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História

A conquista da América portuguesa

Objetivo
Analisar e compreender os mecanismos de conquista portuguesa na América e de administração
do território, identificando os desafios e as consequências para a população nativa.

Se liga
Para mandar bem nesse conteúdo, é importante estar ligado nos assuntos de formação dos
Estados modernos e na Expansão Marítima.

Curiosidade
Antes da chegada dos portugueses ao território que chamamos de Brasil, estima-se que existiam
em torno de três a cinco milhões de indígenas ocupando o litoral. De acordo com o censo de 2010,
cerca de pouco mais de 800 mil pessoas se autodeclaram indígenas no país, e elas estão
distribuídas por mais de 300 etnias diferentes – fator importante para lembrar que os povos
originários não foram dizimados, como costumamos ver por aí.

Teoria

Estima-se que o território que hoje é compreendido como continente americano começou a ser
ocupado há cerca de 12 a 14 mil anos antes da chegada dos europeus. Nesse sentido, historiadores
apontam a problemática de aderir ao termo “Novo Mundo”, criado pelos recém-chegados para se
referir a uma região que já era habitada há muito tempo.

Outro termo historicamente contestado é “índio”, utilizado para se referir às pessoas que já
ocupavam o território americano antes dos europeus. Os próprios povos originários questionam a
redução de múltiplos grupos em uma única palavra, o que acaba suprimindo a existência de
diversos povos, culturas, línguas, saberes e espiritualidades. Tais construções imagéticas e
históricas partem de um lugar “banhado” pelo eurocentrismo, colocando os europeus, sua cultura,
religião e sociedade como centro do mundo.

Atualmente temos uma série de vestígios evidenciado que o território foi ocupado de formas
diferentes e por grupos distintos ao longo dos últimos milhares de anos. Havia, ao menos, mil povos
ocupando o local dispersamente, mas que de alguma forma estavam conectados entre si e com
outros povos do continente.

Os povos que viviam no litoral – como tupinambás, potiguaras, tabajaras, guaranis, jês, carijós,
cariris, entre outros – foram os primeiros a ter um contato mais direto com os europeus. O território
litorâneo era predominante ocupado pelos tupinambás e chamado de Pindorama. Contudo, isso não
era para todos, porque cada grupo nomeava os lugares de acordo com as suas próprias línguas e
visões de mundo. No interior do território, essa diversidade continuava sendo regra.
História
Pega a visão: os indígenas não estão apenas no Brasil, mas em praticamente todos os continentes.
São povos que têm relação muito próxima com a terra que habitam, assim como
tinham seus antepassados antes da colonização. Seus modos de vida, suas culturas
e espiritualidades estão diretamente relacionados à experiência coletiva de seus
grupos étnicos. Existem povos indígenas que se mantêm isolados até hoje.

Mapa que mostra parte da diversidade dos povos originários antes da chegada dos
europeus.
Fonte: documentário “Guerras do Brasil.doc”, episódio 1.

Em geral, os primeiros contatos entre os portugueses e os povos indígenas do litoral ocorreram


pacificamente. A partir do processo de ocupação do território, a relação se tornou conflituosa, pois
o interesse exploratório dos europeus se contrapunha ao modo de vida dos povos originários. Os
indígenas aldeados e/ou que “aceitavam” o processo de colonização passaram a ser conhecidos
como “índios aliados”; já aqueles que recusavam ser escravizados e resistiam à evangelização e às
demais ações dos europeus eram os “índios inimigos”.

Assim, podemos dizer que não houve descoberta. O que ocorreu foi um processo de dominação,
exploração e destruição física, mental, dos saberes desenvolvidos por esses povos, dos modos de
vida e das formas de organização. A ideia de superioridade civilizatória é evidente nos relatos e
cartas dos primeiros europeus a chegarem naquilo que viria a ser chamado de América. Os
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indígenas eram vistos como seres inferiores, selvagens e primitivos que deveriam ser catequizados
ou escravizados.

Apesar de todo o processo de negação de suas formas de organização e modos de vida, povos
indígenas resistiram – e continuam resistindo diariamente – à dominação de seus corpos e
territórios. Então, nada de sair por aí dizendo que os indígenas foram exterminados, hein!

