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Prateleira Na rede Pick n’ Picks
ÍNDICE

08 10 12
Resenha Capa Entrevista

expediente
Sepultura
20 John
24 Sanny
64
“Quadra” Frusciante Rozini

04 Mercado Vitrine Lançamentos


Editorial

06
lições

134 Coronavirus
88 118 130
Editorial
EXPEDIENTE
Bruno Custódio
Eder Gasparino
Igor Miranda www.guitarload.com.br

Arte e Diagramação WhatsApp:


Renov Midia (11) 9 9296-0668
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Bruno Custódio
Guitarload é uma
publicação digital do Grupo
Renov.

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disponíveis em
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Endereço
Av. Casa Verde, 723 Cj 04
Casa Verde
São Paulo - SP
CEP.: 02519-100
EDITORIAL

Efeitos e efeitos
Para o bem ou para guitarrista que, desde Raphael Romanelli,
o mal, a edição 106 dezembro de 2019, está editor do site John
da Guitarload trata de volta ao Red Hot Frusciante effects
de efeitos. A matéria Chili Peppers, banda (JFeffects), uma das
de capa traz um que o consagrou nas maiores referências na
verdadeiro dossiê dos décadas de 1990 e internet sobre o músico
equipamentos usados 2000. Para essa tarefa, em questão.
por JOHN FRUSCIANTE, conversamos com

Editorial // 6
Por fim, entra a parte
“para o mal” dos efeitos:
Reforçando a temática as consequências que o
As guitarras e principal da edição, novo coronavírus tem
amplificadores são conversamos com um trazido para o mercado
importantes para guitarrista brasileiro da música como um
a sonoridade de que tem se tornado todo. Conversamos com
Frusciante, além, é referência no campo da músicos e produtores de
claro, de sua técnica e construção de efeitos: eventos que apresentam
forma de tocar. Porém, RAFAEL BRASIL, do Far panoramas distintos
o grande charme From Alaska. O músico sobre a atual crise. A
desta edição está em apresentou todo o seu reportagem apresenta,
desbravar os pedais pedalboard para os ainda, projeções sobre
de efeito utilizados leitores da Guitarload, o futuro próximo deste
pelo músico em álbuns além de comentar suas mercado e uma série
clássicos do Red Hot preferências, resgatar de informações sobre o
Chili Peppers, como suas origens na música e coronavírus.
“Californication” (1999), projetar o futuro de uma
“By the Way” (2002) e das bandas de maior Fique em casa e
“Stadium Arcadium” destaque na nossa cena curta a edição 106 da
(2006). atual. Guitarload!

7 Guitarload // Edição #106


THE DIRT
CONFISSÕES DA BANDA DE
ROCK MAIS INFAME DO MUNDO
Autor: Mötley Crüe e Neil Strauss

Lançado originalmente em 2001, o livro biográfico do


Mötley Crüe só ganhou uma versão nacional neste ano
pela editora Belas Letras. “The Dirt: Confissões da banda
de rock mais infame do mundo” chega ao Brasil no
PRATELEIRA

embalo do filme “The Dirt”, que saiu na Netflix em 2019.

Fiel ao título, “The Dirt” foi escrito pelos quatro


integrantes do Mötley Crüe – Tommy Lee, Mick Mars,
Vince Neil e Nikki Sixx – junto do jornalista Neil Strauss
(“Rolling Stone”). A obra percorre a história da banda,
com o pioneirismo na cena glam metal de Hollywood,
letras satânicas, problemas com a lei, vícios em drogas e
brigas que levaram a rompimentos e reuniões.
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Steve Vai mostrou sua bela coleção
de guitarras. Além das tradicionais
Ibanez, ele exibiu peças únicas,
como uma Guild de 30 trastes,
a JEM com dual-whammy e um
híbrido de guitarra e sítara.

Na edição passada, Mauricio


Alabama mostrou o que rola se
você tocar guitarra na piscina.
No dia seguinte, ela parou de
funcionar, mas o vídeo a seguir
mostra que ela acabou voltando.

Quando se fala de rock brasileiro,


nem sempre os riffs de guitarra
são os destaques, mas há muitos
riffs bons feitos por aqui. Ricardo
De Gaspari reuniu 100 deles em
um vídeo que viralizou.

Na Rede // 10
Quem nunca deixou a palheta cair
no buraco central do violão, não é
mesmo? O canal Music is Win no
YouTube ilustrou essa sensação de
fracasso retumbante em um vídeo
muito divertido.

O TheDooo fingiu que era


guitarrista iniciante (com guitarra
da Hello Kitty) no Omegle, app
de chat aleatório com estranhos.
Mas quando ele resolve tocar, a
surpresa da galera é impagável!

Em mais um daqueles
experimentos que ninguém
pensava em fazer, mas alguém
resolveu colocar em prática, o
youtuber Davie504 colocou cordas
de guitarra em um baixo. E não é
que saiu som?

11 Guitarload // Edição #106


PICS N’ PICKS

Guitarrista : Esa Holopainen (Amorphis)

Evento: Live at Mylion Performance Hall

Local: Ankara - Tuquia

Fotógrafo: Niko Savic


Guitarrista : Johan Reinholdz (Dark Tranquility)

Evento: Live in Gothenburg Culture Festival

Local: Gotemburgo - Sweden

Fotógrafo: Richard Bloom


Guitarrista : Lindsay Ell

Evento: Live at Verti Music Hall

Local: Berlim - Alemanha

Fotógrafo: Florian Senger


Guitarrista : Ruyter Suys (Nashville Pussy)

Evento: Live at Grande Praire

Local: Alberta - Canadá

Fotógrafo: Shaun Streeper


Guitarrista : Thurston Moore (ex-Sonic Youth)

Evento: Live at The Empty Bottle

Local: Chicago - EUA

Fotógrafo: Jefrey Bivens


Guitarrista : John Frusciante (Red Hot Chilli Peppers)

Evento: Live at Andrew Burkle Tribute 2020

Local: Los Angeles - EUA

Fotógrafo: Todd Newman


RE
SE
N SEPULTURA
“QUADRA” (2020)

HA
Resenha // Sepultura - Quadrav
Por:
Igor Miranda

18
Décimo-quinto álbum de carcerário dos Estados mais instrumental como
estúdio da maior ban- Unidos, o álbum traz característica geral. E
da de metal do Brasil, uma formatação pecu- o D é aquela coisa mais
“Quadra” volta a im- liar, com 12 faixas divi- groovada, lenta, com
pressionar. O Sepultura didas em quatro partes. melodia”, explica.
encontrou sua melhor
formação desde os Cada momento tem um Elaborado e inventivo,
tempos com os irmãos significado, segundo “Quadra” é como uma
Cavalera, com um Der- o guitarrista Andreas evolução musical de
rick Green mais desen- Kisser. “O lado A é mais “Machine Messiah”, que
volto nos vocais e Eloy tradicional, thrash, e já representava avanço
Casagrande, uma força representa o discurso na sonoridade do
da natureza, na bateria. do Sepultura. O lado B Sepultura. Todos soam
é mais percussivo, com mais à vontade – não
Novamente com pro- ritmos brasileiros. O C só o já citado Derrick
dução de Jens Bogren vai um pouco mais além Green, como Andreas
– como no antecessor com o violão, sendo Kisser ao encontrar
“Machine Messiah”
(2017) –, “Quadra” não é
um trabalho conceitual,
mas carrega uma ideia
por trás de suas compo-
sições e até divisão de
faixas. Além de ques-
tionar diversos temas
sociais nas letras, des-
de a “escravidão” pelo
dinheiro até o sistema SEPULTURA - MEANS TO AN END
(OFFICIAL MUSIC VIDEO)

19 Guitarload // Edição #106


mais projeção com com alguns momentos em uma das músicas mais
arranjos diferenciados diferentes ao usar viscerais do Sepultura. No
na guitarra, distintas afinações. refrão, há trechos próxi-
Eloy Casagrande mos do death metal. “Me-
“destruindo” tudo e “Isolation” abre o álbum ans to an End” traz versos
até o baixista Paulo com introdução climá- mais intrincados e passa-
Jr., sempre discreto, tica, mas se transforma gem cadenciada, no miolo,

Resenha // Sepultura - Quadrav 20


1. Isolation
2. Means to an End
3. Last Time
4. Capital Enslavement
5. Ali
6. Raging Void

Tracklist
7. Guardians of Earth
8. The Pentagram
9. Autem
10. Quadra
11. Agony of Defeat
12. Fear, Pain, Chaos,
Suffering (com Emmily
Barreto)

O álbum fica experi- sequência, mantém


que introduz um clima mental com “Capital essa pegada. Alguns dos
diferente. Fechando a Enslavement”, que abre melhores momentos
“primeira quadra”, “Last com percussão tribal, estão por vir: “Raging
Time” reforça a intensi- tem mudanças de anda- Void” tem refrão intenso
dade de “Isolation”, mas mento evidentes e traz e digno de arena, en-
com a guitarra na linha Derrick Green como quanto “Guardians of
de frente. protagonista. “Ali”, na Earth”, após introdução

21 Guitarload // Edição #106


Chaos, Suffering”, que
exploram vocais limpos
de Green. A última, ali-
ás, parece ter sido feita
para o brilho da voca-
lista Emmily Barreto
SEPULTURA - ISOLATION (Far From Alaska), que
(OFFICIAL MUSIC VIDEO)
registra participação
especial.

acústica de 2 minutos, para Casagrande, no- O Sepultura acertou de


engrena e soa grandiosa vamente, brilhar. “Au- novo em “Quadra”. A
ao alternar de um peso tem”, logo após, reforça formação está redonda,
quase extremo para a influência do death com performances incrí-
seção instrumental bem metal. A faixa título é veis. Com homenagens a
diferenciada, quase folk. uma vinheta acústica todas as fases da banda,
que antecede as duas o álbum deve agradar
A instrumental “The músicas finais do álbum: a quem gosta de, pelo
Pentagram” traz Kisser as melódicas “Agony of menos, algum disco do
criando vários climas Defeat” e “Fear, Pain, Sepultura.

Ouça no Spotify:
Sepultura » “Quadra”

Resenha // Sepultura - Quadrav 22


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John
Fru
scia
nte
Capa // John Frusciante 24
FOTO: JEFF POOL

25 Guitarload // Edição #106


Umdos grandes guitarristas do rock das décadas de
1990 e 2000, John Frusciante inspirou muitos músicos
a deixaremde focar na técnica no instrumento para
trabalhar outras virtudes, como a boa timbrageme
a construção de ambientes musicais compedais de
efeito.

De volta à banda que o consagrou, o Red Hot Chili


Peppers, Frusciante é tema desta reportagemque
busca dissecar seus equipamentos, sejamguitarras,
pedais ou amplificadores, emdiversos momentos
de sua carreira. Para isso, entrevistamos Raphael
Romanelli, editor do site John Frusciante effects
(JFeffects) e autoridade no assunto.

Capa // John Frusciante 26


FOTO: SAM BLAKELOCK

27 Guitarload // Edição #106


John Frusciante está de volta ao
Red Hot Chili Peppers. Após ficar
uma década fora da banda, sendo
substituído por Josh Klinghoffer, o
guitarrista que ajudou a moldar o som O primeiro álbum com Frusciante,
de um dos grupos de maior sucesso “Mother’s Milk” (1989), não resume tão
do rock, retomou seu posto, conforme bem seu estilo. As credenciais foram
anunciado em dezembro de 2019, e melhor apresentadas em “Blood Sugar
já trabalha em um novo álbum ao Sex Magik” (1991), que tem hits como
lado dos colegas: o vocalista Anthony “Under the Bridge” e “Give it Away”.
Kiedis, o baixista Flea e o baterista Descontente com a fama e mergulhado
Chad Smith. nos vícios – inclusive em crack –, o
guitarrista saiu da banda em 1992 e
Os fãs mais casuais podem não chegou ao fundo do poço nos anos
saber, mas John Frusciante não é o seguintes, quase morrendo após uma
guitarrista original do Red Hot Chili infecção oral.
Peppers. O primeiro responsável pela
função era Hillel Slovak, que compôs Os problemas ficaram de lado após
os três primeiros álbuns do grupo, 1998, quando John Frusciante entrou
mas faleceu em 1988, em decorrência em reabilitação e foi convidado a rein-
de uma overdose. Consideravelmente tegrar o Red Hot Chili Peppers. Com a
mais novo que seus colegas de banda, retomada de sua formação clássica, a
Frusciante era fã de Slovak e acabou banda se reinventou e gravou outros
entrando para o projeto quando tinha três álbuns de sucesso: “Californica-
apenas 18 anos. tion” (1999), “By the Way” (2002) e
“Stadium Arcadium” (2006).

