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Estudante: ___________________________

Professora: Júlia Cerutti Dal Bosco

Disciplina: Literatura Assunto: Monteiro Lobato e Graça Aranha

EXERCÍCIOS

Monteiro Lobato
1. (Ufu 2018) Não sei – respondeu dona Carochinha – mas tenho notado que muitos dos personagens
das minhas histórias já andam aborrecidos de viverem toda a vida presos dentro delas. Querem
novidade. Falam em correr mundo a fim de se meterem em novas aventuras. Aladino queixa-se de
que sua lâmpada maravilhosa está enferrujando. A Bela Adormecida tem vontade de espetar o dedo
noutra roca para dormir outros cem anos. O Gato de Botas brigou com o marquês de Carabás e quer
ir para os Estados Unidos visitar o Gato Félix. Branca de Neve vive falando em tingir os cabelos de
preto e botar rouge na cara. Andam todos revoltados, dando-me um trabalhão para contê-los. Mas o
pior é que ameaçam fugir, e o Pequeno Polegar já deu o exemplo.

LOBATO, Monteiro. Reinações de Narizinho. 33. ed. São Paulo: Editora Brasiliense, 1982. p. 11.

a) Explique como se dá o processo de intertextualidade no texto de Monteiro Lobato.


b) Transcreva um exemplo de sequência textual narrativa e um exemplo de sequência textual descritiva,
retiradas do texto.

2. (Unioeste 2018) Com base no texto abaixo, assinale a alternativa CORRETA.

“O fato mais importante de sua vida é sem dúvida votar no governo. [...] Vota. Não sabe em quem, mas
vota. [...] O sentimento de pátria lhe é desconhecido. Não tem sequer a noção do país em que vive.
[...] Em matéria de civismo, não sobe de ponto. [...] A sua medicina corre parelhas com o civismo. [...]
O veículo usual das drogas é sempre a pinga – meio honesto de render homenagem à deusa Cachaça.
[...] Só ele não fala, não canta, não ri, não ama.”
a) O texto, extraído do romance Lavoura arcaica, de Raduan Nassar, ironiza o povo brasileiro, cuja
indolência e falta de patriotismo envergonham o País.
b) O narrador de Lavoura arcaica descreve a vida dos agregados, na fazenda do pai, interesseiros e
preguiçosos, vítimas do álcool e da pobreza.
c) Raduan Nassar, na descrição de um de seus personagens, critica o congressista brasileiro, corrupto e
drogado, sempre pronto a defender o governo.
d) O fragmento faz parte da crônica/ conto Urupês, em que Monteiro Lobato descreve o Jeca Tatu,
tecendo críticas violentas ao caboclo brasileiro.
e) No texto em questão, Monteiro Lobato, conhecido por suas obras infantis, defende a nacionalização
do petróleo em detrimento de políticos medíocres e puxa-sacos.

3. (Uem 2018) Assinale o que for correto.


01) O Naturalismo no Brasil teve como um de seus principais representantes Aluísio Azevedo, autor de
obras fundamentais, como O cortiço e O mulato. Embora contemporâneo de Machado de Assis, sua
obra é muito diferente da do Bruxo do Cosme Velho. Azevedo é fortemente marcado por algumas
linhas mestras do Naturalismo, como a determinação do meio físico e histórico sobre o homem.
02) O Romantismo brasileiro foi movimento estético de muito vigor, marcado por várias vertentes que se
consolidaram na literatura brasileira, em especial em torno de três tendências: o indianismo de cunho

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nacionalista (de um autor como Gonçalves Dias), o romantismo ultrarromântico (de um Álvares de
Azevedo) e o romantismo social, também chamado condoreiro (bem representado por Castro Alves).
04) A primeira fase do Modernismo é caracterizada por profunda reverência às formas consagradas do
final do século XIX e início do XX. Procurando retomar tradições e linhagens que estavam se perdendo
após os abalos sociais e estéticos posteriores à Primeira Guerra Mundial, essa fase foi marcada pelo
verso rimado, pela métrica regular e por uma temática amorosa com forte traço romântico.
08) A segunda fase do Modernismo brasileiro nos legou nomes fundamentais, como Manuel Antônio de
Almeida, no campo da narrativa, e Casimiro de Abreu, na lírica. Do primeiro, é notável o romance
Memórias de um sargento de milícias, com uma ironia que deve muito a Lima Barreto e a Mário de
Andrade. A poesia social de Casimiro de Abreu pode ser filiada à linhagem iniciada por Manuel
Bandeira na época da primeira fase modernista, que ganha traços mais agudos na poesia de Abreu,
por exemplo em A valsa.
16) O Realismo brasileiro é muito variado, reunindo autores com estilos e formas diferentes em uma
mesma denominação, por exemplo, romances da estirpe de Iracema, de José de Alencar, publicado
em 1865, e Negrinha, de Monteiro Lobato, publicado em 1881. Essa variedade, embora pareça
enfraquecer esse movimento estético, na verdade o fortalece, pois deixa evidente que os autores mais
significativos não procuraram se encaixar em rótulos predefinidos e limitadores, mas sim fazer uma
complexa apropriação brasileira do Realismo europeu.

