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O pensamento quântico não é místico

Como Tudo O Que Conhecemos Pode Mudar Na


Sociedade, Na Política, Na Economia, Na Arte, E,
Principalmente, Em Nós Mesmos. E Já Está
Acontecendo...
Por

LEOPOLDO PONTES
O Pensamento
Quântico Não É
Místico.
Como Tudo O Que Conhecemos Pode Mudar Na
Sociedade, Na Política, Na Economia, Na Arte, E,
Principalmente, Em Nós Mesmos. E Já Está
Acontecendo...
Por

LEOPOLDO PONTES
“(...) “Você é dona do seu destino” (...)”
Palavras de Melissa Belinque, personagem principal, psicóloga, in
Lustosa, Renata – Confissões de uma Terapeuta, página128. © 2019, 2ª. ed.
© Copyright (2022) por Leopoldo Luiz Rodrigues Pontes - Todos os direitos
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documento em meios eletrônicos ou impressos. A gravação desta publicação é estritamente
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À Fafí
Sumário
Introdução. .............................................................................................................................................. 8
O Panteísmo. ......................................................................................................................................... 11
Os Deuses Anímicos. .............................................................................................................................. 12
O Senso Comum..................................................................................................................................... 14
O Ying E O Yang E A Polarização. ............................................................................................................ 15
a. Eleições de 2022. ...................................................................................................................... 21
O Pacifismo. ........................................................................................................................................... 22
O Estoicismo. ......................................................................................................................................... 23
As Restrições Alimentares. ..................................................................................................................... 26
A Ioga. .................................................................................................................................................... 29
O Humanismo. ....................................................................................................................................... 32
Razão e Fé.............................................................................................................................................. 34
A Ideologia. ............................................................................................................................................ 35
O Pensamento Científico........................................................................................................................ 36
A Intuição............................................................................................................................................... 40
O Método Indutivo................................................................................................................................. 42
O Niilismo. ............................................................................................................................................. 43
A Navalha de Occam. ............................................................................................................................. 45
A Semiótica. ........................................................................................................................................... 46
A Anarquia. ............................................................................................................................................ 47
O Imperativo Categórico. ....................................................................................................................... 48
A Democracia. ........................................................................................................................................ 49
O Socialismo. ......................................................................................................................................... 53
O Positivismo. ........................................................................................................................................ 54
O Existencialismo. .................................................................................................................................. 55
O Totalitarismo. ..................................................................................................................................... 56
a. O Totalitarismo de Direita. ...................................................................................................... 56
b. O Totalitarismo de Esquerda. .................................................................................................. 57
O Pensamento Analógico. ...................................................................................................................... 58
O Pensamento Digital............................................................................................................................. 59
O Silogismo. ........................................................................................................................................... 60
A Dialética. ............................................................................................................................................. 62
A Polialética. .......................................................................................................................................... 64
O Tempo e o Espaço. ............................................................................................................................. 66
O Holismo. ............................................................................................................................................. 68
O Pensamento Quântico (pQ). ............................................................................................................... 73
a. A Teoria De Tudo E A Enciclopédia. ......................................................................................... 75
b. O Teletransporte. ..................................................................................................................... 77
c. O Computador Q. ..................................................................................................................... 78
d. O Raciocínio Q. ......................................................................................................................... 80
e. A Intuição Q. ............................................................................................................................. 81
f. A Inteligência Artificial Q. ........................................................................................................ 82
g. Androides Orgânicos. ............................................................................................................... 83
O Que Muda Com O pQ. ........................................................................................................................ 84
a. O Que Muda Na Sociedade ...................................................................................................... 87
b. O Que Muda Na Política. .......................................................................................................... 88
c. O Que Muda Na Economia. ...................................................................................................... 89
d. O Que Muda na Arte. ............................................................................................................... 90
e. O Que Muda Em Nós Mesmos. ................................................................................................ 91
f. O Que Muda Nos Direitos Humanos........................................................................................ 93
g. O Que Muda No Controle Pelo Poder...................................................................................... 94
h. Já Está Acontecendo................................................................................................................. 96
Últimas Palavras..................................................................................................................................... 97
Sobre O Autor. ....................................................................................................................................... 99
Livros e e-Books de Leopoldo Pontes: ............................................................................................... 101
Índice: ................................................................................................................................................. 102
Introdução.

As pessoas misturam muito pensamento quântico com misticismo. Não


farei isso aqui. Minha informação tem um parecer humano, científico às vezes,
intuitivo outras. Mas não místico.
Não considero que o pensamento quântico seja uma fórmula mágica. É,
na verdade, uma mentalidade posterior à digital.
Quem tem um comportamento analógico, polialético, aberto a
pensamentos diferentes ao seu próprio, está mais próximo do pensamento
quântico, que está nascendo e é o que podemos chamar de futuro, dentro das
possibilidades.
Creio que cada um de nós tem uma vibração, assim como cada vegetal,
qualquer tipo de ser vivente, até os minerais – que são uma forma de vida. A
Terra vibra, cada satélite, natural ou não, vibra. Cada planeta, cada partícula do
universo tem sua própria vibração, cada universo tem sua própria vibração. Mas
esse assunto nada tem a ver com a mecânica quântica. Muito menos com o
pensamento quântico.
Essa história de dizer que “o universo conspira a nosso favor” não tem
nada a ver, por favor, com o que quero trazer para você.
O pensamento quântico é uma forma de especular intuitivamente, ao
mesmo tempo que logicamente. Mas como já disse, é uma lógica polialética,
muito além da mera dialética.
Devemos esquecer o dualismo, o binário.
Compreender o ying/yang é ir muito além do feminino/masculino, do
negativo/positivo. Os antigos chineses já pensavam quanticamente.
Dentro do pensamento quântico, não existem ideias tais como 2+2=4,
mas existem possibilidades. Há o Princípio da Incerteza. Então, por exemplo,
2+2=infinitas possibilidades. Assim com tudo! Nada é para sempre, tudo pode
ser alterado.
Não podemos mais falar em verdades absolutas, muito menos na
existência de uma única verdade. Tudo são probabilidades.
Para quem não conhece, existe a experiência mental do “gato de
Schrödinger” (Não sei pronunciar esse nome...): esse físico colocou um gato
dentro de uma caixa. Na realidade, não existe o gato nem a caixa. É tudo um
jogo mental. Irwin Schrödinger fez esse experimento matematicamente.
Dentro dessa caixa fechada, há um veneno para gatos e um contador
Geiger. O contador Geiger mede a radiação em corpos e no ambiente. Há
também um martelo, para que se houver um decaimento atômico, o martelo
quebra o tubo de veneno e... mata o gato?
Enquanto a caixa está fechada, nada se pode saber a respeito do gato. Há
o que se chama de sobreposição de possibilidades: ele pode estar vivo,
vivomorto, mortovivo, dormindo, morto, ou em qualquer outro estado, ou em
mais de um estado ao mesmo tempo. A única maneira de se saber o resultado é
abrindo-se a caixa.
Enquanto não se abre a caixa, o gato está numa sobreposição quântica:
múltiplas possibilidades. Apenas o observador, após abrir a caixa, saberá o
resultado.
É como no cotidiano. Existem infinitas possibilidades para o futuro de
cada um de nós. Podemos prever com base em alguma coisa, porém as bases
são sempre flutuantes, o que nos leva à total incerteza quanto aos nossos
futuros.
Os mapas astrais se baseiam em marcações fixas: data, hora e local do
nascimento, por exemplo, sem se ater aos milisegundos, à latitude e longitude
de onde foi o parto, entre outros detalhes, quanto aos pais biológicos, por
exemplo, os mapas astrais deles e suas influências sobre o rebento, as
influências astrais recebidas durante a vida do freguês, etc.
A medicina estará mais avançada no dia em que o resultado de um exame
for imediato, e o médico poderá dizer: “Neste instante, você está assim! As
melhores possibilidades que constato para sua melhora são...”
O pensamento quântico é um mar infinito de incertezas.
Portanto, conforme o observador do gato de Shrödinger, enquanto não
abrirmos a caixa podemos escolher entre as infinitas possibilidades. E a
realidade pode ser diferente para cada observador, isto é, para cada um de nós.
Para um, pode ser mais densa; para outro, mais sutil.
No pensamento quântico, não existe separação entre o pensar e o realizar,
é tudo uma coisa só. Nossa movimentação cria nossa realidade. E ela pode
mudar a cada situação.
Agora, vou falar sobre alguns dos tipos de pensamentos existentes na
Terra.
O Panteísmo.

Tudo é Deus! As montanhas são Deus, os rios são Deus, o mar é Deus, os
seres humanos, cada um, e como humanidade, são Deus. Os animais são
Deus. Os sons são Deus.
Não há limites.
Não é dizer que tudo foi criado por ele. Não existe Ele.
Existe o Tudo. A natureza é tudo.
A ideia da Mãe-Terra e da Deusa-Mãe nasceu depois do Panteísmo.
O panteísmo é a ideia primordial de toda a política, economia, sociedade,
comunidade.
Não há pensamento de indivíduo, mas de pertencimento. Não sou, faço
parte do Ser.
Não louvo ao Ser, pois estaria louvando a mim mesmo.
Não há religião, não há confraternização de pessoas, não há a persona,
apenas a união do todo.
Não estou falando de um periodo histórico, mas de uma ideia que existe,
e que é própria de alguns indivíduos.
Os antigos gregos diziam “entopan”. Isso quer dizer “Tudo é Um”.
O que existe é a unidade. O Todo. Não há ideia de persona.
Os Deuses Anímicos.

Cada força da natureza é um deus.


Cada qual adquire seu nome, seus atributos, as maneiras de ser louvado,
os locais onde deve ser louvado.
Com o passar do tempo, as pessoas que os louvam começam a construir
altares e templos para esses deuses, esperando em troca retribuições materiais.
Há casos em que essas pessoas esperam retribuições de outro tipo.
Encontramos a crença em deuses anímicos também nas filosofias que
tratam das energias das forças da natureza, e que, muitas vezes, dão nomes a
elas. Vemos isso com as bruxas Wicca, com seitas esotéricas e exotéricas.
Religiões de toda a sorte têm seus deuses diferenciados. Assim era com
os sumérios, com os antigos epípcios – com exceção dos dezenove anos que
foram obrigados a cultuar o deus Rá (Sol), como único, sendo uma religião
monoteísta estatal –, com os antigos gregos, com os antigos romanos – que
tomaram para si a religião grega e a adaptaram – e, mais modernamente, com as
religiões de origem africana, como o candomblé, a umbanda, a quimbanda, os
cultos do Haiti, entre muitas outras.
Sócrates nunca acreditou realmente nos deuses gregos, e ensinava isso,
entre outras coisas, a seus discípulos. Foi condenado à morte, por desvirtuar o
pensamento de seus jovens.
Isso, podemos dizer, se Sócrates existiu realmente, se não era apenas um
alter-ego de Platão. Platão era tão inteligente, que não se conteve numa única
personalidade, e adquiriu um duplo que se manifestava, inclusive, fisicamente.
Isso é algo em que acredito piamente, baseado nos escritos desse
grandioso e excepcional filósofo. Pelo menos, nos escritos que chegaram até
nós, que não se perderam através dos séculos, seja pela própria erosão dos
tempos, ou pela censura da Inquisição.
Assim, Platão era casado e teve descendência. Sua dupla personalidade
era casada com outra mulher, não teve descendência, mas podia expor ideias
que ele mesmo não tinha coragem de expor.
Assim, Xantipa não pôde ver a morte de Sócrates, pois foi apenas a
junção das duas personalidades em uma só.
Assim, temos Platão como poeta, antes de conhecer Sócrates. Platão
como discípulo de Sócrates. E um terceiro Platão, filósofo que incorporou
Sócrates em si, mas que não podia mais falar com a liberdade de seu antigo
alter-ego. Porém, de certa forma, estava “curado”. Bom? Pelo menos se tornou
mais inteligente, somando a sabedoria de Sócrates e a “dele mesmo”.
De qualquer forma, falamos dos deuses anímicos, não só como religião,
mas como filosofia.
A ciência tratou a natureza, durante muitos séculos, como objetos
separados. Uma planta determinada, um animal determinado, um protista
determinado, um mineral determinado, o ser humano como um relógio.
Essa forma de ver as coisas tem as ver com os deuses anímicos, ainda
que, historicamente, ocorresse em ambientes onde as pessoas fossem atéias,
monoteístas, adeptas de um santo particular, qualquer coisa, ou simplesmente
não pensassem nisso.
O Senso Comum.

Ele diz respeito às crenças de determinada cultura, transmitidas por


tradição, e é considerado verdadeiro.
O senso comum é o resultado da percepção das sensações próprias dos
cinco sentidos.
A verdade obtida pelo senso comum pode ser comprovada pelo método
indutivo ou pelo método dedutivo, ou por qualquer dos métodos adiante
comentados.
O Ying E O Yang E A Polarização.

Os chineses tinham um símbolo chamado Tao, que era um círculo


dividido por um S. Eram os dois extremos que se tocavam. Dentro de cada
extremo, tinha uma bolinha que era igual ao outro extremo. Assim, se uma face
era feminina, ela tinha dentro de si um circulinho masculino. E vice-versa. Eram
chamados de Ying e Yang. (Pronuncia-se uin e iang.)
O Ying era preto, e o Yang, branco. Mas podia ser o inverso. Já vi
símbolos em que um era vermelho e o outro branco, ou preto. Na verdade, isso
não importa. Cada qual dentro de si tinha um circulinho da cor contrária.
Por aí nós vemos escrito yin e yang, mas acho que, do meu jeito,
represento melhor a ideia, por assim dizendo, de uma certa maneira. Porque
mudando apenas uma sílaba, é como se mudasse apenas a cor.
São dois polos do mesmo tamanho.
Não podem ser confundidos com o bem e o mal. O bem é o Tao, o
equilíbrio entre as forças contrárias, o mal é o desequilíbrio.
O ser humano nunca é Tao, mas pode, e deve, sempre buscar o Tao, o
equilíbrio entre o positivo e o negativo, a vida e a morte.
Também a verdadeira vida é o Tao, pois está além da vida e da morte.
A palavra “Tao” é literalmente traduzida como “via”, “caminho”,
“vereda”. A compreensão verdadeira do Tao só é obtida pela intuição, sobre a
qual falaremos mais adiante.
O Tao é uma condição para se atingir um fim. Ele indica uma jornada
espiritual, mental, emocional e até física. Ele é o absoluto, o todo, embora dual,
constituído pelo Ying e pelo Yang.
O Ying e o Yang são facetas contraditórias, porém complementares. Uma
não vive sem a outra. Podem ser representadas por dois dragões de cores
diferentes, brigando. Ou por dois amantes.
Quando uma pessoa está em desequilíbrio, ela tende ao mal; quando ela
se aproxima do equilíbrio, ela tende ao bem. Nós devemos estar sempre de
acordo com o movimento do Tao. Nunca alguém está totalmente equilibrado. O
Tao, para o ser humano, é um ideal inalcançável. Quando alguém diz que está
em total equilíbrio, é bom tomarmos cuidado com essa pessoa.
O todo é o Tao. Não a soma das partes, mas o total indivisível. É tudo o
que existe e o que não existe, o visível e o invisível, o material e o imaterial.
Seu princípio fundamental é a virtude, que proporciona ao ser humano a
perfeição. A virtude sustém tudo o que é criado pelo Tao. Essa criação flui
sempre da mesma maneira, desde seu nascimento até a eternidade.

“Tao-Te-King, capítulo IV:


O Tao é o nada
E seu uso jamais o esgota
É muito e muito profundo e amplo
Como a raiz dos dez mil seres
Ele cega o corte
Ele desata o nó
Ele se harmoniza à luz
Ele se iguala à poeira
Límpido como a existência eterna
Não sei de quem sou filho
Venho de antes do rei dos Céus.”

O Tao realiza tudo através do não-agir, mas não da inação. Explico.


