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Apostila História do Brasil - 1º Bimestre

Autoria: Flavia Ribeiro Veras Entregue em 03/12/2020

Módulo 1 – As origens do Brasil

Durante longo tempo foi utilizada a expressão “descobrimento” para indicar a


chegada dos europeus ao “Novo Mundo”, tratando do que hoje conhecemos como a
América. Este termo deve-se a uma visão do eurocentrismo, como se o continente fosse
um mundo a ser criado ou à espera de seu descobridor. Essa expressão desconsidera, a
existência de uma população nativa que possuía sua própria cultura, organização social,
política e econômica. Atualmente, mesmo entre os historiadores de linhagem
portuguesa, é comum falar em “reconhecimento” ou “achamento” do Brasil em
substituição ao termo “descobrimento”.
Esse debate tem a ver com o questionamento sobre “como começar a contar a
história do Brasil”. Iniciar pela chegada dos portugueses tem a ver com o primeiro
documento escrito que foi gerado nessas terras - a Carta de Pero Vaz Caminha. Ela
consiste em uma espécie de relatório enviado à Coroa Portuguesa. Por ela, entre outras
coisas, foi detalhado a rota das caravelas em alto mar, a chegada dos portugueses em
terra firme, suas primeiras impressões sobre o espaço e o primeiro contato com os
indígenas. Veja alguns trechos desse documento:
“Na noite seguinte, segunda-feira, ao amanhecer, se perdeu da frota Vasco de Ataíde com sua nau, sem
haver tempo forte nem contrário para que tal acontecesse. Fez o capitão suas diligências para o achar, a
uma e outra parte, mas não apareceu mais! E assim seguimos nosso caminho, por este mar, de longo, até
que, terça-feira das Oitavas de Páscoa, que foram 21 dias de abril, estando da dita Ilha obra de 660 ou 670
léguas, segundo os pilotos diziam, topamos alguns sinais de terra, os quais eram muita quantidade de
ervas compridas, a que os mareantes chamam botelho, assim como outras a que dão o nome de rabo-de-
asno. E quarta-feira seguinte, pela manhã, topamos aves a que chamam fura-buxos.”

“A feição deles é serem pardos, maneira de avermelhados, de bons rostos e bons narizes, bem-feitos.
Andam nus, sem nenhuma cobertura. Nem estimam de cobrir ou de mostrar suas vergonhas; e nisso têm
tanta inocência como em mostrar o rosto. Ambos traziam os beiços de baixo furados e metidos neles seus
ossos brancos e verdadeiros, de comprimento duma mão travessa, da grossura dum fuso de algodão,
agudos na ponta como um furador. Metem-nos pela parte de dentro do beiço; e a parte que lhes fica entre
o beiço e os dentes é feita como roque de xadrez, ali encaixado de tal sorte que não os molesta, nem os
estorva no falar, no comer ou no beber.”

“Mostraram-lhes um papagaio pardo que o Capitão traz consigo; tomaram-no logo na mão e acenaram
para a terra, como quem diz que os havia ali. Mostraram-lhes um carneiro: não fizeram caso. Mostraram-
lhes uma galinha, quase tiveram medo dela: não lhe queriam por a mão; e depois a tomaram como que
espantados.”

“Deram-lhes ali de comer: pão e peixe cozido, confeitos, fartéis, mel e figos passados. Não quiseram
comer quase nada daquilo; e, se alguma coisa provaram, logo a lançaram fora. Trouxeram-lhes vinho
numa taça; mal lhe puseram a boca; não gostaram nada, nem quiseram mais. Trouxeram-lhes a água em
uma albarrada. Não beberam. Mal a tomaram na boca, que lavaram, e logo a lançaram fora.”

“Nela, até agora, não pudemos saber que haja ouro, nem prata, nem coisa alguma de metal ou ferro; nem
lho vimos. Porém a terra em si é de muito bons ares, assim frios e temperados como os de Entre Douro e
Minho, porque neste tempo de agora os achávamos como os de lá́. Águas são muitas; infindas. E em tal
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maneira é graciosa que, querendo-a aproveitar, dar-se-á́ nela tudo, por bem das águas que tem. Porém o
melhor fruto, que nela se pode fazer, me parece que será́ salvar esta gente. E esta deve ser a principal
semente que Vossa Alteza em ela deve lançar.”

Essa carta nos revela muitas questões sobre a chegada dos portugueses nas terras
do chamado “Novo Mundo”, tal como suas ambições e seu primeiro contato com a
população nativa. Esse primeiro registro escrito sob o olhar do colonizador conecta a
nossa história com a de Portugal, ao mesmo tempo que revela que antes de sua chegada
aqui já havia grupos portadores de cultura, hábitos e vivencias próprias.

O mundo indígena

Mapa das populações antes da conquista

Disponível em: https://atlas.fgv.br/mapas/populacoes-americanas/terra-brasileira-antes-da-conquista


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Estudos apontam que o território brasileiro deve ter sido povoado há pelo menos
15 mil anos por diferentes grupos humanos, o mapa acima mostra os grupos indígenas
distribuídos pelo território que hoje constitui o Brasil. Na época da chegada dos
portugueses estima-se que havia aqui cerca de 3 milhões de pessoas, segundo
informações divulgadas pela FUNAI. Eles pertenciam a grupos étnicos diferentes,
falavam suas próprias línguas e tinha ritos religiosos específicos. Temos registros
arqueológicos anteriores à chegada da frota de Pedro Álvares Cabral (imagem abaixo),
tal como histórias que se replicavam na oralidade. Contudo, as fontes escritas, como já
foi dito, foram elaboradas apenas com o contato com europeus. Muitas coisas sobre a
cultura dos povos nativos foram perdidas, atualmente existem 274 línguas indígenas
registradas, estima-se que muitas desapareceram sem a chance de serem sequer
registradas.

Pintura rupestre dos indígenas pré-cabralinos em Cachoeira Resplendor, Pará.

Disponível em: https://atlas.fgv.br/mapas/populacoes-americanas/terra-brasileira-antes-da-conquista

De uma forma geral o que temos de material escrito sobre o período dos
primeiros contatos entre europeus e nativos é de autoria de cronistas, viajantes e,
especialmente, jesuítas. Dessa forma, muitas vezes a representação dos povos nativos
foi feita através do exotismo, da magia ou da ingenuidade. Assim, a análise da
sociedade e dos costumes indígenas é de extrema complexidade, seja pela dificuldade
de obtenção de dados, seja pelo preconceito e incompreensão.
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Diferente da diversidade representada no mapa sobre as populações originárias,


os portugueses, em princípio, adotaram somente a distinção entre tupi e tapuia. Este
último termo era a denominação que os tupis utilizavam para designar os grupos que
não falavam sua própria língua. Os tupis, entretanto, possuíam diversas etnias que se
localizavam em pontos do litoral e do interior, como os tupiniquins, tamoios,
tupinambás e os potiguares. Os tapuias, por seu lado, compreendiam grupos linguísticos
diversos, como as tribos: jê, aimorés, karib e arawak. O litoral, na época do
descobrimento, era predominantemente dominado pela população do tronco linguístico
tupiguarani. Apesar da proximidade linguística, os grupos tupis eram bastante
diversificados e dividiam-se em grupos que frequentemente guerreavam entre si.
Os nativos praticavam, de modo geral, a caça, a pesca, a coleta e a agricultura de
feijão, milho, abóbora e, principalmente, mandioca. Para a prática agrícola, derrubavam
árvores e faziam a queimada. Quando ocorria relativa exaustão da terra, migravam
temporária ou definitivamente para outras áreas, eram seminômades. Cada aldeia
produzia para satisfazer suas necessidades em uma economia baseada na subsistência.
As trocas de produtos alimentícios eram escassas, por isso não podemos afirmar que
havia comércio. Observamos, de forma esporádica, a troca de mulheres e bens de luxo,
como penas e pedras como forma de firmar alianças entre grupos de aldeias. Os nativos
aparentemente desconheciam a demarcação de territórios. Não há registro que as
comunidades aqui presentes fizerem uso da escravidão.
Alguns grupos praticavam a antropofagia ritualizada, que consistia no consumo
de carne humana como parte dos cultos religiosos e de tradições tribais. Essas
cerimonias tinham a ver com a vingança, mas também com a captação da força e da
coragem do inimigo derrotado seja ele nativo ou colono. Sabemos de detalhes por conta
dos muitos colonizadores que capturados conseguiram fugir ou foram libertados ao
demostrar covardia.
Apesar disso, o contato entre o português e o nativo nem sempre foi conflitivo,
como demonstra a Carta de Pero Vaz Caminha. Os europeus que aqui chegaram
tomaram parte das lutas internas dos grupos indígenas formando alianças, mas esse
contato provocou grande mortandade dentre a população nativa como pode ser visto no
gráfico e na tabela abaixo. Claro que a escravidão e a violência física e simbólica foram
razões fundamentais para que a população indígena no Brasil caísse para menos da
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metade entre 1500 e 1570, mas precisamos considerar também transmissão de doenças
até então desconhecidas.

Disponível em: http://www.funai.gov.br/index.php/indios-no-brasil/quem-sao

O mundo português

Pelo lado dos portugueses a chegada no “Novo Mundo” se insere no contexto


das grandes navegações. O século XV foi marcado pela luta contra os mouros e,
também, pelas cruzadas e pela unificação Portuguesa que viabilizou o capital necessário
para as expedições que tentavam chegar às Índias por via da circonavegação da África,
sendo chamado também de périplo africano. Essas viagens começaram a ser feitas em
1415 e eram necessárias porque o caminho pelo Mar Mediterrâneo havia sido fechado
pelos comerciantes da região que hoje corresponde a Itália. Eles tinham monopólio na
venda das valiosas especiarias do oriente.
A tecnologia das caravelas estava longe dos avanços técnicos que temos hoje.
Elas se moviam pelo vento e na ausência deles seguia o curso das correntes marítimas,
por isso era inviável fazer longas viagens. A estratégia portuguesa, então, era contornar
o continente africano estabelecendo entreportos comerciais no litoral com a estruturação
de feitorias, onde era possível descansar e reabastecer a tripulação. Os portugueses não
adentraram o continente africano nesse momento, mas sua presença provocou enormes
transformações tais como a cristianização e guerras internas motivadas pela
possibilidade de venda de escravos. Abaixo vemos a primeira viagem bem sucedida
feita por Vasco da Gama no trajeto entre Portugal e as Índias (Calicute). O retorno do
navegador colocou Portugal em uma situação de proeminência econômica na Europa
dada a quantidade de riquezas conseguidas por esse feito.
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No entanto, essa viagem não era nada fácil, muitas foram as expedições que
fracassaram na missão, uma delas foi a de Pedro Álvares Cabral que, impossibilitado de
contornar a África, chegara em 1500 na costa brasileira. Vale lembrar que antes de 1500
já figuravam em alguns mapas portugueses a representação de terras que constituíam o
Brasil, mas ainda não se tinha a real dimensão sobre o território. Na ponta do continente
africano havia o chamado Cabo das Tormentas, que dado à corrente marítima de
Humboldt levava as caravelas para longe do seu objetivo e cada vez mais próximo das
terras desconhecidas, por isso chamadas de “Novo Mundo”. Após a viagem bem
sucedida de Vasco da Gama o Cabo das Tormentas mudou de nome passando a se
chamar “Cabo da Boa Esperança”. Essa dificuldade ficou eternizada no poema “Mar
Português” de Fernando Pessoa:
Ó mar salgado, quanto do teu sal
São lágrimas de Portugal!
Por te cruzarmos, quantas mães choraram,
Quantos filhos em vão rezaram!
Quantas noivas ficaram por casar
Para que fosses nosso, ó mar!
Valeu a pena? Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena.
Quem quer passar além do Bojador
Tem que passar além da dor.
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Deus ao mar o perigo e o abismo deu,


Mas nele é que espelhou o céu.

(Disponível em http://www.jornaldepoesia.jor.br/fpesso03.html)

Em 1492, a Espanha também se estruturou como um Estado Moderno e também


investiu em caminhos alternativos para as Índias. Diferente da estratégia portuguesa e
apostando na tese da esferacidade da Terra, liderados pelo genovês Cristovão Colombo
os espanhóis rumaram para oeste e acabaram encontrando as terras da América –
continente até então desconhecido. Isto gerou um impasse entre Portugal e Espanha, que
precisaram negociar a divisão do mundo descoberto e a descobrir. Em vista disso, em
1493 o papa Alexandre VI emitiu a Bula Intercoetera, o que deixou os portugueses
insatisfeitos. De forma que no ano seguinte firmou-se o Tratado de Tordesilhas que
estipulava uma linha imaginária a 370 léguas das ilhas de Cabo Verde. As terras a leste
seriam de domínio português e as a oeste, espanhol. Essas negociações, segundo muitos
pesquisadores, apontam que Portugal já tinha conhecimento sobre a presença de terras
ao oeste, de forma que teria negociado para conseguir o direito a posse de parte dela.
Essa argumentação sustenta as teses da intencionalidade. Dessa forma, o Brasil não
havia sido nem descoberto ou achado de forma casual. Veja no mapa abaixo as
implicações territoriais da Bula Intercoetera e do Tratado de Tordesilhas:
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Dicas

● Leia na integra a Carta de Pero Vaz de Caminha:


http://objdigital.bn.br/acervo_digital/livros_eletronicos/carta.pdf

● Quer umas dicas de filmes? Veja: 1 - As Guerras do Brasil - Episódio 1 – (As


Guerras da Conquista)/ 2 - Desmundo

Exercícios
(ENEM – 2020)
1 - Os pesquisadores que trabalham com sociedades indígenas centram sua atenção em
documentos do tipo jurídico-administrativo (visitas, testamentos, processos) ou em
relações e informes e têm deixado em segundo plano as crônicas. Quando as utilizam,
dão maior importância àquelas que foram escritas primeiro e que têm caráter menos
teórico e intelectualizado, por acharem que estas podem oferecer informações menos
deformadas. Contrariamos esse posicionamento, pois as crônicas são importantes fontes
etnográficas, independentemente de serem contemporâneas ao momento da conquista
ou de terem sido redigidas em período posterior. O fato de seus autores serem
verdadeiros humanistas ou pouco letrados não desvaloriza o conteúdo dessas crônicas.
PORTUGAL, A. R. O ayllu andino nas crônicas quinhentistas: um polígrafo na literatura brasileira
do século XIX (1885-1897). São Paulo: Cultura Acadêmica, 2009.