4. (Unicamp 2016) Quanto ao conto Negrinha, de Monteiro Lobato, é correto afirmar que:
a) O narrador adere à perspectiva de dona Inácia, fazendo com que o leitor enxergue a história guiado
pela ótica dessa personagem e se torne cúmplice dos valores éticos apresentados no conto.
b) O modo como o narrador caracteriza o contexto histórico no conto permite concluir que Negrinha é
escrava de dona Inácia e, portanto, está fadada a uma vida de humilhações.
c) A maneira como o narrador comenta as características atribuídas às personagens contrasta com as
falas e as ações realizadas por elas, o que caracteriza um modo irônico de apresentação.
d) O narrador apresenta as falas e pensamentos das personagens de modo objetivo; assim, o leitor fica
dispensado de elaborar um juízo crítico sobre as relações de poder entre as personagens.

5. (Unisc 2016) Assinale a alternativa que preenche corretamente as lacunas do texto a seguir.

O início do chamado Pré-modernismo na literatura brasileira data de 1902, com a publicação de


__________. Além dessa obra relevante, de autoria de __________, merece destaque o romance
__________, publicado por __________ em 1915. Já na poesia, o principal nome deste período foi
__________, autor de __________.
a) Urupês / Graça Aranha / Macunaíma / Domingos Olímpio / Mario de Andrade / Cinza das horas.
b) Canaã / Euclides da Cunha / Triste fim de Policarpo Quaresma / Monteiro Lobato / Manuel Bandeira /
Eu e outras poesias.
c) Canaã / Monteiro Lobato / Luzia-Homem / Mario de Andrade / Manuel Bandeira / Broquéis.
d) Urupês / Monteiro Lobato / Macunaíma / Mario de Andrade / Manuel Bandeira / Cinza das horas.
e) Os sertões / Euclides da Cunha / Triste fim de Policarpo Quaresma / Lima Barreto / Augusto dos Anjos
/ Eu e outras poesias.

6. (Imed 2015) Em sua obra “Urupês”, publicada em 1918, Monteiro Lobato apresenta uma de suas
personagens mais representativas: Jeca Tatu. Sobre o autor e sua obra, é possível afirmar que:

I. A personagem Jeca Tatu representa a miséria e o atraso econômico do país, principalmente o descaso
do governo em relação ao Brasil rural.
II. Jeca Tatu remete à figura do homem caboclo, e sua aparência ligada à falta de higiene passou a ser
relacionada à campanha sanitarista aderida por Monteiro Lobato.
III. Sem educação e alheio aos acontecimentos de seu país, Jeca Tatu representa a ignorância do homem
do campo.

Quais estão corretas?


a) Apenas I.
b) Apenas III.
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c) Apenas I e II.
d) Apenas II e III.
e) I, II e III.

7. (Ufrn 2012) Parte do capítulo IX (“Transição”), de Memórias Póstumas de Brás Cubas:

E vejam agora com que destreza, com que arte faço eu a maior transição deste livro. Vejam: o meu delírio
começou em presença de Virgília; Virgília foi meu grão pecado da juventude; não há juventude sem
meninice; meninice supõe nascimento; e eis aqui como chegamos nós, sem esforço, ao dia 20 de
outubro de 1805, em que nasci. Viram? Nenhuma juntura aparente, nada que divirta a atenção pausada
do leitor: nada.

(ASSIS, Machado de. Memórias Póstumas de Brás Cubas. São Paulo: Ática, 2000.)

Trecho do conto “O fisco (conto de Natal)”, publicado em 1921 e integrante do livro Negrinha, de Monteiro
Lobato:

Súbito, viu um homem de boné caminhando para o seu lado. Olhou-lhe para as botinas. Sujas. Viria
engraxar, com certeza – e o coração bateu-lhe apressado, no tumulto delicioso da estreia. Encarou o
homem já a cinco passos e sorriu com infinita ternura nos olhos, num agradecimento antecipado em
que havia tesouros de gratidão.
Mas em vez de espichar o pé, o homem rosnou aquela terrível interpelação inicial:
– Então, cachorrinho, que é da licença?

(LOBATO, Monteiro. Negrinha. São Paulo: Globo, 2008, p. 71)

Da leitura comparada do romance Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis, e do conto
“O fisco”, de Monteiro Lobato, pode-se afirmar que,
a) tanto no romance quanto no conto, a crítica social dirige-se principalmente à hipocrisia da burguesia.
b) no romance, a crítica social dirige-se à hipocrisia da burguesia; no conto, à opressão do poder público
aos desvalidos.
c) tanto no romance quanto no conto, a crítica social dirige-se principalmente à opressão do poder público
aos desvalidos.
d) no romance, a crítica social dirige-se à opressão do poder público aos desvalidos; no conto, dirige-se
à hipocrisia da burguesia.

8. (Fgv 2012) Este texto foi extraído de um conto de Monteiro Lobato, cujo personagem principal
enlouquece, quando vê seu cafezal inteiramente destruído pela geada.

