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Cerâmica
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transmissão de informação, sem prévia autorização, por escrito, da Editora e
Distribuidora Educacional S.A.
ISBN 978-85-8482-316-1
CDD 738
2016
Editora e Distribuidora Educacional S.A
Avenida Paris, 675 – Parque Residencial João Piza
CEP: 86041-100 — Londrina — PR
e-mail: editora.educacional@kroton.com.br
Homepage: http://www.kroton.com.br/
Sumário
Bons estudos.
HISTÓRIA DA CERÂMICA
Objetivos de aprendizagem:
8 História da Cerâmica
U1
Introdução à unidade
Mas como podemos nos comunicar com outro ser humano sem uma linguagem
verbal? Para que possamos entender e utilizar a linguagem das artes, necessitamos
conhecer seus elementos, sua história, seus códigos. Desta maneira, o homem,
quando passa a dominar esta comunicação não verbal chamada Arte, passa a
compreender a multiculturalidade do mundo e começa a derrubar as fronteiras que
separam as diferenças culturais, através das formas sensíveis e subjetivas.
Nesta primeira unidade, você vai conhecer a história da cerâmica, como ela surgiu
e com que finalidade. Você também vai perceber como a cerâmica se apresenta
diferentemente em seus aspectos formais e na sua utilização, dependendo da
cultura que a fabrica. Além de conhecer a relação da cerâmica com a História das
Artes Visuais, tanto no Brasil como no mundo.
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Seção 1
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Acreditamos que nesta época o trabalho passa a ter uma divisão hierárquica entre
homens e mulheres. Os homens cuidam da caça, da pesca e da segurança da aldeia,
enquanto as mulheres cuidam das plantações, das colheitas e da educação dos filhos.
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Fonte: Banat, Parţa. Museu Nacional de História da Romênia, Bucareste. Disponível em: <https://peregrinacultural.wordpress.
com/tag/civilizacao/>. Acesso em: 16 jul. 2015.
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Através da história podemos observar que a cerâmica cria um estilo próprio dentro
de cada cultura, cada qual desenvolvendo técnicas que pudessem atender melhor
as suas necessidades expressivas e utilitárias, de acordo com a geografia local.
A cultura do Egito também colaborou com a evolução das técnicas cerâmicas desde
5000 a.C., com suas peças de paredes finas, decoradas e polidas. No Reino Antigo
(2700-2100 a.C.), as massas cerâmicas começaram a ter uma preparação cuidadosa
para serem modeladas no torno, gerando peças simétricas. Na mesma época os
egípcios também criaram pastas que, quando cozidas no forno, apresentavam uma
superfície brilhante. Esta pasta hoje é conhecida como pasta egípcia.
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Lutróforo: Frequentemente
grande, podia ser utilizado tanto em
cerimônias matrimoniais como em
rituais funerários. Nas cerimônias
matrimoniais, este vaso era utilizado
para conter água. As amigas da
noiva a banhavam antes da noite de
núpcias ou na manhã seguinte após
o casamento. Além da finalidade
higiênica, este banho carregava um Fonte: <https://vellocinodeoro.hypotheses.org/category/arte>.
significado simbólico de purificação Acesso em: 23 jul. 2015.
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U1
e fertilização. Nos rituais funerários, este vaso servia como homenagem às mulheres
que haviam falecido solteiras. Neste caso, o lutróforo não possuía fundo e era
colocado sobre a tumba da pessoa homenageada. A água que fosse depositada nele
penetraria na terra e alcançaria o defunto, fertilizando-o simbolicamente.
Fonte: <https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Tarporley_Painter_-_Red-Figure_Bell_Krater_with_Satyr_and_Maenad_-_
Walters_482760_-_Side_A.jpg>. Acesso em: 23 jul. 2015.
Kylix (Taça, copo ou cálice): Enquanto o kratêr era utilizado nas festas para
armazenagem dos vinhos, o kylix é a peça onde a bebida era servida. Apresenta um
formato extremamente raso, possuindo duas pequenas alças horizontais que são
fixadas em sua extremidade superior, além de um pé fixado a uma haste. Também
possuíam uma pintura interna que era revelada somente se a pessoa que a utilizasse
bebesse seu conteúdo. Desta maneira as figuras retratadas, que eram de Dionísio,
sátiros, ninfas, músicos, deveriam surpreender e provocar sentimentos como
excitação sexual, alegria, vontade de cantar e dançar.
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Os exemplares de peças
cerâmicas apresentadas acima
são os mais conhecidos no
estudo da cultura grega. Porém,
encontramos diversos outros tipos
de vasos com formas e finalidades
Fonte: <http://www.snipview.com/q/Anfora>. Acesso em:
variadas: lebes, pelike, stamnos, 23 jul. 2015.
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Estilo Protogeométrico (sécs. XI a X a.C.): Surgiu por volta de 1000 a.C., após a
denominada invasão dórica (conceito usado pelos historiadores gregos antigos para
explicar a substituição dos dialetos e tradições pré-clássicas, pelos que prevaleceram
na época clássica, no sul da Grécia). No período que antecede o Protogeométrico,
denominado Submicênico, as peças fabricadas possuíam uma ornamentação
constituída de padrões e traços simples e despretensiosos.
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Estilo Geométrico (sécs. IX e VIII Figura 1.7 | Vaso grego de Estilo Geométrico
a.C.): No final do século IX termina a
Idade das Trevas, período denominado
assim por fazer parte de uma certa
decadência cultural dos gregos. É
nesse período que, segundo a literatura
de Homero, as cidades-estados gregas
entram em ascensão. Assim, inicia-se
o período geométrico na cerâmica
grega.
Muitas das cerâmicas descobertas pelos arqueólogos que chegaram até nossos
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dias, foram peças utilizadas em funerais de aristocratas gregos, provindo dos seus
túmulos.
Figura 1.8 | Vaso grego de Estilo Arcaico Estilo Arcaico (final do séc. VIII
ao séc. V a.C.): Neste período ocorre
um grande desenvolvimento cultural,
político e social na Grécia. Começam
a ser construídos os primeiros templos
inspirados em habitações micênicas.
A cerâmica também passa por
importantes transformações no que se
refere à sua pintura. Podemos dividir
este período em duas fases: a fase
Orientalizante e a fase Arcaica.
Fase Arcaica (final do século VII até cerca de 480 a.C.): Nesta fase surge uma
inovação na técnica, que consistia em pintar as figuras de negro e manter o fundo
da peça na cor original da cerâmica, uma cor de tonalidade mais clara. Esta inovação
permitia maior realismo e expressividade nos elementos que exigiam mais detalhes,
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como cabelos, barbas, contornos de músculos e dobras nos tecidos. Mesmo assim,
as figuras ainda mantinham um traço estilizado. Nesta fase, surgem novos temas
como cenas do cotidiano: cenas de caça, cenas de mulheres trabalhando, atletas
competindo, famílias reunidas.
É um período em que a
cultura grega atinge seu apogeu
estético, técnico e conceitual.
Na cerâmica, surge uma nova
técnica revolucionária na
maneira de decorar as peças
fabricadas, denominada de
figuras vermelhas sobre fundo
negro. A peça era totalmente
pintada de negro, deixando sem Fonte: <http://umolharsobreaart.blogspot.com.br/2013/08/53-arte-
pintura apenas as áreas onde se da-antiguidade-classica-arte.html>.
Acesso em: 26 jul. 2015.
posicionariam as figuras, que
por sua vez eram cuidadosamente detalhadas com pincéis finos e com tinta preta.
Isto proporcionava maior dinamismo, realismo e expressividade na composição,
além de maior domínio na perspectiva. Apesar desta nova técnica ser muito utilizada,
o modo anterior de se produzir e decorar as peças não deixou de ser utilizado.
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Fonte: <http://umolharsobreaart.blogspot.
com.br/2013/08/53-arte-da-antiguidade-
classica-arte.html>.
Acesso em: 26 jul. 2015.
A partir da dinastia Han (206 a.C. a 220 d.C.) inicia-se uma tradição na manufaturação
de cerâmica a ser utilizada em túmulos. Os vasos eram confeccionados e decorados
de maneira que retratassem o estilo de vida da época: celeiros, lagos para peixes,
animais, jogos etc.
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O encontro das primeiras cerâmicas no Japão deu-se por volta de 2000-900 a.C.