As fontes valorizadas no texto são relevantes para a reconstrução da história das


sociedades pré-colombianas porque
a) sintetizam os ensinamentos da catequese.
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b) enfatizam os esforços de colonização.


c) tipificam os sítios arqueológicos.
d) relativizam os registros oficiais.
e) substituem as narrativas orais.

(ENEM 2020)
2 - Para dar conta do movimento histórico do processo de inserção dos povos indígenas
em contextos urbanos, cuja memória reside na fala dos seus sujeitos, foi necessário
construir um método de investigação, baseado na História Oral, que desvelasse essas
vivências ainda não estudadas pela historiografia, bem como as conflitivas relações de
fronteira daí decorrentes. A partir da história oral foi possível entender a dinâmica de
deslocamento e inserção dos índios urbanos no contexto da sociedade nacional, bem
como perceber os entrelugares construídos por estes grupos étnicos na luta pela
sobrevivência e no enfrentamento da sua condição de invisibilidade.
MUSSI, P. L. V. Tronco velho ou ponta da rama? A mulher indígena terena nos entrelugares da
fronteira urbana. Patrimônio e Memória, n. 1, 2008

O uso desse método para compreender as condições dos povos indígenas nas áreas
urbanas brasileiras justifica-se por
a) focalizar a empregabilidade de indivíduos carentes de especialização técnica.
b) permitir o recenseamento de cidadãos ausentes das estatísticas oficiais.
c) neutralizar as ideologias de observadores imbuídos de viés acadêmico.
d) promover o retorno de grupos apartados de suas nações de origem.
e) registrar as trajetórias de sujeitos distantes das práticas de escrita.

ENEM 2016

TEXTO I
Documentos do século XVI algumas vezes se referem aos habitantes indígenas Como
“os brasis” ou “gente brasília” e, ocasionalmente no século XVII, o termo “brasileiro”
era a eles aplicado, mas as referências ao status econômico e jurídico desses eram muito
mais populares. Assim, os termos “negro da terra” e “índios” eram utilizados com mais
frequência do que qualquer outro.
SCHWARTZ, S. B. Gente da terra braziliense da nação. Pensando o Brasil a Construção de um
povo. In: MOTA, C. G. (Org.) Viagem incompleta a experiência brasileira (1500-2000). São Paulo
Senac, 2000 (adaptado)

TEXTO II
Índio é um conceito construído no processo de conquista da América pelos europeus.
Desinteressados pela diversidade cultural, imbuídos de forte preconceito para com o
outro, o indivíduo de outras culturas, espanhóis, portugueses, franceses e anglo-saxões
terminaram por denominar da mesma forma povos tão dispares quanto os tupinambás e
os astecas.
SILVA, K. W.; SILVA, M. H. Dicionário de conceitos históricos, São Paulo: Contexto, 2005

3 - Ao comparar os textos, as formas de designação dos grupos nativos pelos europeus,


durante o período analisado, são reveladoras da
a) concepção idealizada do território, entendido como geograficamente indiferenciado.
b) percepção corrente de uma ancestralidade comum às populações ameríndias.
c) compreensão etnocêntrica acerca das populações dos territórios conquistados.
d) transposição direta das Categorias originadas no imaginário medieval.
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e) visão utópica configurada a partir de fantasias de riqueza.

4 - UNIRIO
“A 16 de setembro, vimos flutuar pequenos maços de ervas marinhas que pareciam
ainda frescas..., o que fez todos acreditarem que a terra se aproximava.”
COLOMBO, Cristóvão. In: ISAAC, J. & ALBA. A História Universal

Este breve fragmento, extraído do diário de bordo escrito em 1492 por Cristóvão
Colombo, tem um significado especial no processo de expansão das fronteiras
europeias. Podemos afirmar que a chegada à América faz parte do processo da(o):
a) expansão da economia mercantil e do fortalecimento da classe burguesa;
b) ampliação do movimento da Reconquista e da consolidação dos Reinos Cristãos
Ibéricos;
c) decisão tomada no Tratado de Tordesilhas e do fortalecimento econômico da
Espanha;
d) utilização de novas rotas em direção ao Oriente e da tomada de Constantinopla pelos
turcos;
e) descobrimento das novas técnicas de navegação e da assinatura da Bula Inter Coetera.

5 - UFRJ
“Até agora não pudemos saber se há ouro ou prata nela, ou outra coisa de metal ou
ferro; nem lha vimos. Contudo a terra em si é de muito bons ares frescos e temperados
como os de Entre-Douro e Minho, porque neste tempo dagora assim os achávamos
como os de lá. (As) águas são muitas; infinitas. Em tal maneira é graciosa que,
querendo-a aproveitar, dar-se-á nela tudo; por causa das águas que tem!
Contudo, o melhor fruto que dela se pode tirar parece-me que será salvar esta gente. E
esta deve ser a principal semente que Vossa Alteza em ela deve lançar. E que não
houvesse mais do que ter Vossa Alteza aqui esta pousada para essa navegação de
Calicute (isso) bastava. Quanto mais, disposição para se nela cumprir e fazer o que
Vossa Alteza tanto deseja, a saber, acrescentamento da nossa fé!”
CAMINHA, Pero Vaz. Carta de Pero Vaz de Caminha ao Rei de Portugal, em 1o/5/1500.

Seguindo a evidente preocupação de descrever ao Rei de Portugal tudo o que fora


observado durante a curta estadia na terra denominada de Vera Cruz, o escrivão da frota
cabralina menciona, na citada carta, possibilidades oferecidas pela terra recém-
conhecida aos portugueses.
Dentre essas possibilidades estão:
a) a extração de metais e pedras preciosas no interior do território, área não explorada
então pelos portugueses;
b) a pesca e a caça pela qualidade das águas e terras onde aportaram os navios
portugueses;
c) a extração de pau-brasil e a pecuária, de grande valor econômico naquela virada de
século;
d) a conversão dos indígenas ao catolicismo e a utilização da nova terra como escala
nas viagens ao Oriente;
e) a conquista de Calicute a partir das terras brasileiras e a cura de doenças pelos bons
ares aqui encontrados.

6 - UECE
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A descoberta de novas terras por navegadores portugueses e espanhóis alimentou a


imaginação dos europeus e fomentou uma visão paradisíaca do novo mundo. Com
respeito a esta “visão do paraíso” nos trópicos, é correto afirmar:
a) os europeus esperavam encontrar monstros e outras entidades mitológicas, o que se
confirmou na presença de animais pré-históricos e seres humanos estranhos;
b) os temores com relação ao inesperado levavam muitas vezes os europeus a
demonstrar uma violência desumana contra os nativos do chamado Novo Mundo;
c) as descrições dos novos territórios, com suas florestas exuberantes e seus pássaros
exóticos, vinham confirmar as expectativas de descoberta do Paraíso na Terra;
d) o encontro com seres de uma nova cultura, em um ambiente natural diferente, criou
um clima propício ao entendimento mútuo e ao respeito pela vida humana, como era
pregado pelos religiosos europeus.

7 - (UFC CE/2004) O Tratado de Tordesilhas, assinado em 7 de junho de 1494 e


confirmado nos seus termos pelo Papa Júlio II em 1506, representou para o século XVI
um marco importante nas dinâmicas europeias de expansão marítima.
O tratado visava:

a) demarcar os direitos de exploração dos países ibéricos, tendo como elemento


propulsor o desenvolvimento da expansão comercial marítima.
b) estimular a consolidação do reino português, por meio da exploração das especiarias
africanas e da formação do exército nacional.
c) impor a reserva de mercado metropolitano espanhol, por meio da criação de um
sistema de monopólio que atingia todas as riquezas coloniais.
d) reconhecer a transferência do eixo do comércio mundial do Mediterrâneo para o
Atlântico, depois das expedições de Vasco da Gama às Índias.
e) reconhecer a hegemonia anglo-francesa sobre a exploração colonial, após a
destruição da Invencível Armada de Filipe II, da Espanha.

ENEM
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Autoria: Flavia Ribeiro Veras Entregue em 03/12/2020

ECKHOUT, A. “Índio Tapuia” (1610-1666). Disponível em:


http://www.diaadia.pr.gov.br. Acesso em: 9 jul. 2009.

A feição deles é serem pardos, maneira d’avermelhados, de bons rostos e bons narizes,
bem feitos. Andam nus, sem nenhuma cobertura, nem estimam nenhuma cousa cobrir,
nem mostrar suas vergonhas. E estão acerca disso com tanta inocência como têm em
mostrar o rosto.
CAMINHA, P. V. A carta. Disponível em: www.dominiopublico.gov.br. Acesso em: 12 ago. 2009.

8 - Ao se estabelecer uma relação entre a obra de Eckhout e o trecho do texto de


Caminha, conclui-se que
a) ambos se identificam pelas características estéticas marcantes, como tristeza e
melancolia, do movimento romântico das artes plásticas.
b) o artista, na pintura, foi fiel ao seu objeto, representando-o de maneira realista, ao
passo que o texto é apenas fantasioso.
c) a pintura e o texto têm uma característica em comum, que é representar o habitante
das terras que sofreriam processo colonizador.
d) o texto e a pintura são baseados no contraste entre a cultura europeia e a cultura
indígena.
e) há forte direcionamento religioso no texto e na pintura, uma vez que o índio
representado é objeto da catequização jesuítica.

(ENEM 2006)
9 - Segundo a explicação mais difundida sobre o povoamento da América, grupos
asiáticos teriam chegado a esse continente pelo Estreito de Bering há 18 mil anos. A
partir dessa região, localizada no extremo noroeste do continente americano, esses
grupos e seus descendentes teriam migrado, pouco a pouco, para outras áreas, chegando
até a porção sul do continente. Entretanto, por meio de estudos arqueológicos realizados
no Parque Nacional da Serra da Capivara (Piauí), foram descobertos vestígios da
presença humana que teriam até 50 mil anos de idade. Validadas, as provas materiais
encontradas pelos arqueólogos no Piauí:

a) comprovam que grupos de origem africana cruzaram o oceano Atlântico até o Piauí
há 18 mil anos.
b) confirmam que o homem surgiu primeiramente na América do Norte e, depois,
povoou os outros continentes.
c) contestam a teoria de que o homem americano surgiu primeiro na América do Sul e,
depois, cruzou o Estreito de Bering.
d) confirmam que grupos de origem asiática cruzaram o Estreito de Bering há 18 mil
anos.
e) contestam a teoria de que o povoamento da América teria iniciado há 18 mil anos.

Chegança
Sou Pataxó,
Sou Xavante e Carriri,
Ianomâmi, sou Tupi
Guarani, sou Carajá.
Sou Pancaruru,
Carijó, Tupinajé,
Sou Potiguar, sou Caeté,
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Ful-ni-ô, Tupinambá

Eu atraquei num porto muito seguro,


Céu azul, paz e ar puro...
Botei as pernas pro ar.
Logo sonhei que estava no paraíso,
Onde nem era preciso dormir para sonhar.

Mas de repente me acordei com a surpresa:


Uma esquadra portuguesa veio na praia atracar.
Da grande-nau
Um branco de barba escura,
Vestindo uma armadura me apontou pra me pegar.
E assustado dei um pulo da rede,

Pressenti a fome, a sede,


Eu pensei: “vão me acabar”.
Levantei-me de Borduna já na mão.
Aí, senti no coração,
O Brasil vai começar.
NÓBREGA, A.; FREIRE, W. CD Pernambuco falando para o mundo, 1998.

10) A letra da canção apresenta um tema recorrente na história da colonização


brasileira, as relações de poder entre portugueses e povos nativos, e representa uma
crítica à ideia presente no chamado mito
a) da democracia racial, originado das relações cordiais estabelecidas entre portugueses
e nativos no período anterior ao início da colonização brasileira.
b) da cordialidade brasileira, advinda da forma como os povos nativos se associaram
economicamente aos portugueses, participando dos negócios coloniais açucareiros.
c) do brasileiro receptivo, oriundo da facilidade com que os nativos brasileiros
aceitaram as regras impostas pelo colonizador, o que garantiu o sucesso da colonização.
d) da natural miscigenação, resultante da forma como a metrópole incentivou a união
entre colonos, ex-escravas e nativas para acelerar o povoamento da colônia.
e) do encontro, que identifica a colonização portuguesa como pacífica em função das
relações de troca estabelecidas nos primeiros contatos entre portugueses e nativos.

