realizada em anos de Censo Demográfico.
48
Não encontramos informações referentes às taxas de escolarização para o ano de 2017.
159
que causam esse processo de exclusão. Soma-se a esses fatores, a situação socioeconômica
dessa população que, desde cedo, adentra ao mercado de trabalho, deixando sua formação
escolar em segundo plano. Os dados do Censo Demográfico de 2010 mostraram que o Brasil,
nesse período, contava com um total de 2.337.088, de jovens entre 15 a 17 anos,
economicamente ativos, isto é, exerciam atividades remuneradas no momento do
recenseamento.
Em relação à taxa de matrícula líquida, observamos que também houve aumento,
saindo de 51,6% para 68%, representando uma taxa 31,8% do total de jovens na faixa etária
de 15 a 17 anos. Observemos o gráfico 4.
GRÁFICO 4 - Taxa bruta de matrícula no ensino médio. Taxa líquida de matrículas no ensino médio. Rede
Federal, Estadual, Municipal, Privada - Brasil – 2011 a 2016
Fonte: IBGE - Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) e Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por
Amostra de Domicílios Contínua)
líquida foi sendo reduzida gradativamente, ou seja, a proporção de jovens de 15 a 17 anos que
frequentaram a escola cresceu 22% entre os anos de 2011 a 2016.
Olhando novamente a meta 3 do PNE que era de “Universalização até 2016, do
atendimento escolar para toda a população de 15 a 17 anos”, percebemos que essa meta esteve
longe de ser atingida, visto que 32% dos jovens nessa faixa etária não se encontravam
matriculados no ano estabelecido na meta.
Contudo, percebemos que a inserção dos jovens de 15 a 17 anos de idade avançou
lentamente, evidenciando a dificuldade na garantia do acesso à educação básica obrigatória
para esse grupo etário que deveria estar frequentando o ensino médio.
De acordo com Silva (2018), há a necessidade de maior atenção à meta 3 do PNE
2014-2024, que projetou a universalização do atendimento para toda essa faixa etária. A
autora defende que algumas estratégias merecem mais atenção, tais como:
de “produzir” uma camada de jovens alienados politicamente, sem domínio total dos saberes
sistematicamente elaborados.
Leão (2018, p.20) afirma que a Reforma do Ensino Médio contribuirá para a
efetivação de
TABELA 6 - Taxas de Rendimento no Ensino Fundamental – Rede Federal, Estadual, Municipal, Privada-
Brasil, 2010 a 2017.
% de % de % de % de % de % de
Matrículas Aprovação Reprovação Abandono Matrículas aprovação reprovação abandono
A tabela 6 nos mostra que, tanto nos anos iniciais como nos anos finais, houve
redução na matrícula, conforme já demonstrado no item anterior. Contudo, ocorreu um
aumento na taxa de aprovação e uma redução nas taxas de reprovação e abandono durante o
período analisado. Em 2010, os anos iniciais apresentaram uma taxa de 89,9% (15.187.248
alunos) de aprovados, 8,3% (1.402.160 alunos) de reprovados e uma taxa de 1,8% de
abandono (473.018). Em 2017, embora tenha reduzido a matrícula inicial, a taxa de
aprovação foi de 91% (13.948.971 alunos), um percentual de 1,2% maior que em 2010.
Observamos que houve redução, tanto na taxa de reprovação que foi de 7,4% (1.134.312
alunos) quanto na taxa de abandono que foi de 1,6% (245.257 alunos). A taxa de reprovação
teve uma redução de 10,8% entre os anos de 2010 a 2017 e a taxa de abandono foi de 11,1%
nesse mesmo intervalo.
163
Quanto aos anos finais, estes apresentaram, em 2010, uma taxa de 82,7%
(11.788.651 alunos) de aprovação, 12,6% de reprovação (1.796.094 alunos) e 4,7% (669.972
alunos) de abandono. Em 2017, a taxa de aprovação subiu para 94% (11.298.368) e a taxa de
reprovação diminuiu para 5,2% (625.016), uma redução de 58,7% em relação a 2010. A taxa
de abandono nesse ano foi 0,9% (110.245) apresentando uma redução de 83,0% em relação ao
ano de 2010, quase não apresentando abandono nesse ano.
Vejamos graficamente o movimento de aprovação, reprovação e abandono no
período de 2010 a 2017.
GRÁFICO 5 - Taxa de aprovação, reprovação e abandono – ensino fundamental – Rede Federal, Estadual,
Municipal, Privada - Brasil – 2010 a 2017.
Fonte: Elaborado pela autora com base em: INEP – indicadores educacionais – 2010, 2011, 2012, 2013, 2014,
2015, 2016, 2017.
estudantes que concluíram o ciclo escolar completo (1º ao 9º ano do ensino fundamental) de
escolaridade obrigatória, vem aumentando gradativamente.
Ainda que as taxas de reprovação e abandono tenham diminuído no Ensino
Fundamental durante o período analisado, são dados preocupantes que inviabilizam o direito à
educação de milhares de brasileiros. Oliveira; Araújo (2005, p. 14) afirmam que,
TABELA 7 - Taxas de Rendimento no Ensino Médio - Rede Federal, Estadual, Municipal, Privada - Brasil,
2010- 2017.
% de
Anos Matrículas % de Aprovação % de Reprovação
Abandono
2010 8.358.647 77,2 12,5 10,3
2011 8.401.829 77,4 13,1 9,5
2012 8.377.942 78,7 12,2 9,1
2013 8.314.048 80,1 11,8 8,1
2014 8.301.380 80,3 12,1 7,6
2015 8.076.150 81,7 11,5 6,8
2016 8.133.040 81,5 11,9 6,6
2017 7.930.384 83,1 10,8 6,1
Fonte: Elaborado pela autora com base em: INEP – indicadores educacionais – 2010, 2011, 2012, 2013, 2014,
2015, 2016, 2017.
TABELA 8 - Taxas de defasagem idade-série na educação básica – Ensino Fundamental e Ensino Médio – Rede
Federal, Estadual, Municipal e Privada - Brasil, 2010 a 2017.
Os alunos prejudicados têm rosto, nome, sonhos, história - não são números
ou índices, assim como seus professores e suas professoras. Entender a
situação da educação como um problema sem solução a curto e médio
prazos não nos pode impedir de adentrar a sala de aula. Ao enfrentá-lo,
busca-se fortalecer a escola em seu trabalho específico, como parte da luta
maior pela conquista de serviços públicos de boa qualidade, que garantam
atendimento digno e justo a toda a população (SAMPAIO, 2000, p.57).
Esses milhares de estudantes que fazem parte dessas estatísticas causadas, muitas
vezes, pela reprovação, contam com o Estado, nesse caso, representado pela escola, para
organizar suas vidas, mesmo carregada de fracassos e insucessos.
A garantia constitucional no que tange à permanência do estudante, que é vista
como sucesso/fracasso escolar, de acordo com Arroyo (2000), não pode continuar sendo vista
pelo Estado como um processo natural e que, como tal, não pode ser modificado.
O autor argumenta ainda o grande engano de confundir sucesso com aprovação e
fracasso com reprovação, como se apenas o sucesso lhe garantisse o direito à educação. Para o
autor,
É nesse contexto que estão presentes as escolas com seus métodos ultrapassados
currículos desatualizados, professores desrespeitados em seus direitos como profissionais, quer seja
em relação às questões financeiras, quer seja nas condições de trabalho, a exemplo de salas de aulas
superlotadas. Soma-se a esses problemas, os prédios escolares sem condição de atendimento, enfim,
são condições que dificultam e, muitas vezes, inviabilizam a permanência do estudante na escola.
Outro fator que contribui para a permanência do estudante em sala de aula diz respeito à
média de alunos por turma.
O sítio do Inep, em Indicadores Educacionais, mostrou-nos os seguintes dados em
relação à média de alunos por turma.
TABELA 9 - Média de alunos por etapa da Educação Básica - Ensino Fundamental e Ensino Médio – Rede
Federal, Estadual, Municipal e Privada – Brasil – 2010 a 2017
49
https://www.camara.leg.br/internet/sitaqweb/TextoHTML.asp?etapa=11&nuSessao=2053/13&hrInicio=14:44&d
tReuniao=26/11/2013&dtHorarioQuarto=14:44&dtHoraQuarto=14:44&Data=26/11/2013. Acesso no dia
25/03/2019.
171
Nível Características
Escolas que, em geral, possuem porte inferior a 50 matrículas, funcionam
Nível 1 em único turno, ofertam uma única etapa de ensino e apresentam a
Educação Infantil ou os Anos Iniciais como etapa mais elevada.
Escolas que, em geral, possuem porte entre 50 e 300 matrículas,
Nível 2 funcionam em 2 turnos, com oferta de até 2 etapas de ensino e apresentam
a Educação Infantil ou os Anos Iniciais como etapa mais elevada.
Escolas que, em geral, possuem porte entre 50 e 500 matrículas, funcionam em 2
Nível 3 turnos, com oferta de 2 ou 3 etapas de ensino e apresentam os Anos Finais como
etapa mais elevada.
Escolas que, em geral, possuem porte entre 150 e 1000 matrículas, funcionam em
Nível 4 2 ou 3 turnos, com oferta de 2 ou 3 etapas de ensino e apresentam o Ensino
Médio, a Educação Profissional ou a EJA como etapa mais elevada.
Escolas que, em geral, possuem porte entre 150 e 1000 matrículas, funcionam em
Nível 5 3 turnos, com oferta de 2 ou 3 etapas de ensino e apresentam a EJA como etapa
mais elevada.
Escolas que, em geral, possuem porte superior a 500 matrículas, funcionam em 3
Nível 6 turnos, com oferta de 4 ou mais etapas de ensino e apresentam a EJA como etapa
mais elevada.
Fonte: Elaborado pela autora com base no sítio do Inep, em Indicadores Educacionais – 2014.
172
TABELA 10 - Percentual de escolas por nível do Indicador de complexidade de gestão da escola 51 - Brasil –
2013-2017.
Os dados mostram-nos que as escolas que estão no nível 1 (um) apresentam maior
complexidade na sua gestão em relação às escolas que estão no nível 06 (seis), levando-nos a
compreender que, quanto menor a escola, com menores número de matrículas, funcionamento
em apenas um único turno e oferecendo menos etapas de ensino, maior é o nível de
complexidade.
A dinâmica da organização escolar foi alterada pelas reformas educacionais dos
anos de 1990, cujas orientações pautavam-se em técnicas gerencialistas. Segundo Ganzeli
(2002), as escolas foram orientadas a organizar-se de acordo com as concepções de mercado,
exigindo, dessa forma, um novo tipo de monitoramento, haja vista o processo concorrencial
entre instituições. Era preciso adequar a administração escolar em uma administração
eficiente voltada para o controle de resultados. Nesse contexto, o conhecimento passou a ser
50
Não identificamos dados inferiores a 2013.
51
Notas do Inep:
1) O indicador classifica as escolas em níveis de 1 a 6 de acordo com sua complexidade de gestão, níveis
elevados indicam maior complexidade. A tabela apresenta o percentual de escolas da respectiva agregação em
cada um dos níveis da escala do indicador.
2) Os níveis de complexidade de gestão são descritos abaixo de acordo com as características predominantes das
escolas pertencentes a cada um deles.
*Considerou-se como a etapa mais elevada ofertada pela escola aquela que atenderia, teoricamente, alunos com
idade mais elevada.
173
concebido como um bem de mercado a ser consumido pelos estudantes, e não um direito
garantido constitucionalmente para seu pleno desenvolvimento.
A qualidade da educação, vista como um bem de mercado, é direcionada pela
gestão escolar que, assumiu essa postura empresarial, implicando sobremaneira nessa
qualidade. A qualidade da educação, como já tratado no capítulo I, foi legitimada pelo Índice
de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb).
Essas avaliações foram criadas com o objetivo de mensurar habilidades cognitivas
dos estudantes em conteúdo de Língua Portuguesa e Matemática, mas também para servir
como indicativos na elaboração de políticas públicas, bem como ações no âmbito da gestão
escolar.
Buscamos identificar, no sítio do Inep, os dados das avaliações da educação
básica no período de 2010 a 2017.
TABELA 11 - Índices de Desenvolvimento da Educação – Ensino Fundamental: anos iniciais e anos finais e
ensino médio – Brasil – 2005-201752
Os dados da tabela 11 mostram-nos que houve avanço nas notas do Ideb em todas
as etapas de ensino, deixando evidente que a qualidade da educação no Brasil está
melhorando no quesito quantitativo. Contudo, precisamos compreender a qualidade da
educação além dos dados quantitativos. É importante analisar todo o processo educacional e
em que contexto social, cultural e econômico ela ocorre.
Reforçamos o argumento de Almeida; Dalben; Freitas (2013), ao afirmarem que
tais avaliações são incipientes e não refletem a qualidade da educação brasileira, uma vez que
52
Utilizamos toda a série histórica disponível no sítio do Inep.
174
não são considerados os muitos fatores que se encontram imbricados no processo educacional.
O nível socioeconômico e cultural do alunado; a complexidade da gestão escolar; as
condições de infraestrutura da escola, e insumos, e a valorização do magistério em todos seus
aspectos no que diz respeito às condições materiais e imateriais de trabalho são fatores que
afetam sobremaneira a qualidade do ensino.
Sobre a formação docente, em nível nacional, o sítio do Inep nos mostra os dados,
conforme tabela 12.
TABELA 12 - Número de Docentes na Educação Básica por Formação Acadêmica – Brasil – 2010-2017
53
NOTAS DO INEP
2 - No total Brasil, os docentes são contados uma única vez, independente de atuarem em mais de uma região
geográfica, unidade da federação, município ou possuam mais de uma escolaridade/formação acadêmica.
9 - O mesmo docente pode ter mais de uma graduação e/ou pós-graduação.
175
54
Por Adequação Docente entende-se, de acordo com a Nota Técnica N° 20/2014, a classificação dos docentes
em exercício na Educação Básica considerando sua formação acadêmica e a(s) disciplina(s) que leciona.
176
QUADRO 6 - Categorias de adequação da formação dos docentes em relação à disciplina que leciona.
GRUPOS DESCRIÇÃO
Docentes com formação superior de licenciatura (ou bacharelado com
Grupo 1
complementação pedagógica) na mesma área da disciplina que leciona.
Docentes com formação superior de bacharelado (sem complementação
Grupo 2
pedagógica) na mesma área da disciplina que leciona.
Docentes com formação superior de licenciatura (ou bacharelado com
Grupo 3
complementação pedagógica) em área diferente daquela que leciona.
Docentes com formação superior não considerada nas categorias
Grupo 4
anteriores.
TABELA 13 - Percentual de docentes por grupo do indicador de adequação da formação do docente – Ensino
Fundamental - Brasil – 2013 – 2017.
De acordo com a tabela 13, nos anos iniciais, mais da metade dos docentes
pertencem ao grupo 1, isto é, têm formação superior em cursos de licenciatura. Contudo, há
um alto índice de docentes sem formação em curso superior. Nos anos finais, a taxa de
docentes com a formação adequada para a disciplina que lecionava é inferior à dos anos
55
Não encontramos dados referentes aos anos anteriores.
177
iniciais. Há uma taxa elevada de docentes do grupo 03, isto é, docentes com formação
superior, mas lecionam em disciplinas diferentes da sua área de formação.
Os dados revelam que há um déficit de professores para atuarem em áreas
específicas da educação básica. Essa falta de professores, capacitados para determinadas áreas
do conhecimento, deixa uma lacuna que é preenchida por outros profissionais não dotados dos
requisitos necessários para essas áreas. Esse problema apresenta-se como um obstáculo à
efetivação de uma educação de qualidade.
Ao olharmos os dados de formação docente por etapa de ensino, observemos a
tabela 14.
TABELA 14 - Proporção de docentes na educação básica – Ensino Fundamental e Ensino Médio – Brasil –
2010-2017
Nos anos iniciais, em 2010, mais de 30% dos professores não tinham curso
superior; nos anos finais, esse percentual era na média de 20% e, no ensino médio, 10%.
Em 2017, observamos que houve aumento no percentual de docentes com
formação em curso superior. Os anos iniciais contaram com 77% de docentes com curso
superior, os anos finais tinha um total de 86,6% e o ensino médio 93,8%.
Mesmo com esse aumento na taxa de formação docente, observamos que há uma
diferença por etapa de ensino, sendo o menor percentual de docentes com formação superior
nos anos iniciais e, maior, no ensino médio. Inferimos uma desvalorização nas primeiras
etapas de ensino, visto que, para as últimas etapas, os professores estão mais preparados
profissionalmente.
178
TABELA 15 - Número de Docentes da Educação Básica na Rede Pública - por Situação Funcional, Regime de
Contratação ou Tipo de Vínculo e Dependência Administrativa – Brasil – 2010-2017.
Contrato
Concursado/efetivo/estável Contrato Temporário Contrato CLT
terceirizado
Anos
Fed. Est. Mun. Fed. Est. Mun. Fed. Est. Mun. Fed. Est. Mun.
2011 16.619 475.919 765.818 2.887 221.763 262.327 304 2.031 5.648 - - -
2012 19.413 504.204 801.308 3.524 232.174 271.253 260 1.458 4.500 87 3.480 8.165
2013 20.766 505.439 812.196 4.272 230.140 285.175 177 875 3.479 183 2.572 14.168
2014 21.979 498.732 817.990 4.906 241.350 294.140 253 747 6.023 145 2.746 14.059
2015 24.743 473.287 836.884 6.509 263.746 298.019 200 1.200 3.661 98 3.453 13.348
2016 27.868 455.006 852.774 6.230 267.081 290.840 310 958 3.711 82 2.993 13.643
2017 29.927 436.202 857.235 5.833 255.444 297.820 185 796 3.333 42 2.578 14.716
Fonte: elaborado pela autora com base no sítio do Inep, em Sinopses estatísticas da educação básica – 2010 a
2017.
A tabela nos mostra que, em 2010, 76,1% dos professores (1.258.356) eram
efetivos, isto é, tinham um contrato estável de trabalho. Mais de 30% (494.960)
representavam outras formas de relação trabalhista, como contrato temporário ou terceirizado.
Em 2017, a taxa de docentes concursados quase não aumentou, visto que esses
representavam 76,2%, (1.323.364), um aumento de apenas 0,1%. A quantidade de docentes
com outras formas de contrato teve um aumento de 8,38%, saindo de 30,6%, em 2010, para
33,4% em 2017.
179
3.3.1 Acesso
TABELA 16 - Número de Estabelecimentos na Educação Básica - Ensino Regular, Especial e/ou Educação de
Jovens e Adultos (EJA) – Esfera Pública – Amazonas – 2010 a 2017.
(...) não se pode esquecer que a escola, e principalmente a sala de aula, são
espaços em que se concretizam as definições sobre a política e o
planejamento que as sociedades estabelecem para si próprias, como projeto
ou modelo educativo que se tenta pôr em ação. O cotidiano escolar, portanto,
representa o elo final de uma complexa cadeia que se monta para dar
182
GRÁFICO 6 - Número de escolas de educação básica – Área Rural e Área Urbana – Amazonas 2010-2017
Fonte: Elaborado pela autora com base em INEP – Sinopses estatísticas dos anos de 2010, 2011, 2012, 2013,
2014, 2015, 2016, 2017 (INEP/MEC, 2018)
têm o direito de serem atendidas por políticas educacionais que respeitem suas dinâmicas
organizacionais e de vida (p.538).
Os autores defendem a necessidade de escolas multisseriadas como “formas de
garantir o direito à educação dessas populações”. Essa forma de organização escolar, são
políticas efetivadas na Região Amazônica, nas quais as características de organização das
populações são ignoradas, assim como as diferenças e aspectos culturais próprios dessa
população (CARMO; PRAZERES, 2015, p. 540).
Nesse sentido, o que percebemos no contexto local são políticas focalizadas e
não universais que foram, e continuam sendo elaboradas a partir de uma determinada
concepção de Estado acentuada durante a Reforma do Estado da década de 1990. Diante
dos dados, para que se alcance a meta estabelecida, garantindo maior acesso à educação
básica, quer seja à população da cidade, ou do campo, o Estado precisa romper com uma
lógica de centralização das políticas educacionais locais, a partir da efetivação de políticas
universais que garantam o direito à educação a todos que dele necessitarem.
Vimos que a construção de prédios escolares é o ponto de partida para o acesso
à educação básica que se operacionaliza por meio da matrícula em diferentes etapas de
ensino, conforme aponta Spozati (2000, p. 25):
É óbvio que uma primeira condição para o não-fracasso é lograr uma vaga
na escola. Para verificar se essa condição está sendo oferecida, há de se
examinar a inter-relação entre o crescimento populacional da cidade e a
oferta de vagas.
TABELA 17 - Número de Matrículas na Educação Básica - Ensino Fundamental Regular e Ensino Médio –
Escolas Públicas - Amazonas – 2010 a 2017.
Educação
Total
Educação Anos Anos Ensino Educação de Jovens Educação
ANOS Geral de
Infantil Iniciais7 Finais8 Médio Profissional e Adultos Especial
Matrículas
(EJA)
2010 1.162.346 122.207 451.693 320.270 162.113 18.000 91.401 8.366
2011 1.171.225 123.453 446.535 320.588 169.842 22.394 92.682 8.142
2012 1.203.641 126.926 440.922 322.326 181.519 30.367 109.900 9.978
2013 1.192.133 133.388 435.356 318.067 185.228 28.362 98.810 10.152
2014 1.191.882 139.240 427.956 309.819 189.948 32.974 96.934 10.857
2015 1.178.976 139.201 419.789 305.136 189.743 34.832 96.411 11.739
2016 1.171.015 139.405 414.799 306.272 196.480 32.047 88.723 13.064
2017 1.169.092 145.793 410.072 303.594 199.808 29.473 21.102 85.929
Fonte: Elaborado pela autora com base em INEP – Sinopses estatísticas dos anos de 2010, 2011, 2012, 2013,
2014, 2015, 2016, 2017 (INEP/MEC, 2018)
56
Vide tabela 3533 do IBGE - Tabela 3533 - População residente, por situação do domicílio e frequência à
escola ou creche, segundo o sexo, a cor ou raça e os grupos de idade. Disponível em:
https://sidra.ibge.gov.br/tabela/3533
187
processo educacional. Nesse caso, o excesso de vagas não estava no mesmo local em que se
encontrava a população excluída do processo educacional.
Vale destacar que, do total de crianças fora da escola, 51,9% concentravam-se na
Área Rural, o que nos leva a concordar com Mourão; Borges (2016), quando afirmam que há,
no estado do Amazonas, uma concentração das políticas públicas para a área urbana, em
detrimento da área rural.