Capa // John Frusciante 28


Contudo, Frusciante se cansou nova-
mente do ritmo extenuante da estrada
e, em 2009, confirmou sua saída.
foram gravados dois álbuns, “I’m With
O substituto de John Frusciante foi You” (2011) e “The Getaway” (2016),
Josh Klinghoffer, que tocava nos além do compilado “I’m Beside You”
álbuns solo do guitarrista e até (2013), que reúne sobras de “I’m With
excursionava com a banda, como You”. Já Frusciante mergulhou em uma
músico de apoio. Com Klinghoffer, carreira solo que explorou diversos
gêneros musicais, com destaque ao
eletrônico.

RED HOT CHILI PEPPERS - UNDER THE BRIDGE

29 Guitarload // Edição #106


inesperada A essa altura, ninguém esperava por
um retorno de John Frusciante ao
Red Hot Chili Peppers. Nem mesmo
Raphael Romanelli (ver box 1),
fundador do site John Frusciante
effects (JFeffects) – maior referência
virtual sobre o guitarrista no Brasil
–, entrevistado desta edição da
Guitarload.
Volta

“Fiquei sem acreditar”, relatou


Romanelli. “A banda estava compondo
um novo álbum com Klinghoffer
naquele momento. Nesses 10 anos
fora, Frusciante nunca deu indícios
de que voltaria, mas em novembro
de 2019, ele e Dave Lee, seu técnico
de guitarra entre 1998 e 2008, se

Capa // John Frusciante 30


Além de fatores inexplicáveis, como
a química entre os músicos, a volta
de John Frusciante gera expectativa
encontraram após anos sem se nos fãs de guitarra e, especialmente,
verem. Naquele dia, Lee nos mandou efeitos. Em ambas as passagens pelo
uma mensagem sobre o encontro. Red Hot, o músico sempre demonstrou
Mais tarde, contou que ele havia criatividade para construir não só
pedido uma revisão em suas Fender arranjos e solos, como, também,
Stratocaster – desde a saída do Red timbres e ambientações – não à toa,
Hot, essas guitarras estavam de lado, Frusciante é referência quando se fala,
pois ele só estava tocando as Yamaha por exemplo, de pedais de efeito.
SG e modelos exóticos. Isso, de alguma
maneira, indicou um possível retorno.”

Para retomar a química conquistada


em seus anos de ouro, o Red Hot Chili
Peppers precisaria ter John Frusciante “Flea e eu tentamos
de volta, nem que fosse para uma
turnê de despedida. O próprio Josh
ao máximo, mas eu
Klinghoffer reconhece isso em nunca serei capaz
entrevistas, ao dizer: “ninguém
de competir com a
consegue bater a magia de Frusciante
e Flea juntos”. história que ele tem
com John”
Josh Klinghoffer, sobre a
volta de John Frusciante, em
entrevista a Marc Maron

31 Guitarload // Edição #106


BOX1
Não é exagero dizer que Raphael Romanelli
No site JFeffects,
você realmente des-
brava todos os equipa-
é uma das grandes referências sobre John
mentos que Frusciante
Frusciante no Brasil e, talvez, no mundo. Natural usa. Como é o seu
de Ilícinea (MG), o estudante de Medicina temo método de pesqui-
sa para descobrir os
site John Frusciante effects, que, desde 2006, traz
equipamentos? E você
mais de mil publicações sobre o guitarrista do Red já teve a oportunidade
Hot Chili Peppers. de testar alguns desses
equipamentos para
Como você se apro- era conseguir repro- conferir como eles
ximou da guitarra e do duzir os 2 minutos de soam em suas mãos?
Red Hot Chili Peppers? introdução de “Califor- Leio muitas entrevis-
Nasci em uma famí- nication” feitos por John tas de John Frusciante
lia que a música sem- Frusciante no show de e das pessoas em volta
pre foi um pilar muito Slane Castle – e assim o dele. Com a JFeffects,
importante. Entre meus fiz. Depois, passei para a entrevistamos e temos
ascendentes, existem guitarra e, desde então, contato com Dave Lee,
muitos radialistas e tem sido ótimo, mesmo técnico de guitarra e
músicos. Minha paixão eu não me consideran- equipamentos de Frus-
pela guitarra e pelo Red do um bom guitarrista. ciante de 1998 até 2008
Hot começou simul- Também me arrisco em que responde à série
taneamente em 2009. outros instrumentos de “Dave Mail” no site.
Apesar de ter começado corda. Também entrevistamos
no violão, meu objetivo Robbie “Rule” Allen,
Publicações de
destaque da JFeffects:
técnico de guitarra de
Ahistória da Fender Duo Sonic ‘65, sobrevi-
Frusciante na primei-
vente do incêndio na casa de Frusciante
ra passagem pelo Chili
Peppers. Mas a obser- Todos os pedais usados por John Frusciante
vação é um pilar impor- no Red Hot Chili Peppers
tante. Fiz bons amigos
que colaboram com o
Fender Stratocaster 1962: a principal
site. Em nossos grupos,
guitarra de Frusciante
sempre circulam ima-
gens, áudios e vídeos
dos shows, com isso, Ibanez WH-10: o pedal
sempre existe análise favorito de Frusciante
e discussão do que ele
teria usado nesses deter- Boss CE-1: o pedal
minados momentos. indispensável de Frusciante
Experiência é outro
ponto importante. Poder
testar os equipamentos
Os equipamentos usados no
colabora para enten-
álbum“Californication”
der como eles reagiam
ao vivo. Com o tempo, Os equipamentos usados no
acumulei alguns equi- álbum“By the Way”
pamentos, sobretudo
pedais, semelhantes aos
Os equipamentos usados
dele.
no álbum“StadiumArcadium”
expectativa
O primeiro show da volta de John
Frusciante ao Red Hot Chili Peppers
já aconteceu, mas foi curto, de três
músicas, em um evento fechado nos
Estados Unidos, no dia 8 de fevereiro.
Nem Chad Smith estava com a banda –
Stephen Perkins, do Jane’s Addiction, o
substituiu.

FIRST SHOW WITH JOHN FRUSCIANTE SINCE 2007

Capa // John Frusciante 34


Provavelmente, os fãs
terão que esperar um
pouco para conferir o
verdadeiro retorno de
John Frusciante ao Red
Hot Chili Peppers. A
banda adiou seus pri-
meiros shows de 2020
devido à pandemia do
novo coronavírus. Po-
rém, como bom espe-
cialista que é, Raphael
Romanelli já antecipou o
que dá para esperar des-
sa volta de Frusciante.

“Nesses 10 anos,
Frusciante evoluiu
como músico e abriu
a cabeça: gravou pelo
computador usando as Yamaha SG dos como desprezar toda
o Renoise; estudou anos 1980; produziu essa evolução – ele
música eletrônica, um grupo de rap e fez não é o mesmo músico
ritmos e programação; música sem ter um que encerrou a turnê
abandonou as guitarras público-alvo. Acho que em 2007”, comenta
vintage para criar isso tudo será somado Romanelli sobre os
nova abordagem com ao seu retorno. Não há recentes trabalhos dele.

35 Guitarload // Edição #106


Em termos de equipamentos usados,
as guitarras devem ser algumas
das mesmas, mas a parte de pedais, Ensemble e o Electro-Harmonix Holy
provavelmente, terá mudanças. Grail estavam presentes. Os demais
“Dave Lee confirmou que revisou foram: um Xotic XW-1 Limited Edition
quatro guitarras Fender Stratocaster com wah-wah e o que pareciam ser
para Frusciante – a Sunburst 1962, um Boss TU-3 Chromatic Turner,
a Sunburst em dois tons de 1955, a Boss SD-1 Super Over Drive, MXR
Olympic White 1963 e a Red Fiesta Micro Amp e dois pedais que não
1961, todas já usadas por ele na banda. identificamos, mas um era fuzz. Os
As três primeiras, inclusive, foram amplificadores não devem mudar
usadas na primeira apresentação tanto, já que ele usou o Marshall Silver
de volta. A Telecaster de 1959, a Les Jubilee 25/55 fora da banda e nesse
Paul de 1969 e a Gretsch 6136 White primeiro show”.
Falcon de 1958 devem retornar – junto
à Jaguar de 1962 para aquecimento
no camarim. Ele também pode
trazer algumas Yamaha SG para
determinada abordagem. Os violões
Martin 0-15 eram os favoritos e isso
deve continuar”, afirma, sobre os
instrumentos em si.

A respeito dos pedais e amplificadores,


Romanelli pontua: “É o campo que
deve ter mais mudança, com base na
primeira apresentação. Apesar do
setlist pequeno, entre os pedais que
ele usava antes, só o Boss CE-1 Chorus

Capa // John Frusciante 36


FOTO: DAN ROBINSON

“Amo os discos com Josh. Ele é incrível e um grande


homem. E, sim, John está de volta. Anatureza se
move e as ondas são feitas para serem surfadas”

Flea, no Twitter, sobre a


volta de John Frusciante

37 Guitarload // Edição #106


Frusciante
do som de
Segredos
Se você chegou até aqui
para aprender a soar
como John Frusciante,
a recomendação inicial
é reforçar os estudos
na guitarra, pois não
é possível emular
completamente outro
músico e um arsenal
de equipamentos não
te fará evoluir como
guitarrista – já a prática
e o estudo, sim. O
próprio Dave Lee, que
trabalhou tanto com
Frusciante, é quem diz
isso, conforme relatado
por Raphael Romanelli.

Capa // John Frusciante 38


“Certa vez, Dave Lee
disse que montou
o equipamento de
Frusciante para a
turnê. Ao testar, parecia
que estava errado,
mas bastou Frusciante tocar que
beirou a perfeição. A maior parte do JFeffects, o equipamento essencial: “O
som estava nas mãos dele”, comenta mais importante é o pedal de chorus
Romanelli. Boss CE-1. Aquele knob de level tem
seu próprio tipo de estrutura de ganho.
Ciente disso, as valiosas dicas de Aquele pedal, um Mesa Boogie Triple
Raphael e Dave podem ajudar a Rectifier (no canal limpo) o mais alto e
construir uma sonoridade semelhante limpo possível, uma Stratocaster com
à de John Frusciante no Red Hot Chili captador do braço, explorando o knob
Peppers. O técnico de guitarra do de level no CE-1, com muito ataque nas
músico cita, em trecho transcrito pelo cordas... aí é possível”.

39 Guitarload // Edição #106


Atríade principal de
pedais de John Frusciante

1 Boss CE-1
Chorus Ensemble

Boss DS-2
Turbo Distortion
2
3 Ibanez
WH-10 Wah

Capa // John Frusciante 40


Já sobre os amplificadores, Romanelli
completa: “Como ele usava o
Marshall Major e o Silver Jubilee
no rig principal, Dave Lee nos disse “Nas turnês com o Red Hot Chili
que entre os dois, o mais importante Peppers, a prioridade era a cadeia
para o timbre dele era o Major. Como de pedais com o Boss CE-1 dividindo
estamos no Brasil, Marshall e Mesa o sinal entre o Marshall Major e o
Boogie são inacessíveis para grande Marshall Silver Jubilee. O Electro-
parte das pessoas, então, vale a Harmonix Holy Gail Reverb foi tirado
pena investir nas opções nacionais, da cadeia principal e colocado apenas
considerando os principais aspectos: no Silver Jubilee no meio da turnê de
limpo, alto e agressivo”. ‘Stadium Arcadium’, o que resultava
no efeito de reverb quando ativado
Conforme aponta Romanelli, o em apenas em um dos lados – o que
timbre limpo da guitarra através dos aconteceu por pedido de Dave Rat,
amplificadores é a prioridade, já que engenheiro de áudio da tour, para
muitas gravações em estúdio desde que pudesse controlá-lo na mixagem”,
“Stadium Arcadium” foram feitas só afirma Raphael.
com guitarra e amplis, sendo tratadas
posteriormente com equipamentos, O box 2, com os pedais usados
especialmente o Doepter A-100. Por por John Frusciante nos álbuns
outro lado, os pedais ganham suma “Californication”, “By the Way” e
importância ao vivo. “Stadium Arcadium”, trazem uma
visão mais completa sobre o que
constrói a sonoridade do músico no
que tange aos efeitos.

41 Guitarload // Edição #106


guitarra
A sonoridade clássica de John Frusciante no
Chili Peppers passa muito pelas guitarras. Na
maior parte do tempo, o músico usava Fender
Stratocaster, mas gravações icônicas, como
os solos de “Scar Tissue” e o hit “Otherside”,
foram feitas com outros instrumentos – sendo
mais específico, Fender Telecaster e Gretsch,
respectivamente.