O Tao ensina a não-ação do ser humano, isto é, agir com espontaneidade
natural, de acordo com a natureza das coisas. É o princípio que nos ensina o
atual ambientalismo e a psicologia do bem-estar, fundamentada inclusive em
muitos livros de autoajuda.
O princípio da não-ação foi desvirtuado por algumas formas de taoísmo,
que o interpretaram como inação. Isto é, não fazer nada diante de qualquer
situação. Para eles, isso seria o não-agir.
A maneira de ser espontânea, não-agindo, evita a sensação de perda, a
angústia, a dor, enfim.
Devemos aceitar nossos limites. Não adianta querermos realizar coisas
além de nossas possibilidades, pois isso apenas causa a dor. Esse é o caminho
da felicidade.
Devemos sempre buscar as melhores soluções para cada situação, ou seja,
a que seja a mais pacificadora.
Devemos agir sem expectativas de gratidão, ou recompensa, por parte do
outro, para evitar o desespero, a descrença no ser humano, a dor.
Devemos simplificar a vida, a fim de alcançar um maior prazer mental,
emocional e espiritual.
Devemos saber quando usar a razão, sobre a qual falaremos mais adiante,
e quando usar a intuição.
Devemos ser humildes: reconhecer que nada sabemos (“Só sei que nada
sei”- Sócrates).
O Tao ensina que, quanto mais uma faceta tenta ser extrema, mais se
aproxima da contrária. E vice-versa.
No ocidente, Carl Jung ensinou isso dizendo que, toda mulher tem um
“animus”, que é seu lado masculino; e todo homem tem sua “anima”, que é seu
lado feminino.
Isso vale para todo mundo. Alguns tem seu lado feminino mais
fortalecido que outros. Algumas tem seu lado masculino mais fortalecido que
outras.
O “anima” tem a ver com o Ying; o “animus”, com o Yang.
Algumas pessoas são mais Yang.; outras, mais Ying. A idade também vai
transformando uma jovem com tendência Yang a um ser maduro com tendência
Ying. Todavia, isso não vai dizer que elas não tenham, dentro de si, um ímpeto
de tendências inversas ao que elas expõem a si mesmas, à sua volta, e à
sociedade.
O Tao-Te-King (Tao-Te-Ching) e o I-Ching (I-King) são as principais
derivações do Tao.
O Tao-Te-King é, para alguns, literatura; para outros, filosofia; para além,
um livro sagrado. Sua autoria é atribuída a Lao-Tsé (Lao Tzu), um dos antigos
sábios, assim como Confúcio e Sidarta Gautama.
O I-Ching é, para alguns, um meio de se adquirir sabedoria; para outros,
um método de adivinhação, de sortilégio. Embora durante uma época tenha sido
atribuída sua autoria a dois sábios chineses, hoje essa tese não é mais
reconhecida, embora seu nascimento tenha ocorrido na China.
O Taoísmo e, para alguns, uma filosofia; para outros, uma ideologia; para
além, uma religião. Ele interpreta o Tao-Te-King.
Do Tao surgiram também as lutas marciais asiáticas e a macrobiótica.
De cada derivação, surgiram vários mestres e escolas. Apareceram até
algumas que modificaram o símbolo original.
No ocidente, a dualidade produziu o extremismo.
A Revolução Francesa criou a dicotomia entre Esquerda e Direita. De lá
para cá, a política mundial tem se norteado por essas duas grandes tendências,
que se subdividem em suas próprias particularidades.
Assim, os Estados Unidos têm dois grandes partidos, os republicanos e os
democratas, ambos de extrema-direita, com pequenas diferenças entre eles.
Existem outros partidos, mas ninguém liga para eles.
Quando a União Soviética fez a revolução de 1917, era pra seguirem a
doutrina de Karl Marx. Porém, mudanças práticas ocorreram, e cada novo
governante imprimia sua própria visão. Todos totalitários.
Muitos dos países norteados pela União Soviética, não tiveram condições
de conhecer a democracia, mesmo após a queda do muro de Berlim, em 1989,
como Cuba e a própria Rússia, que mantêm uma classe privilegiada no poder,
capitalistas com muito poder econômico, e uma enorme classe destituída de
bens materiais, saúde e educação.
O mundo político, atualmente, está polarizado. Especificamente no
Brasil, entre Direita e Esquerda. A direita é representada pela pessoa do
presidente Bolsonaro, e a esquerda pelo ex-presidente Lula e pelo Partido dos
Trabalhadores.
Essa polarização contradiz o multipartidarismo previsto na Constituição
da República, vigente desde 1988. E não tem nada a ver com o Tao.
Por outro lado, tem tudo a ver. Pois, os polos contrários, que tentam ser
tão diferentes, são igualmente corruptos, igualmente politiqueiros, igualmente
carreiristas na política, não deixando espaço para que outros ocupem os seus
lugares.
Ambos têm tendências totalitárias, ambos são contra a livre-expressão do
jornalismo e dos meios de comunicação social, assim como, se puderem, onde
puderem, censuram a possibilidade de democracia digital.
Ambos são antidemocráticos.
Ambos são autoritários.
Ambos têm tendência a serem ditadores populistas.
Ambos querem tudo para si e para os que lhes favoreçam, de alguma
forma, sejam parentes, correligionários e afins: bens materiais e imateriais,
incluindo direitos pessoais a qualquer custo.
Ambos não têm em quem possam confiar de verdade.
São tão contrários que se encostam.
Dentro de cada um, há alguma coisa do outro. No caso, bastante.
Ambos, não têm mais que uma ideologia marcada por palavras de ordem
e poucos ideais.
Ambos têm, como objeto de vida, o Poder. Porque, dinheiro e bens
materiais, já têm de sobra, embora nunca seja o bastante para seus objetivos de
ascensão e conquista.
Com o Poder, vem a obtenção de mais e mais bens imateriais.
São pessoas que precisariam de uma terapia urgente, para tratá-los dessa
doença, que é a busca incansável pelo Poder. Doença essa que acomete os
políticos brasileiros em sua imensa totalidade.
Segundo Freud, essas pessoas que buscam o Poder a qualquer custo, estão
presas na fase anal, que está situada entre os dois e os quatro anos de idade. É a
fase em que a criança é treinada no uso do banheiro, e passa a se interessar pelas
fezes, pelo funcionamento intestinal e pela possibilidade de segurar ou soltar
seus excrementos.
“A obtenção do controle fisiológico é ligada à percepção de que esse
controle é uma nova fonte de prazer. Além disso, as crianças aprendem com
rapidez que o crescente nível de controle lhes traz atenção e elogios por parte de
seus pais. O inverso também é verdadeiro: o interesse dos pais no treinamento
da higiene permite à criança exigir atenção tanto pelo controle bem sucedido
quanto pelos ‘erros’.” (Fadiman, J. e Fragner, R – Teorias da Personalidade,
Editora Harbra, 1986, página 13.)
“Como se inicia nesta fase [a anal] a ideia de poder e de controle,
percebemos que quando o adulto se encontra fixado na fase anal, a avareza
inevitavelmente estará presente. Lembremos que o dinheiro é popularmente tido
como sujo e está fortemente atrelado à ideia de poder.” (Apostila do módulo 2
do curso EAD de psicanálise “cursos 24 horas”, no capítulo 3.2 – Fases do
desenvolvimento da libido.)
Há um ditado: “o poder é o sexo dos velhos”. E dos insatisfeitos na vida.
Existem exceções. Ora, as exceções não fazem carreira. Por serem
exceções, buscam o bem-estar do povo, e não de si mesmos. Não duram mais
que um mandato. Quando conseguem ser eleitos. Quando as exceções perdem
os ideais, tentam seguir carreira na política. Aí, não se pode mais confiar neles.
a. Eleições de 2022.

Quando escrevi este livro, ainda não haviam ocorrido as eleições de 2022.
Por isso, não tenho uma análise precisa do que aconteceu.
Todavia, posso prever que o dinheiro falou mais alto, e venceu o
candidato que mais conjuminações fez com os maiores poderes econômicos
vigentes: banqueiros e multinacionais, no caso das eleições para o executivo
federal.
O Pacifismo.

O pacifismo se opõe a toda forma de violência, guerra e terror entre os


povos. Ele é contrário ao uso da força física, moral, emocional, espiritual, ou
qualquer tipo de força bruta, ou mesmo a sutil.
Ele entende que os envolvidos em questões de contrariedade devem se
entregar em meios pacíficos, para resolvê-las da melhor maneira. É uma forma
prática do Tao.
No ocidente, o pacifismo surgiu no início do século XIX, quando pessoas
se organizaram em associações em prol da paz. Com o passar das décadas, foi
ganhando prestígio junto a diversas ideologias (falaremos sobre esse termo mais
adiante).
Toda a História anterior a essa época foi marcada por guerras como
constância, e breves períodos de paz. Os países eram formados e deformados
através de brigas militares constantes, com soldados armados a pé, sobre
cavalos ou outros animais, ou sobre carros puxados por esse animais, quando
não sobre embarcações, com o fito de matarem-se uns aos outros, genocidar,
conquistar terras e bens materiais, dominar culturas, tentando sobrepujar os
povos dominados, quando não se imiscuíam, mesclavam-se, criando classes ou
castas.
O século XX teve as duas guerras mundiais e a Guerra Fria, que findou
em 1989. Mas os Estados Unidos, a Rússia e a China, potências militares,
tentam manter invasões contra pequenos países, a título de desculpas como
“combater o terrorismo”, até hoje, princípio do terceiro milênio.
Entretanto, países como o Brasil, apesar da democracia interna abalada,
mantêm um espírito de paz, e união com diversos outros povos.
O pacifismo tem ideologias que o apoiam, como o humanismo (falaremos
sobre ele mais adiante) e algumas religiões, assim como movimentos históricos
passados e presentes: Mahatma Gandhi, na luta pela independência da Índia
através da não-violência; os hippies dos anos 1960 nos Estados Unidos, contra a
guerra do Vietnã, através do movimento da paz e amor; e o monge budista Dalai
Lama, representante do governo do Tibet, atualmente exilado.
O Estoicismo.

Essa forma de pensamento crê na simplicidade do viver: o mínimo que


baste, o evitar desejos de coisas que não estejam sob nosso alcance, evitar
querer controlar o que não podemos controlar.
Embora tenha sido o filósofo grego Zenão o fundador dessa escola,
Sêneca e Marco Aurélio são bem considerados, mas o meu preferido é Epicteto,
que foi contemporâneo de Paulo de Tarso (São Paulo), com quem mantinha
correspondências constantes.
Seu livro “Manual para a Vida”, ou “A Arte de Viver”, é uma verdadeira
lição para todos os livros de autoajuda que vicejam atualmente pelas editoras.
Cada ítem de seu manual é o tema de coleções que vivem por aí. Os
comentários de cada ítem são o tema de livros e mais livros que são editados
atualmente. A tradução que sigo é a de Sharon Lebell.
Senão, vejamos o ítem um: “Saiba distinguir entre o que você pode
controlar e o que não pode.”
Isso é fundamental para a felicidade, para o bem estar, para o bem viver:
diferenciar o que está sob nosso controle e o que não está. É a primeira coisa a
fazermos para estabelecermos nossas metas e limites, e viver dentro deles, não
querendo ir além.
O ítem quatro diz: “Os desejos exigem sua própria realização.”
Quer dizer que se procurarmos evitar o que é indesejável e contrário ao
nosso bem-estar, mantendo o que está sob nosso controle, isso não tratrá
sofrimentos a nós e aos que estiverem à nossa volta.
O ítem cinco diz: “Veja as coisas como elas são.”
Ou seja, nada acontece para atender as nossas expectativas. “Os fatos
acontecem como têm de acontecer. As pessoas comportam-se de acordo com o
que são.”
Assim, o filósofo ensina que não devemos querer ver burros com cabeças
de unicórnios. As coisas são como elas são. Não devemos esperar das pesssoas
o que elas não nos podem dar, nem aguardar acontecimentos impossíveis.
O ítem seis é uma lição para os ambientalistas: “Harmonize suas ações
com a maneira como a vida é.”
O ítem vinte e dois diz: “A felicidade só pode ser encontrada dentro de
nós.”
A invencibilidade está nessa circunstância. Não adianta tentarmos ser
maior do que podemos. Não é sábio irmos além de nossos limites. Seremos
felizes se conhecermos e respeitarmos esses limites.
O ítem quarenta e nove importa: “Tome posições.”
Ele mostra como não podemos ficar em cima do muro, mas ter opiniões
firmes, ainda que discutíveis.
O ítem cinquenta e dois manda: “Proteja sua razão.”
Epícteto implica que a razão é fundamental para a vida. Trata-se de um
pensamento que deve nortear nossas ações.
O item cinquanta e sete ensina o que os modernosos consideram de sua
autoria: “Tudo tem dois lados.”
Não precisa de explicação.
O ítem cinquenta e oito diz: “Pensar com clareza é vital.” E nos
comentários, há o seguinte: “A vida dedicada à sabedoria é uma vida voltada
para a razão.” E também o que se segue: “Dedique-se a compreender bem os
mecanismos da clareza de pensamento, e você não será ludibriado. Um
conhecimento sólido de lógica e das regras para uma argumentação eficaz será
sempre muito útil para você.”
O ítem cinquenta e nove é de extrema importância: “Chame as coisas
pelos seus verdadeiros nomes.”
Ou seja, dizer que fulano é sujinho não é o mesmo que dizer que ele toma
banho com muita rapidez. Ele comenta: “Não se arrisque a ser iludido pelas
aparências e a construir teorias ou interpretações baseadas em distorções apenas
por dar nomes errados às coisas. Concorde somente com o que é verdadeiro.”
O ítem sessenta e um é um verdadeiro resumo do livro: “Viva com
simplicidade, para o seu próprio bem.”
Epícteto ensina que a simplicidade é a forma de viver mais fácil, pois não
exige sofisticações e luxos, nem grandes gastos. Mas deixa claro que não
devemos nos orgulhar perante as outras pessoas por sermos simples. Ou
corremos o risco de nos orgulhar de nosso próprio orgulho.
O ítem sessenta e três é um alerta aos retóricos e aos adeptos da oratória:
“Viver a sabedoria é mais importante que saber a respeito dela.”
Enfim, o ítem derradeiro, o sessenta e cinco: “Comece a viver seus
ideais.”
Nada mais propício aos novos tempos, como sempre o foi.
As Restrições Alimentares.

As restrições alimentares existem com o intuito de deixar nosso corpo


mais saudável. São para emagrecer, ou para engordar, ou para adquirir mais
massa corporal, ou ainda para controlar o mau colesterol, ou para baixar o
açúcar no sangue, ou por qualquer outra razão.
Porém, o que nos interessa aqui, são as restrições alimentares com fundo
idealístico, seja religioso, filosófico, ou outro. Qualquer um, menos físico.
Normalmente, as pessoas que seguem estas normas, chegam a dizer que
fazem bem para o corpo. Pode ser sim, pode ser não, o que a ciência nutricional
diz em uma década, contradiz na próxima.
A primeira que quero salientar está no livro Levítico (Vayikrah), lei dada
aos judeus quando de sua caminhada pelo deserto. Ele faz parte da Torat, um
total de cinco livros: Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio.
Grande parte dos hebreus atuais considera a Torat todo o Antigo Testamento,
conforme a Bíblia do Rei Thiago.
Entre as normas mais conhecidas, está a de não juntar o leite da bezerra
com a carne do bezerro. A interpretação mais utilizada é a de não juntar
qualquer laticínio com qualquer tipo de carne.
Isso porque diversas religiões surgem de um mesmo livro, cada qual com
sua própria interpretação. Cada interpretação origina uma nova religião. Os
próprios judeus se dividem – ortodoxos, ultra-ortodoxos, liberais, etc – e cada
divisão tem sua própria maneira de interpretar a Torat.
Assim, a Bíblia católica tem várias traduções diferentes. Cada tradução é
uma interpretação diferente dos textos originais. A maioria é traduzida da
Vulgata, o texto latino de São Jerônimo. A Bíblia de Jerusalém, feita para
estudiosos, é traduzida diretamente do hebraico (Antigo Testamento) e grego
koiné – clássico (Novo Testamento).
A Igreja Católica tem Santos, com igrejas e rezas próprias, e histórias
próprias, e seus adeptos. Tem Ordens, cada qual com suas regras próprias.
A Bíblia protestante tem várias traduções diferentes, e cada interpretação
do mesmo livro dá origem a uma nova Igreja.
A Igreja Católica tem jejuns de pão e água para os padres. Tem também
um periodo do ano em que se não é permitido comer carne.
Os muçulmanos têm panelas diferentes para tipos distintos de carne. Faz
parte da interpretação do Corão. Há interpretações do Corão diferentes, que
criou os sunitas, os xiitas e os dervixes. Há os que creem que Alá é pacificador,
que são a maioria. Há o Talibã, que acredita no terrorismo, na luta armada, na
não-educação das mulheres, e que uma mulher só pode sair à rua se for
acompanhada por um homem, mesmo que seja um menino.
A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias tem a Palavra de
Sabedoria. É uma recomendação para que não tomem café, chá preto, chá
branco, ban-chá, nem fumem ou usem qualquer droga ilícita, ou o que possa
prejudicar seu corpo. Tais substâncias, todavia, são permitidas, quando
receitadas por uma autoridade médica responsável. Alguns adotam normas
alimentares como as que descrevo a seguir.
Existe o vegetarianismo. Ele propugna pela não ingestão de produtos de
origem animal. O vegetariano se alimenta apenas de vegetais, e considera isso
um modo de proteção da vida animal na Terra. Não consome ovos, nem leite.
Alguns aceitam o consumo de peixes.
O veganismo é mais excludente. Além de se alimentar apenas de produtos
que não tenham origem animal, não utiliza roupas de couro, por exemplo, nem
qualquer coisa que seja organicamente animal. O vegano acredita que o ser
humano está evoluindo, para um patamar em que não terá mais como se utilizar
de produtos de origem animal.
O ovolactovegetariano, como o nome diz, acredita que basta não comer
carne, que tudo bem. Há os que diferem os animais de sangue quente dos de
sangue frio. Há os que aceitam comer peixe. O objetivo é o respeito à vida
animal, de alguma forma.
A macrobiótica foi muito popular entre os hippies, nos anos 1960, e na
cultura alternativa, nos anos 1970. Ela se utiliza do princípio do ying/yang. As
raízes são o alimento mais yang. Os caules e troncos são menos yang. As folhas
são consideradas ying. As flores, mas ying ainda. Os frutos, ying demais.
O cozimento yiniza. O assar e o grelhar yanguiza. A fritura é altamente
ying.
A carne é evitada por ser yang demais. Se passar pelo processamento
industrial, é ying demais.
Busca-se o orgânico, pois tende a ser mais equilibrado. O industrializado
é sempre ying demais.
O ideal da macrobiótica é manter uma vida equilibrada, sem grandes altas
(yang), nem grandes baixas (ying). Quem faz macrobiótica para emagrecer, por
exemplo, está totalmente equivocado, pois é uma filosofia baseada no capítulo
anterior.
O naturalismo foi a grande onda dos anos 1980. Inicialmente chamado de
naturismo, tem por princípio adotar tudo o que vem da natureza, ou a partir
dela. A ideia é evitar tudo o que é industrializado. O naturalista de verdade não
usa roupas de tecido artificial, nem mesmo misturado com algodão. Mas
permite-se usar couro, por exemplo, desde que seja curtido de maneira não
industrializada.
De qualquer forma, cada restrição alimentar, quando fundamentada num
pensamento, deixa de ser uma simples dieta. Passa a ter um fundamento, não
necessariamente científico, pois a ciência muda a cada momento. Mas um
fundamento idealístico.
A Ioga.

