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1 Sobre o autor
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2 Singles
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Instrumentais
“Belas Artes”
3 Curiosidades
4 Biografias
6 História
Como surgiu este e-book
Depois de curtir a banda por 30 anos, tive um estalo: “o que eles dizem, afinal?”
...“Rã-tu-de-réus, Rã-fori-or-laife”...
Obrigado, pessoal!
As portas se fecham...
Contagem regressiva.
Vamos situar esse grupo musical londrino, cujo primeiro LP foi lançado em 1980.
Com a chegada do vocalista Bruce Dickinson, em 1982, o Iron Maiden começa a construir
uma imagem finalmente compatível com os ecos medievais que seu nome sugere, e a consolidar
seu estilo musical. Curiosamente, Dickinson fora aluno de História no Queen Mary and Westfield
College, da Universidade de Londres e, embora ele não seja o principal compositor da banda,
pode-se acreditar firmemente que seu ingresso tenha exercido forte influência nas escolhas
temáticas das canções.
Chama a atenção, contudo, o fato de o Iron Maiden abordar em suas letras não apenas os
temas-cliché comuns ao gênero, como o binômio “mulheres-bebedeiras” ou o suposto culto ao
diabo (veja-se o LP The Number of the Beast, de 1982), mas por tratar de temas históricos em
suas canções.
Com efeito, as músicas com esse viés figuram de modo tão constante em sua discografia,
que é mesmo possível traçar-se uma “linha histórica”, abrangendo desde a pré-história até a
Segunda Guerra Mundial, passando por várias épocas e sublinhando os feitos tanto dos grandes
vultos da História, como os de personagens anônimos, que ganham voz através das canções.
Temos mesmo a impressão de haver certa intenção em se “fazer justiça” para com as
vítimas da história, em letras – em primeira pessoa, diga-se de passagem – como a de “Hallowed
Be Thy Name”, em que um condenado se encaminha para o cadafalso; a de “Aces High”, o relato
de um piloto da R.A.F., na Segunda Guerra Mundial; ou a de “The Trooper”, em que um
combatente da cavalaria inglesa desafia o inimigo russo para a batalha e nos detalha a própria
morte.
Embora surpresos, num primeiro momento, com a proliferação de temas históricos nas
canções do Iron Maiden, logo percebemos que, no fundo, há certos elementos que contribuem
para essa convergência.
Estamos falando não somente das letras vociferadas, das guitarras distorcidas ou da bateria
e do contrabaixo pulsantes, que elevam os níveis de adrenalina – isso sem mencionar o volume
invariavelmente alto em que se costuma ouvir esse estilo de música –, mas também de alguns
elementos estritamente musicais, que de alguma forma, combinam perfeitamente com os temas
tratados nas canções. Alguns deles, seriam, por exemplo, os acordes quase sempre em modo
menor (que sugerem sentimentos negativos, como tristeza ou melancolia – ou mesmo morbidez), o
andamento acelerado em que as canções são executadas ou a longa duração das faixas,
apropriada para os extensos relatos históricos.
Vejamos cinco canções, ilustrativas de diferentes períodos históricos: “Quest for Fire”,
“Alexander the Great”, “Hallowed Be Thy Name”, “Run to the Hills” e “Aces High”.
Esta canção, composta para o álbum Piece of Mind, de 1983 (um trocadilho com “paz de
espírito”), trata da busca pelo fogo pelas tribos pré-históricas, e de como essa fonte de calor e luz
foi o pivô de sangrentas batalhas. O cenário descrito é inóspito; logo, o tema-chave da canção é
apresentado: o caráter heróico do homem é exaltado. Perceberemos essa preocupação nas
demais canções ora analisadas.
O baixista Steve Harris, responsável pela maioria das composições do grupo, autor da
canção, revela a ignorância dessas tribos pré-históricas quanto à técnica de se esfregar gravetos e
pedras a fim de se obter a chama. Assim, essas tribos nômades, em vez de produzirem o próprio
fogo, percorriam longas distâncias para conquistar, por meio da luta mais primitiva, essa fonte de
calor e luz, fechando-se, assim, o “ciclo de ferozes batalhas” a que alude a letra.
Alexander the Great
Saltemos para o ano de 334aC, quando Alexandre Magno torna-se soberano da Macedônia.
O caráter épico do tema está em perfeita consonância com o estilo grandioso do arranjo e com a
duração da faixa (8‟34‟)‟, com direito até a uma introdução “falada” por seu pai, o Rei Felipe II.
Novamente, o heroísmo sobressai como valor inerente ao homem, elevando-o, neste caso, à
condição de semi-deus. É o que se apreende pelo refrão: “Alexander the Great / His name struck
fear into hearts of men / Alexander the Great / Became a legend „mongst mortal men”.
Após a introdução, em que Felipe II aconselha o filho a buscar “um reino maior para si”,
tece-se toda a biografia de Alexandre, a começar pela localização geográfica da Macedônia e pelo
seu nascimento. A partir daí, conta-se que Alexandre tornou-se rei aos dezenove anos; que
prometeu conquistar toda a Ásia Menor; e que derrotou os exércitos persas de Dario em 334aC.
A letra registra ainda a fundação de Alexandria; a batalha contra Dario às margens do Tigre,
quando, tomando Persépolis, pilhou os tesouros da capital persa; o episódio em que parte com sua
espada o nó górdio; e, finalmente, fala de sua morte na Babilônia, causada por uma febre.
“Santificado Seja o Vosso Nome”, título da canção, evoca uma aura religiosa que logo se
confirma: trata-se da execução de um criminoso, provavelmente de um herege, pela Inquisição. A
letra, escrita em primeira pessoa, carrega um tom confessional; é como se estivéssemos junto ao
condenado, que nos fala de seus sentimentos à medida que as horas que o separam de seu fim
transcorrem.
Novamente, a tônica recai no heroísmo, neste caso, dos índios, que resistiram bravamente
ao ataque (contra o pseudo-heroísmo do colonizador). É disto que trata a primeira parte da letra.
Em oposição a essa visão, dá-se voz ao europeu, que também considera seus feitos
“heróicos”, ao atravessarem “nuvens de poeira” em “regiões áridas e remotas. Naturalmente, ao
expor a posição arrogante do invasor, que trata os nativos pejorativamente como “peles vermelhas”
(redskins), habitantes de “buracos” (holes), bem como ao revelar feitos não tão heróicos assim
(como as punhaladas pelas costas, os estupros, a escravização dos prisioneiros e as negociações
esquivas), o autor da canção parece querer fazer justiça para com os verdadeiros heróis desse
episódio.
No entanto, o refrão, que arremata a canção, evidencia quais foram, afinal, os vencedores
dessa disputa, sublinhando sua atitude de empáfia para com o inimigo subjugado: “Run to the hills /
Run for your lives”.
Aces High
A jornada do Iron Maiden através da História chega, finalmente, ao século XX. Na introdução
de “Aces High”, ouvimos a voz de Winston Churchill exortando os ingleses para a batalha, em seu
discurso de 18 de junho de 1940: “We should never surrender!”.
A canção descreve, em ritmo frenético (incluindo-se aí guitarras que simulam, com o sistema
de trêmolo, os “mergulhos” das aeronaves), uma das muitas batalhas travadas entre a Royal Air
Force britânica e a Luftwaffe de Adolf Hitler. A letra retrata a movimentação dos pilotos, desde o
momento em que ouvem a sirene de alerta de ataque aéreo e correm direção às aeronaves (no
jargão aeronáutico-militar, “scrambling”), passando por toda a sequência de ações tomadas pelos
combatentes (“Jump in the cockpit”; “Start up the engines”; “Remove all the wheelblocks”;
“Gathering speed as we head down the runway”), a fim de que estejam no ar o mais rapidamente
possível.
As piruetas executadas pelas aeronaves, descritas por meio de verbos no gerúndio (“Flying,
rolling, turning, diving, going in again”) e a situação inescapável de voar – ou morrer – dão a tônica
do refrão. A letra chega ao requinte de nomear os principais aviões envolvidos nesses embates –
os Spitfires ingleses contra os ME-109 alemães (na verdade, uma versão modificada dos célebres
BF-109).
Conclusão
(texto http://www.ahistoria.com.br/banda-musica-iron-maiden/)
Heavy Metal, o “som pesado”
Uma das principais críticas sobre música heavy metal é que ele torna seus ouvintes,
especialmente os jovens, mais violentos. Um estudo feito pela Universidade de Loyola descobriu
que esse fato não é verdadeiro, e que não há nenhuma relação direta entre a violência dos jovens
com o heavy metal. Na verdade, conclui-se que os participantes que ouviam heavy metal eram
menos violentos do que aqueles do grupo que não ouvia. A razão não é clara, mas uma hipótese é
que o indivíduo que ouve música violenta realiza uma espécie de catarse interna e torna-se
adverso a ela, tornando-se assim menos violento.
Todos os tipos de música possuem um efeito sobre o humor. Foram feitos testes com o
heavy metal para ver se a música evoca emoções positivas ou negativas em seus ouvintes. Um
estudo realizado por Shaleen L. Coss, do departamento de psicologia da Universidade de Loyola,
descobriu que os participantes que ouviam o heavy metal com letras violentas eram menos
propensos a sentir depressão do que aqueles que ouviam músicas não-violentas.
Constatou-se que há uma ligação entre o quanto um adolescente ouve heavy metal e a
formação de sua personalidade machista. Os fãs do heavy metal são muito mais propensos a
terem uma personalidade que almeja constantes sensações e emoções da vida. Esses indivíduos
geralmente são extrovertidos sexualmente, embora possam não ser sociáveis. Há também
algumas evidências que mostrem que os fãs de heavy metal são mais propensos a arriscarem sua
vida, de acordo com o livro “Media Violence and Children” .
Adolescentes com níveis mais elevados de inteligência são naturalmente atraídos pelo
heavy metal, especificamente porque alivia a pressão e o estresse. Há também um grande senso
de comunidade e de solidariedade entre os fãs do heavy metal, algo que as pessoas inteligentes
preferem. Ouvir heavy metal é visto pela maioria dos adolescentes como uma forma de liberar sua
raiva interna, e realmente pode ajudar os adolescentes a relaxar, deixando-os mais focados e
melhorando seu desempenho acadêmico.
Pesquisa feita com "mentes brilhantes" do Reino Unido mostrou que jazz e música erudita
não agradam os "geninhos".
Londres, 21 mar 2007. A música "heavy metal" é a preferida pelas crianças superdotadas do
Reino Unido, que encontram neste som visceral uma forma de catarse, segundo uma enquete feita
entre estudantes da Academia Nacional para Jovens de Talento.
Grupos de rock pesado como Slayer e Slipknot são os favoritos entre os maiores intelectos
do país, que parecem gostar também das letras com mensagens políticas e de forte carga
emocional. Uma pesquisa feita entre estudantes da academia, à qual têm acesso apenas 5% dos
jovens com mentes brilhantes do país, revela a predileção destes pela "brutalidade visceral" do
"heavy metal". Mais de um terço dos entrevistados incluiu o "heavy metal" entre seus estilos
favoritos.
Os responsáveis pela pesquisa reconheceram sua surpresa ao ver que os estilos menos
populares, entre os superdotados, eram os que tradicionalmente são associados às mentes mais
privilegiadas, como jazz e música clássica. O responsável pela pesquisa, Stuart Cadwallader, da
universidade de Warwick, disse que os resultados obtidos mostram que estes jovens encontram no
"heavy metal" uma espécie de "catarse", de forma particular os que, apesar da inteligência
superior, têm baixa auto-estima.
Esse tipo de música agressiva serve também para que canalizem suas frustrações e
insatisfação, disse Cadwallader, em conferência realizada na British Psychological Society, na
cidade inglesa de York. De acordo com Cadwallader, "as pressões associadas à condição de
superdotado talvez possam ser esquecidas, temporariamente, com a ajuda desta música".
O gosto musical de uma pessoa pode dar pistas sobre a maneira como ela pensa e vice-
versa, segundo pesquisadores da Universidade de Cambridge, na Inglaterra.
Para investigar essa questão, pesquisadores recrutaram 4 mil participantes, que foram
submetidos a diferentes testes. Primeiramente, eles foram solicitados a preencher questionários
com afirmações desenhadas para investigar se eram mais "empáticos" ou "sistemáticos".
Pessoas com alto índice de empatia tiveram maior inclinação a gêneros como R&B (rythm
and blues), soft rock e folk. Por outro lado, quem se aproximou mais do perfil "sistemático" teve
tendência a gostar da música de bandas de heavy metal e de jazz contemporâneo.
Quem foi identificado como "sistemático" teve maior conexão com músicas como Enter
Sandman, do Metallica (ou qualquer música do IRON MAIDEN, diria eu, sistematicamente!)
Agosto / 2015
David Michael Murray
(Londres, 23/12/1956)
guitarra (1976–1977, 1978–)
2015
O som do Iron Maiden nesse seu primeiro registro oficial, apesar de meio “cru” comparado
aos discos vindouros, era agressivo e cheio de energia. Percebia-se toda a garra, disposição e
dedicação que era colocado em cada acorde de cada música. Nesses 35 anos desde que “Iron
Maiden” foi lançado, foi raro ver um álbum tão puro e verdadeiro como esse.
O disco abre com um clássico esquecido pela Donzela de Ferro, a música “Prowler”. Com
riffs bem simples, o segredo dessa música está no refrão que obriga a cantar junto. Logo em
seguida, mais outro clássico, “Sanctuary” que possui um riff bem simples também e tem aquela
pegada punk que só mesmo o vocalista Paul Di‟Anno trazia ao Maiden.
Aliás, nenhum vocalista jamais cantou as músicas desse álbum como Paul Di‟Anno. Ele não
tem a mesma técnica e a mesma potência de Bruce, mas Di‟Anno compensava tudo com seu
“feeling” inconfundível e sua agressividade, por isso ninguém nunca conseguiu superá-lo cantando
esses clássicos, e é isso que vemos na ótima “Running Free”, outro hino da banda.
Embora a maioria das músicas desse disco ser bem simples, rápidas e curtas, o Iron Maiden
conseguiu compor dois clássicos muito bem elaborados e até mais complexos, apontando os
rumos futuros que a Donzela seguiria, e estes são “Remember Tomorrow”, que é cheia de
mudanças de andamento e tem um clima meio sombrio e, finalmente, um dos maiores hinos da
banda, “Phantom of the Opera”, que em cada acorde, cada riff e cada mudança de andamento,
revelam que Steve Harris é um mestre na arte de compor e tocar baixo.
Definitivamente, foi uma estréia perfeita e fundamental para a construção dessa verdadeira
entidade da música pesada, e que, com certeza, sobreviverá para sempre no coração dos fãs e de
cada geração que se torna seguidora da Donzela de Ferro.
Walking through the city, looking oh so pretty Andando pela cidade, parecendo oh tão bonita
I've just got to find my way Apenas tenho de achar meu caminho
See the ladies flashing Veja garotas brilhando
All there legs and lashes Todas aquelas pernas e cílios
I've just got to find my way Apenas tenho de achar meu caminho
Well you see me crawling through the bushes Bem, você me vê rastejando entre arbustos
With it open wide com eles abertos,
What you seeing girl? O que está vendo, garota?
Can't you believe that feeling, Você não pode acreditar no que sente,
can't you believe it não pode acreditar
Can't you believe your eyes? Não pode acreditar em seus olhos?
It's the real thing girl É a garota da beleza
Got me feeling myself and reeling around Me pego sentindo a mim mesmo e cambaleando
Got me talking but feel like walking around Me pego falando mas me sinto caminhando à esmo
Got me feeling myself and reeling a Me pego sentindo a mim mesmo e cambaleando
Got me talking but nothing's with me Me pego falando mas nada a ver comigo
Got me feeling myself and reeling around Me pego sentindo a mim mesmo e cambaleando
Unchain the colours before my eyes, Liberte as cores perante meus olhos
Yesterday's sorrows, tomorrow's white lies. Dores de ontem, mentirinhas de amanhã
Scan the horizon, the clouds take me higher, Esquadrinhe o horizonte, as nuvens me elevam
I shall return from out of fire. Eu devo retornar do fogo
Unchain the colours before my eyes, Liberte as cores diante de meus olhos
Yesterday's sorrows, tomorrow's white lies. Dores de ontem, mentirinhas de amanhã
Scan the horizon, the clouds take me higher, Esquadrinhe o horizonte, as nuvens me elevam
I shall return from out of fire Eu devo retornar do fogo
I'm running free yeah, I'm running free Estou correndo livre, yeah, estou correndo livre
I'm running free yeah, Oh I'm running free Estou correndo livre, yeah, estou correndo livre
Spent the night in an L. A. jail Passei a noite em uma cadeia de Los Angeles
And listened to the sirens wail E ouvi o soar das sirenes
They ain't got a thing on me Eles não têm nada comigo
I'm running wild, I'm running free Estou correndo demais, Estou correndo livre
I've been looking so long for you Estive procurando por você há tanto tempo Agora
now you won't get away from my grasp. não vai mais conseguir sair de minhas garras.
You've been living so long in hiding in hiding Você tem vivido há tanto tempo, escondida
behind that false mask. por trás dessa máscara falsa.
And you know and I know E você e eu sabemos
that you aint got long now to last. que isso não vai durar pra sempre.
Your looks and your feelings are just Sua aparência e seus sentimentos é tudo
the remains of your past. o que restou do seu passado.
The only place where you can dream O único lugar onde você pode sonhar,
Living here is not what it seems Vivendo aqui não é o que parece
Ship of white light in the sky Navio de luz branca no céu,
Nobody there to reason why Ninguém lá para dizer por quê
Here I am, I'm not really there Aqui estou, não estou realmente ali,
Smiling faces ever so rare Faces sorridentes cada vez mais raras
A let's walk in deepest space Um convite para passear no espaço profundo,
Living here just isn't the place Viver aqui simplesmente não é o lugar
Stalks of light come from the ground Postes de luz saem do chão
When I cry there isn't a sound Quando choro não existe som
All my feelings cannot be held Não posso segurar todos os meus sentimentos,
I'm happy in my new strange world Estou feliz em meu novo estranho mundo
Shades of green grasses twine Sombras de cordões de gramas se retorcem,
Girls drinking plasma wine Garotas bebendo vinho de plasma
A look at love, a dream unfolds Um olhar ao amor, um sonho se revela,
Living here, you'll never grow old Vivendo aqui, você nunca vai envelhecer
Giving a swish with your arse in the air, don't you Zunindo o seu traseiro no ar, você não
know what they're saying? sabe o que eles estão dizendo?
Charlotte you're so refined when you take all the Charlotte você é tão refinada quando toma todo o
love thatthey're giving. amor que eles dão
Sticking with every man that you find, don't you know Metendo com cada homem que encontra, não sabe
what they're after? o que eles são depois?
Charlotte you've got your legs in the air, don't you Charlotte, você tem suas pernas no ar, não ouve
hear all thelaughter? todas as risadas?
Charlotte the Harlot show me your legs, Charlotte a Prostituta mostre-me suas pernas
Charlotte the Harlot take me to bed. Charlotte a Prostituta me leve para a cama
Charlotte the Harlot let me see blood, Charlotte a Prostituta me deixe ver sangue
Charlotte the Harlot let me see love. Charlotte a Prostituta me deixe ver amor
Taking so many men to your room, Levando tantos homens para seu quarto,
don't you feel no remorse? você não sente remorso?
You charge them a "fiver", Você pede a eles 5 xelins,
It's only for starters. isso só pra as preliminares
And ten for the main course. E dez para o principal
And you've got no feelings, E você não tem sentimentos,
they died long ago. eles morreram há muito tempo
Don't you care who you let in? Você não se importa com quem deixa entrar?
And don't you know you're breaking the law E não sabe que fere a lei
with the serviceyou're giving? com o serviço que você presta?
Giving a swish with your arse in the air, Zunindo o seu traseiro no ar,
don't you know what they're saying? você não sabe o que eles estão dizendo?
Charlotte you're so refined when you take all the Charlotte você é tão refinada quando toma todo o
love thatthey're giving. amor que eles dão
Sticking with every man that you find, Metendo com cada homem que encontra,
don't you know what they're after? não sabe o que eles são depois?
Charlotte you've got your legs in the air, Charlotte, você tem suas pernas no ar,
don't you hear all thelaughter? não ouve todas as risadas?
Won't you come into my room, Você não quer vir ao meu quarto,
I wanna show you all my wares. Eu quero te mostrar meus equipamentos
I just want to see your blood, Eu só quero ver seu sangue,
I just want to stand and stare. Eu só quero que você pare de pé
See the blood begin to flow Veja o sangue começar a jorrar
As it falls upon the floor. Enquanto cai no chão
Iron Maiden can't be fought A donzela de ferro não pode ser enfrentada,
Iron Maiden can't be sought. A donzela de ferro não pode ser vista
Won't you come into my room, Você não quer vir ao meu quarto,
I wanna show you all my wares. Eu quero te mostrar meus equipamentos
I just want to see your blood, Eu só quero ver seu sangue,
I just want to stand and stare. Eu só quero que você pare de pé
See the blood begin to flow Veja o sangue começar a jorrar
As it falls upon the floor. Enquanto cai no chão
Iron Maiden can't be faught, A donzela de ferro não pode ser enfrentada,
Iron Maiden can't be sought. A donzela de ferro não pode ser vista
Won't you come into my room, Você não quer vir ao meu quarto,
I wanna show you all my wares. Eu quero te mostrar meus equipamentos
I just want to see your blood, Eu só quero ver seu sangue,
I just want to stand and stare. Eu só quero que você pare de pé
See the blood begin to flow Veja o sangue começar a jorrar
As it falls upon the floor. Enquanto cai no chão
Iron Maiden can't be fought, A donzela de ferro não pode ser enfrentada,
Iron Maiden can't be sought. A donzela de ferro não pode ser vista
PROWLER: algo como "perambulador" ou alguém que se esgueira atrás de algo. Na música,
temos um cara observando e desejando mulheres, tipo o taradão da moita!
RUNNING FREE: segundo Paul Di'Anno, uma espécie de autobiografia de quando era jovem.
PHANTOM OF THE OPERA: título do romance escrito pelo francês Gaston Leroux em 1910 (Le
Fantôme de l'Opéra), obra adaptada para o cinema e teatro várias vezes e atualmente o musical
mais visto no mundo, com adaptação de Sir Andrew Lloyd Weber, superando Cats, dele mesmo.
TRANSYLVANIA: região romena conhecida graças a Vlad III, Príncipe (Voivoda) da Valáquia, ou
mais popularmente como Vlad, o Empalador, ou Drácula. Ele foi príncipe de 1456 até 1462 (época
do apogeu do império Otomano) 1448 e 1476.
Vlad era um cavaleiro cristão e enfrentou os turcos e seu próprio irmão Radu. Ele utilizava
de métodos cruéis contra inimigos, principalmente o empalhamento. O irlandês Bram Stoker (1847
-1912) após estudar folclore europeu e histórias de vampiros, lançou em maio de 1896 sua
magnum opus, Drácula.
STRANGE WORLD: parece falar de drogas, do seu mundo perfeito e diferente, que está aqui mas
não está, enfim... estranho. Porém, quando se vê que a letra foi escrita por Harris, a tese cai por
terra, ele é muito certinho!
SANCTUARY: parece alguém que cometeu um crime e precisa de refúgio em um santuário. Entre
os séculos XIV e XVII um criminoso que se refugiasse em um santuário não podia ser preso,
segundo a lei inglesa.
CHARLOTTE THE HARLOT: é a primeira parte da "The Charlotte Saga", as outras músicas dessa
saga são 22 Acacia Avenue (The Number of the Beast), Hooks on You (No Prayer for the Dying) e
From Here to Eternity (Fear of the Dark). Charlotte é uma prostituta de East End, Londres. East
End fica à leste do Muro (Medieval) de Londres e ao Norte do rio Tâmisa. Foi uma das áreas que
mais sofreram com os bombardeios na segunda Guerra Mundial. Antes disso a área já era uma
das mais pobres do Reino Unido (e ainda é), onde se concentravam os imigrantes e as pessoas
que viviam nas favelas do centro, que tiveram que sair devido as construções das docas e de um
terminal ferroviário.
IRON MAIDEN: como a ministra britânica Margaret Thatcher era chamada. Também um
instrumento medieval de tortura, com lanças dentro e na porta, conforme a porta vai fechando...
bem, dá para imaginar o que acontece? Não, não dá! As lanças não atingem órgãos vitais, a
pessoa morre de asfixia ou hemorragia um tempo depois. É também aquela musica que os caras
vão tocar para sempre, por que representa perfeitamente a banda: eles fazem o público sangrar de
alegria!
Depois deste álbum o guitarrista Dennis Stratton deixa a banda e é substituído por Adrian
Smith. (texto de: Ricardo Heavyrick, [2])
1981
1. The Ides of March Steve Harris 1:46
2. Wrathchild Harris 2:55
3. Murders in the Rue… Harris 4:19
4. Another Life Harris 3:24
5. Genghis Khan Harris 3:09
6. Innocent Exile Harris 3:54
7. Killers Harris, Paul Di'Anno 5:02
8. Prodigal Son Harris 6:13
9. Purgatory Harris 3:20
10. Twilight Zone Harris, Dave Murray 2:34
11. Drifter Harris 4:51
Killers é o segundo álbum de estúdio do Iron Maiden, lançado em janeiro de 1981. Foi o
primeiro a contar com o guitarrista Adrian Smith e o último com o vocalista Paul Di'Anno, demitido
depois de problemas com suas performances nos palcos, devido a abuso de álcool e uso de
cocaína.
A abertura fica a cargo de "Ides of the March", a instrumental mais marcante da história do
IRON MAIDEN. Uma música incrível que demonstra toda a desenvoltura que a banda apresentaria
no restante do álbum.
Mas o nível não baixa. "Murders in the Rue Morge", faixa baseada no livro de mesmo nome
de Edgar Allan Poe, é agressiva e de um feeling absurdo. A velocidade é a principal característica
dessa música e a cozinha formada por Harris e Burr é impecável.
Na sequência aparece "Another Life", outra cheia de feeling e com uma interpretação
matadora de Di'Anno. Lá por 1 minuto e 45 segundos de música temos um dos melhores riffs do
álbum. Steve Harris não deixa a peteca cair por nenhum segundo, dando um bom plano de fundo
para os solos e guitarras dobradas.
"Genghis Khan" é outra instrumental matadora, onde o destaque fica para Clive Burr, que
apesar de simples mostra desenvoltura. Da metade em diante, a música toma uma nova
roupagem, tornando-se bastante melódica e com um solo absolutamente bem colocado.
"Killers" é outro clássico do disco. O baixo de Harris dita o ritmo da música, galopante e
intensa. Smith e Murray chegam ao ápice nesta música, o entrosamento imediato dos dois é
espantoso. Mas novamente Di'Anno se destaca, tudo bem que Dickinson o superaria com sobras
em técnica, carisma e personalidade, porém, Di'Anno criou algo impressionante junto com o
MAIDEN, demonstrando ser um excelente vocalista tanto neste quanto no álbum de estréia da
donzela. Sua voz é algo inconfundível e deu uma magia especial aos dois primeiros álbuns da
banda.
A semi-balada "Prodigial Son" é uma bela canção. O vocal rouco de Di'Anno encaixa-se
perfeitamente com um baixo melodioso e muito bem colocado. Com bases simples, a música
mostra-se eficiente e com solos muito harmoniosos. Mais um ponto alto do disco.
Com o pé no acelerador, "Purgatory" mantém o disco num nível excelente. Impossível não
cantar o refrão junto (Please, take me away, so far away...). Clive Burr é novamente simples, mas
preciso e conveniente, dando à música o ritmo necessário para os solos acelerados de Murray.
"Twilight Zone" tem uma veia mais Hard Rock, com riffs interessantes, mas é bem curta,
direta e sem muito a se destacar.
O álbum fecha com "Drifter". O baixo de Harris é impressionante, de uma técnica e feeling
absurdamente louváveis. Os solos são impecáveis e emocionantes, avance até 1 minuto e 25
segundos de música para entender. Enfim, um encerramento a altura de um disco excelente.
O IRON MAIDEN começava a ganhar o mundo. A produção mais apurada de Killers eleva a
banda à outro patamar. Poucas músicas deste álbum seriam aproveitadas para as apresentações
da banda mais adiante, mas sua qualidade é inegável e muitos consideram os dois álbuns com
Di'Anno no vocal a melhor fase do MAIDEN. Não sou desta opinião, mas aprecio muito essa fase
da banda e considero algumas músicas daqui de extremo bom gosto. [1]
There's some people coming down the street Havia algumas pessoas descendo a rua
At last someone's heard my call Ao menos alguém ouviu meu chamado
I can't understand why they're pointing at me Não entendo porque apontavam para mim
I never done nothing at all Eu nunca fiz nada
Well I must have got some blood on my hands Eu tenho um pouco de sangue nas mãos
Because everybody's shouting at me Porque todos estão gritando comigo
I can't speak French so I couldn't explain Não falo francês então não pude explicar
And like a fool I started running away E, como um bobo, saí correndo
And now I've gotta get away E agora tenho que fugir
from the arms of the law Dos braços da lei
All France is looking for me Toda França está procurando por mim
I've gotta find my way across the border for sure Tenho que atravessar a fronteira
Down the South to Italy No sul para a Itália
It took so long and I'm getting so tired Demorou tanto e estou ficando cansado
I'm running out of places to hide Não tenho mais onde me esconder
Should I return to the scene of the crime Devo voltar à cena do crime
Where the two young victims died? Onde as duas jovem garotas morreram?
As I lay here lying on my bed Enquanto fico aqui deitado em minha cama
sweet voices come into my head. doces vozes vêm em minha cabeça
what it is I wanna know. O que é isso? Eu quero saber.
Please won' t you tell me it's got to go Por favor não me diga que tem que ir
There' s a feeling that' s inside me Há um sentimento que está dentro de mim
telling me to get away me dizendo para ir embora
but I' m so tired of living Mas estou tão cansado de viver
I might as well end today eu devo terminar algum dia
When you weren't there to help me Quando você não estava lá para me ajudar
I lost my mind and ran Eu perdi minha cabeça e corri
I never had no trouble Eu nunca tive problema
Before this all began Antes de tudo isso começar
When you weren't there to help me Quando você não estava lá para me ajudar
I lost my mind and ran Eu perdi minha cabeça e corri
I never had no trouble Eu nunca tive problema
Before this all began Antes de tudo isso começar
The devil's got a hold on my soul O demônio tem domínio sobre minha alma
And he just won't let me be E ele simplesmente não me deixa
I'm on my knees, oh, help me, please Estou de joelhos, oh, me ajude, por favor
Oh, Lamia, please, try to help me Oh, Lamia, por favor, tente me ajudar
The devil's got a hold on my soul O demônio tem domínio sobre minha alma
And he won't let me be E ele não me deixará em paz
Lamia I've got this curse, Lamia, eu trago esta maldição,
I'm turning to bad estou me tornando mau
The devil's got a hold on my soul O demônio domina minha alma
And it's driving me mad E isto me deixa louco
Over clouds my mind will fly, Sobre nuvens minha mente irá voar
Forever now I can't think why, para sempre, agora não entendo porque
My body tries to leave my soul, Meu corpo tenta abandonar minha alma
Is it me? I just don't know. Ou sou eu? Eu não sei
I try to show her that she's never gonna be alone, Eu tento mostrá-la que ela nunca estará sozinha
Because my spirit is imprisoned Porque meu espírito está aprisionado
in the Twilight Zone. na zona do crepúsculo
Look out now baby won't you take me away, Olhe agora, baby, você não vai me levar embora?
Sitting here I think it's gonna be a new day. Sentando aqui penso que será um novo dia
Gonna get my song 'til I can't go on, Vou pegar minha música até não poder mais
Gonna keep on roaming gotta sing my song. Vou continuar vagando vou cantar minha música
What you feeling when you hold me tight, O que você sente quando me abraça apertado?
Gonna cuddle up to you tonight. Vou aconchegar em voce hoje à noite,
Gonna get you feeling so secure. vou te fazer sentir tão segura
Listen child, don't you see there's a cure. Ouça, criança, não vê que existe uma cura?
Anywhere got to get you away, Em qualquer lugar, te levar para longe
Feels so good, think it's gonna be a new day. É tão bom, acho que vai ser um novo dia.
Gonna get my song 'til I cant go on, Vou pegar minha música até não poder mais
Gonna keep on roaming gotta sing my song. Vou continuar vagando vou cantar minha música
What you feeling when you hold me tight, O que você sente quando me abraça apertado?
I wanna cuddle up to you tonight. Vamos nos acariciar hoje à noite,
Gonna get you feeling so secure. vou te fazer sentir tão segura
Listen child, don't you see there's a cure. Ouça, criança, não vê que existe uma cura?
Anywhere got to get you away, Algum lugar onde você ache seu caminho.
Feels so good, think it's gonna be a new day. É tão bom, acho que vai ser um novo dia.
Gonna get my song 'til I cant go on, Vou pegar minha música até não poder mais
Gonna keep on roaming gotta sing my song. Vou continuar vagando vou cantar minha música
Gonna sing my song yeah, Vou cantar minha canção yeah,
And it won't take long. E não vai demorar muito.
Gonna sing my song yeah, Vou cantar minha canção yeah,
Won't you sing along. Você não vai cantar junto?
I wan't you to sing it, Eu quero que você cante,
sing it, sing it, sing it along. Cante, cante, cante, cante bastante.
THE IDES OF MARCH: apesar de ser uma música instrumental, Ides of March (Idos de Março)
era uma expressão usada pelo antigo império romano para referir o 15° dia de cada mês, muito
provavelmente usado para marcar a lua cheia. A palavra ides vem do latim “Idus”que quer dizer
metade (usada para datas e calendários). Os Idos de Março também ficaram conhecidos por terem
sido festejados e dedicados à Marte, o deus romano da guerra. No calendário romano então, os
“Idos de Março” correspondia ao dia 15, data em que Julio Cesar foi traído e assassinado pelos
senadores romanos, em 44 AC (de acordo com Plutarco, foram 23 facadas e 60 foram os
conspiradores liderados por Brutus e Cássio).
"Beware of Ides of March" (Cuidado com os Idos de Março), é o que um vidente teria dito a
Julio Cesar, dias antes de sua morte. Claro, nas palavras de Shakespeare! (em A Tragédia de
Julio Cesar, 1599)
WRATHCHILD: pode ser interpretada como a história do filho de uma prostituta procurando pelo
seu pai. Uma nova expressão para son of a bitch! A criança está com raiva e procurando por todo
lugar. Quem não estaria?!
MURDERS IN THE RUE MORGUE: nome de um conto de Edgard Allan Poe, escritor
estadunidense nascido em Boston (1809-1849), um dos precursores da ficção científica moderna.
Este conto fala sobre assassinatos de mulheres na rua Morgue, uma rua fictícia (pelo menos
não achei no google mapas!). O investigador Durpin é quem desvenda estes crimes.
ANOTHER LIFE e INNOCENT EXILE: parecem seguir a história da música anterior. Na primeira,
uma voz pede para morrer, e na outra o personagem foge por ser acusado de um crime que não
cometeu.
GENGHIS KHAN: não fala de nada (talvez por ser instrumental!), porém tem muita história. O Cã
dos Clãs, Temujin (1162-1227), foi o maior conquistador de terras da história. Morreu dizendo não
ter atingido seu verdadeiro objetivo: faltou tempo suficiente para conquistar todo o mundo!
PRODIGAL SON: tem uma conotação cristã e de mitologia Grega. Na música, o personagem fala
para Lâmia que cometeu muitos erros, foi possuído por Lu (vulgo capeta) e estava tornando-se
mau. Na bíblia, em Lucas 15 11:32, há a Parábola do Filho Pródigo, que é parecido com o que está
na letra: um filho que tinha tudo, gasta com bebidas, mulheres e Texas Hold'em e volta arrependido
para a casa do pai.
Lâmia por sua vez, era filha de Posêidon e rainha da Líbia. Estava tudo bem na vida dela,
até ela conhecer Zeus (o Deus safadão). Como de costume, Zeus a "persuadiu" e eles tiveram
muitos filhos. Um belo dia, Hera descobriu o novo casinho do maridão, matou as crianças de
Lâmia, fez com que os olhos dela jamais se fechassem, algumas versões dizem que Hera a
transformou em um monstro. Lâmia ficou louca e começou a devorar crianças. Zeus, penalizado,
deu a ela a habilidade de tirar os próprios olhos para que ela sofresse menos com o que teria que
ver.
PURGATORY: é um remake de uma música que o Maiden já tinha. O purgatório, segundo a lenda
cristã, não é bem um lugar, mas uma condição temporária de sofrimento pós-morte para alcançar a
salvação.
TWILIGHT ZONE: tem relação com as demais quando ele diz que quer sair do purgatório, que ele,
morto, chama por ela e espera que ela morra logo, pois ele está tão só... Eta amor doentio, meu! O
termo técnico pra isso não seria encosto?!
DRIFTER: encerra este grande álbum, com um toque de esperança nos novos dias e novas
aventuras. Ufa, ainda bem!
The Number of the Beast é o terceiro álbum de estúdio da banda. Foi lançado em março de
1982 pela EMI e Capitol Records. The Number of the Beast marcou a estreia do novo vocalista
Bruce Dickinson, que entrou para o lugar de Paul Di'Anno, e o último álbum com o baterista Clive
Burr.
Particularmente nos Estados Unidos, o álbum criou grande controvérsia por utilizar temáticas
religiosas em algumas das composições e na arte da capa, o que acabou por trazer uma espécie
de publicidade gratuita para a banda, alavancando ainda mais o seu sucesso.
Já na primeira faixa, "Invaders", a banda mostra à que veio. O entrosamento das guitarras
de Adrian Smitth e Dave Murray é monstruoso, Clive Burr se mostrava cada vez mais preciso e
agressivo, Steve Harris já se tornava um dos maiores baixistas do Heavy Metal, com sua técnica
apurada, velocidade e feeling estonteantes, e Bruce Dickinson mostra que definitivamente vinha
para ficar, sua interpretação e personalidade davam vida as letras de Harris, e sua técnica vocal
deu mais liberdade criativa aos demais músicos. A letra fala sobre uma batalha entre Vikings e
Saxões, na qual os Vikings saíram vitoriosos.
"The Prisioner", é um verdadeiro petardo. Direta e com um refrão grudento cantado com o
apoio dos backing vocals, ela pega o ouvinte de surpresa com sua levada mais Hard, sem muitas
frescuras. O baixo de Harris novamente impressiona com sua versatilidade. Sua letra é baseada na
série de mesmo nome, inclusive tendo sua introdução tirada de um diálogo da mesma.
"22 Acacia Avenue" é a mais pesada do álbum e a melhor (na minha opinião), figurando
facilmente entre as melhores da banda. O riff inicial é empolgante, e o solo melancólico de Adrian
Smith está entre os melhores da história da banda. A letra também é marcante e fala novamente
sobre a prostituta Charlotte, já citada na música "Charlotte the Harlot", do primeiro disco. Uma
música empolgante do inicio ao fim, onde todos os músicos se destacam individual e
coletivamente.
"The Number of the Beast" é uma das músicas mais importantes da história da banda.
Apesar de uma letra não tão interessante, ela causou polêmica na época. Por causa do álbum e
desta música, a banda foi acusada de incitar o culto ao demônio, quando tudo não passava de
diversão para os músicos, que aproveitavam o marketing gerado pelas críticas de forma a
venderem ainda mais cópias do álbum. A introdução narrada por Barry Clayton é um dos pontos
altos nos shows da banda, e o riff inicial também é um dos mais conhecidos do Heavy Metal.
"Run to the Hills", o maior 'hit' do álbum e presença confirmada em todos os shows da
banda, especialmente no 'bis'. A famosa levada de bateria e riffs que introduzem a música chamam
a atenção já de cara, o refrão é daqueles que não saem da cabeça, mas o ritmo galopante imposto
por Harris e Burr ao restante da música é que a tornam incrivelmente empolgante. A letra fala
sobre a invasão da América do Norte pelos europeus e a morte dos índios que lá habitavam.
"Gangland" é a que menos se destaca, pois soa um pouco forçada, mas possui um refrão
interessante e melhora com o decorrer da música. Essa faixa poderia ter sido facilmente
substituída por Total Eclipse, que ficou deixada como lado B de um Single, como sobra de estúdio.
"Total Eclipse" é uma música bastante cadenciada, mas não menos empolgante o restante do
álbum. A música dá uma acelerada em certo momento, mas Dickinson a torna realmente
interessante com sua interpretação por volta de 3 minutos e 5 segundos de execução.
O desfecho se dá com a épica "Hallowed be thy Name", outro grande clássico onde Harris
pela primeira vez apresenta um estilo que adotaria, muitas outras vezes, em álbuns mais recentes
da banda: introdução lenta seguida de uma música bombástica. Porém, nesta primeira experiência
neste estilo, tudo se encaixa na medida certa, tornando-a uma das músicas preferidas dos fãs. A
letra é magnífica, demonstrando mais este talento incrível da dupla Harris e Dickinson, e conta a
história de um homem prestes a ser mandado para a forca.
They're coming over the hill Eles estão vindo das colinas
They've come to attack Eles estão vindo para atacar
They're coming in for the kill Eles estão vindo para a matança
There's no turning back Não há como voltar
Invaders... Fighting Invasores... lutando
Invaders... Marauding Invasores... saqueando
He's walking like a small child Ele está andando como uma pequena criança
But watch his eyes burn you away Mas veja os olhos dele queimarem você
Black holes in his golden stare Buracos negros em seu olhar dourado
God knows he wants to go home Deus sabe que ele quer ir para casa
Children of The Damned Filhos da condenação
… ...
He's walking like a dead man Ele está andando como um homem morto
If he had lived Se ele tivesse vivido
he would have crucified us all teria crucificado a todos nós
Now he's standing on the last step Agora ele está parado no último degrau
He thought oblivion, well it beckons to us all Ele esquece de tudo e acena a nós todos
Children of The Damned Filhos da condenação
… ...
Now it's burning his hands, he's turning to laugh Agora que queima sua mão, ele se vira para rir
Smiles as the flames sear his flesh Sorri enquanto a chama consome sua carne
Melting his face, screaming in pain Derretendo sua face que grita de dor
Peeling the skin from his eyes Arrancando a pele de seus olhos
Watch him die according to plan Veja-o morrer de acordo com o plano
He's dust on the ground, what did we learn Ele é poeira no chão, o que nós aprendemos?
I'm on the run, I'll kill to eat, Correndo, matar para comer
Starving now, feeling dead on my feet. Você está faminto, morto embora de pé
Going all the way, I'm nature's beast. Se tornando um animal
Do what i want, I do as i please. Faça o que quero e como peço
Run, you've gotta fight, to breathe, it's tough. Corra, lute, respirar é difícil
Now you see me, now you don't. Agora você me vê, agora não
Break the walls, I'm coming out. Quebre as paredes, eu estou saindo
I'm not a prisoner, I'm a free man, Eu não sou um prisioneiro, sou um homem livre
And my blood is my own now. E meu sangue me pertence agora
Don't care where the past was, Não importa onde estava o passado
I know where I'm going...out. Eu sei para onde estou indo... para fora
If you kill me, it's self defence. Se você me matar é defesa própria
If I kill you, then I call it vengeance. Se eu te matar eu chamo isso de vingança
Spit in your eye, I will defy. Cuspo no seu olho, eu desafio
You'll be afraid Você vai estar com medo
when I call out your name. quando eu chamar o seu nome
Run, you've gotta fight, to breathe, it's tough. Corra, lute, respirar é difícil.
Now you see me, now you don't. Agora você me vê, agora não
Break the walls, I'm coming out. Quebre as paredes, eu estou saindo
I'm not a prisoner, I'm a free man, Eu não sou um prisioneiro, sou um homem livre
And my blood is my own now. E meu sangue me pertence agora
Don't care where the past was, Não importa onde estava o passado
I know where I'm going. Eu sei para onde estou indo.
If you're waiting for a long time Se você está esperando por um longo tempo
for the rest to do their piece os outros acabarem
You can tell her that you know me Você pode dizer a ela que você me conhece
and you might even get it free e talvez você leve de graça
So any time you're down the east end Então toda vez que estiver no lado oeste
don't you hesitate to go não hesite em ir
You can take my honest word for it Você tem minha palavra de honra
she'll teach you more than you can know ela vai te ensinar mais do que você pode saber
Charlotte can't you get out Charlotte você não pode se afastar
from all this madness de toda essa loucura?
Can't you see it only brings you sadness Não consegue ver que isto só te traz tristeza?
When you entertain your men Quando você distrai seu homens
don't know the risk of getting disease não sente o risco de pegar doenças?
Some day when you're reaching Algum dia quando você chegar
the age of forty a idade de 40 anos
I bet you'll regret the days Aposto que você vai lamentar os dias
when you were laying Quando estava mentindo
Nobody then will want to know Então ninguém mais vai querer saber
You won't have any beautiful wares Você não terá mais coisas bonitas
to show any more para mostrar nunca mais
22, the avenue that's the place where we all go 22, a avenida que é o lugar onde todos vamos
You will find it's warm inside the red Você vai achar aconchegante lá dentro as luzes
Lights burning bright tonight vermelhas brilhando à noite
Charlotte isn't it time you stopped Charlotte, não é hora de você parar
this mad life com essa vida louca
Don't you ever think about the bad times Você nunca pensa nos tempos ruins?
Why do you have to live this way Porque você tem de viver desta forma?
Do you enjoy your lay or is it the pay Você gosta de sua vida ou é pelo dinheiro?
You believe that because what you're earning Você acredita nisso porque é o que tem ouvido
Your life's good don't you know Sua vida é boa, não sabe
that you're hurting que está machucando
All the people that love you Todas as pessoas que te amam,
don't cast them aside não os deixe de lado
All the men that are constantly Todos os homens que estão constantemente
drooling gracejando
It's no life for you Não é vida para você,
stop all that screwing pare com toda essa maluquice
You're packing your bags Você faz suas malas
and you're coming with me e você vem comigo
"Woe to you, oh, earth and sea "Ai de vós, oh, terra e mar
For the devil sends the beast with wrath Pois o demônio envia a besta com ódio
Because he knows the time is short Porque ele sabe que o tempo é curto
Let him who hath understanding reckon Deixe aquele que compreende reconhecer
The number of the beast O número da besta
for it is a human number porque é um número humano
Its number is six hundred and sixty six" Seu número é seiscentos e sessenta e seis"
I left alone, my mind was blank Saí sozinho, minha mente estava vazia
I needed time to think to Precisava de tempo para pensar e para
Get the memories from my mind Tirar as memórias de minha mente
Just what I saw, in my old dreams O que eu vi, nos meus sonhos antigos
Were they reflections of my warped mind Eram reflexos da minha mente distorcida
Staring back at me Olhando para mim
'Cause in my dreams, it's always there Porque nos meus sonhos, está sempre lá
The evil face that twists my mind and brings A face do mal que retorce minha mente e
Me to despair Me leva ao desespero
This can't go on, I must inform the law Isto não pode continuar, devo informar a lei
Can this still be real or just some crazy dream Pode ainda ser real ou apenas um sonho louco?
But I feel drawn towards Mas me sinto atraído
the chanting hordes pelas hordas que cantam o mal
They seem to mesmerize Elas parecem hipnotizar
Can't avoid their eyes Não posso evitar seus olhos
666, the number of the beast 666, o número da besta
666, the one for you and me 666, o único pra você e pra mim
White man came across the sea O homem branco veio pelo mar
He brought us pain and misery Nos trouxe dor e miséria
He killed our tribes, he killed our creed Matou nossas tribos, matou nossas crenças
He took our game Levaram nossa caça
for his own need para sua própria necessidade
We fought him hard, we fought him well Nós lutamos duramente, nós lutamos bem
Out on the plains, we gave him hell Nas planícies, demos-lhe o inferno
But many came, too much for Cree Mas muitos vieram, demais para Cree
Oh, will we ever be set free? Oh, será que algum dia estaremos livres?
Riding through dustclouds Cavalgando por nuvens de poeira
and barren wastes e desertos áridos
Galloping hard on the plains Galopando bravamente pelas planícies
Chasing the redskins Perseguindo os peles-vermelhas
back to their holes de volta em seus buracos
Fighting them at their own game Combatendo-os em sua próprio jogo
Murder for freedom, Assassine pela liberdade,
a stab in the back uma apunhalada nas costas
Women and children and cowards attack Mulheres, crianças e covardes atacam
Run to the hills, run for your lives Corram para as colinas, corram por suas vidas
Run to the hills, run for your lives Corram para as colinas, corram por suas vidas
Soldier blue in the barren wastes Soldado azul nos desertos áridos
Hunting and killing for game Caçando e matando por diversão
Raping the women Estuprando as mulheres
and wasting the men e arruinando os homens
The only good Indians are tame Os únicos índios bons estão domados
Selling them whisky and taking their gold Vendendo uísque e levando o seu ouro
Enslaving the young Escravizando os mais jovens
and destroying the old e matando os velhos
Run to the hills, run for your lives Corram para as colinas, corram por suas vidas
… ...
Shadows may hide you but also Sombras podem esconder, mas também
may be your grave. podem ser sua sepultura.
You're running today Você está correndo hoje
maybe tomorrow you'll be saved. talvez amanhã você seja salvo.
You pray for daylight to save you Você reza para que a luz do dia te salve
for a while. por algum tempo.
You wonder if your children will face Você se pergunta se seus filhos
the killer's smile. verão o sorriso do assassino.
Face at the window leers into your own. Olhe para a janela e veja dentro de ti
But it's only your reflection, Mas é apenas seu reflexo,
still you tremble in your bones. mesmo que você tenha tremido.
How long can you hide? Quanto tempo você pode se esconder?
How long 'til they come? Quanto tempo até eles chegarem?
A rat in a trap Um rato em uma armadilha
but you've got to survive. mas você tem de sobreviver
A knife at your throat, another body on the pile. Uma faca em sua garganta, outro corpo na pilha
A contract to keep Um contrato para manter
and it's service with a smile. e é feito com um sorriso
Murder for vengeance Assassinato por vingança
or murder for gain. ou assassinato por lucro
Death on the streets or a blacked out jail. Morte nas ruas ou uma cela escura
Sunrise has gone freezing up the fires. O sol não nasceu, congelando todos os fogos
Sunrise has gone numbing our desires. O sol não nasceu, paralisando todos os desejos
Around the world the people stop, Ao redor do mundo as pessoas param
With terror stricken eyes. com o terror nos olhos
A shadow cast upon them all, Uma sombra ao redor de todos
To crush them like a fly. para apanhá-los como moscas
In the icy rain and whiplashed seas, Na chuva de gelo e mares agitados
There's nowhere left to run. não existe lugar para correr
The hammer blows of winter fall Uma martelante queda do inverno acontece como
like a hurricane. um furacão
Around the world the nations wait, Ao redor do mundo as nações esperam
For some wise word from their leading light. Por algumas palavras sábias da liderança
You know it isn't only madmen Você sabe que não são apenas loucos
who listen to fools. que ouvem os idiotas
Is this the end, the millions cried, Será o fim? Milhões gritaram
Clutching their riche Agarrando-se às suas riquezas
as they died. enquanto morriam.
Those who survive Os que sobreviverem
must weather the storm. devem vencer a tempestade
Gone are the days when man Acabados estão os dias em que os homens
looked down. olhavam para baixo
They've taken away his sacred crown. Eles retiraram a coroa sagrada
To be set free, it took so long. Para serem livres, isso demorou tanto
It's not journeys' end, it's just begun. Não é o fim da jornada, é apenas o início.
When the priest comes to read me the last rites Quando o padre vem me ler os ritos finais
I take a look through the bars Eu dou uma olhada através das grades
at the last sights numa última visão
Of a world that has gone very wrong for me De um mundo que deu muito errado para mim
Can it be that there's some sort of error Será que pode ter havido algum tipo de erro?
Hard to stop the surmounting terror É difícil controlar o terror que me vence
Is it really the end, not some crazy dream? Será realmente o fim, e não um sonho louco?
Somebody please tell me that I'm dreaming Alguém por favor me diga que estou sonhando
It's not so easy to stop from screaming Não é tão fácil parar de gritar
But words escape me when I try to speak Mas palavras me escapam quando tento falar
Tears flow but why am I crying Lágrimas rolam, mas porque estou chorando?
After all I'm not afraid of dying Afinal eu não tenho medo de morrer
Don't I believe that there never is an end Não acredito eu que nunca há um fim?
As the guards march me out to the courtyard Enquanto os guardas me conduzem ao pátio
Somebody cries from a cell Alguém grita de uma cela
"god be with you" "Deus esteja com você"
If there's a god then Se existe um Deus,
why has he let me go? porque ele me deixa morrer?
Este é um dos melhores álbuns de heavy metal do planeta (diria da Via Láctea e
adjacências!) de todos os tempos. Uma pequena mudança na banda acontece. Pequena mesmo, o
inglesinho de 1,68m, Paul Bruce Dickinson entra no lugar de Paul Di'Anno. E a história da música
passa a existir como AB/DB!
INVADERS: fala sobre a invasão dos Vikings na Inglaterra. Os Vikings são uma antiga civilização
nórdica, da escandinávia (Suécia, Noruega e Dinamarca). Além de colonizadores e comerciantes,
eram também conquistadores e engajaram-se na conquista dos demais territórios europeus como a
França, Bretanha e ilhas do Atlântico Norte, tendo seu apogeu nos séculos VIII e IX.
Depois disso foi aquela velha bagunça de povo conquistando povo: os ingleses recuperaram
o território, depois perderam de novo para os dinamarqueses que depois perderam para os
normandos (que eram vikings franceses por assim dizer).
CHILDREN OF THE DAMNED: é resultado de duas obras televisivas vistas por Harris, “Village of
the Damned” e “Children of the Damned”, filme de ficção científca lançado em 1964 pelo diretor
Anton Leader, que tratam de crianças com poderes psíquicos.
Dizem também que Bruce Dickinson afirmou, em seu antigo programa na Radio 6 BBC, ser
esta música inspirada pela faixa “Children of the Sea”, do Black Sabbath na fase Ronnie James
Dio.
THE PRISONER: baseada em uma série de TV dos anos 60, estrelada por Patrick McGoohan.
Na série, o agente abandona o serviço secreto britânico e é preso quando chega em casa.
Ele é levado para “The Village” onde os nomes são trocados por números. Ele é o número 6. Na
medida que o sujeito avança na hierarquia, seu número diminui até o 1, que manda no lugar.
A intro da música "We want information, information, information Who are you? The new
number two. Who´s number one? You are number six. I´m not a number ya. I´m a free man!
Hahahahaha!" faz parte do segundo capítulo do seriado, The Chimes Of Big Ben.
22 ACACIA AVENUE: segue com a saga da prostituta Chartlotte, que começou lá no primeiro
álbum. Acacia Avenue dá nome para mais de 60 ruas no Reino Unido. A Acacia Road mais
próxima onde Steve Harris nasceu, Leytonstone, fica em Hornchurch.
THE NUMBER OF THE BEAST: para entender a motivação que levaria o Iron Maiden a escrever
uma música mencionando um ritual satânico sem muito rodeio, precisamos voltar um pouco no
tempo. Os anos 70 foram os anos do rock progressivo. Era o ápice do eruditismo no rock. Bandas
como Pink Floyd e Jethro Tull incorporavam temas e instrumentos eruditos em suas músicas
conceituais. Paralelamente, o Hard Rock e o Heavy Metal estavam consolidados na imagem de
Bandas como o Led Zeppelin e o Deep Purple.
Não é incomum na arte que um novo estilo seja radicalmente oposto ao anterior, isso
também ocorre no rock. Na metade dos anos 70 nascia o Punk Rock, um estilo agressivo
caracterizado pela radicalização política e a filosofia do “faça você mesmo”. Porém, quando o punk
começou a se firmar no cenário inglês, o heavy metal ameaçava ser deixado de lado, mas a
resposta veio à altura, nascia o New Wave of British Heavy Metal.
O NWOBHM trazia de volta alguns elementos do heavy metal que já eram praticado nos
anos 70, mas incrementava com tempos mais rápidos e som mais pesado, e mesmo alguns
elementos do punk. Era um estilo jovem, condizente com aquele momento de transição tanto
musical quanto político. Foi o NWOBHM que possibilitou estilos de metal mais extremos como o
thrash metal e o death metal.
Inserido no NWOBHM, o Iron Maiden se diferenciava das outras bandas de sua época.
Enquanto as outras bandas cantavam sobre política, sexo e drogas, a banda de Steve Harris
estava cantando sobre história (Genghis Khan) e literatura (Phantom of the Opera), ainda que, no
começo da banda, fosse possível perceber as influencias de sua época. No single Sanctuary
vemos o Eddie assassinando a então primeira-ministra Margaret Thatcher.
Outro fator importante a ressaltar é que, nos anos 80, o histórico da religião contra o rock era
bem recheado. A igreja se posicionava contra este estilo de música desde a época dos Beatles, e
nada melhor para incentivar alguém do que proibí-lo. Citações e críticas a elementos religiosos
cresceram no rock de forma vertiginosa após John Lennon dizer que era mais famoso que Jesus.
As críticas vão desde o “no religion too” da musica “Imagine”, do próprio Lennon, até bandas
declaradamente satânicas de black metal. Mas é importante saber separar as coisas, algumas
vezes os elementos religiosos não são utilizados como crítica, apenas como elementos de terror.