Gabarito do módulo1
1–D
2–E
3–C
4–A
5–D
6–C
7–A
8–C
9–E
10 - E
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Autoria: Flavia Ribeiro Veras Entregue em 03/12/2020

Módulo 2 – A organização política colonial na América Portuguesa

“Se existir vida inteligente lá, nós devemos ouvi-la (...) Um dia receberemos um
sinal de um planeta como este, mas devemos ter cuidado ao respondê-lo. Encontrar
uma civilização avançada pode ser como o encontro entre Colombo e os índios. Nós
sabemos que isso não acabou muito bem.”
Stephen Hawking no documentário Stephen Hawking’s Favorite Places

Essa citação pode levar alguns a um grande estranhamento: porque um físico


está sendo citado em uma apostila de História do Brasil? Pois bem, Stephen Hawking
foi um físico mundialmente conhecido, tanto pela sua cadeira de rodas supertecnológica
e a voz robótica necessárias dado a uma grave doença neurológica quanto por sua
pesquisa sobre buracos negros e viagens no tempo. Nessa citação ele fala sobre a
existência de alienígenas e compara um possível encontro nosso com seres de outro
planeta, com o encontro entre os Europeus e os nativos da América. A analogia é
bastante pertinente, visto que, separados pelo até então inexplorado Oceano Atlântico,
suas existências eram mutuamente desconhecidas.
No módulo anterior vimos os primeiros registros dos contatos entre os
portugueses e grupos indígenas. Por mais curioso que pudesse ter sido esse encontro,
ficamos sabendo que Portugal estava muito empenhado no comércio com as Índias.
Através da tática do périplo africano, conseguiu implementar uma forma de chegar ao
oriente sem passar pelo mar mediterrâneo que era controlado por comerciantes locais.

O período pré-colonial (1500 – 1530)


No século XVI Portugal tinha a posse de um vasto império ultramarino, como
podemos ver na imagem abaixo. Percebam que não havia interiorização da colonização
em nenhum espaço. Os pontos mais escuros eram fortificações, onde se instalavam as
feitorias para o comércio e para aportar as navegações.

O Império Português no século XVI


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Autoria: Flavia Ribeiro Veras Entregue em 03/12/2020

Disponível em: https://www.authorstream.com/Presentation/f1553-1251320-o-imp-rio-portugu-s-2/

As primeiras viagens para as Índias foram bastante positivas para Portugal do


ponto de vista comercial, tanto que entre 1500 e 1530, não sendo identificado a presença
de matais preciosos no litoral da América Portuguesa, não houve uma colonização
efetiva de Portugal na América. Justamente por isso esse período é chamado de pré-
colonial. Apesar da Carta de Pero Vaz de Caminha informar sobre as águas, a vegetação
e da possibilidade de expansão da fé católica através da catequização dos nativos, nada
disso foi imediatamente implementado. Não existiu nesses primeiros trinta anos uma
política formal para essas áreas. Entre esses anos, tal como se fez na costa do continente
africanos, os portugueses apenas instalaram feitorias no litoral, onde eram estocados
produtos como o pau-brasil extraído pelos indígenas. Elas eram usadas como
entrepostos comerciais e lugar para reabastecer os barcos que aportassem.
O pau-brasil já́ era conhecido pelos europeus nesse período. Sua madeira servia
para a construção de móveis, embarcações e como corante. Possuía bom valor comercial
na Europa e, por isso, sua exploração tornou-se a primeira atividade econômica da
região. Presente numa faixa compreendida entre o atual Rio Grande do Norte e Cabo
Frio, a extração do pau-brasil era monopólio da Coroa e foi extremamente predatória
durante todo período colonial.
O trabalho de retirada da madeira e carregamento era feito pelos nativos em um
regime chamado escambo, que consistia na troca de produtos diretamente sem o
intermédio de dinheiro. Muitas vezes se diz que o nativo teria sido ingênuo ao trabalhar
em troca de objetos tão insignificantes quanto espelhos ou louças. No entanto, não era
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Autoria: Flavia Ribeiro Veras Entregue em 03/12/2020

apenas isso, os europeus participaram como aliados ou inimigos nos conflitos entre
nativos, sendo esses serviços fundamentais na construção das relações de interesses
entre europeus e indígenas. Dessa forma, europeus e nativos tinham seus próprios
objetivos nessa relação que, como alerta Stephen Hawking, “não acabou muito bem”.
Vamos ver melhor como isso aconteceu.

As invasões francesas e o início da colonização

"Eu gostaria de ver a cláusula do testamento de Adão que me exclui da partilha do


mundo."

Essa frase teria sido dita pelo rei Francisco I da França contestando o Tratado de
Tordesilhas. Por não aceitar tal ordenamento, tivemos várias invasões no território que
hoje compõe o Brasil. Os franceses evocavam o princípio romano do “uti possidetis”,
argumentando que a posse da terra seria de quem desse uso efetivo a ela. Percebam que
nesse debate entre europeus a presença do nativo e o uso que ele por tempos
imemoriáveis já havia dado à terra não era considerado. A cosmologia, ou seja, as
formas de entender o mundo e se organizar dos nativos e dos europeus eram muito
distintas. Se hoje falamos português, nos organizamos em Estados Nacionais e somos,
em grande parte cristãos, é porque as formas dos europeus pensar e agir no mundo se
sobrepôs as dos nativos.
Portugal, que detinha legalmente a posse da terra pelas leis europeias, não
tinham controle sobre os franceses ou outros estrangeiros que aportavam por aqui. Mas
sabia-se que as vistas eram frequente, tanto que preocupada com a posse da terra, a
Coroa portuguesa apoiou o envio de expedições de caráter policiador (guarda-costeiras),
com o intuito de proteger o litoral e combater os franceses. As expedições foram
comandadas por Cristóvão Jacques, entre 1516 e 1519, depois, entre 1526 e 1528.
Contudo, não surdiram muito efeito tanto que duas invasões já no período colonial
foram muito marcantes e duradouras: uma no Rio de Janeiro (França Antártida) em
1555 até 1567 e outra no Maranhão (França Equinocial) em 1612 até 1615. No Rio de
Janeiro, os franceses se aliaram aos tupinambás, enquanto os portugueses lutavam ao
lado dos tupiniquins. Nos autos anchietianos e do padre Manuel da Nobrega vemos
várias referencias aos franceses e tupinambás como inimigos.
AIMBIRÊ
Usarei de igual destreza
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para arrastar outras presas


nesta guerra pouco santa.
O povo Tupinambá́
que em Paraguaçu morava,
e que de Deus se afastava,
deles hoje um só́ não há,
todos a nós se entregaram.
Tomamos Moçupiroca,
Jequei, Gualapitiba,
Niterói e Paraíba,
Guajajó, Carijó-oca,
Pacucaia, Araçatiba
Todos os tamoios foram
Jazer queimando no inferno.
Mas há alguns que ao Padre Eterno
fiéis, nesta aldeia moram,
livres do nosso caderno.
Estes maus Temiminós
nosso trabalho destroem.
(...)

ANJO
Os franceses seus amigos,
inutilmente trouxeram armas.
Por nós combateram
Lourenço, jamais vencido,
e São Sebastiao flecheiro.
Estes santos, em verdade,
das almas se compadecem
aparando-as, desvanecem
(Ó armas da caridade!)
Do vício que as envilece.
Quando o demônio ameaçar
vossas almas, vós vereis
com que força hão de zelar.
Santos e índios sereis
pessoas de um mesmo lar.
Tentai
velhos vícios extirpar,
e as maldades cá́ da terra
evitai, bebida e guerra,
adultério, repudiai
tudo o que o instinto encerra.
Trecho de Auto de São Lourenço de José de Anchieta. Disponível em
http://www.virtualbooks.com.br/v2/ebooks/pdf/00069.pdf

Esse auto cita importantes personagens da Confederação dos Tamioios (1554-


1567). As comunidades indígenas que já apresentavam conflitos antes das chegada dos
colonizadores, assim portugueses e franceses se envolveram. Os portugueses, em maior
número e mais equipados do que os franceses na possibilidade de ofertar armas de fogo,
garantiram, no inicio o domínio do litoral. Mas não tardou e os tupinambás, sob o
comando do cacique Cunhambebe e do cacique Aimberê, com apoio dos franceses
comerciantes de arabutã (pau-brasil), conseguiram formar uma grande aliança de tribos
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inimigas dos portugueses, acima das rivalidades e divisões dos povos, contra a invasão
de suas terras e a escravidão de seus povos.” Essa união de tribos foi batizada de
Confederação dos Tamoios.
Frente a ameaça dessas invasões, como também dado a redução da lucratividade
no comércio com as Índias e as recém descobertas de metais preciosos na América
Hispânica, a Coroa Portuguesa mudou de estratégia. A partir de 1530 iniciou um projeto
específico de colonização e povoamento das terras portuguesas na América Continental
baseada nas Capitanias hereditárias, método já empregado por Portugal em algumas
de suas colônias Caribenhas, que envolvia a produção açucareira.
Formalmente a colônia tinha a missão de servir a metrópole, não podendo fazer
comércio ou estrutura política independente. Ela seria uma colônia de exploração,
participando da economia como fornecedora de produtos tropicais e minerais para o
mercado externo, via metrópole. Passou a vigorar legalmente o pacto colonial.

As capitanias hereditárias
Esse modelo de exploração e povoamento não exigia grandes recursos da Coroa
portuguesa, que transferia os investimentos para os donatários. Eles eram a autoridade
máxima dentro da capitania, apesar de não serem nobres com importantes posições
políticas em Portugal, nem grandes comerciantes. Em sua maioria eram cristãos-novos,
ou seja, pessoas recém convertidas ao catolicismo que sofriam com as perseguições
religiosas na Europa, o que evidencia que as capitanias não ofereciam suficiente atrativo
econômico. Comumente, tinham condições financeiras razoáveis, mas não suficientes
para empreender com sucesso o projeto neles confiado. Em 1532, foram criadas
quatorze capitanias ou donatárias com fins de facilitar o povoamento da colônia. Os
documentos que garantiam a posse da capitania e as obrigações dos donatários para com
a Coroa Portuguesa eram:

● Carta de doação – Conferia a posse hereditária da capitania e o direito de


administrar e explorá-la economicamente. Tornava o donatário possuidor da
terra, mas não seu proprietário.

● Carta Foral – Espécie de código tributário que estabelecia os impostos devidos


à Coroa e os direitos e deveres do donatário. Segundo o Foral, os donatários
poderiam doar sesmarias a colonos que fossem católicos. O sesmeiro, assim,
passava a ser legítimo proprietário da área concedida podendo, inclusive, vendê-
la. Estabelecia, ainda, que o donatário teria direito a vintena (5%) da
comercialização do pau-brasil (monopólio régio).
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Autoria: Flavia Ribeiro Veras Entregue em 03/12/2020

Muitos donatários simplesmente não vieram tomar posse de suas terras. Dos
para cá vieram, não foi raro que tivessem os recursos econômicos exauridos e a
vidas perdidas. Os ataques indígenas, a rigorosidade da vida nos trópicos com o
desconhecimento do espaço e possíveis ataques de animais, tal como as longas
distancias que separavam as áreas habitadas tornavam difíceis a comunicação e a
cooperação entre os donatários Por fim, a própria terra não era, em todas as
capitanias, adequadas ao cultivo da cana-de-açúcar. Assim, só́ obtiveram sucesso
duas capitanias: Pernambuco e, temporariamente, São Vicente.

Governo Geral (1548)


A dificuldade de gestão das capitanias hereditárias, tal como a persistência da
presença estrangeira nas terras portuguesas da América fez com que a Coroa
novamente mudasse sua tática, optando por uma estratégia política de centralização
- o Governo Geral. Esse novo regime político administrativo não acabou com as
capitanias hereditárias, mas aquelas que haviam sido abandonadas voltaram para a
administração real. O Governador Geral centralizava o poder e a tomada das
decisões na colônia, respondendo imediatamente ao Rei. Outros cargos também
foram criados: Ouvidor-mor para cuidar das questões da justiça; Provedor-mor
para fiscalizar a área da economia e finanças; e Capitão-mor que cuidava das
questões militares. O poder local, que dado a imensidão do território e as
dificuldades de comunicação por vezes tinha ação real mais efetiva que do
governador geral, era exercido pelas câmaras municipais, nas quais atuavam os
“homens-bons”. Eles eram os colonizadores portugueses com alta relevância social
na colônia, sendo normalmente os donos de engenhos.
As Câmaras Municipais tornaram-se poderosos órgãos da administração colonial
que tinham como função a administração da localidade. Eram encarregadas dos
assuntos de ordem local de natureza administrativa, policial ou judiciária. Decidiam
sobre preços, abastecimento, tributação, salários, guerra ou paz com os indígenas e
julgavam pequenos delitos. Apesar dessa grande força das câmaras municipais, a
Coroa impunha maior controle e fiscalização no processo colonizador. Veja o
organograma abaixo:
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Autoria: Flavia Ribeiro Veras Entregue em 03/12/2020

Foi durante o Governo Geral que foram tomadas decisões que marcaram o destino
do Brasil como a decisão pelo uso da mão de obra escrava africana e a participação dos
jesuítas na catequização indígena. Tomé de Sousa (1549 – 1553) foi o primeiro
governador-geral. Ele aportou na Bahia, que foi elevada a sede administrativa da
colônia, com os funcionários necessários à administração e, também, com os primeiros
jesuítas destinados à evangelização dos indígenas. Duarte da Costa foi o segundo
governador geral e governou entre 1553 e 1558, com ele veio ao Brasil o Padre José de
Anchieta. Seu governo foi marcado por inúmeros atritos entre colonos e jesuítas em
função da crescente utilização de escravos indígenas na produção, levando ao
desentendimento do governador com o bispo. Destaca-se, também, a invasão francesa
com a fundação da França Antártica no Rio de Janeiro, a realização das primeiras
expedições ao interior e, ainda, a fundação, pelos jesuítas, do Colégio de São Paulo. O
governo seguinte foi de Mem de Sá (1558 – 1572), que teve uma administração
duradoura, sendo por isso considerado “o consolidador” expulsando os franceses do Rio
de Janeiro e intensificando o combate aos nativos que se opunham à conquista colonial.
Ele incentivou a importação de escravos negros da África, como solução para a carência
de mão de obra e como atenuante dos conflitos entre colonos e jesuítas.