Mas pode-se dizer que a influência chinesa foi significativa durante o período Heian (794-
898). É importante destacar aqui a importância do budismo zen e o seu culto, pois
tiveram forte influência sobre a cerâmica com a cerimônia do chá, tornando-se um
verdadeiro ritual, que teve sua origem no período Muromachi (RODRIGUES, 2011, p. 12,).
Na cerâmica produzida por esses índios americanos, uma das mais conhecidas
é o huaco-retrato, designação do estilo mochica clássico que surgiu no século V na
cidade que estava aos pés da Huaca de La Luna. Esse estilo, em sua maioria, destacava-
se em vasos com um gargalo em forma de anel com figuras mostrando imponentes
personagens políticos, o cotidiano da população e cenas de sexo explícitas.
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Medieval
A cerâmica medieval possuía uma abundância de materiais tais como argila, areia,
água, além da madeira que servia de combustível para os fornos cerâmicos. Por
este motivo as olarias se encontravam situadas perto de florestas e em áreas rurais,
em solos ricos em argila, em áreas drenadas, com fácil acesso às estradas e ao
transporte da água. Nos relatos históricos medievais, os oleiros são mencionados
raramente, o que faz supor que estes artesãos eram considerados de baixo status.
Havia também uma espécie um pouco mais requintada de cerâmica que era
utilizada como ornamento de mesa ou na cozinha. O corpo dessas peças era
comumente coberto por uma espécie de verniz para se tornar impermeável e, assim,
não absorver seu conteúdo líquido. Eram recipientes pequenos e de formato variado,
como ânforas, jarros e vasilhas para armazenar alimentos. As decorações dessas
peças consistiam em motivos bastante simples, como pinhas ou linhas verticais.
Renascimento
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O Movimento das Artes e Ofícios procura a beleza pura nos objetos, recusando
os novos materiais e abrindo mão das novas tecnologias, interessando-se pelo
que é feito à mão e revalorizando as artes aplicadas. Desta maneira, ao diversificar
as fronteiras entre a arte e o artesanato pela valorização dos trabalhos manuais
e dos ofícios, constrói os princípios para o Art Nouveau (Nova Arte) europeu e
norte-americano, estilo que engloba também uma relevante produção em peças
cerâmicas. O Art Nouveau dialoga com os conceitos da Arts and Crafts, adaptando-
os à realidade daquele momento. Há, neste momento, a junção da indústria com
a arte, resultando em peças que são utilitárias e, ao mesmo tempo, esteticamente
belas aos olhos da cultura vigente.
Um dos nomes mais importantes dessa escola, Émile Gallé (1846 - 1904), muito
conhecido pelo uso da cerâmica e do vidro, utiliza amplamente as composições
contendo linhas sinuosas e assimétricas, além de formas vegetais e ornamentos
florais, nos vasos, luminárias e objetos de decoração.
Outros artistas que são importantes para a cerâmica Art Nouveau na França, são
Thédore Dek (1823 - 1891), que possuía um ateliê de faianças, e Émile Müller, que
encabeçava uma manufatura que produção grés, em Ivry.
Modernismo
o design da primeira metade do século XX. Este movimento, a princípio, pode ser
considerado como uma rejeição à tradição. Baseia-se na ideia de que o tradicionalismo
nas artes e no cotidiano se tornaram obsoletos, antiquados, necessitando-se de uma
nova cultura. Ainda que seja possível observarmos centros de convergência entre
os vários movimentos desta época, geralmente eles se mostram diferentes e até
mesmo se contrapõem entre si.
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Fonte: <http://www.artslife.com/2015/02/26/giorgio-de-chirico-e-ceramiche-di-picasso-top-lot-da-babuino-a-roma/>.
Acesso em: 28 jul. 2015.
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Logo após a segunda guerra mundial, o pintor Joan Miró também passa a utilizar
a linguagem da cerâmica como elemento de expressão artística. Sofrendo certa
influência de seu amigo ceramista Josep Llorens Artigas e do próprio surrealismo,
Miró tenta ultrapassar os limites bidimensionais da pintura através das peças
volumétricas.
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Neste momento da nossa história da cerâmica, você deve fazer uma distinção
entre cerâmica contemporânea, termo que muitas vezes permite múltiplas
interpretações, associando as peças ao design ou ao artesanato, e entre cerâmica
na Arte Contemporânea. Muitos artistas contemporâneos não são ceramistas no
sentido tradicional da palavra, mas fazem uso da cerâmica como suporte para suas
poéticas, para sua Arte Contemporânea, como já vimos acontecer anteriormente no
texto com artistas como Miró, Kandinsky, Picasso etc.
Fonte: <http://www.theguardian.com/artanddesign/jonathanjonesblog/2012/nov/27/antony-gormley-model-of-hype>.
Acesso em: 29 jul. 2015.
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A. Idade Média.
B. Barroco.
C. Renascimento.
D. Romantismo.
E. Período Grego.
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Seção 2
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Marajó: Destas cinco fases, a Fase Marajoara é a que apresenta a cerâmica mais
elaborada, sendo reconhecida por sua sofisticação. Os representantes desta fase
foram povos que habitaram a Bacia Amazônica entre o ano 980 a.C. até o século
XVIII, na ilha de Marajó. Podemos observar por meio de análise das peças cerâmicas
a evolução, o apogeu e a decadência de cultura marajoara. Foram encontrados
objetos com grande riqueza de detalhes e de cores: fusos, colheres, tangas, bancos,
estatuetas e adornos. Eram peças bastante elaboradas, mostrando que os índios
dominavam várias técnicas, tais como incisão, excisão, raspagem e pintura.
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U1
torno se fixou especificamente na faixa litorânea dos engenhos, nos povoados e nas
fazendas, proporcionando às peças maior simetria na forma, melhor acabamento e
diminuição do tempo de execução. Nas regiões do interior do país permanecem as
práticas indígenas.
Por ser um país de extensões continentais, a cerâmica é uma das formas de arte
popular mais produzidas no Brasil. Estas peças, primeiramente fabricadas pelos
índios, posteriormente sofre influência da tradição barrista europeia e dos modelos
africanos, e cresce em regiões onde a extração de sua matéria-prima, o barro, é
propício. Estas cerâmicas, geralmente, são modeladas para servirem como peças
utilitárias no uso cotidiano.
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Podemos observar que as peças produzidas têm uma forte influência indígena.
O processo de produção cerâmica desta região ainda é rudimentar, utilizam fornos
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Sua vida foi muito pobre, impossibilitando que ele frequentasse uma escola
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porque tinha que trabalhar com seus pais na lavoura. Vitalino casou-se aos 22
anos de idade com Joana Maria da Conceição, a Joaninha, com que teve 16
filhos, dos quais apenas 6 sobreviveram. Após 17 anos de casamento se mudou
para o Alto do Moura, comunidade localizada a 7 Km de Caruaru, onde passou
o resto de sua vida. No Alto do Moura suas peças cerâmicas passaram a ser mais
conhecidas. Seu trabalho era muito admirado, todos os moradores queriam ver de
perto seu trabalho e aprender com o mestre. A partir de 1947 as obras do Mestre
Vitalino ganharam grande destaque na região Sudeste, a partir de uma Exposição
de Cerâmica Popular Pernambucana, organizada por Augusto Rodrigues, no Rio
de Janeiro.
A seguir, em 1949, expôs em São Paulo no Museu de Arte de São Paulo - MASP.
A partir desse momento, o trabalho de Vitalino passa a ser divulgado na imprensa
nacional e conquista o gosto das elites. Desta maneira, a feira de Caruaru, local onde
o mestre vendia suas peças, transformou-se em uma atração turística nacional.
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suas origens, suas técnicas e sua estética, assista aos dois vídeos disponíveis
em:
<https://www.youtube.com/watch?v=yLtVGJHKVS8>. Acesso em: 2 ago.
2015.
<https://www.youtube.com/watch?v=Tz_J5orfYXE>. Acesso em: 2 ago.
2015.
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Esse processo, aos poucos foi sendo mudado. No início dos anos 40, Portinari
foi o grande responsável por essa transformação, começando a usar figuras soltas
para criar os fundos das suas composições com motivos marinhos. Outros artistas
seguiram o caminho de Portinari, usando o azulejo como módulo individual
e incrementando a palheta de cores. Com o passar do tempo, os exageros
decorativos são substituídos por uma preocupação maior com sua representação
aeroespacial.
Kimi Nii (1947): Ceramista e escultora, viveu no Japão até completar nove
anos de idade. Chegou com a família no Brasil em 1957, na cidade de São Paulo.
