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QUINHENTISMO NO

BRASIL

Literatura informativa e
Literatura de catequese
HORIZONTE
Quinhentismo
Ó MAR anterior a nós, teus medos
Tinham coral e praias e arvoredos.
Desvendadas a noite e a cerração,
As tormentas passadas e o mysterio,
Abria em flor o Longe, e o Sul siderio
Splendia sobre as naus da iniciação.

Linha severa da longínqua costa –


Quando a nau se approxima ergue-se a encosta
Em árvores onde o Longe nada tinha;
Mais perto, abre-se a terra em sons e cores:
E, no desembarcar, ha aves, flores,
Onde era só, de longe a abstrata linha.

O sonho é ver as fórmas invisíveis


Da distancia imprecisa, e, com sensiveis
Movimentos da esperança e da vontade,
Buscar na linha fria do horizonte
A arvore, a praia, a flor, a ave, a fonte –
Os beijos merecidos da Verdade.

Fernando Pessoa
(em: “Mensagem” Segunda parte / Mar Portuguez) - ortografia original do autor
Quinhentismo
QUADRO ESQUEMÁTICO

1500 1601

Primeiros Início da
documentos Era Barroca
sobre o Brasil

Prosopopeia de
Carta de Bento Teixeira
Pero Vaz
de Caminha
Quinhentismo

Literatura de
Informação

Literatura dos
DENOMINAÇÕES Viajantes

Literatura
sobre o Brasil
Quinhentismo
O PERÍODO INFORMATIVO

Autores: Não eram propriamente literatos. Tinham uma


proposta meramente utilitária.

Viajantes

Cronistas
Eram de Ofício

Missionários

• Pero Vaz de Caminha → Carta a D. Manuel I


• Pero Lopes de Sousa → Diário de Navegação
• Gabriel Soares de Sousa → Tratado Descritivo do Brasil
• Hans Staden → As Duas Viagens ao Brasil
• Jean de Lery → Viagem à Terra do Brasil
Quinhentismo
O PERÍODO INFORMATIVO

As Obras: Não eram literárias. Faltava-lhes o caráter


inventivo.

Cartas

Diários
Eram
Relatos

Tratados
Quinhentismo
O PERÍODO INFORMATIVO

A Proposta: As obras marcam o interesse de Portugal nos


empreendimentos ultramarinos.

Político-Econômica: Evidenciar o potencial de riqueza.

Contra-Reformista: Conversão dos indígenas.


Quinhentismo
O PERÍODO INFORMATIVO

O Conteúdo: Estas obras


limitam-se à informação, à
coleta e dados sobre a nova
terra:
* o clima;
* o solo;
* a vegetação;
* o relevo; e
* os índios.
Quinhentismo
O PERÍODO INFORMATIVO

O Estilo: Era clássico, vigente em Portugal.

Objetividade

Clareza

Comedimento
Quinhentismo
O PERÍODO INFORMATIVO

Reflexo em Períodos Posteriores

No Romantismo: Revisitação do Brasil primordial,


através da visão mítica do índio
e da paisagem.

No Modernismo: Movimentos de raízes, de buscas dos


arquétipos culturais.

Pau Brasil

Verde Amarelo
Movimentos
Antropofágico

Tropicalismo
DESEMBARQUE DE CABRAL
EM PORTO SEGURO EM 1500 –
OSCAR PEREIRA DA SILVA (1922)
A MISSÃO

Em 21 de abril de 1500, o comandante Pedro Álvares Cabral e


sua esquadra de 13 embarcações visualizaram o litoral sul do atual
estado da Bahia e desembarcaram no local que foi denominado
Porto Seguro.

A missão era expandir o território de Portugal, além de descobrir


riquezas, como ouro e especiarias.

O primeiro nome dado à nova terra foi VERA CRUZ, logo


alterado para PROVÍNCIA SANTA CRUZ.
DOCUMENTOS DE
INFORMAÇÃO

Por todo o século XVI, entre 1500 e 1601, produziu-se uma literatura
informativa composta de:
► relatórios
► tratados
► estudos
► diários, etc.
OBJETIVOS DA LITERATURA DE INFORMAÇÃO:

• Descrever a nova terra.


• Traçar um perfil da
nova terra para o
conhecimento da
metrópole portuguesa.
MANIFESTAÇÕES
LITERÁRIAS

Os documentos produzidos durante esse tempo não são


considerados LITERATURA ARTÍSTICA, e sim
MANIFESTAÇÕES LITERÁRIAS.