Carmo; Prazeres (2015, p. 538) defendem que “há a necessidade de se pensarem
as especificidades das políticas educacionais para a Amazônia, uma vez que suas dinâmicas
geográficas demandam um olhar diferenciado”. Não é possível estabelecer políticas
universais, para populações diferenciadas, tomando como verdade apenas os conhecimentos
produzidos nos grandes centros urbanos e relegando, ao segundo plano, conhecimentos,
costumes e, principalmente, questões geográficas, como é o caso do estado do Amazonas.
O Plano Estadual de Educação PEE, elaborado em 2015 para o decênio 2015-
2025, tinha como premissa básica:
As altas taxas de alunos fora da escola, em algumas dessas áreas, podem ser
justificadas pelo atendimento escolar realizado por Organizações Não
Governamentais (ONGs) em algumas comunidades indígenas, sendo que
essas crianças e jovens não entram no Censo Escolar do MEC
(AMAZONAS, 2015, p.23).
públicas, existem impasses quanto à efetividade dos direitos indígenas no campo educacional
e problemas na implantação e desenvolvimento das ações vinculadas à educação escolar
indígena” (p. 62).
Para cumprir a meta estabelecida quanto à universalização do Ensino
Fundamental, o estado do Amazonas deverá efetivar políticas públicas que garantam o direito
à educação a toda a população escolarizável do estado, respeitando as especificidades
regionais.
Foi nesse sentido que a rede pública estadual do estado do Amazonas criou o
projeto “Educação Escolar Indígena Pirayawara”, cujo foco era a formação e capacitação de
professores indígenas para atuar na segunda etapa do Ensino Fundamental e no Ensino Médio
(SEDUC, 2018). Essa formação possibilitou melhorias na prática docente, facilitando o
acesso e permanência dos estudantes indígenas em sua própria comunidade.
Nogueira (2015), em sua pesquisa sobre a educação indígena no estado do
Amazonas, apresentou os dados da educação escolar indígena no estado, sob a
responsabilidade da rede estadual de ensino.
Matrículas
Nº de Nº de Nº de
Anos Ensino
Ensino Médio professores escolas municípios
Fundamental
2010 3.615 3.579 427 26 17
2011 3.745 3.105 406 25 16
2012 3.933 2.822 342 25 15
2013 3.574 2.623 416 24 15
2014 3805 2.874 416 26 16
Fonte: Tese de doutorado de Nogueira (2015).
57
De acordo com Nogueira (2015), o estado do Amazonas possui 64 etnias indígenas, com 29 línguas faladas,
representando 20,6% da população indígena do país.
190
58
Utilizamos o ano de 2016, porque não encontramos dados sobre o ano de 2017 que é o último ano do período
de análise desta pesquisa.
191
GRÁFICO 7 - Comparação entre a taxa de matrícula bruta e taxa de matrícula líquida no ensino fundamental
Amazonas – 2011 – 2016.
Fonte: IBGE - Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) e Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por
Amostra de Domicílios Contínua), 2011, 2012, 2013, 2014, 2015 (IBGE, 2018).
TABELA 20 - Matrículas no ensino médio (Ensino Médio Propedêutico, Ensino Médio Normal/Magistério e
Curso Técnico Integrado (Ensino Médio Integrado - Amazonas – 2010-2017).
59
Para esses dados, consideramos as matrículas no Ensino Médio Propedêutico, Ensino Médio
Normal/Magistério e Curso Técnico Integrado (Ensino Médio Integrado), de acordo com as informações
constante no sítio do Inep, em sinopses estatísticas.
193
TABELA 21 - Taxa de escolarização bruta e líquida no Ensino Médio – Amazonas – 2011 – 2016.
2011 84 39,6
2012 84 42,6
2013 83 44,2
2014 86,8 46,3
2015 91,3 50,3
2016 86,8 59,8
Fonte: IBGE - Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) e Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por
Amostra de Domicílios Contínua), 2011, 2012, 2013, 2014, 2015, 2016.
período analisado, ainda representou um alto índice de jovens que ficaram fora da escola. Em
2011, considerando a taxa de matrícula que foi de 39,6%, percebemos que mais da metade
dos jovens nesse faixa etária não tiveram acesso ao ensino médio. Essa taxa foi aumentando
gradativamente chegando em 2017 a 59,8% dos estudantes entre 15 a 17 anos, matriculados
nessa etapa de ensino.
O gráfico 8 mostra a comparação entre as TMB e TML do ensino médio no
período de 2011 a 2016.
GRÁFICO 8 - Comparação entre a taxa de matrícula bruta e taxa de matrícula líquida no ensino fundamental.
Amazonas – 2011 - 2016
Fonte: IBGE - Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) e Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por
Amostra de Domicílios Contínua), 2011, 2012, 2013, 2014, 2015, 2016.
O gráfico 8 deixa evidente que a distância entre a taxa de matrícula bruta e a taxa
de matrícula líquida no ensino médio foi aumentando no período analisado. Isso evidencia
que mais estudantes, mesmo tendo acesso ao ensino médio, não conseguiram concluir esse
ciclo escolar, mostrando dados preocupantes em relação ao acesso à educação básica na
localidade. Contudo, tendo em vista que a taxa de matrícula líquida cresceu mais que a taxa
de matrícula bruta, inferimos que mais alunos, na idade certa para cursar o ensino médio,
estão se matriculando.
O Plano Estadual de Educação do estado do Amazonas estabeleceu como meta 03
para o Ensino Médio: “Universalizar, até 2016, o atendimento escolar para toda a população
195
de 15 a 17 anos e elevar, até o final do período de vigência deste PEE, a taxa líquida de
matrículas no ensino médio para 70%” (AMAZONAS, 2015a). Entretanto, os dados revelam
que essa meta do PEE 2015-2025 não foi atingida, visto que em 2016 mais de 40% da
população escolarizável para o ensino médio ficou sem acesso a essa etapa de ensino.
De acordo com o diagnóstico levantado no Plano Estadual de Educação, há um
déficit de atendimento à população de 15 a 17 anos, conforme a figura 11.
60
Centro de Mídias de Educação do Estado do Amazonas (CEMEAM) é uma base estruturada para dar suporte à
modalidade de ensino com mediação tecnológica promovida por meio de um sistema via satélite de
videoconferência com interação de áudio e vídeo (MOREIRA, 2016).
197
Municípios 60 60 60 62 62
Comunidades 1.300 1.500 2.100 2.400 2.715
Escolas 408 568 700 800 905
Turmas 1.000 1.300 1.600 1.800 2.168
Alunos 27.000 30.000 34.000 36.000 29.371
Fonte: Sistema de Controle Acadêmico (SCA) – Seduc -AM, 2013.
3.3.2 Permanência
% de % de % de % de % de % de
Matricula Matricula
Aprovados Reprovados abandono. Aprovados Reprovados abandono.
GRÁFICO 9 - Taxas de do rendimento escolar do ensino fundamental – anos iniciais e anos finais – Amazonas
– 2010 a 2017
Fonte: Elaborado pela autora com base em INEP – Indicadores Educacionais dos anos de 2010, 2011, 2012,
2013, 2014, 2015, 2016, 2017 (INEP/MEC, 2018).
202
Para além do acesso à vaga, pois, é preciso considerar a escola como espaço
de um processo cultural, relacional, de um ethos. É preciso examinar esse
múltiplo de relações de várias formas, quer do ponto de vista da síntese da
cultura existente, quer da possível difusão da cultura da cidadania. Trata-se
da relação entre a escola e a dinâmica do território onde ela se situa. É
interessante ressaltar que, no caso das escolas rurais, já existem suficientes
experiências sobre a relação entre a sazonalidade do processo produtivo
agrícola e a freqüência às aulas. No caso urbano, essa questão fica difusa,
devendo ser enfrentada pela efetiva integração escola-comunidade.
Vale ressaltar, a escola como espaço de (re) produção de saberes, que faz parte de
uma realidade social e dinâmica, sendo então fundamental não perder de vista que essa
instituição é o lugar ideal para a construção da cidadania, tendo como base a realidade
cotidiana do aluno. Compreendemos que o processo de ensino e aprendizagem é mediado por
um conjunto de fatores que tanto podem favorecer ou dificultar esse processo, contribuindo,
ou não, para o sucesso do estudante.
O contexto sociocultural e econômico, as formas de organização didático-
pedagógico do ensino, os conteúdos a serem trabalhados que precisam estar interligados com
a vida prática do aluno, enquanto sujeito do processo pedagógico e construtor de uma nova
realidade, enfim, a formação inicial e continuada dos professores, são alguns dos fatores que
podem contribuir para a permanência do estudante no contexto escolar.
207
Quanto à evasão escolar, as estratégias 3.4 e 3.11 tratam sobre a busca ativa e a
implementação de políticas de prevenção à evasão e abandono. São estratégias que mostram a
preocupação do governo do estado no sentido de sanar, ou ao menos minimizar, o problema
da reprovação e abandono escolar, que é uma das causas da distorção idade-série.
Em relação à distorção idade-série, os indicadores educacionais no sítio do Inep
nos mostraram os seguintes dados do ensino fundamental no estado do Amazonas para o
período 2010 a 2017.
TABELA 25 - Taxa de Distorção Idade-Série - Ensino Fundamental e Ensino Médio- Amazonas 2010-2017.
Para que 70% desses alunos conclua até o quinto ano de vigência do
PEE/AM o ensino fundamental na idade recomendada, elevando esse
percentual a 85% até 2025, será necessário alcançar nos primeiros 5 (cinco)
anos um crescimento médio anual de 4 % e mais 10% até o término da
vigência deste Plano, ou seja, 2% anuais em mais 5 (cinco) anos
(AMAZONAS, 2015. p.23).
.
A rede estadual do Amazonas implantou o Projeto Avançar - Programa de
Correção do Fluxo Escolar, criado nos anos 2000, cujo objetivo era regularizar o fluxo escolar
dos alunos com defasagem escolar no ensino fundamental da rede pública estadual. Por meio
de um processo de ensino e aprendizagem que estimulava a autoestima, o projeto Avançar
buscou garantir o sucesso do estudante, tendo como foco de atuação a promoção escolar dos
alunos matriculados no referido programa (LIMA, 2015). O projeto Avançar foi realizado por
meio de um acordo técnico entre o Governo do Estado e a Fundação Roberto Marinho.
Quanto à distorção idade-série no ensino médio, os dados são mais preocupantes,
pois observamos acentuadas taxas. Em 2010, mais da metade dos estudantes (51%)
matriculados nessa etapa de ensino apresentavam defasagem entre a idade e a série
matriculada. Mesmo havendo uma redução de 19,9% no período analisado, ainda é bastante
alta, tendo em vista que em 2017 chegou a uma taxa de 42,4%.
Esses dados revelam dois fatores que consideramos responsáveis por tal
problema. Primeiro, a baixa capacidade da escola em promover ações que possibilitem um
processo pedagógico capaz de mudar essa realidade, de identificar, conhecer e trabalhar
especificamente os problemas apresentados por cada estudante e, com isso, desenvolver ações
específicas visando melhorias no processo de aprendizagem e rendimento escolar. E que tais
melhorias não se apresentem somente enquanto dados estatísticos, mas sobretudo como
indicativos de desenvolvimento humano.
209
redução no período analisado. Os anos iniciais reduziram 9,2% nas matrículas entre os anos
de 2010 a 2017, e a média de alunos por turma, nessa etapa de ensino, reduziu 6,9%. Os dados
nos mostram que essas taxas não diminuíram na mesma proporção, o que nos leva a confirmar
o indicador, também já confirmado anteriormente: a redução no número de instituições
escolares de atendimento às primeiras séries do ensino fundamental.
Quanto aos anos finais, a redução de matrícula e de alunos por turma ocorreu na
mesma proporção, sendo de 5,2% e 5,5%, respectivamente.
Em relação ao ensino médio, também observamos a redução na média de alunos
por turma, de 31,9, em 2010, para 29,7 em 2017. Contudo, as matrículas nessa etapa de
ensino aumentaram 23,3% no período analisado. Inferimos, com isso, que faltam escolas para
atender os estudantes do ensino médio.
A relação de alunos por turma foi uma preocupação do Plano Estadual de
Educação, procurando cumprir a legislação estadual, tanto na meta 02, estratégia 2.15
“Assegurar gradativamente o número máximo de 25 alunos por sala de aula do Ensino
Fundamental de 1º ao 5º ano”, como na meta 3, estratégia 3.14 “Assegurar de forma gradativa
o número máximo de até 35 alunos por sala de aula no Ensino Médio, em cumprimento a Lei
257 de 30 de abril de 2015, na vigência deste PEE/AM”.
Compreendemos que a média de alunos por turma pode favorecer o processo de
ensino e aprendizagem, possibilitando ao professor o atendimento individual ao estudante. Tal
atendimento pode contribuir para permanência e conclusão, com sucesso, do processo
formativo do estudante. O atendimento individualizado afeta diretamente o desempenho e a
aprendizagem do estudante, influenciando no aproveitamento do ensino.
No caso da educação no estado do Amazonas, pelo que podemos concluir, esse
não aparenta ser um grande problema, pois os dados mostram que a média de alunos por
turma, seguindo a legislação estadual vigente, possibilita o bom desenvolvimento do processo
de ensino e aprendizagem, a partir do momento que permite ao docente interagir mais com
cada estudante na sala de aula, auxiliando-o em suas dificuldades, possibilitando a conclusão,
com êxito, do seu ciclo escolar.
3.3.3 Qualidade
TABELA 27 - Percentual de escolas por nível do Indicador de complexidade de gestão da escola – Rede
Federal, Estadual, Municipal e Privada - Amazonas – 201361 a 2017.
61
O sítio do Inep iniciou a análise dessa categoria a partir de 2013.
213
62
Nota Técnica Nº 040/2014 (INEP, 2014).
63
O Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade (PBQP) foi criado pelo Governo Federal em 1990,
enquanto parte de uma estratégia para colocar o Brasil na modernidade. A educação não escapou à euforia e ao
entusiasmo da Pedagogia da Qualidade e da Gestão da Qualidade Total. Na esteira do PBQP, o Estado, através
do MEC, criou a Coordenadoria do Núcleo Central da Qualidade e Produtividade (SILVA JR., 1995).
214
TABELA 28 - Índices de Desenvolvimento da Educação – Ensino Fundamental: anos iniciais e anos finais e
ensino médio – Brasil – 2011-201764.
64
Utilizamos toda a série histórica disponível no sítio do Inep.
216
65
A política de bonificação é datada de 2005 devido ao baixo índice que a educação do estado do Amazonas
obteve nas primeiras avaliações da Prova Brasil. Em 2007, a política de bonificação teve respaldo legal com a
publicação dos Decretos 27.040/2007 e 28.164/2008, que instituíram o Prêmio Escola de Valor e o Prêmio de
Incentivo ao Cumprimento de Metas da Educação Básica (NASCIMENTO, 2014).
217
66
O SINTEAM é fruto do esforço coletivo da categoria que, em suas lutas diárias nas escolas e nas ruas, sentiu
necessidade de construir um instrumento capaz de organizar e ampliar sua intervenção política, na construção de
uma educação de qualidade socialmente referenciada e melhores condições de trabalho e salário, tendo sempre
em vista a construção de uma sociedade verdadeiramente digna, na qual a democracia e a inclusão social sejam
uma realidade para todos (SINTEAM, 2012).
218
TABELA 29 - Docentes da Educação Básica por nível de escolaridade – Todas as redes – Amazonas – 2010-
2017.67.
67
No total da Unidade da Federação, os docentes são contados uma única vez em cada Unidade da Federação
(UF), portanto, o total não representa a soma das 26 UFs e do Distrito Federal ou dos municípios, pois o mesmo
docente pode atuar em mais de uma unidade de agregação (INEP/MEC, 2018).
219
A região Norte, de modo geral, tem peculiaridades que diferem de outras regiões
do país. Coelho (2017, p. 105) argumenta que, no estado do Amazonas, especificamente o
aspecto geográfico influencia fortemente o atendimento educacional, principalmente na área
rural. Em suas palavras, “A imensa extensão territorial é também um dos obstáculos ao
acompanhamento real dos docentes e educandos que necessitam de atendimento aos direitos
sociais, entre os quais, a saúde e a educação”. Dessa forma, as políticas públicas educacionais
implementadas na região amazônica sempre se pautaram pela diversidade local, visto que esse
fenômeno sempre se apresentou como um dos problemas que dificultavam a participação dos
profissionais da educação, residentes nos mais longínquos municípios dessa vasta região, às
políticas de formação implementadas pelo estado.
Colares (2016, p.77) complementa que:
68
A Universidade do Estado do Amazonas (UEA), instituída pela Lei N.º 2.637, de 12 de janeiro de 2001, na
gestão do Sr. Amazonino Armando Mendes, Partido Democrático Trabalhista – PDT, determinou um novo
220
futuro para milhares de amazonenses da capital e dos 61 municípios do interior do estado, uma vez que
possibilitou uma maior interiorização da educação superior à população que residia fora da sede do estado. A
UEA foi criada com a finalidade de: “Promover a educação, desenvolvendo o conhecimento científico,
particularmente sobre a Amazônia, conjuntamente com os valores éticos capazes de integrar o homem à
sociedade e de aprimorar a qualidade dos recursos humanos existentes na região” (UEA, 2016. p. 25).
221
TABELA 30 - Taxa de adequação docente nos anos iniciais – Rede Federal, Estadual, Municipal e Privada
Amazonas – 2013 a 2017.
2014 33,3 0,5 34,5 3,2 28,5 68,7 0,2 27,5 1,7 1,9
2015 32,9 0,5 35,9 2,8 27,9 64,6 0,2 31,5 1,8 1,9
2016 35,9 0,4 34,6 2,5 26,6 66,9 0,3 29,2 1,7 1,9
2017 35,7 0,4 37,0 2,5 24,4 71,3 0,2 25,4 1,4 1,7
Fonte: Elaborado pela autora com base em INEP – Indicadores Educacionais dos anos de 2013, 2014, 2015,
2016, 2017 (INEP/MEC, 2018).
Sem a pretensão de aqui justificar o alto índice de docentes sem a formação para o
exercício do magistério no estado do Amazonas, entendemos que “contratar” professor sem
essa formação foi uma opção do governo do estado e dos munícipios, para garantir o direito à
educação a essa população.
Para o cumprimento da LDB quanto à formação inicial para docência na
Educação Básica, o estado do Amazonas estabeleceu na meta 15 do PEE/AM 2015-2025:
Mesmo com essa meta estabelecida no PEE 2015-2025, nossa pesquisa não nos
permitiu encontrar se, no período da realização da pesquisa, existia algum programa estadual
de formação inicial docente, quer seja no âmbito da rede estadual quer seja municipal, com
exceção do Plano Nacional de Formação de Professores da Educação Básica – PARFOR, do
Governo Federal, em parceria com as secretarias estaduais e municipais.
Em relação aos docentes com pós-graduação, em 2010, o estado do Amazonas
contava com um total de 6.634 (seis mil, seiscentos e trinta e quatro) docentes pós-graduados
em todas as dependências administrativas (Federal, Estadual, Municipal e Privada). Destes,
93,5% com especialização; 5,4%, com mestrado e 1,1% em nível de doutorado. Em 2017,
diminuiu o número de especialistas, o que representou 92,7%; aumentou o percentual de
mestres que passou para 6,1%, e o número de doutores foi de 1,2%. O gráfico 10 nos mostra
essa trajetória.
224
GRÁFICO 10 - Percentual de docentes com Pós-Graduação – Rede Federal, Estadual, Municipal e Privada –
Amazonas – 2010 e 2017.
Fonte: Elaborado pela autora com base em INEP – Indicadores Educacionais dos anos de 2010, 2011, 2012,
2013, 2014, 2015, 2016, 2017 (INEP/MEC, 2018).
Para atender a essa demanda, o PEE/AM 2015-2025 estabeleceu como meta 16:
Fonte: Elaborado pela autora com base nos dados do Inep – Sinopses estatísticas da Educação Básica, 2011,
2012, 2013, 2014, 2015, 2016, 2017. (INEP/MEC, 2018).
69
De acordo com a nota 4 do Inep - No total da Unidade da Federação, os docentes são contados uma única vez
em cada Unidade da Federação (UF), portanto, o total não representa a soma das 26 UFs e do Distrito Federal ou
dos municípios ou do vínculo funcional, pois o mesmo docente pode atuar em mais de uma unidade de
agregação.
70
Nesta pesquisa estamos trabalhando com dados de 2010 a 2017. Porém, o sítio do INEP não mostra esses
dados em 2010. Por isso, nesse item, utilizamos dados a partir de 2011.
227
Básica, desde a promulgação da Constituição Federal de 1988, tem sido assunto recorrente
nas políticas educacionais. De acordo com o art. 206, inciso V da CF/88, instituiu-se a
“valorização dos profissionais da educação escolar, garantidos, na forma da lei, planos de
carreira, com ingresso exclusivamente por concurso público de provas e títulos, aos das redes
públicas” (BRASIL, 2016).
A LDB 9394/96, no art. 67, determinou que o ingresso no magistério público dar-
se-á exclusivamente por concurso público. Embora o percentual de docentes concursados
tenha aumentado em 27,5% entre o período de 2010 a 2017, observamos que ainda é alto o
número de docentes com contratos temporários, terceirizados e por meio da Consolidação das
Leis do Trabalho (CLT). Em 2017, o estado contava com uma taxa de 43,1% de docentes com
outros vínculos empregatícios.
Fonte: Elaborado pela autora com base nos dados do Inep – Sinopses estatísticas da Educação Básica, 2011,
2012, 2013, 2014, 2015, 2016, 2017 (INEP/MEC, 2018).
Ao organizar todo esse aparato legal efetivado pelo Estado, o professor passou a
integrar uma categoria especializada de trabalhador e, como tal, lhe concedeu o direito de
reivindicar seus direitos trabalhistas, como salário, plano de carreira, aposentadoria e demais
aspectos que lhe possibilitem a realização de uma prática educativa que garanta a efetivação
de um ensino de qualidade.
