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2. Fisicamente, o pai de Simão é muito feio, ao passo que a mãe é lindíssima; psicologicamente, ele não é
muito inteligente («Os dotes de espírito não o recomendavam também», l. 11), subjugando-se a D. Rita no
seu matrimónio. Ela é arrogante e autoritária para com o marido («A dama do Paço não foi ditosa com o
marido.», l. 29). Socialmente, ele provém da fidalguia provinciana; ela, da aristocracia lisboeta.
4. O contraste entre Lisboa e a província é apresentado pelos olhos de D. Rita, dama do Paço. A
«província» surge como um espaço rural atrasado, onde persistem os valores tradicionais: «A [liteira] dos
Correias de Mesquita era a mais antiquada no feitio, e as librés dos criados as mais surradas e traçadas que
figuravam na comitiva.» (ll. 40-42); «– Em que século?! O século tanto é dezoito aqui como em Lisboa. –
Ah! sim? Cuidei que o tempo parara aqui no século doze…» (ll. 48-49); «Dizia ela depois, que os fidalgos de
Vila Real eram muito menos limpos que os carvoeiros de Lisboa.» (ll. 53-54).
4.1 A ironia está ao serviço da explicitação desse contraste. O atraso rural português e a decadência da
nobreza provinciana são apresentados de forma irónica e trocista.
5. Por exemplo:
– «o epíteto* de “brocas” com que ainda hoje os seus descendentes em Vila Real são conhecidos» (ll. 12-
13);
– «o mais novo do préstito, que ainda vivia há doze anos, me dissesse a mim» (ll. 59-60).
Nota: *epíteto – alcunha