RED HOT CHILI PEPPERS - SCAR TISSUE

Capa // John Frusciante 42


Embora seja marcado pelo uso das
guitarras Fender, John Frusciante
era, inicialmente, fã das Ibanez. De Segundo Romanelli, nas turnês de
acordo com Raphael Romanelli, o “Mother’s Milk” e “Blood Sugar Sex
músico começou usando um modelo Magik”, as principais guitarras eram as
fabricado pela Performance Guitar Fender Stratocaster, algumas originais
que muitos confundem com Kramer, e outras reissues das décadas de 1950,
mas se diferencia, especialmente, pelo 1960 e 1970, e uma Gibson Les Paul
braço em maple e alguns detalhes de Custom de algum momento dos anos
acabamento. Frusciante curtia a marca 1970.
por causa de dois músicos que usavam
instrumentos dela: Frank Zappa e A partir de seu primeiro retorno para
Steve Vai, nos tempos da David Lee o Red Hot, em 1998, John Frusciante
Roth Band. passou a experimentar um pouco
mais, ampliando bastante sua gama
Depois, Frusciante migrou para de guitarras e equipamentos. Porém,
Ibanez, mas Anthony Kiedis, Flea a Fender Stratocaster 1962 Sunburst
e Michael Beinhorn (produtor de que ele ganhou de presente de
“Mother’s Milk”) não gostavam, então, Anthony Kiedis, no ano de sua volta,
foi feita nova mudança para Fender – seguiu como seu principal instrumento
embora o pedal Ibanez WH-10 tenha na banda.
sido mantido desde aqueles tempos.

43 Guitarload // Edição #106


Fender
Stratocaster
1962 Sunburst
“Essa guitarra é quase toda original,
com algumas exceções. O escudo
original foi substituído por um
característico das Stratocaster pós-
1964. Dave Lee instalou tarraxas
Kluson e straplock Schaller. Além
disso, os captadores originais foram
substituídos entre 1998 e 1999.
Frusciante achava que os novos eram
Seymour Duncan SSL1 (inspirado pela
descoberta do uso deles na sua Fender
Stratocaster 1955), mas Dave Lee
revelou à John Frusciante effects que,
na verdade, eram captadores Fender,
os mesmos das guitarras American da
época”, revelou Raphael Romanelli.

Quanto a guitarras de outros modelos,


há de se destacar alguns modelos de
Frusciante, seja ao usar em gravações
e turnês ou como “colecionador”, título
que ele mesmo rejeita:

Capa // John Frusciante 44


- Duas Fender Telecaster, sendo uma
de 1960 (com um “F” no escudo) e
outra de 1965 ou 1967 (que foi dada de
presente a Josh Klinghoffer), usadas
em músicas como “Easily” e nos solos
de “Scar Tissue”, além de turnês e até
os álbuns que Klingohffer gravou com
o Red Hot Chili Peppers;
- Fender Jaguar Fiesta Red 1962;
- Fender Jaguar Olympic White 1966
(com Roland Guitar Synthesizer GR-
300 acoplado);
- Gibson Les Paul Custom 1969
- Gibson Les Paul SG Custom 1961 (dos
tempos em que SG era um modelo de
Les Paul);
- Fender Stratocaster Sunburst 1959
(com braço fretless de vidro);
- Fender Stratocaster Olympic White
1961 (que acabou sendo dada de
presente para Zach Irons, filho do
baterista Jack Irons, ex-Red Hot Chili
Peppers);
- Gretsch 6136 White Falcon 1958
(com captadores Filter’Tron e
encordoamento 0.12, mais grosso que
o das outras).

45 Guitarload // Edição #106


No box 2
desta matéria,
há uma listagem
completa de pedais
que John Frusciante usou
Pedais

nos álbuns “Californication”,


“By the Way” e “Stadium Arcadium”.
Em termos de destaque, Raphael
Romanelli cita a tríade principal: Boss
DS-2 Turbo Distortion, Ibanez WH-10
V1 e Boss CE-1 Chorus Enseamble.

O wah Ibanez WH-10 V1, inclusive,


merece ser citado à parte, pois é o
pedal favorito de John Frusciante. O
motivo, segundo ele, é a preservação
da sonoridade grande do wah, dife-
rente de outros, que pareciam cor-
tar o volume pela metade e tinham

Capa // John Frusciante 46


timbres magros. Raphael Romanelli Em “Blood Sugar Sex Magik”, além do
pontua que esse pedal tem diferentes já mencionado DOD FX-65, Romanelli
versões, como a fabricada entre 1993 relata que Frusciante utilizou um MXR
e 1996 (apelidada de V1/2) e usada nos Dyna Comp e um Electro-Harmonix
tempos de “Californication”, a V2 e a Big Muff PI, além dos sempre presen-
recente V3, mas é a V1 que conquistou tes Boss DS-2 e Ibanez WH-10.
o coração de Frusciante.

O editor do JFeffects pontua que para


gravar seu primeiro álbum com a
banda, “Mother’s Milk”, John Fruscian-
te manteve essa tríade e acrescentou
apenas um Dunlop Fuzz Face e um
MXR Phase 90. Na turnê desse disco,
foram adicionados o Boss RV-2 Digital
Reverb e o DOD FX-55B Supra distor-
ção, mas o Boss CE-1 foi substituído na
metade da tour pelo DOD FX-65 Ste-
reo Chorus – mantido até sua primei-
ra saída, em 1992.

47 Guitarload // Edição #106


O Boss CE-1 foi retomado na volta
de Frusciante, recompondo a tríade efeitos pontuais. Porém, o Doepfer
clássica a partir de “Californication” A-100 ganhou importância, já que,
(embora o modelo de Ibanez WH- segundo Raphael Romanelli, grande
10 seja o 1/2). Nesse álbum, há de se parte das guitarras eram gravadas
destacar, ainda, pedais como MXR sem efeitos e tratadas com esse
Phase 90 e 100, Boss DS-1 Distortion equipamento.
e VB-2 Vibrato, e Dunlop Uni-Vibe
UV1SC Stereo Chorus, entre outros. A lista completa de pedais usados nos
três últimos álbuns de John Frusciante
No disco seguinte, “By The Way”, a com o Red Hot Chili Peppers está
dinâmica mudou um pouco ao adotar presente no box 2.
pedais de delay, como Digitech PDS-
1002 Digital Delay e Line 6 DL4, além
de três Electro-Harmonix: Big Muff
“Na turnê de
PI, Electric Mistress Deluxe e Holy
Grail (este último, nos overdubs), ‘Californication’,
entre outros. O sintetizador modular
Frusciante usou sete
Doepfer A-100 aparece, ainda, para
processar faixas como “Throw Away modelos de pedais.
Your Television” e “Don’t Forget Me”. Anos depois, na turnê de
Mais experimental (e longo, por
Stadium Arcadium’, ele
ser um disco duplo), “Stadium estava com mais de 20.”
Arcadium” expande muito a gama de
Raphael Romanelli, sobre o set
pedais usados por John Frusciante.
de pedais de Frusciante
Repetiram-se vários produtos de “By
The Way”, com acréscimo de outros

Capa // John Frusciante 48


49 Guitarload // Edição #106
BOX2 Os pedais de John Frusciante
emCalifornication
� Boss DS-1 Distortion

� Boss DS-2 Turbo Distortion

Boss CE-1 Chorus Ensemble (emtodos os efeitos de chorus do



álbume sempre dividindo o sinal entre dois amplificadores)

� Boss FZ-3 Fuzz (nos solos de “Scar Tissue”)

� Boss VB-2 Vibrato

� Dunlop Uni-Vibe UV1SCStereo Chorus

� Ibanez WH-10 V1/2 (em“Get On Top” e “I Like Dirt”)

� MXR Phase 90

� MXR Phase 100 (no solo de “Parallel Universe”)

� Electro-Harmonix 16 Second Delay (em“Savior”)

� Electro-Harmonix Micro Synthesizer (em“Savior”)


BOX2 Os pedais de John Frusciante
emBy The Way
� Ibanez WH-10 V1

� Electro-Harmonix Electric Mistress Deluxe

� Electro-Harmonix Big Muff PI

� Digitech PDS-1002 Digital Delay (em“Don’t Forget Me”)

Line 6 DL4 (delay analógico em“Don’t Forget Me”



e para compor “Dosed”)

Line 6 FM4 (filtro em“Don’t Forget Me” e



obi-wah em“Throw Away Your Television”)

� Boss FV-50 Volume

� Electro-Harmonix Holy Grail (nos overdubs)

Sintetizador modular Doepfer A-100 (para processar “Throw Away



Your Television” e “Don’t Forget Me”)
BOX2
Os pedais de John Frusciante
emStadiumArcadium-
Parte 1
Sintetizador modular Doepfer A-100 (grande parte das guitarras

eramgravadas semefeitos e tratadas nele)

Boss CE-1 Chorus Ensemble (dividia o sinal para o Marshall Major



e o Marshall Silver Jubilee)

� Boss DS-1 Distortion

� Boss DS-2 Turbo Distortion (refrão de “Dani California”)

Electro-Harmonix English Muff’n (“Especially in Michigan”, “C’mon



Girl”, “She Looks To Me” e “We Believe”)

� Electro-Harmonix Big Muff Pi (solo de “Strip My Mind”)

Electro-Harmonix Holy Grail Reverb (solo de “Strip My Mind”,



“Hey” e no modo spring em“Animal Bar”)

� Electro-Harmonix POGPolyphonic Octave Generator

� Electro-Harmonix Electric Mistress Deluxe

� DOD680 Analog Delay (solo final de “We Believe”)

� Ibanez WH-10 V1

� Dunlop Cry Baby DB-02 Dime Custom


BOX2
Os pedais de John Frusciante
emStadiumArcadium-
Parte 2
Pedais da Moogfooger em
“StadiumArcadium”

Em estúdio, os pedais da Moogfooger


foram usados em “Stadium Arcadium”,
mas na turnê, eles simulavam o que o
Doepfer A-100 fez em estúdio. São eles:
Outros tratamentos em
“StadiumArcadium”

� MF-105 MuRF
Leslie (trechos de “Death
� of a Martian” e “Wet
� MF-105B Bass MuRF
Sand”)

� MF-101 Low-Pass Filter Delta Labs Effectron II


Delay Digital (fimde “Dani

MF-103 12-Stage Phaser California” e “She’s Only
� (emulava o Analogue 18”)
Systems Phase Shifter)
EMT 250 Reverb Digital (a
Controle: dois CP-51 guitarra era gravada, a fita
� Control Processors, com era invertida, o reverb era
dois pedais de expressão � adicionado e a fita voltava
ao normal, assim, o reverb
acontecia antes da nota
soar)
“Muitas das gravações
foram feitas só com gui-
tarra e amplificadores e
tratadas posteriormente.
Oprincipal de Frusciante
é a criatividade.”
amplis

Raphael Romanelli, sobre o set


de pedais de Frusciante

Com guitarras tão específicas e pedais


tão bem escolhidos, há quem pense
que a parte dos amplificadores não é
tão importante para John Frusciante.
Quem imaginou isso, errou – conforme
já apontado anteriormente, é
necessário ter um ampli “alto, limpo e
agressivo” para chegar a esse tipo de
timbragem.

Capa // John Frusciante 58


De acordo com Raphael Romanelli, “Em outras ocasiões, ele apenas ligava
Frusciante começou sua passagem a guitarra diretamente na mesa de
pelo Red Hot Chili Peppers com Mesa gravação, como no solo de ‘Suck My
Boogie, provavelmente o modelo Kiss’, dizendo que muito da distorção
power amp Strategy 400 Stereo. A do álbum vinha do overdrive dessa
gravação de “Mother’s Milk” deu início mesa. Ele também empregou um Coral
à transição para os Marshall, como Electric Sitar na música ‘Blood Sugar
o Marshall 25/50 (um Silver Jubilee Sex Magik’, e um antigo lap steel da
de 50W com as cores tradicionais da Gibson para o solo no início de ‘The
marca) e o Major, dando origem ao Righteous and The Wicked’”, relembra.
par de amplificadores que seria usado
posteriormente em
turnê.

Já na gravação
de “Blood Sugar
Sex Magik”, conta
Romanelli, foi
usado, também,
um amplificador
transistorizado de
baixo custo e de 12W
da Fender para boa RED HOT CHILI PEPPERS - SUCK MY KISS
parte dos overdubs.

