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Em 1755, após a morte de sua mãe, segue junto a seu pai e irmãos para a sede da Vila de São José; dois
anos depois, já com onze anos, morre seu pai. Com a morte prematura dos pais, logo sua família perde as
propriedades por dívidas. Não fez estudos regulares e ficou sob a tutela de seu tio e padrinho Sebastião
Ferreira Leitão, que era cirurgião dentista.[4] Trabalhou como mascate e minerador, tornou-se sócio de uma
botica de assistência à pobreza na ponte do Rosário, em Vila Rica, e se dedicou também às práticas
farmacêuticas e ao exercício da profissão de dentista, o que lhe valeu o apelido (alcunha) de Tiradentes.[4]
Segundo frei Raimundo de Penaforte, Tiradentes "ornava a boca de novos dentes, feitos por ele mesmo,
que pareciam naturais".[7] Trabalhava ocasionalmente como médico, em vista dos conhecimentos sobre
plantas medicinais adquiridos com seu primo, frei José Mariano da Conceição Veloso, consagrado botânico
à época.[8][9]
Vida adulta
Na crônica Memórias da Rua do Ouvidor, capítulo 7, o escritor e médico fluminense Joaquim Manuel de
Macedo relata que, neste mesmo ano de 1787, Tiradentes conhece uma certa "Perpétua Mineira", dona de
uma casa de pasto na rua do Ouvidor, na cidade do Rio de Janeiro e apaixonam-se, mantendo um romance
por pouco mais de dois anos. Em 1790, o Conde de Resende é nomeado Vice-Rei do Brasil, com a missão
de acabar com a conspiração mineira. Perpétua também passou a ser espionada, sua casa de pasto foi por
vezes invadida e já não se encontrava mais com Tiradentes, que já havia sido preso. Segundo a crônica,
Perpétua foi vista pela última vez em 21 de abril de 1792 nas proximidades da forca onde havia sido
executado seu amante.[11]
Após a licença da cavalaria, Tiradentes morou por volta de um ano na cidade carioca. De volta às Minas
Gerais, começou a pregar em Vila Rica e arredores, a favor da independência daquela capitania. Fez parte
de um movimento aliado a integrantes do clero e da elite mineira, como Cláudio Manuel da Costa, antigo
secretário de governo, Tomás Antônio Gonzaga, ex-ouvidor da comarca, e Inácio José de Alvarenga
Peixoto, minerador e grande proprietário de terras na Comarca do Rio das Mortes. O movimento ganhou
reforço ideológico com a independência das colônias estadunidenses e a formação dos Estados Unidos.
Julgamento e sentença
JUSTIÇA que a Rainha Nossa Senhora manda fazer a este infame Réu Joaquim José da
Silva Xavier pelo horroroso crime de rebelião e alta traição de que se constituiu chefe, e
cabeça na Capitania de Minas Gerais, com a mais escandalosa temeridade contra a Real
Soberana e Suprema Autoridade da mesma Senhora, que Deus guarde.
MANDA que com baraço e pregão seja levado pelas ruas públicas desta Cidade ao lugar
da forca e nela morra morte natural para sempre e que separada a cabeça do corpo seja
levada a Vila Rica, donde será conservada em poste alto junto ao lugar da sua habitação,
até que o tempo a consuma; que seu corpo seja dividido em quartos e pregados em iguais
postes pela estrada de Minas nos lugares mais públicos, principalmente no da Varginha e
Sebollas; que a casa da sua habitação seja arrasada, e salgada e no meio de suas ruínas
levantado um padrão em que se conserve para a posteridade a memória de tão abominável
Réu, e delito e que ficando infame para seus filhos, e netos lhe sejam confiscados seus
bens para a Coroa e Câmara Real. Rio de Janeiro, 21 de abril de 1792, Eu, o
desembargador Francisco Luiz Álvares da Rocha, Escrivão da Comissão que o escrevi.
Sebão. Xer. de Vaslos. Cout.º[20][21]
— Sentença proferida contra o réu Joaquim José da Silva Xavier
Para escapar das perseguições da coroa e da população, um destes supostos netos trocou seu sobrenome
para Zica, dos quais alguns descendentes recebem pensões.[24]
Viveu em Uberaba, uma neta de Tiradentes, nascida em março de 1819, Carolina Augusta Cesarina,
falecida, com 86 anos de idade, em 30 de setembro de 1905, em Uberaba.[25]
O país vivia ainda sob a ditadura militar quando um decreto-lei criou a pensão de dois salários mínimos
para Pedro de Almeida Beltrão Júnior, Maria Custódia dos Santos e Zoé Cândida dos Santos.[26] O regime
tentava criar um ambiente de ufanismo e estimulava o culto aos heróis da pátria, como o líder da
Inconfidência Mineira.