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A obra da artista vai além do artesanato e toma características de arte, indo além
dos aspectos utilitários das peças e possuindo um repertório formal muito pessoal.
Suas obras se inserem em exposições de artes visuais.
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Fonte: <https://www.pressworks.com.br/noticias/arte-em-condominios-promove-humanizacao-e-singularizacao-
espacos/656>. Acesso em: 2 ago. 2015.
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Antônio Poteiro:
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=nPNMgU83BvM>.
Acesso em: 1 ago. 2015.
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=fkqJ03dJ6-Q>.
Acesso em: 1 ago. 2015.
Francisco Brennand:
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=dbI1GOW4ER4>.
Acesso em: 1 ago. 2015.
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Referências
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Unidade 2
ORIGEM DA ARGILA
Objetivos de aprendizagem:
56 Origem da Argila
U2
Introdução à unidade
A argila é uma matéria orgânica, natural, e possui uma história. Nasce da ação
milenar da natureza, da decomposição de rochas e da fragmentação de pedras
que se dissolveram na água e que voltaram a se cristalizar em partículas. Existe uma
grande quantidade de rochas diferentes, dando origem a incontáveis tipos de terra.
Essas terras, quando entram em contato com a água, formam diferentes tipos de
barro, de argila.
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U2
58 Origem da Argila
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Seção 1
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U2
As partículas, por serem muito leves, são levadas pelas correntes de água e
depositadas no lugar onde a força hídrica já não é forte suficiente para movê-las.
Deste modo, as partículas mais pesadas vão se acumulando primeiro, as partículas
que são mais leves ficam depositadas mais à superfície, nos locais denominados
depósitos argilíticos ou jazidas.
1.3 As rochas-mãe
Para você entender melhor a formação da argila, vamos conhecer a estrutura
da terra e as rochas-mãe. A rocha-mãe, também conhecida como rocha matriz,
é a rocha que se desagregou, passando por um processo muito longo, exposta a
60 Origem da Argila
U2
mudanças de temperatura e à ação da chuva, do vento, da água dos rios e das ondas
do mar, até dar origem ao solo.
Origem da Argila 61
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Argila natural: É o tipo de argila que foi retirada da jazida e que pode, após
ser limpa, ser usada no seu estado natural sem a exigência da adição de outras
substâncias.
Argilas vermelhas: Argilas que contêm um alto teor de óxido de ferro, o que dá
a ela a coloração avermelhada. São bastante plásticas e suportam temperaturas que
vão até 1.100°C, no entanto, podem ser fundidas a uma temperatura ainda maior
e também podem ser usadas com esmaltes para grês. O tom da sua coloração é
avermelhado escuro quando se encontra úmido, e quando biscoitada sua coloração
fica com um tom mais escuro, obedecendo o limite da temperatura no processo
de queima.
62 Origem da Argila
U2
Argila refratária: Esta argila possui este nome devido a sua grande resistência
ao calor. Suas particularidades físicas oscilam muito, algumas são muito plásticas e
finas, outras possuem pouca plasticidade. Geralmente possuem alguma quantidade
de óxido de ferro e se encontram ligadas a sedimentos de carvão, podendo ser
usadas nas argilas que são submetidas a temperaturas muito altas de queima,
proporcionando maior resistência e plasticidade a essas peças. São utilizadas
frequentemente na fabricação de placas refratárias que funcionam como isolantes e
revestimentos para fornos.
Argilas de bola (Ball-Clay): Este é um tipo de argila que possui bastante plasticidade
e vitrifica ao atingir 1.300°C no forno. Apresenta um tom de cor azulado ou negro
e possui um alto grau de encolhimento, tanto no processo de secagem quanto no
processo de queima. Seu excesso de plasticidade a deixa pegajosa com a adição de
água, impossibilitando que seja manuseada sozinha. É utilizada para ser misturada
em argilas, proporcionando resistência e plasticidade maior à massa.
Argilas para grês: Argila do tipo refratária e sedimentária, plástica e de grãos finos.
Suportam altas temperaturas e vitrificam entre 1.255 e 1.300°C. Nesse tipo de argila
o feldspato age como um material fundente. Após sofrer o processo de queima sua
cor varia muito, sua cor varia do avermelhado escuro ao rosado claro, podendo
atingir um tom de cinza que também vai do claro ao escuro.
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U2
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U2
Porcelanas: São produzidas com argilas brancas, com uma mistura de 30% a 65%
de caulim, 15% a 25% de quartzo e com 20% a 40% de feldspato.
Porcelana de ossos: Também conhecida como Boné China, é uma pasta dura,
transparente, branca e fina, constituída principalmente de ossos calcinados que
funcionam como fundentes. Sua composição é constituída de aproximadamente
50% de ossos calcinados, 25% de feldspato e 25% de caulim. A temperatura para a
queima dessas peças está entre 1.200°C e 1.250°C.
Louça: A massa desse tipo possui menos caulim do que a porcelana, associando-
se a argilas mais plásticas. São porosas e de coloração branca ou marfim, necessitando
de vitrificação posterior.
Massas Refratárias: Seu ponto de fusão é mais alto que 1.600°C, podendo resistir
a muitos choques térmicos. São argilas mescladas com Chamote de outras argilas
que já passaram pelo processo de queima e posteriormente trituradas.
Origem da Argila 65
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A argila pode ser identificada por meio das rachaduras que às vezes apresenta
em sua superfície, devido à contração que ocorre quando esta se torna seca. Não é
sempre que demonstra essa característica, mas é um indicativo para quem procura
barro no campo.
Para ter certeza se uma terra é argilosa ou não, execute o seguinte processo:
desfaça um pouco de terra na palma da mão, retirando as impurezas como pedras
ou pequenas folhas. Junte a esse pó algumas gotas de água ou saliva e misture bem,
até conseguir uma pasta uniforme. Lembre-se, o que caracteriza a terra argilosa é
o fato de esta ser formada por partículas muito finas, podendo formar uma massa
bastante ligada. É esta plasticidade que devemos buscar quando pretendemos
encontrar argila.
66 Origem da Argila
U2
Após conferir a plasticidade do barro, você pode preparar uma quantidade maior
de argila. Depois de coletar a terra, desmanche-a até transformá-la em um pó. Use
um martelo para facilitar o processo. Retire as impurezas como pedras e folhas e
peneire todo o pó com a ajuda de uma peneira fina. Após conseguir um pó fino e
limpo, adicione água vagarosamente, até obter uma pasta uniforme.
Origem da Argila 67
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Ao moldar suas peças, não se esqueça de que as partes mais finas vão secar mais
rapidamente e, consequentemente, encolherão mais rapidamente também do que o
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U2
resto da peça. Desta maneira, devemos controlar a secagem. Em peças com grandes
diferenças em suas proporções, você pode envolver as partes menores ou mais finas
em um plástico, para que sequem mais lentamente. Se as diferenças de proporção
não forem muito grandes, você pode envolver as partes menores em jornal.
Você pode brunir, o mesmo que dar polimento, a uma peça em ponto de
couro – quando a peça já está dura, mas ainda não está completamente
seca. Pegue uma colher e esfregue sua parte convexa na peça toda,
dando polimento. Este procedimento também pode ser realizado com
um saco de plástico mais fino e fosco. Isto tornará a peça menos porosa
e levemente brilhante. Esta técnica é utilizada desde a antiguidade e
também na cerâmica indígena contemporânea.
Disponível em: <http://www.portorossi.art.br/web%20glossario.html>.
Acesso em: 11 ago. 2015.
Origem da Argila 69
U2
Argila roxa: origem não muito bem esclarecida, pode estar ligada à mistura de
óxidos de ferro e de manganês em sua composição.
Você pode misturar a argila com diferentes tipos de papéis para diminuir
o peso da peça. Esta técnica é denominada Paper Clay. Basta rasgar o
papel em pedaços pequenos e deixá-lo de molho por 24 horas. Depois
bata em liquidificador industrial, formando uma pasta de papel. Misture a
70 Origem da Argila
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1. O que é argila?
A. É uma substância terrosa que se apresenta em grãos muito
finos que resultam da decomposição de rochas feldspáticas.
B. É a mistura de barro com areia muito fina.
C. São substâncias tóxicas que nascem da decomposição das
rochas-mãe em um processo que pode durar milhares de anos.
D. São tipos de terras misturadas pelas intempéries, tais como
chuvas, ventos, e que resultam em uma massa possível de ser
moldada pelo homem.