O Brasil não existia. O Brasil é uma invenção. E a invenção do Brasil, ela nasce exatamente da
invasão. Inicialmente feita pelos portugueses e depois continuada pelos holandeses e depois
continuada pelos franceses. Num moto sem parar, onde as invasões nunca tiveram fim. Nós
estamos sendo invadidos agora.
Ailton Krenak, historiador e filósofo indígena.

ATENÇÃO! Ao longo das questões presentes neste material, você encontrará as


palavras “índio” ou “tribo” utilizadas para se referir aos povos indígenas. Ressaltamos
que esses termos não estão corretos. Sugerimos a substituição de “índio” por
“indígena” e “tribo” por “aldeia/povo”.

O período pré-colonial
Nos primeiros anos após a chegada dos portugueses ao litoral do Nordeste brasileiro, Portugal
ignorou sua colônia no continente americano e se voltou para o comércio com as Índias. A partir de
1530, o jogo mudou e os interesses também; logo, Portugal decidiu ocupar o território.

A chegada de Pedro Álvares Cabral ao Brasil, em 1500, não despertou um planejamento imediato
de colonização do novo território encontrado pelos portugueses. Diferentemente dos espanhóis,
que encontraram metais preciosos logo após a sua chegada na América, a princípio os portugueses
não viram motivos para concentrar seus esforços no “Novo Mundo”. A conquista da rota para as
Índias por Vasco da Gama, em 1498, atraiu muito mais o interesse
lusitano, visto que os altos lucros obtidos com as especiarias do Oriente
e com o comércio na África deixavam de lado maiores investimentos na
América.

Inseridos em uma lógica mercantilista, a não descoberta da existência


de metais preciosos e a falta de possibilidade de lucrar com atividades comerciais no território
americano são alguns dos fatores essenciais para compreender esse primeiro momento da
colonização portuguesa.

Apesar dessa negligência inicial, que marca o período conhecido popularmente como “pré-colonial”
(leva esse nome exatamente porque não havia uma ocupação territorial), não deixaram de
acontecer expedições exploradoras durante o século XVI. Já em 1501, uma expedição chefiada por
Gaspar de Lemos confirmou a existência e o valor do pau-brasil, pelo qual era possível a extração
de tinta vermelha, muito preciosa na Europa. Devido à intensa exploração nos primeiros séculos, a
árvore quase foi extinta no século XX.
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Pega a visão: alô, Biologia, pode entrar! O pau-brasil é uma árvore nativa de florestas tropicais e está
presente no bioma da Mata Atlântica. Ele foi explorado ao longo de todo o período
colonial. A mata atlântica é a vegetação de mata localizada na costa do Brasil.
Infelizmente, hoje temos menos de 10% da vegetação original, sendo um bioma
extremamente ameaçado, assim como as espécies que o compõem.

Inicialmente, a exploração da madeira foi realizada com uso de mão de obra indígena, que cortava
e carregava o pau-brasil em troca de objetos europeus (escambo). Logo essa mão de obra nativa
passou a ser escravizada, e o chamado “negro da terra” (nativo-americano) também se tornou uma
moeda de troca entre alguns povos e os portugueses.

A escravidão indígena foi utilizada no Brasil durante séculos; no entanto, comparada à colonização
espanhola, a lusitana dependeu muito mais do negro africano do que do nativo-americano. Com o
genocídio dos povos originários que viviam no litoral, o trabalho dos religiosos – que impediam a
captura de nativos nas missões jesuíticas – e, enfim, o lucro exorbitante obtido com o tráfico de
africanos escravizados, a mão de obra do negro africano passou a ser mais valorizada.

É importante destacar que, nesse genocídio provocado pela colonização, o fator biológico foi
fundamental para o decréscimo da população indígena, uma vez que esses nativos ficaram
suscetíveis a doenças trazidas do continente europeu. Os povos originários não encontravam
resistência imunológica na América contra essas patologias (como varíola e gripe), o que levava os
nativos à morte.

Tendo em vista a exploração do pau-brasil, já em 1503, uma expedição comandada por Gonçalo
Coelho estabeleceu as primeiras feitorias no litoral, com o objetivo de armazenar alimentos,
equipamentos e conservar a madeira para exportação – a qual, a partir do estabelecimento do
estanco, passou a ter a exploração monopolizada por Portugal. Essa medida visava proteger o
produto das investidas “estrangeiras”, ou seja, europeus que não pertenciam ao império português
e que já realizavam assaltos e contrabando no litoral.