De acordo com Oliveira (2007), a precarização do trabalho docente, intensificado
a partir das reformas dos anos de 1990 do século XX, é um dos fatores agravantes para a não
garantia do direito à educação com qualidade. No âmbito escolar, aos professores foram
exigidas novas atribuições que ultrapassam a sua formação profissional e são vistos como os
principais responsáveis pelo desempenho do estudante. Esses profissionais se veem impelidos
ao domínio de outras práticas e saberes sobre os quais são receberam formação. Isso resulta
em um forte agravante para a intensificação do trabalho docente que continua recebendo a
mesma coisa pela quantidade maior de trabalho. A escola passa a ser uma extensão das
empresas capitalistas, tendo que produzir mais por menos custos (OLIVEIRA, 2007).
Entendemos que um conceito de educação de qualidade socialmente referenciada,
além das boas condições de trabalho docente, com formação, plano de carreira e boas
condições de trabalho, implica, de acordo com Colares (2016, p.73), desenvolver um
ambiente qualitativo de trabalho nas organizações educacionais, mediante a
institucionalização de conceitos e práticas técnicas e administrativas capazes de promover o
desenvolvimento humano e a qualidade de vida.
Tudo que foi apresentado neste capítulo serviu para nos mostrar que o estado do
Amazonas, como ente federado brasileiro, aderiu às várias reformas implementadas no Brasil
efetivando políticas públicas que buscavam contemplar os princípios dessas reformas, com
vistas à efetivação de uma educação de qualidade.
Dentre essas políticas, o estado do Amazonas efetivou o Projeto de Educação em
Tempo Integral, cujo objetivo inicial do projeto piloto era possibilitar a permanência, com
sucesso, do estudante no contexto escolar, diminuindo os altos índices de reprovação e evasão
escolar, presentes à época de implantação do projeto, cuja análise mais detalhada será
realizada no próximo capítulo.
229
4.1 A Educação em Tempo Integral na rede estadual do Amazonas: como tudo começou.
QUADRO 7 - Organização das coordenadorias distritais das escolas da rede estadual do estado do Amazonas
em Manaus.
COORDENADORIAS LOCALIZAÇÃO
Coordenadoria Distrital 1 Centro
Coordenadoria Distrital 2 Zona Sul
Coordenadoria Distrital 3 Zona Centro Sul
Coordenadoria Distrital 4 Zona Oeste
Coordenadoria Distrital 5 Zona Centro-Sul
Coordenadoria Distrital 6 Zona Norte
Coordenadoria Distrital 7 Zona Norte
Fonte: Elaborado pela autora com base em informações da SEDUC-AM.
princípio que determinou a ampliação da jornada escolar para 8h diárias nas instituições
públicas do estado.
De acordo com o material publicado, pelo Fundo das Nações Unidas para a
Infância (UNICEF), em 2013, as primeiras escolas públicas de tempo integral no estado do
Amazonas foram criadas em 2002, na gestão do Governador Amazonino Mendes do Partido
Democrático Trabalhista – PDT (1995 - 2002). Realizou-se um projeto-piloto nas escolas
estaduais Petrônio Portela e Marcantonio Vilaça, que atendiam um público do Ensino Médio,
sendo essas unidades adaptadas para o atendimento em tempo integral de 8h diárias,
apostando na educação dos jovens ao ousar iniciar o projeto com estudantes do Ensino Médio
(UNICEF, 2013).
Segundo Cardoso (2016), Ferreira (2012), Maciel et al (2013) e Maciel et al
(2016), as escolas viviam um período de graves problemas como: altos índices de abandono
escolar, principalmente pela necessidade de entrada dos jovens no mercado de trabalho;
problemas relacionados à adolescência, como o uso indevido de drogas e gravidez precoce; e,
ainda, a desmotivação e o entusiasmo pelo estudo, levando a um alto índice de reprovação.
Diante dessa realidade, a gestão escolar se propôs a implementar ações que despertassem a
motivação desses jovens para seguir, até a conclusão, com sucesso, sua trajetória formativa. A
ampliação da jornada escolar foi proposta como uma estratégia para a redução do índice de
vulnerabilidade social, como se observa:
A partir desse projeto piloto realizado nessas duas escolas, em 2005, o governo do
estado do Amazonas, Sr. Carlos Eduardo de Sousa Braga do Partido do Movimento
Democrático Brasileiro (PMDB), cujo mandato foi de 2003 a 2010, propôs a mudança de
algumas escolas de tempo parcial em escolas de tempo integral, adaptando os prédios
escolares para atender esse modelo de ensino, criando as Escolas de Educação em Tempo
Integral (EETI) (MACIEL, 2016). O relatório de gestão governamental, do período de 2003 a
2009, assim justifica essa ação:
educação escolar com jornada ampliada, sendo conhecidas como Escolas Estaduais de Tempo
Integral (EETI). Observamos que
71
Trataremos no próximo item.
72
Essas escolas funcionaram sem um projeto específico elaborado pela Secretaria e sem autorização legal do
Conselho Estadual de Educação – CEE-AM.
237
pelo Programa Novo Mais Educação que propõe atividades de reforço em Língua Portuguesa
e Matemática no contraturno escolar.
São ações pedagógicas e administrativas diferenciadas que atuam na perspectiva
da educação em tempo integral. Neste estudo nos deteremos à investigação do Centro de
Educação em Tempo Integral (CETI), sendo esse nosso objeto de estudo.
Fonte: http://www.educacao.am.gov.br/centros-de-educacao-de-tempo-integral/
QUADRO 8 - Relação das escolas estaduais que funcionavam em tempo Integral no período de 2002 a 2008.
NIVEL DE
ANO DE INÍCIO DE
ESCOLA ENSINO
FUNCIONAMENTO
ATENDIDO
Essas escolas, que já funcionavam com jornada ampliada desde 2002, apenas
foram adaptadas para esse fim, pois, de acordo com Ferreira (2012), desde esse período não
foram construídas escolas específicas para o atendimento em tempo integral, apenas foram
sendo adaptadas as EETIs.
A Resolução n° 112/2008 faz duas recomendações à SEDUC:
do Estado de “Promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e
quaisquer outras formas de discriminação” (BRASIL, 2016, Art. Inciso IV).
Soma-se às normatizações um tempo marcado por conflitos, individualismo e
contradições, em que a formação docente nem sempre permite perceber o isolamento, o
ostracismo, o desiquilíbrio dos estudantes, que os levam muitas vezes ao fracasso escolar.
Percebe-se, nesse contexto, uma dependência afetiva do estudante em relação ao professor, o
qual vê, muitas vezes, nesse profissional sua única referência de adulto estável com que ele
possa contar. O professor, diante da incorporação de novas funções ao seu trabalho docente,
nem sempre se acha apto, ou não quer assumir essas outras funções por não considerar parte
de sua profissão. Cavaliere, (2002, p. 249) afirma que
Dispositivo válido para alguns alunos e não para outros, que é reforçada pela
oferta seletiva do regime no interior das escolas. Nesse caso, ela se configura
como educação compensatória, focada nos mais necessitados a fim de, por
meio da intensificação da ação escolar, fazer valer a igualdade de
oportunidades educacionais (p. 1207)
74
A denominação “série” foi modificada para “ano” a partir da Lei nº 11.274, de 6 de fevereiro de 2006.
75
Modificado com a Lei nº 11.274, de 6 de fevereiro de 2006, para 1º, 2º e 3º anos do Ensino Fundamental.
243
QUADRO 9 - Atividades complementares constantes no Projeto das Escolas de Tempo Integral – Rede estadual
de educação – Amazonas – 2008.
Atividades Curriculares e
Oficinas Atividades Complementares
Desportivas
Orientações de estudos; Informática; Esportes;
Leitura e escrita; Língua estrangeira; Recreação;
Resoluções de problemas Capoeira; Jogos.
matemáticos; Dança
Prática no laboratório de Teatro;
informática e ciências; Tênis de mesa;
Xadrez;
Música;
Coral;
Fanfarra.
Fonte: Elaborado pela autora, com base na Resolução 112/2008 – CEE/AM 2008.
justiça social, promovendo a formação integral do sujeito nos aspectos éticos, moral e
participação política. Deveriam possibilitar a construção da cidadania, na difusão cultural para
as crianças e na formação para o trabalho dos adolescentes.
O Projeto também estabeleceu os perfis e competências dos trabalhadores que
deveriam atuar nas escolas de tempo integral, tanto da parte pedagógica quanto
administrativa. As escolas deveriam compor seus quadros com as seguintes funções: Gestor;
Administração Escolar; Pedagogo; Psicólogo ou Psicopedagogo; Coordenação Pedagógica;
Coordenação de área; Técnico de laboratório de informática; Técnico de laboratório de
ciências; Bibliotecário; Videoeducador; Secretário escolar e Professor.
O projeto “visava à extensão da jornada escolar para contribuir, na prática, um
ganho na qualidade, bem-estar dos estudantes e o desenvolvimento pleno do cidadão, partindo
de competências e habilidades, objetivando a interação do educando na sociedade,
colaborando para a reconstrução de um mundo socialmente justo e promovendo a ascensão
social dos estudantes de baixa renda” (AMAZONAS, 2008, p.38) [grifo nosso].
De acordo com Colares (2015), o Projeto de Educação em tempo Integral, ao
adotar competências e habilidades para o desenvolvimento pleno do cidadão, retomou as
diretrizes adotadas na Conferência Mundial de Educação para Todos (1990), realizada em
Jomtien, com orientações das agências multilaterais como o FMI e o Banco Mundial, “aqui
são retomadas as competências e habilidades (versatilidade, comunicação, motivação,
habilidades como cálculo, clareza na exposição, entre outras) requeridas pelo sistema
produtivo, conforme publicado no documento ‘Transformación Productiva com Equidad’ da
CEPAL” (p. 260).
Para o FMI e BM, a educação deve se adequar cada vez mais à era do mercado de
modo que possa formar profissionais capazes de adaptar-se às contradições desse sistema e,
dessa forma, o Projeto em questão, ao adotar essas diretrizes, se propôs a efetivação de um
processo educacional cada vez mais instrumental e menos politécnica76.
Com a Resolução n° 112/2008, a rede de educação do estado do Amazonas
caminhava para a ampliação das Escolas de Tempo Integral por meio de um projeto
arquitetônico padronizado para a construção dos Centros de Educação de Tempo Integral –
CETIs, sendo, o primeiro, inaugurado em 2010, com estruturara física e pedagógica
76
A politecnia é um termo conferido a Marx, cujo propósito é uma formação que concebe o “desenvolvimento
integral das faculdades humanas, tratando equilibradamente racionalidade, habilidade, sensibilidade e
sociabilidade” (MACIEL, et al. 2013).
245
77
Disponível em: http://www.educacao.am.gov.br/2010/02/governo-do-amazonas-inaugura-primeiro-centro-
educacional-de-tempo-integral-ceti/
246
QUADRO 10 - Relação de escolas autorizadas a funcionar em tempo integral por meio da Resolução 17/2011–
Manaus- 2011.
Continua
78
Utilizamos o termo “novo”, pois, como veremos no decorrer do texto, este “novo” ´projeto teve poucas
alterações em relação ao de 2008.
249
Continuação
Ano de Início de Nível de Ensino
Escola
Funcionamento Atendido
Escola Estadual Garcitylzo Lago e Silva 1º ao 5º ano
Escola Estadual Rafael Henrique Pinheiro
1º ao 5º ano
dos Santos
Escola Estadual Isaac Benzecry 6º ao 9º ano
Escola Estadual Marques de Santa Cruz 6º ao 9º ano
2010
6º ao 9º ano
Escola Estadual Irmã Gabriele Coegles
Ensino Médio
6º ao 9º ano
Escola Estadual João dos Santos Braga
Ensino Médio
6º ao 9º ano
Escola Estadual T.I. Marcantonio Vilaça II
Ensino Médio
Escola Estadual de Tempo Integral Zilda 6º ao 9º ano
Arns. Ensino Médio
2011
Escola Estadual de Tempo Integral Cinthia
6º ao 9º ano
Régis Gomes do Livramento
Fonte: Elaborado pela autora a partir da Resolução N° 17/2011-CEE/AM.
Como direito público subjetivo, a educação integral, que atende o sujeito na sua
integralidade, deve contribuir para sua formação enquanto sujeito de direito, buscando a
“materialização do direito público da educação para toda a população” (GANZELI, 2017),
com vistas à formação de uma sociedade democrática.
De acordo com o documento do Projeto, mesmo com implantação das políticas
educacionais efetivadas, tais como as políticas de valorização docente; melhorias na
infraestrutura das escolas; programas e projetos de combate à reprovação e evasão escolar,
fez-se necessária a reorganização do ensino, principalmente quanto ao espaço e tempo
escolar.
O Projeto de 2011 apresentou os objetivos, as formas de ingresso e a organização
curricular das escolas de tempo integral. Teve como objetivo geral: “Implementar e garantir,
nas Escolas Estaduais de Educação em Tempo Integral da rede pública do estado do
Amazonas, a melhoria do processo ensino aprendizagem elevando a 100% o índice de
aprovação e erradicando a evasão escolar”. Dentre os objetivos específicos destacamos:
4.3.1 Acesso
Devido a demanda ser superior à oferta de vagas, por isso, optamos pelo
processo seletivo para que todos os interessados possam concorrer a uma
vaga de forma igualitária, assim, para o ingresso nas Escolas Estaduais de
Educação em Tempo Integral, o aluno deverá preencher os critérios
estabelecidos (AMAZONAS, 2011, p. 17). Grifo nosso.
O primeiro critério para acesso às escolas de tempo integral era o de a criança ter
06 anos até março para ingressar no 1º ano do Ensino Fundamental. Após o preenchimento de
questionário socioeconômico, o critério de seleção seria o da menor renda salarial:
dessa modalidade de ensino na rede estadual e obtivemos os seguintes dados sobre as Escolas
Estaduais em Tempo Integral – EETI e os Centros de Educação em Tempo Integral – CETI,
conforme nos mostra a tabela 33.
TABELA 33 - Número de estabelecimentos de Tempo Integral – Rede Estadual – Amazonas – 2002 a 2017.
2002 2 - - -
2003 - - - -
2004 - - - -
2005 - - - -
2006 1 - - -
2007 7 - - -
2008 4 - - -
2009 5 - - -
2010 3 - 3 -
2011 - - 2 1
2012 1 - - -
2013 2 15 1 -
2014 - - - 1
2015 2 4 2 1
2016 - - - 2
2017 9 6 - 3
Total 36 25 8 8
Fonte: SEDUC/DPGF/SIGEAM/GEPES
Quanto aos CETIs, criados a partir de 2010, no período de sete anos foram
construídos 08 Centros de Educação em Tempo Integral, sendo 06 na capital do estado e 02
nos municípios.
Em 2015, ao assumir o governo do estado do Amazonas, o professor José Melo de
Oliveira do Partido do Movimento Democrático Brasileiro – PMDB, em seu plano de governo
para o setor educacional, apresentou propostas ousadas para esse setor, dentre as quais,
destacamos:
TABELA 34 - Número de matrículas na Educação Básica – Ensino Fundamental e Ensino Médio - Tempo
Integral e Tempo Parcial – Rede Pública - Amazonas – 2010 a 2017.
GRÁFICO 12 - Percentual de matrículas em tempo integral – ensino fundamental e ensino médio – Rede
Pública – Amazonas – 2010-2017.
Fonte: Elaborado pela autora com base nos dados do INEP – Sinopses estatísticas da Educação Básica – 2010-
2017 (INEP/MEC, 2018).
6.1 Ofertar Educação Básica pública em tempo integral, [...]de forma que o
tempo de permanência dos (as) alunos (as) na escola, ou sob sua
259
4.3.2 A Permanência
79
A autora usa o termo “bolsa-escola”, contudo, em 2003 o programa foi ampliado e recebeu o nome de Bolsa-
Família e tem como um dos seus eixos a articulação com outras ações no sentido de integrar e articular várias
políticas sociais a fim de estimular o desenvolvimento das famílias, contribuindo para elas superarem a situação
de vulnerabilidade e de pobreza (BRASIL, 2004a).
262
4.3.3 A qualidade
Fundamental e Ensino Médio, que pode ser efetivado um ensino de qualidade a partir de uma
nova ação pedagógica.
Para isso, adotou um currículo cujo processo pedagógico deveria ser dinâmico e
interativo de modo a favorecer novas relações geradoras de saberes, entendendo professor e
aluno, como sujeitos da produção e reprodução do conhecimento.
80
Essas agências foram principalmente o Banco Mundial, Organização das Nações Unidas para Educação,
Ciência e Cultura (Unesco) e a Comissão Econômica para América Latina e Caribe (Cepal).
265
Serão métodos que estimularão a atividade e iniciativa dos alunos sem abrir
mão, porém, da iniciativa do professor; favorecerão o diálogo dos alunos
entre si e com o professor, mas sem deixar de valorizar o diálogo com a
cultura acumulada historicamente (SAVIANI, 2018, p. 56).
reprovação e abandono escolar, garantindo o direito à educação no que tange aos princípios de
permanência e qualidade educacional.
Esses conceitos e análises discutidos nos capítulos anteriores foram fundamentais
para compreendermos o processo de materialização do direito à educação nos Centros de
Educação em Tempo Integral – CETI.
Neste quinto capítulo, buscaremos, então, responder nossa questão de pesquisa, a
saber: O Projeto de Educação em Tempo Integral do Estado do Amazonas promoveu a
materialização do direito à educação?
Para responder a essa indagação, perseguiremos o objetivo geral, estabelecido no
projeto de pesquisa que foi: Analisar o Projeto de Educação em Tempo Integral no estado do
Amazonas, tendo em vista o direito à educação de acordo com os princípios constitucionais de
acesso, permanência e qualidade.
Inicialmente serão apresentados os procedimentos metodológicos quanto à
organização das dimensões de acesso, permanência e qualidade. À luz dessas dimensões, será
realizada a análise documental nos Projetos Políticos Pedagógicos dos três CETIS,
procurando identificar os conteúdos relevantes para nossa análise, a saber: Critérios de
seleção, Rendimento escolar; Distorção Idade-série; Média aluno-turma; Média Hora-aula
diária; Nível socioeconômico dos estudantes; Currículo e projetos pedagógicos; Avaliação
externa, e Docentes: formação e profissionalização. Também serão utilizadas informações
produzidas pela Secretaria Estadual de Educação do Amazonas e pelo Instituto Nacional de
Estudos e Pesquisas Educacionais “Anísio Teixeira” – INEP.
No segundo momento, faremos a caracterização dos três CETIs, foco de nossa
análise, situando o lócus num contexto geográfico da cidade de Manaus. Apresentaremos
dados populacionais da Zona Leste da cidade, área geográfica onde está localizada a
coordenadoria regional 07 (CR7), responsável pela coordenação administrativa dos Centros
de Educação em Tempo Integral – CETI, nosso objeto de estudo, bem como dos bairros onde
se localizam tais instituições.
Para apresentar nosso objeto de pesquisa, nos serviremos dos Projetos Políticos
Pedagógicos (PPP) dos três Centros, ressaltando sua organização. Destacaremos, também, a
filosofia das unidades escolares, procurando identificar nesse item se, e como, o direito à
educação estava presente nas instituições analisadas.
No terceiro momento, faremos a análise dos conteúdos relevantes, previamente
identificados e divididos nas dimensões de acesso, permanência e qualidade, procurando
270
Formação Inicial
Adequação à formação
docente
Esforço docente
Situação funcional
Fonte: Elaborado pela autora com base no PPP do CETI Prof. Garcitylzo (2016), CETI Zilda Arns (2018), CETI
João Braga (2016).
271
do direito à educação. A análise desses dados nos levou a identificar o indicador do fluxo
escolar, quanto à “Distorção Idade-série”.
Esse indicador foi extraído a partir da análise do PEE 2015-2025, cuja meta 02
(dois) projetou que “85% dos alunos do ensino fundamental possam concluir o ensino
fundamental até 2025, data da vigência do plano” (AMAZONAS, 2015).
Para esse indicador, os dados foram coletados em indicadores educacionais do
sítio do INEP e analisados individualmente por cada unidade escolar e por etapa de ensino:
Fundamental e Médio.
A análise desse indicador foi essencial para identificarmos a relação entre a etapa
de ensino e a idade do indivíduo em cada unidade escolar e como esse trajeto escolar estava
lhe garantindo, ou não, o direito à educação.
Os indicadores “Média de alunos por turma” e “Média de horas-aula diária” foram
identificadas no sítio do INEP como indicadores de qualidade.
A média de alunos por turma tem influência na permanência do estudante em sala
de aula, uma vez que possibilita o atendimento individualizado ao mesmo. A hora-aula diária,
se organizada adequadamente, é imprescindível para o bom desenvolvimento do processo de
ensino e aprendizagem e para a efetivação de uma educação integral, em tempo integral.
Os dados desse indicador foram tratados:
I. Por instituição escolar;
II. Por etapa de ensino: Fundamental, anos iniciais e finais e ensino médio;
III. Por ano/série escolar.
Consideramos relevante analisar o indicador “Média de alunos por turma”
procurando compreender a organização pedagógica na unidade escolar e o cumprimento da
Lei estadual Nº 257 de 30 de abril de 2015, que dispõe sobre o número máximo de alunos em
sala de aula da Rede Pública de Privada de Ensino do Estado do Amazonas. O cumprimento a
essa legislação é uma forma de normatizar o direito à educação quanto à garantia de um
ensino de qualidade.
Consideramos imprescindível a análise do indicador “Média de hora-aula diária”,
haja vista que, de acordo com os projetos dos Centros, o horário de funcionamento dos
mesmos era em tempo integral, sendo de 07h às 17h.
Na dimensão Qualidade, tomamos, como referência teórica, Dourado; Oliveira;
Santos (2007), que organizaram a qualidade na educação a partir de aspectos extraescolares e
intraescolares. Seguindo essa organização, estabelecemos os seguintes indicadores de análise.
No aspecto extraescolar, consideramos como indicador:
273
81
O Sítio do INEP fornece apenas dados referentes a esses anos.
274
O indicador “Avaliação Externa” foi pensado a partir da análise dos PPPs, haja
vista que os três projetos tinham como foco principal preparar o estudante para o bom
desempenho no sistema das avaliações externas.
Os dados foram coletados em indicadores educacionais do sítio do INEP e nos
PPPs.
Esses dados foram tratados por:
I. Unidade escolar;
II. Etapa de ensino: Fundamental e médio.
Consideramos indispensável essa análise, haja vista que a concepção de qualidade
educacional adotada a partir das reformas educacionais de 1990 teve como base a aferição do
desempenho dos estudantes realizados por organismos multilaterais. Dessa forma, analisar
esse indicador foi imprescindível para verificar a garantia do direito à educação quanto às
avaliações quantitativas, a partir da concepção de educação de qualidade defendida pelas
unidades escolares.