Há mais de seis mil anos, onde hoje é a Índia, surgia a Ioga. Em sânscrito,
sognifica união física, mental, emocional e espiritual. Pelo fato de, naquela
língua, ser um substantivo masculino, os brasileiros teimam em chamá-la de “o”
ioga. Mas está errado chamá-la dessa forma em nosso idioma, e é por isso que
denomino da forma que o faço. Na verdade, foi como aprendi, em minha tenra
infância.
Ela se compõe de asanas, que são as posições mais confortáves para a
meditação. Na verdade, por ter nascido na Índia, milênios atrás, tem uma
conformidade com aquela época e aquele lugar, onde era costume sentar-se no
chão, em picos elevados, em locais variados, para meditar.
O princípio da ioga é a pranaiama, isto é, a respiração com a barriga.
Inspira-se pelo nariz, enchendo a barriga de ar, segura, e solta vagarosamente o
ar pelo nariz.
Monsieur Binot (Vitor Binot, cunhado de Vera Fisher) foi um mestre da
ioga em nosso país, nos anos 1960/70; era pra ter morrido na infância, mas
através da alimentação natural, principalmente da macrobiótica, misturada com
a prática da ioga, conseguiu viver algumas décadas. No final de sua vida, não
conseguia mais fazer as asanas, porém praticava a pranaiama.
Foi professor de ioga de Gilberto Gil, entre outros músicos de seu tempo.
Nos anos 1960, foi entrevistado pelo Pasquim, que publicou diversas fotos dele
realizando asanas.
A compositora e cantora Joyce, que foi sua aluna, fez uma canção em sua
homenagem:
“Olha aí, monsieur Binot
Aprendi tudo o que você me ensinou
Respirar bem fundo e devagar
Que a energia está no ar

Olha aí, meu professor,


Também no ar é que a gente encontra o som
E num som se pode viajar
E aproveitar tudo o que é bom

Bom é não fumar


Beber só pelo paladar
Comer de tudo que for bem natural
E só fazer muito amor
Que amor não faz mal

Então, olha aí, monsieur Binot


Melhor ainda é o barato interior
O que dá maior satisfação
É a cabeça da gente, a plenitude da mente
A claridade da razão

E o resto nunca se espera


O resto é próxima esfera
O resto é outra encarnação”

Hoje em dia, a ioga é usada para se vender livros, cursos, com o intuito de
manter o corpo em forma, ou melhor, do jeito que a mídia manda. Sua ligação
com a meditação ficou desqualificada, e o que mais vemos por aí são as hata-
iogas da vida.
A ioga e a meditação cairam na mão de farsantes, salafrários, corruptos,
gananciosos, mas nem sempre foi assim.
No início era uma forma de conduzir seus praticantes a um estado de
intenso relax, felicidade interior e iluminação búdica.
Contam as lendas que Sidarta Gautama, depois de uma vida de inúmeros
prazeres carnais, sentou-se em posição de lótus (asana principal da ioga)
debaixo de uma figueira e ficou lá por um tempo indeterminado. Isso o teria
levado à iluminação, que é o objetivo primordial da ioga.
Os iogues costumam ter grande flexibilidade, em razão da prática dos
asanas, que são naturais aos indianos, mas completamente diferentes dos
costumes ocidentais, acostumados com sofás. potronas e cadeiras.
Um ocidental que queira meditar, pode fazê-lo deitado ou sentado numa
poltrona. Dá no mesmo. A questão que importa não é a maleabilidade e o
emagrecimento, todavia o relaxamento, a clareza de pensamentos, os insights, a
estabilidade emocional e a espiritualidade atuante.
Há, através da ioga, a possibilidade do autoconhecimento e da visão
interior de nosso desejos reais e de nossas motivações.
A ioga, quando praticada com veracidade, atua em todo o corpo, interna e
externamente, equilibrando-o. Os sistemas respiratório e digestivo são os mais
bem contemplados.
O Humanismo.

Essa forma de pensamento tem fundamentação no Ser Humano. Desse


jeito, mesmo, com letras maiúsculas. Em caixa alta.
Para um humanista, nada importa mais que o bem estar e a liberdade do
Ser Humano. Liberdade individual.
O humanista é antropocêntrico.
Para ele, as religiões não importam. Um humanista não louva seres
inferiores, como demônios, ou superiores, como deuses. Ele louva o ser
humano. Ele é um buscador do nosso íntimo.
O crescimento pessoal pode ser apreendido de outras pessoas; inclusive,
pode até ter um mentor, mas... é exclusivamente individual.
O humanismo acredita na paz mundial, e trabalha para isso. Acredita na
exclusão de fronteiras políticas, fazendo da Terra um só país.
Nesse aspecto, o partidário desse tipo de ideologia não acredita em poder
político, poder econômico, ou qualquer forma de poder, e acaba se parecendo
com o anarquista.
Um humanista famoso é o escritor Hermmann Hesse, cujas obras fizeram
a cabeça de várias gerações. Seus leitores costumam, não raro, seguir seus
ensinamentos e, alguns, o têm como um guru. Considero os livros mais
importantes, no sentido de sua filosofia:
1. O Lobo da Estepe;
2. O Jogo das Contas de Vidro;
3. Caminhada; e
4. Demian.
Ele foi muito prolífico, mas, na época em que o li, poucas obras suas
eram traduzidas para a língua portuguesa. Mesmo assim, algumas, belíssimas,
como Sidharta, não expõem essa filosofia. Podemos encontrá-la em suas cartas,
editadas em livros, alguns contos esparsos e em outros lugares.
Hermmann, nos últimos anos de sua vida, viveu recluso. Não permitia a
visita de ninguém, em sua morada. Tal como um eremita, não manteve mais
relações com nenhuma pessoa, sequer por correspondência. Dizem que, na
frente de seu domicílio, havia um cartaz avisando que ninguém ultrapassasse os
limites da propriedade.
Outro humanista famoso é Leonardo da Vinci, que dominou uma grande
variedade de ciências e artes, autodidatamente, inclusive o latim, que em sua
época era o idioma literário e científico que imperava.
Leonardo foi inventor de vários projetos que não saíram do papel, outros
que ele mesmo construiu, além de autor de diversas obras de arte, que se
tornaram famosas pelas suas minúcias e particularidades, como a Mona Lisa e
A Última Ceia.
Por ser um perfeccionista, nenhuma de suas obras, artísticas, literárias, ou
científicas, foi concluída.
O humanismo, historicamente falando, apareceu em contraposição ao
domínio da igreja católica, na idade média, como um pensamento racional. O
que os liga, entretanto, é que a interpretação da igreja católica da bíblia, põe o
homem como ser supremo da criação de Deus, e os primeiros humanistas
concordavam com essa ideia, mantendo o machismo vigente.
No entanto, os humanistas atuais são menos homofóbicos, e põem o ser
humano como centro do universo, não necessariamente de alguma criação.
O humanismo tirou do pensamento medievalista o predestianismo,
aprovando o poder de lívre-arbítrio dos homens e das mulheres. Mas nunca se
refere a qualquer outro tipo de ser vivente.
Historicamente falando ainda, esse tipo de pensar mudou o foco social do
coletivismo para o individualismo, como já ressaltamos anteriormente,
colocando o livre-arbítrio como único capaz de mudar a realidade em que
vivemos, diferentemente do que ensinava o pensamento medieval católico, que
ensinava ser nossas vidas direcionadas unicamente pela vontade divina.
É dito que no livro de Giovanni Pico Della Mirandola, em seu “Discurso
sobre a Dignidade do Homem”, teria escrito que Deus forneceu ao homem a
liberdade de construir a si mesmo. Dessa forma, seu destino não poderia ser
determinado por uma força suprema, mas por si. A razão humana seria, segundo
Giovanni, um presente de Deus ao homem.
O renascimento foi a era histórica do humanismo, ainda patriarcal, mas
precursor do atual, dando início à era moderna.
Razão e Fé.

Essa dicotomia sempre existiu. Sempre houveram os que acreditam no


sobrenatural e os que não o fazem.
Na verdade, os povos antigos tinham como institucionalizada pelo estado
uma religião oficial, e os súditos eram obrigados a, pelo menos publicamente,
respeitarem-na. O estado e a igreja eram uma só instituição, mesmo que
houvessem pessoas distintas para prover as normas não-religiosas das
espirituais.
A razão tem por senso acreditar no que é palpável; a fé, no que não
consegue ver.
O racionalismo criou os loucos; a fé, os santos.
O racionalismo espera pelas evidências, através de fatos, documentações.
O ser humano exclusivamente racional acredita no que lhe é provado
figurativamente, apenas.
A teologia é uma ciência que busca explicar as indagações sobre as coisas
divinas, através de explanações seculares. Foi criada pela igreja católica, para
combater o racionalismo, porém esbarra nas concepções básicas, próprias à fé.
Milagres são frutos da fé. São acontecimentos que a razão não tem
explicação.
Razão e fé são vistos como contraditórios, mas podem ser
complementares.
A Ideologia.

A palavra ideologia quer dizer estudo das ideias, mas se transformou em


doutrinação. Portanto, uma ideologia não é um pensamento a ser discutido, mas
uma ideia fixa, imutável, que não pode ser mexido. Portanto, nunca podemos
falar em ideologias progressistas ou revolucionárias, pois todas tendem a querer
impor uma forma de pensar, de agir, de se portar, ou até de se vestir, de falar.
A ideologia tem um vocabulário próprio, quando não um sotaque. A
ideologia é sempre conservadora a seu modo, pois pretende impor uma
mudança, de um estado atual para um único, que obedeça a seus ditames.
Não podemos confundir ideologia com ideia, pois a primeira não aceita
discussões, enquanto a segunda é permeável.
As pessoas que veem alguma ideologia como algo positivo acreditam que
ela orienta a sociedade e as comunidades. Para esses crentes, a ideologia em
questão explica a realidade, explana como as coisas são na verdade, e como
devem ser. A ideologia serve para essas pessoas como uma visão de mundo.
Tal doutrina especifica como deve ser compreendida a ciência, a cultura,
as artes, a literatura, e todas as coisas da vida.
A ideologia domina por meio do convencimento. Normalmente ela
começa pela conversão das pessoas à doutrina imutável.
Ora, a classe dominante numa sociedade é quem dita a ideologia que deve
vigorar. Quando uma classe minoritária quer ascender ao poder, cria uma nova
ideologia para convencer a comunidade, ou sociedade, que sua doutrina é
melhor que a atual. Uma luta de classes pode ocorrer nessa ocasião, ou até uma
revolução. Entretanto, por ser uma briga entre ideologias pelo poder, a que
vencer dominará o povo com seu próprio ideário, que poderá ser alterado
quando aquela classe minoritária alcançar o poder.
Isso é próprio do ser humano comum.
O Pensamento Científico

O que mais se vê é alguém querer provar que algo é verdadeiro dizendo


que é cientificamente provado, ou que tem provas científicas para dizê-lo.
O mais importante a ressaltar é que a prova científica não é uma verdade
irrevogável. Muito pelo contrário. O que a caracteriza verdadeira é ser um
pensamento aberto.
Ele se baseia em experimentações.
Nós temos, inicialmente, uma premissa. Essa premissa diz, por exemplo:
todas as mulheres loiras têm a pele clara.
Ela é verdadeira? Até que ponto?
Há as loiras naturais e as mulheres que pintam o seu cabelo de loiro; há
loiras cujo cabelo é quase castanho, até as que o têm da cor da palha do milho.
Então, aí já erra a premissa quando junta todas as mulheres loiras sob um só
tipo, já que a cor da pele delas varia de acordo com a região do mundo onde
vivem: é diferente a cor da pele de uma loira nórdica, da de uma loira brasileira
miscigenada.
A premissa tem que ser específica: todas as mulheres loiras nórdicas, sem
cruzamento com outras cores até a sexta geração antecedente, têm a pele bem
clara.
Aí, tem que haver a gradação matemática da “clareza”, para identificar
onde a premissa quer chegar.
Na verdade, a “premissa” que inventei é das mais idiotas! Mas foi a que
me veio à mente para imaginar alguma coisa que não tivesse concisão
suficiente.
A premissa tem que ser o mais específica possível: todo tomate maduro
paulista é vermelho.
Da premissa virão as experimentações. Serão colhidos tomates dos mais
variados lugares do estado de São Paulo, na mais varias épocas, durante um
determinado período de tempo, até que se tenha uma resposta do tipo:
“No período entre as 9h do dia 15 de abril de 2020 até as 9h do dia 15 de
abril de 2021, foram colhidos tomates maduros em 200 fazendas paulistas,
sendo as seguintes – e aí determinam-se quais fazendas serão objeto de estudo –
, de tal e tal cidades; em cada mês, foram colhidos tantos tomates maduros de
cada fazenda; o resultado mensal foram tantos tomates vermelhos para cada
cem (por exemplo); o resultado final (do período escolhido) foram tantos
tomates vermelhos para cada total de cem tomates.”
Digamos que o resultado final deu 98 tomates maduros para cada cem.
Tal seria uma verdade científica: todos os tomates maduros são vermelhos.
Porque a verdade científica nunca é cem por cento, sempre resta uma dúvida.
Essa dúvida faria com que a experiência fosse repetida, dentro das
possibilidades das mesmas condições da anterior.
Um teste científico muito comum hoje em dia é para saber a paternidade,
ou maternidade, de alguém: pega-se uma amostra do DNA do pretenso filho, ou
filha, ou filhe, e outra do pai, ou da mãe. Se o resultado der 98% positivo,
significa que a paternidade ou maternidade é um fato. Os 2% de dúvida são
desconsiderados. Isso é uma certeza científica!
Um outro tipo de pesquisa seria tentar saber se determinada substância
pode curar pessoas de uma certa doença.
Duzentos voluntários se oferecem para serem curados em um dia dos
sintomas de um resfriado comum. Os cientistas explicam que oferecerão a eles
uma dose de 100mg de paracetamol. Todos padecem do mesmo tipo de
resfriado, há cerca de três dias.
Os laboratoristas aplicam, em cem voluntários, via oral, uma cápsula de
paracetamol; os outro cem recebem uma cápsula vazia, achando que receberam
o mesmo remédio.
Em um dia, serão comparados os resultados dos que receberam o remédio
verdadeiro com os que não receberam remédio algum, mas que acharam que
receberam.
Se os cientistas comprovarem os mesmos resultados para ambos os
grupos, isso quer dizer que o paracetamol não tira os sintomas do resfriado
comum em um dia: o efeito, se positivo, foi psicológico; se negativo, nem
sequer.
Então, eles pegam os mesmos grupos e tentam um segundo e um terceiro
dia. E vão anotando os resultados. Poderão ter soluções distintas de percentuais
para cada grupo, principalmente se variarem o número de dias aplicados e
dosagens.
Conforme os resultados vão aparecendo, são construídas estatísticas. Tais
estatístiscas dirão se determinado remédio é eficaz para a cura de determinada
doença, ou não.
Muitas vezes, durante uma pesquisa, variáveis implicam que o mesmo
medicamento, ineficaz para o que se pretendia, torna-se um paliativo para outro
mal, ou preventivo.
As estatísticas são as escadas para se construir as fórmulas, das quais
sairão as verdades científicas, tais como:
1. O universo nasceu de um Big-Bang;
2. O ser humano é produto de uma evolução que não parou;
3. A Terra tem bilhões de anos de existência;
4. A Terra é uma esfera que circunda um centro próximo ao sol;
5. Etc.
Elas existem como verdadeiras, como cientificamente comprovadas, até
que novos cientistas façam novos experimentos e cheguem a conclusões
diferentes, ou seja, novas verdades científicas.
Lembro-me de, quando criança, antes da Apolo 8 tirar uma foto de nosso
planeta, aprender que a Terra tinha o formato de uma pêra. E, num atlas da
infância de meu pai, uma ilustração mostrar do que deveria ser a aparência atual
da Terra: uma massa semiesférica toda rugosa e irregular.
Quando Saturno foi descoberto, achou-se que se tratava de um planeta
com dois sóis. Foi a imagem obtida pela luneta da época. Era a verdade
científica daqueles dias. Depois, a verdade científica era a de que Saturno era
rodeado por um disco plano. Hoje, acredita-se que, o que rodeia Saturno, são
minúsculas partículas.
O pensamento científico é aberto. Não tem verdades absolutas. Tudo o
que é verdadeiro, por enquanto, poderá um dia mudar. E as mudanças são
imprevisíveis.
Inicialmente, o método científico propunha que as partes analisadas
traziam o conhecimento da verdade; depois, kant propôs que o observador faz
parte ativa do saber, e isso o impede de se anular diante do objeto observado. O
filósofo luterano prussiano chegou à conclusão que não podemos ver as coisas
como são, mas do jeito como elas nos parecem. Segundo Kant, portanto, a
existência de tudo à nossa volta depende de nossa existência.
Também o método científico é a “receita de bolo”: nós separamos os
ingredientes que consideramos importantes para a experiência; depois,
realizamos a experiência na prática, misturando os ingredientes, de uma
determinada maneira mencionada antes, colocamos em temperatura
especificada anteriormente, e, por fim, esperamos um tempo determinado. O
resultado será uma resposta.
Cada vez que fizermos essa experiência, poderemos ter uma solução
diferente, ou semelhante. O que buscamos é um padrão, um contragolpe que
satisfaça, de acordo com a “receita”.
No método científico, o mais importante não é o que se obtém no final de
um ensaio, mas as proposições. Estas, que, baseadas no fracasso dos tirocínios,
e na incerteza dos rebates, trarão luz à ignorância inicial.
A Intuição

A intuição é um meio de conhecer a verdade sem a intermediação de


qualquer raciocínio lógico. É pá-pum. Ela funciona de maneira imediata,
irrefletida. O intuitivo decide sem pensar, ou melhor, pensando imediatamente,
sem raciocinar. É o que os místicos chamam de mágica, mas os neurocientistas
conhecem no cérebro o lugar onde ela está, e como funciona.
Ela compreende um conceito, ou um ser, sem precisar experimentar, ou
refletir sobre.
O insight é o produto final desta forma de pensamento.
A intuição é irmã da fé, pois nenhuma das duas pensa, nem imagina: sabe
porque sabe, é porque é, é sim porque é sim, é não porque é não, é quiçá porque
é quiçá, é talvez porque é talvez.
O ceticismo é um pensamento que não crê na intuição – nem na fé –
como formas de aquisição da verdade.
Raciocinar sobre um conhecimento adquirido através da intuição é perda
de tempo. Sempre se chegará a conclusões prós e contras, simultaneamente. Ao
mesmo tempo, ou em momentos distintos.
A ação moral correta pode ser atingida mais acertadamente pela intuição.
Podemos saber, por nós mesmos, se agir de uma maneira ou outra é a mais
acertada. Tenho certeza de que isso dá mais certo do que pensar antes a respeito,
desde que desenvolvamos o dom.
A intuição é esse dom. Nascemos com ele, mas o abandonamos, por
pressão social, que espera que sigamos normas estabelecidas. Nossas ações
passam a ser, dessa maneira, refletidas sobre o que aprendemos racionalmente.
É necessário, então, depois de perder o dom, readquiri-lo. Ele pode ser
desenvolvido. É tudo uma questão de praticar. Podemos começar tentando saber
que horas são, antes imediatamente de olhar o relógio. Ou buscar a resposta
para uma questão trivial por... intuição!, antes de consultar os livros ou a
internet. Depois, passaremos às questões mais cruciais de nossa vida, do
conhecimento das coisas, do conhecimento do universo.
Naturalmente, um ser egoísta agirá pensando sempre a partir de sua
própria vontade, pois o fito de todo ser é atingir o prazer. Mas, ainda assim, essa
pessoa, intuitivamente, saberá que está agindo errado.
As normas sociais existem para estabelecer uma boa convivência entre as
pessoas. Por serem criadas racionalmente, nem sempre funcionam a contento,
porém o ser intuitivo saberá agir dentro das normas sem precisar conhecê-las,
desde que elas sejam justas.
O Método Indutivo.