Nada melhor que o sobrenatural para criar um ambiente de horror na arte. Ninguém
estranhou a explicação para os primeiros filmes de George A. Romero para os zumbis. A lógica era
simples, o inferno estava lotado, os mortos não tinham outro lugar para andar que não fosse a
própria terra!
O terror como gênero artístico ajudou a fundar o Heavy Metal. O Black Sabbath com suas
letras sombrias, fazendo referencias a rituais pagãos, moldaram muito do que seria a estética do
Metal. Mesmo quando não relacionados com religião, os temas como morte, violência, ocultismo
são marcantes no gênero até hoje. A donzela de ferro teve como um de seus principais méritos não
se deixar levar pela onda minimalista de sua época, mas produzir músicas contestadoras de
formas variadas, com um pouco do eruditismo dos anos 70 em suas composições.
Aparentemente, (entenda: “eu li na Wikipédia que...”) uma das inspirações de Steve Harris
na composição de The Number of the Beast é um poema escrito no fim do século XVIII chamado
Tam o' Shanter, do escritor escocês Robert Burns (1759 - 1796).
O poema, escrito em escocês misturado com inglês, fala de uma visão de Tam o'Shanter
voltando para casa depois de muito tempo em um pub, deparou com bruxas fazendo um ritual
sombrio, então foi perseguido e morto por uma delas.
A semelhança mais marcante com a música do Iron Maiden é o fato de ser um poema
narrativo, ou seja, um poema com enredo, um conceito que é muito utilizado no heavy metal até
hoje. Talvez os críticos religiosos não tenham percebido que nem sempre as músicas querem
convencer o ouvinte de algo. Quem ouve metal sabe que é normal uma música apenas contar uma
boa história, porém, se analisamos uma obra de forma parcial, com uma leitura direcionada,
encontraremos mensagens satânicas até na música dos Bananas de Pijamas!
A introdução contém duas passagens da bíblia, Apocalipse 12:12 e 13:18, narrada por Barry
Clayton, um locutor da rádio Capital 95.8, que ainda funciona e tem o slogan: “the uk's no.1 hit
music station”.
Não sabemos o que pode ter passado exatamente na cabeça de Steve Harris quando ele
compôs um dos principais clássicos do rock. Talvez até possa ter sido inspiração do Cão Sarnento
Chupador de Manga (vulgo “Lú”), mas olhar para esta pérola sonora com tal preconceito, pode
privar uma experiência musical única.
RUN TO THE HILLS: a música fala das guerras que os colonos americanos travaram com os
nativos dos EUA. É interessante como a letra é informativa e ao mesmo tempo sonora. Não é fácil
narrar eventos históricos sem dar uma de professor, mas isso Steve Harris consegue fazer muito
bem. Até dá pra imaginar as cenas dos cruéis soldados queimando vilas e matando Índios.
Antes dos Ingleses chegarem, a América do Norte era dividida por várias tribos, em geral,
caçadoras e coletoras. Diferentemente das civilizações da América central e dos Andes, eles não
tinham escrita nem grandes cidades, mas eram povos complexos, com rituais e mitos
diversificados, além de diversas formas de organização social. A base, entretanto, segue a lógica
tribal do poder aos mais velhos, divisão do trabalho entre homens e mulheres e muitos rituais de
passagem.
Ouvimos falar que a facilidade dos espanhóis em destruir toda a civilização ameríndia veio
da diferença cultural das duas civilizações, e isso teria causado a errada impressão que os
espanhóis eram deuses. Apesar de realmente haver profecias de alguns povos sobre deuses
vindos do mar e, em alguns lugares (como no Havaí), realmente os brancos terem sido tratados
como representações de divindades, só isso é muito pouco para justificar o fim de uma civilização
tão numerosa. O fator principal da vitória dos europeus deve-se, além da superioridade militar, à
determinação em conquistar a América a qualquer custo. Os espanhóis foram tão cruéis em suas
ações e tão mesquinhos em suas estratégias e traições, que um povo mais espiritual como os
nativos da América não estavam preparados para enfrentar. A forma como eles tratavam os
escravos e destruíam as vilas deixaram perplexos o povo que viveu tanto tempo isolado.
Voltando para a música, ela mostra o lado norte-americano da conquista e exprime muito
bem o horror que nós brancos podemos causar quando achamos necessário. Apesar de os
americanos terem sido famosos em sua luta pela liberdade e pela democracia, eles não mediram
esforços para tomar as terras indígenas e praticar um genocídio no processo. O pensamento de
tomar à força o que interessa não é exclusividade dos americanos. Até o fim da segunda guerra
mundial, ainda se acreditava que o europeu colonizador estava levando civilização aos nativos.
GANGLAND: parece falar sobre um ex-gangster apavorado pelo seu passado. Falando em gangs,
nos EUA existem dados que tratam apenas dos perfis dos gangsters, que constam no National
Gang Center, subordinado a BJA (Bureau of Justice Assistence).
TOTAL ECLIPSE: descreve um eclipse total, onde todos ficam aterrados de medo diante da
escuridão total.
HALLOWED BE THY NAME: por fim, esperando em sua cela, sem muito tempo para pensar na
vida passada, pois às 5 horas o levarão para a forca, os sinos começam a tocar. As areias do
tempo vão acabando, devagar... E assim termina a narração de um pré- enforcamento!
Após este álbum o baterista Clive Burr deu lugar a Nicko Mcbrain. A banda faz mais sucesso
ainda e parte para a maratona de álbuns e tours pelo mundo. Mas é só o começo do sucesso da
Donzela!
Piece of Mind é o quarto álbum de estúdio do Iron Maiden, lançado em 16 de maio de 1983.
Ele marca a entrada do baterista Nicko McBrain na banda. O álbum mantém o estilo pesado de
The Number of The Beast, mas com um pouco mais de técnica, e suas letras começam a definir
melhor o perfil de músicas mais trabalhadas e com mais conceito, falando de guerras e temas de
filmes e livros (o que já acontecia desde os primeiros álbuns, mas em escala menos significativa).
Dois singles foram lançados, "Flight of Icarus" e "The Trooper", com a segunda se tornando
uma das canções mais conhecidas da banda. Piece of mind significa pedaço da mente (daí a capa
ser Eddie pós-lobotomia), e é um trocadilho com a expressão inglesa "peace of mind" que significa
"paz de espírito".
Deste álbum saíram tantos clássicos quanto de seu antecessor. Trata-se de um disco muito
mais técnico que os anteriores, com músicas mais longas e trabalhadas. As melodias são
marcantes, mas o peso é constante. Costumo dizer que este é o trabalho que define a sonoridade
do IRON MAIDEN, servindo de base para tudo que eles fariam dali pra frente
A sequência inicial das músicas é uma das mais interessantes da história do Heavy Metal,
contando com cinco verdadeiros hinos da música pesada: "Where Eagles Dare", "Revelations",
"Flight of the Icarus", "Die With Your Boots On" e "The Trooper".
"Where eagles dare" inicia o desfile de clássicos e já de cara Nicko McBrain mostra por que
foi escolhido para substituir Burr. Sua técnica, mais apurada que a do ex-baterista, e seu
entrosamento imediato com Steve Harris, permite a banda dar mais peso e variedade às músicas.
Esta é uma das faixas mais pesadas da história da banda e relata um ataque a uma base nazista
no alto de uma montanha, durante a Segunda Guerra Mundial.
Na sequência, a cadenciada mas não menos pesada "Revelations", mantém o nível elevado
do disco. As melodias e riffs marcantes envolvem a música num clima soturno, mas o destaque fica
por conta de Bruce Dickinson, que apresenta nesta música a sua melhor interpretação na carreira
da Donzela, sendo também sua primeira composição para a banda. Impossível não imaginá-lo
cantando-a, a plenos pulmões, com sua postura e carisma já característicos.
Quando você ouve "Flight of the Icarus", pode perceber como uma banda competente
transforma uma música comercial em uma canção fantástica e envolvente. Apesar do andamento e
arranjos simples, esta é uma das faixas mais conhecidas da banda. O refrão demora a sair da
cabeça. A letra também é clássica e fala sobre o personagem mitológico Ícaro e seu desejo de voar
até tocar o sol ("Fly, on your way, like an eagle. Fly as high as the Sun On your way, like an eagle.
Fly, touch the Sun").
"Die with your boots on" tem um dos riffs mais legais do álbum e é uma música mais rápida,
com influências do Classic Rock. A música mantém o ritmo empolgante do disco especialmente
nas levadas empolgantes de Steve Harris, que imprime um feeling inacreditável à música.
"The Trooper" é o maior clássico do disco e presença confirmada nos shows da banda.
Nesta música a banda chega ao ápice do seu entrosamento. As guitarras dobradas dão o tom da
música, seu ritmo galopante imprimido pela harmonia perfeita entre baixo e bateria e refrão forte
tornam-na uma das mais empolgantes do álbum. A capa do 'single' tornou-se conhecida
mundialmente, sendo estampada de capas de cadernos a camisas.
Apesar das cinco faixas já citadas serem clássicos absolutos, a sequência final mantém a
qualidade indiscutível do álbum. "Still Life" inicia com uma brincadeira com as mensagens
invertidas que eram encontradas quando rodados os discos ao contrário, muito comuns na época e
acusadas de serem utilizadas para fazer apologia ao satanismo. A música em si é mais leve que as
demais, mas não menos empolgante. Alguns toques progressivos podem ser notados
especialmente em seu inicio. O refrão também é divertido, com Dickinson utilizando efeitos que
alteram sua voz.
"Quest for Fire" é considerada por muitos a música menos interessante de "Piece of Mind",
mas... seu ritmo lembra uma marcha, e a interpretação de Dickinson é novamente soberba, e as
guitarras de Smith e Murray são impecavelmente precisas.
Com o pé no acelerador, "Sun and Stell" é a mais rápida do disco e seu refrão é o melhor de
todo o álbum. A esta altura você já se pega perguntando como uma banda consegue colocar tantos
refrões grudentos e empolgantes em um mesmo disco.
Por fim, "To Tame a Land" define, assim como "Hallowed be thy Name" do "The Number of
the Beast", uma tradição que a banda adotaria em quase todos os seus discos: encerrá-los com
uma música épica e cheia de variações. Em toda sua extensão podemos notar melodias marcantes
e riffs fortes, mas novamente Burce Dickinson é o destaque. A letra baseada no livro 'A Duna' de
Frank Herbert é interpretada com maestria pelo vocalista, e a parte instrumental imprime o clima
exato para a canção. Apesar de tanta qualidade, a música nunca foi utilizada ao vivo pela banda.
Mais um clássico na história de uma das mais importantes bandas do Heavy Metal, que
possuí uma qualidade tão linear que fica difícil destacar uma ou outra canção. O disco é constante,
sem momentos ruins. Aprecie sem moderação! [1]
It's snowing outside, the rumbling sound Está nevando lá fora, o som retumbante
of engines roar in the night de motores rugindo na noite
The mission is near A missão está próxima,
the confident men os homens companheiros
are waiting to drop from the sky esperam para pular do céu
The Blizzard goes on, but still they must fly A nevasca continua mas eles precisam voar
No one should go where eagles dare Ninguém pode ir aonde as águias ousam voar
Bavarian Alps that lay all around Os alpes da Bavaria que se estendem em volta
They seem to stare from below parecem olhar lá de baixo
The enemy lines a long time passed As linhas inimigas, após muito tempo
Are lying deep in the snow estão enterradas fundo na neve
Into the night they fall through the sky Na noite eles caem atravessando o céu
No one should fly where eagles dare Ninguém pode voar onde as águias ousam voar
Their closing in, Eles estão se aproximando,
the fortress is near a fortaleza está próxima
It's standing high in the sky está esperando lá no alto do céu
The cable car's the only way in O bonde de cabo é a única forma de entrar
it's real impossible to climb é realmente impossível subir
They make their way, but maybe too late Eles abrem caminho mas talvez muito tarde
They've got to try and save the day Eles tem de tentar ganhar o dia
The panicking cries, the roaring of guns Os gritos de pânico, o rugir das armas
Are echoing all around the valley estão ecoando por todo o vale
The mission complete, they make to scape A missão completa, eles tentam escapar
Away from the Eagles Nest do ninho da águia
They dared to go where no one would try Eles ousaram ir aonde ninguém tentaria
They chose to fly Eles escolheram voar
where eagles dare onde as águias ousam
She came to me with a serpents kiss, Ela veio até mim com um beijo traiçoeiro
As the Eye of the Sun Enquanto o "Olho de Rá"
rose on her lips. surgiu em seus lábios
Moonlight catches silver tears I cry. O luar apanha as minhas lágrimas prateadas
So we lay in a black embrace, Então nos entregamos a um abraço de luto
And the Seed is sown in a holy place, E a semente é plantada em um lugar santo
And I watched and I waited Fiquei observando e esperei
for the dawn. pelo amanhecer
The light of the Blind - you'll see, A luz do homem cego - você verá
The venom that tears my spine, O veneno que rasga minha espinha
The Eyes of the Nile Os Olhos do Nilo
are opening - you'll see. estão se abrindo - você verá
As the sun breaks, above the ground, Enquanto o sol surge, sobre o chão
An old man stands on the hill, Um velho está na montanha
As the ground warms, A medida que o chão se aquece,
to the first rays of light aos primeiros raios de luz
A birdsong shatters the still. O canto de um passaro quebra a monotonia
Fly, on your way, like an eagle, Voe, pelo seu caminho, como uma águia
Fly as high as the sun, Voe tão alto como o sol
On your way, like an eagle, No seu caminho, como uma águia
Fly touch the sun. Voe, e toque o sol
Fly, on your way, like an eagle, Voe, pelo seu caminho, como uma águia
Fly as high as the sun, Voe tão alto como o sol
On your way, like an eagle, No seu caminho, como uma águia
Fly touch the sun. Voe, e toque o sol
The bugle sounds and the charge begins A corneta soa e a carga começa
But on this battlefield no one wins Mas neste campo de batalha ninguém vence
The smell of acrid smoke and horses breath O cheiro de fumaça acre e hálito dos cavalos
As I plunge on into certain death Enquanto eu mergulho para a morte certa
Ooh, ooh, ooh, ooh, ooh Ooh, ooh, ooh, ooh, ooh
We hurdle bodies that lay on the ground Nós saltamos sobre corpos que jazem no chão
And the russians fire another round E os russos disparam mais uma salva
We get so near yet so far away Nós chegamos tão perto mas ainda tão longe
We won't live to fight another day Nós não viveremos para lutar outro dia
Ooh, ooh, ooh, ooh, ooh Ooh, ooh, ooh, ooh, ooh
We get so close, near enough to fight Nós chegamos tão perto, suficiente para lutar
When a russian gets me in his sights Quando um russo me pega em sua mira
He pulls the trigger, and I feel the blow Ele puxa o gatilho e eu sinto a pancada
A burst of rounds take my horse below Um disparo pega meu cavalo por debaixo
And as I lay there gazing at the sky E enquanto eu jazo contemplando o céu
My body's numb and my throat is dry Meu corpo anestesiado e minha garganta seca
And as I lay forgotten and alone E enquanto eu jazo esquecido e sozinho
Without a tear I draw my parting groan Sem uma lágrima exalo meu gemido de partida
Ooh, ooh, ooh, ooh, ooh Ooh, ooh, ooh, ooh, ooh
I've no doubt that you think Eu não tenho dúvida que você pensa
I'm off my head que enlouqueci
You don't say Você não fala
but it's in your eyes instead mas está escrito dentro de seus olhos
Hours I spend out just gazing Horas que eu passo apenas olhando
into that pool dentro daquela piscina
Something draws me there Algo me atrai para lá,
I don't know what to do. eu não sei o que fazer
All my life's blood is slowly draining away Todo sangue de vida é lentamente drenado
And I feel that I'm weaker every day E eu sinto que estou mais fraco a cada dia
Somehow I know De alguma forma eu sei
I haven't long to go que dentro de pouco tempo
Joining them at the bottom of the pool. Irei me juntar a eles no fundo da piscina
Now... I feel they are so near Agora eu sinto que eles estão tão próximo
I… begin to see them clear Eu começo a vê-los com nitidez
Now it's clear and I know what I have to do Agora está claro e eu sei o que tenho que fazer
I must take you down there Eu devo te levar lá para baixo
to look at them too para olha-los também
Hand in hand then we'll jump De mãos dadas então nós iremos pular
right into the pool dentro da lagoa
Can't you see Você não consegue ver
not just me they want you too. não apenas eu, eles querem você também
In a time when dinosaurs walked the earth No tempo que os dinossauros andavam pela terra
When the land was swamp and caves were home Quando a terra era pântano e cavernas eram lares
In an age when prize possession was fire Em uma época em que a maior riqueza era fogo
To search for landscapes men would roam A procura por paisagens homens iriam vagar
Then the tribes they came to steal their fire Depois as tribos vieram para roubar o fogo
And the wolves they howled into the night E os lobos uivaram na noite
As they fought a vicious angry battle Enquanto lutavam uma perigosa e raivosa batalha
To save the power of warmth and light Para salvar o poder do calor e da luz
And they thought that when the embers died away E eles pensavam que quando as brasas apagavam
That the flame of life had burnt and died A chama da vida havia queimado e morrido
Didn't know the sparks that made the fire Não sabiam que as faíscas faziam o fogo
Were made by rubbing stick and stone Foram geradas atritando madeira e pedra
So they ploughed through the forest Então eles procuraram através de florestas
and swamps of danger e pântanos perigosos
And they fought the cannibal tribes and beasts E eles lutaram com as tribos canibais e feras
In the search to find another fire Na procura por encontrar outro fogo
To regain the power of light and heat Para ganhar novamente o poder da luz e calor
You killed your first man at 13 Você matou seu primeiro homem aos 13anos
Killer instinct, Animal supreme Instinto assassino, animal supremo
By 16 you had learned to fight Aos 16 anos você aprendeu a lutar
The way of the warrior, you took it as your right O caminho do guerreiro, você leva ao seu caminho
Through earth and water, fire and wind Por entre terra e água,fogo e vento
You came at last - nothing was the end Você chegou afinal - nada é o fim
Make a cut by fire and stone Fez o corte de fogo e pedra
Take you and your blade Pegaram você e a sua lâmina
and break you both in two e partiram ambos em dois
Break you both in two Partiram ambos em dois
Without a stillsuit you would fry Sem uma roupa de proteção você fritaria
On the sands so hot and dry Nas areias tão quentes e secas
In a world called Arakis Em um mundo chamado Arakis
It is a land that's rich in spice É uma terra que é rica em tempero
The sandriders and the 'mice' Os cavaleiros da areia e os ratos
That they call the 'Muad'Dib' Que eles chamam o "Muad'Dib"
He is the Kwizatz Haderach Ele é o Kwizatz Haderach
He is born of Caladan Ele nasceu de Caladan
And will take the Gorn Jabbar E irá tomar o Gorn Jabbar
He has the power to foresee Ele tem o poder de prever
Or to look into the past Ou de ver dentro do passado
He's the ruler of the stars Ele é o comandante das estrelas
The time will come for him to lay claim his crown A hora chegará para ele para reclamar a sua coroa
And then the foe, yes they'll be cut down E então os inimigos, sim, serão eliminados
You'll see, he'll be the best that there's been Você verá, ele será o melhor que já houve
Messiah supreme, true leader of men Messias supremo, lider de verdade de homens
And when the time for judgement's at hand E quando a hora do julgamento estiver à mão
Don't fret he's strong and he'll make a stand Não reclame que ele é forte, e ele suportará
'Gainst evil the fire that spreads through the land Contra o mal e fogo que se espalha pela terra
He has the power to make it all end Ele tem o poder para fazer tudo terminar
WHERE EAGLES DARE: durante o inverno de 1943-44 na Segunda Guerra Mundial, um avião
militar cae antes de chegar ao seu destino final, Creta. O único sobrevivente é o general de brigada
americano George Carnaby, que acaba sendo capturado por militares alemães e levado para uma
fortaleza quase impenetrável nos Alpes do sul da Baviera, chamada Schloss Adler (Castelo da
Águia, em alemão). Temendo que o general fosse torturado e obrigado a entregar os planos do Dia
D, uma equipe do maior comando da Grã-Bretanha é designada para resgatá-lo.
O filme homônimo de 1968, dirigido por Brian G. Hutton, é estrelado por ninguém menos que
Clint Eastwood.
THE TROOPER: a música é inspirada no poema da autoria de Lord Tennyson, intitulado “The
Charge of The Light Brigade”. O poema trata da Batalha de Balaclava, ocorrida durante a Guerra
da Criméia, em 1854. Trata-se basicamente de uma narrativa da batalha sob o ponto de vista de
um cavaleiro britânico, que, sem esperanças, avança contra as linhas russas.
A corajosa cavalaria britânica avançou sobre os inimigos sem titubear, mas foi dizimada
pelos russos, munidos de armamento pesado, sofrendo grandes perdas em pouquíssimo tempo.
Lord Cardigan, que sobreviveu ao ataque, passou a ser considerado um herói nacional na Grã-
Bretanha. Por ser considerado um ato heroico, apesar de mal planejado, a reputação da cavalaria
britânica melhorou notavelmente com este ataque. A lentidão das comunicações marítimas fez com
que as notícias do desastre não chegassem ao conhecimento do público britânico senão três
semanas depois.
Esta história é pouco conhecida em outros países, mas ao povo britânico é tão popular e
importante quanto é a guerra da secessão para os americanos, tanto que, em todas as execuções
da música pelo IRON MAIDEN, a bandeira britânica é hasteada com orgulho e paixão.
A música foi escrita pelo baixista da banda e principal compositor, Steve Harris, e é
geralmente interpretada pelo vocalista Bruce Dickinson, vestindo uma farda do exército britânico e
segurando uma bandeira do Reino Unido.
STILL LIFE: é sobre um cara que se sente atraido por um lago, olha faces no lago, tem pesadelos
sobre isso e enfim salta e leva sua desafortunada namorada com ele. É inspirada pelo romance de
Ramsey Campbell, "The Inhabitant of The Lake."
SUN AND STEEL: fala sobre Miyamoto Musashi, um legendário espadachim japonês. A letra faz
referências ao livro de Musashi's, "A Book Of Five Rings." A primeira luta de Musashi foi com a
idade de 13 anos, quando ele (destreinado) supostamene derrotou seu oponente, um guerreiro
samurai, matando-o com uma vara.
Aos 16 anos teve sua segunda luta, e matou este oponente também. O verso "Through
Earth and Water, Fire and Wind, you came at last, Nothing was the end" é uma referência ao "Book
Of Five Rings." Musashi também escreveu seu livro em 5 seções (livros): Earth, Water, Fire, Wind e
Void (vazio). "You make your cut by Fire and Stones, take you and your blade, break you both in
two".
O "corte de fogo e pedra" é um movimento que Musashi descreve no livro, capaz realmente
de partir em dois o oponente e sua lâmina. Também, de acordo com o livro "Kenjutsu: The
Japanese Art of Swordsmanship", de Charles Daniel, Musashi morreu de causas naturais aos 61
anos. No filme "American Samurai" o nome de Musashi é citado pelo vilão do filme como um
mestre que matou mais de 60 inimigos em um único combate antes de se considerar um guerreiro
perfeito.
TO TAME A LAND: baseada na novela "Duna", de Frank Herbert. A canção aparentemente deveria
se intitular "Dune" e Steve pretendia usar uma citação falada do livro como introdução. Por questão
de cortesia eles pediram permissão ao agente de Frank Herbert, e a resposta veio do próprio
Herbert: "Não, porque Frank Herbert não gosta de bandas de rock, particularmente bandas de
heavy rock e, especialmente, bandas como o Iron Maiden."
Mesmo informado de que a banda achava que seria uma boa divulgação do livro "Duna" e
tudo mais, Frank Herbert disse que se o Iron Maiden continuasse com isso, seriam processados.
Recheado de clássicos, o quinto álbum do IRON MAIDEN possui músicas mais diretas que
seu antecessor, mas não menos complexas, e o entrosamento dos músicos beira a perfeição, pela
primeira vez repetindo a formação em mais de um disco. A capa também é um destaque, sendo
considerada umas das mais belas da história do Heavy Metal. A arte, mais uma vez criada por
Derek Riggs, retrata uma temática relativa ao antigo Egito, tema abordado na faixa título.
"Aces High" tem a missão de abrir o disco e não decepciona, considerada a melhor faixa de
abertura em discos do Maiden. Trata-se de uma música impactante que ficou encarregada de abrir
os shows da turnê "World Slavery Tour" após a famosa intro Churchill's Speech. Com sua levada
bem característica da banda, com riffs fortes, solos impecáveis e o baixo cavalgado de Harris,
"Aces High" mostra a linha pesada que a banda adotaria no restante do álbum. A letra relata
batalhas aéreas durante a "Segunda Guerra Mundial".
Na sequência temos o maior clássico do disco, "2 Minutes to Midnight". Com seu riff
matador, a canção mostra um típico Heavy Metal tradicional muito bem executado. Impossível
destacar algum aspecto dessa música, pois ela é perfeita num todo. Da simplicidade de suas
levadas ao refrão bombástico, para ser cantado em uníssono nos shows da banda. A temática
desta faixa retrata a ameaça de uma guerra nuclear na época. Se pudesse descrever essa música
em uma palavra seria feeling.
"Losfer Words (Big' Orra)" é uma faixa instrumental que mostra exatamente o padrão
utilizado na composição do disco. Levadas características, baixo galopante, solos extremamente
bem colocados e melodiosos, riffs certeiros e uma bateria precisa e muito bem entrosada com o
baixo.
A parte menos famosa do disco (que conta com três faixas), mas não menos qualificada,
inicia com "Flash of the Blade", uma faixa bastante diferente do que se costuma ouvir da Donzela,
mas isso não quer dizer que seja ruim, pelo contrário, seus riffs são empolgantes e a interpretação
do Bruce Dickinson, especialmente no refrão, é incrível.
"The Dueslist" mantém o ritmo empolgante, mostrando a capacidade da banda conciliar riffs
e melodias marcantes sem perder o peso. O entrosamento da banda torna-se escancarado nessa
música. Avance até 1 minuto e 50 segundos de música e veja sobre o que estou falando.
"Back in the Village" dá sequência ao tema adotado na faixa "The Prisioner", do álbum "The
Number of the Beast". Uma música bastante rápida e novamente com riffs diferentes da
característica da banda, que mostra a capacidade técnica de Steve Harris. O músico toca numa
velocidade tão absurda que é quase impossível imaginar que comande as cordas apenas com os
dedos. Mais uma vez a banda dá uma aula de Heavy Metal.
Reservadas para o final do disco estão duas músicas que, na minha opinião, são as duas
melhores canções da banda. Parece que a banda pegou peso, feeling, inteligência, jogou num
liquidificador e dali saiu a canção "Powerslave". A faixa título possuí os melhores riffs do disco e o
melhor solo da carreira da banda, onde guitarra e baixo interagem de uma forma tão
impressionante que me emociono toda vez que escuto. Quer entender o que estou falando?
Avance até 2 minutos e 55 segundos de música. Indescritível! A letra carrega a temática da arte de
capa do disco e retrata os últimos momentos de vida de um faraó e as reflexões que ele faz sobre
a vida e a morte.
Por fim, a outra melhor e também a mais longa (até agora, pois em 2015 “Empire of the
Clouds” ganha!) canção da história da banda. "Rime of the Ancient Mariner" é uma música de 13
minutos e 35 segundos que não se torna cansativa em nenhum momento, com todas as suas
variações e mudanças de ritmo. Uma música épica, pesada e com uma letra incrível, baseada no
poema homônimo de Samuel Taylor Coleridge. A bateria e o baixo são tão bem entrosados que
fica difícil acreditar que Harris e McBrain tocavam juntos há pouco mais de 2 anos. As partes
narradas da canção criam um clima verdadeiramente macabro, deixando-a ainda mais
interessante. No final a música ganha velocidade e os solos são muito bem colocados. Muitos
consideram essa faixa cansativa, mas com certeza essas pessoas não deram a devida atenção
aos detalhes da música, a atenção que ela de fato merece ao ser ouvida: a de uma orquestra!
Para muitos fãs este é considerado um dos, senão O melhor álbum do IRON MAIDEN, mas
o que é inegável é seu peso e qualidade, independente de opiniões pessoais. Após esse disco a
banda saiu na maior turnê da banda até então, a "World Slavery Tour", que resultou na primeira
vinda da banda ao Brasil e no clássico álbum ao vivo "Live After Death".
There goes the siren that warns of the air raid Lá vai a sirene que avisa do ataque aéreo
Then comes the sound of the guns sending flak Depois vem o som das armas antiaéreas
Out for the scramble, we've got to get airborne Fora do combate, nós temos de decolar
Got to get up for the coming attack Temos de nos preparar para a chegada do ataque
Jump in the cockpit and start up the engines Pule na cabine e ligue os motores
Remove all the wheelblocks, Remova todas as travas das rodas,
there's no time to waste não há tempo a perder
Gathering speed as we head Ganhando velocidade enquanto avançamos
down the runway pela pista
Got to get airborne before it's too late Temos de decolar antes que seja tarde demais
Run Corra
Live to fly, fly to live, do or die Viva para voar, voe para viver, faça ou morra
Won't you Você não irá
Run, live to fly, fly to live Corra, viva para voar, voe para viver
Aces high Ases às alturas
Move in to fire at the mainstream of bombers Mova-se para atirar na formação de bombardeiros
Let off a sharp burst and then turn away Solte uma rajada certeira e depois faça a retirada
Roll over, spin round to come in behind them Gire, rode em volta para chegar por detrás deles
Move to their blindsides and firing again Mova para seus pontos cegos e atire novamente
Bandits at 8 o'clock are moving behind us Inimigos às 8 horas estão se movendo atrás de nós
Ten ME-109's out of the sun Dez ME-109 fora do sol
Ascending and turning, Subindo e girando
our spitfires to face them nossos Spitifires para enfrentá-los
Heading straight for them I press down my guns Indo em direção a eles eu disparo minhas armas
Run Corra,
Live to fly, fly to live, do or die Viva para voar, voe para viver, faça ou morra
Won't you Você não irá
Run, live to fly, fly to live Corra, viva para voar, voe para viver.
Aces high Ases às alturas
Kill for gain or shoot to maim Matar pelo lucro ou atirar para mutilar
But we don't need a reason Mas nós não precisamos de uma razão
The Golden Goose is on the loose O Ganso Dourado está solto
And never out of season. E nunca fora de estação
Blackened pride still burns inside O orgulho escurecido continua queimando
This shell of bloody treason Desta casca de traição sangrenta
Here's my gun for a barrel of fun Aqui está minha arma para um pouco de diversão
For the love of living death. Pelo amor dos mortos vivos
The killer's breed or the Demon's seed, A cria do assassino ou a semente do demônio
The glamour, the fortune, the pain, O glamour, a fortuna, o sofrimento
Go to war again, Vá para a guerra de novo,
blood is freedom's stain, o sangue é a mancha da liberdade
Don't you pray for my soul anymore. Nunca mais reze pela minha alma
The blind men shout let the creatures out Os cegos gritam, deixam as criaturas saírem
We'll show the unbelievers, Nós mostraremos aos descrentes
The Napalm screams of human flames Os gritos de napalm de tochas humanas
Of a prime time Belsen feast...YEAH! Num banquete de primeira ao estilo Belsen
As the reasons for the carnage Enquanto os motivos pela matança
cut their meat and lick the gravy, cortem suas carnes e lambem o molho
We oil the jaws Nós lubrificamos as mandíbulas
of the war machine da máquina de guerra
and feed it with our babies. E a alimentamos com nossos bebês
The killer's breed or the Demon's seed, A cria do assassino ou a semente do demônio
The glamour, the fortune, the pain, O glamour, a fortuna, o sofrimento
Go to war again, Vá para a guerra de novo,
blood is freedom's stain, o sangue é a mancha da liberdade
Don't you pray for my soul anymore. Nunca mais reze pela minha alma
The body bags and little rags of children Os sacos de corpos e pedaços de crianças
torn in two, Partidas ao meio
And the jellied brains of those who remain E os cérebros pastosos dos que sobraram
to put the finger right on you Para apontar o dedo para você
As the madmen play on words and make us all Enquanto os loucos brincam com palavras
dance to their song, E nos fazem dançar a sua música
To the tune of starving millions Na melodia de milhões de famintos
to make a better kind of gun. Para fazer um tipo melhor de arma
The killer's breed or the Demon's seed, A cria do assassino ou a semente do demônio
The glamour, the fortune, the pain, O glamour, a fortuna, o sofrimento
Go to war again, Vá para a guerra de novo,
blood is freedom's stain, o sangue é a mancha da liberdade
Don't you pray for my soul anymore. Nunca mais reze pela minha alma
He threw down the glove you made the mistake Ele jogou uma luva, você cometeu o erro
Of picking it up now you're gone De pegá-la, agora você já era
The choosing of guns or fighting with swords A escolha das armas, ou lutar com espadas
The choice of weapons is done A escolha das armas foi feita
He'll tear you apart as soon as you start Ele vai rasgar você logo no início
You know you don't have a chance. Você sabe que não tem uma chance
Ready to start the duel begins Pronto para começar, o duelo começa
the best man wins in the end. E o melhor homem vence no final
A lunge and a feint, Uma estocada e um artifício,
a parry too late uma defesa tarde demais
A cut to the chest and you're down Um corte no peito e você está no chão
Seeing the stain then feeling the pain Vendo a mancha e depois sentindo a dor
Feeling the sweat on your brow. Sentindo o suor em sua testa
The fighting resumes, a silence looms the A luta continua, uma miragem silenciosa
Swordsmen move 'gainst each other Os espadachins avançam um contra o outro
A cut and a thrust, a parry, a blow, Um corte e um ataque, uma defesa, um golpe
a stab to the heart and you're down Uma estocada no coração e você cai no chão
The Angel of Death hears your last breath O anjo da morte ouve seu último suspiro
Meanwhile the reaper looks on. Enquanto isso o matador olha
White flags shot to ribbons, Bandeiras brancas feitas em tiras por tiros
The truce is black and burned, A trégua é negra e queimada
Shellshock in the kitchen, Nervosismo na cozinha
Tables overturned. Mesas viradas
Throwing dice now, rolling loaded, Jogando dados agora, girando viciados
I see sixes all the way. Vejo números seis por todos os lados
In a black hole, and I'm spinning Em um buraco negro, e eu estou girando
As my wings get shot away. Enquando minhas asas são atingidas
But still we walk into the valley Mas continuamos andando no vale
And others try to kill the inner flame E outros tentam matar a chama interior
We're burning brighter than before Estamos queimando mais forte que antes
I don't have a number, I'm a name! Eu não tenho um número, sou um nome!
Into the Abyss I'll fall - the eye of Horus Dentro do abismo eu cairei - o olho de Horus
Into the eyes of the night-watching me go Dentro dos olhos da noite - me olhando ir
Green is the cat's eye that glows - Verde é o olho do gato que brilha -
in this Temple neste templo
Enter the risen Osiris – Entre no Osíris ressuscitado –
risen again. ressuscitado novamente
Tell me why I had to be a Powerslave Me diga porque tenho de ser um escravo do poder
I don't wanna die, I'm a God, Eu não quero morrer, eu sou um Deus,
why can't I live on? porque não posso viver para sempre?
When the Life Giver dies, Quando o criador da vida morre,
all around is laid to waste. tudo em volta se desgasta.
And in my last hour, E na minha última hora,
I'm a slave to the Power of Death. Eu sou um escravo do poder da morte.
Tell me why I had to be a Powerslave Me diga porque tenho de ser um escravo do poder
I don't wanna die, I'm a God, Eu não quero morrer, eu sou um Deus,
why can't I live on? porque não posso viver para sempre?
When the Life Giver dies, Quando o criador da vida morre,
all around is laid to waste. tudo em volta se desgasta.
And in my last hour, E na minha última hora,
I'm a slave to the Power of Death. Eu sou um escravo do poder da morte.
Tell me why I had to be a Powerslave Me diga porque tenho de ser um escravo do poder
I don't wanna die, I'm a God, Eu não quero morrer, eu sou um Deus,
why can't I live on? porque não posso viver para sempre?
When the Life Giver dies, Quando o criador da vida morre,
all around is laid waste. tudo em volta se desgasta.
And in my last hour, E na minha última hora,
I'm a slave to the Power of Death, Eu sou um escravo do poder da morte,
Slave to the Power of Death Escravo do poder da morte
Slave to the Power of Death Escravo do poder da morte
Hear the rime of the ancient mariner Ouça a história do velho marinheiro
See his eyes as he stops one of three Veja seus olhos enquanto ele para um de cada três
Mesmerizes of one of the wedding guests Hipnotiza um dos convidados do casamento
"Stay here and listen to the nightmares of the sea!" "Fique aqui e ouça sobre os pesadelos dos mares!"
And the music plays on, as the bride passes by E a música toca, enquanto a noiva passa por perto
Caught by his spell, Cativado pelo seu encanto,
and the mariner tells his tale e o marinheiro conta sua história
Driven south to the land of the snow and ice Conduzido ao sul da terra de neve e gelo
To a place where nobody's been Para um lugar onde ninguém esteve
Through the snow fog flies on the albatross Por meio do nevoeiro voa um albatroz
Hailed in God's name, Aclamado em nome de Deus,
hoping good luck it brings esperando a boa sorte que ele traz
And the ship sails on, back to the north E o navio navega, de volta ao norte
Through the fog and ice Através do nevoeiro e gelo
and the albatross follows on e o albatroz vem em sequência
The mariner kills the bird of good omen O marinheiro mata o pássaro de bom presságio
His shipmates cry against what he's done Seus companheiros reclamam contra o que ele fez
But when the fog clears, Mas quando o nevoeiro desaparece,
they justify him eles o perdoam
And make themselves a part of the crime E acabam fazendo parte do crime
The albatross begins with its vengeance O albatroz começa com a sua vingança
A terrible curse, a thirst has begun Uma terrível maldição, uma sede começou
His shipmates blame Seus companheiros culpam
bad luck on the mariner o marinheiro pela má sorte
About his neck, the dead bird is hung Sobre seu pescoço, é pendurado o pássaro morto
And the curse goes on and on and on at sea E a maldição continua, continua e continua no mar
And the thirst goes on and on for them and me E a sede continua e continua para eles e para mim
Day after day, day after day Dia após dia, dia após dia
We stuck nor breath nor motion Presos, sem nos mover e nem respirar
As idle as a painted ship Tão parados como um navio colorido
upon a painted ocean em um oceano pintado
Water, water, everywhere, Água, água por todo lado
and all the boards did shrink e tudo a bordo se foi
Water, water, everywhere, Água, água por todo lado,
not any drop to drink! nem uma gota para beber!
"One after one, by the star dogged moo "Um a um, sobre a lua rodeada de estrelas
Too quick for groan or sigh Rápido demais para gemer ou suspirar
Each turned his face, with a ghastly pang Cada um virou seu rosto atormentado
And cursed me with his eye E me amaldiçoou com seu olhar
Four times fifty living men Quatro vezes cinquenta homens
And I heard nor sigh nor groan E eu não ouvi suspiro ou gemido
With heavy thump, a lifeless lump Pesadamente, um vulto sem vida
They dropped down, one by one" Eles caíram, um por um"
The curse, it lives on in their eyes A maldição, vive em seus olhos
The mariner, he wished he'd die O marinheiro, desejou ter morrido
Along with the sea creatures Juntamente com as criaturas do mar
But they lived on, so did he Mas elas viveram , então ele também
And then a boat came sailing towards him E então um barco veio velejando de encontro a ele
It was a joy, he could not believe Foi uma alegria, ele não podia acreditar
The pilots boat, his son and the hermit O comandante do barco, seu filho e o eremita
Penance of life will fall onto him A penitência da vida cairá sobre ele
And the ship, it sinks, like lead, into the sea E o navio afunda como chumbo no mar
And the hermit shrieves the mariner of his sins E o eremita perdoa o marinheiro de seus pecados
The mariner's bound to tell of his story O marinheiro é destinado a contar sua história
To tell his tale wherever he goes A contar esta história onde quer que ele vá
To teach God's word A ensinar a palavra de Deus
by his own example através de seu próprio exemplo
That we must love Que nós devemos amar
all things that God made todas as coisas que Deus fez
A Batalha da Grã-Bretanha foi a primeira batalha apenas com aeronaves. A blitz alemã da
Luftwaffe (blitz significa flash ou lightning e vem de blitzkrieg, guerra relâmpago) atacou Londres e
várias outras cidades inglesas, entre 7 de setembro de 1940 e 10 de maio do ano seguinte. Mais
de 40.000 pessoas foram atingidas nos bombardeios, e acima de um milhão de casas foram
destruídas, mais da metade em Londres.
Os alemães começaram atacando pistas de pousos e fábricas, para que os ingleses não
tivessem como repor suas perdas. Os ingleses atacaram Berlim e depois, por ordens do Fuhrer, a
Luftwaffe começou seus ataques contra a população para espalhar medo.
A maior dificuldade dos ingleses era se defender durante os ataques noturnos. Conforme o
tempo foi passando, os ataques diminuíram (os alemães estavam perdendo muitos pilotos e
aeronaves), até que suspenderam a Operação Seelöwe (Leão Marinho) e partiram para conquistar
a União Soviética.
2 MINUTES TO MIDNIGHT: uma referência ao Relógio do Apocalipse utilizado pelo Bulletin of the
Atomic Scientists, da Universidade de Chicago. Em setembro de 1953, o relógio chegou às 11:58,
o mais perto que esteve da meia-noite (que simboliza a destruição da humanidade por uma guerra
nuclear), quando Estados Unidos e União Soviética testaram diversas bombas de hidrogênio num
curto espaço de tempo. O primeiro solo de guitarra é desempenhado por Dave Murray, seguido de
outro por Adrian Smith.
O comitê Bulletin of the Atomic Scientists, desde 1947, mantém um relógio chamado de
Doomsday Clock (Relógio do Apocalipse), que conta quantos minutos faltam para um desastre
nuclear baseado nos acontecimentos mundiais. Quanto mais o gráfico desce, mais próximo do
desastre ele está. Em 1953, este índice chegou a 2 minutos (to midnight, ou seja, do apocalipse) e
é disso que a música fala. Confira abaixo o índice recente.
LOSFER WORDS: é uma contração de "lost for words", ou seja, não há o que dizer. E "Orra" é a
pronúncia da palavra Horror em Cockney, que é o sotaque do pessoal do East End de Londres.
FLASH OF THE BLADE: fala de um espadachim. Um garoto que viu os pais morrerem, aprende as
técnicas da espada com seu mestre e parte para vingança. Esta faixa faz parte da trilha sonora do
filme italiano Phenomena (1985), que inspirou o jogo de horror psicológico Clock Tower, disponível
para PS3.
THE DUELLISTS: está relacionada com o filme de mesmo nome, de Ridley Scott (anos mais tarde
diretor de Hanibal e Robin Hood), lançado em 1977. Este filme nos leva para França de 1.800,
época do apogeu e declínio de Napoleão Bonaparte. Pelo que entendi (porque não vi o filme, mas
é muito bom, diria Sílvio Santos!) são dois soldados do exército de Napoleão que, por mais de 20
anos, duelam entre si, com algumas pausas, e ninguém sabe exatamente o motivo (bem ao estilo
meio sei-lá-entende dos filmes franceses).
BACK IN THE VILLAGE: refere-se a "The Village" do seriado The Prisoner, que já foi citado no
texto do álbum The Number Of The Beast.
A letra faz menções a símbolos egípcios como o Olho de Hórus que significa poder,
coragem e proteção. Simbolizava o olho direito do falcão, o qual foi perdido durante a luta contra
seu tio Seth, que o fracionou em 64 partes. Diz a lenda que o olho foi restaurado por Thoth.
Após ser restaurado, Hórus pode reviver Osíris (referido no verso "Enter the risen Osiris
risen again"). No fim da música, ele fala sobre o que acontecerá a ele após sua morte, baseado na
fictícia maldição do faraó (“A shell of a man God preserved a thousand ages”). Esta história de
maldição começou após 1.923, ano da descoberta da tumba de Tutankhamon por Lord Carnarvon
e sua expedição, financiada por ele aliás.
Lord Carnarvon morreu 4 meses depois, graças à picada de um mosquito. Enquanto ele
morria, acabou a luz no Cairo e seu cachorro, que estava na Inglaterra, começou a uivar até
morrer. Bom, aí a imprensa fez seu papel, espalhou a notícia com estardalhaço e muitos "analistas"
começaram a sugerir que podia ser uma maldição do faraó, inventaram que haviam inscrições com
maldições nas tumbas e o resto vocês já imaginam. Hollywood agradece mais esta lenda!
THE RIME OF THE ANCIENT MARINER: escrita a partir do poema homônimo do poeta romântico
inglês do século XVIII, Samuel Taylor Coleridge. A obra relata eventos sobrenaturais vivenciados
por um marinheiro durante uma longa viagem pelo mar. O marinheiro para um homem a caminho
de uma cerimônia de casamento e começa a relatar sua história. A reação do convidado da
cerimônia transforma-se de impaciência à fascinação com o desenrolar da história contada pelo
marinheiro. O que ele conta começa com seu barco em sua jornada.
Apesar de tudo ocorrer bem no início, o barco é desviado do seu caminho durante uma
tempestade e, direcionando-se ao sul, alcança a Antártica. Um albatroz aparece e guia os
tripulantes para fora da Antártica. Apesar da ajuda do pássaro e do carinho que a tripulação agora
tinha por ele, o marinheiro atira e mata o animal. Os outros estão irados com o marinheiro, por
acharem que o albatroz havia trazido os ventos que os levaram para fora da Antártica. Entretanto,
mudaram sua opinião quanto o clima se tornou mais agradável e o nevoeiro se dissipou.
O crime despertou a ira dos espíritos sobrenaturais, que então passaram a perseguir o barco
"a partir da terra do nevoeiro e da neve". O vento que inicialmente os levou para fora da terra da
neve agora os havia levado para águas calmas. Agora eles estavam há dias parados, sem vento, e
o estoque de suprimentos estava acabando. A tripulação muda de ideia novamente, e culpa o
marinheiro por sua sede ("água por todos os lados, nem uma gota para beber"). O barco então
encontra um barco fantasma pelo caminho. À bordo estão "A Morte" (um esqueleto) e "O Pesadelo
da Vida na Morte" (uma mulher pálida tal como morta), ambos jogando dados apostando as almas
da tripulação.
Eventualmente "A Morte" ganha a vida da tripulação e "A Vida na Morte" ganha a vida do
marinheiro, um prêmio que ela considera mais valioso. Seu nome é um indício do destino do
marinheiro: uma vida pior que a morte como punição por ter matado o albatroz. Um a um, toda a
tripulação morre, restando apenas o marinheiro, que vê por sete dias e noites a maldição nos olhos
dos cadáveres de sua tripulação. Enquanto o marinheiro reza, o albatroz cai de seu ombro. Eis
que, possuídos por bons espíritos, os corpos da tripulação levantam-se e guiam o barco para casa
novamente, por fim afundando em um redemoinho. O único que não afunda com o barco é o
marinheiro, que é avistado por um eremita na terra.
Este, com a ajuda de um homem e seu filho, vai ao encontro do marinheiro em um barco. A
princípio eles pensam que o marinheiro está morto, mas quando este passa a ajudar a remar o
barco, seu filho enlouquece com a situação dizendo que o demônio sabe remar. Como pena por
ter atirado no albatroz, o marinheiro é forçado a andar pelo mundo para contar sua história, e
transmitir sua lição para quem encontrar pelo caminho.
1984
1. Aces High Steve Harris 4:31
2. The Number of the Beast (live in Dortmund, 1983) Harris 4:56
3. King of Twilight (Nektar Cover) 4:50
4. Rainbow's Gold (Beckett cover) 4:57
5. Cross-Eyed Mary (Jethro Tull Cover) 3:52
I've been trying, trying so hard Eu tenho tentado, tentando tão duro
I've been crying, crying in the dark Eu tenho chorado, chorando na escuridão
don't forsake me, the time of mine is near não me abandone, o meu tempo está próximo
Don't ever break me Nunca quebre me
and the world that brought me here e o mundo que me trouxeram aqui
sick and lonely, waiting for the dawn doente e só, esperando pelo amanhecer
sick and lonely, wondering what to do doente e só, desejando saber o que fazer
can you hear me, when I say to you possa você me ouve, quando eu digo a você
You gime your hand, I'll give mine to you Você gime sua mão, eu darei o meu a você
When the king of twilight calls you Quando o rei crepúsculo chamar você
Take a step and you will see Dê um passo e você verá
We all need a quick solution Todos nós precisamos de uma solução rápida
Who would be a poor man, a beggar man? Quem seria pobre, um mendigo?
A thief if he had a rich man in his hand? Um ladrão, se tivesse um homem rico nas mãos?
Who would steal the candy? Quem roubaria o doce?
From a laughing baby's mouth Da boca de um risonho bebê
If he could take it from the money man? Se pudesse tirar do homem do dinheiro?
Cross-eyed Mary, goes jumping in again Maria, a vesga, continua a dar seus pulos
She signs no contract Ela não assina contratos
but she always plays the game mas sempre joga o jogo
She dines in Hampstead Village Ela janta na vila Hampstead
On expense accounted gruel Degusta sopas caras
And the jack knife barber drops her off at school E o camarada da cozinha a deixa na escola
Cross-eyed Mary finds it hard to get along Maria, a vesga, descobre que é difícil se arranjar
She's a poor man's rich girl Ela é a filha rica de um homem pobre
And she'll do it for a song E ela fará isso por uma música
She's a rich man's stealer Ela é a ladra do homem rico
But her favor's good and strong Mas seus favores são bons e fortes
She's the Robin Hood of High Gate Ela é a Robin Hood de Highgate
Helps the poor man get along Ajuda os homens pobres a se arranjarem
Cross-eyed Mary goes jumping in again Maria, a vesga, continua a dar seus pulos
She signs no contract Ela não assina contratos
but she always plays the game mas sempre joga o jogo
She dines in Hampstead Village Ela janta na vila Hampstead
On expense accounted gruel Degusta sopas caras
And the jack knife barber drops her off at school E o camarada da cozinha a deixa na escola
Bruce Dickinson, Steve Harris, Dave Murray, Adrian Smith e Nicko McBrain encontravam-se
no melhor de sua forma, isso após o Maiden ter dado ao mundo 5 dos mais clássicos álbuns de
heavy metal que se tem notícia. Qual seria a melhor maneira de deixar registrada uma fase tão
maravilhosa como essa?
Com certeza, por meio da gravação de um álbum ao vivo. “Live After Death” é uma amostra
da mítica “World Slavery Tour”, a famosa e grandiosa turnê de divulgação do álbum “Powerslave”,
lançado em 1984, na qual a banda fez, inclusive, sua primeira aparição no Brasil, durante o
primeiro Rock In Rio, em 1985.
E esse disco representa exatamente isso: um registro do que é considerado por muitos
como o melhor momento da carreira da banda em termos de empolgação e criatividade, tudo
documentado em um dos melhores álbuns ao vivo da história do metal.
Esse disco foi lançado com diferentes versões. O vinil original é um álbum duplo, onde o LP1
e o lado A do segundo disco contém as músicas gravadas nas apresentações da banda em 1985
no Long Beach Arena, em Los Angeles, que representavam o setlist básico da “World Slavery
Tour”. O lado B do segundo disco trazia mais 5 músicas gravadas no Hammersmith Odeon, na
Inglaterra.
O entrosamento é perfeito entre as guitarras de Dave Murray e Adrian Smith, que desfilam
sobre a cozinha competente montada por Steve Harris e Nicko McBrain. Bruce Dickinson não
atinge os mesmos agudos altíssimos da versão em estúdio e utiliza-se de tons mais graves, um
fato que se repetiria em algumas outras canções desse disco. Por isso mesmo, muita gente
reclama de sua performance vocal nessa música. Mesmo que ninguém saiba se isso ocorreu
simplesmente por opção sua ou por uma dificuldade em se conseguir atingir ao vivo o mesmo
desempenho, o fato é que as linhas vocais um pouco mais graves de Mr. Air Raid Siren não
deixam de ser excelentes e conseguem empolgar a platéia de uma forma absurda.
A seguir, temos a ótima “2 Minutes To Midnight”, com seu refrão que não sai da cabeça,
entremeado por um trabalho primoroso dos guitarristas e pelo baixo de Steve Harris sendo tocado
“no talo”. Esta é uma música que ganhou aqui uma versão mais empolgante que a de estúdio. A
clássica “The Trooper” ficou mais rápida e pesada em “Live After Death”. Esta é possivelmente,
dentre todas as canções do Maiden, aquela onde Dave Murray e Adrian Smith atingem seu máximo
em termos de entrosamento. Não há, por exemplo, como dizer qual dos dois faz o melhor solo ou
acerta o melhor timbre durante as bases. Bruce Dickinson aqui dá um show de vigor e energia.
Uma das melhores versões já registradas de um dos maiores clássicos da banda.
Na canção seguinte, “Revelations”, o Maiden conseguiu a façanha de fazer com que essa
música soasse mais dramática do que em “Piece Of Mind”. A beleza da faixa, se já é espantosa em
estúdio, ao vivo torna-se mais assustadora ainda. O instrumental é espetacular, apenas perde uma
parte melódica conduzida pela guitarra e que não havia como ser reproduzida em shows com
apenas duas guitarras, ainda que Bruce Dickinson tocasse o instrumento num pequeno trecho
dessa canção. E por falar em Dickinson, é ele quem se sai melhor na execução dessa música, já
que consegue um timbre de voz ainda mais emocionante que na versão de estúdio.
“Flight Of Icarus” ficou menos “feliz” e com muito mais cara de heavy metal em “Live After
Death”. A melodia cheia de feeling, a ótima linha vocal, os belos solos, a cavalgada impressionante
do baixo de Harris, nem tanto pela velocidade mas, sobretudo, pela forma como espanca as cordas
de seu instrumento sem piedade, são todos fatores que deixaram essa música muito mais
empolgante.
Na sequência, somos brindados com uma das maiores epopéias da história do metal. “Rime
Of The Ancient Mariner” já impressiona pelos seus mais de 13 minutos de duração. Aquilo que
poderia se tornar uma canção maçante, sobretudo em um show, na verdade mostra-se um dos
momentos mais marcantes de “Live After Death” e ainda um dos momentos mais criativos de toda
a carreira da banda. A letra, baseada em um poema de Samuel Taylor Coleridge, ganha mais
sentido com a interpretação de Bruce Dickinson. E o instrumental? Bem, a técnica e o
entrosamento entre os músicos nessa faixa é tamanha, que faz a gente se perguntar se firulas e
excessos de virtuosismo são realmente necessários para se fazer uma música de cair o queixo,
com mais uma versão que supera a original de estúdio, sobretudo em termos de peso.
“Powerslave” sabe dosar bem momentos de cadência com aqueles de mais agitação. O
instrumental dessa faixa, quando executado ao vivo, parece ficar ainda mais bem encaixado com o
tema da canção. Dave Murray faz um solo pra lá de inspirado e Steve Harris mostra (mais uma
vez) porque toda vez em que se fala de cavalgada no baixo, ele é o primeiro nome que vem à
cabeça.
“The Number Of The Beast” cumpre com competência a missão de levantar o público, desde
o trecho inicial de sua introdução até o último segundo. A canção seguinte é a espetacular
“Hallowed Be Thy Name”, uma música que provavelmente está no top 3 ou top 5 da maioria dos
fãs da Donzela. E nesse disco, o Maiden a executa de maneira mais veloz, mais pesada e mais
dramática. Não é errado dizer que ela é um dos maiores hinos de todo o heavy metal e que sua
versão em “Live After Death” deve ser a melhor que a banda já registrou até hoje para essa
música.
“Iron Maiden” é a canção que encerra a primeira parte dos shows do Maiden. A entrada de
Bruce e Nicko McBrain na banda fez com que essa faixa perdesse um pouco da crueza e
brutalidade dos tempos de Paul Di‟Anno e Clive Burr. No entanto, sua execução ao vivo com os 2
ganhou em técnica, conforme pode ser observado nessa versão.
Em “Run To The Hills”, Bruce Dickinson, mais uma vez, utiliza-se de tons mais graves,
cantando os versos de forma um pouco menos „raçuda‟ que em outras ocasiões. Só que tocar uma
música que tem um refrão como o dessa, será sempre entrar em campo com o jogo já ganho.
“Running Free” ganhou 5 minutos a mais na versão de “Live After Death”, pois lá pelo meio da
música Bruce começa uma interação com o público, aquela velha história de pedir para a platéia
repetir alguma coisa, ver se quem grita mais alto é quem está no lado direito ou esquerdo, aquela
coisa toda de show ao vivo. A música em si é outra da era Di‟Anno que perde em agressividade.
No entanto, não é nada que comprometa a qualidade da canção e muito menos o poder de
interação entre a banda e os fãs, que cantam o refrão em uníssono.
Bem, a versão original em CD de “Live After Death” terminava aqui. A primeira prensagem
original desse álbum, em vinil, ainda tem um lado B do disco 2, com mais 5 músicas que foram
gravadas em apresentações no Hammersmith Odeon, na Inglaterra. “Wrathchild” é uma das
poucas músicas desse álbum que não consegue repetir o mesmo nível de estúdio ou até melhorá-
lo. Não que ela tenha ficado ruim, mas a versão de estúdio ou aquela do “Maiden Japan” são
melhores, talvez pelo fato de que, entre todas as músicas dos 2 primeiros discos, essa é a que
melhor se encaixa no estilo vocal de Paul Di‟Anno e a que mais se afasta do estilo do Dickinson.