E a geada veio! Não geadinha mansa de todos os anos, mas calamitosa, geada cíclica, trazida em ondas
do Sul.
O sol da tarde, mortiço, dera uma luz sem luminosidade, e raios sem calor nenhum. Sol boreal, tiritante.
E a noite caíra sem preâmbulos.
Deitei-me cedo, batendo o queixo, e na cama, apesar de enleado em dois cobertores, permaneci
entanguido uma boa hora antes que ferrasse no sono. Acordou-me o sino da fazenda, pela madrugada.
Sentindo-me enregelado, com os pés a doerem, ergui-me para um exercício violento. Fui para o
terreiro.
O relento estava de cortar as carnes – mas que maravilhoso espetáculo! Brancuras por toda a parte.
Chão, árvores, gramados e pastos eram, de ponta a ponta, um só atoalhado branco. As árvores
imóveis, inteiriçadas de frio, pareciam emersas dum banho de cal. Rebrilhos de gelo pelo chão. Águas
envidradas. As roupas dos varais, tesas, como endurecidas em goma forte. As palhas do terreiro, os
sabugos de ao pé do cocho, a telha dos muros, o topo dos moirões, a vara das cercas, o rebordo das
tábuas – tudo polvilhado de brancuras, lactescente, como chovido por um suco de farinha. Maravilhoso
quadro! Invariável que é a nossa paisagem, sempre nos mansos tons do ano inteiro, encantava
sobremodo vê-la súbito mudar, vestir-se dum esplendoroso véu de noiva – noiva da morte, ai!...

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Monteiro Lobato, O drama da geada, in Negrinha. São Paulo: Brasiliense, 1951.

a) Em outra passagem do conto, o narrador afirma: “Só então me acudiu que o belo espetáculo que eu
até ali só encarara pelo prisma estético tinha um reverso trágico: a morte do heroico fazendeiro”. O
que o narrador chama de “prisma estético” pode ser identificado no excerto aqui reproduzido?
Justifique sua resposta.
b) Tendo em vista as variedades linguísticas da língua portuguesa, justifica-se o emprego, no texto, de
expressões como “geadinha mansa”, “batendo o queixo” e “ferrasse no sono”? Explique.
c) As frases nominais podem ser usadas nas descrições esquemáticas. Esse tipo de recurso foi usado no
texto? Justifique sua resposta.

9. (Ufrn 2012) Considere o seguinte trecho do conto “O fisco (conto de Natal)”, publicado em 1921 e
integrante do livro Negrinha, de Monteiro Lobato:

Súbito, viu um homem de boné caminhando para o seu lado. Olhou-lhe para as botinas. Sujas. Viria
engraxar, com certeza – e o coração bateu-lhe apressado, no tumulto delicioso da estreia. Encarou o
homem já a cinco passos e sorriu com infinita ternura nos olhos, num agradecimento antecipado em
que havia tesouros de gratidão.
Mas em vez de espichar o pé, o homem rosnou aquela terrível interpelação inicial:
– Então, cachorrinho, que é da licença?

(LOBATO, Monteiro. Negrinha. São Paulo: Globo, 2008, p. 71)

O trecho em destaque apresenta um episódio ocorrido em um parque. No contexto da narrativa, a cena


ilustra:
a) um confronto entre a autoridade constituída e o menino que insiste na desobediência à lei.
b) um encontro amigável entre o menino engraxate e um cliente.
c) uma conversa amistosa entre as personagens, de posições sociais distintas.
d) uma relação de desigualdade entre as personagens, determinada pela força repressiva.

10. (Ufpe 2012) Observe as imagens, leia os textos e responda às questões que se seguem:

Quando Monteiro Lobato escreveu o famoso ensaio “Paranoia ou Mistificação?”, publicado n’O Estado de
S. Paulo (20/12/1917) sobre a pintura expressionista de Anita Malfatti, expressou a comoção causada
no público da época diante do ineditismo das propostas estéticas modernistas. Dizia o autor:

Há duas espécies de artistas. Uma composta dos que veem as coisas e em consequência fazem arte
pura, guardados os eternos ritmos da vida, e adotados, para a concretização das emoções estéticas,
os processos clássicos dos grandes mestres. A outra espécie é formada dos que veem anormalmente
a natureza e a interpretam à luz das teorias efêmeras, sob a sugestão estrábica de escolas rebeldes,
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surgidas cá e lá como furúnculos da cultura excessiva. São produtos do cansaço e do sadismo de
todos os períodos de decadência; são frutos de fim de estação, bichados ao nascedouro. Estrelas
cadentes, brilham um instante, as mais das vezes com a luz do escândalo, e somem-se logo nas trevas
do esquecimento. Embora se deem como novos, como precursores de uma arte a vir, nada é mais
velho do que a arte anormal ou teratológica: nasceu como a paranoia e a mistificação.
( ) Devido às suas posições radicais no âmbito das artes plásticas, Monteiro Lobato foi considerado
pelos modernistas de 1922 um intelectual tradicionalista e arcaico.
( ) A obra infantil de Monteiro Lobato é um bom exemplo de seu arcaísmo, fortalecendo valores sociais
tradicionalistas, sobretudo na família, e evitando a mistura da cultura erudita com a popular na
literatura.
( ) A arte vanguardista do início do século XX provou ser mais do que a escandalosa expressão dos
“furúnculos da cultura excessiva”, e superou as expectativas de Monteiro Lobato para essas obras
como meras manifestações “anormais ou teratológicas” destinadas ao esquecimento.
( ) O pós-modernismo no século XXI levou adiante o impulso desconstrucionista da arte e dos textos
canônicos, como provam publicações recentes que associam obras clássicas à cultura de massa, a
exemplo de Orgulho e preconceito e zumbis, de “Jane Austen e S-G. Smith”.
( ) Ler, entender e refletir sobre as produções literárias contemporâneas mobilizam o conhecimento
não só do mundo atual mas também do seu passado histórico.

11. (Ufpr 2012) Considerando os contos de Urupês, de Monteiro Lobato, e o romance Inocência, de
Visconde de Taunay, assinale a alternativa correta.
a) Inacinho, do conto “Pollice Verso”, é pior profissional do que Cirino, de Inocência. Embora o primeiro
tenha se formado em medicina, ele é descrito de maneira mais caricata e sarcástica que Cirino, que
não se formou. O vocabulário sofisticado de Inacinho impressiona os itaoquenses, mas a qualidade de
sua atuação é desmerecida pelo narrador, que evidencia suas falhas de formação e de caráter.
b) Assim como Inocência, Zilda (de “O comprador de fazendas”) e Pingo d’Água (de “A colcha de
retalhos”) evidenciam a tentativa dos dois autores de caracterizar a vida da mulher brasileira do interior,
representando literariamente a submissão da filha à autoridade paterna, o casamento como escolha
dos pais e o analfabetismo feminino.
c) No conto “O mata-pau”, um homem das cidades aprende sobre a flora sertaneja com seu camarada,
que tanto lhe tira dúvidas com relação à vegetação avistada quanto lhe conta histórias sobre os
habitantes do lugar. É semelhante a essa a relação entre o naturalista Meyer e seu camarada, também
um sertanejo contador de causos.
d) A desconfiança que cerca o monstruoso Bocatorta (do conto homônimo) quanto às profanações de
sepulturas, e que é anunciada no medo que Cristina sente, é semelhante à desconfiança que ronda o
anão Tico, que nutre uma paixão doentia por Inocência, sentimento que ele dissimula como se
quisesse protegê-la.
e) O sertanejo de Lobato é semelhante ao de Taunay sobretudo no que diz respeito a esta caracterização:
“O legítimo sertanejo, explorador dos desertos, não tem, em geral, família. Enquanto moço, seu fim
único é devassar terras, pisar campos onde ninguém antes pusera o pé, vadear rios desconhecidos,
despontar cabeceiras e furar matas, que descobridor algum até então haja varado” (Inocência, capítulo
1).

12. (Ufrgs 2005) Considere as seguintes afirmações sobre obras de Monteiro Lobato.

I. Em "Urupês", "Cidades Mortas" e "Negrinha", ele produz uma literatura comprometida


predominantemente com os problemas socioeconômicos do Brasil.
II. Em "Urupês", ele atribui a culpa pelo atraso do Brasil ao caboclo, por ele ser acomodado e inadaptável
às mudanças necessárias ao desenvolvimento.
III. O título "Cidades Mortas" alude às cidadezinhas do interior de São Paulo, que perderam a sua
importância econômica face à Capital.

Quais estão corretas?


a) Apenas I.
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b) Apenas II.
c) Apenas III.
d) Apenas I e II.
e) I, II e III.

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:


ESTRADAS DE RODAGEM

Comparados os países com veículos, veremos que os Estados Unidos são uma locomotiva elétrica; a
Argentina um automóvel; o México uma carroça; e o Brasil um carro de boi.
O primeiro destes países voa; o segundo corre a 50 km por hora; o terceiro apesar das revoluções tira 10
léguas por dia; nós...
Nós vivemos atolados seis meses do ano, enquanto dura a estação das águas, e nos outros 6 meses
caminhamos à razão de 2 léguas por dia. A colossal produção agrícola e industrial dos americanos
voa para os mercados com a velocidade média de 100 km por hora. Os trigos e carnes argentinas
afluem para os portos em autos e locomotivas que uns 50 km por hora, na certa, desenvolvem.
As fibras do México saem por carroças e se um general revolucionário não as pilha em caminho, chegam
a salvo com relativa presteza. O nosso café, porém, o nosso milho, o nosso feijão e a farinha entram
no carro de boi, o carreiro despede-se da família, o fazendeiro coça a cabeça e, até um dia! Ninguém
sabe se chegará, ou como chegará. Às vezes pensa o patrão que o veículo já está de volta, quando
vê chegar o carreiro.
- Então? Foi bem de viagem?
O carreiro dá uma risadinha.
- Não vê que o carro atolou ali no Iriguaçu e...
- E o quê?
- ... e está atolado! Vim buscar mais dez juntas de bois para tirar ele.
E lá seguem bois, homens, o diabo para desatolar o carro. Enquanto isso, chove, a farinha embolora, a
rapadura derrete, o feijão caruncha, o milho grela; só o café resiste e ainda aumenta o peso.
(LOBATO, M. Obras Completas, 14ª ed., São Paulo, Brasiliense, 1972, v. 8, p.74)