O último indicador da dimensão “Qualidade” foi em relação aos docentes,
procedendo à análise quanto à:
I. Formação Inicial - procurando identificar o número de docentes com formação
superior nas unidades escolares;
II. Adequação à formação docente – com base no sítio do Inep, em Indicadores
Educacionais, analisamos o percentual de docentes com formação adequada às
disciplinas que lecionavam, tomando como referência as condições básicas de
trabalho;
III. Esforço docente - identificando a taxa de docentes que atuavam integralmente
na mesma unidade escolar, turno e etapa de ensino;
IV. Situação profissional dos docentes - foi um indicador indispensável em nossa
análise, uma vez que a garantia de um ensino de qualidade perpassa, a priori,
pelas condições do trabalho docente.
Os dados para esses indicadores foram coletados no sítio do INEP, em sinopses
estatísticas da educação básica, no item “formação” e em Indicadores Educacionais nos itens:
Adequação da Formação Docente, Regularidade docente e Esforço Docente relacionados com
as informações dos projetos políticos pedagógicos no item que tratou sobre o perfil e
competência dos professores.
275
ANO DE
Coordenadoria
FUNCIONAMENTO
Quant Município Distrital/Regio ESCOLA
EM TEMPO
nal
INTEGRAL
Centro de Educação em Tempo Integral -
1 Manaus CD 07 CETI Escola Estadual de Tempo Integral 2010
Dra. Zilda Arns
Centro de Educação em Tempo Integral -
2 Manaus CD 07 2010
CETI Garcityilzo do Lago e Silva
Centro de Educação em Tempo Integral -
3 Manaus CD 07 2010
CETI João dos Santos Braga
Centro de Educação em Tempo Integral -
4 Manaus CD 05 2011
CETI Elisa Bessa Freire
Centro de Educação em Tempo Integral -
5 Manaus CD 05 CETI Professora Cinthia Regia Gomes do 2011
Livramento
Centro de Educação em Tempo Integral -
6 Manaus CD 05 CETI Engenheiro Professor Sergio Alfredo 2013
Pessoa Figueiredo
Centro de Educação em Tempo Integral -
7 Manaus CD 04 2015
CETI Aurea Pinheiro Braga
Centro de Educação em Tempo Integral -
8 Manaus CD 02 2015
CETI Gilberto Mestrinho
Centro de Educação em Tempo Integral -
9 Borba Borba 2017
CETI José Holanda Cavalcante
Continua
276
Continuação
ANO DE
Coordenadoria
FUNCIONAMENTO
Quant Município Distrital/Regio ESCOLA
EM TEMPO
nal
INTEGRAL
Centro de Educação em Tempo Integral -
10 Carauari Carauari 2015
CETI Pedro Alves da Silva
Centro de Educação em Tempo Integral -
11 Coaria Coaria CETI Prof. Manuel Vicente Ferreira 2017
Lima
Centro de Educação em Tempo Integral -
12 Iranduba Iranduba CETI Mª Izabel Ferreira Xavier Desterro 2014
e Silva
Centro de Educação em Tempo Integral -
13 Manacapuru Manacapuru CETI Prefeito Washington Luís Régis da 2016
Silva
Centro de Educação em Tempo Integral -
14 Parintins Parintins 2011
CETI Gláucio Gonçalves
Presidente Presidente Centro de Educação em Tempo Integral -
15 2017
Figueiredo Figueiredo CETI Presidente Figueiredo
São Gabriel São Gabriel da Centro de Educação em Tempo Integral -
16 2016
da Cachoeira Cachoeira CETI Pedro Fukuyei Yamagchi Ferreira
Fonte: Elaborado pela autora com base em: SEDUC/DPGF/SIGEAM/GEPES, 2017.
Optamos por realizar a investigação nos três CETIs da Coordenadoria Distrital 07.
A escolha por essa coordenadoria, e pelos seus respectivos Centros, deu-se em virtude da
consolidação das referidas instituições educacionais ocorridas no mesmo ano, em 2010. Esses
centros foram os primeiros a serem inaugurados, o que nos permitiu perceber se os referidos
Centros estavam perseguindo o direito à educação.
A Coordenadoria Distrital (CD) 07 localiza-se em um dos bairros da Zona Norte
de Manaus, denominado Colônia Terra Nova. No ano de 2017, essa coordenadoria era
composta por 06 (seis) escolas, sendo: 05 (cinco) escolas atendiam todos os níveis de ensino,
01 (uma) apenas o Ensino Fundamental e 01 (uma) atendia os anos finais do ensino
fundamental e o Ensino Médio.
De acordo com o Anuário Estatístico da Segurança Pública 2012 da Secretaria de
Segurança Pública do Estado do Amazonas, a Zona Norte (ZN) de Manaus contava com uma
população de mais de meio milhão de habitantes (521 mil hab.). Era a zona administrativa
mais populosa da capital, formada por um total de 10 bairros, sendo: Cidade Nova, Colônia
Terra Nova, Monte das Oliveiras, Santa Etelvina, Colônia Santo Antônio e Novo Israel, Novo
Aleixo, Cidade de Deus, Nova Cidade e Lago Azul (AMAZONAS, 2013). A renda média por
habitante correspondia a R$ 720,25 e a população estava distribuída de acordo com o gráfico
13.
277
QUADRO 12 - Localização dos Centros de Educação de Tempo Integral – CETI Prof. Garcitylzo, Dra. Zilda e
João Braga - Manaus-AM- 2016-2018.
CETI ENDEREÇO
CETI Prof. Rua Rainha Margarida, s/n, Parque Riachuelo II, bairro Santa
Garcitylzo Etelvina
CETI Dra. Zilda Arns Rua Santa Marta S/N, Comunidade Jesus me Deu, no bairro
Neumann Colônia Terra Nova
CETI João dos Santos Rua Curaçao, s/n, conjunto João Paulo, Bairro Nova Cidade
Braga
Fonte: Elaborado pela autora com base no PPP do CETI Prof. Garcitylzo (2016), CETI Zilda Arns (2018), CETI
João Braga (2016).
GRÁFICO 14 - Distribuição da população na faixa etária de 06 a 17 anos por Bairros: Santa Etelvina, Colônia
Terra Nova e Nova Cidade – Manaus-AM – 2010.
Fonte: Elaborado pela autora com base no Censo Demográfico do IBGE 2010.
QUADRO 13 - Decreto de criação dos Centros de Educação em Tempo Integral – CETI Prof. Garcitylzo, Dra.
Zilda e João Braga – Manaus-AM, 2018.
Os PPP(s) dos CETIs Prof. Garcitylzo e João Braga foram elaborados em 2016 e
o do CETI Dra. Zilda, em 2018, todos ainda em vigência. Os três projetos apresentavam
estrutura organizacional similar, conforme podemos observar no quadro 14.
QUADRO 14 - Estrutura dos Projetos Políticos Pedagógicos dos CETIs Prof. Garcitylzo, Dra. Zilda e João
Braga - Manaus-Amazonas – 2018.
Continua
280
Continuação
CETI Prof. Garcitylzo CETI Dra. Zilda Arns CETI João Braga
6 Fundamentação Teórica 6 Fundamentação 6 Fundamentação Teórica
Fundamentos Ético-Pedagógicos Teórica Fundamentos Ético-
Fundamento Epistemológico Fundamentos Pedagógicos
Fundamento Didático- Ético-Pedagógicos Fundamento
Pedagógico Fundamento Epistemológico
Epistemológico Fundamento Didático-
Fundamento Pedagógico
Didático-
Pedagógico
7 Diagnóstico da escola 7 Diagnóstico da Diagnóstico da escola
escola
7.1 Estrutura Administrativa; 7.1 Estrutura 7.1 Estrutura Administrativa;
Recursos Humanos Administrativa; Recursos Humanos
Aspectos físicos Recursos Aspectos físicos
Recursos materiais Humanos Recursos materiais
Aspectos físicos
Recursos
materiais
7.2 Levantamento Socioeconomico e 7.2 Perfil 7.2 Levantamento
cultural Socioeconômico Socioeconomico e cultural
Perfil dos alunos Perfil dos alunos
Perfil da equipe Perfil da equipe
Perfil da comunidade Perfil da comunidade
Fonte: Elaborado pela autora com base no PPP do CETI Prof. Garcitylzo (2016), CETI Zilda Arns (2018), CETI
João Braga (2016).
281
O quadro nos mostra que os projetos dos Centros tinham uma estrutura
semelhante, com poucas diferenças. Todos os centros apresentaram os elementos principais de
um PPP como: a identificação; histórico; objetivos; fundamentação teórica ressaltando os
fundamentos ético-político, epistemológico e didático-pedagógico. Também constavam do
diagnóstico a estrutura administrativa e o levantamento socioeconômico e cultural de seu
público-alvo.
O CETI Dra. Zilda diferenciou-se dos demais por constar os itens: “Critérios de
seleção” e “Competência dos profissionais”. Ressaltamos que, ao inserir em seu projeto esses
itens, ficou evidente a concepção de educação adotada pela escola: uma educação focalizada e
meritocrática, com fortes traços do gerencialismo, inviabilizando, neste sentido, a efetivação
do direito a uma educação democrática, conforme preceitos constitucionais.
A estrutura física dos CETIs foi construída para o atendimento específico da
educação em tempo integral. De acordo com os documentos analisados, as escolas dispõem da
seguinte infraestrutura, conforme quadro 15.
QUADRO 15 - Infraestrutura dos Centros de Educação em Tempo Integral – CETI Prof. Garcitylzo, Dra. Zilda
e João Braga – Manaus-AM, 2018.
CETI INFRAESTRUTURA
A escola foi construída com infraestrutura adequada para o atendimento
em tempo integral. É composta das seguintes dependências:
Salas de aula climatizadas;
Banheiros para os alunos e para professores;
Salas para coordenação, apoio pedagógico, reuniões, secretaria,
professores e direção;
Depósito de material escolar;
02 refeitórios, sendo 01 masculino e outro feminino;
CETI Prof. Garcitylzo Auditório, laboratório de matemática, laboratório de ciências e
do Lago e Silva laboratório de Informática;
Videoteca e biblioteca;
Sala de enfermagem e consultório odontológico;
Pátios cobertos, quadra de areia de vôlei e quadra poliesportiva
coberta;
Sala de música e piscina olímpica;
Cozinha com dispensa para armazenamento de alimentos;
A escola dispõe de rampa de acesso.
Continua
282
Continuação
CETI INFRAESTRUTURA
Construído em uma área de 10 mil metros quadrados e foi projetada pelo
Governo do Estado para ser um modelo educacional com a seguinte
estrutura: o prédio da escola é próprio, dotado de infraestrutura adequada,
com 3 andares, e conta com as seguintes dependências:
Setor Administrativo: Diretoria, Secretaria Sala de reunião, Sanitário,
Almoxarifado;
Setor de Serviços: Cozinha, Despensa, Refeitório, Pátio coberto,
CETI Dra. Zilda Arns sanitários masculinos e femininos dos alunos, sanitários masculinos e
Neumann femininos para deficientes;
Setor Pedagógico: 24 salas de aulas, 01 sala de informática, 02 salas de
professores, 02 salas de coordenação, 01 quadra de esportes coberta, 01
campo de futebol, 01 Biblioteca, 01 Videoteca, 01 Laboratório de
matemática, 01 laboratório de ciências, 01 Piscina semiolímpica, 01
auditório, 01 sala de dança, 01 sala de música, 01 cabine odontológica,
01 enfermaria, 01 camarim.
Fonte: Elaborado pela autora com base no PPP do CETI Prof. Garcitylzo (2016), CETI Zilda Arns
(2018), CETI João Braga (2016).
A estrutura física dos CETIs foi projeta para atender os estudantes em tempo
integral. Os prédios possuem a mesma estrutura, com amplo espaço para realização de
diversas atividades pedagógicas, esportivas e culturais.
Destacamos alguns espaços que nos chamaram a atenção. No CETI Prof.
Gracititylzo, os refeitórios são separados por gênero, masculino e feminino. Entendemos que
essa separação promove uma educação diferenciada e intensifica a desigualdade de gênero,
ainda muito presente na sociedade do século XXI.
Os três prédios têm três andares, cujo acesso aos andares superiores é por meio de
rampa de acesso, demonstrando o compromisso com a inclusão de pessoas com dificuldade de
locomoção no espaço escolar.
Compreendemos a importância da estrutura física de uma escola para a garantia
do direito à educação. É o espaço físico da escola e sua utilização que revelam a organização
283
do ensino. Esse espaço escolar ultrapassa a estrutura física, mas expressa as relações sociais
que são ali construídas.
82
Informações obtidas na página da Seduc-AM. Disponível em:
https://www.afinsophia.com/2009/12/07/inscricao-para-escolas-de-tempo-integral-seduc-am/ - Acesso
no dia 12/10/2018.
83
Informações obtidas no sítio de Seduc-AM. Disponível em: http://www.amazonas.am.gov.br/2010/12/inscries-
para-escolas-pblicas-de-tempo-integral-terminam-hoje/ acesso no dia 12/10/2018.
285
84
Informações obtidas na página de Seduc-AM. Disponível em:
http://www.educacao.am.gov.br/2011/12/inscricoes-para-escolas-estaduais-de-tempo-integral-prosseguem-ate-
16-de-dezembro.
286
85
Informações obtidas na página da Seduc-AM. Disponível em:
http://www.seduc.am.gov.br/arquivos/download/arqeditor/2012/EDITAL%20TEMPO%20INTEGRAL.pdf / -
acesso no dia 12/10/2018.
86
De acordo com as informações dadas pela Gerência de Pesquisa e Estatísticas da Secretaria de Educação e
Qualidade do Ensino – Seduc-AM, as primeiras escolas públicas coordenadas pela Polícia Militar datam de
1994, quando foi fundado o Colégio Militar da Polícia Militar, e a Escola Estadual Brigadeiro João Camarão
passou a ser dirigida pela Polícia Militar.
287
87
Informações obtidas na página da Seduc-AM. Disponível em: http://www.educacao.am.gov.br/2013/12/seduc-
da-inicio-ao-processo-seletivo-para-escolas-estaduais-de-tempo-integral/. Acesso no dia 12/10/2018.
88
Informações obtidas em: http://www.educacao.am.gov.br/2014/11/seduc-abre-processo-seletivo-para-escolas-
estaduais-de-tempo-integral/ Acesso no dia 12/10/2018.
288
proximidade residencial do candidato, outro critério de seleção era o rendimento escolar nas
disciplinas de Língua Portuguesa e Matemática.
Para o ano letivo de 201689, a inscrição aconteceu no período de 07 a 11 de
dezembro de 2015, sendo oferecido um total de 5.722 vagas para 52 escolas de tempo
integral, localizadas na capital e no interior do Estado. Quanto aos critérios de seleção, além
das vagas destinadas às pessoas deficientes, outro critério continuou, a saber, o da renda per
capita da família, desconsiderando a educação como direito de todos.
Em 201790, foram oferecidas 6.682 vagas para as 49 escolas de tempo integral de
20 municípios, incluindo a capital. Seguindo a legislação (BRASIL, 1991; 1999), 336 vagas
eram destinadas às pessoas com deficiência; 5.157 vagas aos estudantes oriundos de escolas
públicas e 1.199, aos candidatos de outras redes de ensino. Observamos o maior número de
vagas destinadas aos estudantes de escolas públicas.
Ao longo do período analisado, 2010 a 2017, observamos que, longe da efetivação
de uma política universal, o acesso às escolas de tempo integral no estado do Amazonas foi,
gradativamente, tornando-se mais democrático, com critérios mais amplos, permitindo que
um maior número de estudantes pudesse participar desse processo seletivo.
Observamos que, nos processos seletivos de 2010, 2011 e 2012, havia o critério
do rendimento escolar geral. Para a seleção de 2015, esse rendimento passou a ser apenas nas
disciplinas de Língua Portuguesa e Matemática. A partir de 2016, o critério de rendimento
escolar foi abolido, mas permanecendo o da situação socioeconômico da família.
Não negamos que os CETIs se apresentaram como instituições importantes para a
efetivação do direito à da educação em tempo integral. Contudo, conforme afirmam Soares;
Baczinski (2018, p. 41),
89
Informações obtidas na página da Seduc-AM. http://www.educacao.am.gov.br/2015/12/seduc-divulga-
resultado-do-processo-seletivo-para-as-escolas-de-tempo-integral/ Acesso no dia 23/01/2019.
90
Informações disponível em: http://www.educacao.am.gov.br/2016/11/seduc-inicia-nesta-sexta-25-as-
inscricoes-para-o-processo-seletivo-para-as-escolas-estaduais-de-tempo-integral/. Acesso no dia 23/01/2019.
289
discurso meritocrático de que os processos de seleção foram iguais para todos, sendo
contemplados àqueles que mais se dedicaram aos estudos, conforme afirmou o secretário de
educação quando da divulgação do edital em 2010.
O que se percebeu, no processo de acesso aos Centros de Educação em Tempo
Integral, foi um processo excludente e meritocrático indo na contramão do direito
constitucional de educação para todos.
A Constituição Federal determinou a igualdade de condições de oferta
educacional. Contudo, de acordo com Sampaio; Oliveira (2015, p.512), “O acesso igualitário
a serviços educacionais é um princípio desrespeitado no Brasil, o que gera diversos efeitos
perversos, principalmente para a população que é excluída do direito à educação de
qualidade”. O não cumprimento educacional a todos, e com qualidade, é empecilho para o
alcance dos demais direitos sociais.
O tratamento igual para estudantes desiguais precisa ser superado. Faz-se
necessária a efetivação de políticas públicas que busquem a homogeneização das condições
de acesso e permanência dos estudantes, superando as desigualdades sociais e,
consequentemente, as desigualdades educacionais.
QUADRO 16 - Organização da avaliação escolar dos Centros de Educação em Tempo Integral – CETI Prof.
Garcitylzo 92016), Dra. Zilda Arns (2018 e João Braga (2016) – Manaus-AM, 2018.
CETI AVALIAÇÃO
De acordo com o Regimento Escolar, a avaliação do Ensino e
Aprendizagem considerará os aspectos de aproveitamento dos estudos e
da frequência, ambos reprovativos por si mesmo.
O Rendimento Escolar do aluno será aferido ao final de cada bimestre
CETI Prof. Garcitylzo letivo, obedecendo à escala de valores de 0 (zero) a 10 (dez) pontos em
do Lago e Silva cada bimestre;
A pontuação mínima a ser atingida no Componente Curricular, por
bimestre, será de 60% (sessenta por cento) dos pontos atribuídos.
A aprovação mínima para aprovação ao final do ano letivo será de 6,0
(seis) pontos por Componente Curricular (p. 27).
Rendimento Escolar do Aluno será aferido ao final de cada bimestre
letivo, obedecendo à escala de valores de 0 (zero) a 10 (dez) pontos.
CETI Dra. Zilda Arns Sendo a média mínima a ser atingida no Componente Curricular, por
Neumann bimestre, será de 60% (sessenta por cento) dos pontos atribuídos, ou
seja, 6,0 (seis) pontos. A média mínima para aprovação ao final do ano
letivo será de 6,0 (seis) pontos por Componente Curricular (p. 42).
Rendimento Escolar do Aluno será aferido ao final de cada
bimestre/etapa/módulo letivo, obedecendo à escala de valores de 0
CETI João dos Santos (zero) a 10 (dez) pontos. A média mínima a ser atingida no Componente
Braga Curricular será de 60% (sessenta por cento) dos pontos atribuídos, ou
seja, 6,0 (seis) pontos. A média mínima para aprovação ao final do ano
letivo será de 6,0 (seis) pontos por Componente Curricular.
Fonte: Elaborado pela autora com base no PPP do CETI Prof. Garcitylzo (2016), CETI Zilda Arns (2018), CETI
João Braga (2016).
291
De acordo com o quadro 16, nota-se uma concepção de avaliação que em nada se
diferencia de um processo tradicional, cuja função principal é promover, ou reter, o estudante
que não alcança a média escolar estabilidade. Como se observa no PPP, não fica clara a
adoção de outros métodos avaliativos.
As informações sobre o rendimento escolar dos CETIs foram fornecidas pela
Gerência de Pesquisa e Estatística (GEPES) Seduc-AM. De acordo com esses dados, os anos
iniciais podem ser visualizados na tabela 35.
TABELA 35 - Rendimento Escolar Ensino Fundamental – Anos Iniciais - CETI Prof. Garcitylzo - Manaus-
Amazonas, 2010 a 2017.
TABELA 36 - Rendimento escolar, por série – CETI Prof. Garcitylzo – Manaus-AM – 2010 a 2017.
Reprovado
Reprovado
Reprovado
Reprovado
Reprovado
Abandono
Abandono
Abandono
Abandono
Abandono
Matrícula
Matrícula
Aprovado
Matrícula
Aprovado
Matrícula
Aprovado
Aprovado
Matrícula
Aprovado
2010 69 67 - 2 128 119 5 4 114 90 18 6 114 106 4 4 88 69 12 7
2014 26 26 - - 34 34 - - 36 31 5 - 63 63 - - 103 92 11 -
2015 49 48 - 1 31 31 - - 34 33 1 - 29 28 - 1 64 61 3 -
2016 59 59 - - 63 63 - - 35 35 - - 32 32 - - 67 67 - -
2017 87 86 - 1 69 66 - 3 67 59 7 1 35 35 - - 35 33 2 -
Fonte: organizado pela autora com base em Gerência de Pesquisa e Estatística (GEPES)- Seduc-AM e sítio do
INEP – Indicadores educacionais – 2010, 2011, 2012, 2013, 2014, 2015, 2016, 2017.
De acordo com a tabela 36, no 1º ano não houve nenhuma reprovação no período
de 2010 a 2017. Contudo, houve um total de 08 alunos que abandonaram a escola,
representando uma taxa de 97,9% de aprovação e 2,1% de abandono.
De acordo com a Resolução 098, aprovada em 06 de dezembro de 2015, do
Conselho Estadual de Educação do Amazonas (CEE-AM, 2015), o art 9º determinou que “O
aluno da 1ª série será promovido automaticamente à 2ª série, excluindo-se os que comprovem
a falta de pré-requisitos para prosseguimento de estudos, definidos no regimento escolar”.
Mesmo com essa Resolução, vimos essa taxa de reprovados no 2º ano do CETI Prof.
Garcitylzo.
No 2º ano, em 2010, teve 05 alunos reprovados e 04 abandonos. No decorrer do
período, essa série não apresentou mais reprovados, contudo, ainda teve um total de 12 alunos
que abandonaram a escola.