E. É uma substância terrosa que se apresenta em grãos não
muito finos, criadas pelas enxurradas em tempos de cheias dos
rios.
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U2
72 Origem da Argila
U2
Seção 2
Os esmaltes cerâmicos
A palavra esmalte (vidrado) designa, de modo geral, a película vítrea que reveste
todos os produtos cerâmicos. Esta denominação é muito genérica e pouco
satisfatória, exigindo uma definição mais pontual para entendermos o que vem a
ser o esmalte em relação às suas propriedades, sua temperatura de fusão e tipos de
cerâmicas a que está destinado.
Verniz: São vidrados transparentes ou mates que podem ser coloridos e que
geralmente sofrem uma monoqueima, ou seja, são cozidos uma única vez. Os
Origem da Argila 73
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Os assírios foram sucedidos pelos persas, e trabalhavam com uma argila com
bastante sílica, obtendo objetos com alto brilho e diferentes cores.
74 Origem da Argila
U2
artistas cerâmicos de maior expressão neste período foi Luca Della Robbia, nascido
em Florença em 1400. Este artista revestia suas esculturas com camadas de esmalte
opaco de estanho, com a finalidade de deixar as suas peças impermeáveis e mais
bonitas.
Origem da Argila 75
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76 Origem da Argila
U2
O chamote sempre, deverá dilatar menos do que a pasta. Não deve conter
muito quartzo nem cal. O melhor é o de ladrilhos de forno. Convém
molhar o chamote e mantê-lo úmido antes de introduzi-lo nas pastas.
Dessa maneira, se obtém uma íntima união entre a argila aglutinante
e o chamote. As pastas com chamote devem permanecer úmidas e
guardadas por bastante tempo, para que não se desagreguem ao serem
trabalhadas. Para pastas úmidas trabalhadas à mão, deve-se introduzir 30
a 35% de chamote (ANDRADE, 1985, p. 23).
• Sílica (quartzo): Material refratário que reduz a contração das argilas, melhorando
a dilatação térmica e a resistência, funcionando como material desengordurante. Seu
ponto de fusão é de 1.600ºc, abaixo disso é anti-fundente (antiplástico).
Prosseguindo com nossos estudos, vamos conhecer outros materiais que podem
fazer parte da composição dos esmaltes.
Origem da Argila 77
U2
• Óxido de zinco: Este óxido produz um efeito de opacidade com superfície mate
amarelado e levemente áspero nos esmaltes plúmbicos. Produz esmaltes transparentes
e brilhantes com a base alcalina.
• Esmalte Reativo (ou Reagente): Este tipo de esmalte reage quando é aplicado
em cima de outras camadas de diferentes esmaltes e podem ser coloridos e alcalinos.
78 Origem da Argila
U2
• Esmalte transparente: Este tipo de esmalte pode ser misturado entre si,
pode ser aplicado diretamente sobre a peça biscoitada ou aplicado como cobertura
intermediária. É apresentado como translúcido ou com coloração. Um exemplo
deste esmalte é o transparente alcalino sem chumbo que possui alto coeficiente de
dilatação, apresentando efeito craquelê.
Origem da Argila 79
U2
80 Origem da Argila
U2
Origem da Argila 81
U2
82 Origem da Argila
U2
• Esmalte alisante: O código deste esmalte é o CMF-046. Misturas com até 20%
deste esmalte com outros podem corrigir problemas de gretamento, ou seja, bolhas
ou alterações na camada vítrea apresentadas após a queima em forno cerâmico.
• Esmalte azul chinês: Este tipo de esmalte apresenta uma coloração azul que
é muito apreciada em toda a Europa. É um esmalte que não contém chumbo em sua
Origem da Argila 83
U2
84 Origem da Argila
U2
A. Esmalte opaco.
B. Esmalte reativo.
C. Esmalte aventurina.
D. Esmalte transparente.
E. Esmalte chinês.
Os esmaltes crus são constituídos de materiais naturais, puros, sem serem fritados
ou fundidos, apenas misturados um aos outros. Esses esmaltes são mais tóxicos que
os fritados, porém, têm maior valor artístico, não apresentando uniformidade em suas
cores e texturas.
Origem da Argila 85
U2
Aplicação com pincel: Você pode utilizar um pincel redondo de ponta longa para
aplicar o esmalte em camadas uniformes, até cobrir toda a cerâmica. Deposite o
esmalte na cerâmica com o pincel, nunca arraste o pincel sobre a cerâmica. Se a
peça for demasiadamente porosa, misture mais água ao esmalte, deixando-o mais
inconsistente.
Aplicação por banho: Esta técnica pode ser utilizada para se esmaltar a parte interior
de peças como vasos, copos, potes etc. Derrame o esmalte dentro da peça e gire-a
86 Origem da Argila
U2
durante alguns segundos, dependendo da espessura que você deseja obter. Derrame o
esmalte excedente que não aderiu às paredes da peça de volta ao recipiente contendo
o esmalte que está utilizando.
Figura 2.18 | Você também pode banhar parte das peças, criando efeitos interessantes
Aplicação por imersão: Se você vai esmaltar várias peças com o mesmo tipo de
esmalte, ou seja, trabalho em série, pode conseguir excelentes resultados com esta
técnica. Prepare uma grande quantidade de esmalte a ser utilizado e coloque em um
recipiente inoxidável. Usando as mãos ou com a ajuda de uma pinça, mergulhe a
peça biscoitada neste recipiente contendo o esmalte e aguarde alguns segundos,
dependendo da espessura de esmalte que deseja. Retire a peça do mergulho e
retoque os defeitos.
Aplicação com compressor: Para conseguir uma camada bem uniforme você
pode utilizar um compressor. Existem diversos tipos de pistolas para aplicação, com
diferentes modelos e preços. Para o esmalte se manter em suspenção e não depositar
no fundo do recipiente que o contém, acrescente no esmalte uma substância
denominada CMC. Antes de aplicar, passe o esmalte por uma peneira bem fina ou por
Origem da Argila 87
U2
um tecido, para não entupir a pistola com possíveis resíduos. Coloque a peça em uma
base giratória e certifique-se que esteja bem limpa, livre de poeira e marcas de gordura
provenientes das mãos. Aplique em local ventilado e sempre usando equipamentos de
segurança, como luvas e máscara. Os esmaltes que contém chumbo NUNCA devem
ser utilizados nesta aplicação, por serem demasiadamente tóxicos.
Você também pode utilizar seringas, bisnagas e recipientes com diferentes tipos de
bicos e pontas. Use a imaginação.
Vamos enfatizar mais uma vez que o mesmo esmalte pode mudar de cor e de
efeito drasticamente de uma peça para outra. O resultado final da esmaltação após
sua passagem pelo forno cerâmico vai depender de vários fatores, como vimos acima,
temperatura, umidade do ar, substâncias contidas na massa cerâmica etc.
88 Origem da Argila
U2
Todos os esmaltes passam por esta fase de fervura, formando pequenas bolhas
que, às vezes, ficam incrustadas no esmalte quando o forno é desligado ou apagado
antes da completa fusão dos componentes.
Origem da Argila 89
U2
As ferramentas que você usará na modelagem das peças podem ser improvisadas e
o forno para a queima não necessita ser profissional, há técnicas de queima alternativas.
Todos esses elementos você também aprenderá na Unidade 4.
2.8 Os engobes
O engobe é a argila líquida com a consistência aproximada de um iogurte. É
utilizada para revestir e também para colorir peças modeladas em argila que ainda não
passaram pelo processo da queima. Desta maneira, o engobe terá cor diferente da
peça a ser pintada, a menos que seja utilizado para reparar alguma rachadura na peça.
Por exemplo, quando você deseja esmaltar sua peça com um esmalte transparente
esverdeado e a argila que usou para modelar a peça é vermelha, você pode cobrir sua
peça com engobe branco para dar ênfase no tom verde do esmalte. Existem infinitas
possibilidades para se usar o engobe.
O engobe deve ser aplicado sobre a peça modelada ainda crua e úmida, mais
precisamente em ponto de couro. Tanto a peça quanto engobe devem encolher
juntos durante a secagem, senão, haverá rachaduras. Aplique o engobe com um pincel
macio duas ou três vezes sobre a peça, cobrindo toda a superfície. Você também pode
usar a técnica de imersão ou pulverização na aplicação. Após o engobe atingir o ponto
de couro, você pode polir a superfície da peça usando um objeto bem liso, como uma
colher. Quanto mais você polir a peça, mais acetinada ela ficará após a queima.