59 Guitarload // Edição #106


O editor do site JFeffects aponta que
na primeira volta para o Red Hot
Chili Peppers, a partir de 1998, John CE-1 (usado para as Stratocasters, Tele-
Frusciante adotou, principalmente, casters, Jaguars e a Gretsch após 2003).
um Marshall Major de 200W (com Contudo, um Fender Silverface Dual
válvulas KT88) e um Marshall Silver Showman também apareceu junto da
Jubilee 25/55 de 100W, ligados simulta- guitarra Gretsch White Falcon de 1958
neamente através de um Boss Chorus na turnê de “Californication”, sendo
substituído de vez, em 2001, por um
segundo Silver Jubilee 25/55, em 2001.

Capa // John Frusciante 60


de ‘Otherside’ com uma Gibson SG
Nos álbuns, John Frusciante sempre Custom de 1961). Ele usou o Vox A30
usou muitos amplificadores, variando em algumas partes dos seus álbuns
entre os Marshall, Fender e Vox, com solos, com o supergrupo Ataxia, e no
os dois Marshall já citados como canal de vibrato junto a um Marshall
principais – eles, inclusive, foram os na gravação de ‘Porcelain’”.
únicos presentes no álbum “Stadium
Arcadium”. O editor do JFeffects aponta, ainda,
que o Fender Blackface Showman foi
Raphael Romanelli conta: “Da usado para gravar, com sua Fender
Marshall, além desses dois, Frusciante Stratocaster 1955, as partes principais
chegou a usar o JTM-45 de 1965 e os solos de “Scar Tissue”. Já com a
(até queria levá-lo para os shows de Gretsch White Falcon, o amplificador
‘Californication’, mas o gerente de aparece em “Otherside”.
turnê o fez desistir,
por ser uma peça
frágil), o Super Bass
(em ‘Californication’,
junto ao JTM-45 e uma
Jaguar na gravação de
‘Around The World’; e
em ‘By The Way’, junto
ao Major ou ao Fender
Blackface Showman
em grande parte do
álbum) e um JCM-800 RED HOT CHILI PEPPERS - OTHERSIDE
(no talo nos overdubs

61 Guitarload // Edição #106


de destaque
Trabalhos

John Frusciante preza muito pelos


timbres e texturas, seja em shows
ou gravações, segundo Raphael
Romanelli. “Em estúdio, Frusciante
usa uma enorme gama de pedais e
outras formas de modificar o som. Na
turnê, ele tenta chegar o mais próximo
do que fez em estúdio, por isso, leva
alguns desses pedais e vai mudando de
acordo com a experiência”, afirmou.

Capa // John Frusciante 62


Da obra com o Red Hot, o editor do
JFeffects destaca o álbum “Stadium
O grande trunfo, porém, está na Arcadium” no que diz respeito às
própria criatividade. Nesse sentido, guitarras, “pelas linhas e texturas
além dos trabalhos de Frusciante com bem trabalhadas”. Porém, registros
o Chili Peppers, Romanelli destaca um como “Blood Sugar Sex Magik”,
disco solo do músico: “The Empyrean” “Californication” e “By the Way”, com
(2009), que tem Josh Klinghoffer em seus caminhões de hits, não devem ser
todas as faixas e participações de esquecidos.
Flea e Johnny Marr
(Smiths). “É o ápice,
não existe para onde
ir após esse disco. Do
início ao fim, é o mais
complexo e mais bem
trabalhado dele. É
uma obra completa”,
afirma.

JOHN FRUSCIANTE - UNREACHABLE

63 Guitarload // Edição #106


ENTREVISTA
Por Igor Miranda

Capa // John Frusciante 64


O MAGO
DOS TIMBRES
FOTO: DIVULGAÇÃO

65 Guitarload // Edição #106


Umdos guitarristas de maior destaque no
nosso rock atual não é umshredder – é um
cara que foca na criatividade e nos timbres,
construídos, especialmente, por meio de seus
pedais.

Neste bate-papo, Rafael Brasil, do Far From


Alaska – umdos grandes nomes surgidos no
cenário nacional da última década –, falou sobre
sua paixão por timbres e pedais, revelando até
seus pedalboards, alémde recontar sua trajetória
e revelar os próximos passos da banda.

Capa // As //
Entrevista guitarristas
Rafael Brasil
dos anos 2020 66
FOTO: MURILO AMANCIO

67 Guitarload
Guitarload////Edição
Edição#105
#106
Antes de cair na nossa parada. Éramos cinco vai mudar bastante.
pauta convencional, integrantes, daí ficaram Estamos vendo como
eu não poderia quatro há algum tempo será e gostamos de
deixar de falar e, depois, o baterista usar o que acontece na
sobre esse problema (Lauro Kirsch) saiu, banda para resolver.
todo aí gerado pelo então, estamos fazendo Por exemplo: quando o
coronavírus. Tá todo o disco sem o batera. baixista (Edu Filgueira)
mundo bem por aí, Paramos com os shows saiu, não colocamos
você, o pessoal da e focamos no disco, ninguém na banda e eu
banda e tudo o mais? mas cancelamos os passei a fazer o baixo,
Atrapalhou algum encontros. dividindo essa função
plano ou agenda? com a Cris (Botarelli,
Em qual etapa do vocal, sintetizadores e
Está todo mundo bem, processo do novo lap steel). Fazia o baixo
mas estamos fazendo disco vocês estão? Há da guitarra mesmo,
as coisas novas para o planejamento para exceto quando tinha
próximo disco e travou lançar algo neste ano? um arranjo diferente,
muita coisa. Não tem que, aí, a Cris tocava
como se encontrar. A ideia é lançar neste o baixo. Sempre
Não tivemos shows ano. Paramos com os inventamos algo para
cancelados porque shows há algum tempo resolver e, agora, vai
a agenda já estava e com a saída do batera, rolar isso de novo.

Capa // As //
Entrevista guitarristas
Rafael Brasil
dos anos 2020 68
Quer dizer que
vocês vão seguir sem FAR FROM ALASKA – “COBRA” (AO VIVO)
baterista? É uma
possibilidade?
Venho de uma família aprender e ele me deu
Não podemos afirmar de músicos, meu avô um violão. A partir
nada (risos), mas toca muito violão, mas disso, f*deu (risos).
estamos nesse processo toca samba, chorinho e Curti muito. Do prédio,
de inventar como vai MPB. Nas festas, sempre poucos continuaram.
ser. É uma possibilidade, tinha aquela roda com Fui um dos que levou
sim. todos tocando. Sou de adiante. Na época, os
Natal (RN), mas fui moleques gostavam
Puxando para seu morar em Fortaleza de metal, mas eu não
começo na música (CE) e foi quando eu curtia muito (risos). Era
e formação como tinha 10 anos, em um problema, porque
guitarrista... queria 1999, que rolou uma queria aprender, mas
que você contasse febre de todo mundo não me identificava com
como foi sua relação no prédio aprender a o que a galera ouvia e
inicial com a música e tocar violão. Falei para não tinha desenvolvido
com a guitarra. meu avô que queria um gosto.

69 Guitarload
Guitarload////Edição
Edição#105
#106
“ Tem gente certa de que sou
100% fã do Black Sabbath,
mas nem escuto muito.”
Também não tinha
internet fácil. Daí,
um moleque novo no
prédio me apresentou Não tem como explicar, que guitarristas ouviam
as bandas de hardcore eu era muito novo, mas, lá atrás. Hoje, posso
e punk rock, como desde sempre, é como conhecer esse tipo de
Offspring, Green Day, se tivesse certeza de que som, como Deep Purple,
CPM 22, e mudou minha não queria ir por aquele que é uma banda
cabeça, queria tocar caminho virtuoso. A clássica e muito boa.
aquilo. Se eu ficasse galera curtia muito Que bom que estou
no metal, talvez não Guns N’ Roses, por conhecendo agora,
continuasse tocando, exemplo, e o Slash não é porque antes, talvez,
pois eu não gostava bem um virtuoso, mas, eu poderia não gostar.
tanto. ao mesmo tempo, ele é. Tem o Black Sabbath...
E eu não curtia tanto, no começo, muita gente
Isso é curioso, porque preferia outras coisas. rotulou o Far From
você não é guitarrista Nem tinha vontade de Alaska como “stoner”,
“convencional”, fazer solos. O gás veio mas nem ouvíamos
dos solos, que com o punk e hardcore, esse som. Tem gente
acostumamos a com mais bases, riffs e certa de que sou 100%
entrevistar. Então, oitavados. Além disso, fã de Sabbath, mas nem
isso vem de uma no começo dos anos escuto muito. Hoje,
base desde o começo, 2000, eu gostava muito tenho a oportunidade
pois você nunca se do novo, contemporâneo de conhecer com outros
identificou com o ao que eu vivia e não ouvidos e é bem mais
“guitar hero”, né? ouvi muitos clássicos massa.

Capa // As //
Entrevista guitarristas
Rafael Brasil
dos anos 2020 70
FOTO: MURILO AMANCIO

Com o tempo, você bandas fazendo auto- começamos já com a


tocou em outras ral. Inclusive, todos os Emmily cantando. Jun-
bandas até chegar no integrantes do Far From tou uma galera próxima
Far From Alaska. Qual Alaska tinham outras e passamos a compor.
era sua pretensão ao bandas, onde tocáva- Não tinha nome, nem
fazer parte da banda? mos de tudo. Esse era show: só fizemos quatro
O plano sempre foi o projeto paralelo, que músicas sem pretensão
mexer com som começou com as meni- e curtimos. Gravamos
autoral? nas, a Cris e a Emmily no estúdio DoSol, como
(Barreto, vocalista), todas as bandas, e ficou
Por volta de 2003, voltei que tocavam juntas tão bom que pensamos
a morar em Natal, onde no Talma&Gadelha. A em mixar fora, em São
existe uma cena absur- Cris tocava guitarra e Paulo.
da. Ali, é natural ter a Emmily, bateria, mas

71 Guitarload // Edição #106


“OFar From Alaska cresceu
por acidente e engoliu todas
as nossas bandas principais.
Vimos um tweet do Chu-
Tivemos que mudar para São
ck Hipolitho, que estava
fazendo o disco “Animal Paulo em 2014.”
Nacional” (2013) pela
gravadora Deck, per-
guntando de bandas que
queriam mixar material.
Mandamos e ele pirou.
O Rafa, da Deck, sugeriu Vencemos e o segundo Muita gente deve
que nos inscrevêssemos show da banda foi no perguntar sobre as
no concurso de bandas Planeta Terra. Saímos letras em inglês.
que abririam o festi- com convite para tocar Fugindo um pouco
val Planeta Terra. Nem no festival DoSol, no Ba- do que já devem
tínhamos show ainda e nanada... teve o episódio perguntar, queria
nos inscrevemos. Fica- em que conhecemos a saber como o som
mos entre as mais vota- Shirley Manson (voca- de vocês é recebido
das, indo para a seletiva, lista do Garbage), que fora do Brasil. Qual
em São Paulo, onde foi pirou no som e, um mês a reação, quais os
nosso primeiro show. As depois, postou na página comentários? É
finalistas eram nós, Me- do Garbage indicando diferente da reação no
dulla e Trem Fantasma. nosso som. Brasil?

Capa // As //
Entrevista guitarristas
Rafael Brasil
dos anos 2020 72
Em Natal, várias bandas do Brasil, dizendo que o Fizemos o disco lá para
fazem música em inglês som do Brasil que chega produzir com alguém
porque... sim. Fora de para eles é sempre o de lá, nativo. E quando
Natal, todo mundo mesmo: samba, MPB, estávamos com alguma
perguntava sobre isso, bossa nova... não que música para gravar, ela
em toda entrevista, e seja ruim, mas eles (Sylvia) nem queria ler
se a gente pensava em querem saber o que está a letra: só queria que a
fazer sucesso fora do rolando no Brasil agora. gente tocasse, cantas-
Brasil. Nem passava Na turnê pela Europa, se, e ela entendia tudo.
pela cabeça, porque todos se surpreendiam. Quando estranhava,
estávamos em outro Não tem essa barreira dava um toque, e isso
lugar, isolado, e todas que imaginam. nos deu segurança. Pas-
as bandas já faziam samos no “teste” e ela
assim. Só criamos uma Nosso último disco foi curtiu. Não existe bar-
banda. Sobre a reação feito nos Estados Uni- reira. Só é complicado
ao nosso som fora... dos, com a Sylvia Massy no Brasil porque é caro
lembro de quando (produtora) e por não dar um passo interna-
tocamos no Midem, um termos o inglês nativo, cional. Ainda assim,
festival na França com mesmo com a Emmily temos exemplos como o
pessoas da indústria cantando bem em in- Ego Kill Talent, que está
musical. Comentavam glês, queremos saber conseguindo chegar nos
da surpresa de sermos como soa para o gringo. grandes.

