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A filha de Spock

(fanfic)
Por

LEOPOLDO PONTES

Capa pelo autor


“Vida longa e próspera.”
(Spock)
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Número de Registro: 312249280 - 11341860

Timestamp Oficial: 2023-06-01 19:05:59 UTC

eDNA DA OBRA:
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À Fafí
À Ethel
À Silvana
E a todos os trekers dos planetas da Federação.
Sumário
O noivado.....................................................................................................................................7
A conversa com o capitão............................................................................................................9
As madrinhas de Christine..........................................................................................................10
Um papo pré-nupcial..................................................................................................................13
O casamento..............................................................................................................................16
A lua-de-mel...............................................................................................................................18
De volta à Enterprise..................................................................................................................19
A licença.....................................................................................................................................20
A infância de F’tma.....................................................................................................................22
A adolescência de F’tma.............................................................................................................24
A consulta com Leema...............................................................................................................26
A sessão empática......................................................................................................................28
A decisão de F’tma.....................................................................................................................30
De volta a Vulcano.....................................................................................................................33
Na Terra.....................................................................................................................................35
Nota final....................................................................................................................................35
Sobre O Autor............................................................................................................................35
Livros e e-Books de Leopoldo Pontes:........................................................................................38
A filha de Spock
(fanfic)

O noivado.

Spock, sério como sempre, estava na Enterprise, e foi até a enfermaria.

- Srta. Chapel, necessito falar com a senhora. Tem um momento?

- Sim, sr. Spock, estou livre. O doutor McCoy acabou de me liberar.

Spock, sem esperar por qualquer coisa, falou intempestivamente:

- Srta. Chapel, case-se comigo.

Tomada de súbita emoção, Christine ficou muda. Ela sempre amou Spock, mas nunca
esperou tal reação por parte dele. Não sabia como responder. Então, Spock, tornou a falar:

- Srta. Chapel, case-se comigo.

Mesmo sendo o que sempre quis, Christine achou por bem perguntar um pouco sobre
aquela súbita declaração do que parecia “amor vulcano”...

E disse: - Sr. Spock, sei que o senhor não é levado a brincadeiras, jogos ou mentiras.
Não é de seu feitio enganar ninguém. Nunca o senhor me trouxe flores, ou falou sequer
alguma palavra romântica. Por que isso agora?

- Porque é lógico.

- Lógica, lógica, lógica! Isso é tudo o que o senhor tem a me dizer?, falou Christine
terrivelmente perturbada.

Spock deu um sorriso1, e falou: - Lembra-se quando a senhora falou que estava
apaixonada por mim?2

Christine lembrava-se claramente.

- Mas foi há tanto tempo... anos... anos atrás...

- Pois bem, srta. Chapel, aquilo mexeu com minhas emoções. Eu as controlei, mas..
Vamos aos meus aposentos, por favor.

Foram os dois aos aposentos de Spock. Lá, ele explicou melhor:

1
Spock sorri nos primeiros episódios da primeira temporada de Star Trek, a série clássica. e nos outros,
de uma forma enigmática, quando não tomado por algum narcótico vegetal, como em “ Deste Lado do
Paraíso”, ou dominado pelos poderes mentais de um alienígena, como em “Os Herdeiros de Platão”.
2
Episódio “Tempo de Nudez”, 1ª Temporada de Star Trek, a série clássica.
- Srta. Chapel, estou novamente passando pelo período de Ponn Farr. E necessito de
uma parceira. O lógico é que seja a senhora.

- Sr. Spock, o senhor não perguntou se eu aceito.

- Perguntei. Falei: Case-se comigo, srta. Chapel?

- Sim, senhor Spock! Caso-me com você. Desde que você me chame de Christine. E
você, qual o seu primeiro nome? Você já falou que é impronunciável para nós humanos, mas já
que serei sua esposa, preciso ouvir.

- Ptghtrnkççtjl.

Christine sorriu e respondeu:

- Entre nós, te chamarei de Piti. Está bem?

- É muito humano de sua parte. Mas como minha mãe era terrestre, eu aceito. E te
chamarei de Chistine. Mas, por favor, em público me chame de sr. Spock. É a maneira vulcana
de uma esposa tratar seu marido. E eu te chamarei de Sra. Spock.

Após essa conversa, ambos se tocaram. Puseram seus dedos indicador e médio juntos,
nas pontas, vagarosamente, e se declararam mutuamente noivos.
A conversa com o capitão.

Spock foi até o capitão Kirk, e falou:

- Capitão, preciso de uma licença imediata.

Kirk meditou, meditou, e ironicamente falou:

- Sr. Spock, na última vez que o senhor pediu uma licença, fomos juntos a Vulcano. O
assunto é o mesmo? Somos amigos, fale!

- Sim, e minha consorte será a Srta. Chapel. Peço que o senhor seja um de meus
melhores amigos. Pode me acompanhar até Vulcano?

- Claro, Spock! Mandarei que a nave tome a rota imediatamente para lá.

Kirk tomou o intercomunicador e mandou:

- Ponte, faça uma rota para Vulcano, fator de dobra cinco.

- Obrigado, Capitão.

- Mas você não poderia se casar na nave e eu, como capitão, celebrar o casamento?...
Não, não, já sei, o senhor é vulcano, e tem suas tradições milenares. 3 Serei um de seus
padrinhos, sim. E quem mais será?

- O doutor Leonard McCoy, claro! Vocês dois são meus maiores amigos4.

Nesse momento, Kirk aperta o intercomunicador e chama o médico a seus aposentos,


onde estão ele e Spock. Rapidamente, McCoy aparece.

- O que houve? Vamos àquele planeta tórrido e sem lua, mais uma vez! Quero saber a
razão, seu maldito orelhudo!

Capitão Kirk o acalma, oferecendo-lhe um copo de conhaque sauriano, e fala:

- Spock, diga você!

- Senhores. Vou me casar com a srta. Chapel em Vulcano, e quero que sejam meus
dois melhores amigos.

- Vamos ver a junção das galáxias do século!, disse McCoy. – Quero estar presente,
mesmo, nessa terrível execução! Nosso Orelhas Pontudas vai se casar com minha dócil
enfermeira... Que solução!

3
“Tempo de Loucura”, primeiro episódio da segunda temporada de Star Trek, a série clássica.
4
Idem ibidem.
As madrinhas de Christine.

Christine foi até a ponte, e falou com a tenente Uhura:

- Tenente, você não vai acreditar!

Uhura, ocupada com seus comunicadores, não parou de trabalhar, e respondeu:

- Enfermeira Chapel, qual é a novidade?

- Vou me casar!

- Não sabia que você tinha namorado.

- Estou noiva do sr. Spock! Vamos nos casar em Vulcano!

Uhura parou o que estava fazendo, e rindo, levantou-se e abraçou Christine.

- Você sempre o amou. Ele te pediu em casamento!

- Sim!, respondeu Christine extasiada. E falou:

- Tenente. Eu posso levar minhas melhores amigas. Você pode ser uma delas?

Uhura levantou-se novamente e abraçou Cristine, dizendo:

- Posso sim! Obrigada. E quem serão as outras?

Christine olhou para os lados, e não encontrou a ordenança Janice Rand.

- Onde está a ordenança Rand?

- Saiu daqui agora há pouco e foi para seus aposentos. Por quê? É ela?