Incrustação: Você pode inscrustar o desenho na peça. Faça sulcos na argila com
a ajuda de uma ponta seca e preencha esses sulcos com engobe. Quando a peça
estiver bem seca, raspe a superfície retirando os excessos dos sulcos.
Sgrafitto: Aguarde o engobe secar e risque desenhos sobre ele com a ajuda de uma
ponta seca. Os desenhos terão a cor do corpo da peça cerâmica, abaixo do engobe.
90 Origem da Argila
U2
Figura 2.20 | Peças cerâmicas brancas cobertas com engobe escuro. A decoração foi
realizada com a técnica do Sgrafitto
Você também pode utilizar o engobe sobre peças cruas já secas, denominadas
“em ponto de osso”, ou ainda sobre peças já biscoitadas. Neste caso, deve-se alterar a
consistência do engobe que deverá ser aplicado ainda mais líquido. Não se esqueça
de que há o perigo da decoração com engobe descascar, porque o engobe ainda vai
encolher, e a argila da peça já encolheu.
6. Peneire a mistura em uma malha bem fina, pode ser uma meia, por exemplo.
Quanto menor as partículas do engobe, mais facilmente ocorre sua fusão no forno
Origem da Argila 91
U2
cerâmico.
92 Origem da Argila
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Origem da Argila 93
U2
(FRIGOLA, 2006).
Sobre a utilização das argilas, assinale abaixo a alternativa
correta:
A. As argilas são utilizadas na fabricação de pratos, canecas
e vasos.
B. As argilas são utilizadas apenas na fabricação de produtos
artísticos e artesanais, que são características de diferentes
culturas, dependendo da localização geográfica em que se
encontra a manifestação dessas culturas.
C. As argilas são amplamente utilizadas: tijolos,
semicondutores empregados em computadores, na
medicina, na cosmética, na fabricação de objetos utilitários
e objetos de Arte.
D. As argilas são empregadas apenas nas escolas de ensino
médio na disciplina de Artes Visuais.
E. As argilas não podem ser utilizadas na fabricação de tijolos.
94 Origem da Argila
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96 Origem da Argila
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A. Esmalte transparente.
B. Esmalte de baixa temperatura.
C. Esmalte lustre metálico.
D. Esmalte italiano.
E. Esmalte à base de óxido de ferro.
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Referências
Origem da Argila 99
Unidade 3
CERÂMICA ARTÍSTICA,
POPULAR E UTILITÁRIA
Objetivos de aprendizagem:
Conhecer a cerâmica artística mundial e brasileira.
Estudar a cerâmica popular brasileira.
Entender a cerâmica utilitária.
Introdução à unidade
Já aprendemos que argila é uma matéria-prima que possui uma história. Ela é
formada por meio da ação milenar da natureza e é o resultado da decomposição
de rochas e da fragmentação de pedras que se dissolveram na água e que voltaram
a se cristalizar em partículas.
Por ser um material de vida muito longa, a argila que passa pelos fornos e
é transformada em cerâmica pode registrar a história da humanidade. Assim, é
um material amplamente estudado pela arqueologia, como se fosse um diário da
raça humana, contando sobre sua cultura, seus hábitos e seus costumes, desde os
povos primitivos até a era contemporânea.
Seção 1
Cerâmica artística
O estudo desta seção compreende conceitos sobre arte, sobre cerâmica artística
e a diferenciação entre esta cerâmica e a do artesanato. Compreende também
estudos sobre cultura popular relacionada à cerâmica e a importância do simbólico
nas artes cerâmicas. A seção termina com discussões sobre etnoarte, aprofundando
o conhecimento do discente sobre a história da cerâmica no Brasil e no mundo.
Voltando ao tema do nosso tópico, podemos definir que a diferença entre Arte e
Artesanato se encontra diretamente ligada à cultura e sua apropriação. O artesanato
está relacionado ao fazer repetitivo e às questões de sobrevivência, ligando-
se diretamente à tradição. Vai se apropriar da cultura para trabalhar as questões
referentes à produção do objeto e da sua comercialização.
Observe que o folclore abrange questões locais onde a arte e artesanato são
manufaturados enquanto obra, tendo como fim a comercialização e o consumo.
A arte e o artesanato são os trabalhos de uma pessoa ou um grupo de pessoas
que realizam algo com objetivos diversos. Desta maneira, quando estudamos a
cultura popular de grupos de determinadas geografias, automaticamente estamos
estudando o seu folclore. Esta palavra tem origem no inglês antigo e significa a
sabedoria de um povo, seu conhecimento e discurso.
Para vários autores da História da Arte, esta nasce como fruto da magia, não sendo
nunca uma descrição literal do real. Por exemplo, as pinturas rupestres encontradas
nas cavernas de Lascaux, onde a finalidade era propiciar abundância da caça nos
vários períodos do ano. A arte é necessária pelo seu potencial em mudar o mundo
ao estimular a ação reflexiva e a imaginação emocional.
Para Fischer (1983), há uma natureza dupla do homem: ele pertence à natureza
que o gerou e pertence também a uma supra natureza por ele mesmo gerada. Desta
maneira, o primeiro homem a construir um instrumento com as próprias mãos foi
o primeiro artista. O autor também afirma que a arte, apesar de ser uma expressão
individual, é em essência coletiva, pois só vem a ser arte a partir da ocorrência de
uma intersubjetividade entre plateia e artista. Assim, numa sociedade que é dividida
em classes, é normal as classes dominantes tomarem as artes para atender a seus
propósitos.
Visto de um certo ângulo, o capitalismo foi desfavorável à arte quando lhe impõe
uma lógica de lucro no lugar da liberdade de expressão que o mecenato concedia.
Por outro ângulo, libertou o artista da sua subordinação ao mecenas, possibilitado o
acesso a novas formas de existência pela arte.
Com a arte dentro do capitalismo, nascem alguns movimentos que vão contra
o estabelecido. No Romantismo nasce o conceito de folclore, folklore, ou cultura
popular. Também no romantismo nasce o movimento “Arte pela arte”, que tinha
como principal representante Charles Baudelaire. Este movimento vai contra a ideia
de arte como mercadoria.
Para encerrar este tópico sobre o que é arte, vamos citar mais uma vez Fischer
(1983). Para o autor, a forma de uma obra de arte vai além de um mero veículo para
o seu conteúdo. Ela é a solução para o problema do domínio das formas e será tanto
melhor quanto mais elegante for essa solução. Assim, o elemento estético assume
também a condição de um elemento ético.
Partindo deste princípio, podemos afirmar que os valores que definem uma
determinada cultura são fundamentados sobre tais representações. As representações,
embora sejam vivenciadas individualmente, são coletivas enquanto sociais. Por
exemplo, as urnas funerárias dos nossos antepassados indígenas foram moldadas
e decoradas por um artesão, mas sua simbologia é compartilhada coletivamente.
Este compartilhamento social da simbologia, por um lado, garante uma certa
estabilidade e coerência de valores sociais, por outro lado, está sempre subordinado
a alterações relativamente intensas. As representações estão sempre se alterando,
todos os indivíduos da sociedade são constantemente colocados em situações de
aprendizagem da formação do simbólico. Não existe uma aquisição definitiva.
Não vamos nos esquecer que nas comunidades indígenas a arte vai se apresentar
incondicionalmente nos objetos utilitários, no cotidiano individual e coletivo, além de
se apresentar também em adornos pessoais que sempre são simbólicos, carregados
de significados para o grupo. Para os indígenas, não existe um objeto artístico sem
uma função social.
Como não há uma ruptura entre individual e coletivo, a relação entre arte e
função acontece dentro deste contexto social. O artesão decora esteticamente a
peça cerâmica que será utilizada pelo grupo, a decoração acontece em função da
utilização social da peça. Não há também ruptura entre trabalho e lazer, entre direitos
e obrigações e, principalmente, não há a propriedade privada. Assim, a estética do
Para suporte de mensagens visuais, o material mais utilizado pelos indígenas são
a cerâmica e a pedra. Devido a sua durabilidade e preservação das intempéries e
desgastes, são os materiais mais pesquisados pelos arqueólogos e antropólogos.
Com relação à cerâmica, às formas dos utensílios, à decoração, esta é muito
mais estudada devido a sua utilização estar conectada a comportamentos grupais
fortemente arraigados na cultura local, aos contextos sociais, caracterizando
diferenças entre os diversos grupos indígenas.
Os objetos que para nós são denominados artísticos, têm para os índios não
somente um significado estético, mas também religioso, social, simbólico. Por isto
a designação de Etnoarte.