73 Guitarload
Guitarload////Edição
Edição#105
#106
Você já é visto como principal antes do Far – hoje, ele faz som em
referência nessa From Alaska. Rolaram Curitiba e ainda o acho
questão de efeitos mudanças de formação um guitarrista muito
no Brasil. Não é um e tanto eu quanto o bom. Timbre é o que
caminho tão comum baterista do Camarones mais me instiga. Temos
a ser percorrido pelos entramos para o riffs simples, de se tocar
guitarristas, pois Calistoga, que foi minha com um dedo só, mas
muitos se preocupam grande escola nesse com um bom timbre.
em evoluir na técnica, sentido. Os caras tinham É legal pegar um pedal
mas não pensam na muitos pedais. Herdei o novo, fazer coisas
sonoridade. Como pedalboard do vocalista, diferentes, até criar
você começou a que passou a só cantar uma música com aquele
se interessar por e não tocar guitarra pedal. Lembro da
desbravar o campo dos mais. Foi quando entrei primeira vez que peguei
pedais e timbres? nesse mundo mesmo, o whammy e eu tinha
comprando meus preconceito, porque
Eu tocava numa banda pedais próprios em 12 era pedal de metaleiro
chamada Camarones, vezes, foi minha vida (risos), muitos só usam
que hoje roda bastante durante 5 anos (risos), para fazer o dimebomb,
pelo Brasil. A primeira e trocando e estudando mas vendo vídeos, testei
formação era, inclusive, sons diferentes. O outro de outras formas e criei
quase todo o Calistoga, guitarrista da banda, músicas com ele. É o
banda de post-hardcore Henrique Geladeira, era que faço com outros
que se tornou a minha uma grande referência pedais.

Capa // As //
Entrevista guitarristas
Rafael Brasil
dos anos 2020 74
“Não temos que ter medo dos
gringos. As bandas brasileiras
estão no mesmo nível.”

Você se sentir
instigado pelos pedais
tem até viabilizado a
banda, já que vocês Exatamente (risos). Já Estados Unidos, em
seguiram sem baixo gravei alguns vídeos 2017, foi na época da
e até falam em seguir mostrando como NAMM. A Sylvia chegou
sem bateria. Se você funciona a questão no estúdio e trouxe um
estivesse só com uma do som do baixo na baú com todos os pedais
distorção básica, não guitarra. Quando fomos da EarthQuaker Devices.
iria dar, né? (risos) gravar o disco nos Fiquei louco! Passei a
madrugada no estúdio
estudando os pedais.
Ela viu que eu pirei e
mandou um e-mail para
o cara da empresa, me
apresentando, e hoje sou
artista da EarthQuaker.
Participei de um quadro
deles no YouTube,
“Board to Death”. Sou fã
FAR FROM ALASKA – “DINO VS. DINO” dos pedais deles.

75 Guitarload
Guitarload////Edição
Edição#105
#106
Como você faz para
chegar às sonoridades
ideais? É um trabalho
de laboratório mesmo?

Não demora tanto.


Preciso de um RAFAEL BRASIL NO QUADRO “BOARD TO DEATH”, DA
amplificador limpo, algo EARTHQUAKER DEVICES

que me diferencio dos


outros guitarristas, que
gostam de valvulados,
enquanto eu sou do time músicas partindo dos Os dois pedalboards
dos transistorizados. riffs. Só é complicado são pelo som de baixo
Deve estar bem limpo, ter muito pedal, pela mesmo. Para tirar esse
para funcionar melhor logística. Quando um som, dividi meu sinal
com os pedais que eu pedal entra no set, é no começo da cadeia,
gosto, que são fuzz, porque curti muito. Por tendo uma normal de
oitavador e synth. Ligo, isso, as pessoas sempre guitarra e a outra de
conheço rapidamente e mudam os pedais. baixo, com um Electro
não demoro para saber Harmonix POG 2, um
se gosto. Às vezes, até sai Em fotos mais recentes Bass Synth Wah da
alguma música e sempre que vi, você usa dois Digitech e um Battalion,
estou com celular perto pedalboards. Tem a da Electro Harmonix.
para gravar as músicas. ver com a questão do Fiquei sem espaço
Geralmente, criamos as som do baixo? no pedalboard e um

Capa // As //
Entrevista guitarristas
Rafael Brasil
dos anos 2020 76
FOTO: MURILO AMANCIO

amigo meu, Dante, que resistente, que tem de guitarra nos shows,
é roadie do Sepultura e vários tamanhos, então, adicionei um de
outros artistas, sugeriu e montar dois baixo. Fica uma parede
um case da Pelican pedalboards menores atrás (risos). Toco uma
(usado para transportar para levar no mesmo corda e sai um som
equipamentos de case. Eu já tocava com monstruoso.
fotografia e filmagem), dois amplificadores

77 Guitarload
Guitarload////Edição
Edição#105
#106
E com relação aos
pedais de guitarra,
quais são os principais
O
que você tem usado?
vocoder e whammy. A

S
O que tem de diferente modulação do meu set
é: só uso dois fuzz, sem é só chorus e slicer, que
drive, nem distorção. fatia de várias formas,
Tenho um noise gate, mas eu só uso de um
que acho importante jeito: como se picotasse

E
por termos muito momentaneamente, só
silêncio, uma das coisas quando meu pé está em
principais da música cima. Parece muito, mas
(risos). Não uso delay, não é. E precisa ser em

T
pois o Far From Alaska amplificador limpo. Se
é muito riff, duro, e pegar qualquer cabeça
gostamos desse som de valvulado, não rola,
robótico. Gira em porque fuzz é muito
torno de fuzz, synth, sensível. Por isso, gosto

U
oitavador (também muito do Jazz Chorus
inclui o harmonizer), (Roland). Também
rolam os Fender, os
5150, mas o ideal é Jazz

P
Chorus.

Capa // As //
Entrevista guitarristas
Rafael Brasil
dos anos 2020 78
bassbass
Battalion Bass
POG 2, da Bass Synth Wah,
Preamp, da
Electro-Harmonix da Digitech
Electro-Harmonix

guitar
guitar
Direcionador de sinal Compressor ótico
Audio 214 Fuzz,
Switchblade Plus, da The Warden, da
da Cachalote
Electro-Harmonix EarthQuaker Devices

Harmonizing Data Pitch shifter


Noise gate Decimator
Corrupter, da Whammy 5,
II G Strings, da ISP
EarthQuaker Devices da Digitech

Fuzz The Unpleasant Oitavador/


Dual Fuzz Twosome,
Surprise, da Fairfield sintetizador HOG 2,
da Blackout Effectors
Circuitry da Electro-Harmonix

Super Chorus
Vocoder V256, da Slicer SL-20, da
Sea Machine, da
Electro-Harmonix Boss
EarthQuaker Devices

79 Guitarload // Edição #105


que quiser. Hoje, estou
com um no set. Há
pouco tempo, lançaram
o SY-1, que é menor,
RAFAEL BRASIL APRESENTA SEUS tamanho padrão da
PEDAIS DE GUITARRA E BAIXO
Boss. Como estamos
criando nessa pegada
Nunca pensou em usar isso. Conheci um pedal videogame, entrou para
pedaleira ou fazer da Boss chamado SY- o meu set.
híbrido para ficar 300 que é digital e tem
compacto? cara de pedaleira, por Quando vasculhei nas
ser grande, só que é fotos, vi esse pedal,
Só tenho fuzz, chorus, um synth. Fiquei louco. mas achava que era o
whammy, vocoder e Quando falavam de SY-1000, que saiu agora
slicer. Fuzz não rola em sintetizador de guitarra, e que é ainda maior.
pedaleira e o chorus dava preguiça: tinha que Praticamente uma
que eu gosto é diferente, instalar um captador pedaleira.
pois tem recurso de na guitarra e usar cabo
desafinar. Então, não MIDI. Esse SY-300, você Eu queria esse (risos),
tem motivo para trocar liga normal, com cabo tocaria só com esse
por pedaleira. Não P10, e converte o som e o fuzz do lado. É
adiantaria. Porém, não para digital, com três muito caro, mas é uma
sou radical quanto a osciladores para fazer o máquina.

Capa // As //
Entrevista guitarristas
Rafael Brasil
dos anos 2020 80
FOTO: MURILO AMANCIO
A transição dele você tocar com MIDI, antes da pedaleira,
para uma pedaleira mas dá para tocar com nesses três osciladores.
é pequena. Tem o normal, como o SY- Mas ele substitui
as diferenças, 300. É uma tecnologia completamente a
mas o conceito é bizarra. Além dos três pedaleira. Só que indico
praticamente o osciladores, você tem para quem realmente
mesmo. a cadeia virtual, com gosta de synth, porque
quatro espaços de pedal, se é para substituir,
Só que o SY-1000 que funcionam como melhor ficar com a
funciona melhor se pedaleira. O lance está pedaleira mesmo.

81 Guitarload
Guitarload////Edição
Edição#105
#106
O sintetizador vai Já até tocamos com participou do novo disco
influenciar no próximo o Alter Bridge no do Sepultura, “Quadra”,
disco e isso me lembra Download Festival. e eles convidaram um
de um álbum que Tocaram depois da cara que faz dubsteps,
ouvi recentemente: o gente, no mesmo colocando synth – e
novo do Alter Bridge, palco. Quanto aos olha que é uma banda
“Walk the Sky” (2019), efeitos descobertos, tradicional. O eletrônico
que tem influência influenciam está por toda parte. Do
de synth, ainda que completamente. O Far trap ao pop, o eletrônico
dentro dos padrões From Alaska é movido e a tecnologia tomaram
deles, pois não a timbre. Além disso, conta. Até no Red Hot
experimentam tanto. a modernidade pegou tem synth, já faz parte.
É interessante, porque todos nós. A Emmily
o músico descobre
um pedal por acaso e
muda a sonoridade.
Até que ponto
essas descobertas
influenciam nesse
novo trabalho do Far
From Alaska?

FAR FROM ALASKA – “IRON LION ZION” (AO VIVO)

Capa // As //
Entrevista guitarristas
Rafael Brasil
dos anos 2020 82
FOTO: MURILO AMANCIO

83 Guitarload
Guitarload////Edição
Edição#105
#106
Tem muitos músicos 4 amplificadores no mas para quem está na
antigos que passaram mesmo disco. Se dá para estrada, a tecnologia
a usar o Kemper, viajar com tudo isso em é uma mão na roda.
que simula outros uma ferramenta, ótimo. Em Natal, não tinha
amplificadores. Você muita estrutura, então,
já tocou em algum Apesar do preciosismo trabalhamos a questão
daqueles? de alguns músicos, do ao vivo mesmo sem
é uma visão tantos equipamentos
Não tenho medo do compartilhada entre bons. E em estúdio, só
futuro e espero que todos aqueles que gravamos aquilo que
isso fique mais barato e estão na estrada: conseguimos reproduzir
mais comum, ajudando sabem o perrengue ao vivo. Ao vivo, soamos
na logística. Já toquei que é fazer turnê com até mais legais que
em um Kemper, mas esse tanto de coisa. O no disco. Além disso,
não tenho como opinar, Kemper, mesmo, está sempre montamos tudo
porque precisa de sendo adotado até para dar o mínimo de
muito estudo e teste. pelo Mark Knopfler, trabalho e tirar o melhor
Para mim, não faz do Dire Straits, que som possível nas piores
diferença, porque uso é um músico das condições. Crescemos
amplificadores até antigas, mas entrou na assim, treinando na
comuns e limpos, mas, modernidade. gravidade +10, tipo
por mim, queria um Dragon Ball (risos). É
que fosse do tamanho É uma maravilha. massa tocar com boa
de um pedal (risos). A galera fala muita estrutura, mas damos
Tem músico que gosta besteira (risos), mas é o mínimo de trabalho
muito de amplificador isso. Se você tem grana possível e temos o som
e o som dele está ali, e toca em casa com os com a gente.
às vezes usam até 3 ou amplificadores, animal,

Capa // As //
Entrevista guitarristas
Rafael Brasil
dos anos 2020 84
Para fechar... falamos
sobre os planos para FAR FROM ALASKA – “POLITIKS”
2020, então, queria
que você contasse
como será esse futuro um artista bom e não usar outros elementos.
próximo do Far From ter disco para ouvir, O “Unlikely” (2017) já
Alaska. mas sei que disco é trouxe esse sentimento,
um problema. Então, mas acho que será
O coronavírus dessa vez, tende a não mais ainda. As pessoas
atrapalhou. Além disso, lançarmos um disco de esperam algo das
incomoda essa questão uma vez. Devem sair bandas que gostam,
do mercado, com os coisas neste ano, mas mas quero surpreender.
singles ao invés de não como álbum. E Claro que terá um elo,
discos. Sei que é melhor estamos em uma época conectando com o som
lançar single e que de liberdade, que vai que característico,
um álbum fica velho influenciar bastante: mas vamos variar.
automaticamente, mas desde ao não lançar Tomara que as pessoas
é f*da. Odeio conhecer um disco completo até gostem, mas ainda

85 Guitarload
Guitarload////Edição
Edição#105
#106
“Pode me dar os
amplificadores
Fender Frontman,
os Meteoro
Vulcano, não tenho
problema nenhum,
pois crescemos
tocando neles.”
FOTO: MURILO AMANCIO

bem que estão cada


vez mais abertos. Posso tanto as meninas quanto não tem medo de juntar
te adiantar que o som eu curtimos muito. É com outros estilos. Vai
está mais pop, algo que o tipo de música que ser do nosso jeito, com o
já vinha acontecendo está mais interessante, fuzz sujo, mas deve ser
naturalmente, porque porque surpreende e assim.