Essas investidas de franceses, holandeses e espanhóis no território português naturalmente


despertaram a preocupação da coroa portuguesa quanto à manutenção e proteção do território
brasileiro – afinal, apesar do Tratado de Tordesilhas, contrabandistas e corsários de países rivais
poderiam facilmente ocupar e colonizar o vasto território que os portugueses reivindicavam.

Levando em conta essa preocupação, em 1531, Martim Afonso de Souza foi enviado para realizar
a primeira expedição colonizadora oficial de Portugal no Brasil. O colono deveria ocupar e povoar a
terra, descobrir riquezas e combater estrangeiros, sendo essa administração realizada por meio da
doação de terras chamadas de sesmarias (lotes de terra). Assim, Martim Afonso de Souza, no Brasil,
fundou os primeiros núcleos de colonização, as vilas de São Vicente e Santo André da Borda do
Campo – onde hoje é o lugar que conhecemos como o território de São Paulo.
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A administração colonial portuguesa
A decisão de recrudescer a administração colonial estava ligada diretamente ao declínio com o
comércio de especiarias nas Índias e à perda de entrepostos comerciais importantes na África, o
que fez com que Portugal se voltasse para o território americano a fim de o tornar mais rentável
para a coroa.

A distribuição de terras foi a forma que Portugal encontrou para colonizar o


território de forma “terceirizada”, uma vez que a coroa portuguesa possuía
recursos limitados para investir na colonização e delegou os custos da ocupação
para os responsáveis pelas novas áreas divididas. Assim, as capitanias eram
doadas aos capitães-donatários (que faziam parte da pequena nobreza
portuguesa ou eram militares com honras) por meio de forais e cartas de doação.
Logo, o donatário que recebesse a faixa de terra deveria proteger o território e
seus colonos, fundar vilas, estimular a exploração do pau-brasil e da terra e
descobrir novas riquezas.

Entre 1534 e 1536, 15 capitanias foram criadas, mas apenas duas prosperaram (Pernambuco e São
Vicente), graças ao rico cultivo da cana-de-açúcar, que se tornaria o produto mais importante da
colonização portuguesa no Brasil e base da civilização colonial durante os dois primeiros séculos.
O fracasso das outras capitanias ocorreu devido aos obstáculos encontrados pelos donatários na
colonização, como a resistência indígena, a dificuldade de desenvolver extensões grandes de terra
e o desinteresse de muitos donatários, que nem chegaram a sair de Portugal.

Tendo em vista os problemas que se desencadearam por conta da descentralização provocada


pelas capitanias, em 1548 o governo português decidiu fortalecer sua autoridade sobre a colônia
centralizando a administração nas mãos de um governador-geral.

O primeiro encarregado dessa função foi Tomé de Souza, em 1549, com a missão de garantir as
condições necessárias para uma boa colonização portuguesa das novas terras, a proteção contra
os ataques de nativos e estrangeiros, a construção de feitorias e de fortalezas e o estímulo da
economia açucareira.

O governador geral foi responsável pela criação da cidade de Salvador, onde se estabeleceu e se
tornou a capital da colônia. Ampliando o aparato administrativo, foram criados outros cargos para
dar conta da nova centralização do território, como a função de ouvidor-mor, responsável pela
justiça e aplicação das leis na colônia; a de capitão-mor, encarregado pela defesa e proteção do
território; e o de provedor-mor, incumbido de administrar as finanças e a arrecadação colonial.
Apesar da instauração de um aparelho que concentrava a administração colonial, é importante
ressaltar que o sistema de capitanias hereditárias não deixou de existir com a criação do Governo
Geral.

Junto com Tomé de Souza foram enviados membros da Companhia de Jesus, tornando evidente
que a ocupação do território e a lucratividade da colônia não eram os únicos interesses
portugueses. A expansão do catolicismo também foi um dos propulsores do povoamento do
território e se tornou um dos fatores centrais na colonização portuguesa.
História

Mapa representando a divisão das capitanias hereditárias e o Tratado de Tordesilhas.