13. (Pucsp 2005) Monteiro Lobato foi um escritor que, quanto ao uso da língua, sempre questionou a
obediência aos padrões rígidos da gramática e às normas herdadas de Portugal. No texto, há
momentos em que ele não segue as regras de uso da vírgula previstas pela Gramática Normativa.
Assim, observe os fragmentos a seguir:

I. "As fibras do México saem por carroças e se um general revolucionário não as pilha em caminho,
chegam a salvo com presteza".
II. "Às vezes, pensa o patrão que o veículo já está de volta, quando vê chegar o carreiro".
III. "O primeiro destes países voa; o segundo corre a 50 km por hora; o terceiro apesar das revoluções
tira 10 léguas por dia".

Quanto ao uso da vírgula, em relação às regras da Gramática Normativa, desses fragmentos,


a) I e II estão corretos.
b) II e III estão corretos.
c) I e III estão corretos.
d) apenas II está correto.
e) apenas I está correto.

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14. (Ufu 2004) Nos primeiros parágrafos de "Urupês", Monteiro Lobato posiciona-se em relação às
principais tendências da literatura brasileira.

Assinale a alternativa em que a posição de Lobato é apresentada INCORRETAMENTE.


a) Assim como os modernistas, Lobato critica a visão idealizada que os românticos tinham do índio; para
ele, o romantismo brasileiro havia sido mera imitação da escola francesa, tendo apenas adaptado ao
cenário dos trópicos as ideias de Rousseau.
b) Para Lobato, o realismo naturalista irá acertar o tom da literatura brasileira, fugindo à caricatura para
revelar outras deficiências do caboclo nacional, cuja índole ele investiga com apoio da ciência
evolucionista; por isto, o naturalismo projeta-se como a literatura do futuro, por associar ao cientificismo
alta dosagem de qualidade poética.
c) A fraqueza moral e muscular do selvagem brasileiro - que Lobato julgava capaz de "moquear a linda
menina" Ceci "num bom braseiro", em vez de amá-la perdidamente, como fez Peri - corresponde à
mesma visão que Mário de Andrade adota na construção do herói Macunaíma.
d) Para Lobato, a substituição do selvagem pelo caboclo como tipo brasileiro, no período pré-modernista,
dando a este atributos de integridade moral, repete o mesmo equívoco de idealização que marcou o
indianismo romântico.

15. (Pucrs 2004) Autores como ________, ________ e ________, contemporâneos de Euclides da
Cunha, apresentaram novas facetas da realidade brasileira, produzindo, respectivamente, romances
que discutem temas tais como: a imigração alemã, os costumes urbanos e o universo rural.
a) Simões Lopes Neto / Raul Pompéia / Lima Barreto
b) Graça Aranha / Lima Barreto / Monteiro Lobato
c) Monteiro Lobato / Lima Barreto / Graça Aranha
d) Raul Pompéia / Guimarães Rosa / Monteiro Lobato
e) Graça Aranha / Raul Pompéia / Guimarães Rosa

16. (Ufu 2004) No prefácio da primeira edição de "Urupês", diz Monteiro Lobato:

"E aqui aproveito o lance para implorar perdão ao pobre Jeca. Eu ignorava que eras assim, meu Tatu,
por motivo de doença. Hoje é com piedade infinita que te encara quem, naquele tempo, só via em ti
um mamparreiro de marca. Perdoas?"

A partir deste fragmento, considerando o contexto do artigo "Urupês" e a trajetória intelectual de Lobato,
responda:

a) O que significa 'mamparreiro' - termo corrente no norte do Brasil?


b) O que Lobato descobre em relação à natureza física e mental do caboclo brasileiro, assim como à sua
condição histórica e política, que lhe permite fazer esta auto-crítica ainda em 1918?

17. (Uel 2001) Assinale a alternativa INCORRETA sobre o Pré-Modernismo:


a) Não se caracterizou como uma escola literária com princípios estéticos bem delimitados, mas como
um período de prefiguração das inovações temáticas e linguísticas do Modernismo.
b) Algumas correntes de vanguarda do início do século XX, como o Futurismo e o Cubismo, exerceram
grande influência sobre nossos escritores pré-modernistas, sobretudo na poesia.
c) Tanto Lima Barreto quanto Monteiro Lobato são nomes significativos da literatura pré-modernista
produzida nos primeiros anos do século XX, pois problematizam a realidade cultural e social do Brasil.
d) Euclides da Cunha, com a obra "Os Sertões", ultrapassa o relato meramente documental da batalha
de Canudos para fixar-se em problemas humanos e revelar a face trágica da nação brasileira.
e) Nos romances de Lima Barreto observa-se, além da crítica social, a crítica ao academicismo e à
linguagem empolada e vazia dos parnasianos, traço que revela a postura moderna do escritor.