“22 Acacia Avenue”, coloco entre as mais criativas músicas do Maiden. Em relação à versão
de estúdio, Bruce canta de forma bem mais „rasgada‟ e muito menos limpa, sobretudo a parte no
meio da música, onde ele atingia agudos altíssimos em estúdio. Os riffs ao vivo soam com mais
pegada e os solos são excepcionais. A seguir, temos a clássica “Children Of The Damned”, que
ganhou uma versão excelente, mais pesada e com vocal mais dramático. Uma música
definitivamente fantástica.
“Die With Your Boots On” ficou impressionante, com seu instrumental técnico, entrosado e
empolgante. Destaque para Steve Harris e seu baixo. O cara impressiona tanto pela velocidade
com que toca quanto pela força com que bate nas cordas de seu instrumento. E Bruce Dickinson
tem aqui uma de suas melhores performances no disco.
“Phantom Of The Opera”, a última canção da versão em vinil, é outra que deve figurar no top
3 ou top 5 da maior parte dos fãs da banda. Suas mudanças de andamento, suas variações de
momentos mais porrada para outros mais calmos e viajantes, seu instrumental inspiradíssimo, tudo
isso ainda ficou melhor na versão de “Live After Death”. Sem dúvidas, a versão definitiva dessa
música. [1]
1986
1. Caught Somewhere in Time Harris 7:25
2. Wasted Years Smith 5:07
3. Sea Of Madness Smith 5:42
4. Heaven Can Wait Harris 7:21
5. The Loneliness of the Long… Harris 6:31
6. Stranger in a Strange Land Smith 5:44
7. Déjà Vu Harris, Murray 4:56
8. Alexander the Great Harris 8:37
O lançamento de "Somewhere in Time" foi estrondoso e as vendas foram muito boas, mas
logo começaram as críticas em relação ao disco. Os fãs mais fervorosos acusavam a banda de ter
mudado muito o seu som e estarem se tornando mais comerciais, visando especialmente o
mercado americano.
De cara, "Somewhere in Time" já chama a atenção pela sua maravilhosa arte de capa. A
ilustração, novamente feita por Derek Riggs, possui inúmeros detalhes que nos remetem a história
da banda. Falaremos destes detalhes mais adiante.
A banda optou neste disco por uma musicalidade e temática futuristas, baseando-se
especialmente no filme "Blade Runner", de 1982. Não se trata necessariamente de um disco
conceitual, mas as músicas em geral falam sobre o tempo e a relação das pessoas com ele. Bruce
Dickinson não teve participação nas composições e isso gerou certo desconforto entre os músicos,
Harris ainda figurava como principal compositor e Adrian Smith participa com mais efetividade que
outrora na parte criativa.
O disco abre com a veloz e variada "Caught Somewhere in Time". Após uma introdução
calma e melodiosa que deixa clara a proposta da banda para o disco, a velocidade toma conta da
música, especialmente na bateria, onde Nicko demonstra uma técnica absurda no bumbo, sem
sequer utilizar pedal duplo. Cheia de variações, a música vai evoluindo até chegar aos solos, onde
Smith demonstra toda sua versatilidade e virtuosismo, sem perder o feeling. Diferente dos discos
anteriores, onde a banda abria com uma faixa mais direta, "Caught Somewhere in Time" é uma
música longa e em seus mais de 7 minutos mostra-se bastante complexa e variada, apesar do
peso e velocidade constantes.
"Wasted Years" é o maior hit do disco e seu single fez bastante sucesso na época. Sem
muita frescura e virtuosismo desnecessário, a música apresenta uma introdução interessante, um
refrão pegajoso e se desenvolve em uma estrutura melódica bastante simples, mas eficaz. Nesta
música, Adrian Smith apresenta mais um solo extraordinário.
O disco mantém uma regularidade impressionante. Sua qualidade é tão constante que torna-
se praticamente impossível destacar este ou aquele aspecto. Em "Sea of Madness", por exemplo,
Steve Harris e Nicko McBrain iniciam a música com uma levada interessantíssima. O já famoso
“andamento cavalgado” de Harris contrasta com o peso das variações de Nicko. Em seguida
Dickinson entra com sua interpretação arrebatadora, chegando ao ápice no refrão, onde é
impossível não cantar junto, a plenos pulmões. Por fim, os riffs de Murray e Smith, presentes em
toda a extensão da música, são empolgantes e precisos.
"Heaven Can Wait" é a música melhor aproveitada ao vivo pela banda, especialmente
devido a seu ritmo empolgante e refrão bombástico. A música inicia com uma sequência distinta de
notas e uma melodia cortante, acompanhada da bateria precisa de Nicko McBrain. Assim como a
faixa de abertura, "Heaven Can Wait" é uma música mais embalada, com um ritmo mais rápido,
mas ainda assim sobra espaço para solos e melodias precisos. Sua letra é soberba, de longe a
melhor do disco e fala sobre uma pessoa recebendo nova oportunidade de continuar vivendo.
Vale destacar que, diferente dos discos anteriores que possuíam alguns momentos mais
interessantes, outros um pouco menos inspirados, "Somewhere in Time" mantém o mesmo nível
em todo seu decorrer, sem músicas que se sobressaem. "The Loneliness Of The Long Distance
Runner", apesar do título esquisito, é uma música incrível. Inicia com belas melodias e vai ficando
mais encorpada conforme vai se desenvolvendo, com mudanças constantes de ritmos e quebradas
de tempo diversas, que culminam em mais dois solos inacreditáveis, um mais lento e melodioso de
Adrian Smith, outro mais rápido e preciso de Dave Murray.
"Stranger in a Strange Land" começa com Harris e McBrain novamente demonstrando seu
entrosamento. Trata-se de uma faixa mais cadenciada, mas ainda assim muito pesada. Adrian
Smith nos presenteia nesta canção com o solo mais bonito do disco e provavelmente um dos
melhores de toda a sua carreira. A letra fala da história de um explorador que visitava o Ártico,
morreu congelado e depois de cem anos seu corpo foi encontrado preservado por outros
exploradores. Esta faixa também foi lançada como single, mas apesar de sua qualidade não obteve
o mesmo sucesso que "Wasted Years".
A única participação de Murray como compositor no disco se dá em "Dejà Vu", que junto
com Steve Harris não decepciona. A música começa com um dedilhado belíssimo e uma melodia
bastante emotiva. Uma música bastante moderna, que soa atual mesmo após 35 anos de sua
gravação. A velocidade é predominante e os duetos de guitarras estão por todos os lados. O termo
"dejà vu" é francês, e diz respeito à sensação de já ter vivenciado uma situação anteriormente.
("Feel like i've been here before", "Sinto como se já tivesse estado aqui antes").
Fechando o disco temos a épica "Alexander the Great". Apesar do descaso da banda para
com essa obra-prima, ela figurava na lista das preferidas de muitos fãs. Após uma introdução
narrada, o instrumental e a parte lírica se completam de forma inexplicável, chegando ao ápice no
refrão bombástico. Todas as melodias e harmonias se encaixam de forma perfeita e a música se
desenvolve em diferentes climas, de forma que, ao transcorrer seus quase 9 minutos, você sente
que ela poderia ainda se prolongar por outros 30.
Apesar de tantos adjetivos que "Somewhere in Time" carrega, a maioria de suas canções
não foram aproveitadas após a turnê do disco. Apenas "Wasted Years" e "Heaven Can Wait" ainda
são lembradas em alguns shows. Mesmo a épica "Alexander the Great", considerada umas das
melhores músicas da banda, nunca foi executada ao vivo. Enfim, como somente o tempo pode
provar muitas coisas, este disco se tornou um clássico, reverenciado pela maioria dos fãs de Heavy
Metal, mesmo aqueles que torceram o nariz para o disco na época em que foi lançado. [1]
(1/8) Caught Somewhere Preso Em Algum Lugar no Tempo
In Time (7:25)
Se você tiver tempo pra perder
If you had the time to lose, Uma mente aberta e tempo para escolher
An open mind and time to choose, Você se importaria de dar uma olhada?
Would you care to take a look, Ou poderia me ler, como um livro?
Or can you read me like a book?
O tempo está sempre ao meu lado
Time is always on my side, O tempo está sempre ao meu lado
Time is always on my side.
Posso tentá-lo a vir comigo
Can I tempt you, come with me, Que se dane, realize seu sonho
Be Devil may care, fulfill your dream, Se eu dissesse que te traria aqui
If I said I'd take you there, Você iria, ou ficaria com medo?
Would you go, would you be scared?
O tempo está sempre ao meu lado
Time is always on my side, O tempo está sempre ao meu lado
Time is always on my side.
Não tenha medo, você esta a salvo comigo
Don't be afraid, you're safe with me, Salvo como qualquer outra alma pode estar
Safe as any soul can be... Honestamente... Apenas deixe-se ir!
Honestly, just let yourself go.
Preso em algum lugar no tempo
Caught somewhere in time ...
… Como um lobo em pele de cordeiro
Like a wolf in sheep's clothing, Você tenta esconder os seus pecados mais íntimos
You try to hide your deepest sins, Todas as coisas que você fez de errado
Of all the things that you've done wrong, E eu sei a que lugar você pertence
And I know where you belong.
O tempo está sempre ao meu lado
Time is always on my side, O tempo está sempre ao meu lado
Time is always on my side.
Faz uma oferta que você não tem como recusar
Make you an offer you can't refuse, Você só tem a sua alma a perder
You've only got your soul to lose Eternamente... Deixe-se ir!
Eternally... Let yourself go!
Preso em algum lugar no tempo
Caught somewhere in time ...
… Preso agora nesta indecisão!
Caught now in two minds!
From the coast of gold, across the seven seas Da costa do ouro, atravessando os sete mares
I'm travelling on, far and wide Eu estou viajando, muito distante
But now it seems Mas agora parece que
I'm just a stranger to myself eu sou um estranho para mim mesmo
And all the things I sometimes do, it isn't me, E todas as coisas que algumas vezes faço, não sou
but someone else eu, mas um outro alguém
I close my eyes, and think of home Eu fecho meus olhos e penso em meu lar
Another city goes by, in the night Outra cidade passa, na noite
Ain't it funny how it is, É engraçado não é,
you never miss it til it's gone away você nunca sente falta até perder
And my heart is lying there E meu coração descansa ali
and will be til my dying day e ali ficará até o dia de minha morte
Out in the street somebody's crying, Lá fora nas ruas alguém está chorando
Out in the night the fires burn, Lá fora na noite o fogo queima
Maybe tonight somebody's crying, Talvez hoje à noite alguém esteja chorando
Reached the point of no return. Atingido o ponto sem retorno
Oh - my eyes they see but I can't believe, Oh - Meus olhos veem, mas eu não posso acreditar
Oh - my heart is heavy Oh - Meu coração está pesado
as I turn my back and leave. quando viro as costas e parto
Somewhere I hear a voice that's calling, Em algum lugar ouço uma voz que chama
Out in the dark there burns a dream, Lá fora na escuridão queima um sonho
You got to hope when you are falling, Você tem de ter esperança quando está caindo
To find the world that you have seen. Para encontrar o mundo que você imaginou
Oh - my eyes they see but I can't believe, Oh - Meus olhos veem, mas eu não posso acreditar
Oh - my heart is heavy Oh - Meu coração está pesado
as I turn my back and leave. quando viro as costas e parto
Out in the street somebody's crying, Lá fora nas ruas alguém está chorando
Out in the night the fires burn, Lá fora na noite o fogo queima
Maybe tonight somebody's crying, Talvez hoje alguém esteja chorando
Reached the point of no return. Atingido o ponto sem retorno
Oh - my eyes they see but I can't believe, Oh - Meus olhos vêem, mas eu não posso acreditar
Oh - my heart is heavy Oh - Meu coração está pesado
as I turn my back and leave. quando viro as costas e parto
I have a lust for the earth below Eu tenho paixão pela terra aqui embaixo
And hell itself is my only foe E o inferno é meu único inimigo
'Cause I've no fear of dying Porque eu não tenho medo de morrer
I'll go when I'm good and ready Eu irei quando estiver bem e preparado
I snatch a glimpse Eu dou uma piscadela
of the light's eternal rays naqueles eternos raios de luz
I see a tunnel, I stand amazed Eu vejo um túnel, e fico maravilhado
At all of the people standing there in front of me Com todas aquelas pessoas, ali, diante de mim
Into the paths of rightness I'll be led No caminho dos justos serei guiado
Is this the place where the living join the dead? Este é o lugar onde os vivos se juntam aos mortos?
I wish I knew this was only just a nightmare Eu queria saber se isso foi apenas um pesadelo
Take my hand, I'll lead you to the promised land Pegue minha mão, eu te levarei à terra prometida
Take my hand, I'll give you immortality Pegue minha mão, eu te darei a imortalidade
Eternal youth, I'll take you to the other side Juventude eterna, eu te levarei para o lado de lá
To see the truth, the path for you is decided Para ver a verdade, o seu destino está traçado
Oh, oh Oh, oh
My body tingles, I feel so strange Meu corpo está formigando, e me sinto tão estranho
I feel so tired, I feel so drained Me sinto tão cansado, me sinto tão esgotado
And I'm wondering E eu me pergunto
if I'll ever be the same again se algum dia voltarei a ser o mesmo novamente
Is this in limbo or in heaven or hell? Seria este o limbo, o céu ou o inferno?
Maybe I'm going down there as well De qualquer forma, talvez eu esteja indo para lá
I can't accept my soul Eu não posso aceitar que minha alma
will drift forever vague eternamente
I feel myself floating back down to earth Eu me sinto flutuando, de volta aqui para terra
So could this be the hour of my rebirth? Seria esta a hora de meu renascimento?
Or have I died or will I wake from dreaming? Será que morri, ou irei acordar de um sonho?
I've got to keep running the course, Eu tenho de manter correndo no rumo,
I've got to keep running Eu tenho de prosseguir correndo
and win at all costs, e vencer a qualquer custo,
I've got to keep going, be strong, Eu tenho de continuar correndo ser forte,
Must be so determined Tenho de ser muito determinado
and push myself on. e empurrar a mim mesmo.
Run Correr
Over stiles, sobre degraus,
Across fields, atravessando campos,
Turn to look at who's on your heels, Virar de costas para olhar quem está em seus
calcanhares,
Way ahead No caminho à frente
Of the field, no campo,
The line is getting nearer A chegada fica mais próxima
But do you want the glory that goes, mas você quer a glória que virá,
You reach the final stretch, Você chega à linha de chegada,
Ideals are just a trace, Ideais são apenas pistas,
You feel like throwing the race, Você se sente como desprezando a corrida,
It's all so futile. É tudo tão fútil.
Was many years ago that I left home Foi a muitos anos atrás que eu deixei meu lar
and came this way e tomei este caminho
I was a young man full of hopes and dreams Eu era um jovem cheio de esperanças e sonhos
But now it seems to me Mas agora me parece
that all is lost and nothing gained que tudo está perdido e nada ganho
Sometimes things ain't what they seem Algumas vezes as coisas não são o que parecem
No brave new world, no brave new world Nenhum admirável mundo novo
No brave new world, no brave new world Nenhum admirável mundo novo
Night and day I scan horizon, sea and sky Noite e dia procuro pelo horizonte, mar e céu
My spirit wanders endlessly Meu espírito vagueia sem parar
Until the day will dawn and friends from home Até que o dia nasça e os amigos de casa
discover why descubram porque
Hear me calling, rescue me Me ouçam chamando, me salvem
Set me free, set me free Libertem-me, libertem-me
Lost in this place and leave no trace Perdido neste lugar e sem deixar vestígios
What became of men that started O que resultou do que os homens começaram
All are gone and souls departed Todos se foram e as almas partiram
Left me here of this place Me deixaram aqui nesse lugar
So all alone Então tudo sozinho
When you've been particular places, Quando você esteve em lugares particulares,
That you know you've never been before, Que você sabe que nunca visitou antes,
Can you be sure? Pode ter certeza?
'Cause you know this has happened before, Pois você sabe que isso aconteceu antes,
And you know that this moment in time is for real, E você sabe que este momento é de verdade,
And you know when you feel Deja vu. E você sabe quando sente Deja Vu.
Feel like I've been here before, Sinto como se tivesse estado aqui antes,
… ...
Ever had a conversation, Alguma vez teve uma conversa
That you realise you've had before, Que você entendeu ter tido antes
Isn't it strange? Não é estranho?
Have you ever talked to someone, Alguma vez você já falou com alguém
And you feel you know what's coming next? E sentiu que sabia o que iria acontecer?
It feels pre-arranged. Parece pré-arranjado
'Cause you know that you've heard it before, Pois você sabe que já ouviu isso antes
And you feel that this moment in time is surreal, E você sente que este momento no tempo é surreal
'Cause you know when you feel Deja vu Pois você sabe quando sente Deja Vu
Near to the East, in a part of ancient Greece, Perto do leste, em uma parte da antiga Grécia
In an ancient land called Macedonia, Em uma antiga terra chamada Macedônia
Was born a son to Philip of Macedon, Nasceu o filho de Felipe da Macedônia
The legend his name was Alexander. A lenda, seu nome era Alexandre
King Darius the third, Defeated fled Persia, Rei Dário III, derrotado,fugiu da Pérsia
The Scythians fell by the river Jaxartes, Os Simérios se renderam no rio Jaxartes
Then Egypt fell to the Macedon king as well, Os Egípcios sucumbiram também ao rei Macedônio
And he founded the city called Alexandria. E ele fundou a cidade chamada Alexandria
By the Tigris river, he met King Darius again, No rio Tigre ele encontrou novamente o rei Dário
And crushed him again in the battle of Arbela, E o esmagou novamente na batalha de Arbela
Entering Babylon and Susa, Adentrando Babilônia e Susa,
treasures he found, tesouros ele encontrou
Took Persepolis, the capital of Persia. Tomou Persépolis, a capital da Pérsia
A Phrygian King had bound a chariot yoke, Um rei Frígio partiu em uma biga
And Alexander cut the "Gordion knot", E Alexandre cortou o Nó Górdio
And legend said that who untied the knot, E a lenda dizia que quem cortasse o Nó
He would become the master of Asia. Tornaria-se o governante da Ásia
Hellenism he spread far and wide, Ele espalhou o Helenismo por todos os lados
The Macedonian learned mind, A mente ensinada da Macedônia
Their culture was a western way of life, Sua cultura era um estilo ocidental de vida
He paved the way for Christianity. Ele pavimentou o caminho para o Cristianismo
The battle weary marching side by side, A cansativa batalha, marchando lado a lado
Alexander's army line by line, Os exércitos de Alexandre, linha a linha
They wouldn't follow him to India, Eles não seguiriam para a Índia
Tired of the combat, pain and the glory. Cansados do combate, da dor, e da glória
CAUGHT SOMEWHERE IN TIME: abre o disco mostrando a Donzela com uma sonoridade
diferente dos discos anteriores. A música descreve alguém, como o diabo, tentando convencer
outra pessoa a trocar sua alma por algo que não dá muito para saber o que é (vida eterna?).
Argumenta-se que a música é inspirada no filme de 1979, Time After Time (“Um século em 43
minutos”), onde o escritor H. G. Wells inventa uma máquina do tempo e entra nela para perseguir
seu amigo, que viria a se tornar Jack, O Estripador.
WASTED YEARS: pode ser considerada uma das músicas mais "mainstream" do Maiden ao lado
de Wasting Love. Sua letra fala sobre não olharmos para trás e vivermos o presente como se
fossem os dias dourados. O videoclipe mostra várias fotos da banda, durante a World Slavery Tour
e até antes disso, mostra também várias fotos do Eddie em suas várias fases, desde o começo da
banda. É como se fosse um resumo de tudo que eles viveram até então.
SEA OF MADNESS: também de autoria de Adrian Smith, narra outro estado mental. Fala do
sofrimento do mundo, da miséria do povo (o tal mar de loucura) e que, às vezes, o melhor a fazer é
virar as costas e ir embora, mesmo com o coração pesado.
HEAVEN CAN WAIT: segue descrevendo a experiência de quase morte: sensação de ver o
próprio corpo e ter a alma sugada para outro lugar, onde há luzes e pessoas observando, mas tudo
que ele deseja é continuar aqui na Terra. No fim, ele não sabe se renasceu, morreu ou vai acordar
de um sonho.
Características de EQM (as mais comuns, mas nem sempre presentes): sensações de
tranquilidade, luz radiante, pura e intensa, experiências fora do corpo, entrando em outra realidade
ou dimensão, visão e/ou comunicação com seres espirituais, o túnel e revisão da vida (tipo aquela
sensação de que sua vida inteira passou como um flash diante de seus olhos).
THE LONELINESS OF THE LONG DISTANCE RUNNER: é baseado na história de Alan Sillitoe,
que se tornou filme em 1962. O filme fala de um jovem que é preso depois de roubar uma padaria.
Ele fica em uma prisão para jovens delinquentes e, para se distrair, passa o tempo correndo.
Descobrem seu talento como corredor e oferecem a ele um meio de sair da prisão (e promover o
nome da instituição): vencer uma importante corrida cross-country contra alunos da escola pública.
Se você não for ver o filme ou ler o livro, saiba que o garoto, quando está perto de vencer a
corrida, pára no caminho e não aceita vencer uma corrida por aqueles que o prenderam. Ele se
ferra depois, mas que tem firmeza, isso tem!
STRANGER IN A STRANGE LAND: ao contrário do que muitos dizem, NÃO fala sobre o romance
de mesmo nome do escritor estadunidense Robert A. Heinlein (1907 - 1988) lançado em 1961, que
conta a história de um humano que é criado pelos habitantes do planeta Marte e, quando adulto,
vem para a Terra. Ok espertinho, então a música fala do que?
A letra de Adrian Smith fala sobre uma conversa que ele teve com um explorador, que achou
o corpo de um homem congelado há muitos anos no Pólo Norte. (Eu não me surpreenderia que ele
tivesse lido o livro de Heinlein e relacionado as coisas.)
DÉJÀ VU: fala sobre... Déjà Vu! Aquela estranha sensação de já termos vivido uma mesma
situação antes = "Feel like i've been here before.."
Déjà Vu vem do francês, e significa "já visto".
ALEXANDER THE GREAT: Alexandre Magno, O Grande, rei da Macedônia e de um bom pedaço
do mundo... Seu tutor foi nada menos que Aristóteles. Era filho de Filipe II, que conquistou a
Grécia, depois das Cidades-Estado gregas como Atenas, Esparta, Tebas e Micenas se acabarem
em guerras. Alexandre conquistou um território de 5.646.200km² e foi o segundo maior
conquistador de terras do mundo ("perdeu" "apenas" para Genghis Khan). Nasceu em 356AC e
morreu de febre na Babilônia em 323AC.
Pode não ser a mais bonita, mas com certeza é a capa mais interessante da carreira do
IRON MAIDEN. Ilustrada pelo famoso Derek Riggs, apresenta diversos detalhes a respeito da
história e das músicas da banda, além de outros detalhes divertidos.
1- "This is a very boring painting", mensagem escrita ao contrário atrás da perna direita do Eddie.
2- Aces High bar, com um avião da Segunda Guerra Mundial voando ao fundo. (Referência à
música "Aces High", do álbum "Powerslave").
3- Ancient Mariner Seafood Restaurant. (Referência à música "Rime of the Ancient Mariner", do
álbum "Powerslave").
4- Eye of Horus sobre o anúncio da Webster à esquerda da arma de Eddie. (Referência à música
"Powerslave", do álbum "Powerslave").
5- Phantom Opera House. (Referência à música "Phantom of the Opera", do álbum "Iron Maiden").
6- Na contra-capa vê-se um homem em queda livre, trata-se de Icaro caindo do sol com as asas de
cera em chamas. (Referência à música "Flight of the Icarus", do álbum "Piece of Mind").
7- O relógio na contra-capa, no viaduto, marca 23:58. (Referência à música "2 minutes to midnight",
do álbum "Powerslave").
8- "Tonight GYPSY'S KISS", abaixo do relógio. (Referência à primeira banda do baixista Steve
Harris).
9- Live After Death e Blade Runner são os filmes em cartaz no cinema. (Referência ao disco ao
vivo, "Live After Death" e ao filme "Blade Runner", no qual o disco "Somewhere in Time" é
inspirado).
10- O cinema é o Philip K. Dick, que é o autor de "Do Androids Dream of Electric Sheep?", em que
o filme "Blade Runner" foi baseado.
11- Ruskin Arms (Velho pub onde o IRON MAIDEN tocava no início da carreira).
12- The Rainbow Bar (Outro clube que a banda frequentava nos primórdios).
14- Hammerjacks (Um dos bares favoritos da banda nos EUA, "Hammerjacks Night Club" em
Baltimore, no estado de Maryland).
15- Tehe's bar é o local onde a banda conseguiu as pessoas que contam os Backing Vocals de
"Heaven Can Wait". Batman está embaixo do anúncio do Tehe's bar.
16- West Ham 7 x 3 Arsenal. Placar de futebol mostrando a vitória do time preferido da banda,
West Ham.
17- Long Beach Arena (Referência ao lugar onde foi gravado o disco ao vivo, "Live After Death").
18- Nicko McBrain veste uma camiseta com o dizer "Iron What?".
19- "Bradbury Hotels International" (Referência ao autor Ray Bradbury de clássicos como "Ice
Nine", "The Martian Chronicles", etc.).
22- Os letreiros escritos em japonês fazem referência ao disco ao vivo "Maiden Japan".
23- "Maggies revenge" na contracapa faz referência à primeira ministra britânica Margareth
Tatcher, que teve uma confusão com o Iron Maiden por volta de 1980 em virtude dos singles
"Sanctuary" e "Women In Uniform", que a ilustravam morta por Eddie no chão e escondida atrás de
uma parede observando Eddie, respectivamente.
24- A rua em que Eddie se encontra é a Acacia Avenue (Referência a música "22 Acacia Avenue"
do álbum "The Number of the Beast").
25- Em uma das janelas da Acacia Avenue há uma garota sentada próximo à uma janela, ela é
supostamente a prostituta Charlotte (Referência a música "Charlotte the Harlot", do álbum "Iron
Maiden").
26- Bruce Dickinson segura um cérebro em suas mãos (Referência ao disco "Piece of Mind").
27- Há uma lixeira embaixo da perna esquerda de Eddie junto a um poste de luz. Estes objetos
constam na capa do álbum de estréia, "Iron Maiden".
1987
1. Moonchild Adrian Smith/Dickinson 5:39
2. Infinite Dreams Steve Harris 6:09
3. Can I Play with Madness Smith/Dickinson/Harris 3:31
4. The Evil That Men Do Smith/Dickinson/Harris 4:34
5. Seventh Son of a Seventh Son Harris 9:53
6. The Prophecy Dave Murray, Harris 5:05
7. The Clairvoyant Harris 4:27
8. Only the Good Die Young Harris/Dickinson 4:41
Seventh Son Of A Seventh Son é considerado o último álbum da fase clássica do Iron
Maiden. O uso de sintetizadores e outros efeitos ainda foi bem usado, porém com menos
intensidade em relação ao álbum anterior.
O álbum é conceitual e conta a lenda de que, se o sétimo filho de um sétimo filho nascesse,
teria poderes infinitos, para o bem ou para o mal.
O álbum já começa com uma de suas melhores faixas. Apenas a introdução acústica e a voz
de Bruce, seguidos pelas primeiras notas dos sintetizadores, e então a faixa explode em uma bela
abertura, que fala sobre o nascimento do “sétimo filho do sétimo filho”. A voz de Bruce está bem
melódica, sem abusar muito dos agudos por enquanto, com excessão de algumas notas mais altas
no refrão. A clássica dupla de guitarras do Maiden soa precisa e entrosada como de costume.
Ótima abertura.
Inicia com uma bela introdução com a dupla de guitarras, e vai ganhando potência aos
poucos, dando espaço às notas mais altas de Bruce Dickinson. O riff seguinte, e a explosão da
faixa com o clássico baixo cavalgado de Harris nos fazem lembrar imediatamente dos
antecessores Powerslave (1984) e Somewhere In Time (1986). Aqui percebemos o Maiden
abusando bastante das guitarras dobradas, uma das principais características da banda.
Uma das faixas mais “felizes” do álbum. O destaque fica por conta do baixo “estalado” de
Steve Harris, e de um refrão bastante grudento. A base do solo, cheia de quebras de tempo
também é um ponto alto da faixa, que é a mais curta do álbum, porém uma das mais conhecidas.
Nessa faixa temos finalmente todo o poder de fogo do Iron Maiden. Baixo feroz, riffs geniais
e Bruce Dickinson em sua melhor forma, cantando um dos refrões mais épicos do Maiden. Os
solos são dignos de uma dupla de guitarristas como Adrian Smith e Dave Murray. Clássico e foda!
5 – Seventh Son Of A Seventh Son (Harris) (9:53) 3/5
Chegamos à long track do álbum. A faixa-título, assim como a maioria das long tracks do
Maiden, é basicamente dividida em duas partes: antes e depois de uma parte lenta. Nesse caso, a
primeira parte mantém o mesmo nível da faixa anterior, com um refrão poderoso. E então
chegamos na parte lenta… e a música se torna cansativa. Temos uma ótima demonstração da
qualidade dos músicos do Iron Maiden, que é indiscutível, mas a duração da faixa é exagerada,
fazendo com que se torne cansativa, assim como muitas músicas do Maiden, principalmente à
partir do álbum Brave New World (2000).
A única composição de Dave Murray nesse álbum tem, de fato, características diferentes do
restante das músicas. Um andamento mais cadenciado e riffs menos elaborados, mas ainda muito
bons. Ao final, uma passagem acústica que termina a faixa com grande beleza. Se Harris é o
cérebro, Murray é a alma do Maiden.
Steve Harris é gênio. E se alguém ousa duvidar disso, eu recomendo a audição dessa faixa.
A introdução com um ótimo dedilhado de baixo é seguida por uma tímida guitarra. A banda começa
calma, até a explosão em um refrão fantástico e um riff matador. Falar da competência de Bruce
Dickinson nos vocais é chover no molhado. O cara tem algo entre Dio e Rob Halford que é especial
e bem particular, ao mesmo tempo em que lembra essas duas outras lendas do metal. Grande
faixa.
A última faixa tem a pegada do álbum anterior, com um pouco mais de velocidade nos riffs e
solos. Se você leu até aqui, já deve ter percebido que esse é um álbum com ótimos refrões, e não
seria diferente aqui. Fecha o álbum com competência, mas não possui nenhum diferencial. Ao final
da faixa, temos mais uma vez a passagem acústica como no início de “Moonchild”, e acaba assim
o último álbum dos chamados “Golden Years” do Maiden, que tentaria uma “volta às origens” no
início dos anos 90, porém, sem sucesso.
I – Introdução:
Eis que o sétimo filho do sétimo filho chega ao mundo. Em mitologias e lendas mais antigas,
ele poderia ser comparado a um lobisomem ou um vampiro. Para os antigos profetas, místicos e
religiosos, ele seria o enviado, o escolhido, o responsável por atribuir a salvação a todos, ou, a
destruição de todos. Ele nasceria, na ótica destes, com poderes sobrenaturais capazes de trazer
bênçãos ou catástrofes, cura e clarividência, castigo e maldição, dependendo do lado que estes
poderes se desenvolvessem. Começa então, a recontagem da batalha de sete anjos e sete
demônios, para assumir o controle da alma desta criança. Começa aqui a saga do disco conceitual
“Seventh Son Of a Seventh Son”, do IRON MAIDEN, não por acaso, o sétimo álbum gravado pela
banda, em um momento mágico de sincronia e sonoridade.
II – A Natividade: A Criança da Lua
E assim, BRUCE DICKINSON anuncia que os portais do inferno estão a se abrir para,
primeiro, lutar para impedir que o “enviado” viesse ao mundo, nesta canção avassaladora.
Evidentemente, a estrada para a perdição começa a manifestar-se, quando o próprio
LÚCIFER, em pessoa, avisa à genitora da criança:
Assim como fizeram os faraós no antigo Egito com os primogênitos, a ideia do demônio era
matar a todos os nascidos naquele mesmo instante. E o demônio continha a alertar, agora que não
conseguiu impedir que a criança nascesse, sob o signo lunar.
E então, LÚCIFER decide e confessa: quando por ventura houver um descuido do arcanjo
GABRIEL, irá agir:
Sim, vivemos em um mundo que mais parece um louco sonho, carregado de tristezas,
dores, traições, guerras, ilusões. Imagine, por um instante agora, amigo leitor e fã do IRON
MAIDEN, o personagem principal desta saga, o “enviado”, já com poucos anos de idade, e, já
ciente de que possui alguns poderes para além do bem e do mal. Imagine-se por um instante,
dentro da mente e do coração deste ser, a sua forma de observar o mundo, e, o seu medo de
adormecer e sentir pesadelos e temores, que, na verdade, são as mensagens de clarividência, mas
que para ele, ainda não podem ser concebidas de forma a traduzir a sua missão, e, sim, ainda o
assustam. Começa aqui uma das mais belas canções do IRON MAIDEN em toda rica sua história.
A ansiedade e a agonia do sétimo filho são aqui, destiladas de maneira primorosa, tanto
instrumental, com a bela introdução melódica das guitarras de MURRAY/SMITH, quanto pelo baixo
magnificamente carregado de HARRIS, a bateria suavemente encaixada de NICKO e a voz
sussurrante de BRUCE no início, a dizer:
Sim, ele está cansado, carregado de vidências e imagens que não deseja presenciar mais.
Então, naquele momento, o sétimo filho clama, em tom de lamento, aos céus:
Uma pergunta mais do que crucial, que, entre cavalgadas de baixo e guitarras, explode em
mais uma pequena mini-saga a ser vivida pelo sétimo filho, na aventura em tom de diálogo com
uma espécie de “xamã”, a quem ele se abre sorrateiramente:
E o diálogo então, encontra sua resposta, de forma irônica e aparentemente duvidosa, antes
da revelação final:
Mas o “enviado” duvida de suas palavras, e, sente neste profeta certo charlatanismo, pois
tudo que ele, enquanto jovem cheio de dúvidas e anseios esperava naquele momento, era uma
resposta em forma de ensinamento. Zangado, ele retruca ao profeta, e, ambos iniciam um embate
de palavras:
E assim, em meio a este furor entre ambos, a pergunta que dá nome à canção continua sem
respostas, e, a música se finda. Não é a melhor canção do álbum, mas tornou-se hit entre os fãs e
virou single para divulgação do trabalho, e, teve vídeo oficial lançado.
É neste momento que, de forma muito rápida, a temática da saga migra do embate para o
amor proibido entre o “enviado” e a filha deste profeta. Na minha modesta opinião, poderia haver,
ainda mais uma canção depois de “Can I Play With Madness”, para criar uma ponte entre a forma
como ambos se conheceram, até chegar a vingança do pai, que, temendo pelo sofrimento da filha
(por saber o trágico destino do jovem que com ele travara uma discussão), acaba por mata-la. E,
com isto, teríamos em “The Evil That Men Do” (a próxima canção que comentarei) a conclusão em
forma de lamento, do jovem em prantos pela injustiça sofrida por sua amada. Mas enfim, é uma
opinião pessoal, e, já tentei, por gostar do disco, até mesmo escrever uma letra e imaginar uma
melodia para esta música que contasse a história entre ambos. Enfim. É algo que lamento e
lamentarei para sempre, neste álbum, pois eu o adoro, e, fica impossível para a minha pessoa, não
desejar que exista uma ponte de ligação entre as canções, pois, afinal, estamos a falar de uma
bela história de amor. E um amor impossível e covardemente retirado de dois corações. Os mais
“raivosos” leitores poderão ver isto como algo “inconcebível” para o IRON MAIDEN, construir uma
canção que falasse de um amor impossível, mas é preciso ser inteligente neste momento, e,
separar a ideia de que romance é coisa de “baladinhas” e entender que as grandes tragédias
literárias (das quais HARRIS e DICKINSON leram a maioria delas) são concebidas por grandes
paixões e duelos de amor e ódio. E que é possível construir, no heavy metal, uma temática destas
de forma grandiosa, a exemplo do que já foi feito com “Wasting Love”.
Eis que “The Evil That Men Do”, outra canção maravilhosa, pesada e cavalgada pelo peso
do baixo de HARRIS a ditar a canção, com uma bela introdução (como sempre) de guitarras
melódicas de uma das maiores duplas de guitarristas da história do heavy metal, surge para contar
o mencionado lamento deste jovem sétimo filho, ao perder a amada, uma belíssima jovem com
instintos de guerreira (imagem abaixo), vítima do trágico assassinato cometido pelo próprio pai, o
profeta que com ele teve um duelo de palavras.
O título da canção foi formulado a partir de MARCO ANTONIO, enquanto discursava
abordando a multidão de romanos depois de CÉSAR ser assassinado na peça de WILLIAM
SHAKESPEARE, chamada de JULIUS CAESAR. A frase é a seguinte: “O mal que os homens
fazem vive depois deles. O bem é muitas vezes enterrado com seus ossos”. (Ato 3, cena 2, O
Fórum)
BRUCE normalmente conta esta passagem no início da canção, como fez em diversas
ocasiões, inclusive nos shows da banda no Brasil. E, nesse sentido, SMITH/DICKINSON/HARRIS
acertaram em cheio na influência, pois exatamente neste instante, ao ver a amada morta de forma
cruel e insana, o personagem central, o sétimo filho, o “enviado” encontra-se perdido e em crise
existencial, a perceber que a humanidade é má. E então, ele se aproxima, cada vez, do círculo do
fogo, movido pela dor e pela revolta.
Mergulhado num oceano de lágrimas, sangue e fúria, o sétimo filho aproxima-se então, das
chamas que tanto o atormentam, e, agora, vê-se seduzido por elas, com requintes de vingança.
“Círculo de fogo,
Meu batismo de alegria parece terminar
A sétima ovelha morta,
O livro da vida está aberto diante de mim
E rezarei por você
E algum dia talvez eu retorne
Não chore por mim
No „além‟ foi onde aprendi”
Sim, agora o sétimo filho já invocou as forças do além. Foi através do além que ele encontra
a sua resposta, o equilíbrio dos seus poderes. E é aqui que ele, literalmente, encontra a sua
identidade, que será traduzida a partir da próxima canção: “Seventh Son Of a Seventh Son”.
Mais uma belíssima canção impulsionada pela poderosa introdução, longa e cadenciada de
forma proposital, para evoluir instrumentalmente de acordo com cada parágrafo da letra, que conta,
um após o outro, uma espécie de autobiografia do que foi vivido até agora pelo “enviado”, senão
vejamos.
De maneira épica, a canção parece ressonar uma batalha de anjos e demônios, pois,
durante um dado momento, BRUCE narra, em meio a silêncio da banda e o exultar de um teclado:
E, em seguida, um coral mágico que mais parece traduzir divindades é cortado pelo solo
fantástico dos guitarristas, e, o clima que ecoa perante a canção parece nos transmitir a um campo
de batalha onde legiões se evocam e se amaldiçoam, e, se enfrentam para que um deles possa
dizer, de forma mais alta, quem cuidará da alma do sétimo filho, para que a profecia enfim, seja
cumprida. E então, o sétimo filho decide usar suas forças para cumprir o bem para com todos, ao
passo em que a canção se aquieta, até o seu desfecho.
Desolado diante do vilarejo destruído, ele sente que caminha cada vez mais, para o destino
trágico. Ainda assim, ele persiste, tentando aumentar ainda mais seus poderes, na tentativa de
ajudar mais pessoas, mesmo que ele continue a ser desacreditado por todos.
IX – O Terceiro Olho
E, através da ampliação de seus poderes, a clarividência começa a crescer de tal forma, que
ele vive em dois mundos e confunde-se entre o real e o imaginário, assustando-se, e, chocando-se
com os seus próprios limites. Começa aqui uma das melhores canções do disco, a fantástica “The
Clairvoyant”, que, a exemplo de “Infinite Dreams” e “Seventh Son”, também foi composta
inteiramente por HARRIS.
Uma introdução de baixo marca o ritmo, e, em seguida, a bateria, as guitarras incendiárias e
os teclados rompem com um novo petardo, rápido e direto.
E a letra? Autobiográfica (sob a ótica do sétimo filho) em forma de clamor e luta de um
homem destinado a ser herói, tentado por anjos e demônios, e, desacreditado, assim como um dia
foi JESUS, por seu próprio povo.
O sétimo filho percebe que está a morrer. LÚCIFER sorri novamente, e, assim como ele
terminou a primeira canção “Moonchild” avisando: “Eu te verei amaldiçoado no final da noite”, ele
inicia a última conclusão da saga, dizendo: “O demônio em sua mente te capturará na sua cama à
noite”.
Há uma alusão bíblica clara aqui, ao CRISTO e a todos os líderes que, de alguma forma,
foram mortos e esquecidos por seu povo. A metáfora da traição humana, a maçã de todos os
sarcasmos, segurada nas mãos do demônio para ferir o “enviado”.
Mas, mesmo diante da traição humana, o simples elevar de poderes, mesmo sabendo dos
perigos e riscos, não consistiria também, em um pecado?
Ou melhor, em um dos sete pecados? Temos a luxúria, a avareza, a gula, a ira, a vaidade, a
preguiça e a soberba. A meu ver, a soberba, que consiste na manifestação de orgulho, foi o
pecado anunciado. Alguns poderiam pensar na luxúria, mas creio que não, pois o significado da
palavra luxúria é “apego e valorização extrema aos prazeres carnais, à sensualidade e
sexualidade. desrespeito aos costumes. lascívia”. E o sétimo filho, mesmo sabendo de seus riscos,
de seu sofrimento, escolheu elevar seus poderes, e, com isto, enlouqueceu e condenou-se à
morte.
E eis que voltamos à frase inicial do sétimo selo, prevista em “Moonchild”. Ao abrir o sexto
selo, de acordo com os presságios bíblicos, a lua verter-se-á em sangue. E, eis que a canção diz
exatamente isto:
E assim, fecha-se o ciclo da vida do sétimo filho do sétimo filho, assim como encerra-se de
maneira nobre esta notável trabalho, entre os últimos recitares de BRUCE DICKINSON, que
repetem o que foi dito na introdução do disco:
O disco fala por si só. Muitos preferem “Somewhere In Time”, porque foi certamente, o disco
que apresentou o IRON MAIDEN em termos comerciais ao Brasil. O festival ROCK IN RIO fez com
que a banda e suas canções ficassem conhecidas, mas as vendas realmente despontaram a partir
de “Somewhere In Time”. Impactante, inovador, com temática futurista, era esperado que a
próxima cria dos britânicos viesse também, com um excelente contexto por detrás das canções.
O mago STEVE HARRIS sabia muito bem o que estava a fazer, quando, seguindo os
caminhos de seu coração, sua lenda pessoal, ele sonhou em conceber o embrião daquela que,
sem dúvida, é uma das bandas mais cultuadas de toda a história e, uma das mais importantes de
todos os tempos: IRON MAIDEN. [1]
(1/8) Moonchild (5:39) Criança da Lua
Moonchild - hear the mandrake scream Criança da lua - ouça a mandrágora gritar
Moonchild - Open the seventh seal Criança da lua - rompa o sétimo lacre
Moonchild - hear the mandrake scream Criança da lua - ouça a mandrágora gritar
Moonchild - Open the seventh seal Criança da lua - rompa o sétimo lacre
Moonchild - You'll be mine soon child Criança da lua - em breve você será minha
Moonchild - take my hand tonight Criança da lua - pegue na minha mão esta noite
The twins they are exhausted, seven is this night Os gêmeos estão exaustos, sete é esta noite
Gemini is rising as Gemini está nascendo enquanto
the red lips kiss to bite lábios vermelhos mordem
Seven angels seven demons battle for his soul Sete anjos, sete demônios disputam sua alma
When Gabriel lies sleeping, Quando Gabriel dormiu,
this child was born to die a criança nasceu para morrer
One more dies one more lives Mais um morre mais um vive
One baby cries one mother grieves Uma criança chora, uma mãe se lamenta
For all the sins you will commit Para todos os pecados que irá cometer
You'll beg forgiveness and none I'll give Você pedirá perdão mas eu não te darei
A web of fear shall be your coat Uma teia de medo deve ser seu casaco
To clothe you in the night Para vestir nesta noite
A lucky escape for you young man Uma escapada esperta para um cara jovem
But I'll see you damned in endless night Mas o verei condenado pela noite sem fim
Moonchild - hear the mandrake scream Criança da lua - ouça a mandrágora gritar
Moonchild - Open the seventh seal Criança da lua - rompa o sétimo lacre
Moonchild - You'll be mine soon child Criança da lua - em breve você será minha
Moonchild - take my hand tonight Criança da lua - pegue na minha mão esta noite
Infinite dreams, I can't deny them Sonhos infinitos, eu não posso nega-los
Infinity is hard to comprehend O infinito é difícil de se compreender
I couldn't hear those screams Eu não conseguia ouvir aqueles gritos
Even in my wildest dreams Mesmo nos meus sonhos mais selvagens
Restless sleep, the mind's in turmoil Sono agitado, a mente está tumultuada
One nightmare ends, another fertile Um pesadelo termina, outro começa
It's getting to me so scared to sleep Está me deixando tão assustado para dormir
But scared to wake now, in too deep Mas com medo de acordar agora, lá no fundo
Even though its reached new heights Mesmo tendo atingindo novos patamares
I rather like the restless nights Eu prefiro as noites sem descanso
It makes me wonder, it makes me think Elas me fazem indagar, me fazem pensar
There's more to this, I'm on the brink Existe mais que isso, ou estou no limite
It's not the fear of what's beyond Não é o medo do que está além
It's just that I might not respond Disso só sei que posso não ter resposta
I have an interest, almost craving Eu tenho uma curiosidade, quase uma fissura
But would I like to get too far in? Mas eu gostaria de ir tão longe?
There's got to be just more to it Tem que haver mais que isso
Than this Do que isso
Or tell me why do we exist Ou então me diga porque nós existimos
I'd like to think that when I die Eu gostaria de achar que quando eu morrer
I'd get a chance, another time Eu teria uma chance, de viver mais uma vez
And to return and live again De retornar e viver novamente
Reincarnate, play the game Reencarnar, jogar o jogo
Again and again and again De novo e de novo e de novo
(3/8) Can I Play With Madness (3:31) Eu Posso Brincar Com a Loucura?
I screamed aloud to the old man, Eu gritei alto para o homem velho
I said don't lie, don't say you don't know! Eu disse não minta, não diga que não sabe
I say you'll pay for your mischief, Eu disse "você pagará por sua brincadeira
In this world, or the next! Neste mundo ou no próximo"
Oh then he fixed me with a freezing glance, Oh, então ele me encarou com um olhar frio
And the hellfires raged in his eyes, E o fogo do inferno queimou em seus olhos
He said do you want to know the truth son? Ele disse você quer saber a verdade, filho?
I'll tell you the truth! Eu vou te dizer a verdade
Your soul's gonna burn, in a lake of fire! Sua alma vai queimar em um lago de fogo
(4/8) The Evil That Men Do (4:34) O Mal Que os Homens Fazem
The evil that men do lives on and on O mal que os homens fazem vive para sempre
… ...
Circle of fire my baptism of joy Círculo de fogo,
And an end it seems meu batismo de alegria parece terminar
The seventh lamb slain A sétima ovelha morta,
The book of life opens before me o livro da vida está aberto diante de mim
The evil that men do lives on and on O mal que os homens fazem vive para sempre
… ...
Yeah, yeah! Yeah, yeah!
The evil that men do lives on and on O mal que os homens fazem vive para sempre
… ...
The evil O mal
The evil O mal
The evil that men do! O mal que os homens fazem!
Here they stand, brothers them all Aqui eles resistem, todos irmãos
All the sons, divided they'd fall Todos os filhos divididos eles cairiam
Here await the birth of the son Aqui aguardam o nascimento do filho
The seventh, the heavenly, the chosen one O sétimo, o santo, o escolhido
Here the birth from an unbroken line Aqui o nascimento de uma linhagem perfeita
Born the healer, the seventh, his time Nasce o que cura, o sétimo, a vez dele
Unknowingly blessed Abençoado sem saber
and as his life unfolds a medida que sua vida se descortina
Slowly unveiling the power he holds Vagarosamente expondo o poder que ele detém
Now that I know that the right time has come Agora que eu sei que a hora certa chegou
My prediction will surely be true Minha profecia certamente será verdadeira
The impending disaster it looms O desastre eminente agiganta-se
And the whole of the village is doomed E a vila inteira está condenada
I'll take your life in my hands Eu tomarei sua vida em minhas mãos
Your fate, your fortune's in my visions Seu destino, sua sorte está em minhas visões
Heed what I say and you'll see Ouça o que eu digo e você verá
What will be. Please listen to me O que será por favor me ouça
Now that they see the disaster is done Agora que eles veem que o desastre já ocorreu
Now they put all the blame unto me Agora eles colocam toda a culpa em mim
They feel I brought on a curse Eles sentem que eu trouxe uma maldição
Don't they know that the torment Não sabem eles que o tormento
It stays with me, knowing that I walk alone Continua comigo, sabendo que eu ando sozinho
Through the eyes of the future I see Pelos olhos do futuro eu vejo
They don't even know what fear is Eles nem mesmo sabem o que é o medo
Don't they know I'm the one who is cursed Eles não sabem que sou eu o amaldiçoado
Feel the sweat break on my brow Sinto o suor escorrer da minha testa
Is it me or is it shadows that are Sou eu ou são sombras que
Dancing on the walls. Dançam na parede
Is this a dream or is it now Isso é um sonho ou é o presente
Is this a vision or normality I see É uma visão ou normalidade que vejo
Before my eyes. Diante de meus olhos
There's a time to live and a time to die Existe tempo de viver e tempo de morrer
When it's time to meet the maker Quando é a hora de encontrar o criador
There's a time to live but isn't it strange Existe um tempo para viver, mas não é estranho
That as soon as you're born you're dying. Que assim que você nasce você esteja morrendo
Just by looking through your eyes Apenas olhando por seus olhos
He could see the future penetrating right Ele podia ver o futuro
In through you mind Penetrando em sua mente
See the truth and see your lies Ver a verdade e ver suas mentiras
But for all his power couldn't foresee Mas com todo o seu poder não pôde prever
his own demise sua própria morte
There's a time to live and a time to die Existe tempo de viver e tempo de morrer
When it's time to meet the maker Quando é a hora de encontrar o criador
There's a time to live but isn't it strange Existe um tempo para viver, mas não é estranho
That as soon as you're born you're dying... Que assim que você nasce você esteja morrendo...
...and be reborn again? ...e renascer novamente?
The demon in your mind will rape yo O demônio em sua mente o estuprará à noite
in your bed at night em sua cama
The wisdom of ages, the lies A sabedoria de idades, as mentiras
and outrages concealed e afrontas esconderam
Time it waits for no man Tempo que espera por nenhum homem
Mystery madman, a victim of cruel charade Louco misterioso, uma vítima da charada cruel,
Some innocent pawn in an end game Algum peão inocente em um fim de jogo,
One more stalemate Mais um beco sem saída
Is death another birthday? A morte é outro aniversário?
A way to kiss your dreams goodbye? Um modo para dar seus sonhos como perdidos?
MOONCHILD: o demônio manda um aviso para os pais da criança: não adianta escapar!
Moonchild também é o nome de um livro de 1917, escrito por Aleister Crowley, que fala da luta das
forças do bem contra o mal.
INFINITE DREAMS: o pai do sétimo filho (que também é o sétimo de sua geração), tem visões
que ele não compreende.
CAN I PLAY WITH MADNESS: o pai do sétimo filho busca uma explicação para suas visões, mas
não gosta muito do que ouve...
THE EVIL THAT MEN DO: a criança nasce, o pai morre. O nome da música foi retirado deste
trecho da obra Julio César (1599) de William Shakespeare: "Friends, Romans, country men, lend
me your ears; I come to bury Cæsar, not to praise him. The evil that men do lives after them, the
good is oft interred with their bones; so let it be with Cæsar." (Julius Cæsar. ACT III Scene 2)
Este trecho é falado por Marco Antônio após a morte de César pelos senadores traidores.
SEVENTH SON OF A SEVENTH SON: nascimento da criança com poderes sobrenaturais, o bem
e o mal disputam a criança. Baseada na ficção de Orson Scott Card, Seventh Son (1987). O sétimo
filho do sétimo filho não sabia de seus poderes, mas então os descobre, tendo que escolher entre o
bem e o mal, que fazem o possível para persuadí-lo.
THE PROPHECY: o garoto se dá conta de seus poderes destruidores e tenta avisar a todos da
profecia que iria destruir a vila. Lembrando que a lenda deve ser da época medieval, então, destruir
uma vila era muita coisa! A profecia se mostra como algo inevitável, ou seja, estava escrita, e nada
poderia mudá-la.
THE CLAIRVOYANT: O garoto torna-se vidente e passa a ter controle de seus poderes, e está
ciente que este poder poderá destruí-lo. Já sabe controlar suas visões, mas não o que fazer de sua
vida, pois estes poderes irão destruí-lo de qualquer forma.
ONLY THE GOOD DIE YOUNG: uma reflexão de tudo que aconteceu.
A década de 90 foi um tempo de boas safras para o heavy metal em geral. O mesmo não se
pode dizer do Iron Maiden, que lançou apenas álbuns medianos (sim, Fear of The Dark foi
duramente criticado) e sem muitos alardes na mídia especializada. No Prayer for the Dying é o
disco que abre as portas aos tempos de “vacas magras” no Iron Maiden.
Para compreender o que esse álbum representou, vamos voltar ao tempo. Dois anos antes
de No Prayer for the Dying ser lançado, o mundo conhecia o magnífico Seventh Son of a Seventh
Son, um disco caracterizado pela temática baseada na lenda do sétimo filho, visões e poderes
sobrenaturais que lhes renderam boas críticas, registros em vídeo (Maiden England) e uma nova
legião de fãs.
A intenção do disco seguinte era trazer o Maiden aos velhos tempos, os quais foram
marcados por canções simples e diretas e, é claro, retirar os sintetizadores largamente explorados
nos dois trabalhos anteriores, o já citado. Entretanto, o guitarrista Adrian Smith não estava disposto
a passar por tal mudança, já que a sonoridade que o Iron Maiden tinha naquele momento lhe
agradava, então voltar ao som praticado no passado não lhe era uma opção. Resultado: Smith saiu
durante o processo primário de composição do álbum e acabou formando o ASAP (Adrian Smith&
Project).
Para ocupar a vaga deixada por ele, foi sugerido um nome: “Janick Gers”, guitarrista que
havia trabalhado no primeiro disco solo de Bruce Dickinson, o Tattooed Millionaire de 1989. Janick
apresentava um estilo mais despojado do que os fãs do Iron Maiden estavam acostumados a ouvir,
porém sua presença de palco era algo indiscutível. No teste de audição, foi solicitado que ele
tocasse as músicas “The trooper”, “Iron maiden”, “The prisioner” e “Children of the Damned”, e já
nos primeiros acordes de The Trooper todos sabiam que Janick era a pessoa certa. Então... com
Nicko McBrain na bateria, Steve Harris no contrabaixo, o novato Janick Gers na guitarra com seu
mais novo companheiro Dave Muray e Bruce Dickinson nos vocais, lá se foi o Iron Maiden rumo ao
estúdio!
As sessões de gravação do álbum foram no estúdio particular de Harris, situado em seu sítio
na Inglaterra, o que resultou em uma produção ruim e descompromissada com a qualidade,
mesmo com a produção de Martin Birch, algo que o próprio Bruce afirmou: “Era uma m...! Soava
como m...! Eu desejei que não fosse feito desse modo”. Vamos às músicas.
Tailgunner abre o álbum conforme o prometido, realmente se ouve um Iron mais direto e
agressivo, porém ainda não é o Iron que estávamos acostumados a ouvir. Em seguida, Holy
Smoke começa a mostrar todo o seu sarcasmo e humor. Foi escrita baseada nas baboseiras que a
TV diz e contradiz a respeito do Iron Maiden, digamos... que essa foi a sua represália.
A faixa-titulo é a terceira música a figurar no player. Escrita por Steve Harris, essa faixa traz
andamentos duplos, porém sem grandes alardes. Na seguinte, parece que Dave Murray “deu luz a
outro elefante”. Public Enema Number One é um dos destaques do álbum, embora atualmente
esquecida pela banda.
Fates Warning, The assassin, Run Silent Run Deep, não chegam a dar ênfase ao ouvinte,
podendo ser consideradas músicas neutras.
Lembram que Adrian Smith saiu durante o processo de composição? Pois aqui está sua
parte: Hooks in You é um Hard Rock bem feito que deixa em evidência a mudança de timbre de
voz de Bruce Dickinson. Nota-se que ela está um pouco rasgada e rouca, resultado da má
produção ou uma segunda puberdade do cantor?
Bring Your Daughter... To the Slaughter deve ser a canção mais conhecida desse disco. Foi
composta por Dickinson para figurar como trilha Sonora do filme “A Hora do Pesadelo 5: O Maior
Horror de Freddy”, mas Harris achou ela perfeita para os novos ares que sua banda procurava,
então a regravou, dando origem a uma ótima música.