O 3º ano apresentou maior índice de reprovação, sendo 18 alunos apenas em
2010, significando 15,8% das matrículas. Teve 06 alunos que abandonaram a escola,
representando 5,3% do total. Nesse ano a taxa de aprovação foi de 78,9%. Em 2014, dos 36
alunos matriculados, 05 foram reprovados (13,9%). O índice de aprovação nesse ano foi de
294
86,1%. Em 2017, essa série teve um total de 7 alunos reprovados (10,4%) e 01 aluno que
abandonou a escola (1,5%).
A Secretaria de Educação do estado do Amazonas, a partir da Lei 11.274, de 6 de
fevereiro de 2006, obedecendo às diretrizes curriculares nacionais, organizou o ensino
fundamental em ciclos escolares, sendo o primeiro ciclo formado pelo 1º ao 3º ano. Esse ciclo
é considerado como o período de alfabetização e letramento, não sendo possível a retenção do
estudante nos primeiros dois anos. O segundo ciclo correspondia ao 4º e 5º ano.
Observamos que, nesse primeiro ciclo escolar (1º ao 3º ano), mesmo a legislação
não permitindo a reprovação no 1º e 2º anos, ainda teve uma taxa correspondente a 10% de
reprovação no 2º ano. A taxa de abandono foi bem maior; em torno de 7% dos alunos do 1º
ciclo abandonaram a escola no período compreendido entre 2010 a 2017.
A reprovação no 2º ano pode ser justificada pela Resolução Nº 100 do CEE-AM
aprovada no dia 26 de setembro de 2006:
VI – Os alunos com sete anos de idade, sem experiência escolar, deverão ser
matriculados na 2ª série, onde se iniciará a alfabetização, devendo este
processo continuar sistematicamente, no mínimo, até o final dos anos
iniciais, em virtude da defasagem idade/série, bem como daquelas crianças e
adolescentes que não ingressaram na idade própria (CEE-AM, 2006. Art. 5º)
grifo nosso.
percentual de alunos que abandonaram a escola. Em 2011, não teve reprovados, mas uma taxa
de 2,8% de abandono e, em 2013, a taxa de reprovados foi de 3,8%. Em 2014, a taxa de
reprovados foi de 10,7%. Em 2015 e 2017,o CETI prof. Garcitylzo teve, no 5º ano, 3 e 2
alunos reprovados, representando 4,7% e 5,7% respectivamente.
Os dados relevam que, tanto a taxa de reprovação quanto a de abandono, foram
maiores no 1º ciclo dos anos iniciais, ou seja, do 1º ao 3º ano. De acordo Pansini; Marin
(2011), a entrada de crianças aos seis anos de idade representou um avanço na educação
brasileira, uma vez que possibilitou o acesso à educação escolar mais cedo a todas às crianças.
Contudo, tendo em vista o alto nível de desigualdade no Brasil e tendo em vista também que
até esse período a educação infantil ainda não era obrigatória, resultando no grande número de
crianças que não tinham acesso à escola de educação infantil, esse processo contribuiu
fortemente para o desempenho negativo do estudante no ensino fundamental.
Compreendemos que as crianças de 06 anos, principalmente aquelas que não
vivenciaram a educação infantil, ainda não estavam preparadas emocional, psicológica e
intelectualmente para o ensino fundamental, tendo em vista, principalmente, a organização
pedagógica e curricular dessa etapa de ensino (PANSINI; MARIN, 2011).
O CETI Prof. Garcitylzo tratou sobre o processo de avaliação escolar no seu
Projeto Político Pedagógico, dando ênfase às formas de avaliação. Ressaltou que a avaliação
seria “cumulativa e diagnóstica com prevalência dos aspectos qualitativos sobre os
quantitativos e dos resultados ao longo do período sobre os de eventuais provas finais” (CETI,
Prof. Garcitylzo, 2016).
Outro indicador foi a análise de dados de “alunos ingressantes” e “alunos
egressos” da primeira etapa do ensino fundamental. Analisando cada ciclo escolar nos anos
iniciais (1º ao 5º ano), verificamos que não houve defasagem em relação à conclusão do ciclo
no tempo certo (5 anos). Isto é, o número de alunos que concluíram no tempo certo foi
superior ao número de matriculados no 1º ano, conforme podemos observar no gráfico 15.
296
GRÁFICO 15 - Taxa de concluintes dos anos iniciais em 5 anos – CETI Garcitylzo – Manaus-AM – 2010-2017.
Fonte: organizado pela autora com base em Gerência de Pesquisa e Estatística (GEPES)- Seduc-AM e sítio do
INEP – Indicadores educacionais – 2010, 2011, 2012, 2013, 2014, 2015, 2016, 2017.
Para essa análise, consideramos o período de 05 anos para que o aluno concluísse,
com êxito, os anos iniciais do ensino fundamental.
No ciclo escolar de 2010 a 2014, os dados mostram que 69 alunos entraram no 1º
ano em 2010 e 92 concluíram em 2014, um aumento de 133%. No ciclo compreendido entre
2011 a 2015, a taxa de alunos que concluíram em 2015 foi de 277%, sendo que 22 alunos
ingressaram no 1º ano em 2011 e 61 alunos concluíram em 2015. Para o período de 2012 a
2016, houve redução dessa taxa em relação ao período anterior. 34 alunos ingressaram no 1º
ano em 2012 e 67 concluíram em 2016, um percentual de 197,3%. O ciclo de 2013 a 2017 foi
o que apresentou a menor taxa de crescimento. Em 2013, a escola matriculou 29 alunos no 1º
ano e 33 concluíram o 5º ano em 2017, um aumento de 114%.
Os dados nos mostram também que, no total de matrículas compreendidas entre o
período entre 2010 a 2017, houve uma redução de 57,1% nos anos iniciais. Contudo, no
decorrer desse período, algumas séries tiveram elevação mais que outras, a exemplo dos 3º e
4º ano, contribuindo para o aumento nas taxas de alunos concluintes e cada período escolar
dos anos iniciais. De acordo com os dados apresentados, observamos que, mesmo que o
problema da reprovação e abandono tenham aparecido com frequência nos anos iniciais do
CETI Prof. Garcitylzo, um grande número de alunos conseguiu concluir, no tempo certo, essa
297
etapa de ensino. A partir desse contexto, inferimos que a educação, como direito de todos,
aproximou-se da sua materialização nos anos iniciais do CETI prof. Garcitylzo.
De acordo com Silva Filho; Araújo (2017), o fracasso escolar é um fenômeno que
causa prejuízos ao campo educativo, quer seja no âmbito pessoal do estudante, quer seja em
âmbito macro, no que tange às questões econômicas.
Os autores argumentam que o sucesso ou fracasso escolar são caracterizados pela
reprovação e abandono do aluno no contexto escolar. Para os autores, existe um discurso do
senso comum de atribuir ao estudante o resultado de seu sucesso ou fracasso escolar, sem
levar em conta os vários fatores que causam esse fenômeno. Silva Filho; Araújo (2017)
elencaram vários desses fatores em diferentes ângulos.
Na relação familiar, tem-se a falta de acompanhamento escolar pelos pais, em
decorrência da baixa escolaridade, a carência afetiva, a desestruturação familiar e a falta de
acesso aos bens culturais ocasionados pela condição socioeconômica da família. Já, no âmbito
da escola, os métodos de ensino, a falta de investimento na educação e os aspectos culturais,
sociais e políticos da região onde se localiza a escola são outros fatores que afetam
sobremaneira o rendimento do estudante.
Quanto aos anos finais, os dados serão analisados, inicialmente, por instituição
escolar, seguida da análise por série, e, por último, a análise dos concluintes de cada período
escolar, neste caso, um período de 4 anos.
TABELA 37 - Rendimento Escolar Ensino Fundamental – Anos Finais - CETI Prof. Garcitylzo, Dra. Zilda e
João Braga - Manaus-Amazonas, 2010 a 2017.
Continuação
Fonte: organizado pela autora com base em Gerência de Pesquisa e Estatística (GEPES)- Seduc-AM e sítio do
INEP – Indicadores educacionais – 2010, 2011, 2012, 2013, 2014, 2015, 2016, 2017.
chegou a 1%. Em 2014, teve novamente aumento chegando ao índice de 11,4%. A taxa de
abandono chegou a 5% em 2011.
O CETI Dra. Zilda, no período analisado, 2010 a 2017, teve uma taxa mínima de
97,8% de aprovação, de 1,1% de reprovação e 3,9% de abandono.
De acordo com o PPP da escola, “A equipe escolar desta instituição de ensino
estabeleceu como meta alcançar um rendimento de 100% (cem por cento) de aprovação nos
anos de 2012, 2013, 2014 no Ensino Fundamental II e no Ensino Médio” (CETI Dra. Zilda,
2018). Os dados revelam que essa meta se aproximou da meta, mas não foi alcançada em sua
totalidade.
O CETI João Braga foi a instituição que apresentou as melhores taxas de
aprovação. Em 2010 e 2013, alcançou uma taxa de 100% de aprovação. Nos demais anos, a
menor taxa de aprovação foi em 2016, com 99,1%. A taxa de reprovação foi maior em 2017,
com 2,7%. Quanto ao abandono, somente em 2013 que apresentou uma taxa de 0,5%.
De acordo com os dados apresentados, identificamos diferentes taxas de
rendimento escolar entre as três unidades analisadas, deixando evidente a desigualdade
educacional dentro de uma mesma realidade geográfica na cidade de Manaus.
O CETI Prof. Garcitylzo foi o que apresentou a menor taxa de aprovação nos anos
finais do ensino fundamental durante o período analisado (2010-2017), sendo essa taxa de
93%; a reprovação atingiu uma taxa de 2,4%. O CETI João Braga apresentou a melhor taxa
de aprovação, com 98,8%, e a menor taxa de abandono, com 0,1%. Inferimos que, dentro da
mesma coordenadoria distrital, há um processo educacional desigual. São instituições que
estão sob as mesmas orientações pedagógicas e administrativas, mas que apresentaram
resultados diferentes quanto ao direito de permanência do estudante no contexto escolar.
Arelaro (2005) argumenta sobre as condições desiguais do Brasil nas quais o
ensino fundamental é oferecido, haja vista o caráter elitista que sustenta a educação. De
acordo com a autora,
A gratuidade do ensino nos estabelecimentos oficiais (IV, art. 206) deve ser
entendida não só como a matrícula “potencial” – a vaga em “alguma” escola
–, mas como a tradução do oferecimento das condições “plenas” que
permitam a todos os alunos a sua frequência regular à escola, o que exige por
parte das esferas públicas – pela desigualdade social extrema mantida intacta
no país – recursos materiais e financeiros “compensatórios”, colocados à
disposição para que a igualdade-desigual seja estabelecida e a
“permanência” dos mais pobres e marginalizados seja possível, com
mínimas – mas insubstituíveis – condições de igualdade pedagógica e social
(ARELARO, 2005, p.1040).
300
TABELA 38 - Rendimento Escolar, por série dos anos finais do ensino fundamental - CETI Prof. Garcitylzo,
Dra. Zilda e João Braga - Manaus-Amazonas, 2010 a 2017.
Reprovados
Reprovados
Reprovados
Aprovados
Aprovados
Aprovados
Aprovados
Abandono
Abandono
Abandono
Abandono
Matrícula
Matrícula
Matrícula
Matrícula
ANOS CETIs
com 25,9% em 2010. Quanto ao abandono, o 6º ano apresentou uma taxa de 6,8% no CETI
Dra. Zilda em 2012.
No 7º ano, a menor taxa de aprovação chegou a 89,9% em 2013; no CETI
Garcitylzo, a maior taxa de reprovação chegou a 10,1% em 2013 e o abandono atingiu uma
taxa de 6,1% em 2011, sendo todas essas taxas no CETI Prof. Garcitylzo.
O 8º ano teve as menores taxas de aprovação de 69,4% e 85,9%, em 2010 e 2014,
no CETI Garcitylzo. Também esse Centro apresentou as taxas de reprovação de 26,5% em
2010 e 14,1% em 2013. A taxa de abandono no 8º ano chegou a 4,1% e 6,9% respectivamente
nos anos de 2010 e 2011.
No 9º ano, a menor taxa de aprovação foi de 88% no CETI Garcitylzo em 2011; a
taxa de reprovação nessa série atingiu um máximo de 11,9% em 2011 no mesmo CETI. O
mesmo Centro atingiu a taxa de 10% de abandono em 2011.
De acordo com os dados apresentados, percebemos que as maiores taxas de
reprovação foram no 6º ano, com 25,9%, e no 8º ano, com 26,5%, durante o período
analisado. O 9º ano foi a série que apresentou a menor taxa de reprovação e abandono escolar
durante o período de 2010 a 2017.
O abandono e reprovação em qualquer série escolar influenciam no direito à
permanência do estudante no contexto escolar, uma vez que impede a continuidade e término
da etapa escolar no tempo certo, provocando a distorção idade-série. Analisamos ainda os
dados de alunos ingressantes e de alunos egressos em cada ciclo do ensino fundamental, para
compreendermos o processo de permanência dos estudantes nos anos finais do ensino
fundamental a cada quatro anos (duração do segundo ciclo do ensino fundamental – 6º ao 9º
ano).
Considerando que a segunda etapa do Ensino Fundamental tem a duração de 04
anos, com ingresso dos alunos aos 11 anos de idade, a expectativa é que todos os discentes
concluam o ensino fundamental em quatro anos, isto é, aos 14 anos.
O gráfico 15 mostra a taxa de concluintes em cada ciclo escolar do ensino
fundamental, no CETI Prof. Garcitylzo.
302
GRÁFICO 16 - Taxa de concluinte dos anos finais – CETI Prof. Garcitylzo,– Manaus-AM 2010 a 2017.
Fonte: organizado pela autora com base em Gerência de Pesquisa e Estatística (GEPES)- Seduc-AM e sítio do
INEP – Indicadores educacionais – 2010, 2011, 2012, 2013, 2014, 2015, 2016, 2017.
GRÁFICO 17 - Taxa de concluinte dos anos finais – CETI Dra. Zilda Arns – Manaus-AM 2010 a 2017.
Fonte: organizado pela autora com base em Gerência de Pesquisa e Estatística (GEPES)- Seduc-AM e sítio do
INEP – Indicadores educacionais – 2010, 2011, 2012, 2013, 2014, 2015, 2016, 2017.
Os dados do CETI Dra. Zilda nos mostraram que, no ciclo escolar 2010-2013, dos
253 alunos matriculados em 2010, um total de 156 alunos (61,7%) concluíram o 9º ano em
2013. No período de 2011-2014, o percentual de alunos que não concluíram o 9º ano
aumentou, atingindo 57%, isto é, mais da metade dos estudantes “se perderam” no caminho.
Já, no ciclo escolar de 2012/2015, 2013/2016, 2014/2017, o percentual de alunos que
concluíram o 9º ano foi de 57%, 61,9% e 78%, respectivamente, com taxas superiores às
anterioriores.
Em relação aos concluintes do CETI João Braga, podemos observar no gráfico 18.
304
GRÁFICO 18- Taxa de concluinte dos anos finais – CETI João Braga – Manaus-AM 2010 a 2017.
Fonte: organizado pela autora com base em Gerência de Pesquisa e Estatística (GEPES)- Seduc-AM e sítio do
INEP – Indicadores educacionais – 2010, 2011, 2012, 2013, 2014, 2015, 2016, 2017.
Os dados do CETI João Braga nos mostram que nessa instituição o índice de
aprovação foi superior aos dos dois centros anteriores, com taxas de conclusão entre 90,2% e
95,3%, tendo ainda um superávit de 1,7% no período de 2011-2014, isto é, 118 alunos
entraram no 6º ano em 2011 e 120 alunos concluíram em 2014.
A partir dos dados analisados, identificamos que o CETI Prof. Garcitylzo foi a
unidade escolar que apresentou a maior taxa de alunos que não concluíram os anos finais do
ensino fundamental no tempo certo. Uma média de 40% dos estudantes ingressantes no 6º ano
não concluiu essa etapa de ensino. A não conclusão de uma etapa de ensino, no tempo certo,
implica no direito à educação quanto à permanência do estudante no contexto escolar, bem
como na conclusão, com êxito, dessa etapa de ensino.
De acordo com Arelaro (2005, p. 1041), a taxa de alunos que não concluem um
ciclo escolar no tempo certo é um fenômeno preocupante para a educação brasileira, pois o
ensino fundamental “deveria ser um período de seus trajetos educacionais, em que todos
deveriam seguir juntos, sem interrupções”. Isso garantiria ao estudante a conclusão, com
êxito, de seu percurso formativo na educação básica, possibilitando-lhe continuar seus estudos
em níveis superiores.
305
TABELA 39 - Rendimento Escolar Ensino Médio - CETI Prof. Garcitylzo, Dra. Zilda e João Braga - Manaus-
Amazonas, 2010 a 2017.
Prof. Garcitylzo - - - -
2010 Dra. Zilda 49 49 - -
João Braga 139 139 - -
Prof. Garcitylzo - - - -
2011 Dra. Zilda 122 121 - 1
João Braga 258 258 - -
Prof. Garcitylzo - - - -
2012 Dra. Zilda 130 129 - 1
João Braga 260 259 - 1
Prof. Garcitylzo - - - -
2013 Dra. Zilda 131 131 - -
João Braga 307 307 - -
Prof. Garcitylzo 38 36 2 -
2014 Dra. Zilda 150 148 - 2
João Braga 317 317 - -
Prof. Garcitylzo 50 48 1 1
2015 Dra. Zilda 97 95 1 1
João Braga 276 276 - -
Prof. Garcitylzo 69 67 1 1
2016 Dra. Zilda 104 104 - -
João Braga 301 300 1 -
Prof. Garcitylzo 104 100 - 4
2017 Dra. Zilda 135 130 1 4
João Braga 319 310 9 -
Fonte: organizado pela autora com base em Gerência de Pesquisa e Estatística (GEPES)- Seduc-AM e sítio do
INEP – Indicadores educacionais – 2010, 2011, 2012, 2013, 2014, 2015, 2016, 2017.
de 98,7% em 2014. A reprovação atingiu a taxa de 1,0% em 2015 e o abandono foi de 1,3%
em 2014.
O CETI João Braga teve a menor taxa de aprovação em 2017, sendo de 97,2%. A
reprovação foi de 2,8%, também nesse ano. Essa unidade escolar apresentou apenas uma taxa
de 0,4% de abandono em 2012.
Os dados nos mostram que o Ensino Médio dos CETIs investigados apresentou
reduzidas taxas de reprovação e abandono no período analisado. Das 3.353 matrículas efetivas
no período de 2010 a 2017, houve uma taxa de 99% (3.324) de aprovação, 5% (16) de
reprovação e 5% (16) de abandono, conforme podemos visualizar no gráfico 19.
GRÁFICO 19 - Taxas de aprovação, reprovação e abandono do CETI Prof Garcitylzo, Dra. Zilda e João Braga
– Manaus-AM 2010-2017.
Fonte: organizado pela autora com base em Gerência de Pesquisa e Estatística (GEPES)- Seduc-AM e sítio do
INEP – Indicadores educacionais – 2010, 2011, 2012, 2013, 2014, 2015, 2016, 2017.
Em relação ao rendimento escolar por série do ensino médio, os dados podem ser
visualizados na tabela 40.
308
TABELA 40 - Rendimento Escolar por série no Ensino Médio - CETI Prof. Garcitylzo, Dra. Zilda e João Braga
- Manaus-Amazonas - 2010-2017.
Reprovados
Reprovados
Reprovados
Aprovados
Aprovados
Aprovados
Abandono
Abandono
Abandono
Matrícula
Matrícula
Matrícula
ANO CETIs
CETI Garcitylzo - - - - - - - - - - - -
2010 CETI Dra. Zilda 32 32 - - 17 17 - - - - - -
CETI João Braga 98 98 - - 41 41 - - - - - -
CETI Garcitylzo - - - - - - - - - - - -
2011 CETI Dra. Zilda 86 85 - 1 21 21 - - 15 15 - -
CETI João Braga 144 144 - - 80 80 - - 34 34 - -
CETI Garcitylzo - - - - - - - - - - - -
2012 CETI Dra. Zilda 76 75 - 1 43 43 - - 11 11 - -
CETI João Braga 105 105 - - 97 96 - 1 58 58 - -
CETI Garcitylzo - - - - - - - - - - - -
2013 CETI Dra. Zilda 74 74 - - 37 37 - - 20 20 - -
CETI João Braga 150 150 - - 82 82 - - 75 75 - -
CETI Garcitylzo 38 36 2 - - - - - - - - -
2014 CETI Dra. Zilda 85 83 - 2 39 39 - - 26 26 - -
CETI João Braga 156 156 - - 97 97 - - 64 64 - -
CETI Garcitylzo 42 41 1 - 8 7 - 1 - - - -
2015 CETI Dra. Zilda 39 39 - - 34 32 1 1 24 24 - -
CETI João Braga 89 89 - - 102 102 - - 85 85 - -
CETI Garcitylzo 44 42 1 1 25 25 - - - - - -
2016 CETI Dra. Zilda 65 65 - - 17 17 - - 22 22 - -
CETI João Braga 144 143 1 - 71 71 - - 86 86 - -
CETI Garcitylzo 50 47 - 3 36 36 - - 18 17 - 1
2017 CETI Dra. Zilda 74 71 1 2 44 44 - - 17 15 - 2
CETI João Braga 134 130 4 - 118 113 5 - 67 67 - -
Fonte: organizado pela autora com base em Gerência de Pesquisa e Estatística (GEPES)- Seduc-AM e sítio do
INEP – Indicadores educacionais – 2010, 2011, 2012, 2013, 2014, 2015, 2016, 2017.
aprovação dessa unidade escolar na 1ª série foi de 94%, (47 alunos); sem reprovação nesse
ano, mas uma taxa de 6% (3 alunos) de abandono.
Os dados do rendimento escolar na 1ª série dessa unidade escolar, revelaram que,
mesmo com o número reduzido de matrículas, o problema da reprovação e abandono escolar
ainda se fez presente no período de 2010 a 2017.
Em relação à 1ª série do CETI Dra. Zilda, a menor taxa de aprovação dessa
unidade escolar foi em 2017, correspondendo a 95,9% (71 alunos). A taxa de reprovação
nessa série foi de 1,4% (1 aluno) e o abandono correspondeu a 2,7% (2 alunos). As taxas do
rendimento escolar dessa unidade foram superiores às da escola anterior, uma vez que,
durante o período analisado (2010 a 2017), uma média de 5% correspondia os alunos
reprovados e que abandonaram a escola.