SIGA RAFAEL BRASIL

Capa // As //
Entrevista guitarristas
Rafael Brasil
dos anos 2020 86
FOTO: DAN ROBINSON

ANA KARINA MARI LIMA BIA VILLA-CHAN


LARI BASÍLIO SEBASTIÃO
JULIANA VIEIRA

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87 Guitarload
Guitarload////Edição
Edição#105
#106
OO
IMPACTO
IMPACTO
DODO
CORONA
CORONA
VÍRUS
VÍRUS
NANA
VIDA
VIDA
DOS
DOS
MÚSICOS
MÚSICOS
Amedida de isolamento social deve ser
respseitada por todos, afinal, autoridades
da saúde de todo o mundo reforçam
que é fundamental impedir o avanço do
coronavírus. Porém, não há como negar que
diversos trabalhadores – especialmente
autônomos, como muitos músicos e outros
profissionais relacionados à produção de
shows e eventos culturais – estão sofrendo
coma atual situação.

AGuitarload conversou comuma série


de músicos e produtores de eventos que
apresentampanoramas distintos sobre a
atual crise. Areportagemapresenta, ainda,
projeções sobre o futuro próximo deste
mercado e uma série de informações sobre
o coronavírus.
Não há muita discussão com relação à
eficácia da medida de isolamento social.
A pandemia do novo coronavírus trouxe Todos os especialistas em saúde pública
enormes consequências para o mundo. no mundo recomendam que as pessoas
FForam mais de 2,5 milhões de casos re- só saiam de casa se for realmente neces-
gistrados de Covid-19, com mais de 170 sário. Uma série de justificativas embasa
mil mortes em mais de 200 países até o o pedido: preserva a população ao todo,
levantamento da última terça-feira (21). especialmente os integrantes do grupo
No Brasil, até quarta (22), foram conta- de risco (idosos e doentes crônicos), e
bilizados 245.757 casos e 2.906 óbitos, não sobrecarrega o sistema de saúde,
tendo a considerar, ainda, que diversos que, seja do Brasil ou de qualquer outro
pacientes ainda não foram testados. país, não está preparado para atender a
todos em meio a uma pandemia.
Entre as várias consequências para a
saúde da população e a economia no Contudo, diversos profissionais do seg-
geral, estão os milhares de músicos no mento musical como um todo estão
Brasil e no mundo que estão sem traba- sofrendo com as restrições a eventos e
lhar após autoridades de saúde sugeri- funcionamento de casas noturnas. Para
ram o isolamento social e o adiamento um show acontecer, não há o trabalho
ou cancelamentos de eventos para evi- apenas de músicos: há roadies, técnicos
tar aglomerações. É evidente que outros de som e de iluminação, produtores de
segmentos foram afetados, mas a classe eventos, fotógrafos, videomakers, gar-
artística, como um todo, está entre as çons, ambulantes, seguranças e muitos
mais prejudicadas. outros profissionais que, no geral, são
autônomos, sem renda fixa que possa
dar garantir sustento em um momento
como esse.

Mercado // O impacto do Corona Vírus 90


Músicos em diversas posições em suas
carreiras estão alheios aos efeitos da si-
tuação atual do mundo. Não só aqueles Apesar dos problemas atingirem a qua-
de condições mais comuns: até mesmo se todos os músicos, as formas de reagir
um artista do porte de David Crosby, em ao problema são diferentes. A canto-
atividade desde a década de 1960 e notá- ra de funk/pop Ludmilla, por exemplo,
vel por integrar bandas como The Byrds adiantou 10 cachês dos instrumentistas
e Crosby, Stills & Nash (por um período, que a acompanham nos shows, referen-
Crosby, Stills, Nash & Young), declarou tes aos próximos 2 meses, para que pos-
em recente entrevista que pode “per- sam segurar as pontas. Já a produção do
der a casa” se tiver que parar de fazer “Domingão do Faustão”, programa da
shows, já que “discos não dão mais di- TV Globo, dispensou todos os membros
nheiro”. de sua banda – assim como todos os ou-
tros profissionais da emissora que não
tivessem contrato.

“Não nos pagam mais por discos, correto? Então turnê é o


que nos resta. É a única coisa com a qual ganho dinheiro.
Posso, juro por Deus, perder minha casa. Não sei o que fazer
pra evitar, a não ser segurar a onda, e ver no que vai dar”
David Crosby, em entrevista à revista GQ

91 Guitarload // Edição #106


A AJUDA -
E O DILEMA -
DA INTERNET
Uma frase dita por Artur Menezes, mú- Os exemplos vistos até o momento são
sico brasileiro de blues radicado nos diversos. Amy Lee, vocalista do Evanes-
Estados Unidos, revela muito do que se cence, por exemplo, fez sucesso com
está vendo no segmento artístico, sobre- uma live totalmente caseira e despreten-
tudo musical, nos últimos dias. O cantor siosa, em que cantou músicas de Whit-
e guitarrista, que também é professor de ney Houston (“I Wanna Dance With So-
música, afirmou: “Se tem um setor que mebody”) e Ben E. King (“Stand By Me”,
vai conseguir driblar toda a situação, é célebre na voz de John Lennon) no tecla-
a classe artística, pois são muito criati- do e no ukulele. Já o sertanejo Gusttavo
vos”. E uma das soluções mais inventi- Lima promoveu uma verdadeira gra-
vas de artistas no geral está ocorrendo vação de DVD em casa, com uma apre-
na internet, com a realização de shows sentação em alta qualidade, câmeras
via transmissão ao vivo (live) nas redes de última geração, performance de 100
sociais. músicas em um repertório de 5 horas e
anúncios de doação de patrocinadores,

Mercado // O impacto do Corona Vírus 92


incluindo 4 toneladas de alimentos. A até de outros negócios. Não é o caso da
dupla Jorge e Mateus aperfeiçoou ainda maior parte dos músicos, seja no Brasil
mais esse conceito, com uma live que ou no mundo. Por isso, o prognóstico é
chegou a reunir 3,1 milhões de pessoas preocupante.
assistindo simultaneamente, além de R$
1 milhão em doações de empresas e pú- “Imagino que aqueles que não tiverem
blico. uma reserva de emergência poderão so-
frer com a diminuição da renda mensal.
O problema é que, na maior parte dos É duro, mas terão que contar com aju-
casos, os shows ao vivo não trazem ren- da de quem puder ajudar. Alguns terão
da, conforme lembrou o guitarrista e que apelar pra empréstimos, cheque
professor de música Rodrigo Ribeiro. especial e se endividar, mas ainda não
“Ouvi um músico comentar sobre shows consigo mensurar o tamanho do bura-
online, onde as pessoas entram em um co. Espero que não seja tão fundo”, ana-
site e pagam para assistir. É uma ideia lisou o guitarrista e professor de música
legal, mas quantas pessoas estariam dis- Robson Martinez.
postas a pagar sendo que tem tudo gra-
tuito na internet? Leva a
várias reflexões”, disse.

Grandes artistas conse-


guem patrocinadores
que bancam as transmis-
sões ao vivo. Em alguns
casos, eles nem depen-
dem tanto dos shows:
sobrevivem com a renda
de direitos autorais ou A LIVE DA DUPLA SERTANEJA CÉSAR MENOTTI E FABIANO

93 Guitarload // Edição #106


“Se tem um setor que vai conseguir driblar toda a situação,
é a classe artística, pois são muito criativos. Acabamos
descobrindo outras maneiras. Precisamos evitar o contato
e seguir o que estão dizendo, mas temos que encontrar um
equilíbrio e não enlouquecer”
Artur Menezes

Todavia, até mesmo aqueles que lecio-


nam estão suscetíveis ao impacto do
Para os músicos que também dão aulas, atual momento. “Os alunos presenciais
a transição está acontecendo de forma que estão há algum tempo comigo mi-
menos traumática. Muitos estudantes graram para as aulas online, mas perdi
da área estão aceitando migrar para as alguns alunos que iriam começar agora
aulas online, seja por Skype, WhatsApp e desistiram. Como não conhecem o sis-
ou qualquer outra ferramenta do tipo, tema, acharam que não seria legal fazer
permitindo que o ensino seja realizado virtual. Também perdi outros por esta-
tanto em tempo real, por meio de liga- rem sendo afetados. Tenho uma aluna
ções em vídeo, ou com filmagens pré- que vende pacotes de turismo e como
-gravadas a respeito de determinado não está vendendo nada, não consegue
assunto. pagar as aulas. Os próprios músicos que
atendo, que pagam as aulas com o di-
nheiro dos shows, não vão continuar”,
contou Rodrigo Ribeiro.

Mercado // O impacto do Corona Vírus 94


Não apenas os palcos de shows conven-
Ainda assim, os músicos mais afetados cionais, como também os de workshops,
são aqueles que dependem exclusiva- foram impactados. Sydnei Carvalho,
mente dos palcos. “Muitos músicos in- guitarrista que excursiona para marcas
dependentes precisam de turnê, com como NIG, Borne e Tagima, relatou que
dinheiro dos shows e merchandising. os eventos já pararam logo no início de
Além disso, todos precisam pagar pri- março. “Uma das minhas principias ati-
meiro para depois trabalhar: gravar vidades são viagens pelo Brasil, tocando
um novo disco, pagar passagens para a para públicos de 50 a 500 pessoas. Esses
banda inteira ou alugar carro para fazer eventos são patrocinados por marcas de
turnê e reservar hotel para receber o nosso mercado, são eventos de marke-
cachê na hora do show, dependendo do ting onde toco e dou aula e isso está
lugar. Conheço vários músicos que fize- 100% parado”, disse.
ram tudo isso para os próximos meses e,
agora, estão zerados de grana”, contou
Artur Menezes. “Tenho muitos
colegas que
vivem só dos
palcos, sem
lecionar, e
esses vão sentir
brutalmente os
efeitos”
Rodrigo Ribeiro

AMY LEE, DO EVANESCENCE, E SUA LIVE EM CASA

95 Guitarload // Edição #106


O LADO DOS
PROMOTORES
DE EVENTOS
Quando se fala em show de música no for considerado que o Brasil se tornou
geral, pensa-se muito nos músicos e um grande polo de apresentações de ar-
pouco nos outros profissionais associa- tistas internacionais – e muitas turnês
dos, que já foram citados anteriormen- de músicos que viriam ao Brasil, das
te. Dentro dessa equação, está o promo- menores às maiores, foram adiadas.
tor de eventos, que também é autônomo
e depende que a apresentação aconteça A organização do evento SIM São Paulo,
para arrecadar e pagar todos aqueles que também promove pesquisas e ou-
que trabalharam naquele dia. tras iniciativas relacionadas ao mercado
da música, fez uma publicação em suas
Os promotores de eventos estão entre os redes sociais que viralizou ao chamar
mais fragilizados por toda a situação, já atenção para esse problema. A postagem
que são responsáveis por custos como sugere que o público não peça reembol-
divulgação, logística e outros que não so de ingressos dos shows adiados, mas,
serão ressarcidos devido aos shows can- sim, considere aceitar o adiamento.
celados. O caso é ainda mais delicado se

Mercado // O impacto do Corona Vírus 96


As duas produtoras estavam para tra-
zer bandas e artistas internacionais
“A fim de minimizar as consequências como Clutch, Crashdïet, Frank Turner
negativas desse momento inédito, en- e Converge, entre outros. Além disso, a
corajamos àqueles que têm condições Powerline gerencia agendas de grupos
financeiras que não peçam reembolso como Ratos de Porão e Zander. Tudo
dos ingressos dos eventos que tiveram foi adiado. As empresas reforçam que
suas datas adiadas, comprem itens de os eventos não foram cancelados, mas,
merchandising e álbuns de artistas que sim, postergados – alguns deles, com
tiveram shows e turnês cancelados, de- datas já anunciadas. Por isso, o pedido
monstrem apoio a artistas, produtoras, para que os fãs reconsiderem os pedidos
casas de show e festivais nas redes so- de reembolso.
ciais e ouçam muita, muita música”, diz
a publicação.
“O público tem sido
Leandro Carbonato, da Powerline Mu- incrível e compreensivo.
sic, e Filipe Barcelos, da OnStage Agên-
cia, reforçam esse pensamento. “Pe-
A grande maioria não
quenos produtores, casas de shows e está pedindo reembolso
profissionais da música são super afeta-
e alguns ajudam a
dos sempre que há uma crise. Lidamos
com algo ‘supérfluo’: quando a coisa vai levantar a bandeira de
mal, qual a primeira coisa que você cor- considerar aceitar o
ta? Na maioria das vezes, aquele show
que você gostaria de assistir, não é?
adiamento ao invés de
Imagina em uma crise deste tamanho. pedir reembolso agora”
Esperamos que as pessoas compreen- Filipe Barcelos

dam e que juntos possamos sair dessa”,


afirmou Carbonato.