Mother Russia fecha o disco de forma interessante, com um fato curioso: é possível ouvir
sintetizadores ao fundo... Estaria Steve Harris se contradizendo? Ela chega a lembrar o clássico
Powerslave em alguns momentos.
Conclusão: a ideia não vingou, a reputação do Maiden caiu em muitos países, embora o
single “Bring Your Daughter... to the Slaughter” alcançasse o #1 nas paradas britânicas. A turnê de
divulgação do álbum não foi das melhores, e o público também. Em todos os lugares em que a
banda estava, os fãs apareciam timidamente.
Sim Harris, você se enganou, certas coisas não foram feitas para serem mudadas... [1]
Climb into the sky never wonder why Subir para o céu nunca perguntar porque
Tailgunner Artilheiro
You're a tailgunner Você é um artilheiro
Nail that Fokker kill that son Acerte aquele Fokker, mate o desgraçado
Gonna blow your guts out with my gun Vou estourar seus miolos com minha arma
The weather forecasts good for war A previsão de tempo bom para a guerra
Cologne and frankfurt? Cologne e Frankfurt?
Have some more Tem mais
Tail end Charlie in the boiling sky Cauda e Inimigo no céu fervente
The Enola Gay was my last try O Enola Gay foi minha última prova
Now that this tailgunner's gone Agora que esses artilheiros não existem mais
No more bombers Não existem mais bombardeios
(Just one big bomb) (Apenas uma grande bomba)
(2/10) Holy Smoke (3:39) Fumaça Sagrada
Jimmy Reptile and all his friends Jimmy Reptile e todos os seus amigos
Say they gonna be with you at the end Dizem que vão estar com vocês no final
Burning records, burning books Queimando discos, queimando livros
Holy soldiers, Nazi looks Soldados sagrados, aparência nazista
Crocodile smiles, just wait awhile Sorriso de crocodilo, espere um pouco
Till the TV Queen gets her make up clean Até a rainha da TV terminar sua maquiagem
I've lived in filth, Eu tenho vivido na sujeira,
I've lived in sin eu tenho vivido no pecado
And I still smell cleaner than Mas continuo cheirando mais limpo que
the shit your in a merda em que vocês estão
They ain't religious but they ain't no fools Eles não são religiosos mas eles não são bobos
When Noah built his Cadillac it was cool Quando Noé construiu seu Cadillac foi legal
Two by two they're still going down De dois em dois eles continuam descendo
And the satellite circus E o circo transmitindo por satélite
just left town acabou de deixar a cidade
I think they're strange Eu acho que eles são estranhos
and when they're dead e quando morrerem
They can have a Lincoln for their bed Eles podem ter um Lincoln para sua cama
Friend of the president - trick of the tail Amigo do presidente, puxa-saco
Now they ain't got a prayer Agora eles não tem uma oração
100 years in jail 100 anos na cadeia
Holy Smoke, Holy Smoke, Santa Fumaça, Santa Fumaça,
plenty bad preachers for existem muitos mau pregadores
The devil to stoke Para o diabo atiçar
Feed 'em in feet first Se alimentando deles pés à cabeça
this is no joke isto não é brincadeira
This is thirsty work making Holy Smoke É trabalho cansativo fazer Santa Fumaça
god give me the answers to my life Deus dê-me a resposta para minha vida
god give me the answers to my dreams Deus dê-me a resposta para meus sonhos
god give me the answers to my prayers Deus dê-me a resposta para minhas preces
god give me the answers to my being Deus dê-me a resposta para meu ser
Are we the lucky ones saved for another day, Somos nós os sortudos salvos para outro dia,
or they the lucky ones who are taken away ou os sortudos são, os que são levados
Is it a hand on your shoulder from the lord above, É uma mão em seu ombro, do senhor acima,
or the devil himself come to give you a shove ou o próprio diabo veio para dar-lhe um empurrão
A volcano erupts and sweeps a town away, Um vulcão estoura e varre uma cidade longe,
a hurricane devastates the cities in it's way um furacão devasta as cidades em seu caminho
The grief and misery for the ones A dor e a miséria para os
that are left behind, que são deixados para trás,
the worst is yet to come o pior ainda está para vir
a hell to face mankind um inferno para enfrentar a humanidade
I watch the way you walk Eu observo a maneira como você anda
I hear your telephone talk Eu ouço suas conversas telefônicas
I want to understand the way you think Eu preciso entender a maneira como você pensa
Better watch out,cos I'm the assassin Melhor prestar atenção, porque eu sou o assassino
(Better watch out) (Melhor prestar atenção)
cos I'm the assassin Porque eu sou o assassino
Better watch out,better watch out Melhor prestar atenção, melhor prestar atenção
Better watch out,cos I'm the assassin Melhor prestar atenção, porque eu sou o assassino
(Better watch out) (Melhor prestar atenção)
cos I'm the assassin Porque eu sou o assassino
Better watch out,better watch out Melhor prestar atenção, melhor prestar atenção
And as you walk to the light E a medida que você caminha para a luz
I feel my hands go tight Eu sinto minhas mão se apertarem
Excitement running through my veins Excitação correndo pelas minhas veias
Better watch out,cos I'm the assassin Melhor prestar atenção, porque eu sou o assassino
(Better watch out) (Melhor prestar atenção)
cos I'm the assassin Porque eu sou o assassino
Better watch out,better watch out Melhor prestar atenção, melhor prestar atenção
Better watch out,cos I'm the assassin Melhor prestar atenção, porque eu sou o assassino
(Better watch out) (Melhor prestar atenção)
cos I'm the assassin Porque eu sou o assassino
Better watch out,better watch out Melhor prestar atenção, melhor prestar atenção
ASSASSIN! ASSASSINO!
(7/10) Run Silent Run Deep (4:34) Corra Calado, Corra Para o Abismo
The convoy lights are dead ahead As luzes de escolta estão à frente mortas
The merchantmen lay in their bed Os comerciantes se deitam em suas camas
The thump of diesels hammers down O baque de martelos de dieseis abaixo
In the oily sea - the killing ground No oleoso mar - o chão mortal
His knuckles white his eyes alight As juntas dele branco os olhos dele descem
He slams the hatch on the deadly night Ele bate o choque na noite mortal
A cunning fox in the chickens lair Uma raposa esperta na toca de galinhas
A hound of hell Um cão de caça de inferno
and the devil don't care e o diabo não se preocupa
I got the keys to view at number 22 Pego as chaves para ver a número 22
Behind my green door there's nothing to see Atrás de minha porta verde não há nada que ver
Is that a creature? What kind of creature Pedra frio sóbrio e sentando em silencio, senhorita
Would hang around waiting for a guy like me Atrás e procurando por sinfonia
Stone cold sober, sitting in silence, Fria como pedra, sentada em silêncio,
laid back looking for symphaty descontraída procurando por simpatia
I like a girl who knows Eu gosto de uma garota que conhece
where she's bound onde ela salta
I don't like girls Eu não gosto de garotas
who've been hanging around que ficam penduradas ao redor
Oh yeah yeah yeah yeah yeah yeah yow! Oh yeah yeah yeah yeah yeah yeah yow!
Honey it's getting close to daybreak Meu bem, o amanhecer está se aproximando
The sun is creeping in the sky O Sol está surgindo lentamente no céu
No patent remedies for heartache Não existem medicamentos para mágoa
Just empty words and humble pie Somente palavras vazias e desculpas
So get down on your knees honey Então ajoelhe-se, meu bem
Assume an attitude Tome uma iniciativa
You just pray that I'll be waiting Você somente reza para que eu esteja esperando
Cos you know, you know I'm coming soon Pois você sabe que estou para chegar
So pick up your foolish pride, no going back Então pegue seu orgulho tolo, não há retorno
No where, no way, Lugar nenhum, nenhum caminho,
no place to hide nenhum lugar para se esconder
Bring your daughter, bring your daughter, Traga sua filha, traga sua filha,
bring your daughter, bring your daughter, traga sua filha, Traga sua filha,
bring your daughter, bring your daughter traga sua filha, traga sua filha
to the slaughter para o abate
Bring your daughter, fetch your daughter, Traga sua filha, busque sua filha,
bring your daughter, fetch your daughter, traga sua filha, busque sua filha,
bring your daughter, traga sua filha,
fetch your daughter to the slaughter busque sua filha para o abate
Mother Russia, how are you sleeping Mãe Rússia, como você tem dormido?
Middle winter cold winds blow Sopra o vento frio de meados do inverno
from the snowflakes drifting Os flocos de neve caindo das árvores
swirling round like ghosts in the snow Rodopiando como fantasmas na neve
Este álbum é considerado um dos mais fracos da banda, mas é aquela coisa, não dá para
ser brilhante sempre, né?
TAILGUNNER: traz-nos de volta para as guerras aéreas na segunda guerra mundial, como em
Aces High, tema que os caras adoram, pelo jeito!
Desta vez, a música nos leva para o bombardeio em Dresden, na Alemanha, entre 13 e 15
de fevereiro de 1945, pela RAF e USAAF (força aérea inglesa e estadunidense, respectivamente).
Este bombardeio chama a atenção pela força desproporcional utilizada pelas artilharias.
Cidade de Dresden após o bombardeio: a cidade estava cheia de civis, não tinha defesas
fortes e militarmente não era interessante para os inimigos. Porém, o comandante da RAF, Arthur
Harris, convenceu a USAAF que o ataque era necessário para destruir as linhas de comunicação
alemãs e diminuir a moral.
Por muitos, o ataque foi considerado um crime de guerra, por outros o ataque fazia parte da
estratégia, assim como o ataque a várias outras cidades.
Na época, a revista Veja (1945) publicou um artigo intitulado "O Massacre de Dresden".
Em 1992, uma estátua de bronze foi erguida para Arthur Harris em Londres. O povo e a
imprensa mundial criticaram a homenagem, devido às mortes teoricamente causadas por ele nos
bombardeios. Em sua biografia, Harris disse que o ataque a Dresden fazia parte da estratégia, e
que era decisão de gente mais importante do que ele.
Churchill era o primeiro ministro e ministro da defesa na época em que o ataque foi
planejado. Ele não tomava parte em todas as decisões, mas em algumas delas. E o ataque a
Dresden, além dos motivos citados antes, também ajudariam os russos.
Bruce Dickinson comenta a faixa em questão: "Eu tinha algumas frases que começavam
com "Volte seu caminho 50 anos para a glória de Dresden, sangue e lágrimas". Eu sei que não
devíamos mencionar a guerra, mas é sobre a atitude dos caras que bombardeiam. Era morte de
verdade nos céus sobre eles. Mas não há mais artilheiros nos aviões, é tudo feito por
computadores usando mísseis. Costumava ser homem a homem, mas agora, é máquina por
máquina. Quem ainda usa balas?"
HOLY SMOKE: faz uma sátira contra a religião, mais exatamente contra os pregadores hipócritas
que existem na TV. Na música, a banda fala sobre Jimmy Reptile, que é na verdade Jimmy
Swaggart, um pregador que se aproveita do sentimento de culpa imposto sobre os cristãos para
arrancar-lhes dinheiro. Bem, o santo homem foi flagrado duas vezes traindo a esposa, e em 1988
foi pego com prostitutas no Texas! Ozzy também fez um som para "homenagear" este cara:
“Miracle Men”.
NO PRAYER FOR THE DYING: é a faixa título do álbum, e ela é bem legalzinha, uma das mais
legalzinhas da Donzela. Existe um filme com nome parecido, A Prayer for he Dying (1987), mas a
letra da música não tem relação com o filme. A letra fala sobre o sentido da vida, já o filme fala
sobre um agente do IRA que explode um ônibus com crianças quando tentava explodir um
caminhão com tropas. Após isso, ele deixa o IRA, porém a organização vai atrás dele para queima
de arquivo...
PUBLIC ENEMA NUMBER ONE: enema é a introdução de um líquido no ânus para lavagem,
purgação ou administração de medicamentos. Quem vai explicar do que se trata esta música é o
próprio Bruce Dickinson:
"Este som na verdade é sobre hipócritas verdes (ambientalistas). É sobre um cara grande
com seu carro veloz, e ele está deixando a cidade em uma nuvem de fumaça com as crianças
chorando de medo. Ele pegou sua viagem só de ida. Ótimo, até mais ver. Porque ele pode, ele
deixa todos para trás, deixa as cidades superlotadas, armas, revoltas e parece que todos vão
enlouquecer. Os políticos mentem para salvar sua própria pele, apostando que eles vão fazer a
coisa certa e dão para a mídia bodes expiatórios a todo momento. A coisa toda é baseada entre
New York e Los Angeles, e eu só espero que as crianças hoje em dia tenham mais cérebro do que
os desgastados restos das gerações de 60 e 70. Califórnia sonha e a Terra morre chorando! É
sobre isto, pessoas falando do meio ambiente e não fazendo nada. "
THE ASSASSIN: remete à mesma sensação da música "Killers", onde é narrada a sensação de
um matador. Em Killers parecia mais um doidão, aqui é um cara sangue frio, mas ainda psicopata...
Segundo Bruce, a ideia era entrar na cabeça de um assassino. Ele não agia por dinheiro,
apenas porque achava legal calcular, fria e sadicamente, seus movimentos.
RUN SILENT RUN DEEP: baseada no romance do estadunidense, ex-oficial da marinha e escritor,
Edward L. Beach Jr. (1918 - 2002). Há também um filme de 1958 de mesmo nome.
Edward participou da Batalha de Midway durante a segunda guerra mundial. Esta batalha foi
travada entre EUA e Japão, seis meses após o ataque japonês a Pearl Harbor, iniciando a guerra
do Pacífico. Bruce havia escrito a letra para o álbum Somewhere in Time, mas disse para Harris
que a letra se encaixava bem agora. É uma música sobre batalhas no mar na segunda guerra
mundial.
Davy Jones (Davy Jones' Locker) é um eufemismo para quem morre no fundo do mar. O que
se sabe é que ele é uma lenda, mas sua origem é incerta. A primeira menção a Davy Jones está
na obra The Adventures of Peregrine Pickle de Tobias Smollett (1751).
HOOKS IN YOU: é a última colaboração de Adrian Smith com a banda, até seu retorno em Brave
New World. Este som faz parte da "Saga da Prostituta Charlotte". Aliás, há discussões se ela faz
parte ou não. Nesta faixa há uma menção para 22 Acacia Avenue: "I got the keys to view at number
22".
BRING YOUR DAUGHTER... TO THE SLAUGHTER: escrita por Bruce, as guitarras são de Janick
Gers, antes dele entrar no Maiden. A música foi feita para o filme A Hora do Pesadelo 5 (1989), e
Harris gostou tanto que a colocou neste álbum. Fez certo, ela é uma das que salvam o álbum!
MOTHER RUSSIA: segundo Dickinson, é sobre a tragédia de uma grande terra, que tem uma
triste história de ser invadida e suas pessoas massacradas, por séculos, e a música diz: não seria
ótimo se a Rússia finalmente se unisse agora e vivesse em paz?
A música não é uma homenagem a queda do regime comunista, pois a URSS só caiu em 9
de dezembro de 1991, mais de um ano após o lançamento desse álbum.
“Be Quick or Be Dead” surgiu como primeiro single. Composta pela dupla Dickinson e Gers,
essa música rápida e quase thrash metal abre o trabalho de forma agressiva, com a bateria
explosiva de Nicko. Com uma abordagem lírica voltada para a corrupção e o jogo sujo de quem
detém o poder, o desempenho de Bruce é um dos mais rasgados de sua carreira e é impossível
ficar imune ao ataque sonoro perpetrado por essa faixa, que manteve o ritmo alucinante também
no videoclipe, exaustivamente exibido à época.
Também presenteada com um videoclipe, “From Here to Eternity”, o 2º single chega com
uma veia bem rock‟n‟roll, trazendo um pouco da linha mais despojada que a banda lançou mão no
álbum anterior. Composta pelo eterno líder Steve Harris, sua letra aborda uma visão irônica e até
otimista do inferno, fazendo inclusive uma alusão à Charlotte, a prostituta imortalizada no primeiro
álbum.
“Fear is the Key” retoma a parceria de Dickinson e Gers. Seu formato pouco usual e suas
mudanças de ritmo servem de base para uma letra um pouco confusa, como o medo e a incerteza
dos tempos atuais no tema, mas que agrada pelo solo de guitarra bem sacado. A próxima é
“Childhood‟s End”, de Harris, que volta à duração abaixo de 5 minutos. Com seu ritmo marcante de
baixo, é a primeira faixa menos inspirada do álbum, com refrão abaixo da média. Acaba se
salvando pela letra, que faz uma análise bem interessante sobre o fim do período da inocência do
ser humano e a situação caótica do meio ambiente.
“The Apparition” é de longe a mais fraca do álbum. Mesmo no interlúdio, com a breve
mudança de andamento, a canção se perde em uma repetição de notas. A letra também não a
salva. Ainda bem que, na sequência, vem a música que é uma das mais injustiçadas de toda a
carreira da banda. Novamente contando com Dickinson e Murray como autores, “Judas Be My
Guide” é simplesmente espetacular. Desde o seu começo, com um tema crescente que
desemboca em um solo maravilhoso, passando pelos versos cantados à perfeição, essa pérola
ainda conta com um refrão de arrepiar. O solo do meio é inspiradíssimo. Pena que a banda nunca
a tocou em shows.
Por fim a faixa-título, que merece uma análise cuidadosa. O sucesso foi tão estrondoso que,
quase um ano após o lançamento do álbum, uma versão ao vivo extraída de “A Real Live Dead
One” foi lançada como single, chegando ao 5º lugar no Reino Unido. É a típica canção que nasceu
para ser executada em grandes arenas. Ela traz todos os elementos típicos da Donzela: a
introdução épica e pomposa, feita para cantar junto; o início sombrio e lento, invocando a clássica
“Hallowed Be Thy Name”; as estrofes magistralmente interpretadas por Bruce; o refrão que a fez
definitivamente se tornar atemporal e presença obrigatória desde que foi composta. E a duração
longa, tipicamente Harris. Além dos atributos listados, ainda narra um típico roteiro de história em
quadrinhos – o que efetivamente viria a se tornar algum tempo depois. Não haveria outra para
fechar o LP, CD, ou seja lá qual for o formato.
“Fear of the Dark” é um álbum forte e único, que mostra uma banda entrosada. A ordem das
faixas é um grande trunfo, pois não tem como ser fraco um disco que abre com uma paulada
certeira e encerra com uma obra-prima que rivaliza com os maiores momentos da história da
banda e deste gênero musical. [1]
Covered in sinners and dripping with guilt Disfarçados de pecadores e gotejantes de culpa
Making you money from slime and from filth Fazendo dinheiro do lodo e da sujeira
Parading your bellies in ivory towers Desfilando suas barrigas em torres de marfim
Investing our lives in your schemes Investindo nossas vidas em seus esquemas
and your powers. E poderes
You got to watch them, be quick or be dead Você tem que vigia-los, seja rápido ou morra
Snake eyes in heaven, the thief in your head Olhos de cobra no paraíso, o ladrão em sua cabeça
You've got to watch them, be quick or be dead Você tem que vigia-los, seja rápido ou morra
Snake eyes in heaven, the thief in your head Olhos de cobra no paraíso, o ladrão em sua cabeça
Be quick or be dead, be quick or be dead Seja rápido ou morra, seja rápido ou morra
See... What's ruling all our lives Veja...o que controla todas as nossas vidas
See... Who's pulling the strings Veja...quem está puxando as cordas
See... What's ruling all our lives Veja...o que controla todas as nossas vidas
See... Who's pulling the strings Veja...quem está puxando as cordas
I bet you won't fall on your face... Aposto que você não vai cair de cara no chão...
Your belly will hold you in place Sua barriga vai prendê-lo no lugar
The serpent is crawling inside of your ear A serpente está rastejando dentro do seu ouvido
He says you must vote Ele diz que você deve votar
for what you want to hear para o que você quer ouvir
Don't matter what's wrong Não importa o que é errado
as long as you're alright desde que você está bem
So pull yourself stupid and rob yourself blind Então, puxe-se estúpido e roubar-se cego
You got to watch them, be quick or be dead Você tem que vigia-los, seja rápido ou morra
Snake eyes in heaven, the thief in your head Olhos de cobra no paraíso, o ladrão em sua cabeça
You've got to watch them, be quick or be dead Você tem que vigia-los , seja rápido ou morra
Snake eyes in heaven, the thief in your head Olhos de cobra no paraíso, o ladrão em sua cabeça
Be quick or be dead, be quick or be dead Seja rápido ou morra, seja rápido ou morra
You got to watch them, be quick or be dead Você tem que vigia-los, seja rápido ou morra
Snake eyes in heaven, the thief in your head Olhos de cobra no paraíso, o ladrão em sua cabeça
You've got to watch them, be quick or be dead Você tem que vigia-los, seja rápido ou morra
Snake eyes in heaven, the thief in your head Olhos de cobra no paraíso, o ladrão em sua cabeça
She fell in love with his greasy machine, Ela se apaixonou por sua máquina oleosa,
she leaned over wiped ela aprendeu a manter
his kickstart clean o seu pedal de partida limpo
She'd never seen the beast before, Ela nunca havia visto a Besta antes,
but she left there wanting mas ela saiu de lá querendo
more more more mais, mais e mais
But when she was walking on Quando ela estava andando
down the road, she heard a sound pela rua abaixo, ela ouviu um som
that made her heart explode que fez seu coração explodir
He whispered to her Ele sussurrou para ela
to get on the back, montar na sua garupa,
"I'll take you on a ride "Eu vou te levar num passeio
from here to eternity" daqui para a eternidade!"
Lying awake at night I wipe the sweat Deitado acordado à noite enxugo o suor
from my brow da minha testa
But it's not the fear 'cos Mas não é o medo porque
I'd rather go now eu preciso ir agora
God let us go now and finish what's Deus deixe-nos ir agora e terminar
to be done o que tem de ser feito.
Thy Kingdom Come Venha o vosso reino
Thy shall be done... on earth seja feita a vossa vontade... na terra
Trying to justify to ourselves the reasons to go Tentando justificar à nós mesmos a razão de ir
Should we live and let live Deveríamos viver e deixar vivo
Forget or forgive Esqueça ou perdoe
You see the full moon float Você vê a lua cheia flutuar
You watch the red sun rise Você assiste o sol vermelho nascer
We take these things for granted Nós temos essas coisas como certas
But somewhere someone's dying Mas em algum lugar alguém está morrendo
Maybe one day I'll be an honest man Talvez um dia eu serei um homem honesto
Up 'till now I'm doing the best I can Até agora estou fazendo o melhor que posso
Long roads, long days, of sunrise, Longas estradas, longos dias, do nascer
to sunset ao pôr do sol
Sunrise to sunset Do nascer ao pôr do sol
Spend your days full of emptiness Passe seus dias cheios de vazio
Spend your years full of loneliness Passe seus anos cheios de solidão
Wasting love, Desperdiçando o amor,
in a desperate caress numa carícia desesperada
Rolling shadows of nights Rolando nas sombras da noite
Sands are flowing and the lines O tempo está passando e as linhas
Are in your hand Estão na sua mão
In your eyes I see the hunger, and the Em seus olhos eu vejo a fome, e o
Desperate cry that tears the night Grito desesperado que rasga a noite
Spend your days full of emptiness Passe seus dias cheios de vazio
Spend your years full of loneliness Passe seus anos cheios de solidão
Wasting love, in a desperate caress Desperdiçando amor, numa carícia desesperada
Rolling shadows of nights Rolando nas sombras da noite
Spend your days full of emptiness Passe seus dias cheios de vazio
Spend your years full of loneliness Passe seus anos cheios de solidão
Wasting love, Desperdiçando amor,
in a desperate caress numa carícia desesperada
Rolling shadows of nights Rolando nas sombras da noite
There's a madman in the corner of your eye Ha um louco no canto de seu olho
He likes to pry - into your sunlight Ele gosta de espreitar - na sua janela
He wants to burst into the street with you and I Ele quer irromper nas ruas com você e eu
A world of shadows and of rain Um mundo de sombras e de chuva
He's seen what love is Ele soube o que é o amor
He wants to pay you back with guilt... Ele quer pagar de volta com culpa
He lies to you - he won't let you be Ele mente para voce - Ele nao deixara voce
He's got your chains of misery Ele tem suas correntes de miseria
He won't be still Ele nao ficara quieto
till he's turned your key Ate que ele vire a sua chave
He holds your chains of misery Ele segura suas correntes de miseria
He´s got your chains of misery Ele tem sua corrente de miseria
He lies to you - he won't let you be Ele mente para voce - Ele nao deixara voce
He's got your chains of misery Ele tem sua corrente de miseria
He won't be still Ele nao ficara quieto
till he's turned your key Ate que ele vire a sua chave
He holds your chains of misery Ele segura a suas correntes de miseria
He´s got your chains of misery Ele tem as suas correntes de miseria
It's only lovethat holds the key E so o amor que possui a chave
to our hearts.... para o nosso coração...
It's only love... E so o amor...
He lies to you - he won't let you be Ele mente para voce - Ele nao deixara voce
He's got your chains of misery Ele tem a suas correntes de miseria
He won't be still Ele nao ficara quieto
till he's turned your key Ate que ele vire a sua chave
He holds your chains of misery Ele segura as suas correntes de miseria
He´s got your chains of misery Ele tem as suas correntes de miseria
He lies to you - he won't let you be Ele mente para voce - Ele nao deixara voce
He's got your chains of misery Ele tem a suas corrente de miseria
He won't be still Ele nao ficara quieto
till he's turned your key Ate que ele vire a sua chave
He holds your chains of misery Ele segura as suas correntes de miseria
He´s got your chains of misery Ele tem as suas correntes de miseria
Now I'm here can you see me Agora estou aqui, você pode me ver?
'Cos I'm out on my own Porque eu estou sozinho
When the room goes cold tell me Quando o quarto fica frio, diga-me
you can feel me Você consegue me sentir?
'cos I'm here Porque eu estou aqui
Here I am, can you see me Aqui eu estou, você consegue me ver?
Passing through, on my way De passagem, no meu caminho
To a place I'd been to only in my Para um lugar que eu teria ido apenas em meus
dreams... before Sonhos... antes
Live your life with a passion Viva sua vida com paixão
Everything you do, do well Tudo o que fizer, faça bem feito
You only get out of life what you put in Você apenas leva da vida o que coloca nela
so they say É o que dizem
You can make your own luck Você pode fazer sua própria sorte
You create your destiny Você pode criar seu próprio destino
I believe you have the power Eu acredito que você tem o poder
if you want to Se você quiser
it's true É verdade
You can do what you want to Você pode fazer o que quiser
If you try a little bit harder Se você tentar um pouco mais arduamente
A little bit of faith goes a long way Um pouco de fé vai à um longo caminho
it does Ela vai
Are we here for a reason? Nós estamos aqui por alguma razão?
I'd like to know just what you think Eu apenas gostaria de saber o que você acha
It would be nice to know what Seria bom saber o que
happens when we die Acontece quando nós morremos
wouldn't it? Não seria?
There are some who are wise Há alguns que são sábios
There are some who are born naive Há alguns que nasceram ingênuos
I believe that there are some that must Eu acredito que há alguns que devem
have lived before Ter vivido antes
don't you? Você não acredita?
As for me, well I'm thinking Quanto a mim, bem, eu estou pensando
You gotta keep an open mind Você tem que manter a mente aberta
But I hope that my life's not an Mas eu espero que minha vida não seja um
open and shut case Caso de abrir e fechar
I live in the black I have no guiding light Vivo na escuridão, não tenho uma luz guiante
I'm whispering in your dreams... Eu estou sussurrando em seus sonhos...
You're not so brave the way you behave Você não é tão bravo do jeito como se porta
It makes you sick, gotta get out quick Isso te deixa doente, tem de sair rápido
It's all bravado when you're out É tudo bravata quando você sai
With your mates Com seus companheiros
It's like a different person goes through É como uma pessoa diferente atravessando
Those gates Aqueles portões
And the game begins E o jogo começa
The adrenalin's high A adrenalina está alta
Feel the tension maybe someone Sinta a tensão, talvez alguém
Will die... Vá morrer...
You've gotta get out gotta get away Você tem de sair, tem de se afastar
But you're in with a clique it's not Mas você está dentro do grupo não é tão
Easy to stray Fácil sair
You've gotta admit you're just Você tem de admitir que está
Living a lie Vivendo uma mentira
It didn't take long to work out why Eu não levo muito tempo para descobrir porque
It's hard to say why you got involved É difícil dizer porque você foi envolvido
Just wanting to be part Apenas querendo fazer parte
Just wanting to belong... Apenas querendo pertencer
A weekend warrior lately Um guerreiro de fim de semana afinal
A weekend warrior sometimes Um guerreiro de fim de semana algumas vezes
A weekend warrior maybe you ain't Um guerreiro de fim de semana
That way anymore Talvez você não seja mais
Some of the things that you've done Algumas coisas que você fez
You feel so ashamed Te deixam envergonhado
After all it's only a game... Isn't it? Afinal é só um jogo... Não é?
And after all the adrenalin's gone E depois que toda a adrenalina acaba
What you gonna do on monday? O que você vai fazer na segunda feira?
Fear of the dark, fear of the dark Medo do escuro, medo do escuro
I have a constant fear Eu tenho um medo constante
that something's always near de que sempre haver algo por perto
Fear of the dark, fear of the dark Medo do escuro, medo do escuro
I have a phobia that someone's always there Eu tenho uma fobia de que alguém sempre está lá
Have you run your fingers down the wall Você já correu seus dedos pela parede
And have you felt your neck skin crawl E sentiu a pele de sua nuca arrepiar
When you're searching for the light? Quando está procurando pela luz?
Sometimes when you're scared Algumas vezes quando você está com medo
to take a look de olhar
At the corner of the room No canto da sala
You've sensed that something's watching you Você sente que alguma coisa está lhe observando
Fear of the dark, fear of the dark Medo do escuro, medo do escuro
I have a constant fear Eu tenho um medo constante
that something's always near de sempre haver algo por perto
Fear of the dark, fear of the dark Medo do escuro, medo do escuro
I have a phobia that someone's always there Eu tenho uma fobia de que alguém sempre está lá
Have you ever been alone at night Você alguma vez já esteve sozinho a noite
Thought you heard footsteps behind Pensou ouvir passos por trás
And turned around and no one's there? E quando virou de costas, não havia ninguém lá?
And as you quicken up your pace E enquanto você acelera seu passo
You'll find it hard to look again Você achará difícil olhar de novo
Because you're sure that someone's there Porque você tem certeza de que há alguém lá
Fear of the dark, fear of the dark Medo do escuro, medo do escuro
I have a constant fear Eu tenho um medo constante
that something's always near de sempre haver algo por perto
Fear of the dark, fear of the dark Medo do escuro, medo do escuro
I have a phobia that someone's always there Eu tenho uma fobia de que alguém sempre está lá
Fear of the dark, fear of the dark Medo do escuro, medo do escuro
I have constant fear Eu tenho um medo constante
that something's always near de que sempre haver algo por perto
Fear of the dark, fear of the dark Medo do escuro, medo do escuro
I have a phobia that someone's always there Eu tenho uma fobia de que alguém está lá
Fear of the dark, fear of the dark Medo do escuro, medo do escuro
I have constant fear Eu tenho um medo constante
that something's always near de que sempre há algo por perto
Fear of the dark, fear of the dark Medo do escuro, medo do escuro
I have a phobia that someone's always there Eu tenho uma fobia de que sempre alguém está lá
When I'm walking in a dark road Quando estou andando por uma estrada escura
I am a man who walks alone Eu sou um homem que caminha sozinho
Este álbum marca o "até logo" de Bruce Dickinson, que vai para sua carreira solo.
BE QUICK OR BE DEAD: começa destruindo!!! Fala sobre as pessoas que estão no poder e
controlam nossas vidas, além de nos alertar a não sermos estúpidos e deixar que eles entrem em
nossas mentes. Podemos exemplificar com uma parte da mídia (Globo e Fox), com algumas
indústrias como as de tabaco, petróleo e farmacêuticas. Eles se agrupam e atuam como a máfia,
comprando influências de políticos para aprovarem leis que os beneficiem, atacam seus inimigos e
extorquem quando necessário.
O homem sendo estrangulado pelo Eddie na capa do single é Robert Maxwell, membro do
parlamento britânico e um megaempresário que tinha negócios por toda Europa. Após sua morte,
foi descoberto um desvio de fundos que seriam de pensão aos seus trabalhadores para reforçar as
ações do Grupo Mirror (o qual ele era proprietário) e tentar evitar a falência de suas empresas. A
frase 'Maxwell pegou dinheiro do fundo de pensão' está escrita em um dos recortes de jornal na
capa do single. (Saiba mais)
FROM HERE TO ETERNITY: continua, e finaliza a "saga da prostituta Charlotte", quando ela se
apaixona por um motociclista e deseja ir com ele daqui para a eternidade.
AFRAID TO SHOOT STRANGERS: segundo Bruce, esta música é sobre a Guerra do Golfo,
sobre guerras que são iniciadas por políticos e finalizadas por pessoas comuns, que na verdade
não querem matar ninguém. A letra trata de como funciona a cabeça do soldado ao se preparar
para uma batalha, suas dúvidas, seus medos, principalmente o de atirar em estranhos.
A Guerra do Golfo (1990-1991) foi iniciada após Saddam Hussein ordenar que o Kuwait
fosse invadido por questões petrolíferas. Os países do ocidente (EUA principalmente) não
gostaram nada da situação - porque eles teriam problemas com os preços do petróleo - e com o
aval da ONU, uniram-se para parar o Iraque. A guerra acabou em 28 de fevereiro de 1991, com o
sucesso da operação Tempestade no Deserto, e o Kuwait liberado.
A Guerra do Golfo é claramente uma guerra pelos interesses dos países ricos pelo petróleo.
O Iraque era parceiro dos EUA poucos anos antes, e a família Bush tinha negócios com a família
Bin Laden, então havia uma parceria. Chamá-los de reino do terror é um tanto hipócrita. E porque
de repente o mundo achou necessária a intervenção a favor do Kuwait? Tadinho! A questão era
árabe, ninguém tinha que ir lá se intrometer. Mas...
FEAR IS THE KEY: mostra que o Maiden também fala sobre questões sociais. Esta música fala
sobre a Síndrome da Imunodeficiência Adquirida, a malditamente conhecida AIDS. A letra denuncia
que a doença já fazia muito mal antes de a sociedade notar a morte de famosos causada por ela -
Freddie Mercury morreu em decorrência da AIDS um ano antes.
A AIDS teve seu primeiro caso clinicamente comprovado em 1981, com a identificação de
homossexuais com o mesmo quadro clínico, no ano seguinte um bebê de 20 meses morreu por
transfusão de sangue, mesmo ano em que se registrou o primeiro caso no Brasil. De lá para cá, a
situação só piorou...
CHILDHOOD'S END: é o mesmo título do romance de Arthur C. Clark (1953), mas não tem nada a
ver com o livro. A música trata da dor, das guerras, da fome, da pobreza, da poluição e levanta
uma relevante questão: será que vamos aprender algum dia?
WASTING LOVE: é outra canção que até quem não conhece o Maiden, já ouviu por aí. Dica: se
alguém da sua família falar que o Maiden só toca música do capeta, faça-o ouvir este som sem
mencionar de quem é, e depois pergunte na maior inocêncial: "e aí, gostou?"
Música para quem gosta de preencher sua vida com relacionamentos que não valem a
pena, só pelo prazer, sem que eles de fato signifiquem algo, e depois, quando a vida traz a conta,
sofre por causa da solidão. Triste né?
THE FUGITIVE: é baseada na série de TV de mesmo nome, que foi transmitida de 1963 até 1967.
O seriado tratava do cirurgião Dr. Kimble, que é acusado e preso injustamente por matar sua
esposa. Enquanto é transportado em um trem, este descarrilha e ele consegue escapar. Agora ele
terá que fugir da polícia e descobrir quem foi o real assassino.
O Fugitivo (1993), com Harrison Ford e Tommy Lee Jones, é uma releitura do seriado.
CHAINS OF MISERY: segundo Bruce, fala sobre o que os cristãos costumam imaginar: um
diabinho nos ombros sussurrando para que você faça coisas ruins. Na música ele é representado
como alguém que segura as correntes da miséria, aparecendo na forma de outras pessoas.
THE APARITION: é um som com dicas de Harris sobre como ter uma vida melhor, quais os
sentimentos dele e medos. Ele faz isso na música usando uma espécie de espírito que se faz
presente "quando o quarto fica frio".
JUDAS BE MY GUIDE: fala sobre nossa perda de valores, sobre como tudo está a venda, sobre
como traímos a nós mesmos (o Judas).
FEAR OF THE DARK: esta música fala sobre a nictofobia, que é o nome científico para medo do
escuro ou da noite. É o medo do que não se pode ver, e medo de não poder nada ver.
A faixa fala sobre quando no escuro você tem medo de olhar para os cantos da parede, por
achar que existe algo te olhando; ou andar à noite, e achar que ouviu passos atrás de você, se
virar assustado, e não ter nada lá. Ainda bem!
Segundo Bruce, Steve Harris escreveu a canção e tem medo do escuro. Como muitos de
nós, aliás. Bem, eu não! Estou com muito mais medo é da conta de luz!
No dia 2 de outubro de 1995, o Iron Maiden lançava The X Factor, primeiro álbum com o
vocalista Blaze Bayley, que substituía Bruce Dickinson. Também foi o primeiro trabalho desde
Killers a não contar com a produção do mago Martin Birch. Nigel Green assumiu a tarefa.
Passando por problemas pessoais, como seu divórcio com Lorraine, junto a quem teve
quatro filhos (incluindo a cantora Lauren Harris) e ainda magoado com o comportamento de
Dickinson após anunciar sua saída, o baixista e líder do então quinteto, Steve Harris, mostrou ao
mundo o lado mais obscuro de sua criatividade. Músicas de desesperança, retratos de guerra,
medo, angústia e depressão marcaram o conteúdo do álbum. A própria capa, trazendo um Eddie
totalmente transfigurado em uma experiência, já deixava claro qual seria o clima.
Abrir o álbum com um épico de onze minutos (segunda faixa mais longa da discografia do
Maiden) como “Sign of the Cross” foi mais uma ousadia. E a música vingou, tanto que seguiu no
setlist nas turnês de Virtual XI e Brave New World – além de ser cantada por Blaze em seus
shows-solo até hoje. Além dela, os singles “Man on the Edge” e “Lord of the Flies” também
figuraram entre as preferidas dos fanáticos. Mas não fica só nelas. A densa “Fortunes of War” e a
ótima melodia de “Look For the Truth” também merecem ser citadas. “Blood on the World‟s Hands”
conta com uma das melhores introduções de baixo já feita por Harris. Bem melhor que as dos
trabalhos recentes. Também vale lembrar “The Edge of Darkness” é baseada na obra de Joseph
Conrad, Heart of Darkness, a mesma que inspirou o mega-clássico da sétima arte, Apocalypse
Now.
Apesar de algum estardalhaço por parte da crítica especializada, que desceu a lenha sem
dó nem piedade, The X Factor não chegou a desagradar totalmente. O problema maior foi quando
Blaze teve que mostrar sua capacidade de interpretar os clássicos da banda nos shows. Aí a coisa
ficou feia demais, como é possível constatar em qualquer vídeo no Youtube – se você tiver
coragem de conferir, é claro!
Com o tempo, o disco foi ganhando status de „cult‟, uma verdadeira recompensa para Steve,
que sempre declarou em entrevistas que, junto com Seventh Son of a Seventh Son, The X Factor
era seu trabalho preferido do Iron Maiden. Os apreciadores e detratores se dividem, mas o fato é
que a obra passou no teste do tempo, ainda soando atual.
Fico imaginando se o álbum X-Factor de 1995 fosse lançado com Bruce Dickinson ainda nos
vocais do Iron Maiden naquela época. Com certeza seria tratado como mais um grande clássico,
incomparável, ou mais. Só que não foi o que aconteceu, e esse álbum se tornou um dos mais
injustiçados da banda. O que se pode dizer é que X-Factor é muito diferente dos demais álbuns do
Iron Maiden, mas isso não significa que seja ruim, muito pelo contrário, é um excelente álbum.
A épica Sign Of The Cross abre o álbum com seus mais de 11 minutos, com belas
passagens e solos. Uma música de abertura muito diferente que estamos acostumados a ouvir nos
álbuns do Iron Maiden.
Na sequencia, Lord of The Flies, apresenta uma grande performance vocal de Blaze Bayley,
e possui um refrão poderoso e grandes solos da dupla Dave Murray e Janick Gers.
Man on the Edge é o grande single do álbum. Uma música rápida, com solos rápidos, um
excelente trabalho do baterista Nicko McBrain, um forte refrão e como de costume, o baixo
pulsante de Steve Harris.
Fortunes of War tem um introdução lenta, com violões e uma voz suave de Blaze Bayley,
que logo depois dá lugar a um som pesado e um ritmo bem cadenciado. Outra grande performance
de Blaze Bayley.
Look for the Truth também possui um pequena introdução lenta, mas logo depois da lugar a
um instrumental empolgante e com belas melodias.
The Aftermath é cadenciada, pesada, com um bonito refrão, e que vai aumentando seu ritmo
gradativamente com o decorrer do tempo e possui solos avassaladores.
Judgement of Heaven, com uma atmosfera menos obscura que as demais, com um
instrumental mais rápido e alegre, e com grandes duetos dos guitarristas Dave Murray e Janick
Gers. O baterista Nicko McBrain mostra também um grande nível técnico nessa faixa.
Blood on The World's Hands abre com um dos melhores solos de baixo já feito por Steve
Harris. É pesada e obscura, com passagens de teclados muito bem elaboradas.
As pegadas típicas do Iron Maiden aparecem em The Edge of Darkness. Após um pequeno
começo lento, a música dá lugar às cavalgadas, guitarras em duetos, e solos extremamente
técnicos.
2 A.M é a música mais depressiva do álbum, tanto pela letra quanto pelo instrumental. A
mesma segue arrastada durante toda sua duração, com belas melodias e solos bem encaixados, e
arranjos de teclados que dão todo o clima melancólico da música.
Para fechar o álbum, The Unbeliever, com boas pitadas progressivas, com arranjos de
violões que combinam perfeitamente, e um refrão muito bem elaborado. Na metade, uma seguida
maravilhosa com o baixo de Steve Harris pulsante como de costume e solos com as assinaturas de
Murray e Gers!
X-Factor mostra o lado sombrio do Iron Maiden, influenciado pelos problemas que seu lider
Steve Harris passou em sua vida, que conseguiu transformar em músicas sensacionais. Mas um
álbum que o próprio Steve Harris admitiu ter sido o melhor que ele já compôs. [1]
No começo da década de 90, após o lançamento de “Fear Of The Dark”, o mundo do metal
foi sacudido por uma notícia devastadora para uma enorme quantidade de fãs: Bruce Dickinson
anunciava que deixaria o Maiden para se dedicar à sua carreira solo. E agora? Não podia ser
verdade! Afinal, como imaginar a Donzela sem seu frontman de tantos anos? A tristeza provocada
pelo anúncio tornava-se ainda pior quando se tentava fazer prognósticos sobre o futuro da banda,
já que... quem seria capaz de ocupar o posto? Seria aquele o fim de uma das maiores bandas da
história do heavy metal?
A curiosidade em saber se a banda continuaria e quem seria seu novo vocalista aumentou
quando Steve Harris resolveu promover um concurso para decidir quem seria responsável pelo
microfone do grupo. A peleja era aberta para quem se achasse com capacidade para tal. No
entanto, Harris tinha conhecido alguns anos antes uma banda na época quase anônima, chamada
“Wolfsbane”, que tinha um tal de Blaze Bayley nos vocais. O baixista teria ficado impressionado
com o desempenho do cantor. O que muita gente diz é que o posto de vocalista do Maiden foi
decidido pelo chefão independente de concurso, audições e do que quer que fosse, num episódio
lamentável.
Entretanto, marqueteiros que são, Steve e a banda não perderiam a oportunidade de fazer
um enorme movimento em torno do nome do grupo. Com isso, a história foi adiante. Entre os fãs,
apareceu todo tipo de suposição e sugestão, desde artistas já consagrados até revelações. Rob
Halford, Michael Kiske e muitos outros se viam no meio das especulações. De fato mesmo, entre
os que eram considerados a sério para o posto, figuravam nomes como o do brasileiro André
Matos, então no Angra, e o de Doogie White (que iria para o Rainbow), que chegou a ser
anunciado como finalista ao lado de Bayley. No fim, a decisão foi a mais improvável e suscitou
muitos comentários sobre a realidade do tal concurso.
Decidido o nome do substituto, era hora de colocar tudo pra funcionar de novo. As coisas
não estavam sendo fáceis para Steve Harris. A saída de Bruce criou um enorme problema para o
chefe e sua banda que, como todos sabem, é seu projeto de vida. Como se já não bastasse isso, o
baixista ainda passava por um processo de separação, de forma que aquele momento era até de
certa depressão para Steve. Existiram boatos na época de que foi cogitada inclusive a
possibilidade de a banda encerrar suas atividades. No entanto, Harris decidiu passar por cima de
tudo aquilo e, com o apoio de seu velho companheiro Dave Murray, começou a reconstrução do
Maiden com o mesmo afinco de alguém em início de carreira.
Epa, e agora? Um álbum do Maiden sem Bruce e Adrian Smith? Sempre após um novo
lançamento do Maiden, alguns críticos e mesmo alguns fãs costumam torcer o nariz de início,
considerando que tal trabalho já não tem mais a energia e qualidade de algum anterior. Do
“Somewhere In Time” (que já mereceu uma resenha nessa seção) em diante, isso é algo que foi se
tornando cada vez mais evidente, a cada novo álbum. Entretanto, não tem nada, mas
absolutamente nada, que chegue perto do que foi a recepção a “The X-Factor”.
A estréia em oitavo lugar nas paradas inglesas, pior posição da banda desde “Killers”, já
acendia um sinal amarelo na frente de Harris e cia. O próprio Blaze conta que não se continha em
alegria por um álbum cantado por ele ter chegado a tal posição nos charts do Reino Unido, mas o
restante da banda não demonstrava essa empolgação toda. Muitos poderão dizer que seu
sucessor, “Virtual XI” teve acolhida ainda pior, mas a questão é que, no disco de 1998, muitos já
não esperavam grande coisa. Outro fato curioso sobre esse décimo disco da banda é que ele, de
início, não teve uma aceitação muito boa mas ainda conseguiu agradar a alguns fãs. Com o passar
do tempo, foi sendo cada vez mais criticado e ridicularizado e, a partir de certo momento não bem
estabelecido, foi se tornando um pouco melhor avaliado, a ponto de se encaminhar a passos largos
atualmente para se tornar um disco „cult‟, daqueles que nunca serão considerados obras-primas,
mas que sempre terão seguidores fiéis e cada vez mais numerosos.
De fato, o „fator X‟ não é uma obra-prima. De forma alguma é objetivo da matéria querer
classificá-lo como tal. E por não ser uma obra-prima, acaba que também não é superior a vários
dos álbuns que a banda já tinha em sua discografia. Apesar de gosto ser uma coisa subjetiva e
individual, essa é, inegavelmente, a opinião da maioria dos fãs da banda. A questão que se
pretende discutir então é a seguinte: esse disco é realmente a coisa ruim e desqualificada que
tanto se falou? Será que o diabo é tão feio quanto o pintam?
O Maiden, que tanta gente gosta de criticar, usando o argumento de que a banda segue
fórmulas prontas, cai na mesmice, tem medo de se arriscar, trazia um trabalho muito diferente de
qualquer coisa que já tivesse lançado. A própria escolha de Blaze Bayley como vocalista já era
uma mudança radical de estilo. Pois não é que esses mesmos que reclamavam da pouca afeição
da banda a mudanças, reclamaram das mudanças também? Estão lá as cavalgadas, os duetos de
guitarra, os solos, mas “The X-Factor” é, sem dúvidas, o disco mais melancólico, sombrio e obscuro
da história da banda. Não era tão pesado enquanto distorção, mas o clima era pesado.
Algumas letras também fugiam um pouco ao Maiden clássico, falando mais sobre temas que
refletiam o próprio estado de espírito dos compositores. Só que a saraivada de críticas que esse
trabalho sofreu vai muito além de sua temática e seu clima. A coisa já começou pela capa. Após
tantos discos, singles e todo tipo de material trazendo os clássicos desenhos de Derek Riggs, com
o monstro-mascote-ícone Eddie, eles resolvem inovar e trazem na capa um Eddie mais
humanizado, quase que um „boneco‟. A idéia que no começo até parecia legal, depois de certo
período já não era tão bem sacada assim. Embora isso nada tenha a ver com música ou qualidade
de um CD, teve gente que já não agradou da coisa desde aí. A produção, assinada por Steve
Harris e Nigel Green, não era nenhuma maravilha, sobretudo quando lembramos os trabalhos de
Martin Birch. E o principal, as músicas, será que também são tão ruins assim?
O álbum se inicia de forma totalmente atípica para os padrões do Maiden. Acostumada com
aberturas rápidas, velozes e enérgicas para seus discos, a banda iniciava o novo trabalho com
uma música de mais de 11 minutos, introduzida por um coro de canto gregoriano e um instrumental
lento, com um dedilhado de guitarra acompanhado pelo baixo e sons de teclado. A banda viria a
usar e abusar desse expediente em todo o seu trabalho posterior, inclusive após o retorno de
Bruce e Adrian, mas, na época, essa estruturação não era tão constante assim.
“Sign Of The Cross” é uma epopéia, cadenciada, com excelente instrumental, várias quebras
de ritmo, linhas melódicas entremeadas por riffs pesados, partes lentas se alternando com
passagens mais rápidas e uma linha vocal que se encaixava muito bem no clima sombrio da
música. Por que dizer então que uma canção assim seria ruim? A prova final da qualidade dessa
música viria anos depois, quando muita gente considerou que a canção na voz de Dickinson
ganhava ares de um clássico da banda.
Com o passar dos anos, após várias audições do álbum, após amadurecer um pouco e me
abster de radicalismos, passei a tê-lo em conta como um excelente trabalho. A questão aqui não é
colocar uma opinião pessoal como se fosse uma verdade absoluta, mas trazer para a discussão
um tema que já foi levantado em várias ocasiões e que se encaixa bem com a proposta dessa
seção. Um disco, para ser bom, tem que ser melhor que os anteriores ou ser bom é uma qualidade
intrínseca a algo?
“The X-Factor” não é o melhor trabalho da Donzela, não se equipara em nível a obras como
“Piece Of Mind” e “Powerslave”, só que também não merece tanto desdém e crítica como se
observa. Ele é um trabalho de grande qualidade, que seria a grande obra na discografia de muita
gente. Não são poucas as bandas que sonhariam com um álbum assim em seu currículo. Dentro
desse disco existem várias passagens instrumentais excepcionais e, inclusive, algumas boas linhas
vocais. Se o clima sombrio, melancólico e pessimista, associado a uma maior cadência e „lentidão‟
nas músicas o afastam das características mais marcantes da banda, é fato também que
justamente isso lhe confere uma originalidade e „alma própria‟ impressionantes.
Muitos que criticam o trabalho falam que, na voz de Dickinson, o álbum seria maravilhoso, o
que significa dizer que, então, as músicas são boas. Outros já dizem que ninguém o salvaria. Um
grande problema foi o momento histórico em que foi concebido, tanto da banda quanto do cenário
metal. E ser lançado sob o nome Iron Maiden faz com que a pressão e o rigor ao se analisar o
trabalho sejam elevados à estratosfera.
Outra coisa que fez parte de seu insucesso foi o vocalista. Não por Blaze Bayley ser ruim,
pois isso ele não é. O cara tem uma carreira solo de três discos para provar isso. Mas os
problemas de Bayley começam por seu estilo ser diametralmente oposto ao de Bruce, sob o que se
quiser analisar, e trazer um estilo totalmente diferente ao Maiden era algo quase impossível. Ah,
mas Bruce tem o estilo totalmente diferente do Paul Di‟Anno e se deu bem na banda. Sim, mas a
questão não é ser parecido ou diferente do antecessor, mas ter um estilo que se encaixe ao som
da banda. Arrisco a dizer que não haveria vocalista nesse mundo que pudesse agradar aos fãs do
Maiden substituindo „Mr. Air Raid Siren‟. Talvez só alguém com estofo como um Dio ou um Halford.
O maior dos problemas de Blaze não foi o que ele fez no estúdio e, sim, o que fez ao vivo.
Faltava-lhe experiência, vivência num palco grande e um pouco mais de carisma no início. Ele é
um ótimo vocal para heavy metal, mas não tem grande versatilidade, seu tipo de voz não permite
grandes variações e exige que as músicas sejam bem encaixadas no seu estilo, o que era tudo o
que o Maiden não tinha como oferecer.
Além disso, fazê-lo cantar as linhas vocais altíssimas de Bruce era algo que não tinha como
dar certo. Desafinava ao tentar alcançar os tons mais altos, se atrapalhava, perdia até mesmo o
tempo das músicas. Então vão dizer, se o cara fez isso tudo, como falar que ele é bom vocalista?
Cantando músicas que se enquadram em suas características ele sempre entregou excelentes
performances. Não há explicação para o porquê de Steve Harris não ter percebido isso antes de
chamá-lo para o grupo. Noventa e nove por cento dos fãs (eu incluso) preferem Bruce na banda e
festejaram sua volta como se estivessem adorando uma divindade. Isso é uma coisa, agora querer
crucificar Bayley como, aliás, foi feito e responsabilizá-lo pelo fato de a banda não ter atingido o
mesmo sucesso de outrora nada mais é do que maldade.
Agora sim, você já pode esbravejar, praguejar, discordar de tudo o que foi escrito aqui. Faça
isso mas, de preferência, após dar uma outra ouvida no “The X-Factor”. Quem sabe alguém que
ainda não descobriu o bom álbum que existe escondido entre tantas críticas, possa fazê-lo agora?
Tenho certeza que, da mesma forma que muita gente não comunga das idéias expostas acima,
outros tantos concordam com boa parte do que foi dito. [1]
Standing alone in the wind and rain Esperando sozinho no vento e chuva
Feeling the fear that is growing Sentindo o medo que cresce
Sensing the change in the tide again Sentindo a mudança das marés novamente
Brought by the storm that is brewing Trazida pela tempestade que está se formando
Feel the anxiety hold off the fear Sinta a ansiedade, segure o medo
Some of the doubt Algumas das dúvidas
in the things you believe nas coisas que você acredita
Now that your faith will be put to the test Agora que sua fé será posta em teste
They'll be coming to bring the eternal flame Eles estarão vindo para trazer a chama eterna
They'll be bringing us all immortality Eles estarão nos dando a todos imortalidade
Holding communion Dando a comunhão
so the world be blessed de forma que o mundo seja abençoado
My creator, my God, Meu criador, meu Deus
lay my soul to rest deixará minha alma descansar
Lost the love of heaven above Perdi o amor pelo paraíso lá em cima
Chose the lust of the earth below Escolhi a luxúria da terra aqui embaixo
Eleven saintly shrouded men Onze homens santos com mantos
Came to wash my sins away Vêm para limpar meus pecados
(Commentary) (comentary)
I don't care for this world anymore, Eu não me importo mais com esse mundo
I just want to live my own fantasy Apenas quero viver minha própria fantasia
Fate has brought us to these shores, O destino nos trouxe para estas praias
what was meant to be O que devia ser
is now happening agora está acontecendo
I've found that I like this living in danger Eu acho que gosto dessa vida perigosa
Living on the edge it feels, Vivendo na beira do abismo
it makes me feel as one me faz sentir único
Who cares now what's right Quem se importa com o que é certo
or wrong, it's reality ou errado? É realidade
Killing so we survive Matando, assim sobrevivemos
wherever we may roam Onde quer que vaguemos
Wherever we may hide, Onde quer que nos escondamos
we've got to get away Nós temos de fugir
I like all the mixed emotion and anger Eu gosto de toda emoção forte e fome
It brings out the animal, Isto traz o animal,
the power you can feel o poder que você pode sentir
And feeling so high with this much adrenaline E se sentindo tão alto com tanta adrenalina
Excited but scary to believe Excitado mas com medo de acreditar
what we've become no que nos tornamos
A briefcase, a lunch and a man on the edge Uma pasta, um almoço e um homem no limite
Each step gets closer to losing his head A cada passo mais perto de perder a cabeça
Is someone in heaven? Are they looking down? Há alguém no paraíso? Eles olham para baixo?
'Cause nothing is fair just you look around Pois nada é justo, simplesmente olhe em volta
I pray my sleep will break Rezo para que meu sono termine
Maybe this time I won't wake talvez desta vez eu não acorde
Weakness I hide so well Escondo tão bem a fraqueza
This dagger in my mind will tell Este punhal em minha mente irá contar
Once a ploughman hitched his team Uma vez um arador se juntou a sua equipe
Here he sowed his little dream Aqui ele plantou seu pequeno sonho
Now bodies arms and legs are strewn Agora corpos, braços e pernas são espalhados
Where musterd gas and barbwire bloom Onde gás mostarda e arame farpado nascem
Each moment's like a year Cada momento é como um ano
I've nothing left inside for tears Eu não tenho mais lágrimas
Comrades dead or dying lie Camaradas mortos ou deitados morrendo
I'm left alone asking why Fui deixado sozinho perguntando porque
If you could live your life again Se você pudesse viver sua vida novamente
Would you change a thing Mudaria alguma coisa
or leave all the same ou deixaria tudo do mesmo jeito?
