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A Revolução Pernambucana ou revolução dos padres foi um movimento de caráter

separatista e republicano, que eclodiu em Recife em março de 1817 e manifestou a


insatisfação local com o controle de Portugal sobre a região e com as desigualdades
sociais existentes. Foi liderado pelas elites locais, porém contou com grande adesão
popular assim que foi deflagrado. Essa revolta foi o único movimento dentre as
conjurações que conseguiu superar a fase conspiratória e o último que ocorreu no
período colonial.

Contexto histórico
A Revolução Pernambucana foi resultado das insatisfações locais que já existiam havia
um certo tempo e que foram aumentadas com a transferência da Corte portuguesa
para o Brasil. Essa mudança ocorreu em 1807 e 1808 por causa da invasão de Portugal
pelas tropas napoleônicas. O descontentamento com a presença da Corte portuguesa
no Brasil era explicado pelo aumento dos impostos, realizado para manter os luxos da
família real portuguesa e para financiar as campanhas militares que eram travadas na
Cisplatina. Além disso, D. João VI também havia nomeado portugueses em vez de
brasileiros para cargos públicos importantes, principalmente no exército, o que
revoltou a elite.
A Revolução Pernambucana se inspirou nos ideais liberais difundidos à época pelo
Iluminismo. A presença dos ideais iluministas na região deveu-se à existência de uma
loja maçônica conhecida como Areópago de Itambé, eram também largamente
propagados na comunidade eclesiástica local a partir do Seminário de Olinda. A
revolução também teve como exemplo as recentes nações formadas na América, que
deixaram de ser colônias e se tornaram repúblicas. Caso fosse implantada a república,
as províncias teriam mais autonomia e mais liberdade para se governar, não
dependendo tanto do governo central.
A revolução
O estopim para o início da Revolução Pernambucana ocorreu em 6 de março de 1817,
quando o militar português Manoel Joaquim Barbosa foi assassinado pelo capitão José
de Barros Lima, que reagiu à voz de prisão por suposto envolvimento em conspiração
contra o governo. Em seguida, essa rebelião espalhou-se por toda a cidade de Recife, o
que forçou o governador local, Caetano Pinto de Miranda Montenegro, a abrigar-se no
Forte do Brum e, logo depois, a fugir para a capital Rio de Janeiro. Os rebeldes,
vitoriosos, implantaram um Governo Provisório que decretava diversas mudanças em
Pernambuco.
Esse Governo Provisório aprovou uma série de medidas que foram colocadas em vigor:
foi proclamada a República na Capitania de Pernambuco, decretada a liberdade de
imprensa e credo, instituído o princípio dos três poderes e aumentado o soldo dos
soldados. Todas essas mudanças iam em direção dos ideais liberais, apesar disso, os
revolucionários optaram por manter a instituição da escravidão. Esse fato explicava-se
pela quantidade de grandes fazendeiros que haviam aderido ao movimento. Apesar de
ser um movimento de caráter liberal, as medidas tomadas pelo Governo Provisório
visavam beneficiar muito mais as elites locais do que necessariamente promover a
criação de uma sociedade justa e igualitária.
O exemplo pernambucano conquistou o apoio de outras capitanias, como Rio Grande
do Norte e Paraíba, no entanto, não tardou para que o novo governo perdesse força.
Como os grupos que compuseram a revolução tinham interesses diversos, a divisão
entre eles aconteceu.
A Revolução Pernambucana teve como principais líderes Domingos José Martins, José
Barros Lima, Padre João Ribeiro e Cruz Cabugá.
O fim
A duração da Revolução Pernambucana foi razoavelmente curta. A reação portuguesa
foi intensa, e uma frota foi enviada do Rio de Janeiro com o objetivo de bloquear o
porto da cidade de Recife. 4 mil soldados também foram enviados por terra da Bahia
com a missão de invadir a cidade. A derrota dos revolucionários aconteceu
oficialmente no dia 20 de maio de 1817, depois de 75 dias de combates extremamente
violentos, quando os líderes renderam-se ao general Luís do Rego Barreto após a
cidade de Recife ser invadida.
Ao todo, nove pessoas foram enforcadas e outras quatro foram fuziladas. Um dos
envolvidos, Padre João Ribeiro, enforcou-se pouco antes de ser capturado, e Cruz
Cabugá, recebendo as notícias do fracasso do movimento, não retornou ao Brasil e
permaneceu nos Estados Unidos, onde estava em busca de armas, soldados e o apoio
do governo americano ao movimento pernambucano.
O grande líder da revolta pernambucana, Domingo José Martins, foi arcabuzado, e
ou/tras lideranças sofreram martírio severo. O capitão José de Barros Lima, por
exemplo, foi enforcado e teve as mãos e cabeça decepadas e colocadas em exposição,
e seu corpo arrastado pelas ruas de Recife. O mesmo aconteceu com os corpos do
Padre João Ribeiro e de Vigário Tenório. Outros envolvidos permaneceram presos
durante anos.
A revolta é também conhecida como a Revolta dos Padres devido ao número
considerável de padres que nela tomaram lugar - um dos mais conhecidos foi Frei
Caneca.
Data magda
Em Pernambuco, o dia 6 de março é feriado porque se recorda o dia em que, em 1817,
começava a revolução contra o domínio português e a instalação de um governo
republicano na região. Apesar da curta duração, o movimento deixou raízes na história
de Pernambuco e confirmava a capitania como sendo um local de revolta contra o
domínio do governo central.

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