- Sim. Vou até lá convidá-la pessoalmente!

- Estou muito feliz por você! E por ter me escolhido como uma de suas madrinhas.

- Melhores amigas. Estou feliz por ter aceitado. Ouvi dizer que o casamento será sob
cerca de cinquenta graus Celsius, que é a temperatura média de Vulcano.

- É bom saber... Vou escolher uma roupitcha bem vaporosa. Pode?

- Vou perguntar a Spock. Mas acho que você terá que usar a roupa ritual para
melhores amigas de casamento...

- É... Tudo por uma amiga!

- Aliás,... a partir de agora, fora de serviço, me chame de Christine.

- Christine. Meu nome de batismo é Nyota. Pode me chamar assim, fora de serviço,
agora que somos o que somos uma da outra.

- Em Vulcano, isso é uma ligação ritualística.

- Puxa!...

Christine sai da ponte e vai aos aposentos de Janice.


Bate na porta:

- Ordenança Rand, é a enfermeira Chapel!

- Entre, por favor. Posso ajudar em algo?

As portas se abrem e Christine entra:

- Ordenança Rand, vou me casar!

- E quem é o sortudo?

- Spocky!

- O Oficial de Ciências, segundo em comando, tenente-comandante Spock?

- Não se esqueça que eu já fui a segunda em comando, no tempo do capitão Pike. 5


Quando mudou para o Kirk, eu pedi para ir para a Enfermaria, que era minha qualificação. Na
verdade, eu fiz a Academia por imposição de meus pais, mas sempre quis ser enfermeira, que
é minha verdadeira vocação.

- É verdade, Christine. Aí, o Spock foi chamado para ser o segundo em comando. Mas
fala aí, foi ele mesmo que te pediu?

- Claro que sim! Quem podia ser? Ele mesmo! Finalmente me pediu em casamento!
Estamos noivos desde há pouco, e vamos nos casar em Vulcano!

- Puxa! Quem diria! Você sempre gostou dele, e agora essa surpresa... Mas ele te
entregou flores, anel, ajoelhou-se, foi romântico...

- Spock é vulcano, o romantismo deles é diferente. Eu o amo do jeito que ele é. Ele
falou que me pediu em casamento porque era a coisa mais lógica a se fazer.

- Muito Spock mesmo!

- Depois nos demos as mãos ao modo vulcano.

- Sei, os dedos indicador e médio, de cada um, só as pontas.

- É o equivalente deles ao nosso beijo de amor. O tato deles é muito forte, e deu pra
ter uma sensação incrível! Spock falou que assim sentimos os pensamentos um do outro. E
nossas mentes são unidas.

- Acho que isso é romântico... Mas em Vulcano vocês não poderão fazer lua de mel...
Lá não existe luar. Quá-quá-quá!

- Ria, minha cara, ria! Porque estou aqui para te fazer um convite, Janice. Posso te
chamar assim, fora de serviço, se você aceitar meu pedido.

- ... Fala, Enfermeira Chapel.

- Você quer ser uma das minhas duas melhores amigas de casamento? É uma coisa
muito séria, porque em Vulcano isso é uma ligação ritualística.

- Claro, Christine! Vou ficar muito feliz. É a primeira vez que sou convidada a participar
como madrinha de casamento.

5
Episódio piloto: “A Jaula”.
- Obrigada, Janice, você não sabe como isso é importante para mim. E não é madrinha,
é melhor amiga. Serão você e Nyota Uhura.

Ambas se abraçaram e se beijaram. Christine saiu de lá saltitante. Nem parecia ela


mesma.
Um papo pré-nupcial.

Spock chamou Christine a seus aposentos. Ela estava na enfermaria:

- Sr. Spock, saio daqui a quatro horas.

- Está bem. Eu espero. Enquanto isso, vou jogar xadrez com o computador da nave.

Quatro horas depois, exatamente, Christine bateu à porta de Spock.

- Entre, Christine.

- Olá, Piti, algum empate?

- Em dezenove partidas, treze vitórias, um empate, mais três vitórias, um empate e


uma vitória. Depois, uma meditação, e você chegou.

- Essa é sua maneira de relaxar, Piti?

- Nós, vulcanos, dormimos muito pouco, em relação a vocês, terráqueos. Desculpe,


terrestres.

- O que você queria me falar? Ou só me ver...

- Christine, você precisa saber algumas coisas em relação ao meu planeta, nossos
costumes, antes de chegarmos lá.

- Entendo.... Pode começar. Estou toda ouvidos!

- Meu planeta, nós chamamos de T’Khasi. É uma denominação ancestral. E nossa


língua principal é parecida com o indo-europeu de vocês. Nós a usamos para a literatura, os
rituais e cerimônias em geral.

- Nosso casamento será nesse idioma.

- Você não sabe t’khasiano, mas não tem problema. Todos os não-t’khasianos
utilizarão um aparelho tradutor. Inclusive, você falará em inglês, e todos os t’khasianos te
entenderão na nossa língua. Eu tive que aprender vários idiomas e dialetos terrestres para
poder fazer a Academia.

- Eu já sabia, antes de entrar para a Academia. Eram pré-requisitos para entrar na


universidade de enfermagem. Inclusive, vocês chamam o ritual casamenteiro de koon-ut-kal-if-
fee. Sempre tive a esperança de que um dia você me pedisse a mão. E de qualquer forma, já
tivemos uma união mental, há vários anos, quando tivemos a presença de Sargon e Thalassa
em nossa nave6.

- Lembro-me! Vai ser fácil para você aprender a nossa língua principal, e mais algumas
outras usadas em T’Khasi. Nosso filho ou filha terá que aprendê-los, também. Aliás, uma
imposição de meu pai é que seja instruído na Escola Lógica de Surak.

- E minha parte na criação...

- T’Khasi tem uma sociedade matriarcal. Sua influência na educação de nossa criança
será fundamental, mesmo sendo você uma não-t’khasiana, mas casada comigo.
6
Episódio “volta ao amanhã”, segunda temporada da série clássica de Star Trek.
- Agora começo a ouvir conversa.

- Em nossa sociedade, após a cerimônia, você passa a ser minha propriedade.

- Mas você não falou que sua cultura é matriarcal?

- A questão de propriedade é meramente formal. É uma ancestralidade. Ninguém mais


liga para isso. Porém, no koon-ut-kal-if-fee, você terá o direito de pedir o combate, entre mim
e outro que você ache mais merecedor de você. Como estamos em estado de plak-tow 7, a luta
é até a morte.

- Que brutal!

- É um costume ancestral, de antes da Lógica de Surak.

- Entendo...

- T’Pau presidirá a cerimônia. Ela representa o que há de mais tradicional em T’Khasi.

- Não foi a mesma que presidiu o combate entre você e o capitão pela T’Pring?

- Como você soube?

- A nave é pequena... Aqui, tudo se sabe! Mas ela já não era idosa naquela época?
Puxa, vocês vivem muitos anos...

- Meu pai se chama Sarek, meu avô Skon, e meu bisavô Solkar. O nome de solteira da
minha mãe era Amanda Grayson.

- Piti, você tem irmãos?

- Tive um meio-irmão chamado Sybok. Era filho de meu pai com sua primeira esposa,
uma princesa t’khasiana. Foi morto por alienígenas.

- Lamento, Piti.

- Tenho também uma irmã que meus pais adotaram. Ela é terrestre. Chama-se Michael
Burnham.