Disponível em: https://brasil500anos.ibge.gov.br/território-brasileiro-e-povoamento/construcao-
do-territorio/capitanias-hereditarias.html.
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Exercícios de fixação

1. Explique por que não podemos considerar que o continente americano foi descoberto pelos
europeus.

2. Por que os portugueses não demonstraram um interesse inicial na ocupação e administração


de suas terras na América?
(A) Porque Portugal estava atravessando uma revolução interna.
(B) Porque os portugueses estavam lucrando muito com o comércio na África e na Índia.
(C) Porque os franceses já estavam dominando a maior parte do litoral.

3. Cite três motivos que justificam o fracasso inicial do sistema de capitanias hereditárias.

4. Qual era o papel das feitorias na exploração do pau-brasil?

5. Eram povos originários do território que hoje chamamos de Brasil:


(A) Maias.
(B) Aborígenes.
(C) Tupinambás.
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Exercícios de vestibulares

1. (PUC-SP, 2014) "Descoberto o Novo Mundo e instaurado o processo de colonização, começou


a se desenrolar o embate entre o Bem e o Mal."
Laura de Mello e Souza. Inferno Atlântico. São Paulo: Companhia das Letras, 1993. p. 22-23.

Na percepção de muitos colonizadores portugueses do Brasil, uma das armas mais


importantes utilizadas nesse "embate entre o Bem e o Mal" era a
(A) retomada de padrões religiosos da Antiguidade.
(B) defesa do princípio do Iivre arbítrio.
(C) aceitação da diversidade de crenças.
(D) catequização das populações nativas.
(E) busca da racionalidade e do espírito científico.

2. (Enem PPL, 2010) Chegança


Sou Pataxó, Mas de repente me acordei com a surpresa:
Sou Xavante e Carriri, Uma esquadra portuguesa veio na praia
Ianomâmi, sou Tupi atracar.
Guarani, sou Carajá. Da grande-nau,
Sou Pancaruru, Um branco de barba escura,
Carijó, Tupinajé, Vestindo uma armadura me apontou pra me
Sou Potiguar, sou Caeté, pegar.
Ful-ni-ô, Tupinambá. E assustado dei um pulo da rede,
Eu atraquei num porto muito seguro, Pressenti a fome, a sede,
Céu azul, paz e ar puro... Eu pensei: "vão me acabar".
Botei as pernas pro ar. Levantei-me de Borduna já na mão.
Logo sonhei que estava no paraíso, Aí, senti no coração,
Onde nem era preciso dormir para O Brasil vai começar.
sonhar.
NÓBREGA, A; e FREIRE, W. CD Pernambuco falando para o mundo, 1998.

A letra da canção apresenta um tema recorrente na história da colonização brasileira, as


relações de poder entre portugueses e povos nativos, e representa uma crítica à ideia presente
no chamado mito:
(A) Da democracia racial, originado das relações cordiais estabelecidas entre portugueses e
nativos no período anterior ao início da colonização brasileira.
(B) Da cordialidade brasileira, advinda da forma como os povos nativos se associaram
economicamente aos portugueses, participando dos negócios coloniais açucareiros.
(C) Do brasileiro receptivo, oriundo da facilidade com que os nativos brasileiros aceitaram as
regras impostas pelo colonizador, o que garantiu o sucesso da colonização.
(D) Da natural miscigenação, resultante da forma como a metrópole incentivou a união entre
colonos, ex-escravas e nativas para acelerar o povoamento da colônia.
(E) Do encontro, que identifica a colonização portuguesa como pacífica em função das
relações de troca estabelecidas nos primeiros contatos entre portugueses e nativos.
História
3. (Enem PPL, 2020) A originalidade do Absolutismo português talvez esteja no fato de ter sido
o regime político europeu que melhor sintetizou a ideia do patrimonialismo estatal: os
recursos materiais da nação se confundindo com os bens pessoais do monarca.
LOPES, M. A. O Absolutismo: política e sociedade na Europa moderna. São Paulo: Brasiliense, 1996 (adaptado).

Na colonização do Brasil, o patrimonialismo da Coroa portuguesa ficou evidente:


(A) Nas capitanias hereditárias.
(B) Na catequização indígena.
(C) No sistema de plantation.
(D) Nas reduções jesuítas.
(E) No tráfico de escravos.