Dicas

● Veja o documentário “Reduções Jesuíticas dos Guarani” divulgado no canal Ray


Produtora: https://www.youtube.com/watch?v=W2qnjZTrlqk
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Autoria: Flavia Ribeiro Veras Entregue em 03/12/2020

Exercícios

(UERJ)

1 - O Brasil tornou-se conhecido pelos portugueses com a expansão marítima europeia,


e o primeiro período de sua colonização teve como suporte econômico o açúcar. A
escolha desse produto se justificou, porque
a) a Coroa Portuguesa pretendia monopolizar a produção do açúcar, impedindo a
participação dos holandeses nessa empresa.
b) o açúcar era um produto lucrativo, com um mercado consumidor estabelecido na
Europa.
c) Portugal não tinha experiência com a produção açucareira e desejava tentar uma nova
atividade para diversificar sua economia.
d) havia um excesso de mão de obra não qualificada em Portugal e esta precisava ser
relocada, passando as colônias a apresentar a base da produção agrícola.

(Fuvest 2009)
2 - Os primeiros jesuítas chegaram à Bahia com o governador-geral Tomé de Sousa, em
1549, e em pouco tempo se espalharam por outras regiões da colônia, permanecendo até
sua expulsão, pelo governo de Portugal, em 1759. Sobre as ações dos jesuítas nesse
período, é correto afirmar que:

a) criaram escolas de arte que foram responsáveis pelo desenvolvimento do barroco


mineiro.
b) defenderam os princípios humanistas e lutaram pelo reconhecimento dos direitos
civis dos nativos.
c) foram responsáveis pela educação dos filhos dos colonos, por meio da criação de
colégios secundários e escolas de “ler e escrever”.
d) causaram constantes atritos com os colonos por defenderem, esses religiosos, a
preservação das culturas indígenas.
e) formularam acordos políticos e diplomáticos que garantiram a incorporação da região
amazônica ao domínio português

(FAETEC – 2019)
O projeto de ocupação populacional da Colônia foi estabelecido entre 1534 e 1536, com
a adoção do sistema de capitanias hereditárias, que já havia sido empregado com
sucesso nas ilhas atlânticas e, além do Brasil, seria estendido à Angola. O objetivo do
rei D. João III com o sistema de capitanias hereditárias era promover a ocupação
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territorial, transferindo o ônus para particulares. O sistema consistia na concessão pelo


rei de extensos domínios a particulares, os quais recebiam uma carta de doação real e
um foral, no qual estavam especificadas suas obrigações. O donatário, nome dado ao
particular que recebia a capitania, tinha o direito de explorá-la economicamente,
administrar a Justiça e, ao mesmo tempo, estava obrigado a se sujeitar à autoridade da
Coroa, a recolher os tributos e a expandir a fé católica, entre outras atribuições. Cabia ao
donatário, ainda, a concessão de sesmarias, grandes extensões de terras que estão na
origem do latifúndio no Brasil. O sistema, contudo, começou a apresentar problemas
para os donatários. Poucas foram as capitanias que efetivamente prosperaram.
<https://tinyurl.com/y6q37ysu> Acesso em: 15.10.2019. Adaptado.

3 - Assinale a alternativa que apresenta, corretamente, algumas das causas do fracasso


do sistema descrito no texto.
a) A maior parte dos donatários enfrentou a resistência dos grupos indígenas à ocupação
de seus territórios tradicionais, os altos custos de manutenção e de desenvolvimento das
capitanias e/ou a falta de assistência por parte da Coroa portuguesa.
b) Por serem de origem nobre, os donatários não demonstraram as habilidades
necessárias para administrar adequadamente os recursos econômicos de suas capitanias
e gerar lucros, forçando a Coroa portuguesa a promulgar a Lei de Terras.
c)A natureza política do sistema de capitanias hereditárias foi questionada pela
burguesia portuguesa, que recorreu a cortes internacionais para impedir a distribuição da
maior parte das terras americanas aos membros da nobreza.
d) O declínio do sistema é consequência do fracasso agrícola, causado pela alternância
de períodos de chuva intensa e secas prolongadas, características do clima de monções
predominante na maior parte do território americano.
e) O sistema entrou em colapso quando a terceira geração de donatários foi derrotada na
guerra contra os corsários franceses, que, após a vitória, ocuparam os territórios das
antigas capitanias hereditárias.

UFSE
4 - Durante o chamado Período pré́-colonizador, a ocupação portuguesa, a atividade
econômica básica e a mão-de-obra nela empregada ficaram caracterizadas, respectiva-
mente pelas:

a) feitorias, exploração do pau-brasil e a mão-de-obra indígena;


b) capitanias hereditárias, cultivo da cana-de-açúcar e pelo índio sob regime de
escravidão;
c) feitorias, exploração do pau-brasil e mão-de-obra escrava;
d) capitanias hereditárias, exploração do pau-brasil e mão-de-obra indígena submetida à
orientação dos jesuítas;
e) feitorias, cultivo da cana-de-açúcar e pelo indígena pacificado.

Os franceses – traficantes de especiarias e negociantes de pau-brasil – percorreram


desde os primeiros tempos o litoral da América portuguesa. Expedições anteriores
haviam deixado alguns homens, conhecidos por truchements, ou seja, intérpretes, entre
os indígenas, com os quais faziam alianças, servindo de intermediários para o negócio
das especiarias. A expedição de Villegagnon tinha projetos mais duradouros, embora
possa ser inserida no mesmo movimento de disputa pelo comércio ultramarino. Eram
cerca de 600 colonos, entre mercenários e aventureiros. Entre eles, encontrava-se um
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Autoria: Flavia Ribeiro Veras Entregue em 03/12/2020

ministro católico, André Thevet, que mais tarde escreveria um dos relatos sobre aquela
experiência.
(BICALHO, Maria Fernanda B. A França Antártica, o corso, a conquista e a “peçonha luterana”. In:
Revista HISTÓRIA, São Paulo, 27 [1], 2008. p. 32.)

5 - O trecho acima faz referência ao projeto denominado de “França Antártica”, que


consistiu na ocupação da Baía de Guanabara, no Rio de Janeiro, iniciado em 1550.
Sobre esse processo, é correto afirmar que:
a) foi apoiado pelo governador-geral Mem de Sá.
b) foi desmantelado pelo Governo Geral da Colônia no ano de 1560.
c) resultou em um conflito sangrento entre os huguenotes franceses e os luteranos
portugueses.
d) durou até o ano de 1808, quando a corte portuguesa desembarcou no Rio de Janeiro.
e) durou até 1822, quando o Brasil se tornou independente.

(UERJ)
O Estado português reproduziu no Brasil duas feições metropolitanas, possibilitando
uma permanente tensão entre as forças sociais dos poderes locais e as forças de
centralização do absolutismo.

6- As instituições que exerciam a administração local e central no Brasil colônia eram,


respectivamente:
a) vice-reinado e capitania hereditária
b) câmara municipal e governo-geral
c) capitania geral e província
d) cabido e capitania real

(INEP – 2017)
As capitanias hereditárias eram uma forma de administração do território colonial
português na América. Basicamente eram formadas por faixas de terra que partiam do
litoral para o interior, comandadas por donatários e cuja posse era passada de forma
hereditária.
Para o melhor aproveitamento para a administração da colônia, a Coroa Portuguesa
delega a exploração e a colonização aos interesses privados, contudo o seu
desenvolvimento foi desigual.
7 - Assim o desenvolvimento desigual das capitanias hereditárias deve ser explicado
prioritariamente a partir

a) da resistência oferecida pelas comunidades primitivas à escravidão.


b) dos ataques de estrangeiros que burlavam o mono pólio do pau-brasil.
c) das dificuldades de comunicação com Portugal.
d) da falta de talento administrativo dos donatários.
e) da falta de capital inicial suficiente para enfrentar as despesas da instalação da agro
manufatura do açúcar.

(UECE – 2018)
8 - Atente para o seguinte excerto:
“(...) trocar manufaturas baratas por negros na costa ocidental da África; permutar os
negros por matérias-primas nas colônias americanas: por fim, vender as matérias primas
na Europa a altos preços, ou seja, a dinheiro contado. Comércio de resultados
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Autoria: Flavia Ribeiro Veras Entregue em 03/12/2020

fantásticos em que o lucro nunca ficava por menos de 300% e podia em certos casos
render até 600%”.
FREITAS, Décio. O escravismo brasileiro. 2.ed. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1982. p.24.

Esse sistema de comércio que foi fundamental para a colonização brasileira por custear
a Coroa portuguesa através da sua taxação é conhecido como sistema
a) de comércio liberal.
b) de comércio triangular.
c)de comércio quadrangular.
d) internacional de comércio livre.

“Eu, o rei, faço saber a vós, Tomé de Sousa, fidalgo da minha casa, que vendo quanto
serviço de Deus e meu é conservar e enobrecer as capitanias e povoações das Terras do
Brasil (…); ordenei ora de mandar nas ditas terra fazer uma fortaleza e povoação grande
e forte, em um lugar conveniente, para daí se dar favor e ajuda às outras povoações (…);
e por ser informado que a Bahia de Todos os Santos é o lugar mais conveniente da costa
do Brasil (…), que na dita Bahia se faça a dita povoação e assento, e para isso vá uma
armada com gente (…) e tudo o mais que for necessário. E pela muita confiança que
tenho em vós (…) vos enviar por governador às ditas terras do Brasil (…).”
(Regimento de Tomé de Sousa, 17 de dezembro de 1548)

9 - A política administrativa do Estado português no início da colonização estruturou-se


a partir da adoção do sistema de capitanias hereditárias e, posteriormente, da criação do
governo-geral. No entanto, o verdadeiro poder político na colônia encontrava-se nas
câmaras municipais, dominadas pelos “homens bons”.
a) Explique uma razão para o sistema de capitanias hereditárias na colonização do
Brasil.
b) Apresente dois objetivos da criação do governo-geral pelo Estado português.
c) Cite uma razão da concentração do poder político colonial nas câmaras municipais.

(UERJ - 2017)
Apostila História do Brasil - 1º Bimestre
Autoria: Flavia Ribeiro Veras Entregue em 03/12/2020

10 - Podem-se observar nos mapas maneiras distintas de representar o território que


viria a ser designado como Brasil, no contexto da conquista e colonização portuguesa na
América entre os séculos XVI e XVII, respectivamente.

Identifique um aspecto de cada um dos mapas que os diferencie quanto à representação


do território. Em seguida, apresente duas ações políticas ou econômicas da colonização
portuguesa no Brasil, uma para o século XVI e outra para o século XVII.

Gabarito Módulo 2
1–B
2–C
3–A
4–A
5–B
6–B
7–E
8-B

9)
a) O interesse da metrópole em repassar a particulares os gastos com a colonização.
b) Centralizar a administração na colônia, buscar riquezas minerais no interior,
coordenar esforços para a defesa do território, desenvolver a construção naval, visitar e
fiscalizar as capitanias, estabelecer a política de relação com as comunidades indígenas.
c) O controle exercido pela classe produtora escravista e o isolamento das vilas e seu
afastamento dos centros de poder metropolitano.