Ele se contrapõe ao dedutivo, que é o silogismo, do qual falaremos mais


adiante. Ele está presente na ciência e nas humanidades. Suas conclusões não
são definitivas, mas probalilísticas. Isso mesmo, esse método é o que há de mais
moderno, pois se utiliza das probabilidades. Ele claramente não declara que o
resultado é a verdade, mas que é provável que seja.
É o caso das pesquisas eleitorais. Quando todas as pesquisas indicam a
vitória deste ou daquele candidato, elas induzem a verdades prováveis.
Se o método dedutivo é bobo, como veremos ao falar sobre o silogismo, a
indução não pretende revelar uma verdade, mas uma probabilidade. O problema
é que as pessoas, quando realizam uma pesquisa, que pode advir do método
científico ou não, elas sempre acreditam que o resultado é uma verdade
inabalável.
Grande embroma!
O raciocínio indutivo parte de informações, evidências ou fatos. A
conclusão é generalizante: amplia o saber, pois ultrapassa o conteúdo das
formalizações e serve aos demais casos não observados.
As estatísticas são uma forma de indução.
Também é uma forma de indução partir das percepções dos sentidos para
se chegar à verdade. É uma lógica irracional, da qual a intuição faz parte.
O Niilismo.

O niilismo tira do estado, da religião e da família toda a forma de poder


sobre os passos do indivíduo.
Não existe, aqui, qualquer significado para a existência humana, qualquer
sentido para a vida, qualquer resposta para as questões fundamentais sobre o
existir, indagadas, porventura, pelo ser humano.
O niilista, por outro lado, dá ao ser humano o livre arbítrio, e a liberdade
de assumir suas próprias responsabilidades. Livre da repressão do estado ou
qualquer outra, o niilista rompe com as verdades consideradas absolutas e
tradicionais.
“Nihil”, em latim, significa “nada”. Portanto, é o culto ao nada, ao vazio,
ao oco, ao nulo.
“Ex nihilo, nihil”: “Do nada, nada.” Aforismo tirado de um verso de
Pérsio (“Sátiras”, III, 24), que começa por “De nihilo, nihil” – Nada foi tirado
do nada – o que quer dizer que nada foi criado, pois tudo o que existe sempre
existiu. Essse aforismo resume a filosofia de Lucrécio e de Epicuro.
Lucrécio foi um poeta romano, considerado maior que Virgílio. Autor de
“De Natura Rerum” (“Sobre as Coisas da Natureza”), seguiu o materialismo de
Epicuro.
Epicuro ensinava que o prazer é o sumo bem do ser humano, e que todos
nossos esforços devem ser no sentido de obtê-lo; mas não no aspecto carnal, e
sim da sabedoria, mental e espiritual. A má interpretação de sua doutrina fê-lo
ser considerado um libertino. Daí, atualmente, o epicurismo ser confundido com
a procura do prazer dos sentidos.
O niilismo rejeita os princípios estéticos, as convenções, as regras, os
cânones, quaisquer tipos de normas, sejam legais, costumeiras ou morais.
Esse pensamento diz que só é realidade o que é perceptível pelos cinco
sentidos. Não aceita, pois, o que advém da fé, ou da intuição. O niilista não
pratica ou estuda a metafísica, ou qualquer tipo de teologia, esoterismo,
exoterismo, e busca se abster do que considera ilusão ou superstição.
Nietzsche, através de sua filosofia, derrubou os valores morais, as normas
e preceitos que sustentam a espiritualidade. Por isso, sua famosa apologia: Deus
está morto! Com isso, ele não se referia a nenhuma religião em especial, mas a
qualquer forma de pensamento que escapasse ao materialismo.
O niilismo de Nietzsche é um passo em direção ao humanismo.
Ponto positivo para o niilismo: ele é contra qualquer forma de
preconceito. Isso não vale para os niilistas preconceituosos contra quem não o é.
No tempo da “cortina de ferro”, os soviéticos eram confundidos com o
pensamento niilista, já que não aceitavam a religião.
A Navalha de Occam.

Entre duas teorias, com resultados iguais, que explicam os mesmos


fenômenos, devemos escolher a mais simples.
Essa é uma fórmula do filósofo medieval Guilherme de Occam, também
chamada de lei da parcimônia. Ela serve para evitar as verborragias, as
dificuldades impostas pelas teses que mais complicam que facilitam.
Em termos práticos e atuais, esse postulado estabelece um diálogo
promissor, se a premissa inicial for simplificada, e os elementos para a
discussão forem previamente aceitos como verdadeiros.
A navalha de occam combate as desnecessidades.
Ela existe para evitar que teorias explicativas de erros sejam divulgadas.
É atribuída a Guilherme de Occam a frase: entidades não devem ser
multiplicadas para além de sua necessidade.
A Semiótica.

É o estudo dos signos.


Um signo é qualquer figura, desenho, letra, expressão, que tenha um
significado. Ele serve para comunicar algo de alguém para alguém.
Normalmente, os signos compõem um idioma, que pode ser apenas oral,
apenas escrito, oral e escrito, por gestos (gestual, como na língua dos surdo-
mudos), táctil (como na escrita para portadores de falta de visão), ou...
De qualquer forma, os signos são a base da comunicação, seja ela entre
duas pessoas ou para um grupo. Também podemos falar sobre comunicação de
massa, se parte de uma pessoa ou grupo de indivíduos para um grupo não
enumerável, que não tenha mais que pensamentos comuns a todos (massa de
manobra).
O signo carrega consigo um sentido e transmite uma informação.
A semiótica contempla a linguística, mas não só os idiomas, sim também
as notações musicais de todas as eras e lugares do mundo, as gestualidades, das
universais às específicas de cada comunidade, as sinalizações de trânsito de
todos os locais do mundo, as imagens, os sons, os cheiros, tudo o que pode
servir como forma de comunicação.
Ela estuda os símbolos, os ícones e os índices.
O símbolo não se parece com a coisa em si, mas a representa. É o caso da
palavra, que muda de acordo com o idioma, para indicar o mesmo objeto, ou
ser.
O ícone corresponde ao que se refere. Vemos o caso dos ícones na tela de
nosso computador, notebook ou celular. O ícone representa uma coisa, um
aplicativo, algo que sabemos do que se trata, independente da palavra que o
acompanha. Normalmente é uma imagem, mas pode ser outra coisa.
O índice é diferente: a gente sente o cheiro de um churrasco, sabe que por
perto há carne sendo feita; ouve um latido, sabe que há um cachorro próximo;
vê uma capa de disco, sabe que dentro tem música.
A Anarquia.

A ausência de um poder centralizador é o que caracteriza a anarquia. “A”


vem do grego (“não”), e “archos” significa mando.
Ser anarquista é ser contrário a qualquer forma de dominação ou
hierarquia, seja ela social, política ou econômica. Alguns anarquistas propõem a
não-dominação cultural, também.
A anarquia se opõe a qualquer forma de poder, de instituição, e portanto é
contra o patriarcado, o matriarcado, o machismo como forma de poder, o
feminismo como forma de poder, o capitalismo, o totalitarismo de esquerda e de
direita, o capitalismo, o racismo, a homofobia, e o preconceito de todas as
maneiras.
A palavra de ordem no anarquismo é a autogestão. Isto é, a livre
cooperação entre os indivíduos e a ajuda mútua, a quebra de fronteiras e o fim
do dinheiro ou de qualquer forma de dominação.
A sociedade é libertária, e as pessoas podem se associar livremente,
independente de quaisquer impedimentos.
Historicamente, já foi obtida por meio da violência, em diversos países,
como na Espanha, ou por associações de pessoas com um objetivo comum
(Colônia Cecília, por exemplo), mas seu fundamento é de paz mundial.
O movimento do voto nulo nas eleições é de índole anarquista, pois prega
que ninguém tem o direito de governar ninguém.
O Imperativo Categórico.

O imperativo categórico é uma proposição que diz que determinada ação


é necessária para determinada situação. Ele é uma lei universal, e pode ser
considerado adequado como motivação para ação do ser humano. Por isso
mesmo é chamado de princípio da universalidade.
Trata-se de uma exigência absoluta. Não admite desobediência. É
incondicional, sem que importem as consequências.
O imperativo categórico não admite discussão. Não tem justificativa. É
uma decisão moral racionalizada, inaplicável a qualquer sistema de
julgamentos. É assim porque deve ser.
Kant foi o inventor dessa mixórdia, que apresenta um sistema moral que
escapa dos aspectos subjetivos do utilitarismo. O utilitarismo é uma teoria que
apresenta a ação útil como a mais correta. Ela busca sua justificativa nas
consequências das ações, não nas máximas absolutas. É a maximização da
promoção da felicidade.
Como a subjetividade não persuade moralmente, Kant quis criar esse
sistema para que pudesse ter algo que aplicasse universalmente.
Sob as condições do imperativo categórico, o valor moral de uma ação
aparece através de sua máxima. As suas consequências não existem.
A Democracia.

A democracia não existe. Pelo menos, não na prática. Ela é um ideal,


perseguido por todos que a almejam.
A democracia surgiu, historicamente, nas cidades-estado da antiga
Grécia. Seu auge ocorreu na cidade de Atenas, onde era considerada o governo
– cratia – do povo – demo. Segundo Aristóteles, tal seria o oposto da monarquia
(mono – um, archos – controle), e da aristocracia, governo dos aristocratas, isto
é, da nobreza sobre o populacho.
Assim, se a monarquia era seguida pela aristocracia, que era ainda um
governo de classes, a democracia seria um governo de todos. Mas não era o que
ocorria em Atenas, pois as mulheres e os escravos não eram admitidos na arena
pública, onde se discutia as questões sociais, morais e políticas, muito menos
nas votações. Apenas os homens livres atenienses eram admitidos nessas
discussões.
A democracia ateniense se refletiu em Roma, e daí para o mediterrâneo e
grande parte da Europa.
No sistema moderno, surgido com a revolução francesa, há a divisão de
poderes, em executivo, legislativo e judiciário. Governos autoritários costumam
reclamar que não conseguem governar por culpa do judiciário e do legislativo,
ressentindo-se de tornar-se uma monarquia, com direito a dar vantagens aos
seus comparsas, sejam familiares ou colegas de corrupção.
A liberdade individual e a equidade são os principais valores
democráticos.
No que difere a equidade da igualdade de condições? Na segunda forma,
dá-se o mesmo a todos; na equidade, iguala-se todos às mesmas condições. Ou
seja, na igualdade, dá-se um salário mínimo ao pobre e ao rico; na equidade,
faz-se com que ninguém seja rico ou pobre. Por essa e outras razões que digo
que a democracia na prática não existe. Ainda.
Em que consiste a democracia? Ela não é apenas poder votar no
candidato que quiser, sem ninguém saber em que candidato votamos.
Quando políticos verificam as urnas, para ter a certeza de que seu reduto
eleitoral daquela região votou em si, eles estão tendo uma atitude
antidemocrática, autoritária.
Quando aceitamos dinheiro ou favores, em troca de um voto, estamos
sendo antidemocráticos, tão corruptos quanto os que nos ofertaram.
Não para por aí: o povo tem que ter participação nas decisões
governamentais. Tem que acompanhar as ações dos políticos eleitos, seja na
esfera municipal, estadual, ou federal.
A chamada democracia representativa é justamente essa que nós temos: a
população elege representantes que falem por ela diante do poder vigente, o que
me causa um grande pavor, já que tira das mãos do povo o poder de mando.
Tem, por exemplo, um app gratuito, chamado “Poder do Voto”, em que a
gente fica sabendo os projetos federais em votação na semana, e pode escrever
para o deputado ou senador responsável por aquele projeto, dando nossa
opinião, inclusive reprovando-o, se for o caso, ou dando sugestões para
aprimorá-lo.
Esse app em questão tem muitas possibilidades, para nossa participação
no âmbito federal. Mas podemos pensar localmente, também, a partir de nosso
município. Sei que é difícil ir pessoalmente às sessões da Câmara, mas podemos
enviar um abaixo-assinado, via WhatsApp, para os vereadores, a fim de que
disponibilizem as sessões via YouTube, digamos. Assim, além de podermos
assistir ao vivo, poderíamos rever alguma parte que ficou em dúvida, já que
ficariam gravados.
Com a pandemia, ficou mais difícil do que já era, entrar em contato com
um vereador, para falar de um projeto na Câmara. Algo que possa beneficiar
nossa cidade, nosso bairro, nossa rua, nossa comunidade. Então, temos que
obter o contato de todos os vereadores para tanto: um e-mail, o número do
WhatsApp, seu linkedin, seu Instagram, ou que quer que seja o meio. E usar
esses contatos, encher o saco, mesmo, porque eles foram eleitos para nos
representar.
Isso vale para os líderes comunitários, que não têm a obrigação dos
vereadores, mas têm um poder de ação.
Não falei dos deputados estaduais, mas eles têm a qualidade de lidar com
a legislação relativa a nosso estado, ao estado em que vivemos, em que somos
eleitores.
Devemos, assim, para fazer valer a democracia, fazer valer o nosso voto.
Outra coisa importante num pleito democrático: cada eleitor deve ter
direito a um voto. Isso quer dizer o seguinte: um eleitor vale um voto no
cômputo final. Essa história de deputados vencerem por legendas não está certo!
Quem recebeu mais votos, tem que levar, independente da sigla a que pertença.
Numa democracia, existem partidos. Cada partido tem que ter uma
ideologia definida, que deve ser respeitada pelos seus partidários durante o seu
mandato. Se quiserem sair do partido durante seu mandato, devem renunciar, e
deixar o lugar para o que recebeu mais votos antes dele, independente de
partido. É imoral governar ou legislar sem pertencer mais ao partido pelo qual
foi eleito.
No Brasil, não existem partidos. Existem siglas, que não têm ideário
algum que seja divulgado durante as eleições, e assim mantido à vista para
quem quiser conferir, a fim de saber se o político eleito está seguindo a
ideologia do partido em seu mandato.
Numa democracia, tem que haver transparência. Todos os atos políticos,
sejam inclusive financeiros, todos, estou dizendo todos, têm de estar à
disposição do público, principalmente na internet, em sites disponíveis e
dispostos com clareza, para o entendimento do eleitor comum. Não em formatos
indecifráveis, só inteligíveis por advogados especializados, economistas e afins.
Mas para qualquer do povo.
Isso tem a ver com o controle pela população dos atos governamentais,
seja do executivo, seja do legislativo, seja do judiciário. Sem podermos
fiscalizar o Poder, não há democracia.
Os sistemas digitais são controlados pelos governos. Isso acaba com a
democracia, pois a internet deveria ser um território livre. Os mecanismos de
busca são dominados pelo Google, que não é totalmente confiável, tem
autocensura e determina o que vai ao ar e o que não vai.
Temos que entender as novas tecnologias, pois a democracia está
dependendo disso; aprender novas habilidades, independente de nossas idades
cronológicas.
A pandemia trouxe coisas como o ensino à distância a maior nível. A
educação é imprescindível numa melhora da compreensão da população sobre
coisas como a cidadania, o ser humano, o ambiente em que vivemos, e os seres
em geral. (Como sempre digo, se não respeitarmos os seres do planeta, vivos,
não viventes, fósseis, não haverá futuro para a espécie humana em poucas
décadas.)
Há que existir o respeito aos direitos dos cidadãos de todos os gêneros,
cores, etnias, naturais, migrantes ou imigrantes, todos os que tenham, no
mínimo, a nacionalidade brasileira. Aos que não a tenham, deve ser facilitada a
sua inclusão.
Além da liberdade de voto, não se pode pensar em democracia se não
tivermos liberdade de organização, que é o direito de se juntar em grupos que
tenham o mesmo pensamento, para formar sindicatos, por exemplo, fazer greves
legalizadas, coisas assim.
A liberdade de expressão se amalgama com a de organização: de que
adianta o direito de voto, se não podemos criticar um governo injusto? De que
adianta, se não podemos conversar com os eleitos?
Faz parte da democracia podermos expressar nossas opiniões em relação
a todos os assuntos que possam interessar à sociedade, e ter acesso à opinião
dos outros. E que assuntos são esses? Só política?
Não! Tudo é relevante: os direitos civis, a liberdade de expressão, a
liberdade de imprensa, de associação e de reunião, a proteção contra a prisão
arbitrária, a economia, toda forma de arte, incluindo música, arte digital e NFTs,
todos os tipos de esportes, entretenimentos, filosofia, sociologia, engenharia,
medicina, enfermaria, direito, comunicação social, antropologia, arqueologia,
toda forma de conhecimento humano. Tudo!
Tudo o que possa ser expresso por meios físicos ou não-físicos.
Numa democracia, natural ou digital, todos nós temos o direito à
qualidade de vida: saúde física, mental, social, emocional, espiritual, entre
outras formas. Todos temos o direito a formar nossas próprias comunidades,
independente de crenças ou de inexistência delas. Por isso mesmo, somos um
país leigo (laico).
É inconstitucional a colocação de símbolos religiosos ou de qualquer
crença partidária em locais apartidários, como estabelecimentos judiciais ou
políticos. Por exemplo, crucifixos ou livros religiosos em repartições públicas,
câmaras de vereadores, deputados ou senadores, e salas de juízes e presidentes
(e afins); pois eles trabalham para TODO o povo, seja de que crença for, ou não
for.
A Constituição de 1988, a melhor que este país já teve, pois foi feita com
a participação da população (por isso é chamada de Constituição Cidadã), nos
garante o direito de ir e vir, ficar e permanecer, onde quer que queiramos, sem
sermos perturbados. Salvo grave risco comprovado à nossa saúde, risco esse
que deve ser discutido, nos casos onde não haja comprometimento imediato.
Existe um grande perigo na democracia: a tirania da maioria sobre a
minoria. Principalmente quando vivemos numa época de polarizações, a
maioria que venceu um pleito se vê no direito de pisotear, digamos,
moralmente, quando não fisicamente, os que perderam as eleições.
Querem mudar as instituições, aspecto básico da nação, transformar a
História dos livros escolares, se intrometer com a vida dos professores, censurar
a imprensa, evitando assim que ela publique os desmandos dos governantes,
coisas assim.
Querem destruir a democracia que tão duramente conseguimos, e não
podemos deixar. Temos que lutar pela sua manutenção.
Os direitos conseguidos pela maioria nunca devem ameaçar os da
minoria. Devemos constantemente lutar para manter um sistema autenticamente
democrático, livre da extensão crescente da riqueza, da manutenção das classes
sociais, transformando-as em guetos e castas, ao crescimento da corrupção e à
disseminação do preconceito de toda ordem, ódio, violência e ameaça das
guerras.
O Socialismo.