97 Guitarload // Edição #106


Carbonato e Barcelos afirmam que nem
eles, nem colegas do mundo todo passa-
ram por situação semelhante até hoje.
Em alguns casos, os shows foram can-
celados dias antes de acontecer, sendo
preciso que os artistas também fossem
compreensivos. No geral, ambos rela-
tam que os fãs nas redes sociais estão
reagindo de forma positiva, compreen-
dendo que se trata de um caso raro, afe-
tando todo tipo de evento.

Contudo, a questão econômica é a que


mais pesa ao projetar o futuro. “Tenho
conversado com muitos parceiros, vá-
rias empresas que já estão passando por
problemas de falência. Fico muito triste!
Antes de ser um profissional do ramo,
sou um amante da música. Só de pen-
sar que todo o mercado corre risco é um
grande pesadelo. Não temos nem 1 mês
de quarentena e segundo dados da SIM
São Paulo (ver box 1), são mais de 14 mil
profissionais impactados e 3,4 milhões
de pessoas afetadas pela suspensão de
mais de 5 mil eventos de música só no
Brasil”, afirmou Filipe Barcelos.

Mercado // O impacto do Corona Vírus 98


Ilustração de Mustafa Bakr

behance.net/mustafabak9

99 Guitarload // Edição #106


“As redes sociais estão transbordando
comentários negativos, não só sobre este
assunto. Me espanta o quanto faz bem fazer o
próximo se sentir mal. Espero que este tempo
de isolamento forçado provoque algum tipo
de transformação sócio cultural para melhor
nas relações humanas”
Leandro Carbonato

Também é imprevisível pensar se as Leandro Carbonato, por sua vez, pontua


bandas internacionais seguirão vindo que a única forma das bandas dribla-
ao Brasil após toda essa crise. “Após o rem essa crise é fazendo mais shows, o
fim da pandemia, dependendo do tem- que pode reaquecer o mercado. “Depois
po que durar, a economia vai estar que- de alguns meses parados, a tendência é
brada, com o dólar nas alturas, todos os de que as bandas toquem mais no perí-
shows que chegarem após isso precisam odo imediatamente após a crise. Todos
ser revistos e negociados para a realida- vão precisar se capitalizar e a maneira
de que vamos estar passando. Na OnSta- de fazer isso é trabalhando. A América
ge Agência, por exemplo, as negociações Latina vem depois de Estados Unidos e
pararam. Estamos visando 2021, pois Europa quando se fala de mercado mu-
2020 para o mercado da música será sical. Acredito que, em um primeiro mo-
terrível, caso a economia não melhore”, mento, talvez nestes outros mercados a
completou Barcelos. coisa esteja borbulhando, mas por pou-
co tempo. Depois, espero que seja a nos-
sa vez”, disse.

Mercado // O impacto do Corona Vírus 100


AUXÍLIO A
AUTÔNOMOS
E INFORMAIS
Boa parte dos artistas e funcionários re- Todos os autônomos, informais e traba-
lacionados ao mercado da música é com- lhadores sem renda fixa, incluindo mú-
posta por trabalhadores autônomos, in- sicos e outros funcionários relaciona-
formais e sem renda fixa – que, no geral, dos, bem como pessoas que desistiram
estão no radar dos governantes em meio de procurar emprego receberão um
à pandemia. Diante disso, os poderes auxílio de R$ 600 mensais, por três me-
Executivo e Legislativo apresentaram ses, desde que se enquadrem no perfil
uma proposta de auxílio emergencial a que tem direito ao benefício.
essa parcela da população.

101 Guitarload // Edição #106


Quem tem direito ao
benefício:
Ł Quem receber o Bolsa Família e se
Ł Trabalhador informal, microem- encaixar no critério do benefício emer-
preendedores individuais (MEIs), gencial, vai receber o que for maior.
trabalhadores que contribuem com a
Previdência Social como autônomos e
trabalhador com contrato intermitente
que estiver inativo. Requisitos obriga-
tórios para receber o
Ł Pessoas com deficiência e idosos can- benefício:
didatos a receber o BPC (Benefício de
Prestação Continuada). Ł Ser maior de 18 anos de idade.

Ł Mães chefes de família (sem marido Ł Não ter emprego formal.


ou companheiro).
Ł Não receber benefício previdenciário
Quanto cada família ou assistencial, seguro-desemprego ou
vai receber: de outro programa de transferência de
renda federal, com exceção do Bolsa
Ł O benefício é de R$ 600 e limitado a Família.
duas pessoas de uma mesma família.
Ł Renda familiar mensal per capita
Ł A mãe chefe de família (sem marido (por pessoa) de até meio salário míni-
ou companheiro) tem direito a duas mo (R$ 522,50) ou renda familiar men-
cotas do auxílio, no total de R$ 1,2 mil. sal total (tudo o que a família recebe) de
até três salários mínimos (R$ 3.135,00).
Ł Duas pessoas de uma mesma família
podem acumular benefícios: um do Ł Não ter recebido rendimentos tri-
auxílio emergencial de R$ 600 e um do butáveis, no ano de 2018, acima de R$
Bolsa Família. 28.559,70.

Mercado // O impacto do Corona Vírus 102


O interessado também
deverá cumprir uma Como será o
dessas condições: pagamento

Ł Exercer atividade na condição de mi- Ł O auxílio emergencial será pago por


croempreendedor individual (MEI). bancos públicos federais por meio de
uma conta do tipo poupança social
Ł Ser contribuinte individual ou facul- digital.
tativo do Regime Geral de Previdência
Social (RGPS). Ł Essa conta será aberta automatica-
mente em nome dos beneficiários, com
Ł Ser trabalhador informal inscrito no dispensa da apresentação de documen-
Cadastro Único para Programas Sociais tos e isenção de tarifas de manutenção.
do Governo Federal (CadÚnico).
Ł A pessoa poderá fazer ao menos uma
Ł Ou ter cumprido o requisito de renda transferência eletrônica de dinheiro
média até 20 de março de 2020. por mês, sem custos.

Ł Também será possível preencher Ł A conta pode ser a mesma já usada


uma autodeclaração a ser disponibiliza- para pagar recursos de programas so-
da pelo aplicativo da Caixa. ciais governamentais, como PIS/Pasep e
FGTS.

Os bancos são Banco do Brasil, Caixa


Econômica Federal, Banco da Amazônia
PARA SOLICITAR O e Banco do Nordeste. Também podem
AUXÍLIO, CLIQUE AQUI ser utilizadas para o pagamento
agências lotéricas e agências dos
Correios.

103 Guitarload // Edição #106


BOX.01
PESQUISA SOBRE O IMPACTO DO CORONAVÍRUS NO

A organização do evento SIM São Entre as principais


Paulo, que também promove pesquisas conclusões obtidas
e outras iniciativas relacionadas ao pelo estudo, vale citar
mercado da música, promoveu uma que:
pesquisa para mensurar o impacto do
coronavírus no mercado da música — 53,2% dos respondentes são Micro
brasileiro. A pesquisa pode ser Empreendedores Individuais (MEI).
conferida, na íntegra, no site da SIM Até o momento, as principais ações
São Paulo. de recuperação do setor através de
crédito têm se direcionado às micro e
Os dados apresentam um panorama pequenas empresas;
do setor a partir de 536 de empresas
de diversas áreas como produtoras de — Se projetarmos os resultados
festivais, agências de booking, casas de das 285 MEIs representadas nesta
show, além de fornecedores e parceiros, pesquisa para as cerca de 62 mil
que vão do aluguel de equipamentos à MEIs registradas no Ministério da
logística de transporte e hospedagem, Fazenda como empresas de Produção,
envolvendo milhares de profissionais Sonorização e Iluminação, o prejuízo
em suas operações. estimado das “MEIs da Música ao
Vivo” no país seria de R$ 3 bilhões,

Mercado // O impacto do Corona Vírus 104


NO MERCADO DA MÚSICA NO BRASIL

impactando cerca de 1 milhão de — Para além de prejuízos e falências,


profissionais; os cancelamentos/adiamentos de shows
podem ter consequências estruturais
— Além das MEIs, a pesquisa no setor. Com maior capital de giro e
identificou outros 294 profissionais que poder de negociação com agências e
não têm CNPJ próprio, corroborando empresas de representação artística,
a vulnerabilidade do setor em um os gigantes na área de promoção de
momento de crise aguda; eventos poderão sufocar os promotores
independentes.
— Cancelamentos (77,4%) e adiamentos
(81,2%) geraram a paralisação “Esses números ajudam a pensar em
total e por tempo indefinido das ações concretas para o setor, composto
atividades com presença de público, por muitos interesses, a maioria sem
implicando numa reação imediata do uma representação ou associação
setor, com significativo aumento na de classe. É hora de pensarmos
disponibilização de conteúdo on-line, coletivamente para identificarmos
mas a monetização dessa produção interesses comuns e nos organizarmos,
ainda é um ponto crítico; de maneira orgânica”, afirma Dani
Ribas, diretora de pesquisas da
instituição.

105 Guitarload // Edição #106


BOX.02
CURSO GRATUITO NO MUSIC CLAN

Como forma de contribuir com a comunidade de guitarristas durante


o período de isolamento social, em decorrência da pandemia do
novo coronavírus, o Music Clan liberou para acesso gratuito, por
tempo limitado, o curso de setup para guitarristas com Kleber K.
Shima. As aulas dão um panorama geral sobre equipamentos, para
entender melhor o funcionamento e como escolher as melhores
opções.

É fato que guitarristas são apaixonados por equipamentos e timbres.


E algumas das maiores dúvidas que pairam suas mentes são:

Ł Qual equipamento comprar?


Ł Como timbrar o equipamento?
Ł Como extrair o melhor timbre com o equipamento que temos?

Essas e outras perguntas são respondidas no curso, com aulas de


Kleber K. Shima. O intuito é aliviar essa “dor de cabeça”, trazendo
informações valiosas sobre os assuntos que giram em torno das
questões.

Mercado // O impacto do Corona Vírus 106


CURSO COMPLETO
DE SETUP PARA
GUITARRISTAS

AMY LEE, DO EVANESCENCE, E SUA LIVE EM CASA

CADASTRE-SE!