10)
O primeiro mapa aponta elementos da paisagem natural da costa brasileira como a fauna
e a flora enquanto o segundo mapa apresenta o brasão da coroa portuguesa e menciona
os nomes de localidades e acidentes. No século XVI ocorreu o início da Conquista,
criação das Capitanias Hereditárias, Governo Geral, início da plantação da cana-de-
açúcar, surgimento de vilas e cidades, entre outras medidas. No século XVII, podemos
destacar a expansão da lavoura canavieira, ampliação do uso de africanos na condição
de escravos, a expansão para o interior, as invasões holandesas no Nordeste brasileiro
etc.
Apostila História do Brasil - 1º Bimestre
Autoria: Flavia Ribeiro Veras Entregue em 03/12/2020

Módulo 3 – Economia e os mundos do trabalho na América Portuguesa do


século XVI e XVII

Nos engenhos
Durante o período colonial Portugal traçou o destino de suas terras na América
como produtora de cana de açúcar. Os engenhos era o principal símbolo da colonização
portuguesa, enquanto o açúcar era chamado de ouro branco pelo seu alto valor no
mercado externo. Podemos definir os engenhos como uma unidade de produção baseada
no sistema de plantation que consistia na monocultura, no latifúndio, no trabalho
escravo e na produção voltada para o mercado externo. O engenho tinha uma
estrutura de poder patriarcal, pois a força de mando se concentrava no senhor de
engenho. A mão de obra utilizada no cultivo de açúcar era majoritariamente escrava
africana, mas muitos indígenas foram escravizados legal e ilegalmente, trabalhando lado
a lado com as pessoas traficadas da África.
A presença de mulheres no interior do engenho é uma questão importante para
ser tratada. Havia uma demanda dos membros religiosos, sobretudo dos jesuítas, para
que se trouxesse mulheres portuguesas à colônia. Os religiosos apontavam a
necessidade de trazê-las para evitar as relações interétnicas que ocorriam com, ou sem,
o consentimento das africanas e das indígenas que foram vítimas de estupros. As
mulheres brancas, esposas, filhas legítimas ou outras parentes do senhor de engenho
viviam submetidas a condutas morais e religiosas muito restritivas em uma vida quase
exclusivamente doméstica. Elas tinham pouco ou nenhum estudo e cuidavam do serviço
da casa junto com as escravas domésticas. As mulheres escravas negras e indígenas, por
sua vez, trabalhavam no serviço doméstico, mas também como carregadoras nos
canaviais, nas hortas, como amas de leite e em outros serviços.
Caio Prado Jr formulou a teoria dos ciclos econômicos para mostrar a histórica
posição subalterna do Brasil no comércio exterior, o primeiro desses ciclos seria o ciclo
do açúcar. É verdade que os condicionantes de ser uma colônia de exploração e precisar
cultivar a cana de açúcar em um regime de Pacto Colonial teve forte influência no
desenvolvimento econômico do Brasil. Contudo, não era apenas a cana de açúcar que se
produzia por aqui. Veja a esquematização das estruturas física dos engenhos e sua
funções:
Apostila História do Brasil - 1º Bimestre
Autoria: Flavia Ribeiro Veras Entregue em 03/12/2020

Disponível em: https://pietrochalomhaiat.wixsite.com/fazendasdecafe/single-post/2015/10/04/


Funcionamento-de-um-Engenho-de-Café-Antigamente
Apostila História do Brasil - 1º Bimestre
Autoria: Flavia Ribeiro Veras Entregue em 03/12/2020

Nessa imagem vemos algumas construções típicas dos Engenhos, como: a Casa
Grande – residência do senhor de engenho, de sua família, de empregados de confiança
e centro administrativo do engenho; a Capela – destinada às cerimônias religiosas; a
Senzala – habitação rústica de escravos composta normalmente de um único
compartimento; a Casa do Engenho – local destinado à moenda e às fornalhas; e a Casa
de Purgar – onde o açúcar era branqueado. A área do cultivo da cana era dividida em
partidos, que podiam ser explorados pelo proprietário ou cedidos a lavradores. Estes
ficavam obrigados a moer sua produção no engenho do proprietário. Eram as chamadas
fazendas obrigadas, nas quais o lavrador ficava apenas com metade da produção, além
de pagar aluguel pelo uso da terra.
Para abastecer o mercado interno e as necessidades das pessoas aqui instaladas
muitas outras atividades econômicas existiam com pouquíssima interferência da Coroa
Portuguesa. Plantava-se tabaco que era muito usado como moeda, inclusive entre
mercadores ilegais de escravos; o algodão tinha a função de suprir a necessidade de
tecidos grossos; o arroz era plantado nas áreas alagadas nas franjas dos engenhos, tal
como acontecia com o cultivo da mandioca. Essas atividades poderiam ser feitas por
pessoas livres ou escravas, em pequenas propriedades próximas aos engenhos ou na
chamada brecha camponesa, que era um tempo que as pessoas escravizadas usavam
para cultivar roçado e trabalhar na agricultura.
A pecuária era feita pelos trabalhadores livres e pobres, mestiços, filhos
bastardos, ou mesmo indígenas que deixaram suas terras para viver junto aos
colonizadores. O pagamento não era feito por dinheiro, mas em cabeças de gado. A
pecuária foi muito importante para a interiorização da colonização, visto que os
vaqueiros levavam os animais para o interior, longo dos canaviais. Os produtos dessas
atividades poderiam ser trocados ou vendidos, funcionando como uma forma de
circulação de riqueza sem controle colonial, apesar da proibição pelo Pacto Colonial.

Resistência à exploração
Para o território que hoje forma o Brasil foram trazidas milhares de pessoas de
diferentes regiões da África. Elas eram vendidas como escravas aos portugueses e
outros europeus dada às guerras internas no continente africano, em muito motivadas
pelo comércio de pessoas, mas também por conflitos religiosos e étnicos. Homens,
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Autoria: Flavia Ribeiro Veras Entregue em 03/12/2020

mulheres e crianças eram trazidas de maneira insalubre nos navios negreiros, também
chamados de tumbeiros. Esse nome vem da palavra tumba, pois muitas vezes doentes,
famintos e sob fortes castigos físicos muitas pessoas acabavam morrendo. A viagem das
pessoas escravizadas da África para o destino de sua escravidão é chamada de diáspora.
Mesmo com muitos mortos o comércio humano era uma atividade muito lucrativa,
ocorrendo formalmente através da Coroa Portuguesa e informalmente por parte dos
colonos que por sua conta e risco comerciavam ilegalmente na costa da África. Esses
homens eram chamados de comerciantes de grosso trato
As pessoas traficadas que chegaram ao território que hoje corresponde ao Brasil
vieram de diferentes espaços da África. Elas tinham línguas, hábitos e culturas
diferentes entre si. Muitas vezes existiam conflitos por conta dessas diferenças. Eles
eram classificados através de vários termos como Nagôs, Jejes, Mina, Angolas, Congos
e Fulas, os quais se referem mais propriamente à região de origem do que a nações ou
culturas. As identidades nascidas na África foram ressignificadas em um longo
processo que começa na diáspora e origina a cultura afro-brasileira. O historiador Luiz
Felipe de Alencastro afirma que deveríamos falar que o Brasil passou por uma
colonização africana (além de portuguesa), tendo em vista que recebemos muito mais
pessoas da África (ainda que como escravizadas) do que da Europa.
Muitas foram as formas que os africanas e africanos buscaram para lutar contra a
escravidão. Existiam formas diretas, como fugas, rebeliões, formação de quilombos ou
até mesmo o suicídio e o infanticídio. E existiam também formas de resistência pela
cultura, que não deixavam de ser confrontativas. Embora legalmente reduzidos a
mercadoria e forçados a trabalhos baixo variadas ameaças, incluindo castigos físicos e a
separação de famílias pela venda, as pessoas escravizadas tentaram preservar sua
religião, suas festas, montaram caixas de alforria e formaram família.
Vejam trechos da carta enviada pelos escravos em rebelião no engenho de
Santana no Sul da Bahia em 1789 ao dono do engenho – Manuel da Silva Ferreira.
Percebam que não se contesta o estatuto da escravidão, ao mesmo tempo que
percebemos que, mesmo escravizados, buscavam lutar por melhores condições de vida,
trabalho, tal como pela preservação de sua cultura.

Tratado proposto a Manuel da Silva Ferreira pelos seus escravos durante o tempo em que conservaram
levantados (1789)
"(...) queremos paz e não queremos guerra; se meu senhor também quiser nossa paz há de ser nessa
conformidade" - "(...) nos há de dar os dias de sexta-feira e de sábado para trabalharmos para nós" - "Para
podermos viver, nos há de dar rede, tarrafa e canoas" - "(...) quando quiser fazer camboas e mariscar
Apostila História do Brasil - 1º Bimestre
Autoria: Flavia Ribeiro Veras Entregue em 03/12/2020

mandes os seus pretos Minas" - "Na planta de mandioca, nós homens queremos que só tenham tarefa de
duas mãos e meia e as mulheres de duas mãos" - "Os atuais feitores não os queremos, faça eleição de
outros com a nossa aprovação" - "(...) no dia santo há de haver remediavelmente peija no Engenho" - "(...)
além da camisa de baeta que se lhe dá, hão de ter gibão de baeta e todo vestiário necessário" -
"Poderemos plantar nosso arroz onde quisermos, e em qualquer brejo, sem que para isso peçamos licença,
e poderemos cada um tirar jacarandás ou qualquer pau sem darmos parte para isso" - "A estar por todos os
artigos acima, e conceder-nos estar sempre de posse da ferramenta, estamos prontos para o servirmos
como dantes, porque não queremos seguir os maus costumes dos mais Engenhos" - "Podemos brincar,
folgar, cantar em todos os tempos que quisermos sem que nos empeça e nem seja preciso licença"
(disponível em: https://www.historia.uff.br/impressoesrebeldes/wp-content/uploads/2013/07/SAN1789.1-
Tratado-proposto-por-escravos.pdf)

Os indígenas legalmente só poderiam ser escravizados em condições especiais –


quando não aceitassem a conversão para a fé católica. Nesses casos a escravização do
nativo teria sido produto de uma guerra justa. Apesar da proibição, em muito pela falta
de mão de obra negra africana, indígenas foram escravizados, o que resultou em
constantes conflitos entre colonos e jesuítas. Os religiosos argumentavam que tinham a
missão cristã de evangelizar os indígenas que deveriam viver nos aldeamentos
recebendo a educação católica e aprendendo os valores do trabalho. Vemos assim, que
havia, além da retórica catequizadora, uma disputa pela mão de obra indígena entre eles.

Dicas:

● Sabia que mesmo morando muito tempo em um lugar existem roteiros mais
conhecidos pelos turistas do que pelos moradores da cidade? O Rio de Janeiro é uma
das cidades que mais receberam pessoas vítimas do tráfico negreiro. Suas marcas
ainda estão por aí e podem ser vistas no passeio pela chamada “Pequena África”.
Confiram: http://pretosnovos.com.br/educativo/circuito-de-heranca-africana/

Exercícios
(PUC-Campinas 2015)
1 - No sistema colonial português, o trabalho compulsório indígena
a)foi empregado em pequena escala nas missões e em regiões onde não se dispunha de
outra mão de obra, até a expulsão da Companhia de Jesus, no século XVII, momento em
que a Coroa Portuguesa regulamentou essa forma de exploração.
b) mostrou-se menos vantajoso aos proprietários de terras, nas grandes lavouras,
considerando, entre outros fatores, as rebeliões e fugas frequentes, favorecidas pelo
conhecimento da região e a eficácia do tráfico negreiro no abastecimento de mão de
obra.
c) assumiu formas distintas ao longo do processo de colonização, sendo empregado
sistematicamente nas Entradas e Bandeiras mediante acordos entre brancos e indígenas,
os quais previam a divisão das riquezas eventualmente encontradas.
Apostila História do Brasil - 1º Bimestre
Autoria: Flavia Ribeiro Veras Entregue em 03/12/2020

d) causou grande polêmica ao longo do período colonial principalmente quando se


tratava de escravidão, prática combatida por jesuítas como José de Anchieta e André
João Antonil, que defendiam que sequer os negros deveriam ser escravizados.
e) existiu na forma de trabalho semi-servil, com o consentimento da Igreja, quando se
entendia que os indígenas da região não poderiam ser “pacificados” ou catequizados
sem uso da força, ou seja, quando se praticava a chamada Guerra Santa.

UFRN
2 - A implantação do sistema colonial transformou as relações amistosas existentes
entre indígenas e portugueses no início da ocupação do Brasil.
Essa transformação se deveu à:
a) grande inabilidade dos indígenas para a agricultura, recusando-se a trabalhar nas no-
vas plantações açucareiras, atitude que desagradou aos portugueses;
b) crescente ocupação das terras pelos portugueses e à necessidade de mão-de-obra,
levando à escravização dos índios, que reagiram aos colonos;
c) importação de negros africanos, cuja mão-de-obra acabou competindo com a dos in-
dígenas, excluindo estes do mercado de trabalho agrário;
d) introdução de técnicas e instrumentos agrícolas europeus nas aldeias indígenas,
desestruturando a economia comunal dos grupos nativos.

(FUVEST – 2005)
Para um homem ter o pão da terra, há de ter roça; para comer carne, há de ter caçador;
para comer peixe, pescador; para vestir roupa lavada, lavadeira; ... e os que não podem
alcançar a tanto número de escravos, ou passam mi- séria, realmente, ou vendo- se no
espelho dos demais lhes parece que é miserável a sua vida. (Padre Vieira, 1608-1697.)

3 - O texto mostra que, para se viver bem na Colônia, seria preciso ter, sobretudo,
a) escravos.
b) terras.
c) animais.
d) cultura.
e) habilidades.