No socialismo a propriedade das coisas é de todos, não há divisão de


classes sociais.
Entretanto, há um poder que comanda o povo, e esse poder controla a
sociedade que, por ser igualitária e sem acesso a meios de ascenção política,
social ou econômica, estagna-se.
Na prática, o socialismo criou uma classe de poder, à qual o povo não
tinha como participar, fosse comentando, criticando ou votando, para mudar os
partícipes da mesma. Assim, o socialismo transformou-se em comunismo, já
que o povo não tinha o poder do voto.
O Positivismo.

O positivismo tem como base a ciência tradicional e o método científico.


Prega o capitalismo e a industrialização. Segundo esse pensamento, a sociedade
tem sua evolução permeada por três estágios: o teológico, o metafísico e,
finalmente, o positivo, que seria a coroação da civilização.
Segundo Augusto Comte, criador dessa filosofia, a explicação dos fatos,
em termos “reais”, é resumível na relação estabelecida “entre os diversos
fenômenos particulares e alguns fatos gerais, cujo número e progresso da
ciência tende cada vez mais a diminuir”.
Quando foi proclamada a república no Brasil, o positivismo era o
pensamento dominante entre os partidários, e assim a bandeira que representaria
o país passou a levar a insígnia “Ordem e Progresso”, que nada mais é que uma
expressão de cunho positivista.
Tem a ver, essa expressão, com a ideia de contribuição do indivíduo para
a coletividade, sem pensar em seu projeto pessoal de vida; de uma realidade
parcial e una, de racionalismo, e finalmente de aceitação apenas do método
científico como forma de conhecer a verdade.
Vemos, destarte, como nossa bandeira nacional está desatualizada, em
termos filosóficos e de concordância com o pensamento internacional.
O Existencialismo.

Existe um livro que muito considero, de Sarah Bakewell, vertido para o


português pela excelente tradutora Denise Bottman, chamado “No Café
Existencialista”, que conta a história dessa filosofia que revolucionou os
meados do século XX no ocidente.
É inegável a importância de “O Segundo Sexo”, da filósofa feminista
francesa Simone de Beauvoir. Essa obra salientou a polêmica já existente do
patriarcado e do masculinismo como opressor.
Há também o opúsculo de Jean-Paul Sartre, “O Existencialismo é um
Humanismo”, que é uma transcrição de uma palestra que ele deu, em Paris, logo
após segunda guerra mundial. Tanto a palestra, que foi aclamadíssima, de
lugares repletos até no chão, como o livro, que foi best-seller durante muitos
anos, reflete o espírito dessa filosofia iniciada na Alemanha por Heidegger e
Karl Jaspers.
Trata-se de um movimento não só filosófico, mas também literário,
criado em meados do século XIX, pelo teólogo e filósofo dinamarquês
Kierkegaard, pelo filósofo alemão Friedrich Nietzsche, e pelo escritor russo
Dostoiévsky.
O existencialismo é uma oposição ao idealismo alemão do século XIX, e
às falhas dos ideais de progresso do iluminismo, que culminaram nas duas
grandes guerras mundiais.
O termo “existencialismo” foi utilizado pela primeira vez nos anos 1930,
justamente no entre-guerras. (A primeira guerra mundial ocorreu de 1914 a
1918, e a segunda de 1939 a 1945.)
Porém, a ideia surgiu com Heidegger, que colocou a experiência
existencial do ser humano como ser jogado literalmente no mundo tóxico, ao
nascer, crescer e se desenvolver.
Sartre negava que o ser humano tivesse uma essência que o determinasse.
Segundo ele, essa determinação é dada pela própria experiência existencial de
cada um. Sartre chegou a escrever que a existência precede a essência.
O Totalitarismo.

Existe o fanatismo, quando uma pessoa, um grupo, ou a maioria de uma


nação, se atém a um único tipo de pensamento como válido e combate, com
unhas e dentes, todas as outras formas. É quando se elege um tipo de pessoa
como ideal e exclui todas as outras. É o pensamento fascista, do qual o nazismo
faz parte. É o ápice do totalitarismo.

a. O Totalitarismo de Direita.

O totalitarismo de direita é extremamente conservador. É manipulado por


uma elite exlusivista, que alimenta preconceitos contra indivíduos e culturas
diferentes da de seu próprio grupo.
O pensamento da extrema direita é baseado na crença de que determinado
povo é o escolhido. Isso pode ser revertido a uma raça, cultura ou religião.
A ideia iminente no caso é de que existe uma ameaça que esse povo ou
nação possa ser dominado por outros povos ou nações diferentes de si. Passa a
haver a mobilização do poder vigente para que o povo ou nação se una contra
essa ameaça.
O poder, nese caso, utiliza de grupos, geralmente armados, em passeatas e
desfiles, o mais grandioso possível.
Nas últimas décadas, grupos desvinculados do poder vigente, saem em
defesa dos ideais de Hitler. São os neo-nazistas, alguns descendendes de
refugiados da antiga SS alemã, outros simpatizantes da causa reacionária e
racista.
Na Europa e Estados Unidos, grupos ultraconservadores se unem contra
os imigrantes, dizendo que tiram os empregos dos nascidos “na terra” e
provocam o terrorismo, com suas religiões e crenças diferentes, além de
“contaminar” os costumes cristãos tradicionais e língua.
Nos Estados Unidos, um grupo ultraconservador de direita é a Ku Klux
Klan. Ele prega a supremacia branca e o ultranacionalismo.
Existem, naquele país, diversos partidos políticos, mas estes não têm a
mínima relevância, ficando por cima apenas o Republicano e o Democrata,
ambos de extema direita.
b. O Totalitarismo de Esquerda.

Karl Marx é sempre lembrado como iniciador da corrente de esquerda do


mundo, representada pelo socialismo, pelo comunismo, pelo anarco-
sindicalismo, e outros setores. Mas sua obra sobre economia “O Capital”, nunca
foi seguida por nenhum dos países que se diziam “de esquerda”.
Mesmo para os movimentos de extrema-esquerda, a União Soviética e
todo o leste europeu, nunca funcionaram dentro da ideologia proposta. O regime
soviético foi fruto de uma ditadura estatal opressiva e alienadora.
As manifestações de maio de 1968 em Paris tiveram um cunho de
esquerda, mas misturado com manifestações anárquicas (“É proibido proibir”).
Houve naqueles dias um ressurgimento da extrema-esquerda da revolução
soviética de 1917, em que o povo faminto invadiu as instalações da aristocracia,
que vivia na mais alta riqueza. Juntamente, como dissemos, o anarquismo
também surgiu, porém com o avanço do cenário internacional, se esfacelaram
por volta dos anos 1980, quando os grupos de extrema-direita tomaram as ruas.
A ditadura de extrema-esquerda não seguiu os ditames socialistas,
mantendo o povo na pobreza e uma classe política privilegiada com regalias. O
que caracterizava esse regime era a falta de competição para ascender
economicamente, já que as necessidades básicas eram supridas pelo estado.
O Pensamento Analógico.

O pensamento analógico nada mais é que o pensamento científico,


racional, mas com uma diferença: ele admite a fé.
Uma coisa que caracteriza o pensamento analógico é que ele é linear.
Acredita no tempo passado, presente e futuro como sendo a única lógica
possível, e no espaço-tempo como teoria plausível.
O relógio de vinte e quatro horas, cada hora com sessenta minutos, cada
minuto com sessenta segundos, é produto do pensamento analógico.
A eletricidade é, assim como a eletrônica e seus derivados, produto do
pensamento analógico.
Ele não tem segredos. É matemático. É formal. É dois mais dois igual a
quatro.
O Pensamento Digital.

O pensamento digital tem como produto o computador e seus congêneres.


A inteligência artificial (A.I.) é subproduto do pensamento digital.
Ele compõe-se da base binária de dados, onde tudo é composto de zeros e
uns. Ou é zero, ou é um. É completamente dicotômico.
Acredita-se que a A.I. não será possível em sua totalidade com a
mecânica digital, apenas com a quântica, da qual falaremos mais adiante.
O pensamento digital é uma evolução sobre o analógico, embora muitas
coisas digitais não tenham a qualidade do analógico. Por exemplo, a música
digital não alcança a qualidade obtida pelos discos de vinil.
O Silogismo.

O silogismo é um pensamento lógico e racional, criado por Aristóteles, e


permaneceu como argumento completo até o século XIX, quando a dialética,
criada pelos antigos gregos, mas desenvolvida por Hegel, o suplantaria.
O silogismo formula duas proposições tidas como verdadeiras:
1. A premissa maior, que é uma afirmação geral. Por exemplo, “toda
fruta é um vegetal”;
2. A premissa menor, que é uma afirmação específica. Por exemplo, “
toda maçã é uma fruta”.

Destas, extrai-se a conclusão, deduzida das duas premissas. No caso,


“toda maçã é um vegetal”.

O exemplo é pífio, mas o silogismo é assim mesmo. As premissas têm


três termos:
1. Termo maior: no caso é “vegetal”, pois aparece na premissa maior e
na conclusão;
2. Termo menor: no caso é “maçã”, pois aparece noa premissa menor e
na conclusão;
3. Termo médio: no caso é “fruta”, pois aparece na premissa maior e na
menor. Liga-as, mas não aparece na conclusão.

O exemplo clássico utilizado na filosofia trata da mortalidade humana:


1. Todo homem é mortal;
2. Sócrates é um homem;
3. Logo, Sócrates é mortal.

A conclusão de um silogismo será a premissa maior de um novo


silogimo, e assim o conhecimento lógico avança.
O método esbarra em erro quando uma das premissas não for totalmente
verdadeira, como neste outro clássico da filosofia:
1. Todo ser vivo provido de asas pode voar;
2. Pinguins possuem asas;
3. Logo, pinguins podem voar.
Eis um silogismo que não deu certo, pois a premissa maior não é
totalmente verdadeira.
O grande risco dessa forma de pensamento é que é uma busca da
verdade baseada em premissas consideradas reais. Porém, quem pode
comprová-las?
A Dialética.

Essa é uma ideia criada pelos antigos gregos, mas o primeiro autor
moderno a utilizá-la foi Hegel, pensador alemão.
O princípio da dialética é que, duas ideias contrárias (tese e antítese) se
confrontem numa discussão, e dessa discussão saia uma solução. Essa solução
será a nova tese para uma nova discussão com sua nova antítese.
Quando se fala em duas ideias contrárias, não se fala em dois
pensamentos fanáticos, que queiram se engalfinhar, convencer um ao outro de
que seu pensamento é o único verdadeiro. Não há conversão. Não há
doutrinação. Não há proselitismo.
O que existe é uma tese, composta por doutrinas próprias, e uma antítese,
composta por doutrinas contrárias. Podem ser duas pessoas, cada qual disposta a
discutir com a finalidade de achar o que se chama de uma síntese.
A síntese não concorda com a tese, nem com a antítese. De repente, pode
até concordar, se a discussão resultar nisso. Mas não é o que se espera ocorrer.
Podem ser dois grupos, mas aí a discussão entre as partes envolveria o
fato de que todas as pessoas de cada grupo pensem inicialmente igualzinho. Isso
só acontece quando o grupo participa de uma facção fanática, o que
impossibilita o processo dialético.
Num jogo de xadrez, por exemplo, não há um processo dialético. Há uma
tese e uma antítese, é verdade, mas não há uma discussão, há uma tentativa de
convencimento. Há a competição. Alguém vence. Poderia-se falar na
possibilidade de um empate. Mas ainda assim, é um resultado previsível. Se
existe previsão, não existe dialética.
Devemos pensar que, numa discussão, nunca saberemos o que será
decidido. É aí que entra o que eu chamo de Teoria da Imprevisão.
Na dialética, como a vejo, as ideias que se contrapõem, não precisam ser
necessariamente contrárias. Apenas diferentes. E a discussão, não pode ser para
que um lado tente convencer o outro de seu ponto de vista. Pois aí não haveria
discussão dialética, apenas discussão aleatória. As pessoas precisam discutir
seus pontos de vista, dispostas a chegar a uma conclusão, que pode não alegrar a
nenhuma das partes, mas que sintam que tenham resolvido aquele problema.
Assim, a meu ver, a grande ideia da dialética é a busca da verdade através
da discussão entre duas ideias diferentes.
Chamo de Teoria da Imprevisão o que se segue: “Entre ideias diferentes
que se discutem, na busca pela verdade, nunca se sabe o resultado a que
chegarão”.
Ou seja, é impossível saber qual é a verdade absoluta. Através do
raciocínio, nunca chegaremos lá. Mas poderemos chegar cada vez mais perto.
Ou não.
Podemos representar a dialética como uma espiral, onde as sínteses são
sempre novas teses a serem contrapostas por novas antíteses, a serem criadas.
Quando se pensa que voltou ao mesmo resultado anterior, está na verdade uma
volta acima. Nunca se retorna ao estado anterior, ao que já se fez no passado,
estamos sempre além, acrescentados pela experiência preliminar.
Essa espiral pode ser representada como infinitamente decrescente, se
imaginarmos estar cada vez mais próximos de alguma verdade inatingível.
Ou então, por uma espiral infinitamente crescente, se imaginarmos estar
com uma experiência sempre maior que a anterior.
Ou ainda, uma espiral que não seja crescente nem decrescente, não
impondo valor ao conhecimento posterior.
Historicamente falando, Sócrates estabeleceu que a verdade pode ser
encontrada por meio da razão e da lógica, e isso seria feito numa discussão.
Sócrates posicionou-se assim contra a retórica e a oratória, que não buscam a
verdade, mas tentam convencer o público, o outro, de que determinada tese é a
única verdade incontestável.
Kant considerou a dialética como uma ilusão, por basear-se no que ele
pensava tratarem-se de aspectos subjetivos. Para Kant, a discussão entre duas
ideias contraditórias não era suficiente para se chegar a um resultado lógico,
racional e plausível.
Hegel baseou sua dialética em quatro conceitos:
1. Nada é infinito. Tudo muda o tempo todo;
2. Tudo se compõe de contradições;
3. As crises ocorrem por causa das alterações graduais: mudanças
quantitativas levam às qualitativas;
4. O caminho da dialética é uma espiral, não um círculo.

O grande erro de Hegel foi achar que haveria uma solução final. Que a
civilização pararia num estado final. Ela sempre evolui. A dialética é
infinita, nunca tem uma resolução que se diga: daqui não passará!
A Polialética.

O princípio da polialética é que, várias ideias diferentes, ao mesmo


tempo, se confrontem numa discussão, e dessa discussão saia uma solução.
Dessa solução, varias ideias são imaginadas, e uma nova mesa-redonda poderá
acontecer.
Diferentemente da dialética, não há dupli-pensar. Há uma multiplicidade
de ideias que se contrapõem.
É o que esperamos de uma mesa-redonda inteligente, quando ouvimos,
vemos, ou participamos de uma. Cada qual expõe seu pensamento, todos
ouvem. Depois, cada um, sem ser interrompido, expõe novamente seu
pensamento, dessa vez balizado com o que ouviu dos outros.
Não é uma competição, para saber quem se sai melhor. É a busca de um
pensamento melhor para todos, que servirá a todos, individual e coletivamente.
Cada um sairá da discussão com um resultado coletivo, mas terá sua
individualidade preservada. Por isso mesmo, confrontará com seu próprio
parecer e obterá uma nova ideia, que participará numa futura discussão entre os
mesmos ou novos pares, que pode ser um, dois, ou vários.
E onde fica a Teoria da Imprevisão aí?
Mais uma vez, as ideias discutidas o são feitas para a busca de uma
possibilidade. Racionalmente, nunca chegamos à verdade. Então, de que adianta
discutir?
Cada vez que conversamos sobre ideias, com opiniões diferentes,
aceitando que o outro pode ter pontos mais fortes que os meus, e o outro possa
aceitar que eu tenha pontos mais fortes que o dele, podemos chegar a um
acordo.
O acordo é a base da pacificação.
Um acordo entre diversas ideias diferentes não tira as individualidades,
mas pacifica o ambiente.
A Teoria da Imprevisão é baseada em acordos. Os futurólogos sempre
erram, porque baseam suas visões de futuro no que conhecem da História e do
que veem no presente. Fazem estatísticas e diaba-a-quatro, mas o futuro não
pode ser previsto.
Em 2018, quem sabia que haveria uma pandemia a partir de 2020? E que
ela se estenderia por 2021, matando milhares de pessoas, governantes negando a
doença, apesar de todas as evidências?
Em meados do século XX, achava-se que, no ano 2000, as pessoas
utilizariam veículos pessoais que voariam pelos ares. Imagine o que seria andar
pelas ruas, com medo que um carro caísse sobre sua cabeça...
Nos anos 1970, os ecologistas eram considerados malucos. Hoje, a
grande catátrofe prevista é, baseada no presente, o aquecimento global.
A esperança está na Teoria da Imprevisão. Esperança de que parem de
utilizar combustíveis fósseis e usem energia limpa.
Por energia limpa, não podemos considerar nem a atômica, nem a
elétrica, por exemplo, pois elas contém resíduos não-descartáveis.
Esperança de que a poluição termine em tempo hábil, e que os
governantes e empresários aceitem novas formas de convivência com a
população.
A Teoria da Imprevisão é pura dialética, é pura polialética. Não trata de
soluções definitivas, mas de possibilidades.
Através dela, podemos prever diversas possibilidades para o futuro. Se
fizermos isso e aquilo, e a natureza agir de determinada forma, e se não formos
atacados por um meteoro, e se não houver algum tipo de catástrofe natural não
prevista, então temos tais e tais possibilidades.
A polialética pode ser representada da mesma forma que a dialética: uma
espiral. Ou, se for vista de outra forma, múltiplas espirais, em diversas direções.
O Tempo e o Espaço.