If you had the chance again Se você tivesse a chance novamente
Would you change a thing at all Mudaria ao menos uma coisa?
When you look back at your past Quando você olha para o seu passado
Can you say Pode dizer
that you are proud of what we've done que tem orgulho do que tem feito?
Are there times when you believe Há horas em que você acredita
That the right you thought was wrong Que o que você pensava certo estava errado
All of my life I have believed Durante toda a minha vida tenho acreditado
Judgement of Heaven is waiting for me Julgamento do paraíso me espera
(8/11) Blood On Sangue Nas
The World's Hands (5:57) Mãos Do Mundo
When you can see it happening Quando você pode ver acontecendo
The madness that's all around you A loucura que existe em toda a sua volta
Nobody seems to worry Ninguém parece se preocupar
The world seems to powerless to act... O mundo parece tão incapaz de agir
They say things are getting better Eles dizem que as coisas estão melhorando
No need to be complacent Sem necessidade de complacência
There's chaos across the border Há um caos além da fronteira
And one day it could be happening to us E um dia poderá estar acontecendo conosco
I've looked into the heart of darkness Eu olhei no coração das trevas
Where the blood red journey ends Onde a vermelha jornada sangrenta termina
When you've faced the heart of darkness Quando você encarou o coração das trevas
Even your soul begins to bend Até sua alma começar a dobrar-se
For a week I have been waiting Por uma semana estive esperando
Still I am only in Saigon Contudo estou apenas em Saigon
The walls move As paredes se movem
in a little closer um pouco mais para perto
I feel the jungle call me on Eu sinto a selva me chamar
They brought it up just like room service Eles falam como se fosse serviço de escritório
Cause everyone gets what they want Porque todos recebem o que querem
And when that mission was all over E quando aquela missão estiver terminada
I'd never want another one Eu nunca irei querer outra
All my life I've run away Durante toda a minha vida eu fugi
All my life Durante toda a minha vida
I've triedto hide away eu tentei me esconder
Fell the paranoia creeping in Sinta a paranóia se espalhando
Like a cancer eating at the skin Como um cancer comendo a pele
Do you feel you've lost your self esteem Você sente que perdeu sua auto-confiança?
And your self respect, what can you expect E seu respeito, o que você pode esperar?
Are you scared to look inside your mind Você tem medo de olhar dentro de sua mente?
Are you worried just at what you'll find Você está preocupado com o que irá encontrar?
Do you really want to face the truth Você realmente quer encarar a verdade?
Does it matter now, what have you got to loose Importa agora o que você tem a perder?
Try to release the anger from within Tente soltar a fome de dentro de você
Forgive yourself a few immortal sins Perdoe seus poucos pecados imortais
Do you really care Você realmente se importa
what people think com o que as pessoas pensam?
Are you strong enough Você é forte suficiente
to release the guilt para aceitar a culpa?
Rape of the mind is a social disorder A violação da mente é uma desordem social
The cynics, the apathy Os cínicos, a apática
one-upmanship order ordem dos "homens superiores"
Rape of the mind is a social disorder A violação da mente é uma desordem social
The cynics, the apathy Os cínicos, a apática
one-upmanship order ordem dos "homens superiores"
And every time you think you're safe E quando você pensa que está a salvo
And when you go to turn away Quando você dá as costas
You know they're sharpening Você sabe que eles estão afiando
all their paper knives os cortadores de papel
They want to sink the ship and leave Eles querem afundar o navio e partir
The way they laugh at you and me O jeito como eles sorriem para você e para mim
You know it happens all the time Você sabe que isso acontece o tempo todo
By your deeds, you will be known Por suas ações, você será conhecido
Time will tell, truth will show O tempo vai dizer, a verdade irá mostrar
As we exhale every breath Ao passo que respiramos
We all got closer to our death Todos nós nos aproximamos da morte
When you look into their eyes Quando você olha nos olhos deles
You don't know what they hide Você não sabe o que eles escondem
No label and no tell tale sign Sem rótulos e indícios
That can show he's full of lies Para mostrarem que ele é um poço de mentiras
Ignorance is bliss, is that the reason A ignorância é graciosa, será essa a razão
We can not read another's mind Não podemos ler a mente de outras pessoas
If we knew what thoughts were dancing Se soubessemos quais pensamentos se passavam
Through each others heads Nas cabeças de cada um
Would we all be driven mad Será que seriamos levados pela loucura
Would we all be dead Será que estariamos mortos
When I remember back the memories of yesteryear Quando me lembro das memórias passadas
With all the friends and all the times Com todos meus amigos e todas as vezes que
When people were carefree As pessoas eram despreocupadas
And walking down the street E andando pelas ruas
When everyone knew everyone Quando todos se conheciam
And all the houses doors were open E todas as portas das casas estavam abertas
No had to care, Ninguém precisava se preocupar,
those days are gone esses dias se foram
Those days are gone Esses dias se foram
Sign of The Cross: a letra fala sobre a santa inquisição, movimento político da igreja católica
durante a idade média que usando a desculpa de livrar o mundo de pecadores matou inimigos e
pessoas influentes que pudessem afetar sua posição. Baseada no livro “O Nome da Rosa”, de
Humberto Eco e no filme, do mesmo nome, protagonizado por Sean Connery.
Lord Of The Flies: baseada no romance de mesmo nome de William Golding. Senhor das Moscas
é um dos nomes de “Lú”, o demo Belzebu.
Man On The Edge: baseada no filme Falling Down (“Um Dia de Fúria”), com Michael Douglas.
The Edge Of Darkness: baseada no livro Heart of Darkness de Joseph Conrad, que também
inspirou o filme Apocalypse Now.
Vírus: é um single lançado em 1996, e a única canção do Iron Maiden a ser creditada aos dois
guitarristas da banda. (obs.: incluí junto com o X Factor, por ser no estilo do álbum)
Judgement Day e Justice of the Peace: (obs.: incluí também, apesar de constarem no “Best of B
Sides”, pelo mesmo motive).
1998
1. Futureal Blaze Bayley, Harris 2:55
2. The Angel and the Gambler Harris 9:52
3. Lightning Strikes Twice Harris, Dave Murray 4:50
4. The Clansman Harris 8:59
5. When Two Worlds Collide Bayley, Harris, Murray 6:17
6. The Educated Fool Harris 6:44
7. Don't Look to the Eyes of… Harris 8:03
8. Como Estais Amigos Bayley, Janick Gers 5:30
Ao contrário do antecessor, Virtual XI começa com uma faixa bem rápida, Futureal. A
performance de Bayley é excelente e faz lembrar um pouco Man on the Edge. Murray e Gers
mandam ótimos riffs e devido aos seus 2:55 dá vontade de dar "repeat" nesta canção. Porém, fica
evidente um dos problemas de Virtual XI: essa excelente faixa destoará de todo o restante do
álbum.
Não se trata de qualidade, mas sim da própria estrutura do trabalho. A segunda faixa, The
Angel and The Gambler, remete ao clima mais soturno das canções do álbum antecessor. Com
quase 10 minutos, a canção é um pouco quebrada e traz momentos mais introspectivos. O refrão é
bom, mas repetido de forma extremamente exaustiva. A sensação que dá é de que as coisas
poderiam funcionar se a faixa fosse menor, o que pode ser comprovado com a versão do single,
com pouco mais de 3 minutos.
Lightning Strikes Twice é mais direta. Inicia com um solo de guitarra e desbanca para as
boas passagens velozes do Maiden. Uma canção que se assemelha bastante a momentos do Fear
of the Dark. E sim, essa canção é mais um exemplar de que o som da banda e o vocal de Blaze
poderiam fluir de forma bastante satisfatória.
O álbum segue com mais uma canção excelente, e que está ao lado dos clássicos da banda
para muitos fãs, The Clansman. Outra faixa épica com 9 minutos, seu maior mérito é a sua
emocionante estrutura, com um breve começo introspectivo e uma sonoridade crescente, com o
baixo galopante de Steve Harris provando porque ele é um dos baixistas mais admirados do heavy
metal.
Em seguida, temos When Two Worlds Collide, onde mais uma vez as linhas de baixo ficam
bem presentes. Mais uma vez, temos o início lento e em seguida riffs guiados pelo evidente baixo.
Há também uma boa presença dos teclados nessa faixa. Mas o que antes era apenas um pequeno
detalhe se torna um dos principais problemas do álbum: a extensão das canções. When Two
Worlds Collide é uma boa faixa com bom refrão, mas sua repetição incomoda, assim como em The
Angel and The Gambler. The Educated Fool segue na mesma linha, mas sem a inspiração das
duas anteriores. Realmente, uma faixa maçante.
Don't Look to the Eyes of a Stranger é a mais incomum do álbum. Inicia com coesas linhas
de guitarra acompanhadas de orquestrações e segue com bons vocais de Bayley. E, mais uma
vez, fica bastante notável como a sua longa duração prejudica o resultado final. Encerrando o
álbum temos a semi-balada Como Estais Amigos, na qual os vocais de Bayley se encaixam muito
bem à atmosfera da canção. Pena que devido aos erros das três faixas anteriores a empolgação
desse desfecho não seja das maiores.
Pois bem, depois de uma audição de Virtual XI fica claramente perceptível um erro principal:
a duração do álbum. São pouco mais de 53 minutos, o que não é nada tão absurdo para o heavy
metal. O problema é que este espaço é preenchido por apenas 8 canções. Assim como The Angel
fica mais aceitável em sua versão single por ter seus exageros corrigidos pelos cortes na música,
possivelmente três ou quatro canções daqui poderiam melhorar bastante desta forma.
Mas dizer que este é um trabalho péssimo é uma injustiça. Obviamente era um "Iron Maiden
diferente". Mas, por acaso há uma semelhança tão absurda assim entre os outros álbuns? Por
acaso Somewhere in Time é um trabalho que se encaixa perfeitamente ao que a banda fez em The
Number of The Beast e Powerslave? E o que dizer então de trabalhos como A Matter of Life and
Death, cujas repetições são mais exaustivas?
De fato, há elementos que pesam nessas comparações. Óbvio que Bayley não é um
vocalista tão espetacular e com tanto talento quanto Bruce Dickinson, mas isso não o torna um
mau cantor (muito longe disso, e sua carreira solo está aí para provar isto). Também é
compreensível que o clima da banda e dos próprios indivíduos influenciou o processo de
composição de um trabalho bem mais soturno e distante de épocas mais vívidas e radiantes.
Mas definitivamente um trabalho que possuí tantos momentos interessantes e até mesmo
canções que permaneceram sendo executadas pela banda após a saída de Bayley não pode ser
considerado um "péssimo álbum". Porém, sabemos como o nome Iron Maiden pesa. E, apesar de
saber o quanto isso é clichê, vale aquela comparação nesse caso: se este álbum tivesse sido
lançado por uma outra banda, ele teria sido considerado melhor... [1]
I'm getting in far too deep, I feel them closing in Estou indo muito longe, sinto-as próximas
I've got to say that I'm scared, Tenho que dizer que estou com medo,
I know they'll win sei que irão vencer
Even so, I'm prepared Mesmo assim, estou preparado.
Don't you think I'm a saviour Não pensa que sou um salvador?
Don't you think I could save you (14X) Não acha que poderia salvá-lo?
Don't you think I could save your life Não acha que poderia salvar sua vida?
Don't you think I'm a saviour Não pensa que sou um salvador?
Don't you think I could save you (9x) Não acha que poderia salvá-lo?
Don't you think I could save your life Não acha que poderia salvar sua vida?
(3/8) Lightning Strikes Twice (4:50) Relâmpago Cai Duas Vezes No Mesmo Lugar
I feel the breeze on my face in expectance Eu sinto a briza no meu rosto em espectativa
Not very long before the storm reaches here Não muito antes da tempestade alcançar aqui
Off in the distance Fora do alcance
the lightning is flashing again o relâmpago está piscando de novo
Feel something strong as the power draws near Sinto algo forte como o poder extraido de perto
Is it the rolling of thunder that scares you É o cair do trovão que te assusta?
Is it the crashing of clouds that hold fear É a quebra das núvens que segura o medo?
But all I know as Mas tudo que sei é como
I sit in the corner alone Eu me sento na esquina sozinho
It takes me back to my childhood again Isto me leva de volta para minha infância
And as I wait and I look for an answer E como eu espero e procuro por uma resposta
To all the things Para todas as coisas
going round in my head que acontecem na minha cabeça
I ask myself could it be a disaster and when Eu me pergunto "Poderia ter sido um desastre?"
It's maybe threatening to happen again E quando esta ameaçando acontecer outra vez
As the ominous light draws near Como uma luz ameaçadora extraida de perto
There's a lone dog howls in the park Tem um cão solitário no parque uivando
All the people hurry inside Todas as pessoas tem pressa por dentro
As a lightning flash lights dark Como um relâmpejo ilumina o escuro
The storm is nearly here A tempestade esta perto daqui
Only God will know Só Deus saberá
You're sitting alone you watch Você está sentando sozinho, você olha
As the wind is blowing treetops Como o vento esta soprando na copa das árvores
And the swaying rustling of leaves E o balancear farfalhado das folhas
Plenty of time to perceive Tempo abundante para perceber
As you wait for rain to fall Como você espera a chuva cair
Only God knows Só Deus sabe
The whole sky glows O céu inteiro incandesce
Freedom Liberdade
… ...
It's a time wrought with fear É um momento forjado com medo
It's a land wrought with change É uma terra forjado com a mudança
Ancestors could hear Ancestrais poderiam ouvir
What is happening now O que está acontecendo agora
They would turn in their graves Girariam em suas sepulturas
They would all be ashamed Eles iriam se envergonhar
That the land of the free Que a terra dos livres
Has been written in chains Foi escrita em correntes
Freedom Liberdade
… ...
No, no we can't let them take anymore Não. Não, não podemos deixá-los tomar mais
No we can't let them take anymore Não, não podemos deixá-los tomar mais
We've the land of the free Nós temos a terra da liberdade
Freedom Liberdade
… ...
Is it right to believe É um direito em acreditar
In the need to be free Na necessidade de ser livre
It's a time when you die É um tempo em que se morre
And without asking why Sem perguntar por que
Can't you see what they do? Você não vê o que eles fazem?
They are grinding things down Eles estão nos destruindo
They are taking our land Estão roubando nossa terra
That belongs to the clans Que pertence aos clãs
Freedom Liberdade
… ...
And I know what I want E eu sei o que eu quero
When the timing is right Quando o tempo chegar
Then I'll take what is mine Vou pegar o que e meu
I am the clansman Eu sou o membro do clã
(5/8) When Two Worlds Collide (6:17) Quando Dois Mundos Colidem
Now I can't believe it's true Agora eu não posso acreditar que é verdade
And I don't know what to do E eu não sei o que fazer
For the hundredth time Pela centésima vez
I check the declination Eu verifico a declinação
Now it's happened take no other view Agora aconteceu não dá para tirar o olho
Collision course, Rota de colisão,
you must believe it's true Você deve acreditar que é verdade
No there's nothing left that we can do Não restou nada que nós possamos fazer
I want to leave my life on my own Quero deixar minha vida à minha vontade
I want to lift the unturned stone Quero levantar a pedra imóvel
I want to walk right into the fire Quero andar pelo meio do fogo
I want to live out all my desires Quero viver todos os meus desejos
I want to go and see the fire burn Eu quero ir e ver o fogo queimar
I want to see and feel my world turn Eu quero ver e sentir meu mundo girar
I want to know what more there's to learn Eu quero saber que mais há para aprender
I want to pass the point of no return Eu quero passar de onde não há mais volta
I want to leave my life on my own Quero deixar minha vida à minha vontade
I want to lift the unturned stone Quero levantar a pedra imóvel
I want to walk right into the fire Quero andar pelo meio do fogo
I want to live out all my desires Quero viver todos os meus desejos
I want to go and see the fire burn Eu quero ir e ver o fogo queimar
I want to see and feel my world turn Eu quero ver e sentir meu mundo girar
I want to know what more there's to learn Eu quero saber que mais há para aprender
I want to pass the point of no return Eu quero passar de onde não há mais volta
I want to feel what life's like respond Eu quero sentir como vida reage
I want to meet my father beyond Eu quero conhecer melhor meu pai
I want to walk right into the light Eu quero andar direto pra luz
I want to feel no fear but delight Eu quero sentir prazer e não medo
Don't Look To The Eyes Of A Stranger Não olhe para os olhos de um estranho
Don't look to the eyes of a stranger Não olhe para os olhos de um estranho
Don't look through the eyes of a fool Não olhe pelos olhos de um tolo
Don't look to the eyes of a stranger Não olhe para os olhos de um estranho
Somebody's watching when the night goes down Alguém está vendo quando a noite cai
Don't know which way to turn Não sabe que caminho pegar
You'd better hide yourself Melhor se esconder
He's getting closer now Ele está chegando perto agora
You'd better improvise Melhor improvisar
Just hope you never reach Apenas espere que ele nunca alcance
The point of no return O ponto sem retorno
Could be the last time Podia ser a última vez
You see the light of day Que você veria a luz do dia
Don't look to, don't look to, Não olhe para, não olhe para,
Don't look to the eyes of a stranger Não olhe para os olhos de um estranho
(8/8) Como Estais Amigos (5:30) Como Estão, Amigos?
No more tears, no more tears Sem mais lágrimas, sem mais lágrimas
If we live for a hundred years Se vivermos por uma centena de anos
Amigos no more tears Amigos, sem mais lágrimas
Shall we dance the dance in sunlight Devemos dançar a dança à luz do sol?
Shall we drink the wine of peace Devemos beber o vinho da paz?
Shall our tears be of joy Devem nossas lágrimas ser de alegria?
Shall we keep at bay the beast Devemos manter a besta distante de nós?
No more tears, no more tears Sem mais lágrimas, sem mais lágrimas
If we live for a hundred years Se vivermos por uma centena de anos
Amigos no more tears Amigos, sem mais lágrimas
No more tears, no more tears Sem mais lágrimas, sem mais lágrimas
If we live for a hundred years Se vivermos por uma centena de anos
Amigos no more tears Amigos, sem mais lágrimas
No more tears, no more tears Sem mais lágrimas, sem mais lágrimas
If we live for a hundred years Se vivermos por uma centena de anos
Amigos no more tears Amigos, sem mais lágrimas
Esse foi um dos discos mais esperados da história. Até mesmo gente que não tinha o Iron
Maiden como banda favorita perdeu cabelos nessa maratona infernal de esperar pelo lançamento
desse petardo. Aliás, que petardo! Bruce espalhou aos quatro ventos que eles estavam de volta e
que subiriam ao palco. O fato de Mr. Air Raid Siren ter sido tão efusivo nesse quesito, despertou
tanto o interesse pelo disco, como a incredulidade em milhões de pessoas ao redor do globo na
questão de, se o grupo conseguiria fazer algo do nível de "Powerslave", "Piece of Mind", "The
Number of the Beast" ou "Seventh Son of a Seventh Son".
Outra memória ainda recente é a de que, tempos atrás, muita gente dizia que a Donzela
estava acabada e que os grupos da atualidade, além das bandas de história - como Metallica,
Judas Priest, Megadeth -, é que eram o verdadeiro heavy metal. Agora, veja como as coisas são
engraçadas: os caras lançaram um disco de peso, têm Bruce e Adrian no cast, voltam a fazer as
turnês mais extensas do globo e conseguem algo que só se tem a chance de alcançar uma vez na
vida: voltar ao topo. Que é o lugar onde merecem estar, diga-se de passagem. A ironia? Olhe o tipo
de música que estão fazendo Metallica e Megadeth... melhor até não comentar.
"Wicker Man" foi a faixa que quem estava antenado nas novidades que saíam na Net pôde
ouvir primeiro. O engraçado, entretanto, é que se pode dizer que é a faixa "menos melhor" do CD.
Com um apelo claramente comercial, foi feito um video-clipe para programas como a MTV, onde
poderiam ser divulgados, e não ficassem de fora.
"Ghost of the Navigator" é a segunda faixa e a que atraiu mais atenção enquanto eram
distribuídas MP3s clandestinamente do disco pela Internet afora. Como o som não soa clichê e tem
bases e uma melodia poderosa, a música logo se tornou um hit entre os fãs do grupo. Que já era
de se esperar. Como se poderá ver mais adiante, o disco todo é feito de clássicos.
"Brave New World", a música título, também foi distribuída Internet afora. Possue linhas
vocais muito bonitas, especialmente no refrão que, definitivamente, TEM que ser cantado pela
multidão inteira, quando no show da banda. O baixo galopante está lá e as guitarras, idem. O
paredão sonoro funcionou perfeitamente.
"Blood Brothers" é a quarta faixa do disco e, segundo uma versão da lenda, Steve compôs a
música inspirado nos laços que mantinha com seu pai, que morreu quando o baixista estava em
turnê. A canção tem o começo lento, para depois ficar relativamente pesada, com os vocais de
Bruce gritando "blood brothers".
Mas é com "The Mercenary" que o fã pode ver o metal puríssimo que o Iron Maiden tem
correndo nas veias. A música já começa na porrada e é assim por todos seus 4 minutos e 41
segundos. É como se os gritos de batalha de Bruce não lhe deixassem fugir do massacre:
"nowhere to run, nowhere to hide, you have to kill to stay alive". Na verdade, a temática da música
chega a lembrar um pouco "The Fugitive". Mas com bases muito mais rápidas e - principalmente -
metálicas. É Iron Maiden puro, das raízes.
"Dream of Mirrors" tem as guitarras bastante coladas - dá pra ver que o entrosamento dos
guitarristas atingiu niveis incríveis. No comecinho da música dá pra sentir uma leve brisa lhe
levando de volta no tempo até 1990, onde se pode perceber alguns toques de "Mother Russia" e,
logo depois, você corre de volta a 83, com "Piece of Mind". Se ouvir com atenção, dá pra sentir um
pouquinho de "To Tame A Land". A balada, em geral, discorre de linhas de baixo limpíssimas que
mais lembram "The Clansman", canção épica do "Virtual XI".
"The Fallen Angel" foi a última das quatro faixas distribuídas pela Net. Quem a ouviu sabe o
estilo Piece of Mind incrustrado na música. Peso, rapidez, está tudo lá.
"The Nomad". Agora, sim. Ah, musiquinha boa! Assim como "The Fallen Angel" e "The
Mercenary", já começa na porrada. O feeling é crescente. O peso realmente remete o ouvinte
diretamente a 85, época do estouro "Powerslave". O timbre da voz de Bruce combina perfeitamente
com a temática e o seguimento da canção. Aquela linha melódica (vocal) rasgada à lá "Be
Quick...". O refrão também tem a obrigatoriedade de ser cantado ao vivo. O detalhe vai para os
teclados, no fundo, acompanhando a melodia do baixo.
"Out of the Silent Planet", a seguinte, é portadora de uma bela introdução. Enquanto as
guitarras vão tocando os solinhos duplos bem Maiden, o baixo toca os acordes cheios ao fundo,
dando aquele clima de espaço para a entrada do vocal, que já começa recitando o nome da
música: "Out of the Silent Planet... Out of the Silent Planet we are...". Pouco depois, os riffs
pesados que carregam a canção até seu final. Os refrões são lindíssimos, cantados em duas
vozes.
"The Thin Line Between Love and Hate", a última música (que pena, acabou) do disco, se
traduz em uma coisa: peso. O começo lento dá espaço para a distorção de guitarra, que entra e
preenche os ouvidos com a maior facilidade possível. O refrão não demora e logo entra, após
algumas frases cantadas por Bruce. Solos curtos, mas com feeling. Dá pra imaginar direitinho
Adrian com aquela pose paradona com a Gibson à frente, solando como se aqueles fossem os
últimos minutos de existência.
No geral, "Brave New World" é simplesmente o que Bruce garantiu que seria: o ícone da
volta da banda ao topo. Os defeitos ficam por conta de algumas partes onde há repetição das
bases e sempre fica aquele gostinho de quero mais do vocal ou dos solos. Mas é só. O peso, a
rapidez, a balada, o galope, os solos... e, principalmente, ele: Bruce. Novamente. Lá, na frente,
como fez por quase 15 anos, gritando "Scream for Me" e correndo de um lado pro outro no palco,
como um louco desvairado. Maiden's back. Up The Irons! [1]
You watch the world exploding every single night Você assiste o mundo explodindo toda noite
Dancing in the sun a new born in the light Dançando sob sol um novo nascimento na luz
Say goodbye to gravity and say goodbye to death Diga adeus a gravidade e diga adeus a morte
Hello to eternity and live for every breath Dê olá à eternidade e viva cada suspiro
You watch the world exploding every single night Você assiste o mundo explodindo toda noite
Dancing in the sun a new born in the light Dançando sob sol um novo nascimento na luz
Brothers and their fathers Irmãos e seus pais
joining hands to make a chain juntam as mãos e fazem uma corrente
The shadow of the Wicker man A sombra do espantalho
is rising up again está se levantando novamente
I steer between the crashing rocks, Eu navego entre as rochas das ruínas,
the sirens call my name as sereias chamam pelo meu nome
Lash my hands onto the helm, Minhas mãos amarradas no leme,
blood surging with the strain meu sangue corre com a pressão
I will not fail Não irei falhar
now as sunrise agora o nascer do sol
comes the darkness left behind chega deixando a escuridão para trás
For eternity I follow on ther Pela eternidade, eu sigo em frente
is no other way não há outro caminho
Mysteries of time clouds that hide the sun Mistérios do tempo, nuvens que escondem o sol
But I know, I know Mas eu sei, eu sei
Will we ever know what the answer Algum dia nós saberemos qual a resposta
to life really is? Para o que a vida realmente é?
Can you really tell me what life is? Você pode me dizer o que a vida realmente é?
Maybe all the things that you know Talvez todas coisas que você sabe
that are precious to you Que são preciosas para você
Could be swept away by fate's Possam ser varridas pela
own hand Própria mão do destino
Pay to kill, die to lose Pagar para matar, morrer para perder
Hunted, hunter which are you Caça, caçador, qual você é?
Diablo comes again Diablo volta novamente
To make trophies out of men A fazer de homens troféus.
Lose your skin, lose your skull Perca sua pele, perca seu crânio
One by one the sack is full Um por um o saco enche
In the heat dehydrate No calor desidrate,
Know which breath will be your last Saiba qual suspiro será seu último.
Don't know why I feel this way Não sei porque me sinto assim
Have I dreamt this time, this place? Eu sonhei essa vez, com esse lugar?
Something vivid comes again Alguma coisa vívida vem novamente
into my mind em minha mente
And I think I've seen your face E eu acho que vi seu rosto
Seen this room, been in this place Vi esse quarto, estive nesse lugar
Something vivid comes again Alguma coisa vívida vem novamente
into my mind em minha mente
The dream is true, the dream is true O sonho é real, o sonho é real
The dream is true, the dream is true O sonho é real, o sonho é real
Think I've heard your voice before Acho que ouvi sua voz antes
Think I've said these words before Acho que já disse essas palavras antes
Something makes me feel Alguma coisa me faz sentir
I just might lose my mind que posso ter perdido minha mente
Am I still inside my dream? Ainda estou dentro de meu sonho
Is this a new reality Essa é uma nova realidade?
Something makes me feel that I have Alguma coisa me faz sentir que posso ter
lost my mind perdido minha mente
The dream is true, the dream is true O sonho é real, o sonho é real
The dream is true, the dream is true O sonho é real, o sonho é real
Dread to think what might be stirring Temendo pensar o que poderia ser agitado
That my dream is reoccurring Que meu sonho é recorrente
Got to keep myself from drifting Preciso ficar longe da correnteza
Saving me from myself Me salvando de mim mesmo
… ...
The dream is true, the dream is true O sonho é real, o sonho é real
You and only god will know Você e apenas Deus saberiam
What can be done? O que poderia ser feito?
You and only god will know Você e apenas Deus saberão
I am the only one. Que eu sou o único
You and only god will know Você e apenas Deus saberiam
What can be done? O que poderia ser feito?
You and only god will know Você e apenas Deus saberão
I am the chosen one. Eu sou o escolhido
Could it be it's the end of the world? Será possível, é o fim do nosso mundo?
All the things that we charish and Love Todas as coisas que apreciamos e amamos
Nothing left but to face this Nada mais além de encarar tudo isso
all of my own por mim mesmo
Cause I am the chosen one. Porque eu sou o escolhido
Like a mirage riding on the desert sand Como uma miragem viajando nas areias do deserto
Like a vision floating Como uma visão flutuando
with the desert winds com os ventos do deserto
Know the secret of the ancient desert lands Sabe o segredo das antigas terras do deserto
you're the keeper of the mystery in your hands Você guarda esse mistério em suas mãos
Undercover of the veil of your disguise Encoberto pelo máscara do seu véu
The men that fear you Os homens que te temem
are the ones that you despise são aqueles que você despreza
No one's certain what your future will behold Ninguém sabe o que o futuro lhe reserva
You're a legend your own history will be told Você é uma lenda, sua própria história será contada
Nomad, you're the rider so mysterious Nômade, você é o viajante, mas tão misterioso
Nomad, you're the spirit Nômade, você é o espírito
that men fear in us que os homens temem em nós
Nomad, you're the rider of the desert sands Nômade, você é o viajante nas areias do deserto
No man's ever understood your genius Nenhum homem compreendeu sua genialidade
Nomad, you're the rider so mysterious Nômade, você é o viajante, mas tão misterioso
Nomad, you're the spirit Nômade, você é o espírito
that men fear in us que os homens temem em nós
Nomad, you're the rider of the desert sands Nômade, você é o viajante nas areias do deserto
No man's ever understood your genius Nenhum homem compreendeu sua genialidade
Legend has it that you speak A lenda diz que você dialoga
an ancient tongue numa linguagem remota
But no one's spoke to you Mas ninguém conversou com você
and lived to tell the tale e viveu para contar a história
Some they say that you have killed Alguns dizem que você matou
a hundred man uma centena de homens
Others say that you have died and live again Outros dizem que você morreu e vive outra vez
Nomad, you're the rider so mysterious Nômade, você é o viajante tão misterioso
Nomad, you're the spirit Nômade, você é o espírito
that men fear in us que os homens temem em nós
Nomad, you're the rider of the desert sands Nômade, você é o viajante das areias do deserto
No man's ever understood your genius Nenhum homem compreendeu sua genialidade
The punishment is death for all who live a punição é morte a todos os que vivem
The punishment is death for all who live a punição é morte a todos os que vivem
Out of the silent planet Fora do planeta do silêncio
Dreams of desolation Sonhos de desolação
Out of the silent planet Fora do planeta do silêncio
Come the demons of creation Venham os demônios da criação
Before you know the crime it's all too late antes que você saiba o crime, já é tarde demais
Before you know the crime it's all too late antes que você saiba o crime, já é tarde demais
There's a thin line between love and hate Existe uma tênue linha entre o amor e o ódio
Wider divide that you can see Tão separada que você não consegue distinguir
between good and bad entre o bem e o mal
There's a grey place between black and white Existe um lugar cinza entre o preto e o branco
But everyone does have the right to Mas todos têm o direito de escolher
Choose the path that he takes Qual caminho seguirá
Sometimes takes just more than that As vezes é mais complicado que isso
To survive be good at heart Sobreviver, ter bom coração
There is evil in some of us Existe um mal em alguns de nós
No matter what will, never change Não importa o que aconteça, nunca mudaremos
Just a few small tears between Apenas algumas pequenas lágrimas existem entre
Someone happy and one sad Alguém feliz e alguém triste
Just a thin line drawn between Apenas uma tênue linha desenhada entre
Being a genius or insane Ser um gênio ou louco
There's a thin line between love and hate Existe uma tênue linha entre o amor e o ódio
Wider divide that you can see Tão separada que você não consegue distinguir
between good and bad entre o bem e o mal
There's a grey place between black and white Existe um lugar cinza entre o preto e o branco
But everyone does have the right to Mas todos têm o direito de escolher
Choose the path that he takes O caminho que seguirá
There's a thin line between love and hate Existe uma tênue linha entre o amor e o ódio
THE WICKER MAN: fala sobre o egoismo do ser humano e do nosso desinteresse sobre a vida
em geral. Cita um personagem interessante da mitologia grega: o barqueiro (ferrymen) Caronte.
"Caronte, velho e esquálido, mas forte e vigoroso, que recebia em seu barco passageiros de
todas as espécies, tão numerosos quanto as folhas no outono. Todos se aglomeravam para
passar, mas o barqueiro só levava aqueles que escolhia, empurrando os restantes para trás.
Aqueles que são acolhidos a bordo do barco são as almas dos que receberam os devidos ritos
fúnebres. Os espíritos dos outros, que ficaram insepultos, não podem passar o rio, mas vagueiam
cem anos acima e abaixo de sua margem, até que finalmente sejam levados".
Caronte fazia a travessia das almas dos mortos para o outro lado, para Hades, sobre as
águas dos rios Estige e Aqueronte. Era comum na Grécia Antiga o enterro dos mortos com uma
moeda sobre a boca, ou dentro dela para o pagamento do barqueiro. Quem não tinha essa moeda
era o povo que ficava vagando.
"The shadow of the Wicker man is rising up again". O filme The Wicker Man (original de
1973, e remake de 2006) inspirou a citação da frase na música.
O Wicker Man (o homem de vime ou homem de palha), era uma estátua representando um
ser humano, usada pelos druidas em um ritual muito legal. Eles colocavam coisas vivas dentro do
homem de palha, como animais e às vezes seres humanos, tacavam fogo neles, pegavam as
cinzas e espalhavam pelos campos para fertilizá-los! Há quem desconfie dos sacrifícios humanos,
pois não houveram testemunhas oculares.
GHOST OF THE NAVIGATOR: uma metáfora sobre a vida. O mar é a vida, a rota para o oeste é a
morte, pois é onde o sol se põe. O timoneiro do navio somos nós, que viajamos durante a noite,
que é a representação da escuridão, do desconhecido. E durante o dia, o sol é encoberto pelas
nuvens, mas mesmo assim seguimos adiante.
Navegamos por entre as rochas, as sereias tentam nos distrair, e nos seguramos com força
ao leme. Não vamos desistir agora que deixamos a escuridão para trás... afinal, não temos outra
saída! Precisa falar mais algo?
BRAVE NEW WORLD: Admirável Mundo Novo, é uma grandiosa obra do escritor inglês Aldous
Huxley (1894–1963). O livro descreve uma sociedade extremamente científica, onde as pessoas
são pré-condicionadas biologicamente e condicionadas psicologicamente a viverem em harmonia
com as leis e regras sociais da sociedade. Esta sociedade não possui ética religiosa e valores
morais. Qualquer dúvida e insegurança dos cidadãos era dissipada com o consumo da droga sem
efeito colateral aparente, chamada "soma". As crianças têm educação sexual desde os mais tenros
anos da vida. O conceito de família também não existe.
O nome Brave New World por sua vez, é baseado na obra de Shakespeare (sempre ele), “A
Tempestade” (1.612), que traz em sua página 109, (Ato V, cena I) a citação de Miranda:
BLOOD BROTHERS: fala da relação de Steve Harris com seu pai. Isso fica evidente neste trecho:
A música fala sobre o sentido da vida, assunto recorrente nos álbuns da banda.
THE MERCENARY: fala sobre um mercenário, assim como em "The Assassin", que fala de um
assassino, e só!
DREAM OF MIRRORS: é outra faixa sobre os sonhos de Harris. O cara sonha e faz a música
depois. A música fala do lado escuro das coisas, sobre pensamentos, sobre o conflito realidade X
ilusão. Algo citado na música, é o tal do sonho em preto e branco, "I only dream in black and white".
Sim, existem pessoas que sonham em preto e branco (ou em tons pastéis), mas são
poucas. É uma discussão que existe desde os anos 50. Há estudos mostrando que o número de
pessoas que sonhavam colorido aumentava, conforme as pessoas usavam TV colorida!
THE FALLEN ANGEL: fala sobre a batalha do bem contra o mal, que segundo Harris,
supostamente, acontece dentro de nós.
Ele é mencionado no Velho Testamento (Torá), em Levítico 16, onde Arão fala de dois
bodes, um que é sacrificado para Deus e outro que é enviado para Azazel.
No dia da expiação, Yom Kippur, é feito um rito onde um bode "recebe" todos pecados do
povo de Israel, e é enviado para o deserto como forma de expiação, daí o nome, bode de expiação
(no inglês, escape goat).
Azazel é o lugar para onde o bode vai, ou, ele é o demônio quem reclama por este bode. A
maioria das fontes apontam Azazel como um anjo caído.
A expressão bode expiatório (pessoa ou grupo de pessoas, comumente inocente, que leva a
culpa por uma série de eventos através de um complô) que usamos hoje em dia vem desta lenda
judaica.
O dia de Yom Kippur é feriado judaico, segundo a tradição eles tem de ficar num jejum de 25
horas, não podem ter relações conjugais, não poder usar nada de couro (não podem usar nada
que seja resultante da morte de algum animal), não podem tomar banho e nem passar perfume.
Pois é....
THE NOMAD: fala sobre a vida de um nômade, um cara sem destino, que vive zanzando no
deserto.
Os seres humanos, antes de descobrirem a agricultura, eram basicamente nômades,
ficavam num local até que a comida acabasse ou se tornasse perigoso. Graças à agricultura, o
povo tornou-se sedentário, começou a se concentrar, concentrar ... até chegar nesse caos que é
hoje. Porém, ainda assim muitos povos não deixaram com sua vida de errantes, e continuam sua
lida de nunca ficarem parados num lugar só, seja na tundra, seja no deserto, seja nas grandes
cidades.
OUT OF THE SILENT PLANET: inspirada no filme “The Forbidden Planet” (1.956), com Leslie
Nielsen. O filme é baseado na peça “A Tempestade”, de Shakespeare... é, a mesma peça que
inspirou o nome Brave New World de Huxley. Este filme inspirou Star Trek, que surgiu 10 anos
depois, com o capitão James T. Kirk, interpretado por Willian Shatner, que anos mais tarde
representaria um dos advogados mais loucos do mundo em... Onde estava, mesmo? Ah é, no
planeta proibido.
A música tem uma interpretação bem ampla, por exemplo, em "Withered hands, withered
bodies begging for salvation" pode ser considerado o sofrimento das pessoas que pedem por
salvação ou por uma vida melhor; "Deserted by the hand of gods of their own creation", aqui as
pessoas foram abandonas pelos deuses que elas mesmas criaram, ou seja, todo aquele castelo de
areia, de ilusões dos mitos, não mais existe, o que existe apenas é a dura e cruel realidade, e por
aí vai. O planeta silencioso parece ser a Terra. Mas se você achar que a letra fala de alguma
guerra nuclear, também cabe aí, depende da luz que você der à letra.
THE THIN LINE BETWEEN LOVE AND HATE: fala novamente de bem e mal, sobre a linha tênue
que os separa, aquele velho conceito judaico-cristão. As letras de cunho cristão da banda
normalmente são de Steve Harris, e esta não é diferente (feita em parceria com Dave Murray).
CD two
1. "All in Your Mind" 4:31
2. "Kill Me Ce Soir" 6:17
3. "I'm a Mover" 3:29
4. "Communication Breakdown" 2:42
5. "Nodding Donkey Blues" 3:17
6. "Space Station No. 5" 3:47
7. "I Can't See My Feelings" 3:50
8. "Roll over Vic Vella" 4:48
9. "Justice of the Peace" 3:33
10. "Judgement Day" 4:04
11. "My Generation" 3:37
12. "Doctor Doctor" 4:50
13. "Blood on the Worlds Hands" (live) 6:07
14. "The Aftermath" (live) 6:45
15. "Futureal" (live) 3:01
16. "Wasted Years '99" (live) 5:00
The race is run the book is read A corrida é iniciada eo livro é lido
The end begins to show O fim começa a mostrar
The truth is out, the lies are old A verdade está lá fora, as mentiras são velhas
But you don't want to know Mas você não quer saber
Nobody will ever let you know Ninguém nunca vai deixar você saber
When you ask the reasons why Quando você pergunta as razões pelas quais
They'll just tell you that you're on your own Eles apenas dizem que você está no seu próprio
Fill your head all full of lies Preencha sua cabeça toda cheia de mentiras
The people who have crippled you As pessoas que você aleijados
You want to see them burn Você quer vê-los queimar
The gates of life have closed on you Os portões da vida fecharam em você
And now there's just no return E agora não é só sem retorno
You're wishing that the hands of doom Você está desejando que as mãos da desgraça
Could take your mind away Poderia levar a sua mente longe
And you don't care if you don't see E não me importo se você não vê
Again the light of day Mais uma vez a luz do dia
Nobody will ever let you know Ninguém nunca vai deixar você saber
When you ask the reasons why Quando você pergunta as razões pelas quais
They'll just tell you that you're on your own Eles apenas dizem que você está no seu próprio
Fill your head all full of lies Preencha sua cabeça toda cheia de mentiras
You bastards! Você bastardos!
The words she said turned out why As palavras que ela disse revelaram porque,
desperation fills her eyes O desespero enche os olhos dela
Hold her in your arms don't let go Segure-a em seus braços, não a deixe ir
Can you hear her call, Você pode ouvir o seu chamado,
call out your name chame seu nome
Think about you, cry without you Penso em você, choro sem você
Hold her in your arms, don't let go Segurá-la em seus braços, não deixe ir
Yeah, I'm spending a long time Sim, eu estou gastando muito tempo
Trying to work it out for true Tentando fazer isso acontecer, é verdade
Yeah, it's such small crime Sim, é um pequeno crime
Thirsting over you Tendo sede por você
Living in a Cheisea flat Viver num apartamento em Chelsea
Seems so lonely now Parece ser tão solitário agora
I just know I gotta get you back Eu só quero saber que vou te pegar de volta
I just don't know how Eu só não sei como
I'm never goin' down on, Juanita Eu nunca mais vou continuar, Juanita
Never gonna make that call Nunca farei essa ligação
Never goin' down on, Juanita Nunca mais vou continuar, Juanita
Never at all De forma alguma
I'm never goin' down on, Juanita Eu nunca mais vou continuar, Juanita
Never gonna make that call Nunca farei essa ligação
Never goin' down on, Juanita Nunca mais vou continuar, Juanita
Two fingers at all Dois dedos, mesmo assim
I'm never goin' back, Juanita Eu nunca voltarei, Juanita
Never goin' down on you Nunca voltarei por você
Juanita, I'm never goin' back, Juanita Juanita, eu nunca voltarei Juanita
Look inside your head and find Olhe dentro de sua cabeça e procure,
And tell me now that it's all in your mind me fale agora e está tudo em sua mente
Look inside your head and find Olhe dentro de sua cabeça e procure
A way deep inside and it's all in your mind um modo bem fundo e está tudo em sua mente
Remember that song called kill me, Lembra-se daquela música chamada mate-me
from victim's last LP do último LP da vítima
Too much of a risk for a golden disc, Arriscado demais por um disco de ouro,
the price he paid for money o preço que ele pagou por dinheiro
Ce soir, ce soir, Hoje à noite, hoje à noite,
assassination d'un rock'n'roll star assassinato de uma estrela do Rock and Roll
Ce soir, ce soir, Hoje à noite, hoje à noite,
assassination d'un rock'n'roll star assassinato de uma estrela do Rock and Roll
Hey girl, what you doin'? Hey garota, o que você está fazendo?
Hey girl, you'll drive me to ruin Hey garota, você vai me levar à ruína
I don't know what it is about you Eu não sei o que é isso que vi em você
But I like it a lot Mas eu gosto muito
Oh why don't you let me hold you Oh porque não me deixa te abraçar
Let me feel your lovin' touch Me deixe sentir seus encantos amorosos
Communication breakdown, Quebra de comunicação
it's always the same é sempre assim
I'm having a nervous breakdown, Eu estou tendo um colapso nervoso
drive me insane! me levando à loucura!
Hey girl, Hey garota,
I got something I think u tenho algo que
you want to know você deveria saber
Hey girl, Hey babe,
I wanna tell you that I love you so eu quero te dizer o quanto eu te amo
I wanna hold you in my arms Eu quero te segurar nos meus braços
And feel your love tonight E sentir seu amor esta noite
I'm never gonna let you go Eu nunca vou deixar você desistir
'Cause I like your charms Porque eu gosto do seu charme
I want to feel your love all night Eu quero sentir seu amor a noite toda
Communication breakdown Quebra de comunicação
Communication breakdown Quebra de comunicação
I'm gonna make your telephone work tonight Eu vou fazer seu telefone trabalhar esta noite
Communication breakdown Quebra de comunicação
Oh, I can't stand that screaming Oh, eu não vou segurar esse grito
Don't even try Não pense em tentar
Music fans some feelings Fãs da música, alguns sentimentos
It'll be tell me why Isso vai me dizer o motivo
I can't stop that feeling Não consigo parar com esse sentimento
Showing me why Me mostrando o motivo
Man I love that feeling Cara, eu adoro essa sensação
Yeah, blowin' me right through the sky Sim, me levando para os céus
Oh hey hey hey hey hey hey Oh hey hey hey hey hey hey
Oh, listen to what she says Oh, ouça o que ela diz,
If it's good, it's nice Se for bom, está tudo bem
2003
1. Wildest Dreams Smith/Harris 3:52
2. Rainmaker Murray/Harris/Dickinson 3:48
3. No More Lies Harris 7:21
4. Montsegur Gers/Harris/Dickinson 5:50
5. Dance Of Death Gers/Harris 8:36
6. Gates Of Tomorrow Gers/Harris/Dickinson 5:12
7. New Frontier McBrain/Smith/Dickinson 5:04
8. Paschendale Smith/Harris 8:28
9. Face In The Sand Smith/Harris/Dickinson 6:31
10. Age Of Innocence Murray/Harris 6:10
11. Journeyman Smith/Harris/Dickinson 7:06
O CD começa com o primeiro single “Wildest Dreams”, que alguns fanáticos pela banda não
gostaram. Alegre demais, é um hard rock feito pra tocar nas rádios, que ainda bem não reflete o
resto do trabalho. Uma composição direta, não apresenta muitas variações, típico hard/heavy com
um refrão empolgante, mas, pode ser um pouco chatinha para quem gostou das longas e épicas
faixas da Donzela.
“Rainmaker” vem logo em seguida e arrebenta com tudo. Talvez seja a melhor música do
álbum, direta, sem frescura, beirando os quatro minutos, com um riff matador, assim como o refrão.
“No More Lies” tem uma letra legal, é grandona (mais de sete minutos) e apesar do começo
desanimador, termina como uma locomotiva (já dá pra imaginar o público cantando o refrão aqui no
Brasil). Esta música poderá pegar alguns fãs de surpresa, por ela se parecer com a fase solo de
Bruce Dickinson vide “Balls to Picasso”. A música não chega a apresentar riffs muitos pesados,
mas em compensação tem uma ótima melodia na voz de Bruce. Mesmos sem muito peso, na hora
de aparecer, as três guitarras se destacam durante o solo.
“Montsegur” vai deixar muitos fãs com lágrimas nos olhos, pois tudo lembra a saudosa
época dos clássicos “Piece Of Mind” e “Powerslave”. “New Frontier” vai na mesma linha.
“Dance of Death”, a mais longa música do CD, tem uma letra bem interessante. A música
começa cadenciada, demora cerca de três minutos até passar para a fase do peso mesmo,
novamente com muitas orquestrações. Outra série candidata a melhor do disco, realmente uma
linda composição – e que agradará todos que adoram “Alexander the Great”, presente no disco
“Somewhere in Time”.
“Gates Of Tomorrow” é a piorzinha de todas. A banda já fez essa mesma música pelo
menos duas vezes. Janick Gers compôs o mesmo riff de “From Here To Eternity” e Nicko parece
tocar bateria com preguiça.
“New Frontier” é outra típica faixa para a abertura do álbum, mas esta, um pouco mais
longa. Sem muitas firulas e passagens técnicas, outra música que já começa puramente com peso
e mantendo o pique até o final.
Até aí tudo bem, é o Iron de sempre, mas em seguida vem um Iron Maiden que pouca gente
conhecia. “Paschandale” é uma das composições mais ousadas e complexas do grupo. Fica até
difícil descrever, mas a integração é perfeita nos arranjos nada convencionais e no ritmo quebrado.
Falando sobre uma batalha francesa do século XIX, “Paschendale” apresenta diversas melodias e
partes distintas com peso, teclado (sim, teclado), orquestrações e momentos cadenciados. Se esta
não é a melhor de todas, será uma das preferidas de nove entre dez „maidenmaníacos‟. Uma das
poucas músicas que passa a quem escuta energia suficiente para se sentir dentro da estória lírica
da mesma.
“Face in the Sand”, começando à lá “Blood Brothers”, desfila novamente mais momentos
orquestrados, bateria com pedal duplo (acredito que pela primeira vez em uma música do Iron
aparecendo tão “abertamente”) e muito peso tratando-se de riffs de guitarra. Digamos que uma
composição um tanto quanto atmosférica tratando-se de Iron Maiden.
“Age of Innocence”, começando cadenciada, faz parte do recorde pessoal de Dave Murray,
que pela primeira vez contribui em um disco com três composições. Esta música na hora em que o
peso aparece, possui um refrão bem melodioso, mas os riffs e a levada dela são dignos para quem
curte “bater uma cabeça” enquanto ouve uma música ao fundo. Para mim, uma música
interessante e bem representativa desta nova fase da banda.
“Journeyman”, pela primeira vez uma música sem guitarras elaborada pela banda. De novo,
orquestrações ao longo da música. Inclusive, podemos comparar esta música com as baladas da
fase solo de Bruce Dickinson, especialmente em uma bem parecida, presente no seu disco
“Accident of Birth” (“Arc of Space”).
“Dance Of Death” já nasceu clássico. Traz uma banda preocupada em progredir dentro do
seu estilo e acertando em cheio. Não é à toa que o Iron é a maior banda de metal no mundo, pois
não fez a besteira de virar paródia de si mesmo! [1]
And I just feel I can be anything E eu sinto que posso ser qualquer coisa
That all i might ever wish to be Que eu sempre quis ser
and fantasize just what I want to be E fantasiar o que eu quero ser
Make my wildest dreams come true Realizar meus sonhos mais selvagens
When I'm feeling down and low Quando me sinto pra baixo e deprimido
I vow I'll never be the same again Eu juro que nunca mais serei o mesmo
I just remember what I am Eu apenas me lembro do que eu sou
And visualize just what I'm gonna be E visualizo o que eu vou ser
When I was wandering in the desert and was Quando eu estava vagando pelo deserto e
searching for the truth procurando pela verdade
I heard a choir of angels calling out my name Eu ouvi um coro angelical chamando por meu nome
I had the feeling that my life would never be the Eu tive o pressentimento que minha vida nunca
same again mais seria a mesma
I turned my face towards the barren sun Eu virei meu rosto na direção do sol estéril
You tell me we can start the rain Você me diz que podemos começar a chuva
You tell me that we all can change Você me diz que todos podemos mudar
You tell me we can find something Você me diz que podemos encontrar algo
to wash the tears away para lavar as lágrimas
You tell me we can start the rain Você me diz que podemos começar a chuva
You tell me that we all can change Você me diz que todos podemos mudar
You tell me we can find something Ele me diz que podemos encontrar algo
to wash the tears para lavar as lágrimas
You tell me we can start the rain Você me diz que podemos começar a chuva
You tell me that we all can change Você me diz que todos podemos mudar
You tell me we can find something Você me diz que podemos encontrar algo
to wash the tears away para lavar as lágrimas
You tell me we can start the rain Você me diz que podemos começar a chuva
You tell me that we all can change Você me diz que todos podemos mudar
You tell me we can find something Ele me diz que podemos encontrar algo
to wash the tears para lavar as lágrimas
You tell me we can start the rain Você me diz que podemos começar a chuva
You tell me that we all can change Você me diz que todos podemos mudar
You tell me we can find something Você me diz que podemos encontrar algo
to wash the tears away para lavar as lágrimas
You tell me we can start the rain Você me diz que podemos começar a chuva
You tell me that we all can change Você me diz que todos podemos mudar
You tell me we can find something Ele me diz que podemos encontrar algo
to wash the tears para lavar as lágrimas
Maybe I'll be back some other day Talvez eu volte algum outro dia
To live again just who can say Para viver novamente, quem pode dizer
In what shape or form that I might be Em que forma ou estado eu estarei
Just another chance for me Apenas uma outra chance para mim
The clock is fast the hour is near O relógio é rápido, a hora está próxima
Eventful past is everclear O passado agitado está cada vez mais claro
My life is set the time is here Minha vida está marcada, a hora chegou
I think I'm coming home Eu acho que estou indo pra casa
I stand alone in this desolate space Eu estou sozinho neste lugar desolado
In death they are truly alive Na morte eles estão verdadeiramente vivos
Massacred innocence, evil took place Inocência massacrada, o mal tomou conta
The angels were burning inside Os anjos queimavam por dentro
Templar believers with blood on their hands Templários crentes com sangue nas mãos
Joined in the chorus to kill on demand Juntaram-se ao coro para matar quando mandados
Burned at the stake Queimados na fogueira
for their soul's liberty pela liberdade de suas almas
To stand with the cathars to die and be free Para ficar com os cátaros para morrer e ser livre
The book of old testament crippled and black O livro do velho testamento incompleto e negro
Satan his weapon is lust A arma de satanás é a luxúria
Living this evil God`s nation of flesh Vivendo essa nação carnal de um Deus maligno
Back to the torture of life Devolta à tortura da vida
Templar believers with blood on their hands Templários crentes com sangue nas mãos
Joined in the chorus to kill on demand Juntaram-se ao coro para matar quando mandados
Burned at the stake Queimados na fogueira
for their soul's liberty pela liberdade de suas almas
To stand with the cathars to die and be free Para ficar com os cátaros para morrer e ser livre
Facing the sun as they went to their grave Encarando o sol enquanto entram em suas covas
Burn like a dog or you live like a slave Queime como cachorro ou viva como um escravo
Death is the price for your soul's liberty A morte é o preço da liberdade de nossas almas
To stand with the cathars to die and be free Para ficar com os cátaros para morrer e nos libertar
And They summoned me over to join in with them E eles me chamaram para se juntar a eles
To the dance of the death Para a dança da morte
In to the circle of fire I followed them Para dentro do círculo de fogo eu os segui
Into the middle I was led Para o meio fui levado
And I danced and I pranced and I sang with them E eu dancei e eu pulei e eu cantei com eles
All had death in their eyes Todos tinham a morte em seus olhos
Lifeless figures Figuras sem vida
they were undead all of them eles foram mortos-vivos todos eles
They had ascended from hell Eles haviam subido do inferno
Until the time came to reunite us both Até chegar a hora de nos reunir
My spirit came back down to me Meu espírito voltou para mim
I didn't know if I was alive or dead Eu não sabia se estava vivo ou morto
As the others all joined in with me Como os outros, todos se juntaram comigo
By luck then a skirmish started Por sorte, em seguida, uma escaramuça começou
And took the attention away from me E tomou a atenção para longe de mim
When they took their gaze from me Quando eles levaram o seu olhar de mim
Was the moment that I fled Foi o momento em que eu fugi
When you're lying in your sleep, Quando você está deitado em seu sono,
when you're lying in your bed quando você está deitado em sua cama
And you wake from your dreams E você acorda de seus sonhos
to go dancing with the death para ir dançar com a morte
When you're lying in your sleep, Quando você está deitado em seu sono,
when you're lying in your bed quando você está deitado em sua cama
And you wake from your dreams E você acorda de seus sonhos
to go dancing with the death para ir dançar com a morte
To this day I guess I'll never know Desde este dia eu acho que nunca saberei
Just why they left me go Por que eles apenas me deixaram ir
But I'll never go dancing no more Mas eu nunca vou dançar, não mais
Until I dance with the death Até eu dançar com a morte
You want forgiveness and you want it cheap Você quer perdão e você quer barato
I don't give redemption rewards Eu não dou libertação recompensa
for the meek para os humildes
Suffering evil when you pay the price of fame Sofrimento quando você paga o preço da fama
There isn't a god to save you Não há um deus para salvá-lo
if you don't save yourself se você não salvar a si mesmo
You can't blame a madman Você não pode culpar um homem louco
if you go insane se você enlouquecer
Give me the strength so I carry on Dê-me forças para que eu continue
Trapped in the web but I cut the threads Preso na teia mas eu corto os fios
Show you the gates of tomorrow Mostro-lhe os portões do amanhã
Trapped in the web no mercy is shed Preso na teia não há piedade
Show you the gates of tomorrow Mostro-lhe os portões do amanhã
Trapped in the web slaves to the dead Presos na teia, escravos para os mortos
Show you the gates of tomorrow Mostram-lhe os portões do amanhã
Trapped in the web but I cut the threads Preso na teia mas eu corto os fios
Show you the gates of tomorrow Mostro-lhe os portões do amanhã
Suffering evil when you pay the price of fame Sofrimento quando você paga o preço da fama
There isn't a god to save you Não há um deus para salvá-lo
if you don't save yourself se você não salvar a si mesmo
You can't blame a madman Você não pode culpar um homem louco
if you go insane se você enlouquecer
Give me the strength so I carry on Dê-me forças para que eu continue
Trapped in the web but I cut the threads Preso na teia mas eu corto os fios
Show you the gates of tomorrow Mostro-lhe os portões do amanhã
Trapped in the web slaves to the dead Presos na teia, escravos para os mortos
Show you the gates of tomorrow Mostro-lhe os portões do amanhã
Trapped in the web no mercy is shed Preso na teia não há piedade
Show you the gates of tomorrow Mostram-lhe os portões do amanhã
Trapped in the web but I cut the threads Preso na teia mas eu corto os fios
Show you the gates of tomorrow Mostro-lhe os portões do amanhã
Cursed by the angel who fell Amaldiçoado pelo anjo que caiu
Who saves me from hell? Quem me salvará do inferno?