18. (Ufrgs 2001) Assinale a alternativa INCORRETA sobre a obra de Monteiro Lobato.
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a) A obra literária de Lobato, um dos intelectuais mais importantes da sua época, se insere no
Regionalismo Pré-Modernista.
b) O conto "Urupês", que dá título ao primeiro livro do autor, nasceu de um panfleto em que Lobato criou
a figura típica do "Jeca Tatu".
c) As denúncias de Lobato sobre as queimadas nos campos e sobre o caboclo miserável, indiferente e
preguiçoso ajudaram a projetá-lo como ficcionista.
d) Além de contos, crônicas e ensaios variados, a obra de Lobato compreende vários textos de literatura
infantil.
e) A prosa de Lobato é marcada pelo gosto documental naturalista e pelo uso de uma linguagem
ornamentada, como pode ser comprovado nas obras "Fruto Proibido", de 1895, "Sertão", de 1896, e
"Canaã", de 1902.

19. (Ufal 2000) Assinale como VERDADEIRAS as afirmações corretas sobre nossa literatura no PRÉ-
MODERNISMO e como FALSAS as incorretas.
( ) Com Os Sertões, Euclides da Cunha retomou a tradição do romance regionalista romântico,
reabrindo este caminho para Graciliano Ramos e Guimarães Rosa.
( ) Antes de se realizar como um extraordinário poeta moderno, Manuel Bandeira escreveu versos de
gosto parnasiano e simbolista, dentro do gosto estético que predominava nas duas primeiras décadas
do nosso século.
( ) A poesia do período pré-modernista não tem nada de propriamente revolucionário, mas há que se
destacar a originalíssima concepção de poesia que está no livro Eu, de Augusto dos Anjos.
( ) A prosa de Lima Barreto destaca-se, nesse período, por satirizar o nacionalismo, o oficialismo da
literatura e a concepção de arte pela arte, além de aproximar o leitor de situações típicas dos subúrbios
do Rio de Janeiro.
( ) Monteiro Lobato deve ser reconhecido como autêntico modernista, sobretudo no que se referia às
suas concepções no campo das artes plásticas, mais do que como pré-modernista.

TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 4 QUESTÕES:


Quando Pedro I lança aos ecos o seu grito histórico e o país desperta esturvinhado à crise de uma
mudança de dono, o caboclo ergue-se, espia e acocora-se, de novo.
Pelo 13 de maio, mal esvoaça o florido decreto da Princesa e o negro exausto larga num uf! o cabo da
enxada, o caboclo olha, coça a cabeça, imagina e deixa que do velho mundo venha quem nele pegue
de novo.
A 15 de novembro troca-se um trono vitalício pela cadeira quadrienal. O país bestifica-se ante o
inopinado da mudança. O caboclo não dá pela coisa.
Vem Floriano: estouram as granadas de Custódio; Gumercindo bate às portas de Roma; Incitatus
derranca o país. O caboclo continua de cócoras, a modorrar...
Nada o desperta. Nenhuma ferretoada o põe de pé. Social, como individualmente, em todos os atos
da vida, Jeca antes de agir, acocora-se.

MONTEIRO LOBATO

20. (Faap 1997) É nesta crônica que Monteiro Lobato fotografa a imagem do caipira, apresentado como
uma "raça intermediária", que perdeu o primitivismo do índio sem, no entanto, adquirir a força do
colonizador. A crônica foi extraída do livro:
a) "Negrinha"
b) "O Macaco que se fez Homem"
c) "Urupês"
d) "O Presidente Negro"
e) "O Escândalo do Petróleo"

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21. (Faap 1997) Jeca Tatu de Monteiro inspirou um cantor brasileiro a compor:
JECA TOTAL: "Jeca total deve ser Jeca Tatu presente, passado, representante da gente no Senado."
Estamos falando de:
a) Chico Buarque
b) Caetano Veloso
c) Gilberto Gil
d) Roberto Carlos
e) Milton Nascimento

22. (Faap 1997) Sobre Monteiro Lobato não procede a seguinte afirmação:
a) Nasceu em Taubaté e morreu em São Paulo. Advogado, Promotor Público. Fundou a Companhia de
Petróleos do Brasil
b) Inovador quando defende a arte de Anita Malfatti em famoso artigo publicado pelo Estado: "Paranóia
ou Mistificação"
c) Avançado quando satiriza o purismo da linguagem no conto também famoso: "O Colocador de
Pronomes"
d) Promoveu campanhas nacionais em favor do ferro e petróleo: Preso pelo Governo Vargas em 1941,
exila-se na Argentina
e) Crítico veemente do sistema agrícola brasileiro na figura de Jeca Tatu, símbolo da miséria e do atraso
a que foram relegados nossos caipiras