O que é o Tempo? Podemos falar em tempo linear, onde se encontram o


passado, presente e futuro numa linha reta e infinita; ou não-linear, em que
passado, presente e futuro estariam juntos.
Na idade média ocidental, acreditava-se que o tempo era circular: havia
apenas três eras: a criação do mundo, o presente e o juízo final.
Depois, passou-se a crer num tempo infinito: passado, presente e futuro.
Sempre existiu e sempre existirá. Esse pensamento permeou roda a renascença
até os tempos modernos.
Kant considerava que o tempo e o espaço não são ilusões, mas noções a
priori que nos permitem compreender a experiência dos sentidos. Para ele, o
tempo serve para comparar intervalos entre os eventos da realidade palpável, a
única que o filósofo considerava existente. E o espaço identifica apenas a
distância entre as coisas.
Existe uma discussão sobre o assunto entre os chamados realistas e os
anti-realistas.
Os primeiros defendem que o tempo e o espaço, independentes um do
outro, existem muito além do que pode a mente do ser humano perceber; os da
outra facção defendem que o espaço e o tempo, independentes um do outro, não
possuem existência além da possibilidade que possa dar a mente humana.
Os idealistas recusam a existência de qualquer coisa além da mente
humana, além do tempo e do espaço.
Entretanto, o tempo cíclico de Nietzsche contrariou a tese do tempo
infinito, criando o eterno retorno, o loop eterno, o universo repetindo a História
sempre e sempre.
A física quântica contemporânea trouxe a ideia do big bang e do big
crunch, não explicando o que houve antes, nem o que haverá depois. Um tempo
finito.
Escreveu Santo Agostinho: “Não é verdade que estão ainda cheios de
velhice espiritual aqueles que nos dizem: - Que fazia Deus antes de criar o céu e
a terra? Se estava ocioso e nada realizava, dizem eles, por que não ficou sempre
assim no decurso dos séculos, abstendo-se, como antes, de toda ação? Se existiu
em Deus um novo movimento, uma vontade nova para dar o ser a criaturas que
nunca antes criara, como pode haver verdadeira eternidade, se n’Ele aparece
uma vontade que antes não existia?” (Confissões, Livro XI, capítulo 10).
A dialética apresenta um tempo espiral, em que os fatos aparentemente se
repetem, mas sempre com dados novos. Não explica, todavia, se essa espiral é
fixa, decrescente ou crescente.
Einstein mostrou, por meio de cálculos, que não podemos falar de tempo
sem falar no espaço. Ele deu a isso o nome de espaço-tempo. Assim, não há
mais sentido em falarmos em quilômetros, por exemplo, mas quantos minutos
leva para se percorrer um quilômetro.
A física quântica assinalou que dois eletrons podem estar em espaços
diferentes dentro de um mesmo nanosegundo.
Assim, dentro de um microssistema, o passado e o futuro se fundem no
presente, através do eletron que está em dois locais ao mesmo tempo. O macro
pode ser idêntico ao micro?
Talvez todas as realidades acerca do tempo-espaço sejam possíveis, de
acordo com a crença de cada ser.
O Holismo.

Dizem que Aristóteles, o ateniense da antiguidade, constatou, em sua


obra “Metafísica”, que “o todo é maior que a soma de suas partes”. Assim, ele
seria o primeiro teórico holístico do ocidente.
Com tal afirmação, o filósofo teria dito que o sistema global superaria a
simples análise das partes que o compõem. Digo do ocidente porque, no oriente,
a ideia do Tao é muito anterior ao do nosso holismo.
Descartes divulgou a ideia da ciência pré-holística do ocidente, pregando
que a análise das partes é suficiente para se compreender a totalidade.
Diferentemente de Aristóteles e do Tao, o cartesianismo nos leva a crer que a
análise das coisas é o que basta para entendermos a realidade do mundo e das
ideias.
No holismo, nós mantemos as individualidades, mas ligamos o indivíduo
ao Todo, á mãe-Terra, ao Universo. É a intuição nocional, que dá a impressão
de um retorno ao panteísmo, mas é a segunda volta do parafuso.
São inúmeras as correntes holísticas. Há até quem faz do holismo uma
terapia.
Como aprendemos na dialética, nada volta a seu estado original. As
modas não vêm e vão, sempre se renovam. Apesar de parecer que se repetem,
sempre há algo novo. A nostalgia é um pensamento de tentativa de retorno a um
tempo que, na verdade, nunca existiu, a não ser na memória de uma pessoa. A
nostalgia cria um novo movimento, uma ideia que nunca existiu antes.
Nenhuma criação sai do nada. Todo criar é baseado em experiências
anteriores do criador. Ninguém cria do nada.
O holismo tem como princípio a Unidade, a integração das partes no
Todo. En To Pan.
O trovão é um fenômeno? Já foi um deus, em várias culturas. O raio,
outro deus, diferente do trovão, em outras culturas. Trovão já foi Tupã, Thor,
Júpiter, Zeus, Xangô. Iansã é a rainha dos raios.
Na cultura iorubá, Xangô tem vários tipos: tem o Xangô-menino, que na
igreja católica é São João garoto, com os cabelos cacheados. Tem o Xangô-
Airá, que é o Xangô velho, que se veste de branco e tem sabedoria. Tem o
Xangô propriamente dito, que é o mais conhecido, que se veste de marrom e
tem a voz de trovão.
O raio tem vida? O trovão é sua substância auditiva, para nossa
civilização.
O que são as partes? É cada ser vivente. Ou, para outros, cada ser, vivente
ou não. Ou ainda, a integração de cada vida na vida do Universo.
Até onde vai a vida? Podemos dizer que cada molécula de água tem sua
vida própria, ou que cada átomo de nosso corpo tem vida própria, ou que cada
quark do universo tem sua vida própria.
Cada um de nós, seres humanos, somos uma vida. Que é formada por
uma multidão de vidas, cada qual de um pedacinho de nosso corpo. Que são
formadas por moléculas, cada qual com sua vida. Que são formadas por átomos,
cada qual com sua vida. Que têm suas partes constituintes, das quais, a menor
de todas que eu conheço, hoje, é o quark. Que tem sua própria vida, pois é
concebido, evolui e morre.
Tem um livro, que não me lembro o nome nem a autora, que diz que a
maior parte de nossos corpos é composta por bactérias.
Há o fato de que, a maior parte da matéria, é composta pelo vazio: a
saber, a matéria é composta por átomos, e cada átomo é, substancialmente,
tomado pelo vazio dos elétrons que corcundam os prótons e os nêutrons.
Para os biólogos, a vida é ser gerado, nascer, evoluir e morrer. Varia o
conceito de um biólogo para outro, mas de maneira geral, é isso. Alguns falam
na capacidade de reprodução, mas os seres inférteis?
De qualquer maneira, o que se discute é: quando a vida começa e quando
acaba.
Ela se inicia na concepção, segundo acredito. Para outros, quando se tem
a certeza de que será apenas um indivíduo, ou se serão duas ou mais pessoas na
barriga da mãe. As variações continuam, até quem ache que a vida comeca
apenas no nascimento.
Quando a vida termina? Quando para o coração, a circulação, quando há
morte cerebral?
Na verdade, confunde-se a vida com a consciência; a vida é finita, a
consciência é eterna.
No entanto, há quem creia que a consciência nasce e morre com a vida.
Pode-se chamar a consciência de alma ou espírito. Tanto faz. O sentido é
o mesmo. O que altera é como as pessoas consideram a consciência, antes e
depois da vida.
Existem teorias sobre o que acontece com o espírito, depois que a vida
em que ele está inserido acaba. Alguns acham que ele tem um caminho pré-
determinado, outros acham que ele caminha de uma vida para outra. Platão
considerava que, no caminhar de uma vida para a outra, ele se desgastava.
Um animal, humano ou não, tem consciência.
Não sei se as plantas têm consciência, ou os minerais. Nem de que forma
essa consciência pode existir.
A sensciência, por outro lado, é uma forma de consciência inexplicada. É
quando se observa um tipo de inteligência, que pode ser eterna ou não.
Considera-se que, um ser sensciente, é provido de vida. Mas, se tem início,
meio e fim, como ser vivo, não se sabe como idealizar a sensciência.
Para alguns, a vida é um fato transcendente.
Para outros, um ato de transcendência, além do nascimento e da morte.
O que devemos considerar no holismo é: tanto a vida, como a
consciência.
O conceito holístico de generalitude engloba tudo o que é vida, na vida da
mãe-Terra, da deusa-Mãe, do Altíssimo, do Universo, do Multiverso, de acordo
com a concepção do pensador. Vida, mente e matéria são um todo no sistema
holístico, diferentemente do modelo reducionista, que as coloca como entidades
separadas.
Quando se fala em holismo, devemos incluir todos os sistemas, das
ciências naturais até as humanas, passando pelas ciências aplicadas e pelas não-
ciências.
Há outra questão a ser colocada. O mundo, como cada um de nós
conhece, não é o mesmo para todos. Cada qual de nós, tem uma percepção
diferente do mundo ao nosso redor. E a percepção, de cada um de nós, só atinge
uma fração do que é a realidade em seu total.
O que nós não conseguimos cheirar, ver, ouvir, palatar, tatear, sentir, não
existe para nossa percepção. Mas existe, além de nossos sentidos. E não teria
vida própria?
Falo da questão da realidade. O que é real? Não é o que a percepção de
cada um de nós capta do que nos envolve, já que isso varia de ser para ser. Pode
ser uma totalidade, além das percepções, além de nossas quatro dimensões.
Os físicos falam que vivemos num universo de onze dimensões. Faz parte
da teoria das cordas. Onze dimensões!, gente. Dá pra imaginar? Não temos, nós,
humanos, capacidade para pensar em onze dimensões, só até quatro. Pelo
menos, por enquanto.
Além disso, existe a possibilidade do multiverso. Vários universos num
mesmo espaço. Em planos diferentes de existência. Poderíamos perceber, num
lapso, algum desses planos?
Há uma outra colocação que quero pôr neste capítulo. É sobre a
consciência ecológica. As primeiras vezes em que falaram sobre a preservação
das reservas naturais e a não-utilização dos recursos fósseis foi nos anos 1960.
Mas era considerado papo de hippie e de loucos.
Nos anos 1970, a movimentação política suplantou a ecológica, e esta
ficou na mão de cientistas que não foram ouvidos, e dos bicho-grilos.
Em 1980, só existia uma faculdade de ecologia no Brasil. Ficava na
distante cidade paulista de Rio Claro. Havia um curso que podia ser feito
depois, mas era em Brasília, DF.
Hoje, existem várias. Algumas, com o nome de Ciências Ambientais ou
Ciências Sócio-Ambientais.
Mudou-se, portanto, a nomenclatura de ecologia para ambientalismo, por
questões políticas, que não convém discutir aqui.
Atualmente, o aquecimento global é assunto de ponta, em todos os
lugares, para todas as pessoas.
A Europa critica o Brasil, mas, em 2021, a França queimou uma floresta
inteira, para fins não sabidos.
Os Estados Unidos dizimou seus índios, suas florestas, grandes manadas
de búfalos, e quase acabou com as águias, que são seu símbolo nacional, e nos
criticam.
Aliás, as águias sul-americanas têm envergadura muito maior, e são mais
poderosas, e nem por isso são símbolos de nossos países.
O ambientalismo tem tudo a ver com o pensamento holístico.
O holismo semântico defende que o significado de uma palavra ou frase
só acontece quando compreendida no corpo da linguagem como um todo. Do
mesmo modo, um estado mental, espiritual ou emocional só pode ser
identificado se relacionado com outros estados mentais, espirituais ou
emocionais.
O Pensamento Quântico (pQ).

O pensamento quântico não polariza. Distribui. Conversa. Troca ideias.


Não compete. Não discrimina. Não tem opinião formada. Está sempre se
formando. Sempre se atualizando. Sempre evoluindo.
Pensar quanticamente é ter a mente sempre pronta a receber ideias novas,
que podem não ter nada a ver com as já conhecidas. Absorvê-las, da maneira
humanamente possível, colocá-las as discussão com as conclusões já tiradas
anteriormente, e realizar novas conclusões.
Falar em multidisciplinaridade é pensar em conhecimentos limitados que
se interligam, formando um só. Na verdade, o que o pQ propõe é um só
conhecimento, não dividido em áreas, onde cada indivíduo possa dar sua
contribuição em qualquer forma de conhecimento humano.
Não se divide mais em humanas, biológicas e exatas, por exemplo. Física
clássica e física quântica. Língua inglesa, língua francesa e língua germânica.
Oriente e ocidente. Ying e Yang.
Nem mesmo a antiga ideia de panteísmo é compatível. Nem a de holismo.
Precisamos ir além.
O pensamento quântico é além da multiplicação das partes, porque não
existem mais partes, e sim um além do todo a ser explorado, por cada um de
nós, e ao mesmo tempo, por nós todos.
Claro que não se espera que um ser humano esteja cem por cento disposto
a raciocinar vinte e quatro horas por dia. Nem todos os dias. Há períodos em
que estamos mais dispostos a trabalhar com nossas mentes, nossos corpos. Há
períodos em que precisamos descansar.
Mesmo as máquinas necessitam de repouso. Não inventaram ainda o
moto-contínuo. Para quem não sabe, isso era algo que os alquimistas buscavam,
uma máquina que funcionasse sem parar, sem desgaste, sem gastar energia,
infinitamente.
A ideia de que os robôs/androides sejam imortais é falível. Eles têm um
nascimento, uma evolução, e precisam, a cada tempo, que suas peças sejam
trocadas.
O caminho do pensamento quântico pode ser representado por uma
espiral ascendente? Não, isso era a dialética. É uma eterna circunferência, que
se repete sempre e sempre? Não, esse é o eterno retorno. Está escrito nas
estrelas? Não, isso é a fatalidade. É uma reta infinita? É uma curva? É uma
infinidade de espirais, em múltiplas direções, tal o multiverso?
A representação do universo é a de um oito deitado, porque acreditava-se
que, seu formato, era o de um círculo torcido. Visto, assim, de certo ângulo,
pareceria mesmo um oito deitado. Como o espaço não tem direção (em cima,
embaixo, direita, esquerda...), seria apenas uma convenção matemática.
De qualquer forma, representa-se o infinito como um oito deitado,
independente de como se possa crer que ele seja. Ou se o universo seja infinito
do tipo eterno retorno ou infinito sem limites.
Há cientistas que consideram o universo uma bolha finita, e o multiverso
uma finitude de bolhas. Outros, consideram-no infinito, e o multiverso como
universos que se justapõem dentro do mesmo espaço, apenas em planos de
existência diderentes. Outros...
Na verdade, não sei como representar o caminho do pensamento
quântico.
Proponho representar a palavra “quântico” ou “quântica” por um Q
maiúsculo, independente da pontuação que se queira colocar antes ou depois
dele. Para falar em “pensamento quântico”, poderíamos utilizar “pQ”. Simples
assim.
a. A Teoria De Tudo E A Enciclopédia.

Na época do Iluminismo europeu, filósofos franceses pretenderam reunir


todo o conhecimento humano em livros propostos para isso. Criaram a
Enciclopédia.
Eles esqueceram de alguns detalhes: o conhecimento americano anterior a
Cristóvão Colombo, dos diversos povos influenciadores da cultura das
Américas, como a dos tupi-guaranis, dos astecas, dos incas, dos maias, dos
apaches, entre outros; o conhecimento de todos os povos orientais; o
conhecimento dos povos do continente africano; o conhecimento dos povos da
Oceania, Austrália e inuítes.
Não imaginaram que a cultura é um eterno rolar, não para num espaço-
tempo.
Pensadores europeus do ocidente, prestigiados na época, foram
convidados para escrever os verbetes da Enciclopédia. Que, na verdade, parou
de ser feita para nunca mais ser continuada. Terminou a vontade dos
idealizadores. Para ser sincero, eles já estavam em outra vibração.
Agora, os físicos propõe criar a Teoria de Tudo, que reúne a Teoria da
Relatividade de Einstein, todos os campos da física quântica, e o
eletromagnetismo com a força da gravidade.
O nome é pomposo, para unificar a física: Teoria de Tudo...
O pQ propõe que o nome seja apenas uma possibilidade, com intuito de
mudanças futuras, ampliando inevitavelmente o campo de estudos.
De um modo devido, o que a Teoria de Tudo pretende fazer é o que, em
outro tempo, com intenções parecidas, a Enciclopédia dos franceses o fez.
Acho que foi no dia trinta de setembro de 2021, que eu vi uma live com
os engenheiros de produção Guilherme Torrejon e Luiz Gustavo Borges, num
debate sobre se a profissão tende a acabar.
A explicação é que ela teria, nos anos 1990 e 2000, tentado abarcar todas
as formas de engenharia numa só, mas se solidificado no tempo atual. Segundo
os debatedores, ela “resolve sistemas de problemas”, e por isso é global e tem
que estar em constante mutação. Não pode parar.
Então, ela vai se transformar. O novo engenheiro de produção tem que
entender as novas tecnologias, buscar novas habilidades, novas ferramentas.
Foi o caso de quando ingressei na faculdade de comunicação social. Me
parecia um curso bastante amplo, em termos de conhecimento, e realmente foi.
Quando trabalhei na área, apesar de me especializar em jornalismo político, eu
me enfiei nos mais variados assuntos, além de vivenciar outras áreas, que não
necessariamente a minha.
Nunca fui um especialista, mas um espectralista. Até hoje o sou.
b. O Teletransporte.