And who is my god? E quem é meu deus?
And where is my soul? E onde está minha alma?
Too tired to jump Cansado demais para pular
too young to run jovem demais para correr
Relive all that he's been through Relembra de tudo pelo que passou
Last communioun of his soul A última conversa com sua alma
Rust your bullets with his tears Enferrujou suas balas com suas lágrimas
Let me tell you 'bout his years Deixe-me contar sobre seus anos
Laying low in a blood filled trench Agachado numa trincheira cheia de sangue
Killing time 'til my very own death Matando tempo até minha própria morte
On my face I can feel the falling rain Em meu rosto eu sinto a chuva que cai
Never see my friends again Nunca mais verei meus amigos
Whistles, shouts and more gun fire Apitos, gritos e mais tiros
Lifeless bodies hang on barbed wire Corpos sem vida Pendurados em arame farpado
Battlefield nothing O campo de batalha não é nada mais
but a bloody tomb Que uma tumba ensanguentada
Be reunited with my dead friends soon Me unirei a meus amigos mortos em breve
The bodies of ours and our foes Os corpos dos nossos e de nossos inimigos
The sea of death it overflows O mar da morte transborda
In no man's land god only knows Na terra de ninguém só deus sabe
Into jaws of death we go Para as mandíbulas da morte nós vamos
Swear I heard the angels cry Juro que ouvi o lamento dos anjos
Pray to god no more may die Rezo a deus para que ninguém mais morra
So that people know the truth Assim as pessoas saberão a verdade
Tell the tale of Paschendale Conta a historia de Paschendale
Cruelty has a human heart A crueldade tem um coração humano
Everyman does play his part Todos os homens fazem seu papel
Terror of the men we kill Terror dos homens que matamos
The human heart is hungry still O coração humano ainda está faminto
I stand my ground for the very last time Eu protejo meu território pela última vez
Gun is ready as I stand in line Arma pronta eu permaneço em formação
Nervous wait for the whistle to blow Espera nervosa pelo sopro do apito
Rush of blood and over we go Sangue correndo e lá vamos nós
Everybody's waiting for something to happen Todos estão esperando que algo aconteça
Everybody's waiting for something to see Todos estão esperando por algo para ver
Lunatics waiting for bigger disasters Lunáticos esperando por desastres maiores
Everyone's waiting for news on TV Todos estão esperando por notícias na TV
Winding lives at the end of the spiral Vidas tortuosas no final da espiral
Waiting dictators Esperando ditadores
with their next big thrill com sua próxima grande emoção
Everyone's looking Todos estão olhando
but no one is listening mas ninguém está escutando
Everybody wants to be in at the kill Todos querem participar da matança
I wait for the signs, they tell me true Eu espero pelos sinais, eles dizem-me a verdade
I see the signs of the end of time Eu vejo os sinais do fim dos tempos
Everyone's searching but nothing's revealing Todos estão procurando mas nada é revelado
Everyone's looking for the reason why Todos estão procurando pelas razões
Everyone's hoping for life everafter Todos têm esperança na vida eterna
Everyone's looking at death from the sky Todos estão olhando para a morte do céu
I wait for the signs, they tell me true Eu espero pelos sinais, eles dizem-me a verdade
I see the signs of the end of time Eu vejo os sinais do fim dos tempos
And all the politicians and their hollow promises E todos os políticos e suas promessas vazias
And all the lies, E todas as mentiras,
deciet and shame that goes with it enganações e vergonha que vêm com elas
The working man pays everything for their mistakes O homem trabalhador paga pelos erros deles
And with his life too if there was to be a war E também com sua vida se acontecer uma guerra
So we can only get one chance Então nós só temos uma chance,
can we take it podemos aceitá-la?
And we only got one life can't exchange it E nós só temos uma vida, não podemos trocá-la
Can we hold on to Podemos nos agarrar
what we have don't replace it ao que temos e que não substituímos?
The age of innocence is fading A idade da inocência está desaparecendo
like an old dream como um velho sonho
A life of petty crime gets punished Uma vida de crimes insignificantes é punida
with a holiday com um feriado
The victims' mind are scarred A mente da vítima é traumatizada
for life most everyday por toda a vida quase todos os dias
Assailants know just how much further Assaltantes sabem exatamente o quão mais longe
that can go isso pode ir
They know the laws are Eles sabem que as leis são
soft conviction chances low flexíveis são poucas as chances de culpabilidade
So we can only get one chance Então nós só temos uma chance,
can we take it podemos aceitá-la?
And we only got one life can't exchange it E nós só temos uma vida, não podemos trocá-la
Can we hold on to Podemos nos agarrar
what we have don't replace it ao que temos e que não substituímos?
The age of innocence is fading A idade da inocência está desaparecendo
like an old dream como um velho sonho
So we can only get one chance Então nós só temos uma chance,
can we take it podemos aceitá-la?
And we only got one life can't exchange it E nós só temos uma vida, não podemos trocá-la
Can we hold on to Podemos nos agarra
what we have don't replace it ao que temos e que não substituímos?
The age of innocence is fading A idade da inocência está desaparecendo
like an old dream como um velho sonho
In your life you may choose desolation Em sua vida você pode escolher desolação
And the shadows you build with your hands E as sombras que você cria com suas mãos
If you turn to the light Se você se virar para a luz
That is burning in the night Que está queimando na noite
Then the Journeyman's day has begun Então o dia do viajante começou
In your life you may choose desolation Em sua vida você pode escolher desolação
And the shadows you build with your hands E as sombras que você cria com suas mãos
If you turn to the light Se você se virar para a luz
That is burning in the night Que está queimando na noite
Then the Journeyman's day has begun Então o dia do viajante começou
MONTSÉGUR: fala sobre um castelo de mesmo nome localizado na França, que teria sido dos
cátaros, membros de uma seita considerada herege no século XIII. O Castelo de Montségur
localiza-se na comuna de Montségur, no Departamento do Ariège, na região do Midi-Pyrénées, na
França, no topo da montanha, a 1.207 metros acima do nível do mar, em posição dominante sobre
a vila.
O castelo foi atacado e destruído pela inquisição, e os cátaros que não renunciaram à sua
fé, queimados em fogueiras. Lendas em torno da história dizem que alguns cátaros teriam
escapado com um tesouro e especula-se que o Santo Graal faria parte dele.
A trilogia "Busca do Graal", de Bernard Cornwell, composta por "O Arqueiro", "O Andarilho" e
"O Herege" se baseia em parte nesta lenda, sendo o castelo de Montségur citado no último livro.
É resultado do inspirado Bruce após uma viagem ao sul da França, onde ficou sabendo das
histórias sobre o lugar e colocou neste som. Montségur fica apenas alguns quilômetros da Espanha
e quase 800km de Paris.
Os cátaros, povo que viveu no Sul da França (Languedoc) nos séculos X e XI, eram cristãos
que pensavam diferente da igreja católica, a quem eles chamavam de "A Igreja dos Lobos", e
tinham crenças diferentes dela, logo, FOGO santo neles! E ainda falam do “Lú”....
O solo nos arredores de Paschendale era composto por pântanos, encharcados durante
todo o ano, independentemente do clima. O ataque aéreo lançado pelos bombardeiros ingleses,
com a finalidade de destruir as barricadas e metralhadoras alemãs, danificou ainda mais o terreno,
e em conjunto com as chuvas de agosto, formaram grandes “lagos” de lama líquida, onde muitos
tanques afundaram e muitos soldados se afogaram.
Em seis de novembro de 1917, após três meses de luta, o exército canadense finalmente
tomou Paschendale, encerrando o conflito. E é neste ponto que se encontra o soldado ao início da
música, ferido mortalmente no campo de batalha.
- a ação em si, onde a velocidade da música aumenta e o tom vocal torna-se mais; e
- o momento em que o soldado se lembra de sua casa, seu lar, quando a música assume um ritmo
mais cadenciado (a característica “cavalgada”) durante o refrão.
Caído no campo de batalha, em seu leito de morte, o soldado começa a lembrar o que se
passou.
Após a repetição dos fortes acordes, a música engrena, e riffs pesados, porém lentos, são
tocados (primeiro momento) enquanto o soldado passa a descrever em flashback a situação em
que se encontrava:
Agachado em uma trincheira, com sangue e lama por todos os lados, a chuva cae, e o
cheiro de chumbo e de morte está por toda parte. Ele aguarda o momento certo para a ofensiva, e
sabe que em breve irá se expor, arriscar a vida, em busca do objetivo. Nada mais lhe resta além de
aceitar o fato de que já está morto. A música parte para o segundo momento, descrito
anteriormente:
A letra fala de “apitos, gritos e mais tiros”, o que caracteriza o comando para que os
soldados entrem em ação, ou seja, a indicação de um superior, aos gritos e sopros de apitos, e o
chamado covering fire, ou seja, os tiros de “cobertura” disparados pelos que ficaram na trincheira.
O soldado se depara com os companheiros que não conseguiram passar com vida por este
trecho do campo de batalha (a chamada “No Man‟s Land”, ou “Terra de Ninguém”). Há corpos
pendurados nas cercas de arame farpado, além de soldados afogados na lama. Sua esperança se
vai, e ele entende que em uma guerra não há vencedores. Pensa em sua casa, e em como queria
ter outra chance de viver. Vem o refrão (terceiro momento):
Uma ponte para a estrofe seguinte, constatando o grande número de mortes da batalha:
The bodies of ours and our foes
The sea of death it overflows
In no man‟s land god only knows
Into jaws of death we go
Crucified as if on a cross
Allied troops they mourn their loss
German war propaganda machine
Such before has never been seen
É mostrado o lado religioso do ser humano, uma vez que o soldado pensa ter ouvido anjos
chorarem e reza para que não haja mais mortes. A história existe para que os erros do passado
não sejam repetidos pelas futuras gerações, e é isto que ele pensa agora, desejando também que
todos conheçam e contem a história de Paschendale.
Entra o solo de Janick Gers. O comando é dado, e eles partem para seu último ataque
(segundo momento da melodia):
De volta ao cenário inicial, o soldado caído no campo de batalha finalmente dá seu último
suspiro. Seu espírito e o de seus companheiros se vão com o vento, sem importar-se com as linhas
inimigas. Inimigos e aliados se encontrarão novamente, na outra vida.
Cerca de 250 mil homens dos exércitos aliados morreram na Batalha de Paschendale, e
houve praticamente o mesmo número de baixas do lado alemão.
WILDEST DREAMS: fala sobre reorganizar a vida, deixar o passado para trás e realizar os sonhos
mais selvagens.
RAINMAKER: não fala sobre filme ou livro algum, fala novamente sobre a vida, faz uma metáfora
com a chuva que cai no deserto e rapidamente faz com que as plantas cresçam, mudando o
estado do local em pouco tempo. Só não se sabe quem é o personagem que é capaz de "fazer
chuva"!
Rainmaking (fazer chuva) é um ritual adotado por alguns povos para invocar a chuva. Os
mais conhecidos são os índios do sudoeste dos EUA (Novo México, Arizona).
Nas épocas secas (por volta de agosto), homens e mulheres se reúnem para a dança. Eles
colocam uma roupa especial, adereços na cabeça e joias (como a turquesa, que representa a
chuva) só para este momento. A dança é tipo um ziguezague em direção circular. Se funciona?
Nem vou responder...
NO MORE LIES: Steve Harris novamente fala sobre a possibilidade da vida após a morte. Neste
álbum do Maiden, no encarte, há uma descrição sobre cada faixa, com citações dos próprios
membros da banda. Vou traduzir o que o Harris fala desta música:
"Pensar sobre a morte é algo que passa pela cabeça de todo mundo em algum ponto da
vida. Eu acho que a ideia do que vem depois (da vida), quer você creia em vida pós morte ou não,
nos traz muitas ideias e emoções diferentes. Algumas pessoas admitem ficar com medo da ideia
de morrerem, enquanto outras não se incomodam. É que nem ter medo do escuro, é algo que
muitas pessoas relatam, mas nunca admitem, e provavelmente este seja o porquê de ser uma
música tão popular. As pessoas assustadas e intrigadas pelo desconhecido e isto é algo muito
forte. Novamente, talvez é só algo que está mais na minha cabeça do que na dos outros".
DANCE OF DEATH: inspirada no filme “The Seventh Seal” (1.958), do sueco Ingmar Bergman
(1.918 – 2.007). O filme fala sobre um homem que joga xadrez com a morte durante a época da
peste negra (black death) na Europa (1347 - 1352DC). O quadro Dance of Death aparece sendo
pintado quando o personagem principal entra na igreja. No fim do filme, uma cena de artistas que
fugiram da morte retrata a dança da morte (Danse Macabre). O quadro é uma alegoria sobre a
universalidade da morte. Não importa qual nosso estado atual na vida (ou o que estamos fazendo,
tipo, dançando), a morte nos une.
A peste negra (peste bubônica) é uma doença causada pela bactéria Yersínia pestis,
transmitida por roedores, normalmente ratos. Ela pode matar em até 48 horas. Os sintomas de
peste bubônica são: aumento dos linfonodos, que deixavam a pele enegrecida nas axilas, virilhas
ou pescoço; febre alta; intolerância à luz; apatia; tremores pelo corpo; vertigens; cefaléia; cansaço;
aumento da frequência cardíaca e tosse inicialmente seca e depois com sangue. Morreram mais de
25 milhões de pessoas de peste na Europa naquela época!
GATES OF TOMORROW: fala sobre... hummm... complicado dizer sobre o que ela fala. No
encarte do álbum, a banda se reserva o direito de não falar sobre o que se trata a música,
deixando para os fãs essa tarefa. Há quem diga que ele fala sobre a internet ("Trapped in the
web"), há quem diga que fala sobre religião ("There isn't a god to save you if you don't save
yourself"). Explicitamente a faixa fala sobre estar preso nos fios e cortá-los para mostrar-lhe os
portões do amanhã.
NEW FRONTIER: fala sobre uma preocupação de Nicko: clonagem. Para ele é errado o ser
humano brincar de Deus, "Playing god without mercy without fear", e só Deus teria o direito de criar
um ser humano porque só Ele consegue nos dar uma alma.
A clonagem é um processo de reprodução assexuada, ou seja, sem troca de gametas, onde
se obtém a produção de indivíduos geneticamente iguais a partir de uma célula-mãe.
Lembram que a ovelha Dolly morreu em 2003? Isso provavelmente fez Nicko levantar a
discussão sobre o assunto nesta música.
FACE IN THE SAND: fala sobre a inércia da massa de pessoas do mundo, esperando que as
coisas se resolvam sozinhas, vendo os desastres acontecerem e não fazendo nada para evitá-los.
AGE OF THE INNOCENCE: é um protesto contra o governo britânico no que diz respeito à
criminalidade. É o mesmo tipo de reclamação que temos no Brasil: governantes não cumprem suas
promessas, o sistema judiciário é ineficiente, ineficaz e injusto, os bandidos sabem que nada (ou
pouco) lhes acontecerá se forem pegos, que não estamos seguros nem em nossas casas e que os
bandidos tem mais direitos que as pessoas "normais". Ou seja, o problema não é só aqui ou nos
EUA!
JOURNEYMAN: é uma das mais bonitas músicas da banda, sobre as reflexões de um cara em
sua jornada pela vida. Falei muito, hein?!
“A Matter Of Life And Death” definitivamente não é um álbum fácil de ser ouvido. Para
alguém acostumado à raiva de um “Killers” ou à velocidade de um “Powerslave” então, a coisa
torna-se mais difícil ainda. Mesmo levando-se em conta o que se poderia considerar como alguns
deslizes, ao ouvir essa obra duas, três, seis, vinte vezes, o indivíduo vai percebendo, a cada nova
audição, uma nuance diferente, um detalhe não percebido antes em determinada parte da música,
que fazem desse o melhor trabalho do Maiden em anos.
Trata-se de um disco com peso, porém cadenciado e que, apesar das influências claras de
rock progressivo, está longe de poder ser chamado de „prog metal‟. Na verdade, a banda parece,
enfim, ter atingido algo que sempre buscou, conseguir unir o seu heavy metal clássico ao som
levado adiante por alguns de seus maiores ídolos e que serviram de influência durante toda a sua
trajetória. Só que, ao contrário do que tal afirmação poderia dar a entender, o sexteto capitaneado
por Steve Harris não pegou leve e concebeu um dos trabalhos mais pesados de sua carreira.
As características clássicas do Iron Maiden estão lá. Guitarras dobradas, riffs e linhas de
baixo cavalgadas, mudanças de tempo. Também estão presentes coisas que se tornaram motivo
de reclamação de vários fãs e detratores da banda, como as introduções lentas, com dedilhados
conduzidos sobre uma linha de baixo, além dos refrões repetidos várias vezes. Entretanto, ainda
que as dez músicas seguissem essa padronização, não é isso que faz uma canção boa ou ruim.
“Hallowed Be Thy Name” é uma das maiores músicas da história do heavy metal e segue uma
linha de introdução bem parecida com a supracitada. “Wrathchild”, “Running Free” e até “Run To
The Hills” são clássicos absolutos da banda onde o refrão também é repetido várias vezes.
Outra coisa que pode incomodar alguns fãs é o andamento mais lento que o Maiden imprime
às suas canções mais recentes, mas também não é isso que tira o brilho de “A Matter Of Life And
Death”.
A história começa com “Different World”, a faixa mais curta do álbum e também a de mais
fácil assimilação à primeira ouvida, onde o Maiden mostra que bebeu na fonte do lendário Thin
Lizzy. Além de um belo dueto de guitarras e um ótimo solo de Adrian Smith, o que chama atenção
na música é justamente algo pelo qual ela foi muito criticada, que é a linha vocal adotada por Bruce
Dickinson, que apesar de atingir tons bem altos no refrão, como de costume, destaca-se mais pela
melodia vocal diferente e interessante, em tons mais baixos, que faz na ponte antes do refrão.
“These Colours Don‟t Run” flerta um pouco com o hard rock e possui um refrão daqueles a
ser cantado em uníssono pelos fãs, além de um trabalho muito bem feito com os teclados. Steve
Harris espanca as cordas de seu baixo e os dois solos da música são bem executados. O senão
fica pelo coro antes da última passagem pelo refrão, que dessa vez poderia ter sido dispensado,
pois não consegue o mesmo efeito de uma “Heaven Can Wait”, por exemplo.
A seguir somos brindados com uma das melhores composições do Maiden nos últimos
tempos. “Brighter Than A Thousand Suns” se destaca pela introdução, pela letra, pelo riff
pesadíssimo, pelos vocais inspirados de Bruce Dickinson, pelo andamento totalmente diferente do
habitual para o Maiden, pelas mudanças de tempo, pelos solos muitíssimo bem encaixados no
clima da música, pela excepcional exploração dos teclados, pela bateria de Nicko McBrain, que
entrega nessa música o seu melhor trabalho com as baquetas em muitos anos.
A canção seguinte, “The Longest Day” passa, com a introdução, o clima perfeito para o que
está sendo cantado, com sua letra sobre o desembarque das tropas aliadas na Normandia durante
a Segunda Guerra Mundial. Aliás, se tem algo que o Maiden faz como poucos é conseguir criar
uma sonoridade em sintonia absoluta com a história que está sendo contada na letra. Logo explode
num som pra levantar qualquer estádio e num refrão que, embora repetitivo, não chega a cansar.
E, por falar em repetitivo, tenho que dizer que Bruce Dickinson consegue, de novo, uma
performance acima da média. É algo impressionante o que ele faz com sua voz até hoje. Mas o
melhor da música são suas passagens instrumentais na segunda metade, onde consegue ao
mesmo tempo soar extremamente pesada e com toques de progressivo.
A sexta faixa, “Out Of The Shadows” começa com uma introdução pesada, que deságua
numa balada com potencial radiofônico, apesar de soar um pouco progressiva, e um bonito refrão,
mas, aqui sim, desnecessariamente repetitivo. Só que o que dá a maior beleza da música não é
nem o vocal e nem o solo principal, levado com muita competência por Adrian Smith. É justamente
a discreta melodia de guitarra que Dave Murray conduz por baixo dos vocais durante o refrão. É
algo tocado com um sentimento que impressiona.
“The Reincarnation Of Benjamin Breeg”, a primeira música que se conheceu desse trabalho,
a despeito do que se falou de negativo sobre ela, é uma das boas composições do álbum,
justamente por sua simplicidade. A introdução lenta e longa, algo, como já dito, sempre criticado
por alguns fãs e detratores da Donzela, pode até soar cansativa, mas cria um clima especial, que
vai de encontro à letra e que é a deixa perfeita para o riff seco que entra na sequência. E Mr. Air
Raid Siren (ele, mais uma vez) dá um show de interpretação e de capacidade técnica, cantando em
tons que vão crescendo, até atingir níveis bem altos. A levada é bem interessante e Dave Murray
entrega mais um solo excelente. Boa música.
Ao se ouvir “For The Greater Good Of God”, tem-se logo a lembrança do álbum “The X
Factor” e a música tem várias partes que remetem a “Sign Of The Cross”. Só que aqui a grandeza
da composição é maior, as melodias são mais belas, o tom de lamentação em várias passagens do
vocal cai como uma luva na interação com a letra e com o instrumental que, aliás, é responsável
nessa música por alguns dos melhores momentos de “A Matter Of Life And Death”. O refrão é
repetido à exaustão, mas não chega a comprometer a música. Uma epopéia. Excelente canção e
candidata a clássico, embora não tenha nada de original.
Eis que aparece “Lord Of Light”, uma pérola discretamente colocada mais para o final do
CD. Com seu início também influenciado por algo de progressivo, desemboca num riff matador,
seguido pela música mais veloz, em termos de andamento, do álbum, que consegue um resultado
final absurdamente eficiente. E é nessa canção que Bruce tem o seu melhor momento no disco. Na
verdade, Dickinson não se destaca apenas pelas notas que consegue atingir mas, sobretudo, por
sua capacidade de variar tons, de criar um clima baseado no que diz a letra e na beleza de sua
voz.
A faixa de encerramento, “The Legacy”, é também a música mais original do álbum e talvez
da carreira da banda. O Maiden jamais fez algo sequer parecido com essa canção. Com suas
influências de música celta, a bela introdução com violões, os experimentalismos no vocal, as
passagens que em alguns momentos lembram Led Zeppelin e em outros lembram Black Sabbath,
mas que sempre trazem aquela coisa que faz o indivíduo ouvir e saber que é Iron Maiden, é um
fechamento digno para um grande trabalho.
A produção desse álbum é bem melhor que a de seu antecessor, “Dance Of Death”,
provavelmente o melhor trabalho de Kevin Shirley com o Maiden. Mas ainda há como melhorar,
principalmente a sonoridade das guitarras. Guitarras que conseguiram chegar ao seu melhor
entrosamento desde o início dessa formação.
Ainda não dá pra saber qual será a posição de “A Matter Of Life And Death” no contexto
histórico do Iron Maiden. É um álbum que, quanto mais o tempo passa, parece ir ficando melhor.
Um disco que apresenta uma grande homogeneidade entre as canções, e que mostra que a
Donzela ainda tem muita lenha pra queimar. [1]
Tell me what you can hear Diga-me o que você pode ouvir
And then tell me what you see E me diga o que você vê
Everybody has a Todos possuem um
different way to view the world modo diferente de ver o mundo
I would like you to know Eu gostaria que você soubesse que
when you see the simple things quando você vê as coisas mais simples
To appreciate this life it's not too late to learn A apreciar a vida, não é tão tarde para aprender
Tell me what you can hear Diga-me o que você pode ouvir
And then tell me what you see E me diga o que você vê
Everybody has a different way to view the world Todos possuem um modo diferente de ver o mundo
I would like you to know Eu gostaria que você soubesse que
when you see the simple things quando você vê as coisas mais simples
To appreciate this life, it's not too late to learn Apreciar a vida, não é tão tarde para aprender
Tell me what you can hear Diga-me o que você pode ouvir
And then tell me what you see E me diga o que você vê
Everybody has a Todos possuem um
different way to view the world modo diferente de ver o mundo
I would like you to know Eu gostaria que você soubesse que
when you see the simple things quando você vê as coisas mais simples
To appreciate this life, it's not too late to learn Apreciar a vida, não é tão tarde para aprender
(2/10) These Colours Don't Run (6:52) Essas Cores Não Fogem
For the passion, for the glory Pela paixão, pela glória
For the memories, for the money Pelas lembranças, pelo dinheiro
You're a soldier, for your country Você é um soldado de seu país
what's the difference, all the same E qual é a diferença? são todos iguais
Far away from the land of our birth Bem distante da sua terra natal
We fly a flag Nós asteamos uma bandeira
in some foreign earth em uma terra estrangeira
We sailed away Nós navegamos para longe
like our father before igual ao que nosso pai fez
These colours don't run Estas cores não fogem
from cold bloody war desta fria e sangrenta guerra
There is no one that will save you Não existe ninguém para te salvar
Going down in flames Se afundando em chamas
No surrender certain death you Não se renda à morte certa
You look in the eye Você olha nos olhos
On the shores of tyranny you Nas orlas da tirania você
Crashed a human wave se amaça junto a onda humana
Paying for my freedom with your Pago pela minha liberdade com um
lonely unmarked graves solitário não-identificado túmulo
For the passion, for the glory Pela paixão, pela glória
For the memories, for the money Pelas lembranças, pelo dinheiro
You're a soldier, for your country Você é um soldado de seu país
what's the difference, all the same E qual é a diferença? são todos iguais
Far away from the land of our birth Bem distante da sua terra natal
We fly a flag Nós asteamos uma bandeira
in some foreign earth em uma terra estrangeira
We sailed away Nós navegamos para longe
like our father before igual ao que nosso pai fez
These colours don't run Estas cores não fogem
from cold bloody war esta fria e sangrenta guerra
We are not the sons of god Nós não somos os filhos de Deus
We are not his chosen people now Nós não somos mais os seus escolhidos agora
We have crossed the path he trod Nós atravessamos o caminho que ele pisou
We will feel the pain of his beginning Nós sentiremos a dor de sua criação
Yellow sun its evil twin Sol amarelo de seu gêmeo perverso
In the black the wings deliver him Na escuridão as asas o entregam
We will split our soul's within Nós dividiremos a alma que nos habita
Atom seed to nuclear dust is riven Semente atômica é dividida em poeira nuclear.
Out of the darkness, brighter than a thousand suns Fora das trevas, mais brilhante do que mil sóis
… ...
Bury your morals Enterre sua moral
And bury your dead E enterre seus mortos
Bury your head in the sand Enterre sua cabeça na areia
E=mc squared you can relate E=mc² você pode relacionar
How we made god with our hands Como criamos Deus com nossas mãos
Whatever would Robert have said to his god O que quer que robert tenha dito a seu Deus
about how we made war with the sun Sobre como ele fez a guerra com o sol
E=MC squared you can relate E=mc², você pode relacionar
how we made god with our hands Como criamos Deus com nossas mãos
Divide and conquer while ye may Divida e conquiste enquanto você pode
Others preach and others fall and pray Alguns pregam e outros caem e rezam
In the bunkers where we'll die No abrigo em que morreremos
Where the executioners they lie Onde os executores mentem
The keys to death and hell As chaves para a morte e para o inferno
The ailing kingdom doomed to fail O reino da aflição condenado a falhar
The bonds of sin and heart will break Os elos do pecado e do coração irão se romper
The pilgrims course will take O curso dos peregrinos iremos seguir
To courage find and gracious will Para encontrar coragem e vontade graciosa
Deliver good from ill Libertar o bem do mal
Clean the water clean our guilt Limpar a água, a nossa culpa
With us do what you will Faça conosco o que quiser
Now give us our holy sign Agora nos dê nosso sinal sagrado
Changing the water into wine Tornando a água em vinho
So to you we bid farewell Então de você nós nos despedimos
Kingdom of heaven to hell Reino do paraíso para o inferno
Overlord, your master not your god O seu superior é seu mestre, não o seu deus
The enemy coast dawning grey with scud A praia inimiga amanhece cinza e enevoada
These wretched souls puking, shaking fear Estas infelizes almas vomitam, se tremem de medo
To take a bullet for those who sent them here Para ser baleado por aqueles que os enviaram aqui
How long on this longest day Quanto tempo neste mais longo dia
'Til we finally make it through Até que finalmente sobrevivamos à isto
How long on this longest day Quanto tempo neste mais longo dia
'Til we finally make it through Até que finalmente sobrevivamos à isto
The rising dead, faces bloated torn Os mortos aumentam, com seus rostos inchados
They are relieved Eles já foram consolados
the living wait their turn os vivos esperam por sua vez
Your number's up O seu numero foi escolhido
the bullet's got your name a bala tem o seu nome escrito nela
You still go on Você ainda segue adiante
to hell and back again indo e voltando do inferno
Valhalla waits, valkyries rise and fall Valhalla aguarda, valquirias sobem e caem
The warrior tombs lie open for us all A tumba do guerreiro se encontra aberta para nós
A ghostly hand reaches through the veil Uma mão fantasmagórica alcança através do véu
Blood and sand, we will prevail Sangue e areia, nós iremos prevalecer
How long on this longest day Quanto tempo neste mais longo dia
'Til we finally make it through Até que finalmente sobrevivamos à isto
How long on this longest day Quanto tempo neste mais longo dia
'Til we finally make it through Até que finalmente sobrevivamos à isto
How long on this longest day Quanto tempo neste mais longo dia
'Til we finally make it through Até que finalmente sobrevivamos à isto
How long on this longest day Quanto tempo neste mais longo dia
'Til we finally make it through Até que finalmente sobrevivamos à isto
Hold a halo round the world Segure uma auréola em volta do mundo
Golden is the day Dourado é o dia
Princes of the universe Príncipes do universo
Your burden is the way Os seus fardos são o caminho
So there is no better time Portanto não há melhor momento
Who will be born today Quem irá nascer hoje?
A gypsy child at day break Uma criança cigana ao romper do dia
A king for a day Rei por um dia
Out of the shadows and into the sun Vindo das sombras em direção ao sol
Dreams of the past Sonhos do passado
as the old ways are done enquanto as antigas maneiras se findam
Oh there is beauty and surely there is pain Oh, há beleza e certamente há dor
But we must endure it Mas nós devemos suportar isso
to live again para viver novamente
Dusty dream in fading daylight Sonho empoeirado sob a luz do dia que se desbota
Flicker on the walls Tremulam nas paredes
Nothing new, your life's a drift Nada de novo, sua vida é uma deriva
What purpose to it all? Qual o propósito de isto tudo?
Eyes are closed and death is calling Olhos fechados e a morte está chamando
Reaching out his hand Estendendo suas mãos
Call upon the starlight to surround you Clame para a luz estelar te circundar
Out of the shadows and into the sun Fora das sombras em direção ao sol
Dreams of the past as the old ways are done Sonhos do passado como se faziam antigamente
Oh there is beauty and surely there is pain Oh, há beleza e certamente há dor
But we must endure it Mas nós devemos suportar isso
to live again para viver novamente
Out of the shadows and into the sun Vindo das sombras em direção ao sol
Dreams of the past Sonhos do passado
as the old ways are done enquanto as antigas maneiras se findam
Oh there is beauty and surely there is pain Oh, há beleza e certamente há dor
But we must endure it Mas nós devemos suportar isso
to live again para viver novamente
Out of the shadows and into the sun Vindo das sombras em direção ao sol
Dreams of the past Sonhos do passado
as the old ways are done enquanto as antigas maneiras se findam
Oh there is beauty and surely there is pain Oh, há beleza e certamente há dor
But we must endure it Mas nós devemos suportar isso
to live again para viver novamente
Out of the shadows and into the sun Vindo das sombras em direção ao sol
Dreams of the past Sonhos do passado
as the old ways are done enquanto as antigas maneiras se findam
Oh there is beauty and surely there is pain Oh, há beleza e certamente há dor
But we must endure it Mas nós devemos suportar isso
to live again para viver novamente
A man who cast no shadows has no soul Um homem que não emite sombra não possui alma
Let me tell you about my life Deixe eu te contar sobre minha vida
Let me tell you about my dreams Deixe eu te contar sobre meus sonhos
Let me tell you about the things that happened Deixe eu te contar sobre coisas que aconteceram
Always real to me Tudo é tão real para mim
Let me tell you of my hope Deixe eu contar sobre a minha esperança
Of my need to reach the sky Sobre minha necessidade de alcançar o céu
Let me take you on an awkward journey Me deixe te levar em uma desgraciosa jornada
Let me tell you why Me deixe te dizer o porque
Let me tell you why Me deixe te dizer o porque
I know they're crying for help Sei que eles clamam por ajuda
reaching out e tentam me alcançar
The burden of them will take me down as well O fardo deles irá me levar para baixo também
The sin of a thousand souls O pecado de milhares de almas
not died in vain não morreram em vão
Reincarnate still in me live again Reencarnação minha, viver novamente
Please tell me now what life is Por favor me diga agora o que é a vida
Please tell me now what love is Por favor me diga agora o que é o amor
Well tell me now what war is Ora, me diga agora o que é a guerra
Again tell me what life is De novo, me diga o que é a vida
More pain and misery in the history of mankind Mais dor e miséria na história da humanidade
Sometimes it seems more like As vezes mais parece que
the blind leading the blind o cego lidera os demais
It brings upon us more famine, death and war Isso nos traz mais fome, morte e guerra
You know religion Você sabe que a religião
has a lot to answer for tem muito o que responder
Please tell me now what life is Por favor me diga agora o que é a vida
Please tell me now what love is Por favor me diga agora o que é o amor
Well tell me now what war is Ora, me diga agora o que é a guerra
Again tell me what life is De novo, me diga o que é a vida
And all because of it you'd think E mesmo com tudo isso, você pensou
That we would learn Que nós iriamos aprender alguma coisa
But still the body Mas a contagem de corpos
count the city fires burn continua, com a cidade em chamas
Somewhere there's someone dying Em algum lugar há alguém morrendo
In a foreign land Em terra estrangeira
Meanwhile the world Enquanto isso o mundo
is crying stupidity of man chora a estupidez do homem
Tell me why, tell me why Me diga porque, me diga porque...
Please tell me now what life is Por favor me diga agora o que é a vida
Please tell me now what love is Por favor me diga agora o que é o amor
Well tell me now what war is Ora, me diga agora o que é a guerra
Again tell me what life is De novo, me diga o que é a vida
Please tell me now what life is Por favor me diga agora o que é a vida
Please tell me now what love is Por favor me diga agora o que é o amor
Well tell me now what war is Ora, me diga agora o que é a guerra
Again tell me what life is De novo, me diga o que é a vida
Please tell me now what life is Por favor me diga agora o que é a vida
Please tell me now what love is Por favor me diga agora o que é o amor
Well tell me now what war is Ora, me diga agora o que é a guerra
Again tell me what life is De novo, me diga o que é a vida
Please tell me now what life is Por favor me diga agora o que é a vida
Please tell me now what love is Por favor me diga agora o que é o amor
Well tell me now what war is Ora, me diga agora o que é a guerra
Again tell me what life is De novo, me diga o que é a vida
He gave his life for us Ele deu sua vida por nós,
he fell upon the cross ele caiu perante a cruz
To die for all of those Para morrer por todos aqueles
who never mourn His loss que nunca lamentaram sua perda
It wasn't meant for us Não era para estarmos
to feel the pain again sentindo esta dor novamente
Tell my why, tell me why Me diga o por que, me diga o porque
There are secrets that you keep Existem segredos que você guarda
There are secrets that you keep Existem segredos que você guarda
There are secrets that you tell to me alone Existem segredos que você diz para mim sozinho
I can't reach things i can't see Não posso alcançar coisas que não consigo ver
You don't see this strange world Você não enxerga este estranho mundo
quite the same as me Da mesma maneira que eu
Don't deny me what i am Não me negue o que eu sou
Nothing hidden still you fail Nada há escondido ainda assim você falha
to see the truth em ver a verdade
These are things you can't reveal Estas são coisas que você não pode revelar
These are things you can't reveal Estas são coisas que você não pode revelar
We are part of some strange plan Somos parte do mesmo estranho plano
Why the slaughter of the brotherhood of man Porque esta chacina da irmandade dos homens?
Infernal sacrifice of hell Sacrifício infernal das profundezas
Fire breathing lead the way Fogo conduz o trajeto
Mounds of bodies as they all burn into one Montes de corpos enquanto todos queimam
Revenge is living in the past Vingança é viver no passado
Time to look into a new millennium Hora de olhar para um novo milênio
Spiral path leads through the maze Caminho espiral que guia através do labirinto
Down into the fiery underworld below Lá embaixo no submundo
Fire breathing lead the way Fogo conduz o trajeto
Lucifer was just Lúcifer foi apenas
an angel led astray um anjo que se afastou do caminho
Free your soul and let it fly Liberte sua alma e deixe-a voar
Give your life to the Lord of Light Dê sua vida para o Senhor da Luz
Keep your secrets and rain on me Guarde seus segredos e que chova sobre mim
All i see are mysteries Tudo que vejo são mistérios
Free your soul and let it fly Liberte sua alma e deixe-a voar
Give your life to the Lord of Light Dê sua vida para o Senhor da Luz
Keep your secrets and rain on me Guarde seus segredos e que chova sobre mim
All i see are mysteries Tudo que vejo são mistérios
We are not worthy in your black Não somos dignos de seus negros
and blazing eyes E chamuscantes olhos
We gather demons in the mirror every day Nós reunimos demônios no espelho todos os dias
The bridge of darkness casts a A ponte da escuridão lança sua
shadow on us all Sombra sobre nós todos
And all our sins to you we give this day E todos os nossos pecados damos a você neste dia
We are cast out by our bloody fatheres hand Fomos expulsos pela mão sangrenta de nosso pai
We are strangers in this lonely promised land Somos forasteiros nesta solitária terra prometida
We are the shadows of the one unholy ghost Somos as sombras do fantasma profano
In our nightmare world Em nosso mundo de pesadelos
the only one we trust o único em que confiamos
Free your soul and let it fly Liberte sua alma e deixe-a voar
Give your life to the Lord of Light Dê sua vida para o senhor da luz
Keep your secrets and rain on me Guarde seus segredos e que chova sobre mim
All i see are mysteries Tudo que vejo são mistérios
Free your soul and let it fly Liberte sua alma e deixe-a voar
Give your life to the Lord of Light Dê sua vida para o Senhor da Luz
Keep your secrets and rain on me Guarde seus segredos e que chova sobre mim
All i see are mysteries Tudo que vejo são mistérios
You lie in your death bed now Você mente em seu leito de morte agora
But what did you bring to the table? Mas o que você trouxe para a mesa?
Brought us only holy sin Nos trouxe apenas pecados santos
Utter trust is a deadly thing Confiança absoluta é algo mortal
You had us all strung out with Você nos manteve debilitados com
Promises of peace Promessas de paz
But all along your cover plan Mas desde o começo seu plano
was to deceive era nos enganar
Can it put to rights now? Poderemos concertar isso agora?
Only time will tell Apenas o tempo dirá
Your prophecies Suas profecias
will send us all to hell as well irão nos enviar para o inferno do mesmo jeito
Left to all our golden sons Deixado para todos os nossos filhos dourados
All to pick up on the peace Todos para recolherem a paz
You could have given all of them Você poderia ter dado a todos eles
A little chance at least Uma pequena chance pelo menos
We seem destined to live in fear Nós parecemos destinados a viver com medo
And some that would say armageddon is near Alguns diriam que o apocalipse está próximo
But while there's a life or there's hope Mas aonde há a vida há a esperança
That man won't self destruct De que o homem não irá se auto destruir
Why can't we treat our fellow men Porque não podemos tratar nossos companheiros
With more respect and a shake of their hands Com mais respeito e um aperto de mãos?
But anger and loathing is rife Mas ódio e repulsa prevalecem
The death on all side is A morte está ao lado de todos e
Becoming a way of life Tornando-se um modo de vida
But some are just not wanting peace Mas alguns simplesmente não querem a paz
Their whole life is death and misery A vida inteira deles é morte e miséria
The only thing that they know A única coisa que eles sabem
Fight fire with fire, life is cheap É enfrentar fogo com fogo, a vida é supérflua
DIFFERENT WORLD: fala sobre modos diferentes de se ver a vida, como muitas vezes tudo
parece estar nos trilhos, e de repente, muda. Este álbum trata muito sobre guerra, e aqui ele fala
sobre aproveitar a vida antes que seja tarde. E deve ser bem essa a cabeça de um soldado na
guerra, o drama de ter a morte a sua volta o tempo todo, sem saber quando tudo pode acabar.
THESE COLOURS DON'T RUN: fala sobre um soldado que vai para guerra.
Num trecho, menciona meio romanticamente quais as motivações de se ir para a guerra e
defender seu país: a paixão, a glória, memórias, dinheiro.
Voltemos nossas mentes para o contexto da Segunda Guerra Mundial, a Era Atômica, com
BRIGHTER THAN A THOUSAND SUNS: em agosto de 1939, os físicos húngaros Léo Szilárd e
Eugene Wigner enviaram uma carta (famosa por ser assinada por Einstein) ao presidente dos
EUA, Roosevelt, informando que os alemães estavam pesquisando sobre reações nucleares, e que
estas poderiam ser usadas como bombas que causariam grande destruição. Buummmm!
Os EUA começam a investir em pesquisas para conseguir a tal bomba antes dos alemães.
Em junho de 1942, é iniciado o Projeto Manhattan, liderado pelo coronel James C. Marshall e na
parte técnica, pelo físico-teórico J. Robert Oppenheimer. Várias bases foram construídas ao longo
dos EUA e algumas no Canadá.
Por convenção, a Era Atômica inicia após a detonação da primeira bomba atômica (a
“Trinity”) em 16 de julho de 1945, em Jornada del Muerto, Novo México - EUA. Para se ter ideia,
tinha força de 20kt de TNT, ou seja, 20.000 toneladas de TNT! Dá pra fazer um belo estrago em
Brasília...
Tecnicamente os EUA não precisavam mais lutar contra os japoneses, mas pelo jeito eles
também não iam cessar os ataques até que o Japão se rendesse, o que como já disse, não ia
acontecer. A Solução final dos estadunidenses foi, em 6 de agosto de 1945, atirar a bomba Little
Man (13kt) na cidade de Hiroshima, matando cerca de 70 mil e ferindo a mesma quantidade. E 3
dias depois, a bomba Fat Man (25kt) atinge a cidade de Nagazaki, matando mais de 75 mil
pessoas e ferindo outras 20 mil. Como o tempo estava ruim, o piloto errou o alvo, a bomba caiu
num vale ao lado da cidade...
THE PILGRIM: refere-se aos peregrinos, que são os colonos ingleses que foram para a região da
Nova Inglaterra, onde hoje fica Massachusetts, transportados pela navio Mayflower em 1.620.
Devido a conflitos com a igreja anglicana, os colonos, que eram protestantes puritanos, decidiram
vir para a América e começar uma nova vida.
Nesta nova vida, massacraram alguns índios, como é natural com qualquer colonizador.
Inclusive, o tal dia de ação de graças é praticamente a celebração de um dia de caçada aos índios
bem sucedida, não tem muito a ver com aquelas historinhas que contam de índios e colonos
compartilhando um belo almoço, que é celebrada até hoje!
THE LONGEST DAY: fala sobre o Dia D, que é conhecido como o maior invasão marinha já
conhecida na face do planeta Terra. No dia 06 de junho de 1944, os Aliados (EUA, Inglaterra,
Canadá, Austrália, França, URSS) invadiram a praia da Normandia na França, que estava sob
domínio da Alemanha de Hitler.
Este ataque foi determinante para a vitória dos aliados no front oeste, uma vez que os
russos já haviam vencido os alemães na batalha de Stalingrado.
OUT OF SHADOWS: é mais um som que fala do sentido da vida.
THE REINCARNATION OF BENJAMIN BREEG: fala sobre um personagem fictício que os caras
da banda criaram, talvez por pura ação de marketing. Tem algumas coisas interessantes, como por
exemplo, Benjamin Breeg nasceu dia 3 de setembro de 1939, que foi o dia em que a Inglaterra
declarou guerra à Alemanha nazista, e o ano de lançamento do filme “The Man of the Iron Mask”
(O Homem da Máscara de Ferro), nome que inspirou o nome da banda
FOR THE GREATER GOOD OF GOD: tem a letra do cristão Harris questionando Deus sobre o
porquê de tanto sofrimento, o porquê da guerra, morte, fome e se Jesus teria livrado a Terra do mal
enquanto na cruz pagou pelos pecados.
LORD OF LIGHT: = “Lú”, “tinhoso” ou “Cão Sarnento Chupador de Manga”, etc. Parece que a
banda encontra na faixa o culpado pelas questões da música anterior: o ser humano. A letra
aponta o ser humano como aquele que vai atrás do mal, se entrega ao mal, tirando a face
vilanesca de Lúcifer, que se torna apenas um acolhedor das almas que se oferecem a ele.
Lúcifer, inclusive, tem grande similaridade com outra criatura da mitologia grega:
Prometheus. Ambos desafiaram os deuses levando conhecimento ou fogo aos humanos, e ambos
foram punidos pelos deuses.
THE LEGACY: conta a história de um soldado que foi para a guerra e está descascando toda sua
raiva em cima dos líderes: aqueles FDP‟s que arrumam uma guerra e mandam os outros lutarem,
enquanto os bonitões ficam lá, numa boa, ganhando grana, tomando champagne e tratando
soldados como se fossem números, não gente.
A grosso modo, pode-se dizer que este disco do MAIDEN dá continuidade aquilo que a
banda vem fazendo desde “Brave New World”, quando Bruce Dickinson retomou ao posto de
vocalista. Ou seja, músicas muitas vezes longas demais, ritmos cadenciados e uma fórmula que já
está mais do que manjada. Aquela velha estrutura de começar de forma calma, muitas vezes com
um batido riff de baixo, e depois ir numa crescente até se tornar uma música de Heavy Metal
propriamente dita.
Porém, resumir “The Final Frontier” somente a isso seria injusto. Independente da aparente
falta de criatividade da banda nos últimos anos, o novo disco possui alguns lampejos de inovação
e, algumas vezes, mesmo nas fórmulas batidas, consegue demonstrar talento e empolgar. Já em
outras não tem o mesmo êxito.
Logo na primeira faixa “Satellite 15... The Final Frontier”, podemos perceber algumas
nuances de rock progressivo na parte inicial, com um instrumental diferenciado e um vocal que
também foge, e muito, do costumeiro. Depois dos quatro minutos (ela tem mais de oito), ela
desemboca num hard/heavy vigoroso, terreno conhecido do grupo, que se não é novidade, é muito
bem feito e garante lugar de destaque no disco.
A música seguinte, “El Dorado”, é pesada na medida certa. Possui um baixo potente e boas
linhas vocais. Se os últimos discos da banda tivessem mais músicas desse naipe, mais
metalizadas e menos pomposas, obteriam resultados melhores. Outro caso que comprova essa
tese é a faixa “The Alchemist”. A canção mais curta do disco tem boa velocidade e vai direto ao
ponto, sendo certeira em soar como um autêntico Heavy Metal.
Aqui acabamos a seção de músicas com menos de sete minutos de duração. Das 10 faixas,
seis passam dos oito minutos. O que, você deve concordar, é um exagero. Ainda mais se
lembrarmos que em grandes clássicos da banda, como “The Number of the Beast” (1982), “Piece
of Mind” (1983) e “Powerslave” (1984), a média de duração não passa de cinco minutos.
Daí pra frente é aquela receita: começo lento, vocal baixo, que depois ganha corpo e peso,
começa a reinar nas composições. Mas, independente do script ser o mesmo, é necessário notar
que cada música se diferencia da outra. Afinal, cada uma tem seus riffs, solos, linha vocal, melodia
e letra.
Por exemplo, “Isle of Avalon”, é bastante interessante e conta com um instrumental que
alterna, durante toda a canção, entre cadência, alguma velocidade e peso. Já “Starblind” tinha tudo
para ser uma grande música, mas pecou por ser uma música grande. Ela tem uma levada pesada
e linha vocal bem trabalhada, porém se torna cansativa e repetitiva. Típico caso em que alguns
minutos a menos só faria bem. “The Talisman” alterna bons e maus momentos, assim como “The
Man Who Would Be King”, que possui partes mais inspiradas e criativas e outras descartáveis. Se
ambas fossem mais compactas poderiam alcançar um resultado final melhor.
Fechando o álbum, “When the Wild Wind Blows” é uma das faixas que mais agrada. Seu
tom quase épico é muito interessante, assim como as linhas vocais e variações rítmicas bem
encaixadas.
“The Final Frontier” é um bom álbum, no final das contas. Lógico que alguns ajustes
poderiam ser feitos. Algumas músicas poderiam ser mais curtas, assim como poderiam existir
canções mais velozes. Mas, pelo jeito, a banda gosta mesmo é de utilizar a supracitada fórmula.
De qualquer forma, se o disco não faz frente aos grandes clássicos dos anos 80, também passa
longe de fazer feio na discografia da banda. [1]
I think my life, reliving my past Estou levando minha vida, revivendo o passado
There's nothing Não há nada a fazer
but wait til' my time comes a não ser esperar até minha hora chegar
I've had a good life, I'd do it again Eu tive uma vida boa, eu faria tudo de novo
Maybe I'll come back some time afresh Talvez eu volte algum dia, meus amigos
For I have lived my life to the full Porque eu vivi minha vida ao máximo
I have no regrets eu não tenho arrependimentos
But I wish I could talk to my family Mas eu gostaria de poder falar com minha família
to tell them one last goodbye para lhes dizer um último adeus
The final frontier, the final frontier!! A fronteira final, a fronteira final!
The final frontier, the final frontier!! A fronteira final, a fronteira final!
If I could survive to live one more time Se eu pudesse sobreviver, pra viver mais uma vez,
I wouldn't be changing a thing at all eu não mudaria nenhuma das coisa
Done more in my life Faço mais em minha vida
than some do in ten do que alguns fazem em dez
I'd go back and do it all over again se eu voltasse eu faria tudo novamente
For I have lived my life to the full Porque eu vivi minha vida ao máximo
I have no regrets eu não tenho arrependimentos
But I wish I could talk Mas eu gostaria de poder falar
to my family and tell them that one last goodbye com minha família para lhes dizer um último adeus
The final frontier, the final frontier!! A fronteira final, a fronteira final!
The final frontier, the final frontier!! A fronteira final, a fronteira final!
For I have lived my life to the full Mas eu preenchi a minha vida ao máximo
I have no regrets eu não tenho arrependimentos
But I wish I could talk to my family Mas eu gostaria de poder falar com minha família
to tell them that one last goodbye para lhes dizer um último adeus
The final frontier, the final frontier! A fronteira final, a fronteira final!
Gotta to tell you a story Tenho que lhe contar uma história
On a cold winter's night Numa noite fria de inverno
You'll be sailing for glory Você vai velejar rumo à glória
Before you know what is right Antes de saber o que é certo
So come over here now Então venha aqui agora
I got a vision for you Eu tenho uma visão para você
It's my personal snake oil Esse é o meu embuste
It's just something I do É apenas algo que eu faço
I'm the jester with no tears Eu sou o bobo da corte sem lágrimas
And I'm playing on your fears E eu estou brincando com seus medos
And it's too good to miss E é boa demais para ser desperdiçada
If I didn't lie to you Se eu não mentisse para você
Then I wouldn't exist Então, eu nem existiria
Greed lust and envy pride Ganância, luxúria, orgulho e inveja
I always thought I was doing right Eu sempre achei estar fazendo o certo
As of now I'm not feeling so sure A partir de agora não tenho mais tanta certeza
Some say you are a lost cause Alguns dizem que você é uma causa perdida
Some say you're a saint Alguns dizem que você é uma santa
Just being here's an act Só de estar aqui é um ato
Of suffering and restraint De sofrimento e retenção
Walk down the long dark road Desça a estrada longa e escura
To ruin and panic not À ruína e sem medo
I'll die a lonely death Eu morrei de morte solitária
Of that I'm certain of Disso tenho certeza
You say you are a holy man Você diz ser um homem santo
But what is it you do Mas o que é que você faz?
From where I stand is nothing De onde estou vejo apenas
But a hollow man I see Um homem vazio
I'm just a lonely soldier fighting Eu sou apenas um soldado solitário lutando
In a bloody hopeless war Em uma guerra sangrenta e inútil
Don't know what I'm fighting Não sei o que estou combatendo
Who it is or what I'm fighting for Contra quem ou pelo que estou lutando
Over borders that divide the earthbound tribes Acima dos limites que dividem as tribos terrenas
No creed and no religion Sem crença nem religião
just a hundred winged souls apenas centenas de almas voando
We will ride this thunderbird Vamos flutuar nesta maquina,
silver shadows on the earth sombras prateadas sobre a terra
A thousand leagues away Mil léguas de distância
our land of birth o planeta em que nascemos
Over borders that divide the earthbound tribes Acima dos limites que dividem as tribos terrenas
Through the dark atlantic Através do Atlântico escuro
over mounting stormy waves sobre crescentes ondas de tempestades
We will ride this thunderbird Vamos flutuar nesta maquina
silver shadows on the earth sombras prateadas sobre a terra
A thousand leagues away Mil léguas de distância
our land of birth o planeta em que nascemos
Even as I looked into the glass Mesmo quando eu olhei para o vidro
then I was blinded então eu estava cego
Burning by the Mortlake shore my house Queimando pela costa Mortlake, minha casa
my books inside it meus livros dentro dela
You have taken up my wife and lain beside her Você tomou a minha esposa e deitou ao lado dela
Now the black rain on my house Agora, a chuva preta na minha casa
the timbers burning as madeiras queimando
I can hear them floating on the wind Eu posso ouvi-los flutuando no vento
Immortal souls their weeping saddens me Suas almas imortais chorando me entristece
Mother earth you know your time is near Mãe terra você sabe que seu tempo está próximo
Awaken lust the seed is sown and reaped Despertar cobiça a semente é semeada e colhida
Through the western isle I hear the dead awaken Através da ilha ocidental ouço o acordar dos mortos
Rising slowly to the court of Avalon Subindo lentamente pelas cortinas de Avalon
The cauldron of the head of Annwyn laced with envy O caldeirão da cabeça Annwyn atado com inveja
Dark around its edge Escuridão em torno de sua borda
with pearl and destiny com pérola e destino
All my days I've waited for the sign Todos os meus dias eu espero o sinal
The one that brings me closer to isle of Avalon Aquele que me trará mais perto da Ilha de Avalon
I can feel the power flowing through my veins Eu posso sentir o poder fluindo pelas minhas veias
My heart is beating louder Meu coração está batendo mais forte
close to Avalon perto de Avalon
I can hear you, can you hear me? Eu posso ouvir você, você pode me ouvir?
I can feel you, can't you feel me? Eu posso sentir você, você não pode me sentir?