As tangas Marajoara:
Em 1888 surge o movimento Arts & Crafts, ou Artes e Ofícios, na Inglaterra, mais
especificamente em Londres. Este movimento defendia o artesanato criativo como
uma alternativa para a produção em série e para a mecanização, preconizando o
fim das diferenças entre o artista e o artesão. Lutou contra os avanços da indústria,
introduzindo o gosto pelo manufaturado, pelo artesanal, e pela revalorização das
artes aplicadas. Planejava registrar em móveis e objetos cotidianos os traços do
artesão-artista, que mais tarde seria nominado como designer. O movimento foi
liderado pelo socialista William Morris e influenciado pelas ideias de John Ruskin.
• Estilização figurativa.
• Padrões florais.
• Linhas curvas.
• Arabescos.
• Originalidade.
O gosto pela estética Arts & Crafts se expandiu rapidamente pelos Estados Unidos
e pela Alemanha. Nesses países foram publicadas várias revistas sobre o assunto,
revistas que tinham como alvo o público feminino.
Influenciada pela Arts & Crafts e pela arte da gravura japonesa, surge a Art Nouveau,
um estilo internacional de arquitetura e de artes decorativas utilizado tanto em
arquitetura como em decoração, joalheria, ilustração e em muitos outros suportes,
principalmente no começo das artes aplicadas à indústria. Foi muito apreciada entre
1890 e 1910. Caracteriza-se pelo uso de linhas longas, ondulantes e assimétricas,
apresentando muitas vezes elementos que remetem às formas da natureza.
e Georges Braque. Artigas foi artista singular quando se trata do suporte cerâmica.
Participou intensamente do Modernismo e realizou intercâmbio com vários artistas
dentro da produção cerâmica. Sua experiência com este material se amplia a partir
de 1942, quando começa a trabalhar com Joan Miró, que busca ajuda do ceramista
para conquistar um domínio técnico neste material. Juntamente com Artigas, Miró
descobriu, nas palavras dele mesmo, a magia primitiva do fogo.
Em vários momentos de sua vida, Miró confessa sua paixão pela cerâmica e
observa que Artigas teve uma importância relevante no seu trabalho, possibilitando-o
trabalhar com este novo material e, consequentemente, desenvolvendo outra
linguagem e enriquecendo sua produção artística.
Figura 3.11 | Mural cerâmico da UNESCO, idealizado por Joan Miró e Llorens Artigas
Muitos ceramistas europeus migram para os Estados Unidos fugindo dos horrores
da Segunda Guerra Mundial, o que possibilita influências entre essas culturas distintas,
permitindo que a cerâmica do século XX se transformasse, adquirindo identidade e
liberdade de expressão, características próprias da arte contemporânea. Podemos
citar como exemplo o artista Antony Gormley e sua instalação de 1991 intitulada Field,
que já vimos na Unidade 1 deste livro. Vamos destacar como exemplo a ceramista
Vilma Villaverde se utiliza de peças sanitárias como suportes para seus processos
criativos, trabalhando, desta maneira, com o privado e o público.
Podemos destacar alguns nomes que faziam uso da cerâmica como suporte para
a pintura, em substituição à tela: Volpi, Portinari, Djanira, Paulo Rossi, Poty, Roberto
Burle Marx e Athos Bulcão.
Para saber mais sobre este processo utilizado pelos artistas brasileiros
que utilizavam a cerâmica como suporte para suas obras, acesse os sites:
<http://www.raulmendessilva.com.br/brasilarte/temas/osidarte.html>,
<https://www.escritoriodearte.com/artista/osirarte/>,
<http://enciclopedia.itaucultural.org.br/#!q=osirarte>. Acesso em: 11
set. 2015.
Esse processo mudou lentamente. Cândido Portinari, no início dos anos 40,
começou a pintar figuras soltas no espaço composicional, criando os fundos das
suas composições com motivos marinhos, mudando o tamanho e o formato dos
azulejos. Com o domínio e amadurecimento da técnica, os exageros visuais que
se apresentavam apenas como decorativos, são substituídos por uma preocupação
maior, por uma sofisticação na sua representação aeroespacial.
A partir do final da década de 80, várias galerias e museus começam a expor obras
com suportes cerâmicos como um dos meios de expressão plástica: MAM, Galeria
São Paulo, Toki Arte, Paulo Figueiredo, Mônica Figueira, situadas em São Paulo;
Galeria Trindade no Rio de Janeiro; as Salas Corpo e Palácio das Artes, em Belo
Horizonte. Toda a mídia e as revistas especializadas em arte que eram publicadas na
época também começaram a divulgar esses trabalhos e exposições.
Alguns livros específicos sobre o assunto também são editados, entre eles
destacam-se: artistas da cerâmica brasileira, publicado pela Volkswagem do Brasil
S.A., no ano de 1985. O livro trazia um panorama geral da arte cerâmica no Brasil,
cobrindo desde a cerâmica indígena, passando pela cerâmica popular, até a cerâmica
contemporânea; Cerâmica Arte da Terra, publicado no ano de 1987, catálogo de
artistas ceramistas contemporâneos brasileiros com textos sobre cerâmica.
Seguindo esta mesma linha do olhar Figura 3.18 | Escultura em cerâmica, pedra
concentrado nas práticas culturais, e ferro de Megumi Yuasa
também podemos citar os ceramistas
Katsuko Nakano, Akinori Nakatani e Kimi
Nii.
Seção 2
Desta maneira, essa mudança interna e externa dentro da cultura vai impactar
o simbólico de um povo e, consequentemente, suas manifestações artísticas
e populares. Já vimos na Unidade 1, quando estudamos a História da Cerâmica,
que algumas dessas transformações ocorrem nos processos cerâmicos, tanto nas
técnicas utilizadas nas diferentes culturas, como nos resultados estéticos finais.
O artesanato também faz parte do folclore do país, mostrando seus usos, seus
costumes e tradições e características de cada região.
Figura 3.24
A. Cerâmica utilitária.
B. Cerâmica infantil.
C. Cerâmica figurativa inanimada.
D. Cerâmica figurativa animada.
E. Cerâmica esmaltada.
Referências
ARANTES, Antonio Augusto. O que é arte popular. 8.ed. São Paulo: Brasiliense, 1985.
BACHELARD, Gaston. O direito de sonhar. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1986.
BOSI, Alfredo et al. Cultura brasileira: tradição e contradição. Rio de Janeiro: Jorge
Zahar, 1987.
CANCLINI, Nestor Garcia. Culturas híbridas: estratégias para entrar e sair da
modernidade. São Paulo: EdUSP, 1997.
DOLABELLA, Renato Melo. Diário de bordo. Disponível em: <http://www.eba.ufmg.
br/alunos/kurtnavigator/arteartesanato/6junho.html>. Acesso em: 04 set. 2015.
DONDIS, D. A. Sintaxe da linguagem visual. Tradução: Jefferson L. Camargo. 2.ed.
São Paulo: Martins Fontes, 1997.
ESTÁGIO de Artista. História do design. Disponível em: <http://www.estagiodeartista.
pro.br/artedu/histodesign/2_design_secxix.htm>. Acesso em: 08 set. 2015.
FISCHER, Ernst. A necessidade da arte. Rio de Janeiro: Zahar, 1983.
LARAIA, Roque de Barros. Cultura: um conceito antropológico. Rio de Janeiro: Zahar,
1986.
LIPOVETISKY, G.; SERROY, J. A cultura-mundo: resposta a uma sociedade desorientada.
Tradução de Maria Lúcia Machado. São Paulo: Companhia das Letras, 2011.
RODRIGUES, Maria Regina. Cerâmica. Vitória: UFES, Núcleo de Educação Aberta e a
Distância, 2011.
VELTHEM, Lucia Hussak van. Grafismo indígena: estudos de antropologia estética.
São Paulo: Fapesp, 1994
UOL Educação. Cerâmicas, rendas e outros tipos de artesanato brasileiro. Disponível
em: <http://educacao.uol.com.br/folclore/ult1687u7.jhtm>. Acesso em: 08 set. 2015.
ASPECTOS METODOLÓGICOS
DA CERÂMICA NA EDUCAÇÃO
BÁSICA
Objetivos de aprendizagem:
Conhecer os aspectos metodológicos da cerâmica na educação básica.
Aprender técnicas para modelar e decorar a massa cerâmica.
Entender o processo de queima da argila.