4. (UEA, 2018) Os grandes lucros que diziam auferir os mercadores portugueses que fizeram o
tráfico do pau-brasil nas duas primeiras décadas após o descobrimento, os rigores do
monopólio fiscal decretado pelo rei de Portugal e até notícias fantasiosas de riquezas da terra
virgem contribuíram, em primeira linha, para originar e desenvolver o contrabando nas costas
da Santa Cruz.
(Bernardino José de Sousa. O pau-brasil na história nacional, 1978.)

O texto alude aos primeiros contatos dos colonizadores com o litoral da “nova terra” e
descreve
(A) o controle legal e efetivo da economia colonial pela Metrópole portuguesa.
(B) o início e o desenrolar da ocupação da colônia por numerosas famílias portuguesas.
(C) o financiamento e a instalação de engenhos de açúcar nas terras férteis da colônia.
(D) a atração real e imaginária exercida pelas riquezas da colônia sobre os europeus.
(E) catequização e a escravização dos indígenas nas explorações auríferas coloniais.
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5. (Enem PPL, 2010) Dali avistamos homens que andavam pela praia, obra de sete ou oito. Eram
pardos, todos nus. Nas mãos traziam arcos com suas setas. Não fazem o menor caso de
encobrir ou de mostrar suas vergonhas; e nisso têm tanta inocência como em mostrar o rosto.
Ambos traziam os beiços de baixo furados e metidos neles seus ossos brancos e verdadeiros.
Os cabelos seus são corredios.
CAMINHA, P. V. Carta. RIBEIRO, D. et al. Viagem pela história do Brasil: documentos. São Paulo: Companhia das Letras, 1997
(adaptado).

O texto é parte da famosa Carta de Pero Vaz de Caminha, documento fundamental para a
formação da identidade brasileira. Tratando da relação que, desde esse primeiro contato, se
estabeleceu entre portugueses e indígenas, esse trecho da carta revela a:
(A) Preocupação em garantir a integridade do colonizador diante da resistência dos índios à
ocupação da terra.
(B) Postura etnocêntrica do europeu diante das características físicas e práticas culturais do
indígena.
(C) Orientação da política da Coroa Portuguesa quanto à utilização dos nativos como mão
de obra para colonizar a nova terra.
(D) Oposição de interesses entre portugueses e índios, que dificultava o trabalho catequético
e exigia amplos recursos para a defesa da posse da nova terra.
(E) Abundância da terra descoberta, o que possibilitou a sua incorporação aos interesses
mercantis portugueses, por meio da exploração econômica dos índios.

6. (Enem PPL, 2018) Na África, os europeus morriam como moscas; aqui eram os índios que
morriam: agentes patogênicos da varíola, do sarampo, da coqueluche, da catapora, do tifo, da
difteria, da gripe, da peste bubônica, e possivelmente da malária, provocaram no Novo Mundo
o que Dobyns chamou de “um dos maiores cataclismos biológicos do mundo”. No entanto, é
importante enfatizar que a falta de imunidade, devido ao seu isolamento, não basta para
explicar a mortandade, mesmo quando ela foi de origem patogênica.
(CUNHA, M. C. Índios no Brasil: história, direitos e cidadania. São Paulo: Claro Enigma, 2012.)

Uma ação empreendida pelos colonizadores que contribuiu para o desastre mencionado foi o
(a)
(A) desqualificação do trabalho das populações nativas.
(B) abertura do mercado da colônia às outras nações.
(C) interdição de Portugal aos saberes autóctones.
(D) incentivo da metrópole à emigração feminina.
(E) estímulo dos europeus às guerras intertribais.
História
7. (Enem, 2018) TEXTO I
E pois que em outra cousa nesta parte me não posso vingar do demônio, admoesto da parte
da cruz de Cristo Jesus a todos que este lugar lerem, que deem a esta terra o nome que com
tanta solenidade lhe foi posto, sob pena de a mesma cruz que nos há de ser mostrada no dia
final, os acusar de mais devotos do pau-brasil que dela.
BARROS, J. In: SOUZA, L. M. Inferno atlântico: demonologia e colonização: séculos XVI-XVIII. São Paulo: Cia. das Letras,
1993.