- Fale-me de seus pais.

- Eles têm preconceito contra os k’thasianos! Inclusive, quando lhes contei sobre o
nosso casamento, ficaram tão possessos que falaram bem assim: “Fale pra esses orelhas
pontudas que não pisaremos nossos pés nesse planeta maldito!”

- Isso quer dizer que não estarão presentes em nosso koon-ut-kal-if-fee. Talvez seja
melhor assim. Seria constrangedor para eles, eivados de tantas emoções.

- É verdade.

O casamento.

7
Febre de sangue.
Passam-se sete dias. Nesse meio tempo, são enviados à nave os trajes rituais dos
quatro melhores amigos, para que os experimentem. Uhura critica para Spock:

- É muito quente!

A enfermeira Chapel também dá seu pitaco:

- É muito apertado, Piti!

A ordenança Rand não deixa por menos:

- Parece roupa de fatiola!

Kirk e McCoy são mais discretos, mas ficam altamente constrangidos com seus trajes
rituais.

Christine vai com seus cabelos naturais, pretos, lisos, presos em um coque firme, sem
nenhuma das habituais perucas louras.

Sulu fala a Jim:

- Capitão, estamos em órbita de Vulcano.

- Ótimo! Comandante Scotty, dirija-se ao transporte. Spock, Magro, peguem seus


trajes e vamos.

Kirk vai ao comunicador da nave e fala:

- Tenente Uhura, Ordenança Rand, dirijam-se em seus trajes rituais ao transportador.


Em cinco minutos partiremos.

Exatamente cinco minutos após, todos estavam no transportador, e eram levados a


Vulcano, no local de entrada das terras ancestrais de Spock.

Caminharam até o portal da região externa onde se faria a cerimônia. Pararam todos,
e Spock foi até um gongo hexagonal irregular vertical, e bateu nele com um martelo especial,
revestido. O som ecoou pelo ambiente. Em breve, percussionistas adentraram o recinto pelo
outro lado, e se aproximou o grupo que acompanhava T’Pau, carregada em andor por dois
vulcanos. Imediatamente, Nyota, Janice e Christine foram se postar a seu lado. T’Pau fez a
saudação tradicional, e Spock ao longe a repetiu, indo depois prostrar-se perante ela. T’Pau
colocou sua mão dez centímetros acima de sua cabeça. E perguntou a Spock:

- Todos esses alienígenas, como você garante suas condutas?

- Com a minha vida, T’Pau.

- O que vocês, terráqueos, estão prestes a ver, vem do princípio dos tempos, sem
mudanças. Isto é o coração k’thasiano. Isto é a alma k’thasiana. Isto é o nosso modo de vida.8

Então, num ato ritualístico, T’Pau estende o braço direito, com o dedo indicador em
riste, e diz:

- Kah-if-farr!

Os percussionistas tocam. Spock vai até o gongo e o toca novamente.

8
Falas e gestos adaptados do episódio “tempo de loucura”, 2ª temporada de Star Trek, a série clássica.
Christine sai do lado de T’Pau, e põe-se à sua frente. Ao seu lado esquerdo estão Nyota
e Janice. Spock chega ao lado de Christine, e Jim e Leonard postam-se a seu lado direito.

Um véu branco é colocado sobre o casal. T’Pau proclama:

- Christine Chapel, este moço, chamado Ptghtrnkççtjl Spock, é de seu inteiro agrado,
respeito e devoção?

- Sim, T’Paul!

- Christine Chapel, você se entrega a este moço, chamado Ptghtrnkççtjl Spock, como
sua inteira propriedade?

- Sim, T’Paul!

- Christine Chapel, você aceita este moço, chamado Ptghtrnkççtjl Spock, filho de
Grayson e de Sarek, neto de Skon, e bisneto de Solkar, como seu protetor e parceiro único?

- Sim, T’Paul!

- Ptghtrnkççtjl Spock, Christine Chapel respondeu as três perguntas do koon-ut-kal-if-


fee afirmativamente. Você esteve presente durante toda a cerimônia. Tem algo a falar?

- Não, T’Paul.

- Então eu, T’Paul, na qualidade de representante máxima de todas as cerimônias e


celebrações de T’Khasi, proclamo o casal unido universalmente, para todos os tempos, desde
este lugar e momento único. Podem retirar o véu e fazer a ligação de pensamentos.

Christine jogou o véu ao chão e, o casal, fez o gesto de ligação dos dedos indicador e
médio de suas mãos direitas. Ficaram assim por cerca de seis minutos.

Os pais de Spock estavam presentes, juntos à T’Paul, e cumprimentaram Christine.


Sarek não cumprimentou Spock, apenas fez-lhe uma reverência vulcana com a mão direita.
Amanda abraçou e beijou o filho e a nora, generosamente. Spock sentiu-se envergonhado,
mas escondeu sua emoção. T’Paul saiu sem falar com ninguém, com a mesma pompa que
entrou. O véu estava nas mãos de Uhura, que perguntou se podia guardar como lembrança.
Ela e Janice abraçaram e beijaram Christine, e cumprimentaram com as duas mãos a mão
direita de Spock, que já estava constrangido. Kirk e McCoy cumprimentaram os noivos à moda
terrestre.

Não houve gritos. Não tinha bolo, nem petiscos ou bebidas. Foram todos para a nave,
incluindo os pais de Spock, para uma festança, com direito a bolo, petiscos, cantorias, danças e
muito rock! Spock apresentou-se, com sua lira, alguns números musicais, e Uhura cantou com
sua harpa eletrônica. Teve muita festa! Só os vulcanos não dançaram...
A lua-de-mel.

Christine fez questão de passar a lua-de-mel na Terra. Desceram no Centro de


Lançamento da Barreira do Inferno, em Parnamirim, no Rio Grande do Norte, e foram
imediatamente visitar a área de reprodução de tartarugas marinhas, que agora era aberta ao
público, de forma restrita, mas eles tinham agendado.

Christine disse:

- Aqui falamos português brasileiro.

- Sim, aprendemos na Academia.

- Vamos pegar um avião para a cidade de São Paulo, onde são feitas as melhores pizzas
da Terra!

- Vocês, terrestres, são uns sensualistas.

- Somos. Vamos ficar três dias naquela cidade. Tem muitas casas de espetáculos, com
peças de teatro clássicos e contemporâneos que você precisa conhecer. Podemos também
pegar umas sessões de multicinema em holodeck, que é a mais nova sensação na Terra. Tem o
Masp, o Museu do Ypiranga, o Museu da Língua Portuguesa, entre outros que quero te levar.

Spock sentiu um certo prazer em conhecer a cultura terrestre. Depois, Christine falou:

- Após esses três dias, vamos para Paris, conhecer o Museu do Louvre, a Rive Gauche,
o Quartier Latin e a Sorbonne. A torre Eiffel está fechada ao público há mais de um século, mas
poderemos vê-la de um zeppellin, réplica do que Santos Dummont construiu.

Spock apenas concordou:

- Sim, Christine, a viagem é muito boa.

- Então, vamos passar uma semana no Polo Sul, onde tem umas pequenas pousadas
quentinhas, e poderemos curtir nossa lua-de-mel com toda a candura possível!

- Christine, estou em febre de sangue, e isso dura uma semana. Vamos já para o Polo
Sul, e depois faremos o resto da viagem.