Quem é fã das séries Star Trek, sabe do que estou falando.


Na franquia, o teletransporte é uma máquina que converte matéria em
micropartículas, e transporta essas micropartículas para outro lugar,
convertendo-as na mesma matéria original. Essa matéria pode ser inorgânica ou
orgânica. Isto é, inclui o ser humano, com sua consciência intacta.
Segundo Gene Roddenberry, idealizador das duas primeiras séries da
franquia, a Terra, no futuro, não teria mais religiões. Por isso, ele não pensou se
o espírito também permaneceria intacto no teletransporte.
Depois que ele morreu, inventaram o katra para os vulcanos e uma
religião para os klingons. Além de outras religiões, mas sempre para outras
civilizações, não a terrestre. E passou-se, sem pensar nunca nisso, a considerar
que o espírito se mantém, com o teletransporte.
Na prática, existe o teletransporte de nanopartículas. É o máximo que
tenho notícia, pelos veículos de divulgação científica que me chegam às mãos,
até o momento presente, setembro de 2021.
c. O Computador Q.

A última notícia que tive até este momento, setembro de 2021, é que um
computador quântico tem o tamanho aproximado de uma geladeira.
É um pouco grande demais para o que se espera. Os prognósticos são de
que ele atinja tamanho microscópico e muitos terabytes e terabytes de memória.
É como fazer uma conta: no computador digital, ela é feita passo-a-passo,
ainda que numa velocidade incrível! No computador Q, ela é feita de uma só
vez, resultando numa velocidade imediata.
Pensamos hoje na banda larga, na capacidade de carregamento, no SSD
(no lugar do antigo disco rígido, o HD), no 5G.
Pensamos nos carros autônomos, em que um motorista é dispensável e
substituído com enormes vantagens, como nunca estar bêbado, ou movido pelo
nervosismo.
Pensamos nas operações cirúrgicas à distâcia, em que, por exemplo, um
médico na capital suíça poderia operar, em tempo real, uma criança num
hospital de Caraguatatuba, no litoral norte paulista.
Pensamos na possibilidade de um palestrante falar a diversas plateias ao
mesmo tempo, seja em locais públicos, seja em suas próprias casas, sem
precisar que a empresa que o contrate tenha gastos com transporte, hospedagem
e alimentação. Daremos adeus aos coqueteis.
Nós poderemos vê-lo em quatro dimensões (altura, largura, comprimento
e espaço-tempo), e ouvi-lo em som surround, podendo saber de onde vem a voz,
quando ele anda pelo palco virtual, em sua casa, seu estúdio, ou seu escritório.
O que pensamos hoje já é posssível, mas com os computadores quânticos
podemos pensar muito mais além do que na realidade aumentada.
Estamos falando de nanotecnologia, onde os componentes são
biotecnológicos, não mais dependentes de minerais, ou combustíveis fósseis.
Quando falo em biotecnologia, estou dizendo que não precisaremos mais
extrair minerais, nem recursos fósseis, para fazer componentes elétricos,
eletrônicos, cibernéticos, ou mesmo para construção civil, mecânica e outras
formas tecnológicas.
Utilizaremos princípios retirados de vida regenerativa, isto é, que possa
ser reproduzida indefinidamente. Sem alterar os biomas da Terra.
Computadores quânticos estarão integrados com o ser humano.
Computadores em rede serão passado. A rede, em si, será um computador.
d. O Raciocínio Q.

0 e 1. Dois valores que não são mais estacionários. Um qubit (pronuncia-


se quilbit) pode valer 1, ou 0, ou qualquer valor entre 1 e 0. Ou dois valores
diferentes ao mesmo tempo. Pode estar em mais de um lugar ao mesmo tempo.
Ao contrário do digital, que era polarizado, o raciocínio Q é analógico,
múltiplo, pensa em várias camadas ao mesmo tempo. Aliás, não há andares
neste tipo de raciocínio. É um todo, pensando em tudo ao mesmo tempo.
De uma certa forma, é como Leonardo da Vinci. E vai além. Arte,
ciência, filosofia, literatura, tudo junto.
No raciocínio Q, só não entram as emoções e a fé, que continuam a ser
próprias do ser humano.
e. A Intuição Q.

A intuição é particular do ser, humano ou não. Ela vai além do raciocínio,


como já dissemos anteriormente.
Falar em intuição Q é constatar que podemos intuir em todas as direções,
não apenas para a frente e para trás, para cima e para baixo, etc, mas tabém
circularmente, espiralmente, ou quiçá de outras maneiras.
A intuição Q não precisa da evolução da física Q. Pode ser obtida pelos
seres a qualquer momento.
f. A Inteligência Artificial Q.

É impossível falar-se em A,I, digital. O sistema binário é insuficiente para


imitar o cérebro humano, com suas sinapses e neurônios.
Somente um sistema Q pode atingir, com suas habilidades de zeros e uns
em locais distintos ao mesmo tempo, ou de serem zeros e uns na mesma
instância, ou de serem qualquer valor entre zero e um em qualquer lugar, ou de
qualquer outra informação que você ou eu possamos querer,... somente um
sistema Q pode imitar o cérebro humano na mais alta performance.
g. Androides Orgânicos.

Pensamos na possibilidade de futuramente construirmos androides. Eles


terão a mesma formação estética que outros seres, e servirão como empregados
domésticos, animais de estimação, empregados que trabalhem em locias onde os
outros seres não têm capacidade orgânica, mecânica, mental, ou emocional, e
coisas assim.
Porém, não substituirão seres humanos em todos os serviços domésticos,
pois não saberão, por exemplo, dar aquele temperinho diferente diário na
comida. Nem substituirão animais domésticos usuais, já que estes têm
personalidades.
Mas os seres humanos e não-humanos poderão ter, em seus corpos,
elementos inorgânicos, como hoje em dia são as próteses e os marca-passos.
Não precisaremos mais ter doações de órgãos, pois estes poderão ser obtidos
sinteticamente.
O Que Muda Com O pQ.

As ligações entre os qubits são mais próximas às ligações de nossos


neurônios. Haverá muito maior facilidade de habilitação de um ser humano com
um computador Q do que com um computador digital.
Claro, o computador Q é analógico. Como nossa mente.
A grande revolução está na despoluição de nossos recursos vitais, pois
poderemos utilizar a biotecnologia.
A biotecnologia é a chave. Trata-se de não utilizar a extração de recursos
minerais ou fósseis. Mas os que podem ser obtidos de origem vegetal, e até
mesmo humana. Poderemos ter componentes tecnológicos a partir de extratos
vegetais, folhas, unhas humanas descartadas, pele humana que se descarta
naturalmente todos os dias, cabelos, etc.
Teremos nosso planeta despoluído, viável para nossa sobrevivência, com
recursos tecnológicos nunca antes imaginados, ao nosso dispor.
Poderemos pensar em colonizar outros planetas, sabendo como fazê-lo,
dessa vez sem destruir seus recursos vitais.
Poderemos pensar em exploração espacial com energia biológica, para
suprir a necessidade de combustível.
Sou fã incondicional da franquia Star Trek, mas, em especial, da Série
Clássica e da Nova Geração.
As ideias principais saíram da cabeça de Genne Roddenberry. O
comunicador que James Tiberius Kirk usava, ainda não foi inventado, porque o
celular precisa de satélite para funcionar.
O teletransporte de matéria orgânica também não. Nem o replicador.
Houve um episódio em que ele pensou na possibilidade de vida baseada
em silício, em vez de carbono. Ele chegou a pensar na sensciência possível,
onde não houvesse o que fosse reconhecido pelo ser humano como vida, num
episódio em que uma espécie de nuvem, sem forma definida, sem vida,
mostrava sinais de consciência.
Todas essas ideias foram concebidas originalmente na série clássica, do
segundo meado dos anos 1960.
O único defeito, em toda a franquia, é que eles não imaginaram nenhuma
forma de energia que não dependesse da extração mineral de algum planeta.
Isso é compreensível por parte do criador das duas primeiras séries, devido a
seu próprio desconhecimento, na época, do aquecimento global.
Mas bem que os desenvolvedores da Discovery poderiam ter pensado
nisso. Pelo menos, até hoje, setembro de 2021, não vi nada a respeito.
O que pode impedir a revolução tecnológica Q de acontecer são os
interesses de empresários, industriais, políticos, gente que se preocupa mais em
obter poder para si mesmo, independente do que deixará para as próximas
gerações.
Não adianta pensar em abandonar a Terra, na busca da colonização de
outros planetas, sem a consciência de que somos Gaia.
Outro fator importante para que evoluamos para o pQ, é que devemos
parar de pensar que só existe o positivo e o negativo, a esquerda e a direita, o
feminino e o masculino.
A população mundial, nos últimos anos, se polarizou. Ou é contra, ou é a
favor. Há uma tendência em se radicalizar as coisas. Ou você é a favor
completamente do governo, e o aceita cegamente como ele é, considera-o um
enviado de Deus... Ou, se você não obedece a essas condições, imediatamente é
considerado de esquerda, um partidário do mal.
Há uma tendência para o fanatismo. Essa é a regra. Eles não enxergam
que existe um leque de opções.
Claro, existem os que não apoiam nenhuma das duas opções. Todavia,
são a exceção.
O fanatismo é sempre igual. Dá sempre o mesmo resultado. Tende ao
totalitarismo. Ditadura é sempre igual, seja de direita, seja de esquerda, seja de
centro, de quase-centro, de qualquer âmbito.
Aliás, os contrários radicais se tocam, são muito parecidos, mais do que
consideram diferentes.
Existe o que chamamos de espectro, que é a totalidade de possibilidades,
onde o pensamento é mais que simplesmente um segmento de reta, com dois
polos opostos. Como nos ensinou Einstein, em sua Teoria da Relatividade, a
reta é apenas um tipo especial de curva. Por isso, os polos se tocam. Porque não
estão num segmento de reta, mas numa circunferência.
Vamos pensar nessa circunferência cheia. Um círculo. Vamos pensar em
três dimensões. Uma esfera de pensamentos.
Agora, vamos além da esfera. Vamos pensar que existe não só os
pensamentos da esfera, mas que podemos ir muito mais além.
Para conseguirmos isso, precisamos ouvir mais, uns aos outros, aprender
a conversar em grupo.
Um debate não é concordar em tudo. É cada um entrar com uma ideia
diferente, para chegar a um resultado final.
O pQ nunca chega a um resultado final. O debate de pQs chega a uma
possibilidade. Que dá vazão a outras diversas possibilidades.
Uma possibilidade nunca é uma ideologia. Nem mesmo uma ideia.
O que distingue uma ideologia de uma ideia? A ideologia é a ideia
formatada. De uma mesma ideia podem surgir varias ideologias.
A ideologia é para os seguidores. A ideia é para os criadores.
Uma possibilidade é um espectro de ideias que dialogam entre si.
a. O Que Muda Na Sociedade

O pQ trará para as pessoas uma nova forma de ver as coisas. O


preconceito, de todas as formas, não terá mais lugar, pois a sociedade terá
mudado. Não viveremos mais um patriarcalismo, nem um matriarcado, ou
qualquer forma de poder.
Por não haver mais fronteiras, as pessoas poderão se reunir em
associações livres, pelo tempo que quiserem, sem a necessidade de estatutos
escritos rígidos.
b. O Que Muda Na Política.

O pQ mudará a política inevitavelmente.


Os eleitores se cansarão, dentro de algum tempo, de serem comandados
por ideologias radicais. Vão se interessar por ideias, vão inevitavelmente
perceber a falibilidade de nosso sistema polarizado, e vão exigir uma nova
forma de agir, porque estarão cansados do antigo pensar.
Isso não é previsão. Faz parte da evolução devida à revolução
tecnológica, do digital para o Q.
Talvez tenhamos partidos com ideários, não mais apenas siglas.
Talvez não tenhamos mais partidos, pois as pessoas não conseguirão mais
se reunir em torno de uma única possibilidade.
Talvez as eleições sejam feitas sem candidatos, mas as pessoas votarão
em possibilidades, e quem se adaptar melhor a essas possibilidades, será parte
do grupo de eleitos.
Não teremos mais um único representante majoritário do país, mas um
grupo, que mudará sempre, de acordo com as possibilidades que se apresentam.
O método eleitoral mudará. Não sei como será, mas terá a ver com a internet Q.
Ninguém ganhará dinheiro com política, pois o dinheiro não importará
mais, e sim o bem-estar individual e coletivo.
Isso acontecerá, não porque as pessoas serão menos egoístas, mas pela
própria evolução natural da política.
O que conhecemos hoje como carreira política e políticos inexistirá com
o pQ. É uma profissão fadada a se extinguir. Mesmo porque nunca foi uma
profissão de verdade, embora os políticos queiram nos enfiar goela abaixo que a
carreira política é para poucos privilegiados, que merecem ganhar as fortunas
que ganham, independente de suas capacidades acadêmicas.
A internet quântica não deixará que existam notícias falsas (fake news),
pois sua velocidade será multiplamente maior que a digital, assim como sua
memória. E seu sistema de verificação de veracidade será muito mais rápida do
que se possa imaginar.
Da mesma maneira, será impossível estabelecer censura na internet
quântica. Será um espaço real para uma tribuna livre.
c. O Que Muda Na Economia.

O pQ trará futuramente um colapso econômico, quando o dinheiro não


subsistir em nenhuma de suas formas.
Não teremos mais cartões de crédito, de débito, dinheiro eletrônico,
bitcoins, ou o que quer que inventem ainda.
O que existirá será a confiança entre as pessoas e a permuta de serviços,
sem interesses pessoais de lucro. A ideia de comércio ficará no passado.
Contudo, isso ainda demorará décadas, acredito, para acontecer. Não
chegará a um século, se nossa espécie subsistir a tanto.
d. O Que Muda na Arte.

A arte não ficará mais confinada em galerias, museus, casas de pessoas


privilegiadas, espaços públicos determinados.
A arte estará em todos os lugares. Será para todos.
Ainda existirá a pintura, a escultura, o múltiplo, a gravura, a instalação, a
performance, o happening, a literatura e os poemas em livros físicos e e-readers,
assim como o poema falado, entre ouras formas.
Porém, não pararemos aí. Muitas outras maneiras de se fazer arte
existirão. De se exprimir artisticamente. Não será mais necessário gastar
dinheiro, para se adquirir, se absorver, consumir arte. Não será mais necessário
gastar dinheiro para se exprimir artisticamente.
Como teremos o colapso econômico, e o dinheiro não existirá mais, os
artistas não precisarão mais vender suas obras, sua produção, sua expressão.
Será tudo de graça. Manterão, se quiserem, a autoria, para preservarem suas
individualidades, já que esse é um direito que vai além da democracia. É um
direito humano.
A arte estará no espaço Q. O pQ terá uma nova visão sobre a arte, que
não sabemos ainda qual será, entretanto será ilimitadamente maior que a atual.
E o poder da arte será muito mais grandioso que o atual, limitado a mestres e
discípulos, limitado a leilões e galerias. Todos poderão ser artistas.
e. O Que Muda Em Nós Mesmos.

Os cálculos mais astronômicos da física, seja ela clássica ou quântica, os


cálculos mais altos da matemática, terminam em possibilidades.
As estatísticas nunca dão resultados exatos: dão possibilidades.
O pQ mudará em nós a ideia de que as coisas são o que são. Elas, na
verdade, são possibilidades do que podem vir a ser.
Passaremos a ter uma nova visão da vida. Não mais pensaremos sobre o
que o futuro nos reserva, mas estaremos abertos a quaisquer possibilidades que
ele nos reserve. E nem por isso seremos pessimistas.
O otimismo é a face original do pQ. E por quê?
O ser humano estará mais integrado ao sistema Q. Por ser analógico, em
primeiro lugar.
Em segundo lugar, a tomada de decisões, que é própria do ser humano.
Uma máquina não pode tomar decisões, já que, para tanto, é necessária a
familiaridade com as emoções, com a tocabilidade dos hormônios, com o livre-
arbítrio do humano.
Em terceiro lugar, a questão da cognição humana. Só nós, humanos,
temos a capacidade de pensar.
Em quarto lugar, nossas percepções, nossos sentidos, que nunca serão
substituidos pelas percepções de uma A.I.
Em quinto lugar, nossa capacidade de narrativa. Uma A,I, pode escrever
romances, mas não conseguirá obter emoção. E a narrativa é uma
potencialidade humana.
Assim, estaremos mais livres da máquina, ao mesmo tempo que mais
próximos às suas propriedadades físico/tecnológicas. Ou seja, nos
aproveitaremos mais delas, sem depender tanto das tais.
Em sexto lugar, hoje estamos sediados tecnologicamente no silício. O
futuro está na biotecnologia. Os equipamentos tecnológicos não seráo mais que
seres vivos, que participarão ativamente de nossa locomoção, por exemplo. Os
carros elétricos ficarão obsoletos, já que eles têm um lixo não-reciclável, que é a
base de seu funcionamento.
A medicina será realizada com órgãos criados especificamente para a
inserção em pessoas e animais que deles precisem. Será o fim do tráfico de
órgãos e da rejeição, já que a criação será específica para o receptor.
A biotecnologia estará presente em nossa alimentação. Se pensarmos que
as plantas são seres vivos, poderemos ter alimentos proteinados de origem
vegetal.
f. O Que Muda Nos Direitos Humanos.