(Fuvest 2012)
Os indígenas foram também utilizados em determinados momentos, e sobretudo na fase
inicial [da colonização do Brasil]; nem se podia colocar problema nenhum de maior ou
melhor “aptidão” ao trabalho escravo (...). O que talvez tenha importado é a rarefação
demográfica dos aborígines, e as dificuldades de seu apresamento, transporte, etc. Mas
na “preferência” pelo africano revela-se, mais uma vez, a engrenagem do sistema
mercantilista de colonização; esta se processa num sistema de relações tendentes a
promover a acumulação primitiva de capitais na metrópole; ora, o tráfico negreiro, isto
é, o abastecimento das colônias com escravos, abria um novo e importante setor do
comércio colonial, enquanto o apresamento dos indígenas era um negócio interno da
colônia. Assim, os ganhos comerciais resultantes da preação dos aborígines mantinham-
se na colônia, com os colonos empenhados nesse “gênero de vida”; a acumulação
gerada no comércio de africanos, entretanto, fluía para a metrópole; realizavam-na os
mercadores metropolitanos, engajados no abastecimento dessa “mercadoria”. Esse
talvez seja o segredo da melhor “adaptação” do negro à lavoura ... escravista.
Paradoxalmente, é a partir do tráfico negreiro que se pode entender a escravidão
africana colonial, e não o contrário.
Apostila História do Brasil - 1º Bimestre
Autoria: Flavia Ribeiro Veras Entregue em 03/12/2020

Fernando A. Novais. Portugal e Brasil na crise do Antigo Sistema Colonial. São Paulo: Hucitec,
1979, p. 105. Adaptado.

4 - Nesse trecho, o autor afirma que, na América portuguesa,


a) os escravos indígenas eram de mais fácil obtenção do que os de origem africana, e
por isso a metrópole optou pelo uso dos primeiros, já que eram mais produtivos e mais
rentáveis.
b) os escravos africanos aceitavam melhor o trabalho duro dos canaviais do que os
indígenas, o que justificava o empenho de comerciantes metropolitanos em gastar mais
para a obtenção, na África, daqueles trabalhadores.
c) o comércio negreiro só pôde prosperar porque alguns mercadores metropolitanos
preocupavam-se com as condições de vida dos trabalhadores africanos, enquanto que
outros os consideravam uma “mercadoria”.
d) a rentabilidade propiciada pelo emprego da mão de obra indígena contribuiu
decisivamente para que, a partir de certo momento, também escravos africanos fossem
empregados na lavoura, o que resultou em um lucrativo comércio de pessoas.
e) o principal motivo da adoção da mão de obra de origem africana era o fato de que
esta precisava ser transportada de outro continente, o que implicava a abertura de um
rentável comércio para a metrópole, que se articulava perfeitamente às estruturas do
sistema de colonização.

(UFF)
"Os escravos são as mãos e os pés do senhor de engenho, porque sem eles no Brasil não
é possível fazer, conservar e aumentar fazenda."
(Antonil, CULTURA E OPULÊNCIA DO BRASIL, 1711, livro 1, Capítulo, IX).

5 - Assinale a opção que, baseada na citação do jesuíta Antonil, justifica corretamente


os fundamentos da sociedade colonial.
a) A sociedade colonial se resumia ao mundo da casa-grande e da senzala, espaços
fundamentais de um mundo rural mediado pelos engenhos açucareiros.
b) O ideal de sociedade colonial, segundo os inacianos, era o de uma sociedade de
missões, o que explica a crítica do jesuíta Antonil à escravidão.
c) A estrutura social do Brasil Colônia era fundamentalmente escravista, uma vez que os
setores essenciais da economia colonial, a exemplo da agro-manufatura do açúcar,
dependiam do trabalho escravo, sobretudo dos africanos.
d) A sociedade escravista erigida na Colônia sempre foi condenada pelos jesuítas que, a
exemplo de Antonil, desejavam ardorosamente que índios e africanos se dedicassem ao
mundo de Deus.
e) A sociedade colonial possuía duas classes, senhores e escravos, pólos antagônicos do
latifúndio ou da "fazenda" mencionada por Antonil.

6 - A pecuária ofereceu uma nova dinâmica na economia colonial Durante a


colonização brasileira, a pecuária teve um papel decisivo, PORQUE:
a) Garantiu a ocupação das áreas litorâneas.
b) Promoveu o êxodo rural na colônia.
c) Facilitou a formação de inúmeros minifúndios.
d) Contribuiu para a expansão rumo ao interior da região.

(CFTSC 2010) Onde houve escravidão, houve resistência. E de vários tipos. Mesmo
sob a ameaça do chicote, o escravo negociava espaços de autonomias com os senhores
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Autoria: Flavia Ribeiro Veras Entregue em 03/12/2020

ou fazia corpo mole no trabalho, quebrava ferramentas, incendiava plantações, agredia


senhores e feitores. Rebelava-se individual e coletivamente. Aqui a lista é grande e
conhecida. Houve, no entanto, um tipo de resistência que poderíamos caracterizar como
a mais típica da escravidão – a fuga.
Adaptado de: SCHIMIDT, Mário. Nova História Crítica. São Paulo: Nova Geração, 2005. p. 207.

7- Assinale a alternativa correta


a) Os escravos negros não pensavam em fugir das fazendas porque eram bem tratados
com boa alimentação e acomodações confortáveis para o descanso.
b) Os africanos trazidos para o Brasil nos navios negreiros aceitavam pacificamente a
situação de escravos, pois era comum esta prática em sua terra natal.
c) A Igreja católica, no período do Brasil Colônia, catequizava os escravos africanos
fazendo com que eles aceitassem a escravidão como sendo a vontade de Deus, evitando
assim a rebelião.
d) Uma das formas de resistência realizada pelos escravos no Brasil Colônia foram os
Quilombos, formados por escravos fugidos que se organizavam em vilas e produziam
sua alimentação.
e) No Brasil, o curto período de escravidão não deixou sinais de resistência por parte
dos cativos africanos e indígenas.

(Enem)
Em um engenho sois imitadores de Cristo crucificado porque padeceis em um modo
muito semelhante ao que o mesmo Senhor padeceu na sua cruz e em toda a sua paixão.
A sua cruz foi composta de dois madeiros, e a vossa em um engenho é de três. Também
ali não faltaram as canas, por duas vezes entraram na Paixão: uma vez servindo para o
cetro de escárnio, e outra vez para a esponja em que lhe deram o fel. A Paixão de Cristo
parte foi de noite sem dormir, parte de dia sem descansar, e tais são as vossas noites e os
vossos dias. Cristo despido, e vos despidos; Cristo sem comer, e vós famintos; Cristo
em tudo maltratado, e vós maltratados em tudo. Os ferros, as prisões, os açoites, as
chagas, os nomes afrontosos, de tudo isto se compõe a vossa imitação, que, se for
acompanhada de paciência, também terá merecimento de martírio.
VIEIRA, A. Sermões. Tomo XI. Porto: Lello & Irmão, 1951 (adaptado)

8 - O trecho do sermão do Padre Antônio Vieira estabelece uma relação entre a Paixão
de cristo e
a) A atividade dos comerciantes de açúcar nos portos brasileiros.
b) A função dos mestres de açúcar durante a safra de cana.
c) O sofrimento dos jesuítas na conversão dos ameríndios.
d) O papel dos senhores na administração dos engenhos.
e) O trabalho dos escravos na produção de açúcar.

(UNICAMP 05)
9 - O termo ‘feitor’ foi utilizado em Portugal e no Brasil colonial para designar diversas
ocupações. Na época da expansão marítima portuguesa, as feitorias espalhadas pela
costa africana e, depois, pelas Índias e pelo Brasil tinham feitores na direção dos
entrepostos com função mercantil, militar, diplomática. No Brasil, porém, o sistema de
feitorias teve menor significado do que nas outras conquistas, ficando o termo ‘feitor’
muito associado à administração de empresas agrícolas.
(Adaptado de Ronaldo Vainfas (org.), Dicionário do Brasil Colonial. Rio de Janeiro: Ed. Objetiva,
2000, p. 222).
Apostila História do Brasil - 1º Bimestre
Autoria: Flavia Ribeiro Veras Entregue em 03/12/2020

a) Indique características do sistema de feitorias empreendido por Portugal.


b) Qual a produção agrícola predominante no Brasil entre os séculos XVI e XVII?
Quais as funções desempenhadas pelo feitor nessas empresas agrícolas?

UERJ 2018

A raça africana constitui uma parte grande da população dos países da América, e
principalmente no Brasil, um elemento essencial da vida civil e das relações sociais que
não teremos dúvida em consagrar grande parte desta obra aos negros, a seus usos e
costumes. Compreende-se ainda melhor que assim o façamos escrevendo uma viagem
pitoresca. Entretanto, se alguém julgar que em semelhante viagem dois cadernos de
figuras de pretos são demais, queira considerar que o único lugar da terra em que é
possível fazer semelhante escolha de fisionomias características, entre as tribos de
negros, é talvez o Brasil, principalmente o Rio de Janeiro; é, em todo caso, o lugar mais
favorável a essas observações. Com efeito, o destino singular dessas raças de homens
traz aqui membros de quase todas as tribos da África. Num só golpe de vista pode o
artista conseguir resultados que, na África, só atingiria através de longas e perigosas
viagens a todas as regiões dessa parte do mundo.
Adaptado de RUGENDAS, J. M. Viagem pitoresca através do Brasil. Belo Horizonte: Itatiaia.

Rugendas foi um dos integrantes da expedição dirigida pelo naturalista Barão de


Langsdorff, que percorreu o Brasil entre 1824 e 1828. A obra Viagem pitoresca através
do Brasil, publicada em 1835, é resultado dessa experiência.

10 - A partir das imagens, indique um aspecto valorizado por Rugendas ao representar


as populações de origem africana. Em seguida, a partir do texto, identifique uma
característica do continente africano percebida por Rugendas.

Gabarito módulo 3
1–A
2-B
3–A
4–E
5–C
6–D
7–D
8-E

9)
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Autoria: Flavia Ribeiro Veras Entregue em 03/12/2020

a) Por meio do sistema de feitorias, a metrópole restringiu sua ação ao âmbito mercantil,
procurando estabelecer contatos comerciais com as populações nativas. Estas lhe
forneciam mercadorias de elevado valor no mercado europeu, em troca de produtos de
baixo valor ou do pagamento em moedas.
b) Nos dois séculos iniciais de nossa História, a produção agrícola predominante foi a
da cana-de-açúcar, que se organizou no sistema de plantation. Nesse tipo de empresa
agrícola, o feitor era o principal representante do grande proprietário. Ele gerenciava
todo o sistema produtivo, isto é, era responsável pela organização do trabalho escravo, o
plantio e todas as etapas da produção do açúcar.

10)
Um dos aspectos:
- variedade étnica dos africanos/ - diversidade de fisionomias dos africanos/ - percepção
de hábitos culturais expressos nas marcas, pinturas e tatuagens

Uma das características: - dispersão das populações/ - predominância de sociedades


tribais/ - existência exclusiva de populações negras/ - diversidade da composição das
populações negras/ - compreensão da África a partir dos efeitos do tráfico
intercontinental de escravos
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Autoria: Flavia Ribeiro Veras Entregue em 03/12/2020

Módulo 4 - União Ibérica e o Brasil Holandês


Anteriormente vimos que Portugal estava buscando maneiras de manter o
controle de suas possessões na América frente a investida de estrangeiros, a diminuição
da lucratividade no comércio com as Índias Orientais e a possibilidade de encontrar
metais preciosos por aqui. A primeira tentativa foram as capitanias hereditárias que pelo
baixo incentivo da Coroa Portuguesa, tal como o desinteresse dos donatários e os
desafios da terra a ser ocupada (longas distâncias, vegetação tropical, ameaças naturais e
ataques indígenas) não logrou sucesso. Assim, a outra estratégia foi a construção do
chamado Governo Geral, na qual o poder político se tornava concentrado nas mãos do
Governador Geral, representante direto da Coroa na colônia.
Com o Governo Geral a administração parecia responder melhor aos interesses
de Portugal: os jesuítas trabalhavam na catequese dos nativos, os colonos usavam a mão
de obra escrava, que possibilitava a Portugal, através do Pacto Colonial, ganhar ao fazer
comércio entre suas colônias no chamado comércio triangular. Veja o esquema
abaixo:

Contudo, essa situação não durou muito tempo. Após o Rei D. Sebastião
desaparecer em 1578, após uma das guerras que Portugal empreendia no Norte da
África, abriu-se uma crise de sucessão do trono português. D. Sebastião, com apenas 24
anos, não deixou descendentes e o trono passou a ser ocupado por seu tio-avô, o cardeal
D. Henrique, que veio a falecer, em 1580, sem possuir herdeiros. Era o fim da dinastia
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Autoria: Flavia Ribeiro Veras Entregue em 03/12/2020

de Avis. Diversos pretendentes passaram a disputar o trono do imenso império


português. Um deles era o próprio rei da Espanha, Filipe II, que assumiu o trono.
Assim, entre 1580 e 1640 as Coroas Portuguesa e Espanhola se uniram formando a
União Ibérica.
A princípio a nobreza portuguesa acreditou que a união das coroas poderia lhe
trazer benefícios, visto que a Espanha estava conseguindo trazer muitos metais
preciosos retirados de suas colônias na América. Com a União Ibérica o Tratado de
Tordesilhas não tinha mais razão de existir, pois as colônias tanto de Portugal, quanto da
Espanha eram, a partir daquele momento pertencentes à União Ibérica. Isso permitiu
que colonos portugueses adentrassem mais o interior do território. No entanto, as coisas
não saíram como supôs parte da nobreza portuguesa. A união das Coroas resultou para
Portugal em perda de grande parte do seu domínio colonial, entre eles as possessões na
Ásia e importantes territórios na África. Como parte da União Ibérica, Portugal sofreu
as consequências dos conflitos espanhóis que levaram às invasões holandesas no Brasil
e em importantes regiões fornecedoras de mão de obra escrava como Angola. Nesse
contexto, nobreza portuguesa foi subjugada à estrutura de poder e privilégios já
estabelecidos antes da União Ibérica. França, Inglaterra e Holanda passam a atacar as
possessões portuguesas, agora sob domínio espanhol. Em 1612, por exemplo, a França
tentou dominar o Maranhão, fundando a França Equinocial. A Holanda entre 1624-
1625 atacou Salvador, e, em 1630, Pernambuco onde permaneceu por 15 anos.