Fertility Mother Goddess Fertilidade da Deusa Mãe
Celebration, sow the seeds of the born Comemoração, plantar as sementes dos nascidos
The fruit of her body laden O fruto do seu corpo carregado
Through the corn doll Através da boneca de milho
You will pray for them all Você vai rezar para todos eles
I hear her crying the tears of an angel Eu escuto ela chorando lágrimas de um anjo
The voices I hear in my head As vozes que ouço na minha cabeça
Blessed the fruits are the corn of the earth Abençoados os frutos são o milho da terra
Mother earth holy blood of the dead Mãe da terra, santo sangue dos mortos
Mother earth I can hear you Mãe terra, eu posso ouvir você
Sacrifice, now united Sacrifício, agora unidos
Rising levels of the tidal lakes protect them Aumento dos níveis de maré lagos protegê-los
Keepers of the goddess in the underworld Guardiões da Deusa no submundo
Holding powers of the mystics, deep inside them Fixação de poderes místicos, profundamente
nineteen maidens, guardians of the otherworld Dezenove donzelas, guardiões do outro mundo
Mortal conflict born of Celtic legend Conflito mortal nasceu da lenda celta
That apart from seven, non-returned from Avalon Que, além de sete anos, não voltou de Avalon
Mother earth I can feel you Mãe terra, eu posso sentir você
My rebirth now completed Meu renascimento já completo
I hear her crying the tears of an Angel Eu escuto ela chorando lágrimas de um Anjo
The voices I hear in my head As vozes que ouço na minha cabeça
Blessed the fruits are the corn of the earth Abençoados os frutos são o milho da terra
Mother earth holy blood of the dead Mãe terra, santo sangue dos mortos
The water in rivers and rhymes rises quickly As águas dos rios e riachos sobem rápido
Are flowing and flooding the land Estão fluindo e inundando a terra
The sea shall return once again O mar deverá voltar mais uma vez
just to hide them apenas para escondê-los
Lost souls on the Isle of the dead Almas perdidas na ilha dos mortos
Take my eyes the things I've seen Tomam meus olhos as coisas que eu tenho visto
In this world coming to an end Nesse mundo chegando ao fim
My reflection fades, I'm weary Meu reflexo desaparece, estou cansado
Of these earthly bones and skin Desses ossos e pele terrena
We can shed our skins and swim Nós podemos derramar nossa pele e nadar
Into the darkened void beyond No vazio escurecido além
We will dance among the world Nós dançaremos entre o mundo
That orbit stars that aren't our sun Que as estrelas orbitam não são nosso Sol
All the oxygen that trapped us in Todo o oxigênio que nos prendeu em
A carbon spider's web Uma teia de aranha de carbono
Solar winds are whispering you Ventos solares sussurram, você
May hear the sirens of the dead Pode ouvir as sirenas dos mortos
Let the elders to their parley Deixe os anciões fazerem a negociação
Meant to satisfy our lust Designada para satisfazer nossa luxúria
Leaving damacles still hanging Deixando Damocles pairando sobre
Over all their promised trust Toda a sua confiança prometida
Take my eyes for what I've seen Tome os meus olhos para o que eu tenho visto
I will give my sight to you Eu darei minha visão para você
You are free to choose whatever Você é livre para escolher o que quer que seja
Life to live or life to lose Vida para viver ou vida a perder
Whatever god you know Seja qual for o Deus que você conhece
He knows you better than you Ele te conhece melhor do que você
Believe Acredite
In your once and future grave Na sua única e futura cova
You'll fall endlessly deceived Você cairá incessantemente enganado
Look into our face reflected in the Procure em nosso rosto refletido
Moonglow in your eyes No brilho da lua em seus olhos
Remember you can choose Lembre-se, você pode optar
To look but not to see and Por olhar mas não ver e
Waste your hours Desperdiçar suas horas
You believe you have the time Você acredita que tem o tempo
But I tell you your time is short Mas eu lhe digo que o seu tempo é curto
See your past and future all the Consulte o seu passado e futuro, tudo a
Same and it cannot be bought Mesma coisa e isso não pode ser negociado
Take my eyes for what I've seen Tome os meus olhos para o que eu tenho visto
I will give my sight to you Eu darei minha visão para você
You are free to choose whatever Você é livre para escolher o que quer que seja
Life to live or life to lose Vida para viver ou vida a perder
Whatever god you know Seja qual for o Deus que você conhece
He knows you better than you Ele te conhece melhor do que você
Believe Acredite
In your once and future grave Na sua única e futura cova
You'll fall endlessly deceived Você cairá incessantemente enganado
Fleeing our nation, our problems Fugindo de nossa nação, de nossos problemas
We leave behind Deixamos para trás
Ships by the tenfold sail Navios de dez velas
Out on the tide Fora da maré
We are pleased to be out and Estamos contentes de estar fora
Embracing the open sea Abraçando o mar aberto
Free from our troubles Livre de nossos problemas
And more free from thee E mais livre de ti
We run from the evil tongues, rash Nós corremos das más línguas
Judgements, selfish men Julgamentos apressados, homens egoístas
Never to be seen on these Nunca mais serão vistos nessas
Shores again Margens de novo
Riding the waves and the storm Cavalgando nas ondas e a tempestade
Is upon us Está sobre nós
The winds lash the sails but Os ventos açoitam as velas, mas
The ropes keep them tight As cordas as mantêm presa
Off in the distance a dark cloud Fora na distância uma nuvem escura está se
Approaching Aproximando
Holding on for our dear lives Conservação para nossa querida vida
And we're praying once again E nós estamos orando mais uma vez
Rotten luck or just jonahed? Má sorte ou apenas muito bêbado
The talisman is in my hand O talismã está em minha mão
Limbs fatigues, trembling with cold Fadigas nos membros tremendo de frio
Blinded from the sea spray salt Cegos da maresia
Clasping anything we can hold Juntando tudo o que pode segurar
Heaven's rain upon us falls Chuva do céu cai sobre nós
Maybe one day they'll forgive him what he's done, Talvez um dia eles vão perdoar-lhe pelo o que fez
But now the pain Mas agora a dor
of lying too early in the grave, de mentir foi muito cedo à sepultura
He tries to make his peace with God, Ele tenta fazer as pazes com Deus
All is forgivable but he's left a little late, Tudo é perdoável, mas ele deixou um pouco tarde
Trying something that he's not, Tentando algo que ele não é
Is impossible to change such a lot, É impossível mudar de tal maneira
In reflecting on decisions that were made, Ao refletir sobre as decisões que foram feitas
On the judgements that will haunt him 'till his grave, No julgamento que irá assombrá-lo até seu túmulo
No one has the right to take another life, Ninguém tem o direito de tirar outra vida
But in his mind he had no choice Mas em sua mente, ele não teve outra escolha
so be it, então que assim seja
They said there's nothing can be done Eles disseram que não há nada a ser feito
about the situation sobre a situação
They said there's nothing Eles disseram que não há nada
you can do at all que você possa fazer
To sit and wait around for something to occur Para sentar e esperar que algo aconteça
Did you know, did you know? Você sabia, você sabia?
He carries everything into the shelter, not a fuss Ele leva tudo para o abrigo, sem agitação
Getting ready when the moment comes Preparando-se para quando o momento chegar
He has enough supplies Ele tem suprimentos suficientes
to last them for a year or two para durar por um ano ou dois
Good to have because you never know É bom ter, porque nunca se sabe
He sees the picture on the wall, it's falling down Ele vê o retrato na parede, está caindo
Upside down De cabeça para baixo
He sees a teardrop Ele vê uma lágrima de sua esposa
from his wife roll down her face, descer no seu rosto,
Saying "grace" Dizendo graça
Remember times they had Lembra de momentos que eles passaram
they flash right through his mind eles lampejam pela sua mente
Left behind Deixados para trás
And a lifetime spent together long ago E a vida que passaram juntos há muito tempo
Will be gone Desaparecerá
They make a tea and sit there waiting Eles fazem um chá e sentam-se ali à espera
They're in the shelter feeling snug Eles estão no abrigo sentindo-se apertados
Not long to wait for absolution Não muito tempo para esperar a absolvição
Don't make a fuss. just sit and wait Não se agite, basta sentar e esperar
Can't believe all the lying, Não posso acreditar em todas as mentiras,
All the screens are denying Todos os gritos estão negando
That the moments of truth have begun Que os momentos da verdade começaram
Say a prayer when it's all over Faça uma oração quando tudo isso acabar
Survivors unite all as one Sobreviventes unidos como um só
Got to try and help each other Têm que tentar ajudar uns aos outros
Got the will to overcome Ter a vontade de superar
I can't believe all the lying, Não posso acreditar em todas as mentiras,
All the screens are denying Todos os gritos estão negando
That the moments of truth have begun Que os momentos da verdade começaram
Ronald James Padavona, Dio, morre aos 67 anos, após enfrentar um câncer no estômago.
Durante a The Final Frontier Tour, Bruce dedicou a música Blood Brothers para Dio algumas
vezes.
SATELLITE 15... THE FINAL FRONTIER: o som começa com o astronauta narrando seu
desespero por estar fora da rota espacial e tentando algum contato com o comando para se salvar.
É uma intro longa, e bem que os caras podiam ter fatiado o som, mas... Na segunda parte, The
Final Frontier, o astronauta se lamenta de estar perdido, sem ter chance de escapar. Enquanto se
aproxima de virar churrasquinho queimado no sol, ele reflete sobre sua vida.
Leva a pensar que a banda iria encerrar suas atividades, pois a letra toda tem tom de
despedida, com frases como:
EL DORADO: é sobre um vigarista que tenta iludir alguém a buscar a lenda de El Dorado.
Em 1534, enquanto Cuzco caia nas mãos de Francisco Pizarro, Sebastian de Belalcázar
conquistava Quito. Durante sua expedição, Sebastian teria conhecido um índio e prisioneiro em
Lacatunga, que teria lhe contado sobre seu rei, vivendo numa terra chamada Cundinamarca. Esta
terra tinha tanto ouro, que o rei costumava cobrir o corpo com pó de ouro como oferenda aos
deuses, no meio do Lago Guatavita (Colômbia). Nascia ali a lenda de El Dorado (pelo menos é a
versão mais difundida dela). A história foi se espalhando e tinha quem contava que a cidade toda
era feita de ouro, tendo muitas expedições sido feitas para encontrá-la.
Como vocês podem imaginar, ninguém encontrou a tal cidade nem o índio de ouro.
MOTHER OF MERCY: outro som que fala sobre o sentimento de um soldado em uma guerra.
COMING HOME: é Bruce descrevendo a sensação de voltar para sua casa enquanto pilota.
Lembrando que além de pilotar o avião Ed Force One e levar o Iron Maiden pelo mundo, Bruce
também fazia voos comerciais. Na letra, quando Bruce diz "to Albion's land", ele se refere ao antigo
nome da ilha da Grã-Bretanha, na época celta.
THE ALCHEMIST: aqui é tratado o tema da alquimia, que originou diversas ciências (química,
antropologia, astrologia e metalurgia) como as conhecemos hoje.
Em 1587, Kelley disse a Dee que os anjos haviam “revelado” que eles deviam compartilhar
tudo que tinham, inclusive as esposas (espertinho esse cara!). John Dee ficou em conflito e acabou
por romper com Kelley, como citado no verso "I curse you Edward Kelley your betrayal for eternety
is damned" (Eu o amaldiçoo, Edward Kelley, sua traição o condena pela eternidade) e mais à frente
"You have taken up my wife and lain beside her" (Você tomou minha esposa e deitou-se ao lado
dela). Especula-se que esta foi a forma, encontrada por Kelley, para se separar de John Dee e
continuar sua pesquisa alquímica, afastando-se da busca espiritual.
A letra cita diversas características atribuídas aos alquimistas da Idade Média, como
conhecer e controlar as forças da natureza, e artefatos de John Dee, como as bolas de cristal e um
espelho asteca. John Dee possuiu uma biblioteca em sua casa, em Mortlake, que chegou a ser a
maior da Inglaterra ("I was the keeper of the books"). Ao voltar para lá, depois de morar na Polônia
e na Boêmia (hoje parte da República Tcheca), ele a encontrou destruída e com muitos livros
roubados. A música fala como se Edward Kelley tivesse sido reponsável pelo ato.
Ambos dedicaram o resto de suas vidas à busca pelo desconhecido, através de contatos
místicos e artefatos mágicos. Edward Kelley morreu em 1597 e John Dee em 1608 (embora esta
data não seja comprovada). E a pedra filosofal, foi descoberta, afinal? Não sei, mas a tal
“revelação” angelical pra ficar com a mulher do vizinho já é uma pérola!...
ISLE OF AVALON: outro local lendário. Nesta ilha teria sido forjada a espada Excalibur, que
pertencia ao Rei Arthur. A primeira citação desta lenda vem da obra do clérigo Geoffrey of
Monmouth, Historia Regum Britanniae ("A História dos Reis da Bretanha") de 1136.
Esta obra traça a genealogia dos reis ingleses desde 1100 AC, e claro, o rapaz tinha muita
imaginação - não existem evidências históricas sobre Arthur. Mas graças a ela, toda uma literatura
foi criada ao redor das lendas do Rei Arthur!
STARBLIND: uma música bem complexa, cheia de metáforas. Mas de forma geral, Bruce quer que
vejamos através de seus olhos e possamos refletir sobre a vida.
Aqui ele fala dos velhos que pedem que confiemos em suas palavras de salvação. Ele cita
Dâmocles para dizer que estas promessas podem se mostrar vazias a qualquer momento.
Dâmocles é personagem da anedota moral "A espada de Dâmocles". Dâmocles dizia que
Dionísio era um homem afortunado por possuir tanto poder e autoridade. Dionísio ofereceu-se para
trocar de lugar com Dâmocles por um dia, entretanto, pediu que uma espada fosse pendurada
sobre o pescoço de Dâmocles e presa por um fio de rabo de cavalo. Dâmocles, óbvio, declinou da
oferta. Com isso, Dionísio queria demonstrar que mesmo tanto poder pode lhe ser tomado de
repente.
Ou seja, o cara vive em seu mundinho como um ignorante e miserável, enquanto tenta
convencer outros do que é a liberdade!
THE TALISMAN: sobre um povo que está fugindo de seu país, para nunca mais voltar, em dez
navios, rumo a uma terra cheia de fortunas e sonhos. Uma tempestade os atinge no caminho,
quatro destes somem, e depois vem outra tempestade. O talismã, que não sabemos o que é (uma
cruz?) está nas mãos do narrador.
Passaram vinte dias sem comer e dez sem água potável. Alguns morreram na tempestade e
outros foram mortos por terem escorbuto - que é uma doença causada por falta de vitamina C,
muito comum entre os marinheiros que passavam muito tempo em alto mar.
Talvez o som fale sobre o peregrinos que vieram fugidos da Europa para a América, mas
isso não fica claro, até porque os detalhes da letra não batem com a descrição histórica.
THE MAN WHO WOULD BE KING: é sobre alguém que queria ser rei... Não deve ser o Roberto
Carlos nem Pelé!...
WHEN THE WILD WIND BLOWS: é inspirado no filme “When the Wind Blows” (1986), dirigido por
Jimmy Murakami. O filme por sua vez, é adaptado do graphic novel de mesmo nome, feito por
Raymond Briggs (1982).
O pavor vai tomando conta dos personagens da estória. Como ultimamente as coisas vem
acontecendo mesmo: cada vez mais, temos mais e mais notícias, via TV, internet, Twitter… é algo
exponencialmente incontrolável… basta sair uma notícia em algum canal que se inicia um fluxo
sem fim em todos os meios de comunicação.
E o pior de tudo: com a ganância de ter um conteúdo novo, mais exclusivo ou personalizado,
as vezes, a notícia começa a ficar distorcida, maior do que é realmente, ou ganhando um tom mais
drástico do que realmente seria. Então, neste clima de dúvida e pavor, os personagens começam a
se preparar para o pior, sem nem saber exatamente o que, nem por quanto tempo, eles sofrerão
com a anunciada catástrofe. Claramente, a letra anuncia que não devemos confiar em tudo que
lemos, em tudo que eles (os canais de comunicação) QUEREM que acreditemos…
Começa a acontecer. O quadro da parede cai, a esposa chora e reza. As memórias da vida
começam a vir à tona, as coisas boas, enquando eles esperam pelo pior acontecer. Agora, tudo
ficou para trás. E chegamos ao final do épico som, quando eles são encontrados, abraçados.
Mas será que eles realmente perderam a vida através da catástrofe tão amplamente
anunciada / divulgada? Ou foram “envenenados” pela pressão exterior?
Disco 2
1. Death Or Glory Smith/ Dickinson 5:13
2. Shadows Of The Valley Gers/ Harris 7:32
3. Tears Of A Clown Smith/ Harris 4:59
4. The Man Of Sorrows Murray/ Harris 6:28
5. Empire Of The Clouds Dickinson 18:01
"The Book Of Souls" chegou em meio a uma tempestade dramática adicional, a revelação
genuinamente chocante que Bruce Dickinson sofrera um câncer contra o qual lutara e vencera
heroicamente, enquanto era produzido o 16o. trabalho da banda, que não precisaria deste impulso
adicional.
Finalizado antes de Bruce receber o temido diagnóstico, "The Book Of Souls" traz a
sonoridade de uma banda em pleno auge, tanto individual quanto coletivamente, e a performance
de Dickinson não deixa nenhuma pista do seu problema de saúde. Alguns poderiam, de má-fé,
insinuar que este seria o momento ideal para uma declaração derradeira, mas é difícil imaginar
outra banda desta safra sendo capaz de soar tão vital e inspirada.
Tudo começa com a primeira das duas canções compostas unicamente por Dickinson. "If
Eternity Should Fail" se inicia com uma estranha, quase psicodélica introdução, onde uma sirene
de ataque aéreo com tonalidades flutuando num espaço cintilante, até que surgem os primeiros
dos inúmeros riffs poderosos da canção. Sombria nas tonalidades e texturas e um tanto quanto
mais pesada que o usual do Maiden, são velozes oito minutos e meio que passam rapidamente
como se fosse apenas metade deste tempo, com coros e mudanças de tempo adicionando um
tempero extra.
Os álbuns mais recentes do Maiden tem se caracterizados pela natureza épica e progressiva
de seu conteúdo, e embora "The Book Of Souls" certamente demonstre esta face em inúmeras
ocasiões, também é um disco que traz vários flashes de concisão. "Speed Of Light", "Death Or
Glory" e "Tears Of A Clown" atingem seu clímax em torno de cinco minutos e as três são potenciais
hinos do Maiden, onde a presença de Adrian Smith se faz notar intensamente, trazendo de volta o
que ficou perdido durante a década em que ficou ausente. Entretanto, tanto "The Great Unknown" e
"When The River Runs Deep" demonstram a química intuitiva que existe entre Smith e Steve
Harris, os esforços colaborativos de ambos criam mini-sinfonias para Dickinson soltar seu
conhecido vibrato.
No entanto, "The Book Of Souls" será mais celebrado pelos seus épicos, e se você pensou
que o Iron Maiden tinha esgotado todo seu arsenal no passado, você vai ter que apertar seu cinto
de segurança e fazer sua prece para Eddie. "The Red And The The Black" é a única composição
apenas de Harris, porém é a mais emocionante e fluída que ele já escreveu. Cerca de 14 minutos
de ritmos e riffs entrelaçados, com uma pitada de "Flight Of Icarus" aqui, algo de Thin Lizzy ali e
backing vocals que devem fazer esta canção se tornar uma das favoritas quando o Maiden levar o
"Livro das Almas" para a estrada.
O mesmo se aplica para a faixa-título, uma aventura absurdamente grandiosa e teatral
abrangendo mais sacadas inteligentes em seus dez minutos e meio do que qualquer banda
gostaria de ter em toda sua carreira. Se Dickinson poderia vir a cantar menos por ser um homem
prestes a descobrir um tumor na garganta... bem, desnecessário dizer que sua recuperação tenha
sido talvez a coisa mais surpreendente acontecida na história recente do Maiden. A interação entre
os "três amigos" (Harris, Dickinson e Smith) atinge um pico similar na estrondosa "Shadows Of The
Valley" e, a melhor de todas, a sombria e inquietante parceria de Harris e Dave Murray em "The
Man Of Sorrows", onde a poderosa produção de Kevin Shirley, sem nenhum arroubo pretensioso,
reluz sobre a interação orgânica e sublime entre os seis músicos.
Tão longo, tão brilhante. E mesmo o maior e mais otimista fã do Iron Maiden ficará de queixo
caído pela derradeira canção do "The Book Of Souls". A canção mais longa que a banda já gravou,
"Empire Of The Clouds", é essencialmente uma ópera heavy metal com 18 minutos, repleta de
trechos com Bruce Dickinson ao piano e instrumentais orquestrados que agregam de forma
grandiosa uma atmosfera cinematográfica. A faixa relata detalhadamente mas de maneira poética
a história do desastre ocorrido com o dirigível R101 em 1930, sendo uma obra impressionante e
claramente um trabalho feito com muito amor por seu autor, Bruce Dickinson. E chegando ao final
de um disco tão consistente e notável de heavy metal idiossincrático, fica uma questão no ar: há
algo que o Iron Maiden não possa fazer? "The Book Of Souls" sugere que não.
Considerando que este disco não soa em nada como o trabalho de uma banda que está
próxima do fim, o futuro pode trazer maravilhas ainda maiores. A banda ficou tecnicamente
melhor... e produções mais rebuscadas são o caminho natural.
O resto da banda continua sendo o que se espera. Não poderia ser diferente. O baixo de
Steve Harris está lá reconhecível no primeiro "ploc". As guitarras de Adrian e Murray estão lá tão
perfeitas quanto sempre. A guitarra de Janick está lá tão impecavelmente imperfeita como sempre.
Nicko continua tocando bateria como quem chupa laranja, com muito carinho.
"The Book Of Souls" é o mesmo bom Iron Maiden dos últimos anos. Se algo mudou foi irem
adiante do que fizeram nos últimos álbuns. Era de se esperar. Sem surpresas. O álbum é apenas
um superlativo do que fizeram nos últimos álbuns.
Não há unanimidade, claro. A banda está mais madura para o bem e para o mal. Tocam
melhor a cada dia. Produzem trabalho mais elaborado a cada dia. O "mais elaborado" vai soar
como "mais burocrático" para alguns. O álbum soa mais longo do que o necessário. Muito mais
longo do que o necessário. Tem muitas introduções. Tem muitos teclados. O Iron Maiden hoje soa
superlativo para o bem e para o mal.
É louvável ver a banda acrescentando pianos e orquestra ao seu som. Em meio a tantas
mudanças de andamento, continua impossível não encontrar o Maiden de sempre, claro, e terminar
gostando de muitos trechos.
A primeira audição de um álbum do Iron Maiden é sempre emocionante. Principalmente
depois de cinco anos sem um lançamento de estúdio!
If Eternity Should Fail: muitos ecos! Sons dignos dos clássicos progressivos. Tambores
tribais, uma leve pegada oitentista e um refrão melodioso e marcante, são alguns dos destaques
dessa faixa de abertura do disco. O timbre dos instrumentos, algo bem “verdadeiro”, marca
presença em toda a faixa. Uma narração com vozes distorcidas e acompanhadas por um violão
suave encerram a canção.
Speed of Light: começa com um indefectível Cowbell e o vocal rasgado de Bruce, remetendo
o fã mais antigo às épocas de “No Prayer for the Diyng” e “Fear of the Dark”. Música bem direta e
empolgante. O riff bem posicionado e constante, se mantém mesmo com o vocal rolando e dá um
diferencial à faixa. Os solos são diretos e bem construídos.
The Great Unknown: uma introdução com muitas cordas e um vocal imponente. Se Bruce
revela-se em plena forma nas duas primeiras faixas, nessa sua voz surpreende até o fã mais
otimista. Vocal agudo e marcante, afinação precisa e timbre perfeito. O primeiro solo entra em um
momento propício da canção, solo curto e bem posicionado, sonoridade inconfundível. Na
sequência, mais da performance de Bruce, riff‟s dobrados e os solos devastadores de Smith e
Murray. Segue uma pausa marcada apenas pelo Chimbal de McBrain. O entrosamento da banda é
realmente algo fantástico. Enfim, Iron Maiden sendo Iron Maiden.
The Red and the Black: introdução um tanto indefinível ao baixo, seguida de uma levada
bem tradicional conduzida por toda a banda. Metal puro! Um riff meio “Dance of Death” com o vocal
do Bruce acompanhando a melodia da guitarra. O trecho melódico se repete seguido de um
Ohooo!… Ohoooo!... Marcação precisa da guitarra base. Volta a sincronia entre vocal e guitarra.
Não me lembro de uma canção do Maiden onde isso tenha ocorrido com tanta intensidade. Segue-
se um riff com guitarras e teclados. Surpreendentemente Bruce volta e repete as melodias dos
instrumentos, com ligeiros semitons vocais. Solos impecáveis. No segundo e terceiro solos o
andamento muda. Novos e aprazíveis riff‟s. A sonoridade da banda está em um nível altíssimo.
Esse último solo, com bends e timbres perfeitos, com certeza é de Smith. Nova mudança no
andamento da canção, frases intermináveis de guitarra, riff‟s sem fim... A banda esbanja
criatividade e entrosamento. Encerra-se com o Ohooooo!... Ohoooooo!... E o baixo de Harris.
When the River Runs Deep: introdução pesada e bateria marcando somente as notas fortes.
Vocal agudíssimo, bem agressivo. Chimbal e guitarra sozinhos, seguidos da levada mais
característica da banda, protagonizada por Nico McBrain e Steve Harris. Uma mudança no
andamento e os repiques no prato de condução. Show! Solos bem definidos. Nico comanda o ritmo
de forma magistral. Grande som de batera!
The Book of Souls: a faixa título do álbum começa com um violão desferindo notas bem
longas, o que nos faz acreditar que a música seguira a tendência das introduções demoradas de
“The X Factor” e “Brave New World”. Nada disso, a banda explode com peso. Bruce cantando
muito! Esse é provavelmente o refrão mais bonito até agora. A interação precisa entre vocal e
harmonia chamam a atenção até mesmo do ouvinte mais leigo. Arranjos impecáveis! Aos 05:40, a
múcica indica uma pausa que remete ao encerramento da faixa ou uma seção daquelas
intermináveis melodias “baladescas”… nada disso de novo! A caixa da bateria ressurge bem nos
padrões de “Be Quick Or Be Dead” seguindo-se num universo que remete à “Back In The
Village”… Nesse momento o corpo todo arrepia! Composição Épica! Dez minutos que parecem
três. O violão volta, solene, para encerrar a canção.
Death or Glory: fazendo jus ao nome, apresenta-se a introdução mais pesada até agora.
Metal tradicionalíssimo e vocal bem coeso. A letra é exposta entre trechos que se alternam entre
agressivos e melódicos. A levada de bateria segue sua cadência constante, os rff‟s surgem, baixo
cavalgado, característico de Harris. Os solos cumprem seu papel sem muitas variações da
harmonia. O refrão retorna e a canção segue para seu encerramento. Essa faixa sim respeita
aquela linha bem definida do heavy metal. Uma ótima canção. Direta e precisa, mas sem grandes
surpresas.
Shadows of the Valley: essa faixa te leva, logo em seus primeiros compassos, ao universo
de “A Matter Of Life And Death”, em especial, à “These Colours Don't Run”. Uma canção que diz de
cara à que veio. Viradas “justas” de bateria, precisos ataques de guitarra, vocal bem moderado,
com apenas alguns trechos agudos. A cadência da banda muda durante o primeiro solo e retoma a
pegada no segundo, (solo sobre riff). E uma das características mais marcantes desse trabalho
reaparece após o instrumental, vocal e riff juntos, mais, Ohooooo! Um solo curto interrompe o coro,
retorna o vocal e a faixa se encaminha para o fim. Uma grande música, embora não se destaque
tanto quanto as demais.
The Man of Sorrows: essa sim poderia, logo pela introdução, ser taxada como “balada”. Uma
guitarra chorada encima da harmonia de cordas com drives bem leves. O vocal surge sob a mesma
atmosfera introspectiva. Um minuto e meio que remete ao título em seu sentido mais literal. Bateria
e baixo entram poderosos e a música segue outra direção, alterando sua cadência nos próximos
compassos. Aos 02:15 o vocal parece não se integrar tão bem à harmonia. Um acorde agudo e
contínuo de teclado surge sombrio, vozes sobrepostas criam um ambiente um tanto quanto
confuso. As guitarras se juntam no riff pré solo. Solos curtos e objetivos cumprem bem seu papel.
Destaque para a linha de baixo e as guitarras fantasmagóricas no encerramento da faixa. Com
certeza está é uma canção enigmática, com alternações um tanto conflitantes, difícil de sintetizar.
Empire of the Clouds: enfim, a maior canção já lançada pelo Iron Maiden, com 18 minutos de
duração e assinada exclusivamente por Bruce Dickinson. Sua introdução, ao piano, já seria
inovadora, mas o que dizer de um violoncelo? Isso mesmo! Um violoncelo em uma canção do Iron
Maiden. Com certeza sua presença se justifica em termos de ambientação e harmonia, perfeito ao
contexto da obra. Uma introdução com arranjos incríveis e sonoridade que compõem
brilhantemente a anunciação de um clássico. Uma atmosfera que remeteria facilmente o ouvinte à
uma obra medieval, ou, no mínimo, às trilhas sonoras dos grandes épicos do cinema.
O vocal surge juntamente aos rufos pausados da bateria. Destaque para as primeiras frases
de Bruce, não apenas cantando a canção, mas narrando uma história, interpretando
verdadeiramente o texto. O conjunto apresentado até aqui é realmente brilhante. Um crescimento
evidente em aspectos musicais e profissionais. Bateria e baixo ditam o ritmo cadenciado e pesado
em que a canção, aos poucos, se desenvolve e cresce. O primeiro riff de guitarras dobradas não
foge ao que já vinha sendo apresentado, conduzindo a banda à uma pausa, aí sim a coisa muda
de direção. A próxima sequência de riff‟s e a cadência dão uma sensação de liberdade e “vitória”.
Segue um longo trecho sem vocal eté que os primeiros solos surgem aos dez minutos.
Instrumental perfeitamente harmonioso. Bruce retoma a canção em um a taque agudo e agressivo.
O que dura pouco. Logo o instrumental assume as rédias da situação novamente. Durante um
grande período não se tem uma participação ativa do vocal. A canção segue para seu final. Essa é,
sem dúvida, uma obra sem precedentes.
Em entrevista exclusiva para a revista Kerrang, Steve Harris revelou que a crença na vida
após a morte na Civilização Maia foi a inspiração da faixa título do novo disco do Iron Maiden, The
Book Of Souls.
"A faixa (título) é baseada na civilização Maia. Eles acreditavam que as almas continuavam
vivendo após a morte. Eles acreditavam em muitas outras experiências fora do mundo dos vivos.
Há muito misticismo sobre a forma como eles viveram suas vidas e sobre os diferentes deuses em
que acreditavam. É muito fascinante.
Isso sempre me fascinou, de verdade. Acho que à medida que envelhecemos, você pensa
muito mais nesse tipo de coisas. Algo como o que aconteceu com Bruce ou quem quer que seja.
As pessoas próximas de você vão morrendo - e como estamos ficando mais velhos isso acontece
mais e mais. Eu sempre fui tocado pela mortalidade e coisas assim nas minhas letras, mesmo
quando eu tinha meus 20 e poucos anos. Houve sempre um fascínio com o que está lá fora,
realmente, e se as pessoas continuam vivendo depois." [1]
Time to speak with the shaman again Tempo para falar com o xamã novamente
Conjure the jester again Conjurar o bobo da corte novamente
Black dog in the ruins Cão preto nas ruínas
is howling my name está urrando meu nome
So here is the soul of a man Então aqui é a alma de um homem
Let‟s shoot the moon, you and me Vamos fotografar a lua, você e eu
I‟m not particular you see Eu não especial você vê
Just a lonesome galaxy Apenas uma galáxia solitária
I‟ll say a mass for you and wave Eu vou rezar por você e acenar
Shooting plasma from my grave Atirando plasma do meu túmulo
Event horizon lost in space Horizonte de eventos perdido no espaço
Running in a human race Correndo numa corrida humana
I don‟t know where I don‟t know when Eu não sei onde, eu não sei quando
But somehow back there time again Mas de algum modo volto no tempo de novo
I‟m the edge that you can‟t see Estou numa borda que você não pode ver
Never ending the desires of men Nunca terminando os desejos dos homens
It‟ll never be the same Isso nunca vai ser o mesmo
or calm again ou calmo novamente
In a time of changing hearts Em um tempo de corações mudados
And great unknown E grande desconhecido
It‟ll be the damnation Vai ser a condenação
and end of us all e o fim de todos nós
Where the fools are lying Onde os tolos estão mentindo
And the meek are crying e os mansos estão chorando
Where the wolves are preying Onde os lobos estão predando
On the weak alone No fraco sozinho
Where the sons are dying Onde os filhos estão morrendo
Hear their mothers crying Ouvir suas mães chorando
And the distant sound of fire E o som distante de fogo
begins again Começa de novo
Never ending the desires of men Nunca terminando os desejos dos homens
It‟ll never be the same Isso nunca vai ser o mesmo
or calm again ou calmo novamente
In a time of changing hearts Em um tempo de corações mudados
And great unknown E grande desconhecido
It‟ll be the damnation Vai ser a condenação
and end of us all e o fim de todos nós
Laughing sorrow inside your head Rindo triste dentro de sua cabeça
Can‟t get out Não pode sair
just a feeling of dread apenas um sentimento de pavor
I know this burden Eu sei que esta aflição
is a heavy load é uma carga pesada
A dark mistake Uma névoa escura
never ending road interminável estrada
The black jack king O rei valete preto
and the red queen clash e a rainha vermelho conflitam
The artful dodger O trapaceiro astuto
he counts his stash ele conta seu esconderijo
The joker‟s wild O coringa selvagem
like an impish child como uma criança travessa
While madame fortune Enquanto madame fortuna
she waits inside ela espera dentro
Look for something that is hard to find Procurar por algo que é difícil de encontrar
Searching somewhere Pesquisando em algum lugar
Deep inside your mind no fundo da sua mente
Hope you find just what Esperar que você encontre apenas o que
you‟re looking for você está procurando
Heaven‟s waiting O céu está esperando
with an open door com uma porta aberta
If you should sell your soul Se você deve vender sua alma
as cheaply as I did then tão barata como eu fiz então
The road to ruin is a O caminho para a ruína é um
long road to hide in longo caminho para se esconder
We signed our lives away Nós marcamos nossas vidas até o fim
to have an escape Para ter uma fuga
It‟s something that will be É algo que vai ser
whatever our fate seja qual for nosso destino
Make their lives be a mystery no more Fazer suas vidas ser um mistério não mais
Records kept and the passing of laws Registros mantidos e a aprovação de leis
Sacred gods to the book of lies Deuses sagrados para o livro de mentiras
When a civilization dies Quando uma civilização morre
Death or glory, it‟ss all the same Morte ou glória, tudo é a mesma coisa
Death or glory, the price of fame Morte ou glória, o preço da fama
Death or glory, I‟m in the game of Morte ou glória, eu estou no jogo de
Death or glory, a one way train Morte ou glória, um trem de sentido único
Death or glory, it‟s all the same Morte ou glória, tudo é a mesma coisa
Death or glory, the price of fame Morte ou glória, o preço da fama
Death or glory, I‟m in the game of Morte ou glória, eu estou no jogo de
Death or glory, a one way train Morte ou glória, um trem de sentido único
Death or glory, it‟s all the same Morte ou glória, tudo é a mesma coisa
Death or glory, the price of fame Morte ou glória, o preço da fama
Death or glory, I‟m in the game of Morte ou glória, eu estou no jogo de
Death or glory, a one way train Morte ou glória, um trem de sentido único
… ...
Listen closely to the raven‟s call Ouça com atenção ao chamado do corvo
Praying hard Orando difícil
for our world not to end para o nosso mundo não para acabar
Try as might Tente como puder
to make sense of it all para fazer sentido disso tudo
Will it be for Será que vai ser para
the penance of men a penitência de homens
But others are ready to spill Mas outros estão prontos para derramar
The hearts of all men Os corações de todos os homens
since beginning of time desde o início do tempo
Living with temptation Vivendo com a tentação
Wanting and crime Querendo e crime
A walk in the shadow Uma caminhada na sombra
of the valley of death do vale da morte
Knowing I‟ll take Sabendo que eu vou tomar
my last breath o meu último suspiro
The false smile maketh of the man O falso sorriso de mercado do homem
Glass empty or half full Copo vazio ou meio cheio
Try to make some sense Tentar fazer algum sentido
or sorrows drown Ou afogar as dores
All looks well on the outside Tudo parece bem do lado de fora,
Underneath the solemn truth debaixo da verdade solene
There's something that inside has died Há algo que dentro morreu
Maybe it's all just for the best Talvez seja tudo só para o melhor
Lay his weary head to rest reclinar sua cabeça cansada para descansar
Was forever feeling down sempre se sentindo afogado,
Tears of a clown lágrimas de um palhaço
Free the angry from their pain Livre a raiva de sua dor
Free the captives from the chains Libertar os cativos das cadeias
Cast aside the doubt that Ponha de lado a dúvida de que
Nothing good can come Nada de bom pode vir
their way again a caminho de novo
Living in a world of lies Vivendo em um mundo de mentiras
No matter how or hard we try Não importa como ou tentemos
Living life without a dream today Vivendo a vida sem um sonho hoje
She never flew at full speed, Ela nunca voou em plena velocidade,
a trial never done Uma provação nunca feita
Her fragile outer cover, A cobertura exterior frágil,
her Achilles would become seu Aquiles se tornaria
Now she slips into our past… Agora ela desliza em nosso passado...
Lights are passing below you Luzes estão passando abaixo de você
Northern france, Norte da França,
asleep in their beds dormindo em suas camas
Storm is raging Tempestade se enfurecendo
around you em torno de você
A million to one, Um milhão para um,
that‟s what he said é o que eles dizem
Segundo o Popol Vuh, livro sagrado dos maias, os deuses criaram primeiro os seres que
não possuíam consciência de si e, por isso, não poderiam adorá-los. O homem surgiu após dois
grandes dilúvios, que varreram as primeiras versões humanas feitas a partir de barro e madeira. Na
terceira e última tentativa, os deuses resolveram criar o homem a partir do milho, ofereceram a ele
a consciência de si e seu sangue foi obtido dos próprios deuses. Para merecerem a dádiva de sua
própria existência, os homens deveriam reverenciar os deuses.
A figura mais importante do panteão maia é Itzamná, deus criador, senhor do fogo e do
coração. Representa a morte e o renascimento da vida na natureza. Itzamná é vinculado ao deus
Sol, Kinich Ahau, e sua esposa, a deusa Lua, Ixchel, representada como uma velha mulher
demoníaca, responsável pelas chuvas e inundações. Haveria quatro Itzamnás, correspondentes às
quatro direções do Universo. Quatro gênios ou divindades, os Bacabs, por outro lado, aparecem
sustentando o céu, identificados com os quatro pontos cardeais, que por sua vez estão associados
a quatro cores simbólicas (leste,vermelho; norte, branco; oeste, preto; sul, amarelo), uma árvore (a
seiva sagrada) e uma ave.
O mundo terreno seria a base de outros 13 extratos celestiais que representariam uma
escada que conduziria os indivíduos à morada dos deuses. Os templos maias, inspirados nesta
escada para o céu, possuíam degraus que alcançavam um determinado topo. Durante os rituais
religiosos, a subida do sacerdote ao topo do templo representava a aproximação destes homens
com os deuses. Segundo a cosmogonia maia, o mundo era plano e dividia-se entre quatro regiões
de diferentes cores.
Os rituais religiosos eram de suma importância para os maias. Sem essas manifestações, os
deuses e o universo poderiam vir a desaparecer. Além de preservar a existência do mundo
espiritual, os rituais também deveriam apaziguar as divindades com o oferecimento de flores e
alimentos. Outro importante aspecto dos rituais religiosos dos maias envolvia o oferecimento de
sacrifício humano e animal. A principal importância do sacrifício era a oferenda do sangue, que
saciaria a fome dos deuses.
Nas cidades maias eram erguidos templos de adoração. Neles ocorriam grandes
celebrações públicas que marcavam diferentes épocas do calendário maia. O ano novo, por
exemplo, era celebrado por uma diversidade de ritos que faziam referência ao nascimento e à
fertilidade.
É importante citar os rituais funerários, que indicavam a crença maia na vida após a morte.
Os mortos eram preparados para uma espécie de viagem para outra existência. Nas sepulturas
eram colocados alimentos e utensílios pessoais que, segundo acreditavam, poderiam ser utilizados
pelo morto durante a sua viagem. Em alguns casos, escravos e mulheres eram juntamente
sacrificados para acompanhar o morto durante sua jornada.
O historiador britânico Simon Marti, em entrevista para a revista inglesa Metal Hammer, falou
sobre a civilização Maia e seu trabalho por trás do conceito do novo álbum do Iron Maiden, The
Book Of Souls.
Recrutado pelo Maiden para garantir que todos os aspectos da arte do novo álbum fossem
representados fielmente na antiga língua e cultura Maia, Simon Martin vem se dedicando, nos
últimos 30 anos, aos estudos sobre a história e o legado dos maias. O pesquisador foi o escolhido
pela banda para fazer o meticuloso trabalho de traduzir os títulos das músicas em autênticos
hieróglifos maias.
"Eu sou praticamente a única pessoa na Grã-Bretanha que faz isso, então eles não tiveram
muita escolha", confessa Simon para Metal Hammer. "E me reuni com os representantes do
Maiden e eles conversaram um pouco comigo sobre o conceito. Eles não queriam que fosse
qualquer bobagem, eles queriam que fosse real, então foi por isso que eles vieram até mim.” Este
não é um álbum conceitual, no sentido tradicional, pois "O Livro das Almas" não retorna com
frequência aos temas sugeridos pelo seu título e sustentados por sua deslumbrante arte.
Como Simon aponta, o título do álbum não possui uma origem específica na cultura maia,
mas a preocupação do Iron Maiden com o espírito humano e seu destino é certamente algo que os
antigos maias teriam reconhecido e apreciado. Simon fala mais sobre a crença dos Maias: "Eles
acreditavam que as pessoas faziam uma longa viagem por toda a superfície da Terra até um
submundo, onde eles então enfrentariam os deuses em uma batalha, antes que sua alma deixasse
a terra e fosse para o céu. Então, como um título, é bastante apropriado para a cultura maia, mas a
coisa toda é muito Iron Maiden também.” [1]
EMPIRE OF THE CLOUDS: “Bruce ficou trabalhando em „Empire Of The Clouds‟ por cerca de um
mês sozinho”, explicou o guitarrista da banda, ADRIAN SMITH ao site Total Guitar. “Todo dia nós
estávamos no estúdio gravando e ele estava na cabine do aquário tocando piano. Tipo Beethoven
com o ouvido perto do piano, talhando sua obra-prima. Eu acho que ele escreveu cada nota da
faixa.”
R101 foi um dirigível britânico, o segundo da série R100 fabricado pela Royal Airship Works.
Quando foi construído, era o maior dirigível em operação e só foi superado pelo LZ 129
Hindenburg, cinco anos depois. O primeiros testes com a aeronave foram realizados em 14 de
outubro de 1929.
Depois de alguns voos de ensaio e modificações para aumentar a sua capacidade de
ascensão, que incluiu o alongamento da aeronave em 14m, partiu para sua viagem inaugural com
destino a Karachi na Índia. O R101 caiu no dia 5 de outubro de 1930, em solo francês, matando 48
das 54 pessoas a bordo.
4
Biografias
NO INÍCIO, APENAS UM GAROTO E SEU BAIXO
Nossa história começa no início dos anos 70, na Inglaterra, quando um garoto de quinze
anos, chamado Steve Harris, desistiu de uma promissora carreira como jogador de futebol pelo
West Ham United. Também não andava muito interessado na Leyton Country High Schooll, onde
estudava na sua nativa Leytonstone. Pouco depois de pendurar as chuteiras, Harris, como muitos e
muitos outros garotos de sua idade, acabou caindo de amores pelo rock. Logo estava curtindo os
sons das maiores bandas da época como Yes, Black Sabbath, Deep Purple, Jethro Tull, e duas de
suas maiores influências: o Wishbone Ash (primeira banda a ter dois guitarristas solo) e o UFO,
onde as acrobacias de palco do lunático baixista Pete Way seriam copiadas ponto a ponto. Mais
tarde Scorpions e Judas Priest também trariam uma considerável inspiração.
Seu colega de classe, um certo Dave Smith, tinha aprendido a tocar guitarra, mas Steve
gostava do som característico do baixo elétrico. Assim, pegou 40 libras juntadas com muita
dificuldade e comprou uma cópia de um baixo Fender Telecaster. Junto com Smith formou então
seu primeiro grupo que batizou de Influence, mas antes que tocassem seu primeiro show ao vivo,
eles mudaram para um nome mais evocativo, Gypsy Kiss. Nessa época, 1972, Steve resolveu
deixar a escola para sempre e seguir a carreira de músico. Antes que pudesse ganhar o suficiente
para se sustentar, como viveria durante muito tempo, pegou diversos pequenos empregos durante
o dia para ter o prazer de tocar à noite. Então, logo que deixou a escola, utilizou suas boas notas
para conseguir um trabalho como estagiário desenhista, ganhando a preciosa soma de 11 libras
por semana. Quando se cansou, passou para varredor de rua e uma série de empregos
temporários incluindo uma temporada de 3 dias como lixeiro. "Esse eu tive que me livrar logo
porque fiquei cheio de catar insetos que caiam pelo meu pescoço" revelou Steve na primeira
biografia oficial do grupo, Running Free.
AS PRIMEIRAS APRESENTAÇÕES
Mas se a vida nos empregos não era lá essas coisas, musicalmente falando as expectativas
foram aumentando progressivamente, ao mesmo tempo em que ganhava importante experiência. A
primeira apresentação do Gypsy Kiss foi num show de talentos no St. Nicholas Church Hall em
Poplar. O promotor do evento era um cara chamado Dave Beasley, mais conhecido como Dave
Lights, que viria a ser uma figura importante na vida do Iron Maiden, num futuro próximo. Claro que
não foi das melhores apresentações que se podia esperar. Numa das músicas, que deveria
começar com um solo de baixo, Steve se mostrou tão nervoso que errou completamente, ao ponto
de seus companheiros acharem que ele estava tentando afinar o instrumento. Mas a apresentação
foi bem recebida, constando que o grupo ficou em segundo lugar no concurso.
Nos meses seguintes o Gypsy Kiss continuou fazendo alguns shows esporádicos, tocando um
set de músicas famosas como Paranoid (do Black Sabbath), All Right Now (do Free), Smoke On
The Water (Deep Purple), Blowing Free (do Wishbone Ash) e até Neil Young (Southern Man).
Também arriscavam algumas músicas próprias, incluindo uma certa "Endless Pit", de autoria de
Harris, que mais tarde, se tornaria parte de "Innocent Exile".
Mas depois de sete apresentações, o Gypsy Kiss acabou e Steve resolveu entrar para outra
banda da região leste de Londres chamada Smiler. Nesta banda estavam o baterista Doug
Sampson, o vocalista Dennis Wilcock e os guitarristas Mick e Tony Clee. Mick e Tony, oito anos
mais velhos que Steve, eram os donos do show. A banda fazia um som mais para o boogie, como
o Savoy Brown, e conseguiram uma série de apresentações através do circuito de bares da região,
obtendo uma fama pequena mas respeitável.
Para o jovem Steve a experiência foi considerável, mas estava fadada a ser curta. A banda
chegou a fazer uma versão balançada de Innocent Exile, mas recusaram a tocar a primeira canção
"verdadeira" de Harris, "Burning Ambition" com a desculpa esfarrapada de que ela tinha "muitas
mudanças de andamento" e que - acreditem se quiserem - "parecia com Genesis"(!).
Frustrado, Harris caiu fora do Smiler, decepcionado com aquela visão estreita e
preconceituosa e resolveu criar uma banda nova. Mesmo naqueles tempos iniciais Steve já tinha
uma idéia bem clara de como a banda devia ser. "Naquela época eu já tinha escrito algumas
músicas. Então eu sabia qual era meu objetivo. Eu queria uma banda de rock pesado que preferiria
tentar algumas coisas diferentes, que experimentaria um pouco ao invés de ficar naquela de três
acordes que todo mundo fazia". Relembra ele. Steve escolheu o macabro nome de “Iron Maiden”
para sua banda. Como muitas das músicas que escreveu, esta foi inspirada num filme, O Homem
da Máscara de Ferro, e se referia a um instrumento de tortura, uma espécie de caixão, com
espinhos afiados na parte interna. Nessas alturas o repertório incluía algumas composições que
ficariam famosas anos depois: "Transylvania", "Innocent Exile", "Burning Ambition" e o hino "Iron
Maiden".
O recém batizado grupo estreou em maio de 1976, no St. Nicholas Hall, em Londres, e logo
depois tocando no clube Cart & Horses, em Maryland Point, Stratford (que muitos acreditavam ser
o primeiro show). O local era tão pequeno que a banda teve que usar o banheiro como camarim. A
primeira formação do Maiden tinha Ron Mathews na bateria, Steve no baixo, Paul Day no vocal e
Terry Rance e Dave Sullivan nas guitarras. Não foi muito difícil para a banda arranjar
apresentações em clubes locais, já que o próprio Harris atuava como agente e cuidava dos
contratos, usando seus contatos e experiência adquirida durante sua temporada com o Smiler. Mas
muita água iria correr antes que conseguissem ganhar o suficiente para encarar a vida como
músicos profissionais.
Um dos maiores empecilhos nessa fase, além das dificuldades normais de ter que competir
com dezenas e dezenas de outras bandas iniciantes, foi a constante troca de membros na
formação do grupo. Isso iria continuar por muito tempo, já que Harris, o eterno perfeccionista, era
difícil de se satisfazer. E, embora o primeiro Maiden tivesse sido bem recebido ao vivo, Harris
estava longe de sentir que tinha as pessoas certas. Para começar havia o problema dos
guitarristas: embora fossem bons nas bases, Rance e Sullivan não tinham muito jeito para solos.
Paul Day era outro problema, não no vocal, no que era muito competente (mais tarde faria um certo
sucesso no More), mas na sua falta de energia ao vivo. Harris queria uma banda dinâmica e
brilhante no palco.
Assim, Steve mudou de vocalista chamando o antigo cantor do Smiler, Dan Wilcock, que, por
sua vez, trouxe a solução de terem um bom solista de guitarra: um loirinho, jovem e talentoso que
havia tocado com Wilcock no Warlock chamado Dave Murray. Fizeram uma pequena audição e o
cara caiu como uma luva no som que Harris pretendia fazer. Isso faria do Maiden um sexteto, mas
Rance e Sullivan sentiram-se diminuídos com a inclusão de Murray e intimaram Harris a escolher
entre eles ou o novato. Steve, muito profissional, não teve dúvidas: ficava com Murray. Sullivan e
Rance caíram fora. Um certo Bob Sawyer foi chamado para completar o time de guitarras.
Dave ficou uns seis meses com a banda, até ter uma briga feia com Wilcock durante uma
apresentação na Bridge House. Wilcock o despediu e Dave foi juntar-se à banda Urchin, liderada
por um velho amigo seu, um guitarrista desconhecido mas muito bom, chamado Adrian Smith. Bob
Sawyer já tinha sido descartado um pouco antes, pois vivia tentando ultrapassar Murray ao invés
de complementar seu som, sendo mais um rival do que um companheiro.
Com isso Steve ficou temporariamente desiludido com o conceito de dois guitarras-solo, cheio
das brigas de ego. Chamou o guitarrista Terry Wapram, ex-Hooker, para ocupar o posto de Murray
e, pela primeira e única vez, contrataram um tecladista via anúncio na Melody Maker, Tony Moore.
Nesse meio tempo Ron Matthews saiu da banda e foi substituído por Barry Purkins. Essa formação
só durou uma apresentação. Teclados não se encaixavam bem no som do Maiden da época e
Moore caiu fora. O guitarrista Wapram acabou saindo também pois insistia que só tocaria se
tivessem teclados na banda.
Nessas alturas Harris sabia muito bem quem ele queria de volta: o veloz, preciso e tranquilo
Murray. Steve foi atrás dele com sua habitual determinação, até encontra-lo num show do Urchin.
Foi, conversou e conversou até convencer Dave a voltar para o Maiden, deixando um Adrian Smith
muito chateado.
Mal voltava à banda com Harris e nova crise bateu: Dan Wilcock disse que "estava cheio" e
pulou fora do Maiden bem em cima de uma apresentação no Green Man Plumstead, o que deixou
a banda furiosa. Com essa baixa, Purkins resolveu sair também, deixando apenas Harris e Murray
para levantar a bandeira do Iron Maiden. Purkins, que atendia pelo apelido de Thunderstick iria se
juntar pouco depois ao Samson, um grupo que incluiria um certo Bruce Dickinson nos vocais. Dava
para acabar com qualquer um. Mas Harris não era qualquer um e tratou de arrumar as pessoas
que faltavam.
Aqui, antes de Wilcock desaparecer de cena, vale a pena destacar sua contribuição para o
futuro do Maiden. Nem tanto no vocal, mas sim numa outra área muito importante para o sucesso
posterior da banda: sua imagem.
Wilcock era um grande fã do Kiss e foi dele a idéia de usar um pouco de teatro no palco para
dar mais força às apresentações. Ele usava maquiagem vermelha num dos olhos (muito parecida
com a de Paul Stanley do Kiss), máscaras em algumas músicas e fingia atacar Dave Murray para
morder-lhe o pescoço durante seus solos. Mas o ponto alto destas apresentações acontecia em
"Iron Maiden", quando ele passava um florete na boca e "cuspia" sangue de cápsulas de tinta. O
resto da banda ficou muito impressionado com o resultado, principalmente quando duas garotas
que estavam na fila da frente num show em Margate desmaiaram ao verem a cena. Certamente
esses truques ajudaram a melhorar sua performance no palco.
Depois que Dan Wilcock saiu, Steve quis manter o elemento de teatro de horror na banda,
mas sem a necessidade de ter um cantor maluco para fazê-lo. Até então o símbolo do Iron Maiden
era um desenho de uma boca cuspindo sangue, bem parecida com a famosa boca dos Rolling
Stones. O desenho era baseado nas performances de Wilcock.
A famosa figura do Eddie só apareceu bem depois, graças a um personagem chamado Dave
Lights. Dave era um velho conhecido de Harris, pois foi ele quem organizou o concurso de bandas
onde o Gypsy Kiss estreou. Mais tarde Lights decidiu transformar um velho vicariato onde vivia
num local para ensaios. Dave acabou entrando para a história do Maiden como responsável pelo
show de luzes da banda e, mais tarde, efeitos especiais, tais como fogos de artifício durante as
apresentações. O caráter de improvisação é bem demonstrado pelo número de vezes que Steve e
Dave Murray saíram queimados quando o sistema estourava.
Mas a criação mais famosa de Dave Lights aconteceu quando ele pegou o logotipo da banda
(desenhado pessoalmente por Steve Harris) e pintou-o de dourado, colocando junto uma máscara
facial (segundo consta, furtada de alguma escola de arte). "Eu não sei quem é esse cara -
Comentou Steve - Mas ele devia ser feio!" Dave colocou lâmpadas em torno das beiradas e usou o
compressor de ar de um aquário para que a máscara cuspisse sangue durante a música "Iron
Maiden". A idéía da cabeça e da rima (em inglês: Eddie, the Head) veio de uma piadinha infame de
Dave Murray sobre um garotinho que tinha nascido sem corpo.
A segunda cabeça de Eddie era um pouco maior e Dave Lights a construiu de fibra de vidro e
acrescentou olhos que acendiam, além de fumaça vermelha que saía dela. Também o logotipo foi
melhorado sendo bem maior e feito de pedaços de vidro duramente construídos pelo senhor Lights.
Tanto a cabeça de Eddie quanto o logotipo podem ser vistos nas primeiras fotos promocionais da
banda, e na contracapa do primeiro LP. Eddie permaneceria sem corpo até a aparição do
desenhista Derek Riggs, bem mais tarde.
Depois que Wilcock e Purkins saíram, Harris não desanimou e voltou à carga a procura de
pessoas que pudessem preencher as vagas da melhor forma possível. Como resultado ele acabou
entrando em contato com seu antigo baterista do Smiler, Doug Sampson, e ensaiaram duramente
por seis meses, enquanto buscavam novo cantor. Eventualmente ele acabou chegando a Paul
Di'Anno, uma figura de Chingford, que era, sem dúvida o primeiro vocalista digno do nome até
então. Harris o conheceu através de um amigo de Paul, Trevor Searle, que ficou sabendo que o
Maiden precisava de novo cantor. Foi durante uma apresentação do Pink Fairies no seu clube
local, o Red Lion, antes de ser demolido. Curiosamente, o cara que organizou aquela apresentação
do Pink Fairies era um certo Rod Smallwood, então agente do grupo.
Paul foi chamado para um teste e passou tranquilamente numa inspirada versão para
"Dealer" do Deep Purple. A lenda diz que Di'Anno impressionou a banda com histórias que teria
cantado em vários conjuntos, chegando a mais tarde declarar para a imprensa que tinha estado até
em bandas de Reggae e coisas a fim. Essas declarações eram típicas mentirinhas que Paul faria
durante os anos seguintes para aumentar sua reputação, embora isso em nada afetasse o fato
dele ser um excelente cantor e uma figura carismática no palco, perfeito para uma banda
energética e carismática como o Maiden. Paul entrou no final de 1978 bem na hora do Maiden
estrear uma série de apresentações triunfais num bar que faria sua fama e glória, o Ruskin Arms,
na High Stree North, Manor Park, East London.
O MARKETING DA ÉPOCA
O Maiden tinha um público certo, mas estava longe de ser a única grande banda das
redondezas. Havia muita rivalidade e a competição era foda. Steve então achou interessante fazer
muita propaganda, colocando anúncios em todos os locais possíveis, que podiam variar desde um
simples "Vocês não viram nada ainda" até coisas mais elaboradas como "A única banda que vale a
pena ver... sangue, choque e rock", "Reis do rock do East End" e por aí vai. A mais longa e
interessante, além de original, veio depois de seus seis meses de preparação quando colocaram
no jornal Melody Maker essa bomba, que traduzida livremente dizia mais ou menos assim:
"IRON MAIDEN não é apenas a de melhor visual, alta energia, original, barulhenta mas
talentosa, bonita, de bom gosto, apaixonante, batedora, vampiresca, fazedora de cabeças, banda
de hard rock de Londres! Nós somos também muito bons rapazes, legais com nossos fãs e
familiares, hostis para outras bandas, mas antes de tudo nós somos sensacionais, grandes estrelas
e nós somos honestos e estamos de VOLTA!!!!!!! ENTÃO FÃS, GRAVADORAS, CAçADORES DE
TALENTO, AGENTES, PROMOTERS, CONTADORES E GAROTAS BONITAS DISPONÍVEIS,
FIQUEM DE OLHO NESSE ANÚNCIO PARA DETALHES!”