23. (Faap 1997) O texto fala de fatos históricos, respectivamente:


a) Monarquia - Lei do Ventre Livre - Eleição de Floriano
b) Regência - Tráfego Negro - Posse de Floriano
c) Maioridade - Libertação dos Escravos - Posse de Floriano
d) Parlamentarismo - Libertação dos Escravos - Presidencialismo
e) Independência - Libertação dos Escravos - República

24. (Mackenzie 1996) "Às vezes se dá ao luxo de um banquinho de três pernas - para os hóspedes. Três
pernas permitem o equilíbrio, inútil, portanto, meter a quarta, que ainda o obrigaria a nivelar o chão.
Para que assentos, se a natureza os dotou de sólidos, rachados calcanhares sobre os quais se
sentam?"

O trecho anterior é claramente representativo da obra de:


a) Lima Barreto.
b) Augusto dos Anjos.
c) Euclides da Cunha.
d) Aluísio de Azevedo.
e) Monteiro Lobato.

Graça Aranha
TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 3 QUESTÕES:
As questões tomam por base uma passagem do romance Canaã, de Graça Aranha (1868-1931), e uma
tira de Henfil (1944-1988).

Canaã

— Hoje — disse Milkau quando chegaram a um trecho desembaraçado da praia —, devemos escolher o
local para a nossa casa.
— Oh! não haverá dificuldade, neste deserto, de talhar o nosso pequeno lote... — desdenhou Lentz.
— Quanto a mim, replicou Milkau, uma ligeira inquietação de vago terror se mistura ao prazer
extraordinário de recomeçar a vida pela fundação do domicílio, e pelas minhas próprias mãos... O que
é lamentável nesta solenidade primitiva é a intervenção inútil do Estado...
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— O Estado, que no nosso caso é o agrimensor Felicíssimo...
— Não seria muito mais perfeito que a terra e as suas coisas fossem propriedade de todos, sem venda,
sem posse?
— O que eu vejo é o contrário disto. É antes a venalidade de tudo, a ambição, que chama a ambição e
espraia o instinto da posse. O que está hoje fora do domínio amanhã será a presa do homem. Não
acreditas que o próprio ar que escapa à nossa posse será vendido, mais tarde, nas cidades suspensas,
como é hoje a terra? Não será uma nova forma da expansão da conquista e da propriedade?
— Ou melhor, não vês a propriedade tornar-se cada dia mais coletiva, numa grande ânsia de aquisição
popular, que se vai alastrando e que um dia, depois de se apossar dos jardins, dos palácios, dos
museus, das estradas, se estenderá a tudo?... O sentimento da posse morrerá com a desnecessidade,
com a supressão da ideia da defesa pessoal, que nele tinha o seu repouso...
— Pois eu — ponderou Lentz —, se me fixar na ideia de converter-me em colono, desejarei ir alargando
o meu terreno, chamar a mim outros trabalhadores e fundar um novo núcleo, que signifique fortuna e
domínio... Porque só pela riqueza ou pela força nos emanciparemos da servidão.
— O meu quinhão de terra — explicou Milkau — será o mesmo que hoje receber; não o ampliarei, não
me abandonarei à ambição, ficarei sempre alegremente reduzido à situação de um homem humilde
entre gente simples. Desde que chegamos, sinto um perfeito encantamento: não é só a natureza que
me seduz aqui, que me festeja, é também a suave contemplação do homem. Todos mostram a sua
doçura íntima estampada na calma das linhas do rosto; há como um longínquo afastamento da cólera
e do ódio. Há em todos uma resignação amorosa... Os naturais da terra são expansivos e alvissareiros
da felicidade de que nos parecem os portadores... Os que vieram de longe esqueceram as suas
amarguras, estão tranquilos e amáveis; não há grandes separações, o próprio chefe troca no lar o seu
prestígio pela espontaneidade niveladora, que é o feliz gênio da sua raça. Vendo-os, eu adivinho o que
é todo este País — um recanto de bondade, de olvido e de paz. Há de haver uma grande união entre
todos, não haverá conflitos de orgulho e ambição, a justiça será perfeita; não se imolarão vítimas aos
rancores abandonados na estrada do exílio. Todos se purificarão e nós também nos devemos
esquecer de nós mesmos e dos nossos preconceitos, para só pensarmos nos outros e não
perturbarmos a serenidade desta vida...

(Graça Aranha. Canaã, 1996.)

1. (Unesp 2013) — O que eu vejo é o contrário disto. É antes a venalidade de tudo, a ambição, que
chama a ambição e espraia o instinto da posse.

Tomando por base o contexto do diálogo e as outras manifestações de Milkau, aponte o argumento que
é defendido por Lentz nesta fala.

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2. (Unesp 2013) Estabeleça uma relação entre as opiniões das personagens da tira de Henfil e as das
personagens de Canaã.

3. (Unesp 2013) Em sua última fala no fragmento do romance Canaã, coerentemente com o que
manifestou nas falas anteriores, a personagem Milkau, ao informar o que pretende fazer com seu
quinhão de terra, acaba expressando sua própria concepção de mundo. Releia essa fala e faça uma
síntese dessa concepção da personagem.