....................................................................................

Nem precisa falar que Christine ficou grávida naqueles dias. E os enjoos começaram
em Paris...
De volta à Enterprise.

Christine foi direto à enfermaria. Magro perguntou sobre a lua-de-mel, e ela


respondeu:

- Foi maravilhosa, doutor! Divertimo-nos muito!

- Spock se divertiu?! Queria estar lá para ver... Ele nos chama de sensualistas. Ele
gostou da pizza paulistana?

- Ele considera nossa culinária muito temperada, muito forte. Mas não reclamou. Ele
acha nossa cultura “fascinante”...

- Bem Spock, mesmo.

- Bom, doutor, estou grávida. Gostaria que o senhor me examinasse.

- Sem dúvida! Deite-se na biocama já!

Christine se encostou na biocama e, na mesma hora, o móvel se reclinou.

- Vamos ver. Parece que o futuro embrião tem constituição vulcana. Isso quer dizer
que você deverá ter uma gravidez de duração vulcana. Serão treze meses terrestres!, minha
filha... Não posso garantir, mas é o que a mãe do Spock passou, segundo ela me contou certa
vez.

- Será menino ou menina, doutor?

- Vejamos...

Passaram-se alguns segundos, e o computador da enfermaria informou.

- Parabéns! Você será mãe de uma menina! Se tudo correr bem, ela nascerá no
aniversário do dia do primeiro contato, cinco de abril do ano que vem. Você está dispensada
por meia hora, para contar ao pai e às suas melhores amigas. Eu, pessoalmente, irei contar já
ao capitão.

McCoy ligou o comunicador:

- Jim, ...
A licença.

Christine teve a bebê na enfermaria da Enterprise.

Leonard McCoy fez o mapeamento completo do organismo da nenê. E chegou à


seguinte conclusão:

- Christine e Spock: sua menina é, fisiologicamente, totalmente vulcana. Mas o dna,


por ser misturado, faz com que seja mental e psicologicamente fusionada entre os dois, ou
seja, é um quarto vulcana e três quartos terrestre.

Após uns quinze dias, necessários para a recuperação, por se tratar de um parto
híbrido, Spock e sua esposa saíram para a licença paternidade e maternidade por cinco meses,
em Vulcano, em sua nova casa.

Era no terreno ancestral da família de Spock, na casa que já fora de seus trisavós. Tinha
um jardim com uma fonte na frente, e ao entrar uma sala ampla, com muitos livros, e um
dispositivo com a obra completa de Lógica de Surak na mesa central. Spock falou:

- Vou te ensinar como usar esse dispositivo. Você terá uma babá que te ajudará com
todas as necessidades de nossa nova filha, menos a amamentação.

- Claro!

- Você terá seu próprio dispositivo. Todos nós, t’khasianos, costumamos ter um,
pessoal.

- Entendo, Piti...

- Teremos também uma governanta, para que após a licença nós possamos voltar a
trabalhar normalmente. Aliás, que nome daremos à nossa filha?

- Eu queria dar o nome de Fatma, um nome árabe.

- Então vamos adaptar para a moda t’khasiana. Será F’tma. Ela aprenderá ordem,
lógica e controle, em vez de instinto e emoções naturais.

- Está bem. A chamarei de F’tma. Sem apelido. Mas provavelmente ela terá, como
você, conflitos entre os aspectos terrestres e t’khasianos.

- Sem dúvida. Ela terá que aprender a controlar as emoções, mas deverá no final
escolher entre se será uma t’khasiana ou uma terrestre.

- Ela nasceu na Enterprise. É galáctica. Pode escolher. Tem essa opção.

Spock lembrou-se de sua infância, e disparou:

- Ela terá muitas dificuldades com seus colegas na Escola Lógica de Surak. Eles a
ofenderão o tempo todo, chamando-a de termos como “misturada”, “alienígena”, e “mestiça”.
Eles são mais preconceituosos que seus pais.

Durante a licença, o casal visitou algumas metrópoles vulcanas, e também a caverna


no deserto onde Surak se escondeu para escrever o famoso dispositivo de Lógica. Visitaram
também alguns lugares bonitos que a natureza vulcana apresentava. Christine extasiou-se!
Spock arrumou como animal de estimação para F‘tma um animal vulcano igual ao que
ele teve quando criança, um sehlat. Tinha dois metros de altura e duas garras em forma de lua
afiadas nos cantos de sua boca, mas era manso como um gatinho de madame. Como a casa
tinha dois metros e meio de altura, o animal cabia perfeitamente no quartinho da bebê. Ao
lado de seu berço. Christine se afeiçoou rapidamente ao animal, e deixou que F’tma
escolhesse o nome dele quando ela aprendesse a falar. O que no caso dos vulcanos era por
volta dos quatro meses terrestres, quando eles já tinham a primeira das quatro dentições
formadas.
A infância de F’tma.

Aos quatro meses, F’tma aprendeu a falar “mama” e “papa”, e deu a seu animal de estimação
o nome de Sh’ai. Aos cinco meses, término da licença de Spock e Christine, F’tma já falava em
inglês e vulcano, pelo menos o vocabulário básico. Christine fez questão de que a babá
soubesse as duas línguas, e ensinasse F’tma em ambas.

F’tma era muito emotiva, chorava por qualquer coisa, mas sua babá tinha muita paciência,
apesar de ser vulcana. Mesmo assim, já tentava ensinar à criança os princípios de ordem,
lógica e controle das emoções. Ela era uma adepta fervorosa da Lógica de Surak, mas
respeitava o lado emocional de Christine, pois ela era a mãe, e, como já vimos, Vulcano é
estritamente matriarcal.

Sh’ai ficou muito apegado à sua dona, já que isso era característica dos sehlats. Pra onde ela ia,
ele a acompanhava. F’tma brincava muito no jardim, junto à fonte, com seus brinquedos
educativos e, naturalmente, com Sh’ai.

Sua babá, Spel, a preparou cuidadosamente para que, quando entrasse na Escola, obtivesse os
melhores resultados acadêmicos, mas não sabia o que a esperaria em relação a seus colegas.

Ao fazer quatro anos, sua governanta, T’Kot, a matriculou na Escola de Lógica de Surak.

Péssima experiência! Suas colegas a vilipendiavam durante os intervalos, e ela sempre voltava
machucada em casa. Spel não se conformava, falava que isso das outras meninas era violência.
O que não condizia com a filosofia de Surak. Até que um dia, Spel foi conversar com o diretor
da Escola:

- Eminente T’Pok, permita-me que me apresente. Sou Spel, babá de sua aluna F’tma. Seus pais
não podem comparecer regularmente, pois trabalham na nave espacial Enterprise, da
Federação Unida de Planetas. O senhor deve conhecer o pai dela, Spock, ex-aluno desta
eminente Escola.

- Spock foi uma decepção para nós, pois não completou o Kolinahr.

- Mas ele é oficial de ciências da nave estelar mais importante da Federação.

- Isso não nos diz respeito. Ele não se diplomou na Escola Lógica de Surak.

- Mas F’tma é aluna desta Escola, e merece ser tratada igualmente como qualquer outra, ou
outro. Ela está se preparando para seu kahs-wan9, e eu venho, pessoalmente, treinando-a para
tanto. Eu me formei nesta eminente Escola.