TEXTO II
E deste modo se hão os povoadores, os quais, por mais arraigados que na terra estejam e
mais ricos que sejam, tudo pretendem levar a Portugal, e, se as fazendas e bens que possuem
souberam falar, também lhes houveram de ensinar a dizer como os papagaios, aos quais a
primeira coisa que ensinam é: papagaio real para Portugal, porque tudo querem para lá.
SALVADOR, F. V. In: SOUZA, L. M. (Org.). História da vida privada no Brasil: cotidiano evida privada na América portuguesa.
São Paulo: Cia. das Letras, 1997.

As críticas desses cronistas ao processo de colonização portuguesa na América estavam


relacionadas à:
(A) utilização do trabalho escravo.
(B) implantação de polos urbanos.
(C) devastação de áreas naturais.
(D) ocupação de terras indígenas.
(E) expropriação de riquezas locais.

8. (Enem, 2010) Os vestígios dos povos Tupi-guarani encontram-se desde as Missões e o rio da
Prata, ao sul, até o Nordeste, com algumas ocorrências ainda mal conhecidas no sul da
Amazônia. A leste, ocupavam toda a faixa litorânea, desde o Rio Grande do Sul até o
Maranhão. A oeste, aparece (no rio da Prata) no Paraguai e nas terras baixas da Bolívia. Evitam
as terras inundáveis do Pantanal e marcam sua presença discretamente nos cerrados do
Brasil central. De fato, ocuparam, de preferência, as regiões de floresta tropical e subtropical.
PROUS. A. O Brasil antes dos brasileiros. Rio de Janeiro: Jorge Zahar. Editor, 2005.
Os povos indígenas citados possuíam tradições culturais específicas que os distinguiam de
outras sociedades indígenas e dos colonizadores europeus. Entre as tradições tupi-guarani,
destacava-se
(A) a organização em aldeias politicamente independentes, dirigidas por um chefe, eleito
pelos indivíduos mais velhos da tribo.
(B) a ritualização da guerra entre as tribos e o caráter semissedentário de sua organização
social.
(C) a conquista de terras mediante operações militares, o que permitiu seu domínio sobre
vasto território.
(D) o caráter pastoril de sua economia, que prescindia da agricultura para investir na criação
de animais.
(E) o desprezo pelos rituais antropofágicos praticados em outras sociedades indígenas.
História

9. (Enem PPL, 2021) Tão bem há muito pau-brasil nestas Capitanias de que os mesmos
moradores alcançam grande proveito: o qual pau se mostra claro ser produzido da quentura
do Sol, e criado com a influência de seus raios, porque não se acha se não debaixo da tórrida
Zona, e assim quando mais perto está da linha Equinocial, tanto é mais fino e de melhor tinta;
e esta é a causa porque o não há na Capitania de São Vicente nem daí para o Sul.
GÂNDAVO, P. M. Tratado da Terra do Brasil. História da Província Santa Cruz. Belo Horizonte. Itatiaia, 1980 (adaptado).

O registro efetuado pelo cronista nesse texto harmoniza-se com a seguinte iniciativa do
período inicial da colonização portuguesa:
(A) Introdução da lavoura monocultora para efetivar a ocupação do território americano.
(B) Implantação de feitorias litorâneas para garantir a extração de recursos naturais.
(C) Regulamentação do direito de posse para enfrentar os interesses espanhóis.
(D) Substituição da escravidão indígena para apoiar a rede do comércio europeu.
(E) Restrição da atividade missionária para sufocar a penetração protestante.

10. (Enem, 2020) Porque todos confessamos não se poder viver sem alguns escravos, que
busquem a lenha e a água, e façam cada dia o pão que se come, e outros serviços que não
são possíveis poderem-se fazer pelos Irmãos Jesuítas, máxime sendo tão poucos, que seria
necessário deixar as confissões e tudo mais. Parece-me que a Companhia de Jesus deve ter
e adquirir escravos, justamente, por meios que as Constituições permitem, quando puder para
nossos colégios e casas de meninos.
LEITE. S. História da Companhia de Jesus no Brasil. Rio de Janeiro Civilização Brasileira. 1938 (adaptado).