Quando falamos em direitos humanos, estamos falando dos direitos dos


seres humanos. Esquecemos dos direitos das plantas, da água, da terra, dos
mares, dos pássaros, dos peixes, dos batráquios, dos répteis, dos insetos, de toda
uma infinidade de formas de vida.
Ou seja, essa história dos direitos humanos remonta a um tempo em que
não havia a preocupação com o aquecimento global.
Devemos pensar que todas as formas de vida, reconhecidas como tal, ou
não, pelos seres humanos, têm seus direitos de sobrevivência, para mantermos
um ecossistema saudável e uma biosfera completamente viva.
Não podemos, por exemplo, explodir pedras ou montanhas, a fim de
construir estradas. Não podemos extrair recursos minerais para usá-los como
fonte de energia ou de riqueza.
É necessário imediatamente repensarmos nosso sistema econômico. A
invenção do dinheiro foi a grande culpada de nossa decadência humana,
ecológica e espiritual. Mesmo para os não-crentes, a espiritualidade existe, na
forma de transformação dos elementos.
O grande colapso financeiro e econômico que, certamente, ocorrerá, será
o grande fator para o nosso revivescimento de sustentabilidade do planeta, e de
um avanço para uma espiritualidade mais totalizadora, respeitando as
individualidades dos seres e o envolvimento de todos no Todo.
g. O Que Muda No Controle Pelo Poder.

Quando imaginamos o futuro, pensamos em seres monitorados por


computadores, através de barras inseridas em algum lugar de seus corpos, ou
por meio de pequenas argolas nas pernas, como no caso de pássaros, ou por
outras maneiras, no caso de outras formas de vida (ou não-vida).
Na China, o governo federal já faz isso com sua população. Não sei se
atinge todos os rincões, ou se só nas cidades. Digamos que lá o futuro já está
chegando.
No mundo inteiro, esse controle é feito por biólogos com alguns
elementos de espécies em estudo.
O grande questionamento fica por conta de se saber quem controlará os
seres, quando todos estiverem monitorados: as pessoas, as florestas, os rios, os
mares, a vegetação em geral, os minérios, as reservas fósseis, enfim, tudo!
Haverá um poder central, que manipule toda a Terra? Ou serão os
governos, ou os cientistas, ou os empresários, ou os banqueiros, ou as
multinacionais, ou algum outro poder centralizador? Quem controla hoje o
Poder na Terra? O poder político, o poder econômico, o poder de comunicação,
enfim, o poder de controle das massas e dos indivíduos? Onde a internet pode
chegar?
Se não houver mais fronteiras, e finalmente restar a paz mundial, será
que, para tanto, teremos que estar manipulados a tal ponto? Será que, para
atingirmos a paz mundial, teremos que estar manipulados, sob controle e
vigilância total, não só os humanos, mas todos os seres viventes e não viventes
do planeta, incluindo as reservas fósseis e energias renováveis?
Será que o enfim colapso econômico, político, comunicacional, nos
libertará a todos e a tudo?
O pQ trará o colapso digital, pois ele mesmo não sustentará todas as
forças vitais e não vitais do planeta. Isso acontecerá porque a Terra é parte
integrante de uma galáxia, e esta, de um universo que não será digital, mas
quântico.
A questão é que vivemos numa cadeia ecossistemática, e, por mais que
saiamos dela, sempre é ela que vence. Assim, nossa sobrevivência como espécie
depende muito do pQ se multiplicar o quanto antes.
Se a espécie humana sobreviver a si mesma, seremos livres, um dia, no
futuro, vivendo num planeta liberto das amarras das fronteiras, do dinheiro, das
politicagens, dos julgamentos entre as pessoas.
h. Já Está Acontecendo.

Estamos passando por um momento de transição no mundo.


Falo das questões gerais que assolam a sociedade. Há um
multiculturalismo que não vem sendo bem absorvido pelas pessoas. Nossa
Constituição de 1988 garante a liberdade de quaiquer cultos, crenças e faltas de
crenças, a gente pode escolher. Garante o livre viver entre todas as pessoas. No
mínimo, se não gostarem, devem, por lei, tolerar.
Porém, tem havido movimentos populares que contrariam essa
convivência pacífica. O preconceito contra ideias diferentes tem crescido, não
só com relação a crenças, mas ideias políticas, econômicas, culturais de um
modo geral.
Todavia, como falei, é um momento de transição. Não podemos prever
qual será a próxima etapa social. Só o que podemos prever é que, após o
colapso, teremos uma sociedade baseada no pQ. O que isso quer dizer?
Não sei. Só o que posso dizer é que será algo diferente do que já ocorreu
em toda a História.
Últimas Palavras.

Cada capítulo deste livro daria para escrever uma coleção. E faltou falar
sobre muitas formas de pensamento. O militarismo. O capitalismo. O
movimento hippie. O iluminismo. O barroco. O modernismo. O póa-
modernismo. O movimento romântico. O materialismo. A bossa-nova. O jazz.
O rock. O espiritualismo. O movimento negro. O feminismo. O matriarcado. O
patriarcalismo. O movimento LGBTetc. A iconoclastia. O movimento
alternativo. A psicanálise. A fitoterapia. Etc. Etc. Etc.
O positivismo, por exemplo, fez tamanho estrago na educação escolar
brasileira, que perdura até hoje. Ele foi adotado por Getúlio Vargas. Getúlio fez
muitas conquistas para o nosso povo, como a criação da Consolidação das Leis
do Trabalho (CLT), mas também pecou em outras, como a adoção do
positivismo para nossa educação fundamental.
Por quê? Augusto Comte, criador dessa forma de pensamento, achava que
havia uma hierarquia nos saberes. Para ele, o mais importante eram as ciências
exatas. Em seguida, as biológicas. Por fim, as humanas. Não com essas
palavras, mas nesse sentido.
São muitas as formas de pensamento, com vertentes, cada qual. Todas
elas têm seus fanáticos, que dogmatizam os princípios de acordo com sua
interpretação, e não admitem que ninguém os contradiga.
Pessoalmente, não acredito na competição, mas na ajuda mútua. Acredito
na colaboração entre as pessoas, independentemente de qualquer diferenciação
étnica, social, mental, física, espiritual, religiosa, sexual, racial, política,
econômica ou filosófica.
As pessoas estão hoje muito preocupadas em convencer, umas às outras,
que sua opinião é a única correta. Não se preocupam com suas crenças, mas em
suas interpretações pessoais de suas crenças, e consideram essas como as únicas
verdadeiras. Ou, então, seguem uma interpretação de um líder carismático e
infantilmente fanático.
Aos dezoito anos, eu me sentia com uma saúde muito frágil, e achava que
não chegaria aos trinta. Por isso, não pensava no meu futuro, só no presente.
Mas me preocupava muito com o futuro do planeta. Eu assinava e comprava
revistas de cunho ecológico, alternativo, de artes, fotografia, e, principalmente,
de música. Pouquíssimo sobre política.
Fui pai, pela segunda vez, aos trinta anos. Pensava no planeta que
deixaria para meus filhos.
Com quarenta e dois anos, senti que passava por uma segunda
adolescência. Reconsiderei tudo aquilo que acreditara até então e retomei a
minha vida. Continuei não pensando em meu futuro, mas no presente.
Quando fiz cinquenta anos, não pensei estar no meio de minha vida. Não
imaginei o que teria pela frente.
Agora, aos sessenta e quatro, ainda não penso em como viverei meu
futuro. Quero viver o presente. O futuro é imprevisível, não dá para supor, cada
vez mais. A única coisa que vale a pena é continuar amando, aprendendo, não
para entender o futuro, mas para tentar entender o presente. Que, como já disse
no livro, não sei se ele é separado, de alguma maneira, do passado e do futuro.
Tenho estudado, ultimamente, sobre psicanálise, que tem sido minha
paixão atual. Cada época tenho uma fase.
Gosto, até hoje, de um enunciado que vinha na contracapa de uma revista
alternativa, que eu assinava, ou comprava, não me lembro, em meados dos anos
1970. Infelizmente, não me lembro o nome da revista. Mas, em diversos
números seguidos, veio essa figura.
Era uma imagem de uma menina, segurando uma boneca. E havia uma
inscrição, que dizia, mais ou menos, o seguinte: “Não eduque o seu filho para
vencer na vida, e sim para ser feliz. Assim, ele aprenderá o valor das coisas, e
não o seu preço.”
Há pouco tempo, vi essa frase em meio a outras, como apenas mais uma
frase. Mas ela é tão importante, que norteou a minha vida. Ela é muito profunda,
e merece ser lida com o devido respeito.

Caraguatatuba, 26 de agosto de 2022.


Sobre O Autor.

Leopoldo Luiz Rodrigues Pontes é meu nome. Nasci às 4 e meia da


manhã, do dia 4 de abril de 1958, no bairro da Lapa, na cidade de São Paulo.
No final dos anos 1970 e início dos 80, publiquei uma série de livros de
poemas, por conta própria, na base do mimeógrafo e do off-set. Tentei fazer
alguns para educação popular, mas não foram para frente.
Enveredei pelas artes plásticas e pela música. Fiz várias exposições
individuais e participei de coletivas. Fui solista de guitarra e cantei, em várias
bandas de rock que não duraram quase nada.
Individualmente, toquei vários outros instrumentos, não só de corda, mas
também, muito mal, de sopro e percussão. Sempre de ouvido, embora tenha
estudado profundamente música, o que ainda o faço.
Minha formação acadêmica inclui jornalismo em Santos e direito em
Taubaté, além de meia-pós-graduação em comunicação social e uma pós-
graduação em língua portuguesa e literatura. E vários pequenos cursos
adicionais, incluindo extensões, todos presenciais, que é o que existia naquele
tempo. Agora estou fazendo um curso de psicanálise clínica, por EAD.
Meu primeiro emprego foi ajudar meu pai no depósito de artigos de
época, fazendo pacotes, atendendo a freguesia, carregando mercadoria,
auxiliando no escritório, e fazendo contas.
Depois vagabundeei um pouco e fui ser cobrador. Passou um tempo e
voltei a vagabundear, para depois atuar com artes plásticas e antiguidades. O
dinheiro não dava para nada.
Aí, recebi uma pequena herança e abri uma lanchonete que era também
uma casa de chá. Logo, minha esposa estava participando, até que, de repente,
passou a cuidar sozinha do local.
Nesse meio tempo, fui chamado como redator e repórter da Rádio
Emissora de Campos do Jordão. Depois, concomitantemente, fui empregado de
diversos jornais escritos, como diretor de redação, fotógrafo, editor, redator,
repórter, diagramador, etc, tudo ao mesmo tempo, já que eram jornais pequenos.
Nessa época, escrevi pra burro, tudo quanto eram notícias, editoriais,
resenhas, entre outras coisas. Mas nunca fui convidado para a Academia
Jordanense de Letras.
Também trabalhei, uns meses, como jornalista da prefeitura, o que me
garantiu uns bicos em períodos eleitorais.
Como jornalista, fiz ainda alguns frilas e uma correspondência por três
meses tórridos!
Noutra época, meus finais de semana eram tomados por uma galeria de
arte de Campos do Jordão.
Quando fui demitido da Rádio Emissora, comecei a trabalhar como
advogado, e logo fui chamado pela Sabesp, para a qual havia prestado concurso,
em Caraguatatuba, onde trabalhei como atendente a consumidores.
Minha aposentadoria foi pela Sabesp.
Moro atualmente no litoral norte do estado de São Paulo. Meus hobbies
são: ouvir discos de vinil, desenhar, escrever, tocar violão, ler muito, e ver
filmes e séries. E fazer cursos e oficinas pela internet.

Contato: leopoldopontes21@gmail.com

Foto by Fafí Pontes.


Livros e e-Books de Leopoldo Pontes:

(Na ordem por publicação)


1. Paixões Remuneradas (1979) (esgotado)
2. Sobre Rio Claro (1980) (esgotado)
3. Já que tá, então fica (1981) (esgotado)
4. (Arte em mimeógrafo) (série) (1981) (esgotada)
5. Série Poemetos (1981) (esgotada)
6. Homoteo (1982) (não publicado)
7. Gabriel: a História do Roqueiro que virou o Grande Herói Nacional
(2000) (reeditado em agosto de 2016)
8. Asas para Teotino (2001) (reeditado em outubro de 2016)
9. Minha Experiência com o Kindle (novembro de 2016)
10.Poemas para serem lidos em voz alta (novembro de 2016)
11.V.M.P.M.: Duas Histórias de Amor (janeiro de 2017)
12.Dialética no Direito: O Estado Leigo (dezembro de 2018)
13.Análise de Matrix e outros filmes e textos (janeiro de 2019)
14.4 COROS DA TERRA E DOS CÉUS E UMA CANÇÃO
INFLAMADA: Teatro (janeiro de 2019)
15.O gosto das coisas: E o Rock não morreu... (abril de 2019)
16.O gosto das coisas: A Gorda vai cantar (abril de 2019)
17.O gosto das coisas: O Tempo e as Estações (abril de 2019)
18.Dialética sem Encher Linguiça (maio de 2020)
19.ZEN SEM FRESCURA: o livro da anti-autoajuda: tudo o que os livros
de autoajuda não te deixam acreditar (maio de 2020)
20.VMPM e outros contos (maio de 2020)
21.ROCK NÃO SE APRENDE NA ESCOLA (maio de 2020)
22.NA CONTRAMÃO (maio de 2020)
23.TUDO AO NORMAL – Felicidade não é obrigatória (julho de 2020)
24.Antes do despertar - α € Ω A Nova Gaia (outubro de 2020)
25.REINICIAR é a Solução pra Tudo! (janeiro de 2021)
26.Contos jurídicos (julho de 2021)
27.O prazer de fazer barulho (abril de 2022)
28.O corvo (tradução do poema de Edgar Allan Poe) (junho de 2022)
29.Música do Planeta Terra (agosto de 2022)
30.O pensamento quântico não é místico (setembro de 2022)

FIM
Índice:
Introdução. ............................................................................................... Error! Bookmark not defined.
O Panteísmo. ............................................................................................ Error! Bookmark not defined.
Os Deuses Anímicos. ................................................................................. Error! Bookmark not defined.
O Senso Comum........................................................................................ Error! Bookmark not defined.
O Ying E O Yang E A Polarização. ............................................................... Error! Bookmark not defined.
a. Eleições de 2022. ......................................................................... Error! Bookmark not defined.
O Pacifismo. .............................................................................................. Error! Bookmark not defined.
O Estoicismo. ............................................................................................ Error! Bookmark not defined.
As Restrições Alimentares. ........................................................................ Error! Bookmark not defined.
A Ioga. ....................................................................................................... Error! Bookmark not defined.
O Humanismo. .......................................................................................... Error! Bookmark not defined.
Razão e Fé................................................................................................. Error! Bookmark not defined.
A Ideologia. ............................................................................................... Error! Bookmark not defined.
O Pensamento Científico........................................................................... Error! Bookmark not defined.
A Intuição.................................................................................................. Error! Bookmark not defined.
O Método Indutivo.................................................................................... Error! Bookmark not defined.
O Niilismo. ................................................................................................ Error! Bookmark not defined.
A Navalha de Occam. ................................................................................ Error! Bookmark not defined.
A Semiótica. .............................................................................................. Error! Bookmark not defined.
A Anarquia. ............................................................................................... Error! Bookmark not defined.
O Imperativo Categórico. .......................................................................... Error! Bookmark not defined.
A Democracia. ........................................................................................... Error! Bookmark not defined.
O Socialismo. ............................................................................................ Error! Bookmark not defined.
O Positivismo. ........................................................................................... Error! Bookmark not defined.
O Existencialismo. ..................................................................................... Error! Bookmark not defined.
O Totalitarismo. ........................................................................................ Error! Bookmark not defined.
a. O Totalitarismo de Direita. ......................................................... Error! Bookmark not defined.
b. O Totalitarismo de Esquerda. ..................................................... Error! Bookmark not defined.
O Pensamento Analógico. ......................................................................... Error! Bookmark not defined.
O Pensamento Digital................................................................................ Error! Bookmark not defined.
O Silogismo. .............................................................................................. Error! Bookmark not defined.
A Dialética. ................................................................................................ Error! Bookmark not defined.
A Polialética. ............................................................................................. Error! Bookmark not defined.
O Tempo e o Espaço. ................................................................................ Error! Bookmark not defined.
O Holismo. ................................................................................................ Error! Bookmark not defined.
O Pensamento Quântico (pQ). .................................................................. Error! Bookmark not defined.
a. A Teoria De Tudo E A Enciclopédia. ............................................ Error! Bookmark not defined.
b. O Teletransporte. ........................................................................ Error! Bookmark not defined.
c. O Computador Q. ........................................................................ Error! Bookmark not defined.
d. O Raciocínio Q. ............................................................................ Error! Bookmark not defined.
e. A Intuição Q. ................................................................................ Error! Bookmark not defined.
f. A Inteligência Artificial Q. ........................................................... Error! Bookmark not defined.
g. Androides Orgânicos. .................................................................. Error! Bookmark not defined.
O Que Muda Com O pQ. ........................................................................... Error! Bookmark not defined.
a. O Que Muda Na Sociedade ......................................................... Error! Bookmark not defined.
b. O Que Muda Na Política. ............................................................. Error! Bookmark not defined.
c. O Que Muda Na Economia. ......................................................... Error! Bookmark not defined.
d. O Que Muda na Arte. .................................................................. Error! Bookmark not defined.
e. O Que Muda Em Nós Mesmos. ................................................... Error! Bookmark not defined.
f. O Que Muda Nos Direitos Humanos........................................... Error! Bookmark not defined.
g. O Que Muda No Controle Pelo Poder......................................... Error! Bookmark not defined.
h. Já Está Acontecendo.................................................................... Error! Bookmark not defined.
Últimas Palavras........................................................................................ Error! Bookmark not defined.
Sobre O Autor. .......................................................................................... Error! Bookmark not defined.
Livros e e-Books de Leopoldo Pontes: .................................................... Error! Bookmark not defined.
Índice: ...................................................................................................... Error! Bookmark not defined.

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