- Lembro-me. Você o fez com a máxima distinção. Os pais de F’tma foram muito ciosos em te
escolher como sua babá. Por sua intervenção, cuidarei mais de perto dessa aluna. Qual o
problema dela?

9
Kahs-Wan é um ritual em que o menino ou menina vulcana se submete para mostrar maturidade. Ele
tem que ficar sozinho no deserto, desarmado completamente, apenas com a roupa do corpo, em jejum
total, durante dez noites e dez dias. O fracasso, no caso de um vulcano filho de mãe terrestre, pode
fazê-lo ser chamado de covarde o resto de sua vida. Vide 2º episódio da 1ª temporada, “Perdido no
Esquecimento”, da série animada de Star Trek.
- O problema não é com ela. Todos os dias ela chega em casa com marcas de violência
causadas por suas colegas. O problema é de preconceito, o mesmo que Spock sofria.

- Entendo perfeitamente. Essa não é uma atitude digna de seguidores da Lógica de Surak. Vou
conversar com a turma que rodeia F’tma. Tenho minha maneira de saber exatamente quem
são os responsáveis. Eles têm que parar com isso, ou serão advertidos formalmente. E se
continuarem, serão expulsos sem possibilidade de retorno.

A conversa resultou. Todos foram advertidos, ninguém precisou ser expulso.

F’tma passou pelo kahs-wan raspando. Sobreviveu, mas chegou em casa exausta!

..........................................................................................

Aos seis anos, ela ficou “noiva” de Katan, um vulcano da mesma idade, para manter a tradição.
Ele era filho de professores.

Spock e Christine frequentemente videofonavam a F’tma. Aconselhavam. Se condoíam, tinham


saudades, embora Spock não demonstrasse. Christine o compreendia. A cada doze meses,
tinham um mês de férias, que aproveitavam para passar com sua filha, em Vulcano.

Assim se passaram os anos...


A adolescência de F’tma.

- Papa, os meninos falam que sou orelhuda!

- Não demonstre as emoções. Quando você crescer, suas orelhas terão o tamanho exato.

- Mama, as meninas falam que tenho seios grandes demais!

- Isso é genético, minha filha... Elas têm é inveja!, e como são t’khasianas não podem mostrar
nenhuma emoção. Mas falam isso por pura emoção: inveja! Seus seios são iguais aos meus,
maravilhosos!

F’tma só falava assim com os pais. Com o resto das pessoas, demonstrava total destituição
emotiva.

Aos quinze anos, mostrou interesse por música. Foi-lhe dado instrumentos de corda, sopro e
percussão. Mas o que a fascinou verdadeiramente foi uma lira eletrônica, parecida com a de
seu pai, todavia com mais recursos. F’tma tornou-se, com o passar dos anos, uma mestra do
instrumento, e se apresentava em recitais na Escola, já que a música era parte integrante do
currículo.

Na verdade, o que a extasiava é que, assim, ela conseguia expressar suas emoções, embora,
exteriormente, o que os vulcanos prestavam atenção era sua técnica. Mas todo vulcano sabe:
a arte expressa emoções, ainda que sejam ajuizadas pela ordem, lógica e controle. Por isso,
apesar de F’tma ser considerada na Escola uma exímia lirista, era examinada com desconfiança
pelos seus mestres.

Aos dezenove anos, formou um grupo musical com duas diauletas10, que também tocavam
alguns outros instrumentos de sopro, eventualmente, e dois percussionistas, que utilizavam
diversos instrumentos não ritualísticos. O repertório era exclusivamente de clássicos vulcanos.

Não precisou tempo para que ela se tornasse a líder do quinteto, que tinha o nome de “F’tma
K’ntete”11. O grupo durou até a ida de F’tma para o ritual de supressão das emoções. Porém,
na véspera de sua partida para o deserto, F’tma videofonou a seus pais:

- Não sei se quero suprimir minhas emoções. Tenho muitas dúvidas a respeito. Vou procurar
uma conselheira.

Spock recomendou três nomes: o conselheiro Kapau, o conselheiro P’tak, e a conselheira L’Say.
F’tma estudou o currículo e o perfil de cada um, e no final acabou escolhendo a terceira.

Foram várias sessões, culminando com um elo mental. L’Say concluiu falando:

- Não tenho capacidade de te tratar. Nenhum t’khasiano tem. Você precisa de uma conselheira
betazoide. Passe uma temporada no planeta Betazed, e trate-se por lá com uma. Elas são mais
propícias para tratar de seu caso.

F’tma videofonou a seus pais, e eles concordaram em conceder um período sabático a ela.
Imediatamente, fez as malas e foi a Betazed. Não sem antes de se despedir de Sh’ai, Spel e

10
Diaulos: instrumento musical que, na antiga Grécia, músicos utilizavam. Trata-se de uma flauta doce
com dois tubos, saídos de uma única boquilha.
11
“Quinteto da Fatma”, em bom português.
T’Kot. Sh’ai sentiu saudades já naquele instante. Spel e T’Kot se mantiveram firmes. Spel lhe
disse:

- Não se deixe levar pelas emoções dos betazoides. Você tem um treinamento completo pela
Lógica de Surak. Não se esqueça de levar seu dispositivo.

- Certo, Spel. Claro que o levarei. Os ensinamentos de Surak estão dentro de mim.

Uma semana de viagem, numa nave vulcana à dobra quinze.

Quando chegou a seu destino, ficou na casa de um amigo vulcano, que se mudara para aquele
planeta por discordar da interpretação majoritária que seus colegas davam à Lógica de Surak.
Ele não passara pelo período do Kolinahr.

- Como vai, F’tma? Grande prazer tenho em te receber em minha casa. Tenho um estúdio,
onde pinto e escrevo. Você pode se instalar lá, se não se incomodar com minhas inspirações
matinais. Geralmente, levanto antes do sol raiar.

- Isso não me incomoda, caro amigo Tekuol. Também levanto muito cedo. Minha constituição
fisiológica é t’khasiana, por isso durmo apenas uma hora por noite.

- E você me contou que vai passar um período sabático neste planeta. Pode passá-lo inteiro na
minha casa, se lhe agradar. Para mim, será uma companhia muito agradável, pois os
betazoides se imiscuem muito na minha vida pessoal, já que eles leem mentes, se você não
fechar a sua.

- Bom saber. Fui aconselhada a buscar uma conselheira daqui, e queria saber se você poderia
me indicar alguns nomes.

- Posso sim. Passarei para você os endereços eletrônicos de todos os conselheiros e


conselheiras do planeta. Estão disponíveis em qualquer computador integrado à rede galáctica
da Federação.

- Tekuol, eu não quero ninguém ligado à Federação. Meu caso é muito pessoal, e prefiro
alguém externo.

- Minha caríssima F’tma! Tenho um nome específico, então, que você pode procurar. Fica na
província vizinha à nossa. O nome dela é Leema. Você pode marcar uma consulta com ela pelo
número que tenho em meu videofone. Mas antes disso, preciso lhe falar algumas coisinhas:
aqui em casa, recebo amigos de vários planetas, e nossa alimentação dificilmente será
t’khasiana,

- Não há problemas, isso pra mim será de grande agrado. É para isso que estou em período
sabático. Além do mais, estou acostumada com a culinária terrestre, que minha mãe sempre
prepara quando meus pais estão de férias em T’Khasi.
A consulta com Leema.

