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17/07/2019 Os anos 80 vivem até hoje, e não faltam artistas para comprovar

A década que nunca acabou: selecionamos artistas poucos conhecidos


que comprovam a força dos anos 80 até hoje
Por Jade Gola
8 de julho de 2016

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Que fascinante o big bang musical dos anos 80. O barateamento de samples, sintetizadores e sequenciadores, junto da inspiração do-it-yourself do
punk, fez com que toda uma nova safra de tipos de músicas e produtores musicais criassem o hip hop, a house music e o electro.
É uma década que musicalmente nunca acabou. Até hoje nos encantamos e buscamos bases de sintetizadores vívidas, de lindos timbres que ecoam
fundo na emoção; até hoje queremos intensificar os tapas na orelhas que os synths dão na música orgânica, aspecto que transformou a disco e o funk
em house, mecanizando as nossas danças e criando contos futurísticos como o do Detroit techno…

Até hoje DJs descoladérrimos garimpam 12″ de artistas negros que iam do soul mela-cueca ao suingue erótico, sempre em ritmos mecânicos. Até hoje
descobrimos (e revivemos) banda de synth-pop que lançaram só um K7 em 82 e fizeram sucesso durante 3 meses em alguma cidadela inglesa. Esse
fascínio em redescobrir os incríveis sons da década em que ou nascemos ou crescemos, move muito de nossas vivências musicais, especialmente se
você é clubber.
A breve lista abaixo tem pitacos de Jade Gola, Claudia Assef e Camilo Rocha, e tenta recapturar para nossos leitores brasileiros alguns artistas
daquela época que não os clichês, os tradicionais. Aqui não tem Duran Duran, mas tem a irresistível Gwen Guthrie e Egyptian Lover, produtor que não
faz nem um ano lançou um disco chamado 1984, fazendo algo que a gente adora: lembrar como os anos 80 eram foda.

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17/07/2019 Os anos 80 vivem até hoje, e não faltam artistas para comprovar

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Oppenheimer Analysis
OS “DEVIL’S DANCERS” SÃO AUTORES DE UM DOS HITS MAIS DANÇANTES DO DARK OITENTISTA, QUE TOCA HOJE DA SELVAGEM A SETS DO CARIBOU. A
DUPLA SURGIU EM K7 E SURFA NA ONDA DA REDESCOBERTA OITENTISTA.

Esta dupla inglesa é exemplo de como os anos 80 nunca acaba no reprocessamento musical. Eles fizeram fama relativa no electro underground com o
cassete New Mexico, em 1982. 33 anos depois, em 2005, num revival coldwave, o selo americano Minimal Wave os relançou, fazendo a faixa The
Devil’s Dancer ser um hitaço mais atual do que oitentista.

Martin Lloyd faleceu em 2013, e Andy Oppenheimer segue como único remanescente da dupla, lançado electroclash afiado e atemporal até hoje
pelos projetos Touching the Void e Oppenheimer MKII, que acabou de lançar um 7″ na Inglaterra – Another Nightmare.

Se o approach do revival coldwave recente é frio, geométrico, o cassete que revelou o Oppenheimer Analysis ao mundo em 82 é mais carregado de
uma esperança futurista, num synth pop mais doce que lembra o começo do Depeche Mode . O melhor? Dá para ouvir o K7 inteirinho no YouTube J

Gwen Guthrie
“PRIMEIRA-DAMA DO PARADISE GARAGE”, GWEN CIRCULOU ENTRE A DANCE, O R&B E TODOS OUTROS SONS BLACK; FOI TRILHA DE NOVELA NO BRASIL,
BACKING VOCAL E SEUS HITS SENSUAIS TOCAM ATÉ HOJE.

O R&B e a música black feminina sempre tiveram amarras entre o romance e os ritmos dançantes, de Supremes a Beyoncé. Nos anos 80, uma diva que
fez bonito e marcou época com faixas deliciosas foi Gwen Guthrie, que faleceu muito jovem, aos 48 em 1999 devido a um câncer no útero.

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Gwen fez nome com baladas, como You Touched My Life, que foi trilha de novela no Brasil em 87. Contemporânea e backing vocal de Madonna em
seus primeiros releases, ela desenvolveu um som próprio, cheio de groove e malemolência, desenvolvido com os principais produtores da época: nos
estúdios de Sly & Robbie nas Bahamas (criadores dos beats de Grace Jones), e também com Larry Levan, que fez o remix de Padlock ser um grande
sucesso em clubes como o Paradise Garage e o público gay da época – Can’t Love Your Tonight, de 88, foi canção de Gwen em homenagem a essa
comunidade tão atingida pela AIDS naqueles tempos.