107 Guitarload // Edição #106


BOX.03
TUDO SOBRE O CORONAVÍRUS

O que é o novo coronavírus? ticos, ou seja, estarem infectados pelo


vírus, mas não apresentarem sintomas.
Coronavírus é uma família de vírus que O Ministério da Saúde estima que os
pode causar danos em animais e em pacientes mais jovens são os mais passí-
humanos. Em pessoas, pode resultar veis de não apresentar qualquer sinal
em infecções respiratórias que vão des- da doença.
de um resfriado até síndromes respi-
ratórias agudas severas. O novo coro- Qual o período de incubação do
navírus (SARS-Cov-2) causa a doença vírus?
denominada Covid-19, que teve início
na China, em dezembro de 2019. De acordo com a OMS, a estimativa é
que o período de incubação seja de 1 a
Quais são os sintomas? 14 dias. Ou seja, o vírus teria esse tem-
po para se manifestar. O mais comum é
Os sintomas do Covid-19 envolvem a manifestação por volta de cinco dias.
febre, cansaço e tosse seca. Parte dos Mas há pessoas que não apresentam
pacientes pode apresentar dores, con- sintomas.
gestão nasal, coriza, tosse e diarreia.
Alguns pacientes podem ser assintomá-

Mercado // O impacto do Corona Vírus 108


Quais são os maiores proble- Como ocorre a transmissão?
mas e os públicos mais vulnerá-
veis? O contágio ocorre a partir de pessoas
infectadas. A doença pode se espalhar
A OMS calcula que 1 em cada 6 pa- desde que alguém esteja a menos de 2
cientes pode ter um agravamento do metros de distância de uma pessoa com
quadro, com dificuldades respiratórias a doença. A transmissão pode ocorrer
sérias. No início de março, a taxa de por gotículas de saliva, espirro, tosse ou
letalidade era de 3,5%. Mas o Ministério catarro, que podem ser repassados por
da Saúde suspeita que pode ser menor, toque ou aperto de mão, objetos ou su-
em razão de haver subnotificação dos perfícies contaminadas pelo infectado.
casos em alguns países. Os públicos
mais vulneráveis são idosos e pessoas
com doenças crônicas (diabetes, pres-
são alta e doenças cardiovasculares).

109 Guitarload // Edição #106


O novo coronavírus pode ser Animais de estimação podem
transmitido pelo ar? transmitir o novo coronavírus?

O novo coronavírus não é transmitido Não. Não há evidência de que animais


pelo ar a menos que um indivíduo che- de estimação como gatos e cachorros
gue próximo a um paciente infectado tenham sido infectados ou possam es-
a ponto de as formas de contaminação palhar o vírus que causa a Covid-19.
serem possíveis.
Quanto tempo o vírus pode du-
É possível pegar o Covid-19 de rar em uma superfície?
alguém sem sintomas?
A OMS informa que não há um tempo
De acordo com a OMS, as chances são determinado, podendo ser de algumas
pequenas, pois o vírus é transmitido horas a alguns dias. Pode haver dife-
por saliva, espirro, tosse ou catarro, rença também em razão de condições
elementos mais presentes quando uma como a temperatura. Por isso, caso
pessoa está com gripe. alguém suspeite da contaminação de
uma superfície ou objeto, a orientação
é aplicar desinfetante.

Mercado // O impacto do Corona Vírus 110


Quais são as medidas de pre- »usar um lenço de papel para cobrir
venção ao Covid-19? boca e nariz ao tossir ou espirrar, e
descartá-lo no lixo após o uso;
O Ministério da Saúde explica que não »não compartilhar copos, talheres e
há medicamento, substância, vitamina, objetos de uso pessoal;
alimento específico ou vacina que pos- » limpar e desinfetar objetos e superfí-
sa prevenir a infecção pelo novo coro- cies tocados com frequência.
navírus e indica as seguintes medidas » manter ambientes bem ventilados e
de prevenção: higienizar as mãos após tossir ou espir-
rar.
» lavar as mãos frequentemente com
água e sabonete por pelo menos 20 O uso de álcool gel para pre-
segundos, ou usar desinfetante para as venção ao coronavírus é eficaz?
mãos à base de álcool quando a primei-
ra opção não for possível; Sim. De acordo com o Conselho Fede-
» evitar tocar nos olhos, nariz e boca ral de Química, o álcool gel é “eficiente
com as mãos não lavadas; desinfetante de superfícies/objetos e an-
» evitar contato próximo com pessoas tisséptico para a pele”. O grau alcóolico
doentes; recomendado para o efeito é de pelo
» ficar em casa quando estiver doente; menos 70%.

111 Guitarload // Edição #106


BOX.03
TUDO SOBRE O CORONAVÍRUS

Preciso usar máscara para me Estou com tosse, febre e dores.


proteger? Preciso fazer exames para de-
tectar se estou com Covid-19?
Após desencorajar o uso, o Ministério
da Saúde passou a recomendar másca- Pessoas que apresentem sintomas da
ras para a população de forma geral. doença devem procurar orientação mé-
Porém, a sugestão é que sejam produ- dica, em especial, os postos de saúde. A
zidas máscaras caseiras, de tecido e partir do relato do paciente é que o mé-
individualizadas. dico decidirá sobre a necessidade de se
fazer o teste para Covid-19. Atualmente,
É preciso que a máscara tenha pelo a recomendação das autoridades sani-
menos duas camadas de pano, ou seja tárias é que sejam testados apenas os
dupla face. Pode ser feita em tecido de pacientes com sintomas respiratórios
algodão, tricoline, TNT ou outros teci- e que tenham tido contato com alguém
dos, desde que desenhada e higienizada infectado ou que tenham viajado para
corretamente. O importante é que seja uma região onde há transmissão da
produzida nas medidas corretas co- doença. O exame só pode ser feito com
brindo totalmente a boca e nariz e que solicitação médica. Ele é feito por hos-
estejam bem ajustadas ao rosto, sem
deixar espaços nas laterais.

Mercado // O impacto do Corona Vírus 112


Antibióticos ou vitamina D
previnem ou curam o novo
coronavírus?
pitais públicos e privados e confirmado
por laboratórios de referência espa- Não. Antibióticos não atuam contra o
lhados pelo Brasil. A Agência Nacional vírus. Da mesma forma, não há evidên-
de Saúde Suplementar (ANS) anunciou cias científicas que atestem qualquer
que os planos de saúde deverão cobrir impacto sobre o vírus de doses de vita-
os testes realizados na rede privada. mina D.

Existe tratamento para a Voltei de uma viagem interna-


doença? cional e visitei um país com
casos de coronavírus. O que
Segundo a OMS, 80% das pessoas se preciso fazer?
recuperam sem precisar de tratamento
especial. Não há uma medicação que Caso apresente sintomas, procure uma
elimine o vírus. Mas há tratamento unidade de saúde e informe a situação
para mitigar o avanço da doença e di- para receber orientação médica. A re-
minuir o desconforto. comendação do Ministério da Saúde é
esperar pelo menos 14 dias para avaliar
a evolução do quadro de saúde.

113 Guitarload // Edição #106


Informação e
LIÇÕES aprendizado a
cada edição com

#105
um super time
de colunistas
profissionais!

FINGERSTYLE

Dominando 5 Riffs do
John Mayer

RAFAEL MOSER

LUTHIERIA

Tensor: como ajustá-lo em 3 passos

VITOR GUERRA

Lições // 114
G U I TA R R A G O S P E L

5 passos para descobrir sua


Identidade Musical

RODRIGO GOUVEIA

G U I TA R R A C O U N T R Y

Arpejos com Cordas Soltas na


guitarra Country.

ALEX FORNARI

G U I TA R R A & F I L O S O F I A

A metafísica matemática
da música

WANDERSON BERSANI

115 Guitarload // Edição #105


Informação e
LIÇÕES aprendizado a
cada edição com

#105
um super time
de colunistas
profissionais!

T É C N I C A S & G U I TA R R A M E TA L

Licks Extraterrestres sobre o Modo


Lídio (Video + Tabs).

THIAGO OLIVEIRA

ESCALAS EXÓTICAS

Os 3 elementos que formam a


escala indiana Raga Purvi

MÁRCIO OKAYAMA

Lições // 116
JOYO

PEDAL OVERDRIVE BAATSIN R-11

Vitrine // 118
OJoyo Baatsin R-11 apresenta 8 tipos de
overdrive reunidos emapenas umcircuito
analógico. Os 8 sons de overdrive inclusos no
Joyo Baatsin R-11 são: T.OD; Sweety; B.Boost;
T808; Overdrive I; Crunchy; Rioter e O.C.
Drive – os nomes indicamque há simulações
de produtos famosos, como Ibanez/Maxon
Tube Screamer 808, Fulltone OCDe Suhr Riot.
Porém, isso não foi confirmado. Alémdisso,
o pedal conta combotões de volume, tome
ganho, alémde entrada true bypass.

SAIBA MAIS

119 Guitarload // Edição #106


PULSE

FONES DE OUVIDO SEM FIO TWS PH320 E PH297

Vitrine // 120
APulse lançou os fones de ouvido sem
fio TWSTouch PH320 e TWSExpert PH297,
ambos compreço sugerido de R$ 349.

OPH320, comBluetooth 5.0, traz o botão


Touch, facilitando a navegação por aplicativos
de músicas, alémde autonomia de 5 horas
de uso contínuo. Já o modelo PH297, com
Bluetooth 4.2, temmicrofone mais saliente
para auxiliar na capitação de áudio. A
autonomia é de 2 horas e meia emuso
contínuo.

SAIBA MAIS

121 Guitarload // Edição #106


SEYMOUR DUNCAN

PEDAL POLARON ANALOG PHASE SHIFTER

Vitrine // 122
OPolaron Analog Phase Shifter, da Seymour
Duncan, apresenta efeitos phaser como uso
de componentes analógicos, mas semabrir
mão de controles digitais, podendo salvar
predefinições.

Os 6 knobs trazemas configurações: Sens,


Depth, Rate, Stages, Reso e Tune. Há, ainda,
dois footswitches: umpara bypass e outro
para os presets. Entre os efeitos, estão Auto
Wah, Rotary Speaker, Talkbox, Flanger e
Phaser. Está à venda no exterior por 249
euros (R$ 1,4 mil, na cotação atual e em
transação direta).

SAIBA MAIS

123 Guitarload // Edição #106


RAINGER

PEDAL FX MINIBAR LIQUID ANALYSER

Vitrine // 124
Umdos pedais mais bizarros dos últimos
tempos, o Rainger FXMinibar Liquid Analyser
traz efeitos obtidos a partir de misturas de
líquidos. Opedal temapenas umbotão de
volume e umrecipiente emque o músico
pode despejar e misturar líquidos – a partir
deles, o somserá decifrado, indicando
regulagemda distorção e de agudos e graves.

E, sim, você é obrigado a colocar algum


líquido, senão o pedal não funciona. Ele está
à venda no exterior por £ 113,33(cerca de R$
650, na cotação atual e na transação direta).

SAIBA MAIS

125 Guitarload // Edição #106


CORT

PEDALVIOLÃO
DE DISTORÇÃO AIRAVATA
GOLD EDGE LE

Vitrine // 126
Oviolão eletroacústico Gold Edge LEfoca na
ergonomia: o design busca trazer conforto
comcortes que se encaixamna posição de
tocar e no corpo humano, mas semabrir mão
das configurações de destaque de umviolão,
como sua ressonância e a prioridade no
médio-agudo.

No topo, é usada a madeira sitka spruce,


enquanto a parte traseira e as laterais são
construídas emmyrtlewood. Acaptação é da
L.R. Baggs Anthem. Opreço é de US$ 1,2 mil
(R$ 6 mil) no exterior.

SAIBA MAIS

127 Guitarload // Edição #106


KIESEL

GUITARRAS WILL SWAN SIGNATURE E MARC OKUBO SIGNATURE

Vitrine // 128
AKiesel divulgou dois novos modelos de
guitarra signature de Will Swan (Dance
Gavin Dance) e Marc Okubo (Veil of Maya). A
Will Swan Signature Carved Top (Les Paul),
vendida a US$ 2 mil (R$ 10,1 mil) no exterior,
temcorpo emmogno de Honduras, tampo
emflamed maple, braço emcinco peças de
mogno comfaixas de maple e cinco opções
de cores.

Já a Marc Okubo Signature, comercializada


a US$ 1,6 mil (R$ 8,1 mil), é ummodelo de 7
cordas comcorpo emswamp ash, braço fino
emeastern maple hard rock e três opções de
acabamento visual.

SAIBA MAIS

129 Guitarload // Edição #106


LANÇAMENTOS
HAREM SACREM
TÍTULO:
CHANGE THE WORLD

SAAS JORDAN
TÍTULO:
REBEL MOON BLUES
AL DI MEOLA BODY COUNT
TÍTULO: TÍTULO:
ACROSS THE UNIVERSE CARNIVORE

THE UNITY CODE ORANGE


TÍTULO: TÍTULO:
PRIDE COUNTRY FUZZ
LANÇAMENTOS
PEARL JAM
TÍTULO:
GIGATON

LUCIFER
TÍTULO:
LUCIFER III
ERIC JOHNSON BURNING THE WITCHES
TÍTULO: TÍTULO:
EJ VOL. II DANCE WITH THE DEVIL

LAURINDO ALMEIDA ALLEN / OLZON


TÍTULO: TÍTULO:
HIS BEST CLASSICS WORLDS APART
| CLASSIFICADOS
www.guitarload.com.br

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