- Leema, meu nome é F’tma. Apesar de minha aparência vulcana, sou três quartos terrestre.
Por isso, te procurei.

- Não consigo ler a sua mente. Você a fechou.

- É verdade. Espero por sessões em que a gente converse. Pode ser?

- Pode sim. Para mim, será como um mistério a ser deslindado.

- Você não pertence à Federação.

- Sou independente. Em razão disso, tenho poucos pacientes, e posso me dedicar mais a cada
um. Passo meu tempo livre estudando.

- Entendo.

- Por que você me procura?

- Em Vulcano, faço a Escola de Lógica de Surak. Já ouviu falar?

- Sei exatamente como é. E você veio até mim porque tem dúvidas a respeito do Kolinahr.

- Você sabe...

- Sou empática. Não preciso ler mentes para sentir o que você está passando.

- Pois bem. Não decidi ainda se quero ser vulcana ou terrestre. Nasci numa nave intergaláctica
chamada Enterprise. Meus pais trabalham lá. Por enquanto, não tenho registro de planeta
algum. O de Vulcano é provisório.

- Quem é vulcano, seu pai ou sua mãe?

- Meu pai é vulcano, mas minha avó paterna é terrestre. Minha mãe também é terrestre.

- Entendo. E o que te aflige?

- Não sei se quero continuar controlando minhas emoções. Sou musicista, expresso meus
sentimentos pela música. Toco lira eletrônica vulcana, mas eles apenas apreciam os clássicos
daquele planeta. Tenho minhas próprias composições, que destoam completamente das
normas vulcanas. Quero tocar as minhas músicas, e as músicas que ouço da Terra.

- Eles deixam?

- Meus mestres não, mas minha mãe transmite-as escondido para mim. Apesar disso, meu
instrumento principal é o mesmo que meu pai toca.

- Você traz em seu sangue paterno o gosto pela música. E de sua mãe e sua avó paterna, os
sentimentos, as emoções.

- É isso. Amo música, ela é minha vida! Mas preciso mais... Preciso expandir minhas vivências,
minha pergunta é existencial.

- O importante não é a resposta. É a pergunta.12 Você está no caminho certo.


12
Vide “Asas para Teotino”, deste autor.
- Estou? Isso não condiz com a Escola de Surak.

- Na verdade, não existe caminho certo. Existem vias múltiplas, e cada ser no universo segue a
sua. As perguntas são o que fazem nossas escolhas.

- Sei. Não existe o destino inexorável. Cada um de nós faz o seu.

- Mais ou menos.

- Penso, e isso é cá comigo, não tem nada a ver com Surak, ou melhor com a interpretação que
a maioria dos vulcanos dá à sua Lógica, mas penso cá comigo que as escolhas que cada ser faz
no universo se imiscui com as escolhas de cada um de seus amigos, parentes, animais,
vegetais, minerais, protistas, que o circundam. Penso assim.

- Isso é uma pergunta.

- Sim, não é uma conclusão. É como penso neste instante.

- Por hoje, nossa sessão acabou. Vamos marcar a próxima.

- Já?

- Nossas sessões terminam quando eu acho que precisam. Você hoje vai com essa pergunta
para casa. Vamos ver, a próxima sessão pode ser daqui a uma semana, esta mesma hora?

- Está bem para mim.

- Então, está marcado. Vá pelo sol.


A sessão empática.

As sessões se sucederam, em intervalos irregulares, por oito meses terrestres. Então, Leema
falou:

- Não vou ler sua mente. Vamos fazer uma sessão empática13. Você aceita?

- Como é?

- Nós juntamos minha mão esquerda com a sua direita, e minha mão direita com a sua
esquerda. Juntaremos meus sentimentos e emoções com os seus.

- Está bem. Aceito.

Então, Leema e F’tma sentaram-se em duas espécies de cadeiras, especiais para uma sessão
empática, e deram-se as mãos. No início, nos primeiros segundos, não aconteceu nada. Ao
final do primeiro minuto, F’tma começou a sentir um turbilhão de emoções, como nunca antes
havia sentido: eram a miscigenação dos sentimentos das duas. Medos, amores, tristezas,
alegrias, tudo isso e muito mais! Tudo junto! Com o passar dos minutos, seus pensamentos
foram se aclarando, e seus próprios sentimentos e emoções foram se estabilizando. F’tma
sentiu a si mesma. Sentiu seus atos passados, suas experiências com Sh’ai, seus sentimentos
em relação às pessoas que ela conhecera em sua vida, todas, seus pais,... sentiu, enfim, seu
momento presente, seus pensamentos claros e sem sombras. Ao final do que lhe parecera
passar umas onze horas, Leema falou:

- Podemos descruzar as mãos. Sinto que sua experiência terminou. Quero dizer, passou o
suficiente.

F’tma não sabia quanto tempo havia se passado, pois aquela sala não tinha janelas, só portas.
E estavam todas fechadas. Leema morava com seu marido e um filho, mas ninguém estava em
casa. Ela era jovem, assim como sua família. F’tma perguntou quanto tempo havia se passado,
e Leema respondeu:

- O suficiente.

F’tma insistiu na pergunta, e a conselheira replicou:

- Uns cinco minutos, mais ou menos. É o que dura uma sessão empática, dependendo do caso,
podendo ser de alguns minutos a mais ou a menos. Sei por teoria, porque o tempo que você
sente é o mesmo que eu.

- Puxa...

- Aliás, estou com uma baita fome. Você quer comer alguma coisa comigo?

- Não, ... mesmo... Obrigada.

- Você teve sua resposta?

- Acho que sim.

13
Série “Picard”, terceira temporada, episódio oito, “Rendição”.
- Pois ela é absolutamente sua. Eu não a consigo compreender, embora tenha participado de
suas experiências sensitivas. Você vai meditar sobre essa resposta, e levará sua vida a partir
dela.

- Obrigada, Leema.

- Não há porquê. Esta foi nossa última sessão. Se quiser me rever para outro caso, sabe meu
endereço. Marque comigo pelo videofone. Podemos, se quiser, fazer sessões por ele, seja em
que planeta você estiver. Desde, é claro, que nos limites da rede da Federação Unida.

- Adeus, Leema. Talvez não nos vejamos mais.

- Sinto que ainda nos videofonaremos. Algumas vezes, quiçá.

- Então, até lá. E obrigada, mais uma vez.

- Não há de quê. Vá sempre sob o sol!


A decisão de F’tma.

- Tekuol, preciso meditar. À maneira t’khasiana.

- Você vai dormir?

- Não, meu garoto, preciso obter minha resposta. Me empresta seu estúdio, agora!

- Já?

- Neste instante! Não sei quanto tempo minha meditação vai demorar. Tenha paciência.

- O estúdio é todo seu. Trancarei as janelas, e você pode trancar as portas. Há bastante velas lá
dentro. Pode usar as minhas.

- Obrigada, não é preciso, tenho as minhas, que uso todas as noites.

F’tma trancou-se e passou muitas horas meditando. Quando terminou, caiu em prantos.
Chorou, chorou, chorou. Quando saiu do estúdio, estava radiante! Falou com seu amigo:

- Tekuol, muito obrigada por ter me recebido em sua casa por todo esse tempo. As
experiências com seus amigos foram fantásticas! Não vou fazer o Kolinahr. Vou seguir os meus
próprios passos! Não vou por lugar algum, só vou para onde me levam meus próprios passos14.
14
Cântico Negro (José Régio)

Vem por aqui" — dizem-me alguns com os olhos doces


Estendendo-me os braços, e seguros
De que seria bom que eu os ouvisse
Quando me dizem: "vem por aqui!"
Eu olho-os com olhos lassos,
(Há, nos olhos meus, ironias e cansaços)
E cruzo os braços,
E nunca vou por ali...