Seu maior hit foi sem dúvida Ain’t Nothin’ Goin’ On But The Rent, de 86, outro forte exemplo do melting pot dos anos 80, em que house, garage, hip hop,
electro, funk e disco eram um pouco a mesma coisa: a música foi um proto-house do voguing, estética houseira que explodiu no começo dos anos 90.
Certeza que por aqui no Brasil os discos e 12” de Gwen chegavam para os DJs nas caixas de disco de Carlos Machado, histórico “dealer” de bolachões
(saiba mais).
O sintetizador e o bass dançando bem afinados junto com as letras yuppie da época, em o que importava era a grana, e não muito o amor – no romance
without finance… Muitas faixas de Gwen são mixadas hoje, como Seventh Heaven e Hopscoth. Tim Sweeney e seus convidados gostam de tocar
sempre que podem no Beats in Space.

Kas Product
NEW WAVE ELETROCUTADA, UMA DUPLA CHEIA DE ATITUDE E UM DOS DISCOS MAIS IMPORTANTES DA MÚSICA SYNTH FRANCESA DOS ANOS 80: O KAS
PRODUCT SÃO PRECURSORES DE MISS KITTIN E ESTÃO AÍ ATÉ HOJE.

A música eletrônica oitentista é um produto ocidental, nascida em países como EUA, Alemanha, Reino Unido e França, adornada por instrumentos
criados num Japão capitalista. A new wave é muito lembrada por seus artistas e nichos ingleses e alemães, mas os franceses estavam lá, agitando o
tempo todo.
O Kas Product é uma das bandas mais notáveis da new wave e seus desdobramentos em electro, coldwave e industrial. Formação: Mona Soyoc,
sempre histérica e elétrica no vocal e nos pianos, e Daniel “Spatsz” Favre nas bases eletrônicas, músico que já trabalhou em hospital psiquiátrico e diz
muito sobre a toxicidade do som dessa dupla.

O BPM é alto, na faixa dos 160, a influência do sucesso à época de Siouxsie & The Banshees é inegável ,e fãs de artistas mais atuais como Miss Kittin
& The Hacker e Tiga vão gostar muito. De 1982, o LP Try Out é o pipoco mais famoso dessa dupla no tiroteio de bandas e estéticas da música synth do
começo dos anos 80. Além das tracks mais punkzonas e aceleradas, eles tinham assim uma propensão ao “bop” – o pop mais juvenil da época (pense
em Cindy Lauper, ouça Peep Freak), e há vídeos do Kas Product em ação em 2013!

Malaria!
A NEUE WELLE ALEMÃ ERA FEMININA, TEATRAL, RAIVOSA DE SINTETIZADORES RÁPIDOS E GÉLIDOS, SEM CONCESSÕES AO POP. E O CURIOSO É QUE
FORAM RESGATADOS PELO CHICLETE COLORIDO DO ELECTROCLASH

Falemos dos alemães agora. No Brasil, o som new wave/dark germânico ficou mais centrado nas atenções ao X-Mal Deutschland, mas uma banda
contemporânea, só de garotas, fez fama, influência no synth-pop e foi repescado como ícones underground no electroclash, 20 anos depois.
Achtung, achtung!

O Malaria! Surgiu em 81 como um furacão, single da semana na NME com a Inglaterra de olho na neue welle (new wave) alemã. A vocalista vinha de
um grupo punk de sucesso, Mania D, e tinha filiações com outros grupos conhecidos como DAF e Liaisons Dangereuses. A famosa Siouxsie tinha um
jeito felino, mas Betinna Köster exibia uma raiva mais hipnótica, mais um canto da sereia elétrico e teatral do que uma explosão.

O Malaria! conheceu algum sucesso nos EUA, onde a banda abriu shows de Nina Hagen. Elas foram redescobertas no electroclash do começo dos
anos 2000 como epíteto do som dark e eletrônico da década que voltava à moda. Kaltes Klares Wasser, de 81, foi regravada com acabamento juvenil e
inofensivo pelas Chicks on Speed, bem o contrário da original trevosa. O que não impediu da faixa estar presente em diversas coletâneas de eletrão
nervoso e techno.

Egyptian Lover
NA PRIMEIRA METADE DOS ANOS 80, HOUSE E HIP HOP ERAM QUASE A MESMA COISA – O ELECTRO, MUITO BEM SINTETIZADO POR ESSE DJ E PRODUTOR
DE LOS ANGELES QUE DESCE O DEDO NA 808 ATÉ HOJE.

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