As invasões holandesas
Para entendermos porque o nordeste brasileiro passou por essas invasões
precisamos primeiro saber sobre alguns conflitos da Espanha que antecederam a União
Ibérica. Tal como Portugal, a Espanha também tinha um grande império ultramarino,
que englobava o território da Holanda, predominantemente protestante. Os comerciantes
da região da Holanda tinham fortes relações com Portugal: eles compravam as
produções dos engenhos coloniais da América Portuguesa (através de Portugal), faziam
o refino e a distribuição do produto na Europa. Assim, ao mesmo tempo que os
holandeses ficavam com a maior parte dos lucros, eles eram fundamentais no processo
de revenda do produto cultivado nas áreas coloniais.
Contudo, a Holanda, que fizera parte do Império Espanhol, declarou-se
independente em 1581, iniciando um conflito militar com a Espanha que acabou por
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Autoria: Flavia Ribeiro Veras Entregue em 03/12/2020

afetar os negócios dos engenhos brasileiros. Isso aconteceu porque em retaliação, Felipe
II proibiu o acesso de holandeses aos portos luso-espanhóis. O embargo afetou os
comerciantes holandeses no tráfico de escravos, no comércio de produtos orientais e no
açúcar brasileiro.
Dessa maneira os holandeses criaram em 1601 a Companhia de Comércio das
Índias Orientais que tinha como principal objetivo efetivar o domínio comercial no
oriente. A Companhia atacou e desmontou parte do império lusitano no oriente.
Contudo, o que mais interessa para nós é a Companhia de Comércio das Índias
Ocidentais, criada em 1621 para atuar na América e na África, ela foi a responsável
pela conquista de grande parte do Nordeste açucareiro do Brasil. O domínio dos
holandeses marcou a região e promoveu profundas transformações no Brasil colonial.
Vejamos como isso aconteceu.
Sendo o território que hoje constitui o Brasil um espaço importantíssimo para a
Holanda, visto da daqui partia o açúcar comercializado por ela e tão valioso no mercado
externo, era preciso fazer algo para reestabelecer o comércio embargado pela Coroa
Luso-Hispânica. A primeira tentativa veio através da frustrada invasão à Salvador, sede
administrativa da colônia. A segunda cerca de cinco anos depois, em 1630, ocorreu de
forma mais planejada e acabou sendo bem sucedida, fundando a Nova Holanda. Essa
investida foi na capitania de Pernambuco, que possuía poderosos engenhos e tomou as
cidades de Olinda e Recife. Muitos atribuem a vitória dos Holandeses à cooperação de
Calabar, que ficou reconhecido na história de Portugal e do Brasil como um grande
traidor. Em 1973 Ruy Castro e Chico Buarque criaram uma peça chamada “Calabar – o
elogio da traição”, na qual adaptaram o drama aos fatos históricos do século XVII, a
peça foi completamente censurada.
O estabelecimento dos holandeses em Pernambuco não foi fácil. A cidade de
Olinda, sede do poder português foi completamente incendiada e Recife foi
transformada no novo centro administrativo. Um alvo dos holandeses foram as igrejas,
símbolo do poder católico dos ibéricos, tanto que atualmente em Recife temos poucas
igrejas pré-invasões holandesas, dos grandes templos restou apenas a Basílica Nossa
Senhora do Carmo, que servia como espaço de descanso para Nassau. Uma das grandes
razões de conflitos entre colonos e holandeses foi a religião, visto que enquanto os
invasores eram protestantes, a população era católica.
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Autoria: Flavia Ribeiro Veras Entregue em 03/12/2020

Mesmo com problemas e resistências, o auge do domínio holandês se deu


durante a administração de Mauricio de Nassau, entre 1637 até 1644. Ele teve a
preocupação de reorganizar a produção açucareira ao mesmo tempo que negociava não
apenas com o uso de armas, mas sobretudo, costurando acordos. Nassau buscou a
conciliação com os colonos luso-brasileiros e ampliava a área conquistada. Em 1641, o
domínio holandês compreendia os atuais estados de Sergipe até o Maranhão. Como
pode ser visto no mapa abaixo:

Fonte: VICENTINO, Cláudio; DORIGO, Gianpaolo. História para o Ensino Médio. São Paulo: Scipione, 2008. p. 188-189. (adaptado)

O plano de Nassau de entendimento com os colonos envolveu: a) Concessão de


Créditos – Para o reaparelhamento dos engenhos, recuperação dos canaviais e compra
de escravos, reativando a produção açucareira. b) Tolerância Religiosa – As diversas
religiões foram toleradas. c) Obras Urbanas – Grandes investimentos na cidade de
Recife, com a realização de diversas obras, como pontes e obras de caráter sanitário. d)
Vida Cultural – Nassau promoveu a vinda de artistas, médicos, cientistas, como o
cientista Jorge Marcgrave e os pintores Frans Post e Albert Eckhout. Estiveram
presentes na comitiva de Nassau 46 cientistas, artistas e sábios que deixaram grande
legado cultural.

A restauração portuguesa de 1640


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Autoria: Flavia Ribeiro Veras Entregue em 03/12/2020

Ainda sob o domínio de Felipe II, a nobreza lusa começou a entender que seus
ganhos e poderes haviam deteriorado com a União Ibérica. De forma que foi dado início
a um conturbado processo de libertação de Portugal, que deu origem a Dinastia Orleans
de Bragança. A Espanha não aceitou de imediato a independência de Portugal. A
Inglaterra funcionou como mediadora das negociações. Para Holanda foi dado um
período de trégua de 10 anos. Portugal recém refundado tinha muitos desafios pela
frente: a) a ameaça constante de uma invasão espanhola; b) pressões externas, sobretudo
inglesas, no sentido de reconhecer e dar apoio político à Portugal com vista a garantir
sua existência independente; c) grandes perdas territoriais na Ásia, América e África
que fazia Portugal perder o controle do mercado de açúcar e escravos; d) necessidade de
negociar com os invasores de seus territórios.
Extremamente fragilizado e buscando encontrar soluções para sair da crise
econômica e garantir seu território na Europa e nas colônias que lhe restava, Portugal
recorreu à Inglaterra e foi pressionado a assinar diversos tratados e acordos econômicos,
entre eles o Tratado de Meuthen de 1703, também conhecido como Tratado de Panos
e Vinhos. Por ele Portugal se comprometia a comprar tecidos ingleses e, em troca, a
Inglaterra adquiriria seus vinhos. Tal tratado foi extremamente desvantajoso para
Portugal porque paralisou uma possível industrialização do setor têxtil português e
resultou em elevados déficits com a Inglaterra. Portugal saiu da órbita do domínio
político espanhol, mas passou a ser economicamente dominado pela Inglaterra.
A questão territorial era outro problema que se prolongou por muito tempo,
havia disputas entre Portugal e Espanha pelo uso dos caudalosos rios da região
Amazônica e por territórios ao sul da colônia. Por hora o que mais nos interessa é a
querela com os holandeses, que como vimos estavam ocupando ricas regiões do
nordeste. Portugal chegou a propor vender o território aos holandeses, que não se
interessaram pela oferta. Ao contrário disso, entendendo que em breve poderia haver
uma investida Portuguesa, os holandeses diminuíram os investimentos na Companhia de
Comércio das Índias Ocidentais e destituiu Mauricio de Nassau de seu cargo em 1644.
A saída de Nassau levou a quebra da política de tolerância religiosa. Aliado a
isso, a cobrança dos empréstimos anteriormente feitos aos colonos gerou muita
insatisfação. Os revoltosos formaram um grupo militar que ficou conhecido como
“amálgama de três raças” porque, além dos pelotões chefiados pelos luso-brasileiros,
possuíam um grupo de indígenas chefiados por Felipe Camarão e um de negros, por
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Autoria: Flavia Ribeiro Veras Entregue em 03/12/2020

Henrique Dias. Este “exército” se caracterizou pela agilidade de combate e uso de


técnicas de guerrilha. Assim, obtiveram vitórias importantes e, de certa forma,
inesperadas, como a do Monte das Tabocas (1645); a primeira e a segunda batalha de
Guararapes (1648 e 1649).
Na década seguinte, os holandeses sofreram diversas derrotas para a Inglaterra,
relacionadas ao Ato de Navegação de 1651. Estes conflitos levaram os holandeses a
concentrarem seus principais esforços na Europa e acabaram por facilitar a vitória final
dos luso-brasileiros. Em 1653, Portugal decide, finalmente, enfrentar a Holanda e, em
1654, com a Capitulação da Campina da Taborda, o domínio holandês no Brasil chegou
ao fim. A vitória portuguesa não trouxe nem muitos benefícios a Portugal, nem muitos
prejuízos à Holanda que produzia açúcar nas Antilhas. A Holanda, que controlava a
revenda de açúcar no mercado externo não teve problemas para subjugar a produção
brasileira, que mergulhou em uma profunda e duradoura crise, da qual só ensaiou
melhora nos anos de 1970 com o surgimento do programa Proálcool.

Dicas

● Conheça o Instituto Ricardo Brennand que em uma de suas exposições retrata a


presença holandesa no Brasil Colônia e abriga a maior coleção do mundo das
produções do artista holandês que esteve no Brasil no século XVII, primeiro
pintor das Américas e da paisagem brasileira, Franz Post.
https://www.institutoricardobrennand.org.br

● Quer saber mais sobre a Basílica Nossa Senhora do Carmo em Recife?


http://portal.iphan.gov.br/uploads/publicacao/3_rota_patrimonio_nossa_sra_car
mo_recife_pe.pdf

● Quer ver algumas pinturas de Franz Post no Brasil?


https://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa9982/frans-post

● E de Albert van der Eckhout?


http://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa10299/albert-eckhout

● Ficou com curiosidade sobre a peça “Calabar – um elogio à traição”? Veja uma
versão encenada pelo Grupo de Teatro Colégio CAVE
https://www.youtube.com/watch?v=0ijFkQEgCSI
Apostila História do Brasil - 1º Bimestre
Autoria: Flavia Ribeiro Veras Entregue em 03/12/2020

Exercícios

1 - (Upe 2015) A primeira metade do século XVII em Pernambuco foi marcada pela
invasão holandesa à capitania. A presença holandesa em Pernambuco durou 24 anos, de
1630 a 1654. A invasão foi motivada por vários fatores, dos quais podemos destacar

a) o sucesso da colonização holandesa no sul da América, especialmente nas possessões


espanholas, e a vontade da Holanda em expandir seus domínios no Novo Mundo.
b) a necessidade do algodão, produto amplamente produzido na capitania de
Pernambuco, desde o século XVI, por parte das indústrias têxteis holandesas.
c) o bloqueio do acesso holandês pela Coroa Espanhola ao comércio do açúcar
produzido em Pernambuco, durante a União Ibérica.
d) a presença maciça de tropas holandesas na Bahia, desde 1625.
e) os interesses dos comerciantes e senhores de engenho locais em comercializar com os
holandeses, em detrimento dos portugueses.

(Uern 2013) Os habitantes de Pernambuco iniciaram uma guerrilha contra os invasores.


As ações estavam equilibradas até que Domingos Fernandes Calabar, nascido em
Alagoas, passou para o lado dos invasores e os auxiliou. Aos poucos, toda a costa do
Rio Grande do Norte e o campo de Santo Agostinho foram dominados. Em 1635, o
governador Matias de Albuquerque ordenou a retirada para Alagoas, onde prendeu e fez
executar Calabar. Os invasores conseguiram dominar ainda por alguns anos.
(Barbeiro, Heródoto. Coleção de olho no mundo do trabalho. História. Volume único para o ensino
médio. São Paulo: Scipione. 2004. p. 220-221.)

2 - O episódio, descrito anteriormente, eclodiu no Brasil ainda no período colonial, no


contexto do ciclo da cana-de-açúcar, envolvendo várias províncias do Nordeste,
inclusive o Rio Grande do Norte.

Trata-se da(s)
a) invasões francesas, cujo objetivo era redistribuir as terras divididas entre Portugal,
Espanha, França e Inglaterra através do Tratado de Madri.
b) invasões holandesas ocorridas, entre outras razões, com o intuito de permitir um
comércio e refino do açúcar pelos holandeses, diretamente em terras brasileiras.
c) Guerra dos Mascates, envolvendo os comerciantes portugueses e os senhores de
engenho nordestinos, revoltados com os abusos cometidos em relação ao preço do
açúcar.
d) Revolta dos Malês, conflito grave que envolveu todo o nordeste, cuja causa principal
era a invasão de terras devolutas, demarcadas pelo governo português na região
açucareira.