O texto explicita premissas da expansão ultramarina portuguesa ao buscar justificar a


(A) propagação do ideário cristão.
(B) valorização do trabalho braçal.
(C) adoção do cativeiro na Colônia.
(D) adesão ao ascetismo contemplativo.
(E) alfabetização dos indígenas nas Missões.

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Gabaritos

Exercícios de fixação

1. Resposta individual. O aluno pode utilizar a parte teórica para explicar que o território já era
ocupado por diversos povos há milhares de anos. O que os europeus fizeram, após a sua
chegada, foi invadir e dominar o continente para satisfazer os seus interesses mercantis,
civilizatórios e religiosos.

2. B
Entre 1500 e 1530, os portugueses conseguiram grandes lucros com o “caminho das Índias”,
negociando com comerciantes na África e na Índia e voltando seus esforços para tal
empreendimento.

3. Grandes extensões de terra; resistência indígena; desinteresse por parte de donatários; o alto
custo do desenvolvimento dos latifúndios; falta de suporte financeiro da coroa.

4. Apesar de não ocupar populacionalmente sua colônia na América no primeiro momento,


Portugal tentou arrecadar capital através da exploração do pau-brasil. Dentro desse contexto,
as feitorias foram criadas com objetivo de armazenar alimentos, equipamentos e conservar a
madeira para exportação, facilitando a exploração no litoral brasileiro.

5. C
Os tupinambás são povos indígenas que, no período da chegada dos europeus, ocupavam
massivamente o litoral “brasileiro”. Foram um dos primeiros grupos a ter contato com os
portugueses no início da colonização.

Exercícios de vestibulares

1. D
É essencial lembrar que um dos aspectos mais importantes da colonização europeia foi a forte
presença da Igreja Católica e seu papel evangelizador dentro do novo território conquistado.
Assim, combater o “mal” seria catequizar os nativos e, por fim, as suas crenças/ritos.

2. E
O texto destaca a apreensão do nativo com o contato com o português, assim como as tristezas
dos povos indígenas pelas perdas causadas pelo genocídio que esse contato provocou. O texto,
portanto, não concorda com o mito do encontro pacífico, defendendo que o processo de
conquista da América pelos portugueses teria sido violento.

3. A
O domínio colonial português na América se realizou principalmente pela divisão do território
em grandes lotes de terra que pertenciam à coroa portuguesa – logo, ao rei português. A
distribuição desses lotes estava sujeita, inclusive, ao interesse do próprio monarca e das
relações estabelecidas com a família real portuguesa.

4. D
O trecho destacado aponta para a presença de uma atração real, como a que se deu pela
exploração do pau-brasil, mas aponta também que a ocupação e a colonização do território
foram marcadas por uma atração imaginaria sobre as possíveis riquezas do “Novo Mundo”.
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5. B
No texto, Caminha apresenta os povos nativos com um olhar julgador e moralizante, colocando
suas culturas e aparências como algo grotesco por ser diferente dos padrões europeus e
cristãos.

6. E
Diversos foram os fatores que levaram os europeus a conseguirem dominar os nativos do
continente americano. Podemos citar o fator biológico – com a chegada de novas doenças –,
o pesado armamento bélico e a exploração de rivalidades internas entre os diversos povos.

7. E
Os dois textos abordam a questão da exploração intensiva das riquezas do continente
americano e a obrigatoriedade de os colonos enviarem grande parte desses recursos para
Portugal, deixando pouco para os que viviam na colônia.

8. B
A existência de vestígios do povo tupi-guarani em diversos locais do território americano
evidencia o caráter semissedentário desses povos, uma vez que ocuparam diversas regiões.
Além disso, um dos fatores presentes nessas constantes mudanças de localidade são os
conflitos com aldeias ou povos rivais, para ocupar determinados territórios.

9. B
Para facilitar o escoamento e comercialização do pau-brasil, os portugueses criaram feitorias
ao longo do litoral visando proteger o produto das investidas “estrangeiras”, ou seja, europeus
que não pertenciam ao império português e que já realizavam assaltos e contrabando no litoral.

10. C
O texto se inicia com o relato de que seria uma justificativa para a escravidão, pois afirma “não
se poder viver sem alguns escravos” para realizar serviços braçais que os próprios jesuítas
supostamente não estariam aptos para fazer, como afirma o autor do trecho.

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