O 1º documento informativo sobre o Brasil –


considerado a certidão de nascimento do Brasil – é A
CARTA, escrita por Pero Vaz de Caminha.
O QUE REVELAM OS
ESCRITOS

• Os escritos de informação sobre o Brasil têm caráter


bastante descritivo.
• Eles revelam aos europeus os hábitos de vida dos
indígenas, além da exuberância da terra.
• Fazem também levantamentos gerais da fauna e da
flora, dos rios, dos nativos, do mundo tropical.
• Catalogam animais, vegetação, clima, constituição
física do povo.
DIVERSAS ÁREAS DO
CONHECIMENTO

Os primeiros cronistas nas terras brasileiras passeiam por diversas áreas do


conhecimento humano:
► Geografia;
► Botânica;
► Zoologia;
► Etnografia.
CARÁTER CIENTÍFICO
VERSUS FANTASIA

Apesar do caráter científico que muitas vezes assumem,


os textos dos cronistas e dos viajantes estão marcados
pela presença de fantasia de seus autores, todos eles
exploradores europeus que filtravam fatos e dados, às
vezes, acrescentando-lhes elementos mágicos e
características fantásticas.
O MORALISMO DOS
CONQUISTADORES

Observe que a nativa


retratado no óleo sobre tela
de Albert Eckhout aparece
vestida com roupa de gala, ao
estilo europeu, usando joias
também europeias.

O moralismo predominante
dos conquistadores
portugueses e da Igreja
Católica impedia uma visão
pacífica da nudez nativa.
MAMELUCA, DE ALBERT
ECKHOUT (1641)
LITERATURA DE CATEQUESE

Aos jesuítas, orientados pela


ideologia da Igreja Católica,
cabia a conversão dos gentios
de qualquer maneira, mesmo
que os padres tivessem que
aprender a língua tupi, o que
acabou acontecendo, por
exemplo, com o padre José de
Anchieta.
A FONTE DE TODO O
CONHECIMENTO
A BÍBLIA

Na literatura de catequese, a
Bíblia é a fonte de todo o
conhecimento.

A literatura dos Jesuítas é


bem mais realista que a dos
cronistas e viajantes, pois os
padres não se iludiam com o
“novo mundo” e tratavam o
indígena como pecador.
OS MISSIONÁRIOS DA
COMPANHIA DE JESUS

Os missionários da
Companhia de Jesus
chegaram ao Brasil em 1549,
com o primeiro Governador-
Geral, Tomé de Souza.

A missão deles era converter


o gentio ao cristianismo.
Os jesuítas permaneceram no
Brasil até 1605.
CATEQUIZANDO OS
NATIVOS

Os jesuítas ensinavam aos


nativos os hábitos europeus
(como usar roupas) para
“moralizá-los” segundo os
padrões da Igreja Católica.
Deram especial atenção às
crianças, por assimilarem
os ensinamentos mais
facilmente.
ENCENAÇÕES

Os princípios cristãos católicos foram


transmitidos pelos jesuítas por meio
de encenações:
► Teatralização de cenas bíblicas.
► Lances dramáticos da vida de
Jesus.
► Vida dos santos.
► Passagens do Velho Testamento
e do Novo Testamento, etc.
TÉCNICAS DE
CATEQUESE

Os jesuítas aderiram ao canto, ao diálogo, às narrativas,


formas bem populares de encantar o público indígena.
Aprimoraram-se em ensinar e também em aprender com
os gentios, aproveitando o aspecto folclórico da cultura
dos nativos, mantendo o idioma em que era concebido.
Grande parte dos espetáculos cênicos começavam ou
terminavam com danças e cânticos típicos, a fim de
envolver os indígenas.
O PADRE JOSÉ DE
ANCHIETA
MISSIONÁRIO E POETA

Anchieta era poeta,


gramático e catequista.
Ele chegou a dominar o
tupi de tal maneira que
verteu o catecismo, as
doutrinas cristãs e as obras
de fé para essa língua.
De sua obra, constam
poemas, autos, cartas,
sermões e uma gramática
do tupi.
ENEM
Ao se estabelecer uma relação entre a obra de Eckhout e o trecho do texto de
Caminha, conclui-se que:
a) ambos se identificam pelas características estéticas marcantes, como
tristeza e melancolia, do movimento romântico das artes plásticas.
b) o artista, na pintura, foi fiel ao seu objeto, representando-o de maneira
realista, ao passo que o texto é apenas fantasioso.
c) a pintura e o texto têm uma característica em comum, que é representar o
habitante das terras que sofreriam processo colonizador.
d) o texto e a pintura são baseados no contraste entre a cultura europeia e a
cultura indígena.
e) há forte direcionamento religioso no texto e na pintura, uma vez que o
Índio representado é objeto da catequização jesuítica.

A PINTURA MOSTRA EXATAMENTE O QUE O TEXTO DIZ QUANDO DESCREVE


A NATURALIDADE COM QUE OS ÍNDIOS SE PORTAVAM, ANDANDO NUS, SEM
VERGONHA DE SEUS CORPOS, SEM ESCONDER SUAS FACES - NA PINTURA, O
ÍNDIO OBSERVA O ESPECTADOR. ELES ERAM CULTURALMENTE ASSIM E
NÃO IMAGINAVAM ESTAR OFENDENDO NINGUÉM.
GABARITO: C

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