4. (Enem PPL 2011) – Adiante... Adiante... Não pares... Eu vejo. Canaã! Canaã!
Mas o horizonte da planície se estendia pelo seio da noite e se confundia com os céus.
Milkau não sabia para onde o impulso os levava: era o desconhecido que os atraía com a poderosa e
magnética força da Ilusão. Começava a sentir a angustiada sensação de uma corrida no Infinito...
– Canaã! Canaã!... suplicava ele em pensamento, pedindo à noite que lhe revelasse a estrada da
Promissão.
E tudo era silêncio, e mistério... Corriam... corriam. E o mundo parecia sem fim, e a terra do Amor
mergulhada, sumida na névoa incomensurável... E Milkau, num sofrimento devorador, ia vendo que
tudo era o mesmo; horas e horas, fatigados de voar, e nada variava, e nada lhe aparecia... Corriam...
corriam...

ARANHA, G. Canaã. São Paulo: Ática, 1998 (fragmento).

O sonho da terra prometida revela-se como valor humano que faz parte do imaginário literário brasileiro
desde a chegada dos portugueses. Ao descrever a situação final das personagens Milkau e Maria,
Graça Aranha resgata esse desejo por meio de uma perspectiva
a) subjetiva, pois valoriza a visão exótica da pátria brasileira.
b) simbólica, pois descreve o amor de um estrangeiro pelo Brasil.
c) idealizada, pois relata o sonho de uma pátria acolhedora de todos.
d) realista, pois traz dados de uma terra geograficamente situada.
e) crítica, pois retrata o desespero de quem não alcançou sua terra.

TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 2 QUESTÕES:


As questões seguintes se baseiam no trecho do romance CANAÃ, do escritor maranhense Graça Aranha
(José Pereira da Graça Aranha, 1868-1931).

O agrimensor olhou a árvore.


- Faz pena - disse compassivo - botar tudo isso abaixo.
- Eu, por mim - acudiu Milkau, levado pelo mesmo sentimento -, preferiria um lote onde não fosse
preciso esse sacrifício.
- Não há nenhum - respondeu Felicíssimo.
- O homem - notou Lentz a sorrir com ar de triunfo - há de sempre destruir a vida para criar a vida. E
depois, que alma tem esta árvore? E que tivesse... Nós a eliminaríamos para nos expandirmos.
E Milkau disse com a calma da resignação:
- Compreendo bem que é ainda a nossa contingência essa necessidade de ferir a Terra, de arrancar
do seu seio pela força e pela violência a nossa alimentação; mas virá o dia em que o homem,
adaptando-se ao meio cósmico por uma extraordinária longevidade da espécie, receberá a força
orgânica da sua própria e pacífica harmonia com o ambiente, como sucede com os vegetais; e então
dispensará para subsistir o sacrifício dos animais e das plantas. Por ora nos conformaremos com este
momento de transição... Sinto dolorosamente que, atacando a Terra, ofendo a fonte da nossa própria
vida, e firo menos o que há de material nela do que o seu prestígio religioso e imortal na alma humana...
Enquanto os outros assim discursavam, Felicíssimo, no seu amor ingênuo à Natureza, mirava as
velhas árvores, e com a mão meiga festejava-lhes os troncos, como os últimos afagos dados às vítimas
do momento do sacrifício. Dentro da mata penetrava o vento da manhã e nas folhas passava
brandamente, levantando um murmúrio baixo, humilde, que se escapava de todas as árvores, como
as queixas surdas dos moribundos.

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(In: ARANHA, Graça. OBRA COMPLETA. Rio de Janeiro: MEC - Instituto Nacional do Livro, 1969. p.106-
107.)

5. (Unesp 2000) A metagoge, recurso expressivo bastante usado pelos escritores de todos os tempos,
consiste em atribuir atitudes, qualidades e sentimentos humanos a outros seres. No trecho de CANAÃ
reencontramos tal procedimento, que reforça a dramaticidade dos fatos narrados. De posse destas
informações,

a) indique uma passagem do último parágrafo do texto em que ocorre esse recurso expressivo;

b) demonstre que as personagens Milkau e Felicíssimo, que se identificam pelo amor à natureza,
expressam esse sentimento de maneiras diferentes.

6. (Unesp 2000) No romance CANAÃ, publicado em 1902, defrontamo-nos com duas personagens de
temperamentos bastante fortes, Lentz e Milkau, imigrantes alemães cujas concepções do homem e do
mundo são opostas. Verifique com atenção a participação dessas duas personagens no trecho de
Graça Aranha e, em seguida,

a) sintetize, com suas próprias palavras, os dois tipos de "homem", ou seja, de comportamento do homem
no mundo, defendidos, respectivamente, por Lentz e por Milkau;

b) mostre, com base no texto, que os fundamentos da consciência ecológica, hoje em dia bastante
disseminados no mundo, já se encontram presentes nesse trecho de CANAÃ.

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