Introdução à unidade
Nesta última unidade nosso foco vai ser mais técnico, possibilitando desta
maneira, que você passe por todo o processo de criação de peças cerâmicas,
desde a escolha da argila, às técnicas de modelagem, às técnicas de secagem,
processos de decoração, atingindo o processo de queima e resultando em peças
que tenham uma excelência tanto técnica quanto estética.
Assim, esta unidade pretende dar uma visão técnica geral sobre os processos
criativos no universo da cerâmica.
Seção 1
Sobre processos criativos, não se esqueça que não há regras e alguns processos
podem ocorrer de forma simultânea; já que é um fenômeno comunicativo e possui
uma interface cultural, devemos considerar a interação do ceramista com seu
tempo e seu espaço histórico e socialmente construído. Assim, seu processo criativo
é constantemente contaminado por influências da criação de outros. Devemos
considerar também que o desenvolvimento do discente jamais acontece de modo
linear, é um processo dinâmico que acontece em vários níveis.
Muitos artistas, no nosso caso muitos ceramistas, optam pelo registro de sua
reflexão em seu processo criativo. Este registro é realizado em diários, folhas de
papel avulsas ou cadernos, todos contendo desenhos e anotações para o projeto
cerâmico.
Essas anotações são utilizadas como base para seu processo criativo.
Nacionalmente podemos
citar Francisco Brennand,
Norma Grinberg, Hélio Siqueira
e Mary Di Iorio, dentre muitos
outros.
momento em que estava ocupada com suas atividades acadêmicas: aulas, trabalho
administrativo, além do trabalho plástico, sentia necessidade de registrar suas ideias.
Desta forma, começou a utilizar o desenho para registrar a forma, a textura e a cor.
Observe que o desenho se presta para cada artista de maneiras diferentes, ora para
pensar a cor, a forma, a textura, ora para definir as etapas da construção da obra e sua
instalação no espaço escolhido. Assim, o desenho funciona além de um delimitador
de formas, transformando-se em um meio de comunicação para o artista ou para
outros que irão executar as obras, dependendo da necessidade do projeto.
Júlio Tigre é um artista mineiro radicado em Vitória, ES. O artista busca conhecer
e experimentar os materiais para o desenvolvimento de seu projeto artístico,
executando uma infinidade de experimentações. Segundo o artista, ele escolheu a
cerâmica para encontrar a resistência dos materiais. Portanto, a cerâmica é apenas
mais uma linguagem, mais um meio de expressão plástica. Tigre diz que não há
limites no que diz respeito ao uso de materiais específicos.
1.5 Ferramentas
Antes de aprofundarmos nosso conhecimento nos processos de modelagem,
devemos conhecer a importância das ferramentas para a construção do objeto. Em
muitos casos elas passam a funcionar como uma extensão do corpo.
As ferramentas usadas pelos ceramistas são muito diversas e por este motivo a
escolha deve ser realizada de acordo com a experiência e a necessidade do projeto
a ser desenvolvido.
É possível utilizar vários utensílios do cotidiano, como por exemplo facas, garfos,
colheres, rolo de macarrão, além de vários outros para se criar texturas na massa
ainda crua. As espátulas podem ser fabricadas com madeiras macias e esculpidas
com estilete ou faca. Pode-se dividir uma serrinha de ferro em duas partes e, com
esmeril, fabricar duas facas menores.
Figura 4.6 | Ferramentas diversas com pontas Estes desbastadores podem ser
diferentes fabricados utilizando-se o corpo de
uma caneta esferográfica sem carga
e um clipe preso em sua ponta por
meio do aquecimento do plástico
ou com um pouco de massa epóxi.
O clipe pode ser substituído por um
arame mais grosso, possibilitando a
criação de várias pontas diferentes a
serem utilizadas na modelagem, de
acordo com a necessidade.
Uma ponta seca para decorar as peças pode ser confeccionada com agulha de
crochê ou com agulha de bordar.
Outro instrumento que pode ser utilizado pelo ceramista é o torno. Este
instrumento de trabalho torna ágil a execução das peças, dando aprimoramento às
formas.
1.6 Modelagem
Tenha em mente que toda experiência estética pressupõe o prévio
desenvolvimento de técnicas. Esta necessidade nasce da importância de ampliar
as possibilidades expressivas, tornando possível a concretização da obra poética
proposta. Os procedimentos de modelagem da massa cerâmica para a concretização
dos projetos são relativamente simples, porém, requerem treino e experiência para
seu domínio. Podemos encontrar milhares de livros, sites e vídeos que mostram
passo a passo as técnicas de modelagem.
Atualmente, com as novas tecnologias, não há nada que você não possa
aprender como fazer, passo a passo. Modelar a massa cerâmica não é
uma exceção. Veja abaixo alguns vídeos onde você pode aprofundar
seus conhecimentos e técnicas.
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=jyQtNxMxuWo>.
Acesso em: 29 set. 2015.
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=FfosKWmiYzU>.
Acesso em: 29 set. 2015.
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=MLhHJSS2LZM>.
Acesso em: 29 set. 2015.
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=pbMgBYtHSIk>.
Acesso em: 29 set. 2015.
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=D6Pn8mhL97U>.
Acesso em: 29 set. 2015.
• Modele uma bola de argila que caiba entre as mãos de maneira confortável.
• Tenha em mente que quanto mais fina a parede, mais delicada ficará a peça
e, portanto, mais frágil também.
O acabamento da peça realizado com esta técnica fica a critério de cada artista
que vai definir suas propriedades estéticas, desde texturas até a escolha das cores.
1.8 Rolinho
Esta técnica também é milenar e é utilizada até hoje por muitos artesãos na
fabricação de vasilhas de barro. Por exemplo, as mulheres ceramistas do Vale do
Jequitinhonha chamam esta técnica de processo de acordelado. Nacionalmente é
mais conhecida como técnica de rolinho ou de cordões. Consiste na sobreposição
de rolinhos ligados uns aos outros posteriormente, com argila líquida e modelados
com os dedos para que as peças fiquem lisas.
Argila de sua preferência, base de madeira onde apoiará a peça, tecido, faca
pequena, vasilhame para água, sacos plásticos, jornais, barbotina da argila a ser
utilizada, diferentes instrumentos para texturas.
• Se quiser modificar a forma, para que a peça não fique reta, basta mover o
rolinho um pouco para fora, abrindo a forma gradativamente.
Barbotina é uma argila líquida utilizada como cola, que serve para unir
duas ou mais partes de argilas ainda molhadas. Para prepará-la, basta diluir
um pouco de argila em água (como se fosse iogurte). É mais fácil deixar a
argila secar e acrescentar um pouco de água até obter uma consistência
pastosa. Caso não dê para esperar a argila secar, pegue um pouco de argila
mesmo que esteja molhada e acrescente um pouco de água, diluindo-a
com a ajuda de um pincel, até que tenha a consistência desejada.
1.9 Placa
Outra técnica muito utilizada é denominada de placas. Trabalha-se com o barro
esticado em espessuras uniformes. Com esta técnica o artista pode construir formas
geométricas e orgânicas com espessuras uniformes e ótimo acabamento.
Argila de sua preferência, dois pares de ripas de madeira, base de madeira onde
apoiará a peça, pincel de cerda dura, tecido, faca pequena, vasilhame para água,
sacos plásticos, jornais, barbotina de argila a ser utilizada, rolo de macarrão, lixa de
madeira número cem, esponja macia, diferentes instrumentos para texturas.
• A técnica consiste em abrir uma placa de argila, esticar a massa com um rolo
de macarrão de maneira que fique com a mesma espessura e, em seguida, cortá-la
no formato desejado.
• Após a secagem você pode utilizar uma lixa de madeira número cem para
dar acabamento. O uso de máscara e óculos é imprescindível. Retire o pó com um
pincel ou uma esponja.
1.10 Bloco
A técnica do bloco geralmente é utilizada na modelagem de esculturas diversas,
tais como anatomia humana, animal, formas abstratas etc. Não se esqueça que
existem maneiras diferentes para modelar a massa cerâmica, e a maneira depende
do objetivo do artista.
Na escultura cerâmica, a forma deve estar vazia, oca. Desta maneira, as peças
• Quando terminar a modelagem, a peça deverá ser ocada, ou seja, ter toda
a argila do seu interior retirada. Geralmente, um único corte longitudinal resolve o
problema.
• Se por acidente você perfurar a peça, passe barbotina e coloque mais argila
no local, fazendo pressão com os dedos. Se for preciso, costure-a com a ajuda de
uma pequena faca.