A minha glória é esta:


Criar desumanidades!
Não acompanhar ninguém.
— Que eu vivo com o mesmo sem-vontade
Com que rasguei o ventre à minha mãe

Não, não vou por aí! Só vou por onde


Me levam meus próprios passos...
Se ao que busco saber nenhum de vós responde
Por que me repetis: "vem por aqui!"?
Prefiro escorregar nos becos lamacentos,
Redemoinhar aos ventos,
Como farrapos, arrastar os pés sangrentos,
A ir por aí...

Se vim ao mundo, foi


Só para desflorar florestas virgens,
E desenhar meus próprios pés na areia inexplorada!
- Essa é a minha amiga! Para mim, isso está completamente fora da escola de Lógica de Surak...

- Mas eu levo o que aprendi comigo. Apenas expandirei meus limites!

- Continuará meditando todas as noites, antes de dormir?

- Sempre! Isso é crucial para qualquer t’khasiano. Sou t’khasiana! Mas viverei na Terra, onde
serei musicista. Lá, a música é multifacetada. Tentarei novos instrumentos musicais. Acho que
vou escrever um e-book.

- Sobre o que será?

- Não sei ainda. Mas vou escrever.

- E seu período sabático?

- Acabou. Vou para a vida, na Terra. Passarei primeiro um tempo em T’Khasi, onde aguardarei
pelas férias de meus pais. Após terminar as férias deles, mudo-me para a Terra.

- Onde você ficará?

O mais que faço não vale nada.

Como, pois, sereis vós


Que me dareis impulsos, ferramentas e coragem
Para eu derrubar os meus obstáculos?...
Corre, nas vossas veias, sangue velho dos avós,
E vós amais o que é fácil!
Eu amo o Longe e a Miragem,
Amo os abismos, as torrentes, os desertos...

Ide! Tendes estradas,


Tendes jardins, tendes canteiros,
Tendes pátria, tendes tetos,
E tendes regras, e tratados, e filósofos, e sábios...
Eu tenho a minha Loucura !
Levanto-a, como um facho, a arder na noite escura,
E sinto espuma, e sangue, e cânticos nos lábios...

Deus e o Diabo é que guiam, mais ninguém!


Todos tiveram pai, todos tiveram mãe;
Mas eu, que nunca principio nem acabo,
Nasci do amor que há entre Deus e o Diabo.

Ah, que ninguém me dê piedosas intenções,


Ninguém me peça definições!
Ninguém me diga: "vem por aqui"!
A minha vida é um vendaval que se soltou,
É uma onda que se alevantou,
É um átomo a mais que se animou...
Não sei por onde vou,
Não sei para onde vou
Sei que não vou por aí!
- Vou procurar uma cidade à beira do mar, pequena, onde tenha tranquilidade para compor e
escrever. De lá, poderei sempre viajar para outros lugares do planeta, buscar inspiração e
traços culturais.

- Mas... e a música e cultura de outros planetas...

- No meu computador portátil, na Terra mesmo, poderei pesquisar. Contudo, a Terra é o


planeta mais completo.

- Então, isto é um adeus?

- Você vai me visitar! Vou te levar a São Paulo, onde minha mãe falou que tem as melhores
pizzas do mundo. Da Terra, claro!
De volta a Vulcano.

- T’Kot, onde está Spel?

- Ela não está mais nesta casa. Você pode videofonar a ela.

Sh’ai veio correndo e derrubou F’tma. Lambeu-a tanto que valeu por um banho!, com aquela
língua enorme...

- Vamos viver na Terra, Sh’ai. Lá você conhecerá seres de vários planetas!

- Você não vai fazer o Kolinahr?, perguntou T’Kot.

- Não. Após as férias de meus pais, vou-me mudar para uma pequena cidade litorânea, na
Terra.

- Você está mesmo muito mudada. Nem parece a mesma k’thasiana que conheci.

- Mas ainda sou de K’thasi. Aqui será meu planeta natal. Virei a esta casa de tempos em
tempos.

- Você precisa falar com seus pais. Seu noivo a espera.

- Vou fazer isso já!

- Você não está controlando suas emoções.

- Não. Sou uma nova mulher. Bem-vinda à minha nova pessoa!

- Execrável. Espero que seu noivo a aceite.

F’tma foi videofonar a seus pais. Soube, segundo Spock, que estariam de folga apenas daqui a
oito horas, quatro minutos e vinte e um segundos. Enquanto isso, ficou a ler, tocar lira e
brincar com seu sehlat. Deixou um recado para que videofonassem a ela, assim que pudessem.

Quando ligaram, Spock foi o primeiro a perguntar:

- F’tma, terminou seu período sabático?

Christine interrompeu:

- Minha filha, você terminou seu período sabático antes do que esperávamos. Achávamos que
ia durar muito tempo mais.

Então ela comunicou a seus pais suas decisões. Falou que os esperaria em Vulcano para suas
férias, e então conversaria com seu noivo.

- Ele aguarda em breve por você, falou Spock.

- Mas eu o renegarei. Na Terra, viverei como uma terrestre.

- Videofone para ele ainda hoje, falou Christine. Você tem a nossa permissão.

- Os pais dele vão querer falar com vocês!

- Ora, deixe eles com a gente, que a gente resolve..., respondeu Christine.
Na Terra.

F’tma desceu na Barreira do Inferno e foi, com escalas, até uma casa adaptada para caber seu
sehlat Sh’ai, em Caraguatatuba, litoral norte do estado de São Paulo. Chegando em sua nova
casa, um estilo misturado das casas vulcanas e caiçaras, tirou os sapatos, calçou chinelos de
dedo, colocou um par de bermudas, uma camiseta com os dizeres “Surak para sempre!”,
afagou seu animal de estimação, pediu por videofone um azul-marinho, e repousou. Feliz...
Nota final.

Além de ser fã de carteirinha de Star Trek, contei com as informações obtidas no site
Trek Brasilis. E com os livros “Fascinantes”, publicado por essa mesma turma que faz o site, e
“Jornada nas Estrelas”, de Salvador Nogueira e Suzana Alexandria. E com o e-book “50 anos de
Jornada nas Estrelas”, de Edward Gross. Não adianta amar, tem que conhecer.

Sobre O Autor.

Leopoldo Luiz Rodrigues Pontes é meu nome. Nasci às 4 e meia da manhã, do dia 4 de
abril de 1958, no bairro da Lapa, na cidade de São Paulo.

No final dos anos 1970 e início dos 80, publiquei uma série de livros de poemas, por
conta própria, na base do mimeógrafo e do offset. Tentei fazer alguns para educação popular,
mas não foram para frente.

Enveredei pelas artes plásticas e pela música. Fiz várias exposições individuais e
participei de coletivas. Fui solista de guitarra e cantei, em várias bandas de rock que não
duraram quase nada.

Individualmente, toquei vários outros instrumentos, não só de corda, mas também,


muito mal, de sopro e percussão. Sempre de ouvido, embora tenha estudado profundamente
música, o que ainda o faço.