(UFMG) "Restituídas as capitanias de Pernambuco ao domínio de Sua Majestade, livres


já dos inimigos que de fora as vieram conquistar, sendo poderosas as nossas armas para
sacudir o inimigo, que tantos anos nos oprimiu, nunca foram capazes para destruir o
contrário, que das portas adentro nos infestou, não sendo menores os danos destes do
que tinham sido as hostilidades daqueles."
Apostila História do Brasil - 1º Bimestre
Autoria: Flavia Ribeiro Veras Entregue em 03/12/2020

("Relação das guerras feitas aos Palmares de Pernambuco no tempo do Governador D.


Pedro de Almeida, de 1675 a 1678", citado por CARNEIRO, Edson. Quilombo dos
Palmares. 2.ed. São Paulo: CEN, Col. Brasiliana, 1958. v.302.)

(ENEM 2019)
A rebelião luso-brasileira em Pernambuco começou a ser urdida em 1644 e explodiu em
13 de junho de 1645, dia de Santo Antônio. Uma das primeiras medidas de João
Fernandes foi decretar nulas as dívidas que os rebeldes tinham com os holandeses.
Houve grande adesão da “nobreza da terra”, entusiasmada com esta proclamação
heroica.
VAINFAS, R. Guerra declarada e paz fingida na restauração portuguesa. Tempo, n. 27, 2009.

3- O desencadeamento dessa revolta na América portuguesa seiscentista foi o resultado


do(a):
a) O fraqueza bélica dos protestantes batavos.
b) comércio transatlântico da África ocidental.
c) auxílio financeiro dos negociantes flamengos.
d) diplomacia internacional dos Estados ibéricos.
e) interesse econômico dos senhores de engenho.

(ENEM)
No princípio do século XVII, era bem insignificante e quase miserável a Vila de São
Paulo. João de Laet davalhe 200 habitantes, entre portugueses e mestiços, em 100 casas;
a Câmara, em 1606, informava que eram 190 os moradores, dos quais 65 andavam
homiziados*. (*homiziados: escondidos da justiça). Nelson Werneck Sodré. Formação
histórica do Brasil. São Paulo: Brasiliense, 1964.
Na época da invasão holandesa, Olinda era a capital e a cidade mais rica de
Pernambuco. Cerca de 10% da população, calculada em aproximadamente 2.000
pessoas, dedicavam-se ao comércio, com o qual muita gente fazia fortuna. Cronistas da
época afirmavam que os habitantes ricos de Olinda viviam no maior luxo.
Hildegard Féist. Pequena história do Brasil holandês. São Paulo: Moderna, 1998 (com adaptações)

4 - Os textos acima retratam, respectivamente, São Paulo e Olinda no início do século


XVII, quando Olinda era maior e mais rica. São Paulo é, atualmente, a maior metrópole
brasileira e uma das maiores do planeta. Essa mudança deveu-se, essencialmente, ao
seguinte fator econômico:
a) maior desenvolvimento do cultivo da cana-de-açúcar no planalto de Piratininga do
que na Zona da Mata Nordestina.
b) atraso no desenvolvimento econômico da região de Olinda e Recife, associado à
escravidão, inexistente em São Paulo.
c) avanço da construção naval em São Paulo, favorecido pelo comércio dessa cidade
com as Índias.
d) desenvolvimento sucessivo da economia mineradora, cafeicultora e industrial no
Sudeste.
e) destruição do sistema produtivo de algodão em Pernambuco quando da ocupação
holandesa.

(Enem)
O açúcar e suas técnicas de produção foram levados à Europa pelos árabes no século
VIII, durante a Idade Média, mas foi principalmente a partir das Cruzadas (séculos XI e
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XIII) que a sua procura foi aumentando. Nessa época passou a ser importado do Oriente
Médio e produzido em pequena escala no sul da Itália, mas continuou a ser um produto
de luxo, extremamente caro, chegando a figurar nos dotes de princesas casadoiras".
CAMPOS, R. Grandeza do Brasil no tempo de Antonil (1681-1716). São Paulo: Atual, 1996.

5 - Considerando o conceito do Antigo Sistema Colonial, o açúcar foi o produto


escolhido por Portugal para dar início à colonização brasileira, em virtude de
a) O lucro obtido com o seu comércio ser muito vantajoso.
b) Os árabes serem aliados históricos dos portugueses.
c) A mão de obra necessária para o cultivo ser insuficiente.
d) As feitorias africanas facilitarem a comercialização desse produto.
e) Os nativos da América dominarem uma técnica de cultivo semelhante.

(Enem)
Rui Guerra e Chico Buarque de Holanda escreveram uma peça para teatro chamada
"Calabar", pondo em dúvida a reputação de traidor que foi atribuída a Calabar,
pernambucano que ajudou decisivamente os holandeses na invasão do Nordeste
brasileiro, em 1632. - Calabar traiu o Brasil que ainda não existia? Traiu Portugal, nação
que explorava a colônia onde Calabar havia nascido? Calabar, mulato em uma
sociedade escravista e discriminatória, traiu a elite branca? Os textos referem-se
também a esta personagem.

Texto I: "... dos males que causou à Pátria, a História, a inflexível História, lhe chamará
infiel, desertor e traidor, por todos os séculos"
Visconde de Porto Seguro, in: SOUZA JÚNIOR, A. "Do Recôncavo aos Guararapes". Rio de
Janeiro: Bibliex, 1949.

Texto II: "Sertanista experimentado, em 1627 procurava as minas de Belchior Dias com
a gente da Casa da Torre; ajudara Matias de Albuquerque na defesa do Arraial, onde
fora ferido, e desertara em consequência de vários crimes praticados..." (os crimes
referidos são o de contrabando e roubo).
CALMON P. "História do Brasil". Rio de Janeiro: José Olympio, 1959.

6 - Pode-se afirmar que:


a) A peça e os textos abordam a temática de maneira parcial e chegam às mesmas
conclusões.
b) A peça e o texto I refletem uma postura tolerante com relação à suposta traição de
Calabar, e o texto II mostra uma posição contrária à atitude de Calabar.
c) Os textos I e II mostram uma postura contrária à atitude de Calabar, e a peça
demostra uma posição indiferente em relação ao seu suposto ato de traição.
d) A peça e o texto II são neutros com relação à suposta traição de Calabar, ao contrário
do texto I, que condena a atitude de Calabar.
e) A peça questiona a validade da reputação de traidor que o texto I atribui a Calabar,
enquanto o texto II descreve ações positivas e negativas dessa personagem.

7 - Leia o texto:
"Nassau chegou em 1637 e partiu em 1644, deixando a marca do administrador. Seu
período é o mais brilhante de presença estrangeira. Nassau renovou a administração (...)
Foi relativamente tolerante com os católicos, permitindo-lhes o livre exercício do culto,
como também com os judeus (depois dele não houve a mesma tolerância, nem com os
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católicos, nem com os judeus — fato estranhável, pois a Companhia das Índias contava
muito com eles, como acionistas ou em postos eminentes). Pensou no povo, dando-lhe
diversões, melhorando as condições do porto e do núcleo urbano (...), fazendo museus
de arte, parques botânicos e zoológicos, observatórios astronômicos."
(Francisco lglésias)

Esse texto se refere:


a) À chegada e à instalação dos puritanos ingleses na Nova Inglaterra, em busca de
liberdade religiosa.
b) À invasão holandesa no Brasil, no período de União Ibérica e à fundação da Nova
Holanda no Nordeste açucareiro.
c) Às invasões francesas no litoral fluminense e à instalação de uma sociedade
cosmopolita no Rio de Janeiro.
d) Ao domínio flamenco nas Antilhas e à criação de uma sociedade moderna,
influenciada pelo Renascimento.
e) Ao estabelecimento dos sefardins, expulsos na Guerra de Reconquista Ibérica, nos
Países Baixos e à fundação da Companhia das Índias Ocidentais.

(FGV 2016 – Adaptada)


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Autoria: Flavia Ribeiro Veras Entregue em 03/12/2020

Com relação às invasões holandesas do século XVII, e com base na análise do


frontispício, assinale V para a afirmativa verdadeira e F para a falsa
( ) As invasões holandesas se inserem no quadro das relações internacionais entre os
países europeus, disputando o controle do comércio do açúcar.
( ) A capitulação holandesa, em 1654, imposta pelo poderio português, é objeto de
propaganda no frontispício mediante a sobreposição do escudo da Restauração a um
mapa que alude aos domínios do Império ultramarino português.
( ) A especificidade do conflito em terras coloniais, marcado pelo uso de emboscadas
com pequenos grupos, em constante movimento, está indicada na referência à “guerra
brasílica” no título da obra.

8 - As afirmativas são, respectivamente,


a) F, V e F.
b) F, V e V.
c) V, F e F.
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d) V, V e V.
e) F, F e V

(UERJ – 2017)

9 - Na pintura religiosa renascentista, o índio, uma vez submetido aos valores cristãos,
tornou-se humanizado. O pintor holandês Albert Eckhout representou essa ruptura
conceitual na sua obra: nos quadros que retratam os índios Tupis e Tapuias, os índios
“aliados” eram pacíficos, trabalhadores, tinham família, andavam vestidos (foram
“domesticados"), estavam acessíveis ao trabalho cotidiano, enquanto os índios “bravos”
(bárbaros) eram antropófagos que andavam nus, carregando despojos esquartejados
como alimentação, e guerreavam os colonizadores.
Adaptado de OLIVEIRA, . P. e FREIRE, C. A presença indígena na formação do Brasil Brasilia:
MEC LACED/Museu Nacional, 2006.

Os retratos de indígenas acima revelam algumas das intenções por parte dos agentes da
colonização, como a Coroa, a Igreja e os colonos, diante das populações nativas na
América Portuguesa no século XVII.

Considerando as imagens e o texto, aponte um objetivo econômico dos colonizadores


que explique a forma pela qual os aliados Tupis foram retratados. Em seguida, cite uma
forma de resistência indígena à colonização que justifique a representação atribuída aos
Tapuias.

(UFMG)
"Restituídas as capitanias de Pernambuco ao domínio de Sua Majestade, livres já dos
inimigos que de fora as vieram conquistar, sendo poderosas as nossas armas para
sacudir o inimigo, que tantos anos nos oprimiu, nunca foram capazes para destruir o
contrário, que das portas adentro nos infestou, não sendo menores os danos destes do
que tinham sido as hostilidades daqueles."
("Relação das guerras feitas aos Palmares de Pernambuco no tempo do Governador D. Pedro de
Almeida, de 1675 a 1678", citado por CARNEIRO, Edson. Quilombo dos Palmares. 2.ed. São Paulo:
CEN, Col. Brasiliana, 1958. v.302.)

10 - O texto faz referência tanto às invasões holandesas ("... dos inimigos que de fora as
vieram conquistar") quanto ao quilombo de Palmares (“... o contrário, que das portas
adentro nos infestou"). O quilombo de Palmares, núcleo de rebeldia escrava no
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Nordeste brasileiro, alcançou considerável crescimento durante o período de ocupação


holandesa em Pernambuco. Mesmo após a expulsão dos invasores estrangeiros pela
população local, o quilombo resistiu a inúmeros ataques de tropas governistas.

a) Apresente uma razão para a ocupação holandesa do Nordeste brasileiro.


b) Explique, com base em um argumento, a longa duração de Palmares.

Gabarito Módulo 4
1–C
2–B
3–E
4–D
5–A
6–E
7–B
8–D

9)
Um dos objetivos: controle de terras/ exploração da mão de obra. Uma das formas de
resistência: guerras/ canibalismo/ boicote ao trabalho/ rejeição da catequese/ fugas e
deslocamento das tribos/ aliança com outros colonizadores europeus, como os franceses

10)
a) Os holandeses atacaram o Nordeste brasileiro em decorrência do embargo açucareiro
decretado por Filipe II, rei da Espanha e, nos termos da União Ibérica de 1580 a 1640,
também rei de Portugal.
b) A longa duração de Palmares é, em grande parte, fruto do longo conflito com os
holandeses em Pernambuco (1630-54). Apesar de um período de apaziguamento, os
atritos entre holandeses e portugueses ou brasileiros estimulavam as fugas de escravos e
contribuíam para o fortalecimento do quilombo.
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Autoria: Flavia Ribeiro Veras Entregue em 03/12/2020

Gabarito do módulo 8
1–B
2–B
3–A
4–E
5–D
6–E
7–A
8–C
9–C

10)
a) O estabelecimento da Corte Lusitana no Brasil, a partir de 1808, exigiu a criação de
órgãos político-administrativos, como ministérios, a imprensa oficial, o Banco do
Brasil, a Casa da Moeda e outros. Esse processo representou a constituição de um
aparelho de Estado central que assumiu relevante papel na independência concretizada
em 1822.
b) A chamada Revolução Pernambucana de 1817 levantou os setores liberais mais
radicais, entre civis e militares, com o intuito de romper o domínio colonial português e
estabelecer uma república federativa no país segundo o modelo norte-americano de
Estado livre vigente desde 1776.

Bibliografia consultada

ALENCASTRO, Luiz Felipe de. O trato dos viventes. São Paulo, Companhia das
Letras, 2000.

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1982.

BARICKMAN, B. J. Um contraponto baiano: açúcar, fumo, mandioca e escravidão


no Recôncavo, 1780-1860. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2003.

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Apostila História do Brasil - 1º Bimestre
Autoria: Flavia Ribeiro Veras Entregue em 03/12/2020

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