• Enquanto você está ocando uma metade da sua escultura, a outra metade
da peça deve estar protegida, enrolada em jornal ou em um saco plástico para que
não seque demasiadamente.
• Após ocar todo interior de cada parte, você deverá costurar de volta as
partes que foram seccionadas, cada uma em seu devido lugar.
• Se a base da peça for fechada, lembre-se de que você precisará fazer alguns
pequenos orifícios na base, para possibilitar a saída do ar durante a secagem e
durante a queima. Utilize uma agulha para realizar os furos.
Os tornos mais simples, os mais antigos, são acionados à mão. Ainda hoje, por
ser mais barato, é muito utilizado o torno movido com um dos pés. Consiste em
uma mesa circular diretamente ligada a uma roda por meio de um eixo sobre a
mesa, que o ceramista move diretamente com o pé.
Argila; torno; banco; vasilha com água; esponja macia; ponta seca; fio de náilon,
espátula de metal ou de madeira.
• Faça uma bola de argila, bem amassada, macia e no tamanho que caiba
confortavelmente entre as mãos do ceramista.
• Com o torno desligado, bata com força a bola de argila no centro do torno.
Ligue o motor e acelere para girar o disco. Utilize o dedo indicador da mão direita
para pressionar levemente a base da argila, colando-a no disco do torno.
• Utilize uma esponja para retirar o excesso de água do disco, todas as vezes
que molhar as mãos.
A. Técnica de rolinho.
B. Técnica americana.
C. Técnica de alisamento.
D. Técnica de placas.
E. Técnica do rolo.
Seção 2
• Engobe: É uma pintura que utiliza argila líquida, corada por meio do uso de
óxidos ou pigmentos, aplicada sobre a peça cerâmica ainda crua, de preferência em
estado de couro.
• Corda Seca: Faz-se uma máscara com uma mistura de óleo de linho ou
outra gordura sobre o corpo cerâmico já cozido, produzindo linhas como se fossem
contornos dos desenhos, e aplica-se o esmalte. Onde o óleo estiver, o esmalte não
vai penetrar. As cores dos esmaltes permanecerão separadas.
• Relevo: Você pode fazer relevos sobre a peça ainda úmida, utilizando
diferentes objetos.
A. Engobe.
B. Corda seca.
C. Brunidura.
D. Raku.
E. Serigrafia.
Seção 3
A mesma peça pode ser submetida a uma, duas ou três queimas, dependendo
da argila que está sendo usada e das técnicas de decoração. Em alguns casos
excepcionais onde se procura resultados muito peculiares, a mesma peça pode
sofrer mais de três queimas.
Aquecimento:
Arrefecimento:
• Forno na terra: Esta técnica é muito primitiva, mas ainda utilizada. As peças
são depositadas em uma cama de palha e cobertas com lenha.
• Forno de chama invertida: Neste tipo de forno o fogo entra, sobe pelas
laterais e quando chega ao topo é sugado para baixo. Desta maneira o calor se
espalha no espaço de modo uniforme.
• Forno jet: Forno elétrico que utiliza um injetor de gás e outro de oxigénio,
permitindo controlar uma atmosfera oxidante ou redutora.
Vamos aprofundar nossos conhecimentos nos três tipos de fornos mais usados.
Por cima de tudo é montada uma fogueira que permanece acesa por
aproximadamente três horas.
Após este tempo o buraco é coberto com chapas metálicas e não se volta a
mexer nele até ter retornado à temperatura ambiente.
Desta maneira, a argila deve conter bastante areia ou chamote para aumentar a
sua resistência ao choque térmico.
Por este motivo as peças que vão para o forno de buraco já devem ter sido
biscoitadas.
Antes de ir para o buraco, pode-se aplicar nas peças matérias como plantas
resinosas, palha, sal, borras de café, cascas de banana ou laranja, fio de cobre etc.
Estes materiais vão oxidar e produzir diversos efeitos e tons.
Este tipo de forno consiste em um tambor de duzentos litros com pequenos furos
em suas laterais, para que o oxigênio entre e aconteça a combustão na serragem.
Coloque fogo na serragem com ajuda de papéis e fósforo. Deixe o fogo aceso
por aproximadamente três minutos. Tampe o tambor, deixando uma fresta de
aproximadamente dez centímetros. O fogo apagará e a brasa resultante queimará a
serragem de cima para baixo, até atingir a base do tambor. Esta queima geralmente
dura mais de 24 horas e faz muita fumaça. Assim, sua utilização também deve ser
realizada longe dos centros urbanos.
Você pode substituir o tambor por tijolos refratários, mantendo domínio sobre o
tamanho do forno.
D. Redutora e neutra.
E. Nenhuma das alternativas acima.
A. Forno de buraco.
B. Forno de Raku.
C. Forno noborigama.
D. Forno de serragem.
E. Forno elétrico.
Se você for adquirir um forno elétrico, escolha um que se adeque a seu espaço
disponível, lembrando que a queima das peças cerâmicas libera toxinas e, portanto,
jamais o forno deve ser ligado em um ambiente fechado, doméstico.
necessidade do projeto.
Fique atento à possibilidade de deixar as propostas em aberto na
apresentação dos projetos a serem desenvolvidos pelos discentes.
Podem ser utilizadas muitas ferramentas durante o processo,
tais como rascunhos, fotografias, outros materiais consumidos
cotidianamente (plástico, papel, espuma etc.). Esta abertura faz
fluir um diálogo criativo em sala de aula que é salutar a todos.
As ferramentas usadas pelos ceramistas são muito diversas e
por este motivo a escolha deve ser realizada de acordo com a
experiência e a necessidade do projeto a ser desenvolvido. Podem
ser adquiridas em lojas especializadas ou fabricadas pelo próprio
ceramista, de acordo com as necessidades.
Existem várias técnicas de modelagem que podem ser trabalhadas
individualmente ou em conjunto: Pote de aperto, rolinho, placa,
bloco e torno.
Também existem várias técnicas de decoração que podem ser
trabalhadas individualmente ou em conjunto: Engobe, aerografia,
banho, brunidura, corda seca, cromolitografia, decalcomania,
esgrafitado, esponjado, incisão, incrustação, pasta sobre pasta,
manchado, reflexo metálico, relevo, serigrafia, raku, entre outras.
A última etapa da confecção da peça cerâmica é a queima,
onde acontecem os processos químicos que determinam o
endurecimento definitivo da peça cerâmica.
A mesma peça pode ser submetida a uma, duas ou três queimas,
dependendo da argila que está sendo usada e das técnicas de
decoração. Em alguns casos excepcionais onde se procura
resultados muito peculiares, a mesma peça pode sofrer mais de
três queimas.
A atmosfera queima é o resultado da composição química de gases
de combustão no interior do forno durante a queima. A atmosfera
é determinada pelo tipo de forno utilizado, do combustível,
da qualidade e quantidade de oxigênio contido no interior do
forno. A atmosfera de uma queima pode ser neutra, oxidante ou
redutora. As atmosferas oxidantes e redutoras geralmente alteram
drasticamente as cores dos óxidos utilizados.
O tipo de forno cerâmico que você utilizar para queimar as peças
vai ter grande influência sobre as condições da queima e sobre os
resultados finais da sua peça.
Existem vários tipos de fornos. Fornos a lenha, na terra, de buraco,
de serragem, elétrico, de chama invertida, jet e noborigama.
Referências
FREITAS, Eduardo de. Técnica e tecnologia. In: Brasil Escola. Disponível em: <http://
www.brasilescola.com/geografia/tecnica-tecnologia.htm>. Acesso em: 1 out. 2015.
HIBRIDISMO: aplicação em Arte. Unesp Ciência. Disponível em: <http://www.
unespciencia.com.br/pdf/uc62/UC62_pg44-45_Hibridismo_01.pdf>. Acesso em: 25
set. 2015.
HERNÁNDEZ, F. Cultura visual, mudança educativa e projeto de trabalho. Porto
Alegre: Artmed, 2007.
MCLUHAN, Marshall. McLuhan por McLuhan: conferências e entrevistas. Rio de
Janeiro: Ediouro, 2005.
RODRIGUES, Maria Regina. Cerâmica. Vitória: UFES, Núcleo de Educação Aberta e a
Distância, 2011.
SIGNIFICADO. Estética: o que é estética. Disponível em: <http://www.significados.
com.br/estetica/>. Acesso em: 1 out. 2015.