Minha formação acadêmica inclui jornalismo em Santos e direito em Taubaté, além de


meia-pós-graduação em comunicação social e uma pós-graduação em língua portuguesa e
literatura. E vários pequenos cursos adicionais, incluindo extensões, todos presenciais, que é o
que existia naquele tempo. Por último, fiz cursos de psicanálise por EAD.

Meu primeiro emprego foi ajudar meu pai no depósito de artigos de época, fazendo
pacotes, atendendo a freguesia, carregando mercadoria, auxiliando no escritório, e fazendo
contas.

Depois vagabundeei um pouco e fui ser cobrador. Passou um tempo e voltei a


vagabundear, para depois atuar com artes plásticas e antiguidades. O dinheiro não dava para
nada.

Aí, recebi uma pequena herança e abri uma lanchonete que era também uma casa de
chá. Logo, minha esposa estava participando, até que, de repente, passou a cuidar sozinha do
local.

Nesse meio tempo, fui chamado como redator e repórter da Rádio Emissora de
Campos do Jordão. Depois, concomitantemente, fui empregado de diversos jornais escritos,
como diretor de redação, fotógrafo, editor, redator, repórter, diagramador, etc, tudo ao
mesmo tempo, já que eram jornais pequenos.

Nessa época, escrevi pra burro, tudo quanto eram notícias, editoriais, resenhas, entre
outras coisas. Mas nunca fui convidado para a Academia Jordanense de Letras.
Também trabalhei, uns meses, como jornalista da prefeitura, o que me garantiu uns
bicos em períodos eleitorais.

Como jornalista, fiz ainda alguns frilas e uma correspondência por três meses tórridos!

Noutra época, meus finais de semana eram tomados por uma galeria de arte de
Campos do Jordão.

Quando fui demitido da Rádio Emissora, comecei a trabalhar como advogado, e logo
fui chamado pela Sabesp, para a qual havia prestado concurso, em Caraguatatuba, onde
trabalhei como atendente a consumidores.

Minha aposentadoria foi pela Sabesp.

Moro atualmente no litoral norte do estado de São Paulo. Meus hobbies são: ouvir
discos de vinil, desenhar, pintar, fazer colagens, escrever, tocar violão, ler muito, e ver filmes e
séries. E fazer cursos e oficinas pela internet.

Alguns dias antes do Natal de 2021, tive um acidente doméstico em que quebrei o
ombro e o braço esquerdos. Soma-se a isso meus acidentes anteriores, no cotovelo e
tornozelo direitos, e uma danação na coluna. Fora isso, estou bem. Fazendo eventuais
fisioterapias, me alimentando, etc.

Só a cabeça não anda lá essas coisas. Por isso escrevo, para preservar minha memória
para o futuro. Sim. Eu acredito no futuro.

Contato: leopoldopontes21@gmail.com

Foto by Fafí Pontes. Abril\2023. Jimi & me.


Livros e e-Books de Leopoldo Pontes:

(Na ordem por publicação)

1. Paixões Remuneradas (1979) (esgotado)


2. Sobre Rio Claro (1980) (esgotado)
3. Já que tá, então fica (1981) (esgotado)
4. (Arte em mimeógrafo) (série) (1981) (esgotada)
5. Série Poemetos (1981) (esgotada)
6. Educação popular – 1981-82 - (série) (esgotada)
7. Homoteo – o livro do ateísmo devocional (1982) (não publicado)
8. Gabriel: a História do Roqueiro que virou o Grande Herói Nacional (2000)
(reeditado em agosto de 2016)
9. Asas para Teotino (2001) (reeditado em outubro de 2016)
10. Minha Experiência com o Kindle (novembro de 2016)
11. Poemas para serem lidos em voz alta (novembro de 2016)
12. V.M.P.M.: Duas Histórias de Amor (janeiro de 2017)
13. Dialética no Direito: O Estado Leigo (dezembro de 2018)
14. Análise de Matrix e outros filmes e textos (janeiro de 2019) (retirado de circulação
em setembro de 2022)
15. 4 COROS DA TERRA E DOS CÉUS E UMA CANÇÃO INFLAMADA: Teatro (janeiro de
2019)
16. O gosto das coisas: E o Rock não morreu... (abril de 2019) (retirado de circulação
em setembro de 2022)
17. O gosto das coisas: A Gorda vai cantar (abril de 2019) (retirado de circulação em
setembro de 2022)
18. O gosto das coisas: O Tempo e as Estações (abril de 2019) (retirado de circulação
em setembro de 2022)
19. Dialética sem Encher Linguiça (maio de 2020) (retirado de circulação em setembro
de 2022)
20. ZEN SEM FRESCURA: o livro da anti-autoajuda: tudo o que os livros de autoajuda
não te deixam acreditar (maio de 2020) (retirado de circulação em setembro de
2022)
21. VMPM e outros contos (maio de 2020)
22. ROCK NÃO SE APRENDE NA ESCOLA (maio de 2020) (retirado de circulação em
setembro de 2022)
23. NA CONTRAMÃO (maio de 2020) (retirado de circulação em setembro de 2022)
24. TUDO AO NORMAL – Felicidade não é obrigatória (julho de 2020) (retirado de
circulação em setembro de 2022)
25. Antes do despertar - α € Ω A Nova Gaia (outubro de 2020) (retirado de circulação
em setembro de 2022)
26. REINICIAR é a Solução pra Tudo! (janeiro de 2021) (retirado de circulação em
setembro de 2022)
27. Contos jurídicos (julho de 2021)
28. O prazer de fazer barulho (abril de 2022) (retirado de circulação em setembro de
2022)
29. O corvo (tradução do poema de Edgar Allan Poe) (junho de 2022)
30. Música do Planeta Terra (agosto de 2022) Aqui só tem matérias sobre música!
31. O pensamento quântico não é místico (outubro de 2022)
32. Lições sobre a psicanálise – Tomo 1 – Generalidades (novembro de 2022)
33. Lições sobre a psicanálise – Tomo 2 – O imaginário, o simbólico e o real.
(novembro de 2022)
34. Lições sobre a psicanálise – Tomo 3 – A busca pelo equilíbrio (novembro de 2022)
35. Lições sobre a psicanálise – Tomo 4 – Questões filosóficas (novembro
de 2022)
36. Lições sobre a psicanálise – Tomo 5 – Dialética e polialética (novembro de 2022)
37. Lições sobre a psicanálise – Tomo 6 – Ciências sociais (novembro de 2022)
38. Lições sobre a psicanálise – (os 6 tomos) (novembro de 2022)
39. Hai-Kais (dezembro de 2022)
40. Já que tá, então fica – poemas de amor e desamor – edição atualizada e revista
(dezembro de 2022)
41. Suíte nº1 em sol maior para violoncelo, de Bach. Para se ler no barzinho ou na
pastelaria. Poemas (dezembro de 2022)
42. A representação do homem [sonhos] (maio de 2023)
43. Stairway to Heaven – Led Zeppellin – tradução e comentários por Leopoldo Pontes
(maio de 2023)
44. As letras hebraicas – seu significado (maio de 2023)
45. “Quem quiser nascer, tem que destruir um mundo” – instalação\peça de teatro
(maio de 2023)
46. A filha de Spock – fanfic (maio de 2023)

Fim.

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