Em plena redemocratização, o Congresso aprovou e o então presidente José Sarney sancionou, em 1985,
uma lei que estendia o benefício a Josa Pedro Tiradentes, um mineiro que adotou o apelido do trisavô como
sobrenome.[26] A lei 7 705, de 21 de dezembro de 1988, concedeu pensão especial a mais três trinetos de
Tiradentes: Jacira Braga de Oliveira, Rosa Braga e Belchior Beltrão Zica.[27] Além destes, também foi
concedida à sua tetraneta Lúcia de Oliveira Menezes, por meio da Lei federal 9 255, de 3 de janeiro de
1996, uma pensão especial no valor de R$ 200,00.[28] A tetraneta diz ter cerca de duzentos parentes da
mesma geração. Em tese, todos poderiam pedir o benefício à Justiça.[26]
Impacto cultural
Uso historiográfico
Outra versão diz que por inconfidência era termo usado na legislação
portuguesa na época colonial e que "entendia-se por inconfidência a
Estátua de Tiradentes no quebra da fidelidade devida ao rei, envolvendo, principalmente, os crimes
Quartel do Comando Geral da de traição e conspiração contra a Coroa", e, que para julgar estes crimes
Polícia Militar do Estado do
eram criadas "juntas de inconfidência".[35]
Piauí.
Historiadores como Francisco de Assis Cintra e o brasilianista Kenneth
Maxwell procuram diminuir a importância de Tiradentes, enquanto
autores mineiros como Oilian José e Waldemar de Almeida Barbosa procuram ressaltar a sua importância
histórica e seus feitos, baseando-se, especialmente, em documentos no Arquivo Público Mineiro.
Atualmente, onde se encontrava sua prisão, funcionou a Câmara dos Deputados na chamada Cadeia Velha,
que foi demolida e no local foi erguido o Palácio Tiradentes que funcionava como Câmara dos Deputados
até a transferência da capital federal para Brasília. No local onde foi enforcado ora se encontra a Praça
Tiradentes e onde sua cabeça foi exposta fundou-se outra Praça Tiradentes. Em Ouro Preto, na antiga
cadeia, hoje há o Museu da Inconfidência.
Feriado
Carnaval
Tiradentes recebeu grande homenagem popular do G.R.E.S. Império Serrano, que desfilou em 1949
entoando o samba Exaltação a Tiradentes, cujos autores são Mano Décio, Estanislau Silva e Penteado.[30]
Em 2008, a escola Unidos do Viradouro, com o tema "É de arrepiar", desfilou no carro de número 5 –
"execução da liberdade" – o destaque com o carnavalesco Paulo Barros fantasiado de Tiradentes.[36]
Representações no audiovisual
Cinema
Televisão
1969 – Dez Vidas, telenovela de Ivani Ribeiro, TV Excelsior (ator: Carlos Zara)
1976 – Saramandaia, telenovela de Dias Gomes, Rede Globo (ator: Francisco Cuoco —
aparição especial).
2016 – Liberdade, Liberdade, telenovela de Mário Teixeira e Márcia Prates, Rede Globo
(ator: Thiago Lacerda)[37]
Ver também
Inconfidência Mineira
Filipe dos Santos Freire
Alberto Delpino
Notas
1. A Fazenda do Pombal está localizada em terras pertencentes hoje ao município de
Ritápolis e que na época eram disputadas por São João del-Rei e São José do Rio das
Mortes. Esta disputa foi resolvida somente em 1755 em favor da Vila de São José. Há ainda
hoje, todavia, uma disputa por esses três municípios (Ritápolis, São João del-Rei e
Tiradentes) sobre qual seria considerada a cidade natal de Tiradentes.
Referências
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4. «Joaquim José da Silva Xavier - Tiradentes» (http://www.sjdr.com.br/historia/celebridades/tir
adentes.html). São João del Rei On-Line. Consultado em 25 de novembro de 2018
5. A vila de São José del-Rei foi criada em 1718, compondo-se de todo território pertencente à
Vila de São João del-Rei que se localizava à margem direita do Rio das Mortes. Porém a
Vila de São João del-Rei contestou essa perda territorial e a questão só foi resolvida em
1755.
6. «Biografia de Tiradentes» (https://www.ebiografia.com/tiradentes/). eBiografia. Consultado
em 22 de abril de 2022
7. CHIAVENATO, Júlio José. Inconfidência Mineira - As Várias Faces. São Paulo: Contexto,
2000. pág. 25.
8. José Bonifácio de Andrada e Silva: O Patriarca da Independência", de Adriana Barreto de
Souza (Editora Contexto, 2015).
9. Artigo "José Bonifácio de Andrada e Silva: médico, botânico e naturalista", de Ana Maria
Alfonso-Goldfarb, publicado na Revista Brasileira de Educação Médica, em 2007.
10. CHIAVENATO, pág. 26.
11. Joaquim Manuel de Macedo (1878). «7». Memórias da Rua do Ouvidor (https://books.googl
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Ligações externas
«Tetraneta de Tiradentes tem pensões mantidas pelo STF» (http://www.stf.jus.br/portal/cms/
verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=71124&caixaBusca=N). STF
Tiradentes e seus juízes (http://www.tjba.jus.br/publicacoes/mem_just/volume2/cap8.htm)
Ordenações filipinas - Crime de Lesa-majestade (http://books.google.com.br/books?id=KH9i
lwvHp9AC&pg=PA69&lpg=PA69&dq=lesa+majestade+ordena%C3%A7%C3%B5es+filipin
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