O CETI João Braga atingiu sua menor taxa de reprovação de 97% (130 alunos)
em 2017 e 3% (04 alunos) de reprovados. O referido Centro não apresentou abandono na 1ª
série durante o período de 2010 a 2017. Inferimos, a partir dos dados analisados, que essa
unidade escolar apresentou rendimento escolar satisfatório, se comparado ao dos Centro
anteriores.
A 1ª série do ensino médio corresponde ao início de uma nova etapa de ensino e
que, para muitos alunos, apresenta-se como um novo desafio educacional e, assim, seu
rendimento escolar influencia na sua permanência e continuidade de seus estudos.
Na 2ª série, o CETI Garcitylzo teve uma taxa de aprovação em 2015 de 87,5% e
12,5% de abandono. O CETI Dra. Zilda, no período analisado, atingiu 100% de aprovação,
com exceção de 2015 em que teve uma taxa de 94,1% de aprovação; 2,9% de reprovação;
assim como 2,9% de abandono. O CETI João Braga, em 2012, teve 99% de aprovação e 1%
de abandono. Em 2017, a taxa de aprovação foi de 95,8% e 4,2% de reprovação.
Observamos que os dados do CETI Prof. Garcitylzo foram inferiores aos dados
das demais unidades escolares, levando-nos a inferir que, nessa fase escolar, o direito à
educação quanto à permanência do estudante no contexto escolar carecia de maior atenção por
parte da gestão educacional do estado do Amazonas.
Na 3ª série, o CETI Garcitylzo teve, em 2017, uma taxa de 94,4% de aprovação e
5,6% de abandono. O CETI Dra. Zilda atingiu, em 2017, um percentual de 88,2% de
aprovação e 11,8% de reprovação e o CETI João Braga atingiu 100% de aprovação, sem
reprovação e abandono nessa série.
Com exceção do CETI João Braga, que atingiu resultados satisfatórios de
aprovação escolar, mais uma vez, percebemos que o CETI Prof. Garcitylzo apresentou dados
310
preocupantes de reprovação escolar. Contudo, foi o CETI Dra. Zilda que apresentou, na 3ª
série, a maior taxa de reprovação durante o período analisado.
A 3ª série do ensino médio representa o fim do percurso escolar do estudante que
começou na educação infantil. Sua conclusão, com êxito, garante ao estudante o sucesso de
sua trajetória escolar e a possibilidade de prosseguir seus estudos em níveis superiores.
Observando o rendimento de todo o ensino médio, o maior índice de aprovação no
período analisado ocorreu na 3ª série com um percentual de 99,5%. A reprovação ficou com
uma taxa de 0,6% na 1ª e 2ª série, e o abandono, a maior taxa ocorreu no 1º ano com um
percentual de 0,6%.
O CETI Prof. Garcitylzo foi a instituição que apresentou menor taxa de aprovação
no período de 2010 a 2017, correspondendo a 96,2%. Também, esse Centro apresentou a
maior taxa de reprovação, com 53%, e uma taxa de 2,3% de abandono. O CETI João Braga
apresentou a maior taxa de aprovação, com 99,5%, e a menor taxa de abandono, sendo essa de
0,05%. Embora sejam taxas pequenas, quanto a reprovação e abandono, esse é um problema
presente no ensino médio dos CETIs analisados, trazendo consequências à permanência do
estudante no contexto escolar, bem como à sua conclusão, com êxito, dessa etapa do ensino
básico.
Kuenzer (2010) argumenta que o ensino médio precisa ser entendido para além de
dados estatísticos. Taxas de reprovação e abandono devem ser analisadas numa dimensão
histórica, política, socioeconômica e pedagógica, uma vez que tais dimensões se articulam no
cotidiano escolar do estudante. Nesse sentido, é dever do Estado proporcionar condições
subjetivas para a conclusão, com êxito, da última etapa da educação básica. A autora defende
ainda que, mais do que a universalização quantitativa do ensino médio, faz-se necessária a
universalização, com qualidade social, com a inclusão de todos, sem discriminação de raça,
gênero, classe social, a essa etapa de ensino.
Analisamos os dados de alunos ingressantes e de alunos egressos em cada ciclo do
ensino médio, por escola. O gráfico 20 mostra os dados do CETI Prof. Garcitylzo.
311
GRÁFICO 20 - Taxa de alunos concluintes no ensino médio – CETI Prof. Garcitylzo - Manaus-AM- 2010 a
2017.
Fonte: organizado pela autora com base em Gerência de Pesquisa e Estatística (GEPES)- Seduc-AM e sítio do
INEP – Indicadores educacionais – 2010, 2011, 2012, 2013, 2014, 2015, 2016, 2017.
GRÁFICO 21 - Taxa de alunos concluintes no ensino médio – CETI Dra. Zilda - Manaus-AM - 2010 a 2017.
Fonte: organizado pela autora com base em Gerência de Pesquisa e Estatística (GEPES)- Seduc-AM e sítio do
INEP – Indicadores educacionais – 2010, 2011, 2012, 2013, 2014, 2015, 2016, 2017.
GRÁFICO 22 - Taxa de alunos concluintes no ensino médio – CETI Dra. Zilda - Manaus-AM - 2010 a 2017.
Fonte: organizado pela autora com base em Gerência de Pesquisa e Estatística (GEPES)- Seduc-AM e sítio do
INEP – Indicadores educacionais – 2010, 2011, 2012, 2013, 2014, 2015, 2016, 2017.
Os dados do CETI João Braga apresentaram taxas melhores que as anteriores, mas
não menos preocupantes. A menor taxa de concluintes foi no ciclo de 2014-2016, quando 156
alunos entraram na 1ª série do ensino médio e 86 concluíram em 2016, uma taxa de 55,1%.
Contudo, no ciclo 2015-2017, um total de 89 alunos ingressaram na 1ª série e 67 concluíram,
uma taxa de 75,3%.
Os dados revelaram que quase metade dos estudantes que ingressaram na 1ª série
do ensino média ficaram sem concluir essa etapa de ensino, revelando a negação do direito à
educação, quanto à permanência, e conclusão, com sucesso, de cada etapa escolar.
Oliveira (2007, p.676) afirma que o fluxo educacional,
A exclusão de jovens do contexto escolar não pode ser analisada como causa
isolada, mas a partir de um conjunto de fatores que conduzem os estudantes a evadirem-se da
314
escola. Um dos fatores, apontados por Libâneo; Oliveira; Toschi (2012), refere-se às práticas
pedagógicas efetivadas no cotidiano escolar, muitas vezes, desconexas da realidade do aluno.
É importante, ainda, identificar as diferentes concepções assumidas no ensino médio, a saber:
que, de acordo com o Ministério da Educação (MEC), “a defasagem idade série é considerada
quando o estudante está há pelo menos dois anos acima da idade para a série”. As causas para
esse problema são, principalmente, a entrada tardia do estudante no universo escolar, bem
como a reprovação e o abandono.
Os autores, em estudo realizado sobre a distorção idade-série, afirmam que “O
MEC aponta que o patamar adequado seria entre 3% e 4%”. É a partir dessa média que
faremos a análise das taxas encontradas.
Para análise dos dados de distorção idade-série, utilizamos a comparação dessas
taxas entre as instituições investigadas.
A tabela 41 indica as taxas de distorção idade-série nos anos iniciais do ensino
fundamental dos CETIs investigados.
TABELA 41 - Taxas de distorção idades-série 1º ao 5º ano do CETI Prof. Garcitylzo e Dra. Zilda -Manaus-AM
– 2010-2017.
Fonte: organizado pela autora com base em sítio do INEP – Indicadores educacionais. 2010, 2011, 2012, 2013,
2014, 2015, 2016, 2017.
Analisando os dados por ano escolar, a tabela nos mostra que no 1º ano, apenas
em 2012, o CETI Prof. Garcitylzo teve uma pequena taxa de distorção de 2,9%.
No 2º ano, a taxa foi bem maior, ficando entre 29,3% em 2010 e 1,5%, em 2015.
316
No 3º ano, o CETI Prof. Garcityzo continuou com essa alta taxa em 2010,
atingindo 35,9%. Contudo, no decorrer do período analisado, foi diminuindo, atingindo
apenas, 4,1% em 2017.
O 4º ano do CETI Prof. Garcitylzo, mais uma vez, apresentou taxa elevada, de
35,1% em 2011, reduzindo gradativamente, ficando com 5,6% em 2017.
O 5º ano do CETI Prof. Garcitylzo apresentou altas taxas de distorção idade-série,
ficando com 41,8% em 2010, 31,9% em 2011 e 32,2% em 2013. As taxas foram diminuindo
chegando a 5,7% em 2017.
Considerando as orientações do MEC, que indica a taxa de 3% a 4% aceitável
para a distorção idade-série, observamos que o CETI Prof. Garcitylzo, com exceção do 1º
ano, apresentou elevadas taxas, atingindo quase 50%, a exemplo do 5º ano em 2010. Esses
dados são o reflexo da reprovação e abandono escolar ocorrido na instituição em 2010.
A distorção idade-série coloca o estudante em situação vexatória diante dos
colegas que se encontram na idade adequada à série, promovendo um processo de exclusão
desses alunos e contribuindo ainda mais para a negação do direito à educação. O gráfico 23
nos possibilita uma ampla visão da distorção idade-série nos anos iniciais.
GRÁFICO 23 - Taxa de distorção idade-série – anos iniciais – CETI Prof. Garcitylzo, – Manaus-AM 2010-
2017.
Fonte: elaborado pela autora com base no sítio do Inep, em Indicadores Educacionais. 2010, 2011, 2012, 2013,
2014, 2015, 2016 e 2017.
317
O gráfico 23 mostra que, nos anos iniciais, o CETI Prof. Garcitylzo, quando
começou suas atividades em 2010, apresentou considerável taxa de distorção idade-série,
contudo, observamos que essas taxas foram diminuindo gradativamente, saindo de 27,7%, em
2010, para 2,3% em 2017.
Ribeiro; Cacciamali (2012) afirmam que uma das causas da defasagem idade-série
nos anos iniciais é, na maioria dos casos, causada pela entrada tardia do estudante na escola.
Essa entrada tardia, de acordo com os autores, tem como indicadores a situação
socioeconômica das famílias, bem como o nível cultural dos pais que não consideram a
importância da educação na vida dessas crianças.
Em relação aos anos finais, a tabela 42 nos mostra os seguintes dados:
TABELA 42 - Taxas de distorção idades-série – 6º ao 9º ano do Ensino Fundamental – CETI Prof. Garcitylzo,
Dra. Zilda Arns e João Braga - Manaus-AM – 2010-2017.
6º 7º 8º 9º 6º 7º 8º 9º 6º 7º 8º 9º
Ano Ano Ano Ano Ano Ano Ano Ano Ano Ano Ano Ano
2010 43,1 35,6 36,5 32,5 27,5 27,9 29 24 10 14,7 4,6 19,2
2011 39,3 43,1 31,1 30,4 38,3 23,1 22,8 21,5 2,5 10 13,4 5
2012 32,1 26,3 31,4 29 24,5 33,9 19,5 20,8 5,7 4,1 10,5 12,3
2013 29,7 29,9 23,9 25 1,8 6,1 3,3 9,4 15,2 19,3 23,3 18
2014 23 28.8 27.5 19.6 21.4 13.7 15.1 13.1 6.3 2.4 7 2.4
2015 16.3 18.8 24.1 21.3 12.6 18.5 12.1 14.6 3.4 7.2 2.6 2.4
2016 13,9 21 16 23,1 17,6 13,9 20,3 15,4 4,1 3,4 7,2 6,3
2017 17,9 15,7 24,2 21,1 13,6 17,8 13,2 16,3 6,8 6,6 3,3 7,2
Fonte: elaborado pela autora com base no sítio do Inep, em Indicadores Educacionais. 2010, 2011, 2012, 2013,
2014, 2015, 2016 e 2017.
Observamos nos dados analisados que os 5º e 6º ano foram as séries com a maior
taxa de distorção atingindo a média de 40%, enquanto o 8º e 9º ano atingiram taxas menores.
Identificamos também que essas taxas foram maiores no início do funcionamento das
unidades. Ao longo do período, foram reduzindo gradativamente. Contudo, ainda longe do
aceitável, de acordo com o MEC.
A regularização do fluxo escolar nos anos finais do ensino fundamental contribui
para a garantia do direito à educação quanto à permanência, e conclusão da trajetória escolar
do aluno. A redução nessas taxas de distorção contribuirá para o ingresso dos estudantes no
ensino médio, no tempo certo.
Considerando todas as séries dos anos finais nos CETIs, identificamos as taxas
conforme o gráfico 24.
GRÁFICO 24 - Taxa de distorção idade-série – anos finais – CETI Prof. Garcitylzo, Dra. Zilda Arns, João
Braga - Manaus-AM 2010-2017.
Fonte: elaborado pela autora com base no sítio do Inep, em Indicadores Educacionais. 2010, 2011, 2012, 2013,
2014, 2015, 2016 e 2017.
O CETI João Braga foi o que apresentou as menores taxas, sendo 12,2% em 2010
e 4,4% em 2015. Teve um pequeno aumento em 2016 (5,5%) e 2017 (6,1%).
Observamos no gráfico que, em relação ao ensino fundamental, apesar das
dificuldades apresentadas no item anterior sobre reprovação e abandono, foi possível
identificarmos que os CETIs tiveram uma diminuição gradativa nos dados de distorção idade-
série.
O Centro Prof. Garcitylzo, apesar de mostrar que houve redução nas taxas de
distorção, foi o que apresentou a menor taxa no período analisado, saindo de 39% em 2010
para 19,4%, uma redução de 49,7%.
O CETI Dra. Zilda foi o que apresentou a maior redução, saindo de 27,5% em
2010 para 14,8% em 2017, redução de 53,8%.
O CETI João Braga teve uma redução de 50% na taxa de distorção idade-série no
período analisado.
Observamos que essas taxas ainda são preocupantes, haja vista que estão bem
longe da média determinada pelo MEC, de 3% a 4%. Contudo, apesar da pouca variação nas
taxas de distorção idade-série no período analisado (2010-2017) e se continuar com as taxas
acima da média considerável aceitável pelo MEC, consideramos uma redução significativa, o
que contribui significativamente para a o direito à educação quanto à permanência, e
conclusão, com êxito, do estudante em sua trajetória escolar.
Em relação ao ensino médio, a tabela 43 nos mostra o seguinte:
TABELA 43 - Taxa de distorção idade-série – 1ª a 3ª série do Ensino Médio – CETI Prof. Garcitylzo, Dra. Zilda
Arns, João Braga - Manaus-AM – 2010-2017.
2017 16,9 17,5 36,8 20,5 17,0 11,8 8,6 9,3 2,9
Fonte: elaborado pela autora com base no sítio do Inep, em Indicadores Educacionais. 2010-2017.
320
O CETI Prof. Garcitylzo, em apenas nos quatro anos que ofereceu o ensino
médio, teve altas taxas de distorção idade-série. Em 2014, obteve uma taxa de 17,1%,
aumentando para 26,5% em 2015 e, mais ainda, em 2016, chegando a um percentual de 27%
nesse ano. Apresentou uma redução em 2017, com uma taxa de 16,9%. A série com a maior
taxa de distorção foi a 3ª em 2017.
O CETI Dra. Zilda em 2010 apresentou uma taxa de 38,2 na 1ª série, reduzindo
gradativamente, mas aumentou novamente em 2017 atingindo 20,5%. A 2ª série saiu de
23,1% em 2010 e reduziu para 17% em 2017. Na 3ª série, a maior taxa foi de 27,3% em
20112.
O CETI João Braga apresentou reduzidas taxas de distorção idade-série no
período analisado, atingindo a maior taxa em 2011, de 14,7%, na 1ª série.
A partir dos dados acima, observamos que, ao longo do período analisado, as
taxas de distorção idade-série no ensino médio foram muito instáveis, conforme podemos
comprovar pelo gráfico 25.
GRÁFICO 25 - Taxa de distorção idade-série – Ensino Médio – CETI Prof. Garcitylzo, Dra Zilda Arns, João
Braga - Manaus-AM – 2010-2017.
Fonte: elaborado pela autora com base no sítio do Inep, em Indicadores Educacionais. 2010, 2011, 2012, 2013,
2014, 2015, 2016 e 2017.
concluíram o ensino médio no tempo certo. Inferimos que esse fato contribuiu fortemente
para as altas taxas de distorção idade-série nessa etapa de ensino. Compreendemos que a
repetência escolar gera consequências negativas ao processo escolar do estudante, como a
evasão e a distorção idade-série e, desse modo, afeta sobremaneira a permanência, e a
conclusão, com sucesso, do estudante no contexto escolar.
TABELA 44 - Média de alunos por turma - CETI Prof. Garcitylzo, Dra. Zilda e João Braga – Manaus-
Amazonas, 2010-2017.
2010
34,1 -- -- 47,4 33,6 29,1 -- 23,5 35
2011
33,5 -- -- 35,6 36,3 39,3 -- 25,6 35,4
2012
34,8 -- -- 36,7 33 39,1 -- 24,7 31,8
2013
31 -- -- 33,1 32,4 39,5 -- 24,2 32,6
2014
34 -- -- 34,3 34,5 40,4 20,5 33,4 34,3
2015
29,6 30,0 -- 28,7 31,7 39,3 16,3 20,6 28,8
2016
32,5 -- -- 35,5 36,8 39,7 24,7 24,2 35,3
2017
33,6 36,0 -- 37,5 38,5 39,7 29,5 24,7 33,8
Fonte: elaborado pela autora com base no sítio do Inep, em Indicadores Educacionais. 2010, 2011, 2012, 2013,
2014, 2015, 2016 e 2017.
322
O excesso de alunos por turma, principalmente nos anos iniciais, quando o aluno
precisa de mais atenção do docente, dificulta seu processo de aprendizagem prejudicando o
atendimento individualizado, assim como a avaliação e a interação entre os sujeitos do
processo: professor-aluno; aluno-aluno.
323
QUADRO 17 - Níveis de ensino e horário de funcionamento dos Centros de Educação em Tempo Integral –
CETI Prof. Garcitylzo, Dra. Zilda e João Braga – Manaus-AM, 2018.
De acordo com o quadro 17, O CETI Prof. Garcitylzo atendia em tempo integral
de 7h as 17h e, no horário noturno, oferecia a educação de jovens e adultos. Os CETIs Dra.
Zilda e João Braga atendiam apenas em horário diurno, de 7h às 17h.
A análise do indicador média de hora-aula diária foi importante para verificar a
garantia do direito à educação quanto ao tempo integral determinado pelo art. 199 da
Constituição Estadual, quando determinou como princípio a “implantação progressiva do
turno de oito horas diárias no ensino pré-escolar, alfabetização e de primeiro grau”
(AMAZONAS, 1989). Pelo art. 34 da LDB, “§ 2º O ensino fundamental será ministrado
progressivamente em tempo integral, a critério dos sistemas de ensino” (BRASIL, 2016).
Somou-se a isso a meta 06 do PEE que projetou “Implantar e implementar gradativamente
educação em tempo integral em, no mínimo, 50% das escolas públicas, de forma a atender,
pelo menos, 50% dos(as) estudantes da educação básica.
Buscamos no sítio do Inep, em indicadores educacionais, identificar a média
diária de hora-aula e encontramos os dados conforme tabela 45.
325
TABELA 45 - Média de horas-aula diária – CETI prof. Garcitylzo, Dra Zilda Arns, João Braga - Manaus-
Amazonas, 2010-2017.
2011 9 10 10 -- 10 10
2012 9 9 - -- 9 7,3
Observamos que, com exceção do CETI Prof. Garcitylzo, os outros dois centros,
no início de suas atividades escolares, em 2010 e 2012, tinham em média 10h horas de aula.
Em 2013, o CETI João Braga reduziu para sete horas e meia diária. A partir de 2014 até 2017,
o período de hora-aula diária foi em média de oito horas, aproximando ao informado pelos
respectivos projetos das instituições.
Analisando os projetos das unidades escolares, identificamos uma preocupação
com a ampliação da jornada escolar como forma de possibilitar maior eficiência nos
resultados escolares, confirmando a afirmação de Cavaliere (2007, p.1018) de que o “Tempo
de escola é sempre em função de diferentes interesses e forças que sobre ele atuam”. Essas
forças apresentam-se diversas e uma delas refere-se à formação que a escola pretende
proporcionar ao estudante: formar para a cidadania ou apenas para o mercado de trabalho.
No caso do CETI Prof. Garcitylzo,
Fonte: Informação enviada pelo Centro de Educação em Tempo Integral Prof. Garcitylzo, 2018.
91
O horário dos tempos escolares encontra-se no anexo deste trabalho.
327
Conforme nos mostra o horário de aula, não visualizamos nesse Centro, assim
como nos demais, outras atividades que não fossem das disciplinas teóricas do núcleo
comum. As orientações do Projeto de Educação em Tempo Integral, elaborado pela Seduc,
quanto à realização de diferentes atividades e oficinas pedagógicas, não estavam sendo
cumpridas nas referidas unidades escolares.
Foi esse o tempo integral percebido nos Centros de Educação em Tempo Integral,
cujo tempo escolar estava reproduzindo o tempo convencional. Dependendo da organização
do tempo escolar, esse poderá ser um fator de exclusão do estudante do processo escolar.
Cavaliere (2007, p. 1021), utilizando Bourdieu (1998), afirma que “Para o autor, trata-se de
uma exclusão branda e dissimulada, que se faz a despeito da permanência na escola e que
mais uma vez culpabiliza os alunos por fracassarem, apesar das inúmeras chances dentro do
sistema escolar”.
De acordo com a organização do tempo escolar das unidades investigadas, o que
se percebeu foi uma frágil função socializadora da escola, uma vez que o tempo escolar não
foi pensado na busca por uma educação para a transformação social, mas para a reprodução
do modelo escolar que há muito vem se consolidando no Brasil e, consequentemente, no
estado do Amazonas.
QUADRO 18 - Descrição dos Níveis Socioeconômicos dos Estudantes Descrição – Brasil -2013.
Nível Descrição
Este é o menor nível da escala e os alunos, de modo geral, indicaram que
há em sua casa bens elementares, como uma televisão em cores, uma
Nível I - Até 30 geladeira, um telefone celular, até dois quartos no domicílio e um banheiro;
Muito Baixo não contratam empregada mensalista e nem diarista; a renda familiar
mensal é de até 1 salário mínimo; e seus pais ou responsáveis possuem
ensino fundamental completo ou estão cursando esse nível de ensino.
Neste, os alunos, de modo geral, indicaram que há em sua casa bens
elementares, como uma televisão em cores, um rádio, uma geladeira, um
telefone celular, dois quartos e um banheiro; bem complementar, como
Nível II - (30;40) -
videocassete ou DVD; não contratam empregada mensalista e nem diarista;
Baixo
a renda familiar mensal é de até 1 salário mínimo; e seus pais ou
responsáveis possuem ensino fundamental completo ou estão cursando esse
nível de ensino.
Continua
329
Continuação
Nível Descrição
Neste, os alunos, de modo geral, indicaram que há em sua casa bens
elementares, como uma televisão em cores, um rádio, uma geladeira, um
telefone celular, dois quartos e um banheiro; bens complementares, como
Nível III (40;50) videocassete ou DVD, máquina de lavar roupas, computador e possuem
Médio Baixo acesso à internet; não contratam empregada mensalista ou diarista; a renda
familiar mensal está entre 1 e 1,5 salários mínimos; e seu pai e sua mãe (ou
responsáveis) possuem ensino fundamental completo ou estão cursando
esse nível de ensino.
Já, neste nível, os alunos, de modo geral, indicaram que há em sua casa
bens elementares, como um rádio, uma geladeira, dois telefones celulares,
até dois quartos e um banheiro e, agora, duas ou mais televisões em cores;
bens complementares, como videocassete ou DVD, máquina de lavar
Nível IV(50;60) -
roupas, computador e possuem acesso à internet; bens suplementares,
Médio
como freezer, um ou mais telefones fixos e um carro; não contratam
empregada mensalista ou diarista; a renda familiar mensal está entre 1,5 e 5
salários mínimos; e seu pai e sua mãe (ou responsáveis) possuem ensino
fundamental completo ou estão cursando esse nível de ensino.
Neste, os alunos, de modo geral, indicaram que há em sua casa um
quantitativo maior de bens elementares como três quartos e dois banheiros;
bens complementares, como videocassete ou DVD, máquina de lavar
Nível V - (60;70) - roupas, computador e acesso à internet; bens suplementares, como freezer,
Médio Alto um ou mais telefones fixos, um carro, além de uma TV por assinatura e um
aspirador de pó; não contratam empregada mensalista ou diarista; a renda
familiar mensal é maior, pois está entre 5 e 7 salários mínimos; e seu pai e
sua mãe (ou responsáveis) completaram o ensino médio.
Neste nível, os alunos, de modo geral, indicaram que há em sua casa um
quantitativo alto de bens elementares como três quartos e três banheiros;
bens complementares, como videocassete ou DVD, máquina de lavar
roupas, computador e acesso à internet; bens suplementares, como freezer,
Nível VI - (70;80) –
telefones fixos, uma TV por assinatura, um aspirador de pó e, agora, dois
Alto
carros; não contratam empregada mensalista ou diarista; a renda familiar
está acima de 7 salários mínimos; e seu pai e sua mãe (ou responsáveis)
completaram a faculdade e/ou podem ter concluído ou não um curso de
pós-graduação.
Este é o maior nível da escala e os alunos, de modo geral, indicaram que há
em sua casa um quantitativo alto de bens elementares, como duas ou mais
geladeiras e três ou mais televisões em cores, por exemplo; bens
complementares, como videocassete ou DVD, máquina de lavar roupas,
Nível VII –
computador e acesso à internet; maior quantidade de bens suplementares,
Acima de 80 - Muito
tal como três ou mais carros e TV por assinatura; contratam, também,
Alto
empregada mensalista ou diarista até duas vezes por semana; a renda
familiar mensal é alta, pois está acima de 7 salários mínimos; e seu pai e
sua mãe (ou responsáveis) completaram a faculdade e/ou podem ter
concluído ou não um curso de pós-graduação.
Fonte: Organizado pela autora com base na Nota Técnica do Inep 2014.
Com base nos projetos analisados, o público dos Centros estava caracterizado de
acordo com as informações constantes no quadro 19.
330
QUADRO 19 - Nível socioeconômico dos discentes do CETI Prof. Garcitylzo, Dra. Zilda Arns, João Braga -
Manaus-AM, 2018.
Fonte: Elaborado pela autora com base no PPP do CETI Prof. Garcitylzo (2016), CETI Zilda Arns (2018), CETI
João Braga (2016).
Tabela 46 - Indicador do Nível Socioeconômico dos CETI Prof. Garcitylzo, Dra. Zilda Arns, João Braga –
Manaus-AM – 2013, 2015.
INSE INSE
CETI Classificação Classificação
2013 2015
Prof. Garcitylzo 49,31 Nível III - Médio Baixo 51,06 Nível IV - Médio
Dra. Zilda 51,37 Nível IV - Médio 49,86 Nível III - Médio Baixo
GRÁFICO 26 - Relação entre nível socioeconômico dos alunos e as taxas de aprovados, reprovados e abandono
no CETIs Prof. Garcitylzo, Dra. Zilda Arns, João Braga – Manaus-AM – 2013-2015.
Fonte: Elaborado pela autora com base no sítio do Inep, em Indicadores Educacionais – 2013, 2015.
332
De acordo com o PPP do CETI Dra. Zilda, o currículo escolar dessa unidade,
apresenta-se de forma contraditória, uma vez que, ao mesmo tempo em que se propõe a
formar cidadãos críticos, utiliza-se de termos inerentes a uma educação mercadológica,
dificultando o entendimento do discurso presente no mesmo e, mais ainda, impossibilitando a
efetivação de uma educação de qualidade socialmente referenciada.
Para a análise do currículo e concepção pedagógica das três unidades estudadas,
recorremos à Filosofia da escola, considerando a: Filosofia, Missão, Visão e Valores,
apresentados no Quadro 20, que segue.
334
QUADRO 20 - Filosofia, missão, visão e valores dos Centros de Educação em Tempo Integral – CETI da
coordenadoria distrital 07 – Manaus-AM, 2018.
CETI FILOSOFIA
Filosofia – Pretende ser uma escola cidadã, formar ser humano pensante
que atua e transforma o meio em que vive socialmente.
Missão – Numa perspectiva transformadora, objetiva-se proporcionar e
assegurar aos alunos conhecimentos e habilidades com compromisso de
mediar o aprendizado formal e informal com a vivência de mundo,
lutando contra as desigualdades sociais, contribuindo para sua integração
CETI Prof. Garcitylzo
política e social, dessa forma, formando cidadãos críticos, conscientes e
do Lago e Silva
participativos, capazes de interagir e intervir na realidade da sociedade.
Visão – Pretende contribuir para uma sociedade mais humana, igualitária
e fraterna, quicá, erradicar a pobreza através de seus projetos educacionais
que visem capacitação cidadã de seus alunos e a toda comunidade escolar
(p.10).
Observamos, no texto dos projetos dos CETIs, frases como: “transformar para o
meio em que vive”, “construção de uma sociedade mais humana”, “formar indivíduos
pensantes, reflexivos e críticos, capazes de atuar nas problemáticas” (sic), “Assegurar um
ensino de qualidade desenvolvendo cidadãos críticos, conscientes e participativos,
intencionando a formação de um cidadão consciente da realizada em que vive” (sic), dentre
outras, almejando uma educação transformadora. O discurso, presente no projeto dos Centros,
demonstra, pois, a preocupação com a formação do sujeito autônomo e integrado à realidade
política, social e econômica que o cerca, com vista a uma educação de qualidade.
De acordo com Bauer; Cassettari; Oliveira (2017, p. 943), “a busca pela melhoria
da qualidade da educação tem-se acentuado nas últimas décadas, impulsionando políticas
baseadas no entendimento de que esta não se limita ao acesso e permanência na escola, mas
inclui a aprendizagem dos alunos”, manifestada no currículo escolar.
Na mesma direção, Sacristán (2013) afirma que currículo escolar é tudo aquilo
que o aluno estuda e que envolve dimensões e situações diversas. Em suas palavras, “O
currículo tem o sentido de construir a carreira do estudante e, de maneira mais concreta, os
conteúdos deste percurso, sobretudo sua organização, aquilo que o aluno deverá aprender e
superar e em que ordem deverá fazê-lo” (p.16). É o currículo que determina os conteúdos que
serão abordados, os níveis e o tempo escolar de uma determinada instituição escolar.
Compreendo o currículo como seleção reguladora de tudo aquilo que será
ensinado e aprendido pelos alunos, devendo se fazer presente na missão da instituição.
Analisando o quadro 20, identificamos que as referidas unidades escolares tinham como
missão uma formação transformadora, a partir da construção sistemática do conhecimento.
Visavam não apenas ao conhecimento escolar, mas a formação integral dos estudantes a partir
da busca pela sua autonomia, enquanto (re) construtores de sua própria realidade, como
garantia de uma educação de qualidade.
Ponce (2018) afirma que currículo escolar é um dos indicadores de garantia, ou
não, do acesso ao pleno direito a uma educação de qualidade socialmente referenciada. O
currículo escolar, de acordo com a autora, representa uma disputa política, uma vez que é por
meio dele que se manifesta a educação que a escola deseja oferecer aos seus estudantes.
Assim,
QUADRO 21 - Objetivos, geral e específicos dos Centros de Educação em Tempo Integral – CETI Prof.
Garcitylzo, Dra. Zilda Arns. João Braga – Manaus-AM, 2016, 2018.
CETI OBJETIVOS
Objetivo Geral:
Educar para a cidadania, desenvolvendo uma educação inovadora
através de práticas pedagógicas emancipatórias norteadas por este
Projeto Político Pedagógico, que atentam à realidade escolar,
CETI Prof. Garcitylzo desenvolvendo a consciência crítica dos alunos acerca de sua realidade,
do Lago e Silva proporcionando a todos, participação democrática nas atividades e
decisões da escola e, assim, formar cidadãos atuantes, criativos,
críticos, participativos, capazes de tornar a sociedade mais solidária,
igualitária, justa e fraterna.
Objetivos Específicos
Oferecer educação de qualidade e humanizada;
Redimensionar as práticas pedagógicas;
Formar os alunos para a cidadania e a continuidade de estudos de
modo a ser capazes de se inserir com flexibilidade no mercado de
trabalho;
Promover uma aprendizagem mediada através de ações
CETI Prof. Garcitylzo interdisciplinares, educativas, culturais e sociais;
do Lago e Silva Manter sistema de vida escolar em que haja integração e participação
comunitária de todos os segmentos;
Tornar efetiva a aprendizagem fazendo uso das tecnologias
contemporâneas, valorizando o conhecimento de todos e respeitando
as defensas;
Estimular o potencial dos alunos, através de uma ação educativa
consistente e tendo em conta os princípios cívicos, sociais e
democráticos.
Continua
337
Continuação
CETI OBJETIVOS
Objetivo Geral
Proporcionar ao aluno uma educação de qualidade através de um
trabalho coletivo e democrático com a comunidade escolar, visando
formar indivíduos críticos e comprometidos com a construção de uma
sociedade melhor. Além disso, a partir da interação entre pais, alunos
e profissionais de educação, levar o educando a exercer o seu papel
de cidadão responsável e a viver a cidadania.
Objetivos Específicos
Proporcionar aos estudantes uma experiência educativa que não se
limite à instrução escolar, mas que o leve a organizar seu tempo, seu
espaço, e possibilite o fortalecimento da estrutura cognitiva,
contribuindo para a formação de sua personalidade;
Desenvolver projetos voltados para rotina diária (hábitos de estudo,
alimentação, higiene e recreação), favorecendo, assim, a saúde física e
CETI Dra. Zilda Arns
mental dos estudantes;
Neumann
Desenvolver as competências dos estudantes, considerando as
divergências múltiplas de seus conhecimentos prévios e aprendizagem;
Desenvolver palestras, dinâmicas e atividades diferenciadas para
promover a interação e envolvimento dos pais com os filhos no
ambiente escolar;
Promover o envolvimento de todos os membros da escola, fazendo o
uso de liderança e dos meios de comunicação disponíveis, com base na
cooperação e compromisso, favorecendo a qualidade das relações
interpessoais.
Fortalecer os órgãos colegiados (Conselho Escolar e APMC) através
de formação, diálogo e discussão sobre qual é o papel de todos na vida
da escola. E construir caminhos para a superação das dificuldades
coletivamente (p.13).
Objetivo Geral
Formar cidadãos responsáveis, conscientes e cognoscitivos,
possibilitando torná-los sujeitos ativos, críticos, construtores de seus
conhecimentos e protagonistas de sua história.
Objetivos Específicos
Garantir o reconhecimento comunitário sem deixar de valorizar, na
mesma medida, a inviolabilidade do indivíduo;
Promover a melhoria constante da qualidade, pertinência e relevância
CETI João dos Santos das atividades desenvolvidas na área pedagógica e social;
Braga Atualizar a proposta curricular com temas transversais (meio ambiente,
sexualidade, trânsito, drogas, DSTs, etc) através de procedimentos e
rotinas que atendam às necessidades cotidianas do alunado;
Possibilitar a formação integral dos nossos educandos;
Proporcionar aos profissionais da educação, por meio de diversas
atividades, a qualificação e reconhecimento profissional de suas
habilidades e valores;
Desenvolver procedimentos que visem à implantação da cultura da
Qualidade Total.
Fonte: Elaborado pela autora com base no PPP do CETI Prof. Garcitylzo (2016), CETI Zilda Arns (2018), CETI
João Braga (2016).
338
QUADRO 22 - Currículo e Fundamento Ético-Pedagógico dos Centros de Educação em Tempo Integral – CETI
Prof. Garcitylzo, Dra. Zilda, João Braga - Manaus-AM, 2018.
Continuação
“Desenvolver procedimentos que visem à implantação da cultura da Qualidade Total” (p.15). Nesse
sentido, vêm acentuando as exigências da relação entre os conteúdos escolares e as atividades
voltadas para o mercado de trabalho, alinhando os objetivos educacionais aos objetivos
neoliberais.
De acordo com Ponce (2018, p. 786),
Tendo em vista a elevação nas médias dos estudantes, tais avaliações passaram a
ser referência para uma educação de qualidade.
De acordo com a análise de Freitas (2014), não importa, nessa concepção de
qualidade da educação, se as práticas pedagógicas adotadas nas escolas públicas estão
possibilitando um processo educacional voltado para a formação integral das crianças e
jovens, mas, sim, se as médias nessas avaliações estão aumentando ou diminuindo.
O estado do Amazonas vem, gradativamente, ultrapassando as metas
estabelecidas pelo Ideb, corroborando com o discurso de que a educação do estado caminha
para uma educação de qualidade. Neste item, analisaremos o Ideb das escolas investigadas,
conforme tabela 47.
TABELA 47 - Ideb observado e metas projetadas para CETI Prof. Garcitylzo, Dra. Zilda e João Braga –
Manaus-AM – 2011-2017.
GRÁFICO 27 - Ideb observado nos CETIs Prof. Garcitylzo, Dra. Zilda Arns, João Braga - Manaus-AM – 2011-
2017.
Fonte: Elaborado pela autora com base no sítio do Inep – IDEB- Resultado em Metas – 2011-2017.
344
O gráfico 27 nos mostra que o CETI Prof. Garcitylzo, nos anos iniciais, saiu de
4,9 em 2011 para 6,6 em 2017. Nos anos finais, a média em 2013 foi de 4,5 e alcançou 5,1 em
2015. Em 2017, de acordo com as informações constantes no sítio do Inep, o número de
participantes nas avaliações foi insuficiente para divulgação dos resultados.
O CETI Dra. Zilda, nos anos finais, obteve em 2011 uma média de 4,6,
alcançando 5,5 em 2017. Contudo, houve uma redução entre os anos de 2015 e 2017. Esse
mesmo processo ocorreu no CETI João Braga, nos anos finais, que saiu da média 5,5, em
2013, para a média 6.0, em 2017.
Quanto ao ensino médio, apenas encontramos os dados de 2017, sendo 4,6 no
CETI Dra. Zilda e 5,3 no CETI João Braga.
Os dados mostram avanços quantitativos nas unidades escolares, superando as
metas projetadas para a educação no estado, deixando evidente que, nesse aspecto, as
unidades escolares estavam cumprindo o princípio constitucional de educação de qualidade.
Além dos dados estatísticos, Azevedo (2011) alerta para um conjunto de
indicadores que interferem na qualidade da educação:
A qualidade da educação não pode ser medida apenas pelos dados estatísticos. É
uma ação subjetiva, uma vez que envolve interesses pessoais, sociais e políticos. No processo
das avaliações externas, é preciso considerar os diferentes fatores que se encontram
imbricados nesse processo. A educação de qualidade ultrapassa a questão do acesso e
permanência, incluindo, principalmente a aprendizagem dos alunos.
GRÁFICO 28 - Percentual de docentes com nível superior – CETI prof. Garcitylzo.Dra. Zilda, João Braga, -
Manaus-AM – 2013-2017.
Fonte: Elaborado pela autora com base no sítio do Inep – Indicadores Educacionais – 2013-2017.
O gráfico 28 mostra que, com exceção do CETI Dra. Zilda, os dois outros
Centros, tinham, no período de 2010 a 2017, 100% do seu quadro dos docentes com nível
superior.
A LDB 9394/96 determina, no art. 62, que a formação inicial para a docência na
educação básica seria em nível superior. Essa formação é primordial para a qualidade da
346
prática docente uma vez que possibilita a esse profissional o desenvolvimento de uma prática
pedagógica capaz de proporcionar uma educação de qualidade.
Para a realização dessa prática pedagógica, o docente, necessita de um arcabouço
de saberes que ajudarão no melhor desenvolvimento e organização de sua atuação como
profissional da educação. Exercer a prática docente, segundo Gauthier (1998), é saber
planejar, organizar, avaliar e, mais ainda, conhecer seu campo de atuação, seus alunos e sua
realidade. É, na formação inicial, nos cursos de licenciatura, que os docentes adquirem os
saberes que fundamentarão sua prática docente.
Mesmo sabendo da exigência de formação para o exercício da profissão docente,
ainda é comum, no estado do Amazonas, a prática docente por profissionais leigos, sem a
formação adequada, acarretando a precarização do trabalho docente. Observamos que o CETI
Dra. Zilda em 2016 havia, nos anos iniciais, uma taxa de 3,7% de professores sem formação
superior. Em 2017, essa taxa foi de 3,3% nos anos iniciais e 4,5% no ensino médio.
A falta de formação em curso superior de professores para a educação básica,
além de mostrar a desvalorização do trabalho docente, implica na não efetivação de um ensino
de qualidade.
A formação inicial, em curso superior, é apenas um dos elementos necessários
para a profissionalização do professor. Contudo, não basta que o professor tenha formação
em curso superior, é necessário que essa formação seja, principalmente, a formação
pedagógica. De acordo com os dados fornecidos pela Gerência de Lotação (GELOT) da
Secretaria Estadual de Educação e Qualidade do Ensino – Seduc-AM, os CETIs apresentaram
seu quadro de formação docente de acordo com o gráfico 29.
347
GRÁFICO 29 - Número de docente com nível de formação superior Licenciatura, Bacharelado e Pós-
Graduação – CETI Prof. Garcitylzo, CETI Dra. Zilda, CETI João Braga – 2014-2017.
92
De acordo com a Nota Técnica Nº 020/2014, publicada em 21 de novembro de 2014, a adequação docente
refere-se à relação entre a formação inicial do professor e a disciplina que ele ministra (INEP, 2014).
348
QUADRO 23 - Categorias de adequação da formação dos docentes em relação à disciplina que lecionam.
GRUPOS DESCRIÇÃO
Docentes com formação superior de licenciatura (ou bacharelado com
Grupo 1
complementação pedagógica) na mesma área da disciplina que lecionam.
Docentes com formação superior de bacharelado (sem complementação
Grupo 2
pedagógica) na mesma área da disciplina que lecionam.
Docentes com formação superior de licenciatura (ou bacharelado com
Grupo 3
complementação pedagógica) em área diferente daquela que lecionam.
Docentes com formação superior não considerada nas categorias
Grupo 4
anteriores.
Grupo 5 Docentes sem formação superior.
Fonte: Sítio do Inep, em indicadores educacionais nos anos de 2013 a 2017.
GRÁFICO 30 - Percentual de docentes nos anos iniciais por adequação da formação à disciplina que lecionam –
CETI Prof. Garcitylzo, Dra. Zilda Arns, João Braga – Manaus –AM – 2013-2017.
Fonte: Elaborado pela autora com base no sítio do Inep – Indicadores Educacionais – 2013-2017.
Em relação aos anos iniciais, observamos que o CETI Prof. Garcityzo, em 2010 e
2016, tinha 100% dos docentes pertencentes ao grupo 1, professores com formação superior
em licenciatura na área da disciplina que lecionavam. Nessa unidade escolar, em 2014, 2015 e
2018, havia também 11,1%, 14,7% e 8% respectivamente de professores que pertenciam ao
349
grupo 3, isto é, docentes com formação superior de licenciatura, mas lecionavam disciplinas
diferentes de sua área de formação.
No CETI Dra. Zilda, em 2015, apenas 30% dos professores estavam no grupo de
professores com formação em licenciatura e ministravam disciplina em suas respectivas áreas
de formação. 70% dos professores pertenciam ao grupo 3, professores com formação superior
de licenciatura, mas lecionavam disciplinas diferentes de sua área de formação inicial.
Observamos que, nos anos iniciais, o gráfico 27 não mostrou a presença de docentes sem
formação em nível superior.
A Resolução do Conselho Nacional de Educação CNE/CO N° 01, de 15 de maio
de 2006, instituiu as Diretrizes Curriculares Nacionais para o Curso de Graduação em
Pedagogia (BRASIL, 2006). De acordo com o art. 2º,
GRÁFICO 31 - Percentual de docentes nos anos finais, por adequação da formação à disciplina que lecionam -
CETI Prof. Garcitylzo, Dra. Zilda Arns, João Braga – Manaus –AM – 2013-2017.
Fonte: Elaborado pela autora com base no sítio do Inep – Indicadores Educacionais – 2013-2017
De acordo com o gráfico 31, observamos que, nos anos finais, nenhum dos CETIs
analisados tinha 100% de docentes do grupo 1, ou seja, professores lecionando em disciplinas
de sua formação inicial. O CETI Prof. Garcitylzo e o Dra. Zilda apresentaram aumento na
taxa de professores desse grupo, saindo de 76,9% e 68,8% em 2013, para 82,1% e 76,1%,
respectivamente. O CETI João Braga apresentou redução na taxa de professores desse mesmo
grupo, saindo de 81%, em 2013, para 76,1%, em 2017.
Os dados mostram também elevadas taxas de professores do grupo 3, formado por
docentes com formação superior de licenciatura, mas que lecionavam em área diferente
daquela de formação. O CETI Prof. Garcitylzo foi o que apresentou a maior taxa de
professores desse grupo, sendo 30,2% em 2014.
Destacamos que o CETI Dra. Zilda tinha uma taxa de 3,6% e 3,7% em 2016 e
2017, respectivamente, de professores pertencentes ao grupo 5 (Docentes sem formação
superior), reafirmando o que já apresentamos no item sobre a formação inicial dos docentes.
No CETI prof. Garcitylzo, em 2013, uma taxa de 76,9% de docentes pertencia ao
grupo de professores do grupo 1.
351
Nos anos finais, a taxa maior de adequação docente, pertencentes ao grupo 1, foi
de 86,7% no CETI Dra. Zilda em 2016. A menor foi de 68,3% no CETI Prof. Garcitylzo em
2014.
Observamos um percentual de 4,7%, no CETI João Braga em 2013, e 1,5%, no
Prof. Gacitylzo em 2014, de docentes pertencentes ao grupo 04, isto é, docentes com
formação superior, mas sem complementação pedagógica, ou seja, professores com curso
superior em bacharelado. O espanto foi maior ainda ao constatarmos uma taxa de 3,6% em
2016 e 3,7% em 2017 no CETI Dra. Zilda de docentes pertencentes ao grupo 05, isto é,
docentes, sem formação superior.
Quanto ao percentual de docentes por adequação da formação à disciplina que
lecionam, no ensino médio, os dados podem ser visualizados no gráfico 32.
GRÁFICO 32 - Percentual de docentes no Ensino Médio, por adequação da formação à disciplina que lecionam
- CETI Prof. Garcitylzo, Dra. Zilda Arns, João Braga – Manaus –AM – 2013-2017.
Fonte: Elaborado pela autora com base no sítio do Inep – Indicadores Educacionais – 2013, 2014, 2015, 2016
2017.
Prof. Garcitylzo, em 2014, apenas 46,2% dos docentes ministravam disciplinas em sua área de
formação. Houve um aumento desse grupo de professores em 2015 e 2016, mas reduziu
novamente em 2015, correspondendo a 57,8% dos professores. Os demais pertenciam ao
grupo de professores que ministraram disciplinas fora da sua área de formação.
O CETI Dra. Zilda apresentou taxas de docentes do grupo 1, em torno de 70% nos
anos de 2013, 2013, 2016 e 2017. Em 2015, a taxa de professores desse grupo reduziu para
53,2%. Esta unidade escolar também mostrou uma taxa de 7,2% de professores do grupo 5,
isto é, docentes sem formação em curso superior.
As taxas de docentes do grupo 1 do CETI João Braga variaram entre 63,8% em
2013 e 78,7% em 2017.
De acordo com os dados apresentados, observamos que os CETIs analisados não
estavam cumprindo as legislações vigentes quanto à formação inicial de professores,
relativizando a qualidade da educação oferecida.
Gatti; Barreto (2009) afirmam que os cursos de Licenciatura visam à formação de
professores nas disciplinas específicas do magistério da educação básica, nos anos finais do
ensino fundamental e ensino médio.
Os dados dos CETIs mostram um déficit de professores formados em
determinadas disciplinas para atuarem na educação básica. A formação técnica em áreas
específicas para atuação docente é o ponto de partida para a efetivação de um ensino de
qualidade.
Outro aspecto que implica na precarização do trabalho docente e,
consequentemente, em uma educação de qualidade efetiva, refere-se ao esforço docente,
caracterizado, pelo Inep, como o número de turnos93 em que trabalha, a quantidade de alunos,
turmas e séries que leciona.
De acordo com a Nota Técnica nº 039/2014, publicada pelo sítio do Inep em 17 de
dezembro de 2014, mesmo sendo incapaz de medirmos diariamente o esforço docente, ele se
constitui por meio de um conjunto de variáveis, definidoras do esforço do trabalho docente,
cujas características encontram-se no quadro 24.
93
De acordo com a Nota Técnica nº 039/2014, “NUM_TURNO: Para avaliar o número de turnos de trabalho dos
docentes, as turmas de cada um deles foram classificadas de acordo com o seu horário de início em: matutino
(5:00h às 10:59h), vespertino (11:00h às 16:59h) ou noturno (17:00h às 4:59h)”.
353
NÍVEL CARACTERÍSTICAS
Docente que, em geral, tem até 25 alunos e atua em um único turno,
Nível 1
escola e etapa.
Docente que, em geral, tem entre 25 e 150 alunos e atua em um único
Nível 2 turno, escola e etapa.
Docente que, em geral, tem entre 25 e 300 alunos e atua em um ou dois
Nível 3 turnos em uma única escola e etapa.
Docente que, em geral, tem entre 50 e 400 alunos e atua em dois turnos,
Nível 4 em uma ou duas escolas e em duas etapas.
Docente que, em geral, tem mais de 300 alunos e atua nos três turnos, em
Nível 5 duas ou três escolas e em duas etapas ou três etapas.
Docente que, em geral, tem mais de 300 alunos e atua nos três turnos, em
Nível 5 duas ou três escolas e em duas etapas ou três etapas.
Docente que, em geral, tem mais de 400 alunos e atua nos três turnos, em
Nível 6 duas ou três escolas e em duas etapas ou três etapas.
Fonte: Elaborado pela autora com base na Norma Técnica nº 039/2014 do sítio do Inep-2014.
TABELA 48 - Percentual de docentes que atuam nos anos iniciais por nível de esforço 94 necessário para o
exercício da profissão. CETI Prof. Garcityulzo, Dra. Zilda Arns, João Braga – Manaus-AM – 2013-2017.
94
O indicador classifica o docente em níveis de 1 a 6 de acordo com o esforço empreendido no exercício da
profissão, níveis elevados indicam maior esforço.
354
De acordo com os dados da tabela 48, nos anos iniciais, apenas o CETI prof.
Garcitylzo apresentou em 2015 um percentual de 7,6% de professores que pertenciam ao
nível 01, ou seja, docentes com até 25 alunos e que atuavam em apenas único turno, escola e
etapa de ensino.
No nível 02, formado por docentes que tinham entre 25 e 150 alunos e atuavam
em um único turno, escola e etapa de ensino, a maior incidência encontrava-se no CETI Prof.
Garcitylzo em 2014, com 66,6% dos professores. A menor taxa foi do CETI Dra. Zilda que
teve 16,7% dos professes em 2017.
No CETI Dra. Zilda Arns em 2015, 60% dos seus professores correspondiam ao
nível 04 do esforço docente, sendo os professores que tinham entre 50 e 400 alunos e atuavam
em dois turnos escolares, em mais uma escola e em duas etapas de ensino.
O nível 05, formado por professores que trabalham em três turnos, em duas ou
três escolas e atendem a duas ou três etapas de ensino, representava 33,3% dos professores do
CETI Dra. Zilda em 2017.
Observamos que os dados analisados mostraram uma grande parte dos docentes
dos CETIs analisados, atuando em dois turnos que, conforme a Nota Técnica nº 039/2014,
corresponde a: turno matutino (5:00h às 10:59h) e vespertino (11:00h às 16:59h), ou seja,
permaneciam na escola em turno único, de 07h às 17h.
Contudo, havia também o fato de os professores atuarem em mais de uma escola,
mostrando que os mesmos não atuavam exclusivamente nas unidades investigadas.
Souza (2013) defende a necessidade dessas informações para entendermos a
precarização do trabalho docente e, consequentemente, as implicações na qualidade da
educação. As condições do trabalho docente referem-se, dentre outras, à possibilidade de
envolvimento desse profissional com sua prática pedagógica. No caso dos anos iniciais, esse
envolvimento é imprescindível, haja vista que é uma das etapas de ensino em que mais o
estudante precisa da dedicação do professor.
No caso das unidades escolares, mesmo atendendo em tempo integral,
identificamos que uma média de 50% dos professores trabalhava em mais de uma escola, ou
seja, não eram exclusivos dos Centros de Educação em Tempo Integral.
Quanto aos anos finais, os dados do Inep nos mostraram os seguintes resultados,
conforme gráfico 33.
355
GRÁFICO 33 - Percentual de docentes que atuam nos anos Finais por nível de esforço95 necessário para o
exercício da profissão. CETI Prof. Garcitylzo, Dra. Zilda Arns, João Braga – Manaus-AM – 2013-2017–
Manaus-AM – 2013-2017.
Fonte: Elaborado pela autora com base no sítio do Inep – Indicadores Educacionais – 2013, 2014, 2015, 2016 e
2017.
O gráfico 33 mostra que a taxa de esforço docente nos anos finais apresentou
dados preocupantes. Em 2013, 0,1% dos docentes das escolas atuavam em apenas um turno,
sendo, no turno matutino (5:00h às 10:59h), ou vespertino (11:00h às 16:59h) ou ainda no
turno noturno (17:00h às 4:59h).
A maior taxa de docentes pertencia ao nível 03, isto é, docentes que atuavam nos
dois turnos e em uma única escola, sendo esse o nível ideal para as escolas de tempo integral.
A maior taxa nesse nível foi no CETI Dra Zilda em 2016, com 74,1%. O CETI Prof.
Garcitylzo foi a instituição que apresentou o menor percentual de docentes nesse nível de
esforço, sendo 42,9% em 2014.
Também essa escola apresentou uma taxa de 32,1% de docentes no nível 04, isto
é, docentes que, mesmo atuando em dois turnos, trabalhavam em mais de uma escola. Dado
mais preocupante ainda foi a taxa de 13%, de professores pertencentes ao nível 06, formado
95
O indicador classifica o docente em níveis de 1 a 6 de acordo com o esforço empreendido no exercício da
profissão, níveis elevados indicam maior esforço.
356
por docentes que atuavam nos três turnos, em duas ou três escolas e em duas etapas ou três
etapas.
Nessa etapa de ensino, os dados mostram que, no CETI Prof. Garcitylzo e CETI
Dra. Zilda, mais de 50% dos decentes trabalhavam em mais de uma escola, não sendo
exclusivos das unidades escolas. No CETI João Braga, esses professores correspondiam a
39%.
Quanto ao ensino médio, o sítio do Inep nos mostrou os seguintes dados em
relação ao esforço docente, conforme gráfico 34.
GRÁFICO 34 - Percentual de docentes que atuam no ensino médio por nível de esforço96 necessário para o
exercício da profissão. CETI Prof. Garcityulzo, Dra. Zilda Arns, João Braga – Manaus-AM – 2013-2017–
Manaus-AM – 2013-2017.
Fonte: elaborado pela autora com base no sítio do Inep – Indicadores Educacionais – 2013, 2014, 2015, 2016 e
2017.
O gráfico 34 nos mostra que os docentes do nível 03, cuja atuação era em dois
turnos e em uma única escola, atingiram a maior taxa em 78,9% no CETI Dra. Zilda em 2014.
A menor porcentagem desses profissionais estava no CETI João Braga em 2015, com 25,5%.
96
O indicador classifica o docente em níveis de 1 a 6 de acordo com o esforço empreendido no exercício da
profissão, níveis elevados indicam maior esforço
357
Isso demonstra que, em nenhum dos centros investigados, todos os seus professores
apresentavam dedicação exclusiva às instituições.
Observamos também que uma média de 10% dos professores pertencia ao nível
06, isto é, docentes que atuavam em três turnos escolares e em duas ou até três escolas
diferentes.
Nos CETIs Prof. Garcitylzo e Zilda Arns, mais de 60% dos professores não
trabalhavam apenas nessas escolas. No CETI João Braga, esses professores correspondiam a
77%.
Souza (2013) afirma que quanto mais escolas, mais turnos e mais etapas de ensino
o docente precisará atender, maior será a dificuldade desse profissional em desenvolver, com
qualidade, sua prática educativa, tendo em vista, principalmente, sua ampla jornada de
trabalho e o deslocamento que esse profissional precisará fazer entre as escolas que atua.
A partir dos dados analisados, percebemos que os docentes não tinham dedicação
exclusiva nas escolas investigadas, fato que dificulta a realização de um bom trabalho
pedagógico e, consequentemente, a efetivação de uma educação de qualidade.
Outra característica relacionada à valorização do trabalho docente refere-se à
estabilidade no emprego que se soma às condições salariais. Buscamos informações junto à
Secretaria de Educação e Qualidade do Ensino – Seduc, no Departamento de Gestão de
Pessoas (DGP), na Gerência de Lotação (Gelot), conforme gráfico 35.
GRÁFICO 35 - Taxa de docentes por contrato de trabalho – CETI Prof. Garcitylzo, Dra. Zilda Arns, João Braga
– 2013-2017.
Fonte: Elaborado pela autora com base no sítio do Inep – Indicadores Educacionais – 2013-2017.
358
De acordo com os dados do gráfico 35, em 2011, o CETI Prof. Garcitylzo tinha
uma taxa de 14,6% de professo res concursados e 85,5% de professores com contrato
temporário, permanecendo essa mesma dinâmica nos anos de 2012, 2013, 2014, e 2015.
Em 2016, a taxa de professores concursados passou para 85,1%, enquanto a de
professores com contratos temporários diminuiu para 14,9%. Em 2017, houve novamente
redução na taxa de professores efetivos atingindo a média de 75,5% e de contratados de
24,5%.
O CETI Dra. Zilda também caminhou na mesma direção. Em 2011, 88,1% dos
professores tinham contratos temporários. Essa taxa diminuiu nos anos subsequentes, sendo
em torno de 50% de professores efetivos. Em 2016, a taxa de professores efetivos passou para
79,1% e, em 2017, 80,5%.
No CETI João Braga, em 2011, os professores concursados representavam apenas
24,5%. Em 2012, essa taxa aumentou para 81,3%, sendo reduzida novamente nos anos de
2013, 2014 e 2015, mas ainda foi superior em relação à dos professores contratados. Em 2016
e 2017, a taxa de professores efetivos foi de 80,5% e 84,8% respectivamente.
Observamos que os Centros iniciaram suas atividades, em 2010, com um número
elevado de docentes com contratos temporários. No decorrer do período analisado (2011-
2017), essa taxa foi reduzindo, com aumento expressivo de docentes concursados a partir de
2016.
Esse fato positivo ocorreu em virtude do concurso para servidores da Seduc-AM,
realizado em 2015, que ofereceu um total de 7.043 vagas para cargos administrativos e
professores (SEDUC, 2015).
Mesmo com a efetivação de professores a partir de 2016, o número de docentes
com contratos temporários nos CETIs ainda era bastante expressivo até 2017, atingindo ¼ dos
docentes no CETI Prof. Garcityzo, identificando a precarização do trabalho docente.
Souza (2013, p.62) afirma que
CONCLUSÃO
a população na faixa etária. Em nível estadual, os dados não foram diferentes. Os anos iniciais
atenderam uma taxa de 14,9% a mais do que o total de alunos entre 06 a 10 anos. Os anos
finais, embora com uma taxa menor, também atenderam toda a população de 11 a 14 anos.
Apesar dessa universalização do ensino fundamental, os dados do IBGE nos
mostraram que havia, de acordo com o censo demográfico de 2010, um grande número de
crianças e jovens que se encontravam fora da escola. Isso nos levou a perceber que as vagas
estavam sendo oferecidas em lugares diferentes de onde se encontrava essa população.
Identificamos com isso a ausência de políticas públicas educacionais universais para cumprir
a determinação constitucional de educação para todos.
Quanto à dimensão permanência, em nível nacional, observamos uma elevação
na taxa de aprovação e redução nas taxas de reprovação e abandono. Importante destacar que
esses dados foram melhores nos anos finais e ensino médio.
Em âmbito estadual, tanto nos anos iniciais, quanto nos anos finais, observamos
melhorias nas taxas de aprovação, reprovação e abandono. O ensino médio do estado
apresentou taxas inferiores em relação ao ensino fundamental.
Na dimensão qualidade, especificamente na rede estadual do Amazonas,
percebemos as altas taxas de docentes sem a formação necessária exigida para atuação no
magistério. Soma-se a isso, o número de professores que trabalham sem um contrato de
trabalho que lhes garantam segurança profissional e condições necessárias para o bom
desenvolvimento de sua prática educativa.
A partir das análises nos âmbitos nacional e estadual, pudemos situar as
dimensões de acesso, permanência e qualidade, como materialização do direito à educação
nos Centros de Educação em Tempo Integral, previamente selecionados.
Em relação à dimensão “Acesso” nos Centros de Educação em Tempo Integral -
CETI, seguindo as determinações do Projeto de Educação em Tempo Integral, elaborado pela
Seduc, essas unidades escolares realizavam um processo seletivo para ingresso dos
estudantes. Apesar de perceber esse processo durante todo o período analisado, observamos
que os critérios de seleção foram sendo alterados. Inicialmente os critérios eram apenas o
socioeconômico e rendimento escolar, restringindo a entrada de alunos que apresentassem
rendimento inferior aos critérios estabelecidos.
No decorrer do período, outros critérios para ingresso foram sendo incorporados
como a georeferência, vaga exclusiva para alunos com deficiência, e vagas exclusivas para
estudantes de escolas públicas. Observamos que, apesar da continuidade do processo seletivo,
a inserção de outros critérios seletivos contribuiu para que mais estudantes pudessem
363
concorrer a uma vaga nos Centros de Educação em Tempo Integral, tornando um processo
mais justo socialmente, atendendo aos que mais necessitavam.
No que concerne à dimensão permanência, percebemos as altas taxas de
estudantes que não concluíram, no tempo certo, o ciclo escolar, especificamente nos anos
finais e ensino médio.
Nos anos finais, os CETIs Prof. Garcitylzo e Dra. Zilda foram os que
apresentaram as maiores taxas de estudantes que não concluíram essa etapa de ensino no
tempo certo. No CETI Prof. Garcitylzo, no ciclo escolar de 2014 a 2017, 54,3% não
concluíram os anos finais do ensino fundamental. No CETI Dra. Zilda, esse dado era ainda
maior, pois, no ciclo escolar de 2011-2014, 57% dos estudantes estavam na mesma situação,
ou seja, não concluíram os anos finais no tempo de 4 anos.
No Ensino Médio, esse dado foi ainda mais preocupante. No CETI Prof.
Garcitylzo, apenas em um único ciclo, 57,1% não concluíram essa etapa de ensino no tempo
certo. No CETI Dra. Zilda, o problema era ainda maior. No ciclo de 2014-2016, 74,1% dos
estudantes não concluíram o ensino médio, no prazo de três anos. No CETI João Braga,
embora as taxas foram bem menores que nos centros anteriores, também se apresentou esse
problema. No ciclo 2011-2013, 47,9% dos estudantes não concluíram no tempo certo essa
etapa de ensino.
Os dados analisados nos levaram a inferir que a questão da reprovação e o
abandono se apresentaram como um problema de âmbito nacional, que afetou todas as escolas
brasileiras e, consequentemente, o estado do Amazonas e os Centros de Educação em Tempo
Integral, sendo a causa principal da distorção idade-série.
A distorção idade-série apresentou dados preocupantes nos anos finais do ensino
fundamental no início do período analisado, mas foi sendo reduzido gradativamente,
demonstrando um processo de garantia do direito à educação, no que se refere à dimensão
permanência. Contudo, os CETIs estão muito longe da taxa estabelecida pelo Ministério da
Educação que é em torno de 3% a 4%.
Em relação à média de alunos por turma, como um dos fatores de garantia da
permanência, observamos que as turmas do ensino fundamental apresentaram dados
preocupantes, acima da média estabelecida pela lei estadual que determinou o número de
alunos por turma, visando à melhoria no processo de ensino e aprendizagem.
Um indicador bastante preocupante que nos chamou a atenção foi a hora-aula
diária. De acordo com o Projeto de Educação em Tempo Integral, elaborado pela Seduc, o
tempo integral nas escolas deveria ser dividido entre as aulas das disciplinas do núcleo
364
Percebemos também um pequeno número dos docentes do nível seis (Docente que, em geral,
tem mais de 400 alunos e atua nos três turnos, em duas ou três escolas e em duas etapas ou
três etapas).
Para as escolas que atuam em tempo integral, é importante que não apenas o
estudante permaneça na escola durante o tempo inteiro, é preciso que o docente também esteja
presente, convivendo com os alunos, estreitando as relações e, dessa forma, promover um
processo de ensino mais significativo. Soma-se a isso, o tempo que o professor precisa para
formação e preparação de suas atividades pedagógicas.
Quanta à forma de contratação de professores, na mesma direção dos dados
nacional e estadual, os CETIs mostraram que, no início do período analisado (2011), os
docentes concursados representavam apenas 11,9% (CETI Dra. Zilda) e 14,6% no CETI Porf.
Garcitylzo. Essa taxa foi sendo reduzida, gradativamente, atingindo a taxa de 84,8% no CETI
João Braga, em 2017.
Essa forma de situação funcional do professor acarreta graves problemas na sua
formação continuada e, consequentemente, na efetivação de uma educação de qualidade.
A partir da análise dos dados dos CETIs, sintetizamos que:
Na Dimensão acesso, no momento da criação dos CETIs esse se fez mais
restritivo, com critérios meritocráticos, sendo gradativamente incorporados outros critérios,
como o atendimento geopolítico promovendo a ampliação de oportunidades para estudantes
de baixa renda, ainda que se mantivesse a necessidade do processo seletivo.
Na Dimensão Premência, a análise revelou problema de distorção idade/série;
evasão; número elevado de estudantes por sala, exigindo que os CETIs promovessem
programas de atendimento específico aos estudantes. Outro indicador foi a ausência no PPP
dos CETIs de projetos ou oficinas contemplando a ampliação da jornada do estudante.
Contudo, identificamos uma redução nas taxas de reprovação e abandono, o que possibilitou a
continuidade, e conclusão, com êxito, de um maior número de estudantes.
Na Dimensão qualidade, a investigação revelou um movimento de qualificação
paulatina dos docentes da equipe dos CETIs, entretanto, verificamos descompasso entre a
formação docente e área de conhecimento em que atuava, assim como a relação intensa entre
o tempo que o docente dedicava a várias escolas e classes, implicando diretamente na
intensificação do esforço profissional para o magistério. A promoção de contratação de
professores concursados ao longo do período investigado, demostra um processo de
estabilização do quadro docente, favorecendo o desenvolvimento do Projeto Político
Pedagógico e, consequente, de um ensino de qualidade.
366
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