Sim, eles sabiam voltar com estilo. O único problema é que muitas pessoas não viam as
coisas com tanto humor e vira e mexe havia gente de outras bandas que vinha provoca-los ou
coisa pior. Em pelo menos uma ocasião outra banda arrebentou os portões do clube Cart & Horses
e jogou cerveja em todos os monitores da banda, resultando numa briga de proporções épicas.
TEMPOS DIFÍCEIS
Apesar do Maiden ter um público fiel e certo, a época não era para Heavy Metal. De fato, o
Punk rock começava a chamar a atenção da mídia e empresários e já anunciado como a "nova
tendência". Vale dizer aqui que, nessa época, o pessoal do punk e do metal não se tocavam e
viviam se estranhando. Heavy Metal era coisa de “hippies cabeludos” e o som era tido como
“ultrapassado”, como pontuavam os críticos. Mas não dava para ignorar totalmente um pessoal
talentoso como o Maiden. Vários "olheiros" apareciam e alguns empresários se aproximaram de
Steve Harris & cia. para um eventual contrato de gravação. Mas a história era sempre a mesma:
todos ficavam impressionados com a energia e talento da banda, mas vinham com as velhas
propostas de "cortem os cabelos" ou "Façam algo mais comercial". Uma empresária de Londres,
dona de uma gravadora de Reggae(!) chegou mesmo a sugerir que tocassem no Roxy (o templo
do punks na época), com um material mais pop, desistissem do cenário e das pirotecnias,
cortassem o cabelo e usassem toda a parafernália punk (como alfinetes e penteados arrepiados).
Desnecessário dizer pra onde os membros da banda mandaram a empresária.
Foi um período duro para pessoas como Steve Harris, determinado, inteligente e consciente
de sua musicalidade, ver suas chances de gravação e shows desaparecerem diante da moda dos
Punks e New Waves. Os membros do Maiden estavam certos que fazer concessões à moda
queimaria seu nome e nunca conseguiriam de volta os fãs que tinham em sua região. Levantaram
a bandeira do Heavy Metal para quem quisesse seguir e foram adiante. O único interesse da época
tinha sido de um empresário belga que chegou a sugerir que a banda se mudasse para aquele país
onde poderiam gravar. Mas o pessoal do Maiden chegou à conclusão que não valia a pena deixar
seus fãs fiéis e sua localidade.
Enquanto isso a banda logo descobriu que estavam cada vez mais atraindo pessoas de locais
mais longínquos para vê-los tocar. Melhor: quando o Iron se aventurou a se apresentar em clubes
distantes, descobriram que os fãs vinham atrás, não importando as dificuldades de transporte. E a
banda, que nunca ficou mascarada, sempre dava um jeito de dar uma carona para alguns que
ficavam sem jeito de voltar para casa.
Quando o Maiden retornou à cena com Paul Di'Anno, seus seguidores se tornaram ainda
mais fanáticos. Instalados no Ruskin Arms (que virou assim uma espécie de "base" de ação do
Maiden), o conjunto tinha um sucesso fenomenal. Enquanto que o Maiden conseguia tocar lá três
ou quatro noites numa semana e enchia o lugar em todas elas, as outras bandas do pedaço só
conseguiam fazer um show por semana. A banda recebia a "preciosa" soma de 30 libras por noite,
o que queria dizer que todo mundo no Maiden tinha que se manter firme nos seus empregos
durante o dia.
A PRIMEIRA GRAVAÇÃO
Mas Harris estava longe de se contentar em ser apenas o líder da banda herói do local.
Queria expandir, crescer, não importando as dificuldades. Gravar uma demo tape por conta própria
para conseguir shows fora do circuito da East London pareceu o caminho mais lógico.
Impressionado com a fita demo que Wilcock e Terry Wapram haviam gravado com sua nova banda
V-1 nos estúdios Spacewood em Cambridge, Steve resolveu fazer o mesmo. Custaria mais caro e
o estúdio ficava mais longe que outros, mas Harris queria uma fita de qualidade e resolveu não
economizar nos palitos.
O dia 31 de dezembro de 1978 era a única data que conseguiram e resolveram ir adiante,
embora não tivessem lugar para ficar. Mas graças ao charme e lábia de Paul Di'Anno, que arranjou
uma namorada enfermeira, tudo se resolveu. A boa moça deu um jeito de levar toda a gangue para
uma festa e conseguiu com que, muitas cervejas depois, também dormissem por lá. As sessões
duraram dois dias, ao preço de 200 libras, e conseguiram a gravação de quatro músicas de Harris:
"Iron Maiden", "Invasion", "Prowler" e "Strange World".
A banda voltou para casa com a intenção de retornar aos estúdios duas semanas depois,
quando teriam mais grana, para poder polir um pouco o produto, corrigir alguns pequenos erros e
fazer uma remixagem de algumas passagens. Infelizmente a banda não dispunha de dinheiro
suficiente para comprar a fita original e, quando retornaram duas semanas depois, ficaram sabendo
que ela tinha sido apagada! Assim sendo tiveram que ficar com a cópia gravada "direto" e foi ela
que mais tarde se tornaria o primeiro registro em vinil do Maiden, prova irrefutável do incrível
entrosamento e capacidade dos músicos desde aqueles tempos. Logo depois eles levariam esta
fita para Neal Kay, o disc Jóquei mais quente da área de Heavy Metal que conheciam, dono de um
lugar chamado Soundhouse em Kingsbury.
Neal Kay era uma figura esquisita, para dizer o mínimo: longos bigodes e cabelos, baixinho e
usando botas altas, parecia um refugiado de Woodstock. Até sua maneira de falar era hippie, coisa
totalmente fora de moda no fim dos anos 70. Mas era um cara que amava apaixonadamente o
Heavy Metal. E o Soundhouse era a prova disso.
Havia outras discotecas que tocavam este tipo de música na época (1979), mas o
Soundhouse era O local, o point de encontro de todos os que realmente conheciam o que era o
melhor. E não só porque tinha uma aparelhagem de som muito maior do que qualquer outra disco,
caixas de som empilhadas até o teto, que mais pareciam indicadas para uma banda do que para
uma danceteria.
O que tornava o Soundhouse uma coisa única era realmente seu dono, guru e luz guiadora:
Neal Kay, o homem que estabelecera a fama do local em termos nacionais. Havia outros DJs que
tocavam Heavy Metal na época, mas absolutamente ninguém com a sua capacidade ou garra.
Para ele o Soundhouse não era apenas uma discoteca - era uma missão. Kay não queria saber
nem tocava velhos standards do gênero. Nem modismos. Ele estava interessado nos últimos
lançamentos, nas novidades e em fitas demo promissoras. Queria também usar o Soundhouse
como base para promover novas bandas. Kay tinha uma atitude meio messiânica em relação ao
metal.
Foi numa tarde daquele ano que um tímido Dave Murray trouxe-lhe uma cópia da demo que
gravaram no ano-novo, tentando conseguir arranjar uma apresentação no local. Kay se lembra
bem da ocasião: "Eu disse: 'Ok, vocês e cinco milhões de outros'. Aí eu falei para ele deixar a fita
comigo e talvez eu tivesse a chance de ouvi-la umas duas semanas depois. Eu realmente me
recrimino por ter dito aquilo!" Mas quando Kay resolveu por a demo para tocar, ficou impressionado
com o potencial da banda. Ficou louco com o som e tocava-o sem parar. No outro dia telefonou
correndo para onde Steve Harris estava trabalhando: - "Vocês têm algo aqui que vai te render
milhões!" Steve só podia rir. Achou que ele estava passando um trote.
Mas Kay tinha razão: "Eles tinham uma impressionante unidade de som. Tá certo, havia umas
notas erradas aqui e ali, mas Steve e Cia sabiam que precisavam de um estúdio decente. Não
perderam tempo, foram lá e trabalharam duro. E a coisa toda foi costurada muitíssimo bem.
Fizeram o melhor que podiam na época. E musicalmente era impressionante. Era a melodia
somada à porrada que me impressionou. Bandas agressivas existem às dúzias desde então, mas
nenhuma com aquelas canções. A combinação de peso, velocidade, as mudanças de andamento,
e as linhas melódicas de Dave Murray realmente me derrubaram. Era um som muito original e
muito impressionante... Definitivamente a mais impressionante demo que jamais me mandaram."
Kay costumava mandar uma "parada de sucessos” para a prestigiosa revista Sounds desde
1978. Como tudo que se relacionava com HM, ele levava isso muito a sério e era baseada
exclusivamente nos pedidos dos garotos que frequentavam o Soundhouse. Logo Kay começou a
tocar a fita do Maiden no PA. E ninguém ficou mais surpreso que os membros do grupo quando
viram "Prowler" aparecer em vigésimo lugar na revista, na edição de 17 de fevereiro de 1979. Steve
recorda: "Eu e Paul fomos então no Soundhouse para ver como era aquele lugar. Ninguém nos
conhecia, éramos somente mais dois headbangers bebendo no bar. Quando começaram a tocar
'Prowler' a gente ouviu aquela gritaria. Foi muito estranho ver aqueles garotos batendo as cabeças
pra gente!"
Vale a pena notar aqui que quase que a banda vai pelo ralo logo no início de 1979 quando um
caminhão, com todo o equipamento que possuíam, foi roubado em Fletching Road, Clapton. A
banda chegou a mandar um anúncio na Melody Maker, sem muita esperança, avisando do roubo e
oferecendo uma recompensa para quem conseguisse encontrar o material. Felizmente, poucas
semanas depois os ladrões foram presos pela polícia antes que conseguissem passar à diante o
que tinham roubado e o Maiden conseguiu quase todo seu equipamento de volta intacto.
Foi seu sucesso nas paradas da Soundhouse que deu ao Maiden o primeiro gosto de atenção
nacional. Mas seria Neal Kay quem realmente daria o "empurrão" necessário. Ele resolveu levar
alguns de seus protegidos para a estrada para provar que o Heavy Metal, longe de ser um gênero
ultrapassado, estava vivo e bem e tinha uma fornada de novas bandas prontinhas para arrebentar
o mundo com suas guitarras. Foi Geoff Barton, através do seu editor da Sounds Alan Lewis, e meio
de brincadeira, que acabou batizando a empreitada num termo que ficaria na história da música
pesada: New Wave Of British Heavy Metal (NWOBHM).
Foi numa terça-feira à noite, em maio de 1979, que se deu a estréia de três bandas
escolhidas por Kay: AngelWitch, Samson e Iron Maiden. Kay em pessoa cuidou da apresentação
das bandas, sendo o DJ da noite. Geoff Barton, que não estava muito convencido de que veria algo
especial, foi lá ver o que seria a primeira apresentação pública do novo fenômeno. O Maiden
passou fácil como a melhor banda da noite, colhendo todos os maiores elogios no quesito
originalidade, composições e presença de palco. Impressionado, Barton saiu de lá cunhando o
termo NWOBHM e iniciando uma série de artigos sobre o fenômeno. Estes artigos deram origem a
uma revista paralela, que chamaram de Kerrang!, hoje uma das mais prestigiosas revistas de
Heavy Metal do mundo. A bola de neve tinha começado a rolar.
Foi nessa mesma época, no verão (europeu) de 1979, que outra figura importante entra em
cena: um certo Roderick Charles Smallwood. Smallwood chegou a estudar na Trinity College de
Cambridge durante três anos, pulando de uma matéria para outra e aproveitando seu tempo para ir
a festas, jogar Rugby ou ficar de porre, perdendo provas e trabalhos até receber ordem de pular
fora da faculdade ou correr o risco de ser expulso. Antes disso tinha começado a trabalhar no
grêmio local num evento anual chamado May Balls, junto com outro colega seu, George Andy
Taylor, que, ao contrário de Rod, terminou a faculdade e continuou parceiro dele durante os anos
seguintes. No May Balls, meio por acaso, ajudou a organizar eventos musicais e tomou gosto pela
coisa.
Logo depois de cair fora de Cambridge, Rod conseguiu um emprego numa agência que
cuidava dos interesses de várias bandas de rock famosas naquela época, a MAM. Entre seus
contratados estavam os Kinks, Judas Priest, Golden Earing e outros. Depois resolveu dar um
tempo sem fazer nada para logo em seguida se arriscar como empresário pela primeira vez com o
bom grupo Cockney Rebel, do cantor e jornalista Steve Harley. Após uma frustrante experiência,
em que acusou a gravadora RCA de sabotar o grupo (além de ter que lidar com o ego incontrolável
de Hartley), Rod se encontrou desiludido com o mundo do showbusiness. Chegou mesmo a pensar
em desistir de tudo completamente e voltar à faculdade para estudar Direito.
Aconteceu no entanto, que um amigo seu trabalhava num escritório de arquitetura e conhecia
a família de Steve Harris. Sabendo do passado musical de Rod passou-lhe um dia a fita demo que
o Maiden tinha gravado em abril de 1979. Mais tarde Rod se lembraria de ter ficado impressionado
com o que ouviu, mas sem ter certeza se haveria algum futuro nesse tipo de música. Além disso, já
tinha programado uma turné de rugby na Califórnia. Mas na volta em junho, depois que a
namorada lhe deu um tremendo pé na bunda, se viu livre e solto de novo no mundo. E, nessas
alturas, as reportagens da revista Sounds sobre as novas bandas sugeria que o Metal poderia
estar voltando.
"Eu nunca estive nesta de punk ou coisa parecida" Comentaria Rod alguns anos depois: "Meu
negócio era rock e é por isso que fiquei desiludido com essa coisa toda em primeiro lugar. Eu pus
pra tocar a fita do Maiden mais algumas vezes, gostei do que ouvi, telefonei para Steve Harris e lhe
disse que estava interessado em ver a banda ao vivo. Não queria ir ao East End, porque eu tinha
ouvido muitos boatos da má fama do lugar e era tão preguiçoso quanto esses caçadores de talento
para ir por lá."
Então Rod arranjou dois lugares para o Maiden dar shows de demonstração. Um deles seria
no castelo de Windsor na região norte de Londres e outra no Swan, em Hammersmith. Nada
aconteceu de acordo com os planos. No Castelo de Windsor a banda teve problemas com a
autoridade local, o equivalente a prefeito, que ficou tentando coloca-los para tocar antes que a
maioria de seus fãs tivesse chegado. Não sabendo bem de quem se tratava, a banda mandou o
prefeito enfiar suas exigências naquele lugar, o que lhes custou uma boa temporada sem poder
aparecer em North London.
As coisas estavam melhores no show em Swan, com tudo nos lugares até que cinco minutos
antes de subirem ao palco. Steve chegou até Rod para dizer, muito sem graça, que Paul Di‟Anno
tinha sido preso. Aparentemente a polícia o achou suspeito de drogas e o revistou, achando uma
pequena faca (que o mascarado cantor usava para aparecer palitando os dentes). Paul foi detido
como suspeito e os policiais não quiseram saber dos desesperados pedidos da banda que tinha
uma apresentação em minutos. Sabendo que teriam de enfrentar um clube cheio de gente e um
empresário em potencial, o Maiden resolveu arriscar tudo e mandou ver como um trio, num set
quase todo instrumental, com Steve Harris arriscando um pouco como cantor. Di‟Anno ainda
chegou a tempo de participar das últimas músicas depois de pagar pequena fiança. Rod achou o
máximo.
"Eu fiquei muito impressionado". - Relembraria anos mais tarde "Eu nunca tinha visto uma
banda que olhava a platéia nos olhos e estavam curtindo tão descaradamente o show quanto o
público. Então ficou muito claro para mim naquela primeira experiência que eles seriam do tipo que
poderiam ir longe, porque eles tinham uma boa estrutura, atitude, muita integridade, e a energia e o
carisma no palco só do Steve e do Dave era muito, muito poderosos. Eu acho que foi a
honestidade deles que me impressionou mais. Eles eram verdadeiros."
A primeira coisa que resolveu fazer pela banda foi arranjar para ver como se comportariam
diante de platéias de outros lugares. Assim sendo, através de seus contatos adquiridos durante os
tempos na agência londrina, arranjou apresentações em cidades como Blackpool e Aberdeen, na
Escócia. Para isso precisariam de um meio de transporte. Até então as distâncias maiores eram
percorridas com uma velha pick up caindo aos pedaços. Quem veio salvar a situação foi uma tia de
Steve, Janet, que devia ter muita fé no sobrinho cabeludo, pois emprestou três mil libras (quase
toda a sua poupança), para que pudessem comprar um caminhão de três toneladas, logo batizado
de Green Goddess (a Deusa Verde). Vic Vella, que fazia parte junto com Dave Lights da
„entourage‟ do Maiden na estrada, teve dois dias para transformar o caminhão em um ônibus que
pudesse levar a turma toda mais o equipamento com o mínimo de conforto na estrada. "Ele fez um
ótimo trabalho". - Relembra Steve - "Tinha até um interfone, de modo que a gente podia avisar o
motorista que queríamos parar para ir ao banheiro. Nós não tínhamos dinheiro para pagar um
hotel, então tínhamos de fazer o show e depois dormir no ônibus. Me lembro uma vez quando
tocamos no Birkenhead Gallery Club e estava tão frio que quando acordamos estávamos cobertos
por uma fina camada de geada! Mesmo assim era divertido."
Vic Vella lembra-se de algumas aventuras desses tempos. Uma delas chegou a ser bastante
séria: "Paul era o tipo do cara que adorava começar uma encrenca mas não gostava de ficar para
termina-la. Eu me lembro de uma vez que ele arranjou uma briga com duas pessoas em Rock
Garden. Eu fui para ver se conseguia acalmar as coisas e quando eu olhei em torno, o Paul tinha
desaparecido e a última coisa que eu me lembro é alguém me acertando uma garrafa." Outro
incidente menos violento aconteceu quando eles resolveram parar num lugar calmo durante a
noite, depois de um show, para dormirem. Só na manhã seguinte descobriram que o lugar calmo
era na verdade um estacionamento e que estavam cercados de carros por todos os lados, levando
duas horas para conseguirem sair.
Ainda se apresentavam no Soundhouse com regularidade para um público cada vez mais
alucinado. Mas o interesse das gravadoras continuava morno, se tanto. "Olheiros" não apareciam
com frequência. Mesmo quando Rod Smallwood usou todo o seu prestígio para conseguir que a
banda tocasse no famoso clube Marquee, houve pouca resposta desses senhores. Uma das
primeiras vezes que isso aconteceu foi quando a banda deu alguns shows de graça nos dias 3 e 4
de outubro no The Swan.
(Rod Smallwood se lembra de ter ficado a noite inteira acordado desenhando os posters do
show, para economizar. Vale a pena apontar que o pão-durismo do senhor Smallwood se tornou
tão notório durante a carreira do Maiden que ele ganhou o apelido de Smallwallet [carteira
pequena]).
Naquelas alturas a banda continuava com o problema de um outro guitarrista para melhorar o
som ao vivo. Paul Todd passou no teste mas ficou só dois dias. Tony Parsons o substituiria durante
umas dez semanas e apareceria em algumas das primeiras fotos promocionais do maiden. Nos
shows os representantes das gravadoras continuavam devagar: o da A&M nem deu as caras. O da
CBS viu algumas apresentações mas achava que as músicas não tinham "Força suficiente" (!). Os
irmãos Warner também não se impressionaram. Aliás, demoraria algum tempo antes que as
gravadoras descobrissem o que estavam perdendo com o renascimento do metal e irem atrás de
qualquer bandinha que soubesse tocar alguns acordes que lembrassem Deep Purple.
Mas nem todas estavam tão alienadas. A EMI sentiu que algo estava acontecendo e um dos
diretores, Ashley Goodall, resolveu lançar uma coletânea com as novas bandas para testar o
mercado. Ela se chamaria Metal For Muthas. Desde o princípio ficou claro que o Maiden era uma
banda única, especial. Ao contrário das outras, o Maiden negociou sua participação na coletânea
de forma extremamente profissional e dura. Rod se lembra: "Tínhamos que fazer as coisas do
nosso jeito ou não o faríamos. Isso queria dizer que teríamos pelo menos dois dias para gravarmos
no estúdio Manchester Square da EMI. E nós insistimos em termos duas faixas incluídas, sendo
que uma delas seria a primeira do lado A. Nossa atitude era: ou do nosso jeito ou de jeito nenhum."
Rod mostrou a Goodall um show do Maiden no Marquee e este ficou maravilhado com a
performance da banda e da reação quase histérica da platéia. Ao voltar, contou a seu chefe, o
diretor de talentos Brian Shepherd, o que viu. Shepherd foi pessoalmente na Soundhouse para ver
a tal maravilha do Metal em primeira mão. Acontece que ele se perdeu no meio do caminho e só
conseguiu chegar ao Soundhouse no meio da apresentação, onde o Maiden estava arrasando
como de hábito. Shepherd não iria tentar lutar por um lugar na frente no meio de um pub lotado de
garotos alucinados.
Ficou atrás, mas não pôde ver muito: em minutos um fã mais atirado levantou uma bandeira
que impediu o baixinho empresário de ver qualquer coisa. Nem era preciso: só alguém muito
insensível não notaria a atmosfera elétrica que a banda produzia e a resposta imediata do público.
Era uma mina de ouro. Shepherd voltou convencido e em pouco tempo o Maiden tinha um contrato
com tudo que pedira, assinado oficialmente em 15 de dezembro daquele ano.
O contrato foi um golpe de mestre de Rod Smallwood. Ao invés de ficar satisfeito com um
disco e um bom adiantamento, como a maioria das bandas sempre fazem, Rod arrancou da EMI
um raríssimo contrato de cinco discos (três garantidos) em troca de um adiantamento bem
pequeno - Apenas o estritamente necessário para pagarmos dívidas e trocar algum equipamento
caindo aos pedaços – dizia ele. Rod sabia que o Maiden levaria uns três LPs para conseguirem
sucesso a nível mundial e a banda concordou em segurar as pontas financeiramente durante mais
algum tempo. Assim, a gravadora não poderia dispensá-los, cheios de dívidas, se não dessem
certo no primeiro disco.
Só então é que Rod decidiu oficialmente se tornar o empresário do Iron. Não era o caso de
conseguir um contrato e sim de conhecer mais o pessoal da banda e saber se eles não seriam
como outros que encontrara no caminho e que tinham mascarado completamente uma vez que
conseguiram alguma fama. Acertadamente, Rod concluiu que eles eram profissionais com os pés
no chão e que não iam entrar numa trip de superstar. Pouco tempo depois do contrato,
conversando com Steve Harris sobre planos futuros, o baixista perguntou então: "Quer dizer então
que você vai nos empresariar?" e ouviu a resposta do homem de Yorkshire: "Yeah, fucking right I
am!"
O novo contrato fez com que Rod começasse a lutar para lançá-los em escalas maiores,
conseguindo um empréstimo de 8000 libras de várias fontes (segundo a lenda, de algumas até
bem suspeitas). No final de outubro ele tinha fé suficiente no sucesso para convencer os membros
do Iron Maiden a deixar seus empregos diurnos - todo mundo no Maiden ainda trabalhava (ou,
como no caso de Paul, vivia de seguro desemprego) - para embarcar em sua primeira tour como
atrações principais que foi de primeiro de novembro até dezesseis de dezembro, em clubes e
faculdades por toda a Inglaterra.
E, no dia 9 de novembro, para saciar um pouco a sede dos fãs, o Maiden decidiu lançar três
das músicas que tinham gravado no último dia de 1978, como um EP, que se chamaria The
Soundhouse Tapes - "Iron maiden", "Prowler" e "Invasion" - através de seu próprio selo, Rock Hard
Records, prensando somente 5000 cópias. Usando fotos tiradas no Soundhouse e de alguns
shows no Music Machine, o disco trazia as proféticas palavras do profeta DJ Neal Kay na
contracapa: "(...) As faixas deste EP são as primeiras coisas gravadas pela banda e são as
autênticas músicas não-remixadas tiradas da fita demo gravada em 30 de dezembro de 1978, e
que foram apresentadas ao Soundhouse uma semana depois. Depois de uma ouvida ficou claro
que o Iron Maiden se tornaria um dos líderes do Heavy Metal atual, combinando um tipo de talento
e energia dirigida que o mundo da música jamais poderá ignorar!" (E como o senhor Kay acertou
na mosca!)
Steve Harris pessoalmente escreveu à mão todo o projeto gráfico, incluindo o selo, títulos e
créditos - foi ele quem criou o famoso logotipo do Maiden. The Soundhouse Tapes, como ficou
conhecido o EP, nunca foi vendido em lojas, sendo distribuído exclusivamente por Keith Wilford:
um dos mais antigos fãs do grupo e que teve o mérito de ser o primeiro a aparecer num show do
Maiden com uma camiseta com o nome da banda (feita de improviso por ele mesmo). Keith, que
tempos depois viria a trabalhar no escritório do Maiden e cuidar do fã-clube oficial durante muitos
anos, estocou as cópias na casa em que vivia com sua mãe. Em uma semana já tinham vendido
3000 exemplares, o que dá alguma idéia da demanda. E poderiam ter sido muito mais, pois Rod
recebeu chamados das grande cadeias de lojas de discos pedindo quantidades enormes de cópias
(20.000 só em uma semana). Mas banda e empresário se recusaram a atende-los. Embora o
dinheiro oferecido tivesse chegado numa hora de necessidade, era desejo do Maiden que o disco
fosse uma coisa muito especial, um presente para os fãs mais fiéis, que tinham acreditado neles
desde o princípio.
E, para variar, a banda já estava procurando outro guitarrista. Segundo consta, Tony Parsons
era bom, mas sua figura paradona no palco não era muito estimulante. Até nas primeiras fotos
promocionais do grupo ele parecia deslocado e sem jeito. Também para variar, buscaram o
substituto via anúncio na Melody Maker: "Precisa-se: segundo guitarrista solo para começar
imediatamente. Base totalmente profissional. Precisa ser fanático por HM, tenha 22 anos ou
menos. Apenas os mais pesados devem ser apresentar. NADA DE DISCOTHEQUE, POP, MOD,
etc..." Curiosamente, o escolhido não seria nem um fanático por Heavy Metal nem tinha 22 anos ou
menos, como veremos um pouco adiante.
ON THE RADIO
No dia 14 de dezembro, sem Parsons e como um quarteto, fizeram sua primeira apresentação
no Rádio, na Friday Night Rock Show da Radio One. Tocaram seus futuros clássicos: "Iron
Maiden", "Sanctuary", "Transylvania" e "Running Free". Depois ainda fizeram mais dez shows antes
do ano terminar, sendo o maior destaque uma noite particularmente inspirada no Marquee.
Malcolm Dome do Record Mirror se babou todo sobre aquela apresentação e anotou no final:
“Estes caras vão arrebentar a velha geração de metaleiros para fora de suas suítes presidenciais
nos próximos meses." Outro show no Music Machine, no dia 19, mostrou o senso de humor da
banda, com amplificadores cobertos de neve falsa e até um papai noel headbanger. Foi um final
muito engraçado para um ano sensacional para a banda.
Em um ano eles tinham conseguido muito mais do jamais tinham sonhado: tornaram-se
atrações principais nos prestigiosos Music Machine e Marquee. Tiveram muita e boa cobertura da
imprensa, arranjaram um empresário de verdade, uma agência e um contrato de gravação com
uma gravadora multinacional. Os dias em que trabalhavam duramente no Ruskin Arms por 30
libras por noite ficariam para trás. A banda ria ao pensar que no início tudo o que queriam era ser o
número de abertura para algum medalhão no Marquee. Seu dono, Jack Barry, tinha se recusado a
aceitá-los várias vezes antes de outubro de 1979. Nunca mais cometeu tal erro.
O Maiden inaugurou os anos 80 com uma nova formação. Primeiramente conseguiram como
guitarrista um cara de 27 anos chamado Dennis Straton, veterano de algumas bandas locais. Na
realidade sua primeira escolha foi o velho amigo e companheiro de guitarra de Dave Murray
chamado Adrian Smith. Mas Smith, que liderava o Urchin, acreditava na sua banda e não quis
deixá-la numa hora em que parecia que seria bem sucedida - tinham até conseguido um contrato
de gravação antes do Maiden. Entretanto, Straton não ficava nada atrás em habilidade musical.
Melhor: no palco era animado e ágil como seus companheiros. Fora do palco era um palhaço:
embora fosse mais velho que todos os outros, agia como um garoto de 17 anos. Parecia ser o cara
ideal.
A segunda mudança ocorreu por outros problemas: Doug Sampson estava com a saúde meio
abalada e todos sentiram que não estava bem o suficiente para os rigores das futuras turnês: meio
a contragosto ele acabou concordando que não estava bom o bastante para ir adiante. Seu
substituto era um garoto louro, simpático e muito bom nas baquetas chamado Clive Burr. Burr tinha
tocado por um breve período no Samson e dizia a lenda que vinha recomendado por Neal Kay. Na
verdade foi Dennis Straton que o indicou para uma audição. Clive foi aprovado rapidamente depois
que demonstrou sua habilidade na difícil Phantom Of The Opera.
A primeira coisa que a banda queria fazer era gravar um compacto e, para isso, precisavam
de alguém capaz de mexer nos controles e conseguir o som que os representasse bem.
Inicialmente tentaram Gary Edwards, do East End Studios, mas não ficou muito bom, só sendo
aproveitada uma gravação, 'Burning Ambition', que viria a ser o lado B de Running Free. Entraria
para a história tanto por ser uma das primeiras coisas que Steve escreveu, como também a única
gravação, fora o Soundhouse Tapes, em que Doug Sampson aparece. Nessa música, ainda sem
Straton, Dave Murray toca todas as guitarras.
Nova tentativa foi feita com o antigo guitarrista do Sweet, Andy Scott, mas deu tudo errado.
Para começar, Scott tentou convencer Steve a usar uma palheta ao invés de sua fantástica técnica
de dedos no baixo, e foi informado onde deveria enfiá-la. Depois seu empresário quis arrancar da
banda a garantia de produção do LP e eles lhe disseram para onde ir. Por fim, foi Brian Shepherd,
da EMI, quem sugeriu Will Mallone, que tinha no seu currículo produções de discos do Black
Sabbath e Meatloaf. Ele acabaria produzindo tanto o compacto quanto o primeiro álbum da banda.
A gravação foi feita no Morgan Studios, com uma boa ajuda do engenheiro Martin Levan.
Antes que lançassem o sensacional single contendo "Running Free", no entanto, a EMI pôs
no mercado a coletânea "Metal For Muthas" ansiosamente aguardada por todos. Foi um vexame. O
que deveria ser uma amostragem abrangente do muitos grupos novos do Metal virou uma colcha
de retalhos com conjuntos fraquíssimos como Toad The Wet Sprocket e Ethel The Frog. Apenas o
Maiden, que compareceu com "Wrathchild" e "Sanctuary", era completamente convincente. O
disco, longe de mostrar o potencial do New Wave Of British Metal, apenas reforçou a opinião de
quem acreditava que o metal estava morto e enterrado.
A única vantagem dessa coletânea foi uma série de apresentações da tour "Metal For
Muthas" como atrações principais, tendo seus velhos amigos do Praying Manthis como grupo de
abertura. Quem organizou tudo foi o sempre eficiente Neal Kay, que sofreu com seus pupilos que
fizeram muitas brincadeiras de gosto duvidoso, como trocar os discos de capas e colar o braço de
seu aparelho de som com Super Bonder. Dave Lights foi com eles levando novos equipamentos. A
equipagem ia num caminhão enquanto que os músicos e road crew iam num ônibus de 52 lugares.
Muitas vezes acabavam dormindo no banco, já que o motorista era tão devagar que raramente
conseguia chegar no hotel em tempo.
Mas a turnê foi um sucesso. O Maiden sabia conquistar novos adeptos a cada apresentação,
com Steve Harris e seus asseclas se movendo todo o tempo enquanto uma barragem de som
pegava a platéia em cheio. Ainda que as condições das viagens não fossem das mais confortáveis,
o grupo mostrava um profissionalismo à toda prova, o que sempre marcou a carreira do Maiden.
Enquanto o Maiden conquistava novas platéias, a EMI finalmente tinha algo para mostrar ao
mercado: o compacto Running Free. Rod Smallwood teve uma rápida conferência com o pessoal
encarregado da promoção só para dizer-lhes que se a banda fosse convidada para o programa
"Top of The Pops" (uma espécie de Globo de Ouro de lá), eles não o fariam de jeito nenhum. - Eles
devem ter pensado que eu era algum retardado. - Lembra-se Rod rindo - Em primeiro lugar porque
bandas de Heavy metal não tinham compactos de sucesso então, especialmente o primeiro
compacto e em segundo lugar, se acaso o tivesse, era uma loucura recusar a tocar no Top Of The
Pops".
O pessoal da promoção levou um susto, pois a banda de Heavy Metal teve o seu compacto
entrando nas paradas logo na primeira semana de lançamento, no número 44. Foi uma surpresa,
mesmo para quem conhecia o Maiden e via seu potencial de vendas como no caso do Soundhouse
Tapes. Assim sendo, Iron Maiden foi de fato convidado a se apresentar no Top Of The Pops,
provavelmente a única banda nova a ser oferecida essa honra na primeira semana de lançamento
de seu primeiro compacto. Para uma banda de rock pesado isso era ainda mais sensacional.
Naturalmente o pessoal da gravadora entrou em pânico quando o grupo confirmou que não
tocaria no programa. Explicação: não fariam play back. Só fariam o programa se pudessem tocar
de verdade. Para a surpresa de muitos, a direção concordou e o Maiden se tornou o primeiro grupo
a tocar ao vivo no programa desde que o The Who o tinha feito oito anos antes. Claro que não foi
sem aborrecimentos, tendo que tocar bem mais baixo do que estavam acostumados. Ainda assim
foi uma apresentação energética, bem diferente dos popinhos insossos que tocaram antes e depois
deles.
O compacto, cuja letra foi escrita por Paul Di‟Anno e, segundo ele mesmo, baseada nos seus
primeiros tempos de adolescente rebelde, trouxe uma novidade que marcaria toda a carreira do
Maiden e ajudaria a estabelecer sua reputação: a capa desenhada por um cara chamado Derek
Riggs.
Tudo aconteceu por acaso. Rod Smallwood estava discutindo com um agente amigo
chamado John Darnley sobre como deveria ser a arte da capa (era outubro de 79, bem antes de
conseguirem o contrato) quando viu um poster de jazz na parede. Rod ficou impressionado com o
desenho de Riggs e queria ver mais. Derek então foi convidado a trazer seu book para o escritório
do Maiden. Na maioria seus desenhos eram sobre ficção científica, muito bons, mas não era esse
tipo de imagem que a banda tinha em mente. Mas um deles chamou a atenção de todos: um
mutante com o olhar louco que combinava perfeitamente com a idéia de Eddie, the Head, (só
precisou que Derek mudasse seu cabelo para ficar mais HM e menos parecido com um punk).
Ficaram tão fissurados com o desenho que o escolheram para a capa de seu primeiro LP, embora
ainda não tivessem nem sequer assinado o contrato.
Na capa do compacto 'Running Free' um fã de rock foge de uma figura do Eddie armado de
uma garrafa quebrada, num beco escuro. A idéia foi de Paul, mas a banda pediu para Derek
esconder a cara de Eddie nas sombras porque não queriam tirar o impacto da capa do LP quando
saísse, quando introduziriam a figura de forma apropriada.
Durante a turnê o Maiden tinha um set de 45 minutos, sendo muito bem recebidos. Sua
popularidade pôde ser medida quando, numa votação de melhores do ano da Sounds em janeiro,
conseguiram o quarto lugar como a melhor nova banda antes de lançado qualquer coisa!
Logo depois da tour com o Judas Priest, saía o primeiro LP da banda, chamado apenas de
Iron Maiden. Lançado no dia 11 de abril de 1980, foi um sucesso absoluto, superando todas as
expectativas, indo direto parar no nª 4 dos mais vendidos em uma semana e dando à banda um
disco de prata em apenas um mês. Nem mesmo Steve Harris acreditou quando ouviu falar que o
disco tinha chegado lá - Esperávamos chegar aos top 40 ou mesmo até 14... não no 4 de cara!
A crítica especializada amou o disco, se desmanchando toda, embora insistissem num ponto
que irritou a banda, chamando-os de "cruzamento de Heavy Metal com Punk" (uma expressão
muito em voga na época). Os críticos ignoravam que as músicas haviam sido escritas anos antes
do punk aparecer e que nunca houve um cruzamento entre o Maiden e os punks. Ambos os tipos
se desenvolveram paralelamente e o Maiden era um autêntico herdeiro das bandas precedentes do
heavy setentista (Deep Purple, UFO, Scorpions, etc.). Mas os críticos amavam os punks, eles
ainda estavam na moda e a maioria havia ignorado o estilo HM até o Maiden estourar na cara
deles. Erros como este continuariam a acontecer.
Mas o disco era uma maravilha e ainda hoje impressiona desde os primeiros acordes de
'Prowler‟ até a última nota do hino 'Iron Maiden‟, com uma variedade de sonoridades raramente
ouvida numa estréia. Embora nos anos seguintes Steve Harris reclamasse muito que a produção
foi ruim, a qualidade das músicas e a energia das interpretações faziam disso um detalhe mínimo.
A banda não deixava dúvidas quanto à sua versatilidade seja nas variações de 'Phantom of The
Opera', no instrumental 'Transylvania' ou na linda 'Strange World', onde provavam que eram
capazes de tocar coisas mais leves e fazê-lo bem. Claro que ajudou muito a capa, um primor,
impossível de se ignorar. A falta de duas músicas favoritas de shows, 'Sanctuary' e 'Wrathchild', foi
uma decepção para o público, mas aconteceu da banda estar guardando a primeira para o próximo
compacto, enquanto uma versão mais bem produzida da segunda apareceria no álbum seguinte,
Killers. (obs. Quando Iron Maiden foi relançado em CD, algumas edições incluíram 'Sanctuary', mas
não a brasileira. Posteriormente, em 98, um novo relançamento incluíu definitivamente nos CDs
essa música).
Em Edinburgh foi a vez de Clive, que sofreu uma intoxicação alimentar. Mas, levando em
consideração que eles não podiam tocar sem um baterista, os roadies o carregaram da cama para
o palco. Burr desmaiou um minuto depois que o show acabou (isso é que é profissionalismo!). A
tour incluiu a primeira apresentação no Finsbury Park Rainbow, onde tiveram lotação esgotada, e o
clímax foi numa festa arranjada pela EMI no Museu de Horrores de Madame Tussaud.
A POLÊMICA: SANCTUARY
Durante a tour a gravadora lançou o single 'Sanctuary', que causou muita polêmica por causa
da capa: um Eddie armado de uma faca, tendo a seus pés a vítima: uma Margaret Thatcher (a
primeira ministra da Inglaterra na época), que havia arrancado da parede um poster do Iron
Maiden. Para o azar da banda, o lançamento coincidiu com pelo menos dois incidentes
desagradáveis: importantes figurões conservadores tinham sido espancados por arruaceiros. Deu
muita conversa nos jornais e uma ameaça de censura. A gravadora então colocou uma tarja nos
olhos, embora ainda ficasse bem visível de quem se tratava. A banda não estava muito atenta a
toda esta conversa e sim no seu grande segundo amor: o futebol, torcendo para o West Ham no
final da Copa.
(Vale aqui uma nota: se você é fanático pelo Iron e percebeu em várias capas os dizeres 'Up
The Hammers!', fique sabendo que não é nenhuma mensagem demoníaca e sim o slogan do West
Ham. Nos Estados Unidos muitos ficariam decepcionados ao saber disso. Um fã americano mais
radical chegou a tatuar a frase antes de saber do que se tratava.)
Enquanto isso o compacto, que tinha 'Drifter' e 'I've got The Fire' no lado b, chegou ao nª 29
das paradas. Isso queria dizer que seriam convidados para o Top Of The Pops de novo, mas o
pessoal da TV estava no meio de uma greve. Para compensar a banda tocou em julho no Marquee
para serem filmados num especial sobre a "Nova Onda de Heavy Metal", onde o Maiden era,
desnecessário dizer, a atração principal e teve uma cena hilária onde o DJ Neal Kay declarava: "Eu
detesto o termo Heavy Metal", ao mesmo tempo em que usava uma camiseta com os dizeres:
Heavy Metal Soundhouse!
Depois foram tocar no Reading Festival onde dividiram a noite principal com seus heróis do
UFO. A crítica amou, claro: "Iron Maiden provou que são os heróis do Sábado à Noite" escreveu
Robin Smith do Record Mirror "Deram um trabalhão danado ao UFO para se equipararem."
Também entre os vários grupos que se apresentaram no festival, houve um que se destacou: o
veterano Samson, por causa de um cantor muito bom, chamado Bruce Bruce.
E a turma nem teve tempo de respirar direito: nova turnê européia, 40 shows, junto com os
americanos do KISS. Foi de matar, pois enquanto os yankees podiam se dar ao luxo de viajar de
jatinho de compromisso em compromisso, nossos heróis tinham que enfrentar enormes distâncias
num ônibus meio capenga. O crítico Geoff Barton, que escreveu sobre a maratona, conta que
parece que só o veterano Dennis Straton aguentou razoavelmente bem o terrível stress.
A tour incluía Itália, Suíça, Noruega, França, Suécia, Dinamarca, Alemanha, Holanda e
Bélgica. Muitas bandas iniciantes não teriam aguentado e ficariam felizes em desistir de tudo e
voltar correndo para casa. Não o Maiden. Exceto por uma breve estada na Bélgica, nunca tinham
excursionado fora da Inglaterra. Ainda assim eles encontraram fãs enlouquecidos onde quer que
fossem. Até em cidadezinhas como Leiden, na Holanda, foram recebidos por bandos de
convertidos que tinham até bandeiras improvisadas e usavam camisetas com o logotipo do Iron.
Arrebentados de cansaço que estavam, ainda assim conseguiam surpreender. Barton foi um
dos que escreveu sobre suas apresentações: "Eles estão tocando com tanta velocidade que periga
deles começarem a segunda música antes de terem acabado a primeira". E, a contragosto, era
forçado a declarar: "Por mais que isso seja difícil de engolir, tenho que admitir que eles deram
muitíssimo trabalho para as atrações principais se equipararem". Nada mal esse comentário vindo
de um crítico que amava o KISS ao ponto de se considerar seu "quinto membro"!
Ao contrário do que era de se esperar, o KISS não ficou enciumado com a banda de abertura.
Gene Simmons chegou mesmo a entrar no camarim do Maiden e elogiar o disco da banda. "Aposto
que você nem o ouviu". Soltou Paul, desconfiado. Gene então se virou para ele e citou o disco faixa
por faixa, na ordem correta. Gene chegou mesmo a pedir uma camiseta da banda. Sabendo que o
pessoal do Kiss não usava camisetas que não fossem do próprio Kiss, o boca grande Paul mandou
essa: "Para que você quer uma, se nunca usa de outra banda?" "É verdade". - Respondeu
Simmons - "As pessoas não me vêem usar muito outras que não sejam camisetas do Kiss. Mas se
eu tivesse uma que teria o nome de uma banda que vai ser uma das maiores do mundo, eu não
me importaria em usar". Falando nisso, as bandas se deram tão bem que o KISS nem se importou
quando Maiden jogou tortas na cara deles no palco durante a última noite de turnê...
Voltando para casa, o Maiden ficou chocado ao saber que Neal Kay tinha sido despedido da
Soundhouse. Com seu temperamento irrascível e uma autoconfiança que beirava a arrogância,
Kay havia atraído muitas antipatias tanto quanto seguidores. A banda chegou a escrever uma carta
de protesto e até incentivou uma greve contra o lugar, mas nada adiantou. Neal Kay então levou
seu show para a estrada e se dedicou a descobrir novos talentos.
A banda não teve muito tempo para se lamentar, já que enfrentava novos problemas internos,
que nunca ficaram totalmente esclarecidos, em relação a Dennis Straton. Aparentemente Straton
estava se afastando demais do resto do pessoal da banda - preferindo viajar com os roadies,
quando estava na estrada - além de ter gostos musicais muito diferentes (Straton amava country-
rock como os Eagles, p.ex.). Dennis chegou mesmo a mexer em Phantom Of The Opera no estúdio
tornando-a mais pop, o que deixou Harris furioso, mandando-o apagar tudo ("Parecia Queen
tocando Bohemian Rhapsody ao contrário.") Apesar de, mesmo na época, o próprio Straton admitir
que tinha sido um erro, isso só reforçou a idéia de que tinham objetivos e conceitos musicais bem
divergentes.
Assim sendo, apesar do guitarrista dizer que estava "110% integrado" isso não foi o suficiente
para convencer Steve e Rod numa reunião e Dennis foi convidado a se retirar. Straton saiu para
formar o Lionheart, mas deitou na imprensa contra o Maiden, dizendo quão injustamente tinha sido
tratado, chamando Steve com frequência de "Sargento Harris".
(Obs. Em muitas biografias, inclusive brasileiras, é dada a informação de que Stratton teria
saído por se considerar muito velho para a banda. Tal afirmação não tem nenhum sentido).
Com uma guitarra a menos, o Maiden voltou a procurar o velho amigo de Dave Murray, Adrian
Smith. Ambos continuaram mantendo contato através dos anos e Dave chegou mesmo a tocar
como convidado no segundo compacto do Urchin, 'She's A Roller'. O Urchin não conseguiu o
sucesso esperado e acabou. Smith estava tocando no Broadway Brats, mas andava chateado, sem
dinheiro e desiludido (e, de certa forma, como ele mesmo admitiu, com um pouco de inveja do
amigo Dave). Apesar de sua notória indecisão, quando recebeu o convite para um teste, não
vacilou um segundo. Vinte minutos depois de uma jam o grupo e Rod anunciaram que ele estava
aprovado. "Foi ótimo ouvir isso. Me senti como se estivesse sendo aceito dentro de uma família,
quase. De fato, a impressão que me passavam era a de que eles eram como uma família. Eles
cuidavam uns dos outros e, uma vez que eu estava dentro eu não tinha que me preocupar com
mais nada além de tocar. É o sonho de todo músico." (nem tanto: mais tarde ele afirmaria que
entrar para o Maiden foi mais difícil do que esperava porque as músicas de Harris eram muito
diferentes e mais complexas do que as que estava acostumado a tocar. Ele também sempre tinha
sido o cantor e líder das bandas que tocava até então.)
Aqui vale uma nota interessante: se Adrian novamente não estivesse disponível, a banda já
tinha outro nome em mente: um velho amigo de Paul Di'Anno, guitarrista do grupo Girl, Phil Collen.
Collen pouco depois entraria para o multiplatinado sucesso Def Leppard.
Mais curiosidades para Maidenmaníacos: No breve período que esteve fora do Maiden depois
de ter brigado com Dan Wilcock, Dave Murray tocou com o Urchin e eles já apresentavam
„Charlotte The Harlot' ao vivo naquela época, além de uma canção muito boa, que viria a ser '22
Acacia Avenue'.
A banda já tinha material e datas para gravar seu segundo LP, mas resolveram fazer uma
mini-tour para que Adrian tivesse tempo de se entrosar antes de encararem o estúdio. Foi duro
para ele. Logo a primeira data foi na Universiade de Brunel tão perto de Londres que atraiu todo o
staff da EMI e grande parte dos fãs radicais do East End. Adrian admite que ficou "apavorado", com
os nervos à flor da pele com a expectativa. Não precisava: passou no teste com louvor e a dupla
Smith-Murray ficaria para sempre na memória de qualquer fã como sendo uma das mais ricas da
história do Metal. Curiosamente, vale dizer que Dave costuma ser o mais espontâneo, criando
muita coisa de improviso, enquanto Adrian é mais cerebral e costuma compor seus solos
antecipadamente. Juntos funcionavam como um relógio suíço.
Para promover a mini-tour eles precisavam de um novo compacto, mas nenhuma das novas
composições parecia servir a este propósito. Foi quando sua editora musical, a Zomba, sugeriu que
regravassem 'Women In Uniform', do grupo australiano Skyhooks, que tinham tido sucesso na sua
terra natal com ela. O grupo gravou-a com 'Invasion' no lado b, sendo que Dennis Straton ainda
estava no Maiden. A banda mais tarde renegou esta atitude, dizendo ter sido um erro. Ainda assim
o compacto chegou ao número 35 das paradas. Foram chamados ao Top Of The Pops de novo
mas deu tudo errado: brigaram com o cara do som que insistiu em colocar o volume muito baixo e
ficaram ainda mais aborrecidos quando proibiram a aparição de Eddie naquele horário familiar. O
Iron então jurou nunca mais por os pés naquele programa: mesmo com mais de vinte hits nesse
meio tempo, eles só voltaram a se apresentar lá depois de quinze anos, em 1995, com Blaze
Bayley (quando então tinha mudado toda a diretoria da emissora).
(Obs. Em relação a essa música o Maiden foi um pioneiro, já que chegaram a gravar um
vídeo promocional para ela [último trabalho com Dennis Straton]. Isso foi antes da MTV, e a única
banda de Rock que tinha feito algo semelhante antes foi o Queen com a famosa "Bohemian
Rhapsody'. Nesse aspecto o Maiden estava um ano da frente de todos!)
KILLERS
Depois da tour de novembro, o Maiden correu para o Battery Studios para gravar seu
segundo LP, Killers. A banda já tinha tocado a faixa-título no festival de Reading e foi muito bem
recebida. De modo que estavam ansiosos para gravar, ainda mais que tinham conseguido ninguém
menos do que Martin Birch para a produção. Birch tinha produzido alguns dos mais famosos álbuns
do Deep Purple, Rainbow e Whitesnake, entre outros. E, curiosamente, já tinha ouvido falar do Iron
Maiden já há algum tempo. A banda teria desejado tê-lo como produtor desde o princípio, mas não
tiveram coragem de convidar uma figura tão ligada a seus ídolos logo para o primeiro trabalho.
Uma pena pois o surpreendente Birch (Chamado "The Headmaster" [diretor], por causa de sua
disciplina no estúdio) lhes comunicou que teria aceito trabalhar com eles já naquele tempo.
Vale a pena citar aqui que a capa de Killers também teria um considerável impacto na mídia.
Hoje em dia talvez não passasse de mais um disco de Heavy Metal, mas na época, assim como o
primeiro LP, era extremamente original e violenta: um Eddie sorrindo macabramente segurando
uma machadinha ainda pingando de sangue, enquanto a vítima (só as mãos ainda segurando a
camiseta do assassino aparecem no desenho) agoniza. Essa capa, idealizada por Dave Lights,
trazia alguns detalhes só percebidos pelos fãs de primeira hora: o local é uma das ruas do East
End (dá pra ver o letreiro do famoso clube Ruskin' Arms) e Charlotte The Harlot observa a cena
através da cortina de seu quarto.
O PRIMEIRO VÍDEO
Para finalizar o ano uma equipe da EMI contratou cinegrafistas para fazer o primeiro vídeo ao
vivo de uma das novas bandas a aparecer no mercado. Durante um show triunfante no Rainbow o
Maiden arrasou, como de costume, mesmo com um exército de „camera-mens‟ em volta deles. O
som falhou na filmagem durante números-chaves como 'Iron Maiden' e „Phantom Of The Opera‟.
Depois que o show acabou, Paul explicou ao público o que tinha acontecido e que iriam repetir
algumas músicas e se alguém quisesse ficar, seria bem vindo. Resultado: nem uma única pessoa
deixou o teatro até o final! Duas horas de HM de primeira para os alegres sortudos da noite que
viram a primeira filmagem de um show do Maiden. A única reclamação era de que o vídeo, de
apenas meia hora, era muito curto. Mas quem naquela época, fora os fãs mais radicais, podia
prever que o Maiden iria crescer tanto?
Logo depois das gravações a banda tirou o mês de janeiro de 1981 para um bem merecido
descanso depois da loucura das tours do ano anterior. As férias foram boas mas não o suficiente
para prepará-los para o que estava por vir quando saíram as primeiras críticas do novo LP. A
crítica o achou decepcionante em relação ao primeiro e deixou isso bem claro: Robbi Millar da
Sounds rotulou Killers de medíocre chamando-o de "mais um fracasso do que um triunfo". E depois
foi ainda mais longe, insinuando que o primeiro disco tinha chegado onde chegou somente com
ajuda de publicidade.
Outros críticos também não foram muito gentis, embora a maioria não descesse o pau com
tanta força. Alguns elogios aqui e ali não tiraram o mal estar do pessoal do Maiden, que ficou muito
chateado, principalmente com a história da publicidade, totalmente falsa. Olhando para trás, dá pra
notar que Killers não era tão ruim assim, mas em certos pontos os críticos (na época) pareceram
ter razão em temer pelo futuro do Maiden. Em Killers as melhores músicas eram, sem dúvida, as
antigas 'Wrathchild', 'Drifter' e 'Innocent Exile', sendo que entre as novas apenas a faixa-título se
destacou o suficiente para permanecer como clássico da banda. Killers não chega perto do impacto
do primeiro disco em termos de versatilidade e originalidade (embora ganhe muito em termos de
produção, mas isso se deve ao fato de terem o produtor certo desta vez). Muitos temiam que Steve
Harris tivesse usado todas as boas idéias no primeiro disco e não estivesse dando conta de manter
o nível de suas composições. O álbum seguinte, The Number Of The Beast, mostraria que essa
suposição era um tanto precipitada. Talvez refletindo as críticas, Killers estreou no décimo segundo
posto da parada inglesa, bem abaixo de Iron Maiden.
(Obs. A edição brasileira do LP não incluía uma faixa, 'Twilight Zone', erro esse infelizmente
repetido quando da edição nacional do disco em CD, só em 98 o erro foi reparado com o
lançamento da discografia com faixa-multimídia)
Melhor ou pior do que a estréia, Killers foi o disco que serviu de cartão de visitas para a
primeira tour realmente internacional do Maiden. A Killers World Tour levou a banda a tocar uma
inacreditável maratona de 125 apresentações através da Europa, Japão, Austrália e América do
Norte. Em todos, exceto no Estados Unidos, o Maiden seria atração principal. Começou na própria
Inglaterra no dia 17 de fevereiro e incluía uma apoteótica apresentação no famoso Hammersmith
Odeon, em 15 de março. A estafante tournê com o KISS pareceria um passeio de carro de final de
semana comparada a essa tour, mas foi imensamente bem sucedida levando os discos do Maiden
a vender pela primeira vez mais de um milhão de cópias.
Na Inglaterra o compacto escolhido foi 'Twilight Zone' para coincidir com a tour e lançado em
Março. Tinha sido originalmente gravada como um lado b em potencial, mas a banda gostou tanto
que acabou dividindo o crédito de lado A junto com 'Wrathchild'. O compacto chegou ao nª 31 das
paradas. Um vídeo com 'Wrathchild' ao vivo no Rainbow teria ajudado as vendas, caso uma nova
greve não tivesse ocorrido na TV naquela época.
A turnê européia foi tão dura e rápida que algumas vezes a banda se esquecia ou não sabia
onde estavam. Adrian Smith se lembra de Paul Di'Anno tentando falar com a platéia num francês
de colégio uma vez: o problema era que estavam na Itália naquele dia! Outra consequência foi a
voz de Paul falhar ao ponto da banda ter que cancelar nada menos que dez apresentações: quatro
shows finais na Alemanha e todos que deveriam dar na Escandinávia. Para não decepcionar
demais os fãs alemães, a banda decidiu dar algumas tardes de autógrafos, onde os garotos
ficaram tão entusiasmados que a polícia foi chamada para conter quebradeiras.
MAIDEN JAPAN
A voz de Paul melhorou o suficiente para poderem encarar suas primeiras apresentações no
Japão no final de maio.
Aqui vale dizer que a conexão japonesa com o Maiden era antiga. Aconteceu por uma dessas
coincidências do destino quando um cara chamado Masa Ito ficou sabendo da existência do
conjunto durante a apresentação da banda no Music Machine, em setembro de 1979 como número
de abertura do Saxon. Ito, que estava na Inglaterra, ficou impressionado com a performance da
banda e, sendo ele uma pessoa de grande renome na mídia japonesa, tratou de dar uma boa
cobertura de imprensa sobre o Iron, mesmo antes do primeiro LP ter sido lançado. Essas
reportagens despertaram a curiosidade dos japoneses na banda, tanta curiosidade de fato que o
LP "Iron Maiden" ganhou o disco de ouro lá e foi o primeiro disco de ouro que a banda ganharia em
sua carreira. A importante publicação Player votou o Maiden como sendo a melhor do mundo. Só
para se ter uma idéia como tinham fãs na Terra do Sol Nascente, basta dizer que os ingressos para
os shows se esgotaram em menos de duas horas. Isso foi em fevereiro, três meses antes da banda
tocar por lá!
O grupo fez um exaustivo vôo de 27 horas até o Japão, onde chegaram, como era de se
esperar, completamente arrebentados. Mas a recepção foi tão positiva, com fãs seguindo-os por
toda parte, com muito saquê disponível para animá-los e todos os shows totalmente lotados, que o
grupo acabou passando bem a semana que estiveram ali. Tão bem que acabou resultando num
EP, ao vivo, chamado Maiden Japan com as músicas 'Killers', 'Innocent Exile', 'Running Free',
'Remember Tomorrow' e 'Wrathchild'. (obs. A versão inglesa e algumas outras edições tem apenas
4 músicas, tendo 'Wrathchild' ficado de fora. No Brasil o disco foi vendido como se fosse um LP
comum e pelo mesmo preço. Pobres de nós!) A produção desta vez ficou a cargo do próprio
Maiden (mas principalmente por Harris) e do soundman Doug Hall. O EP dá uma dimensão do
estado das cordas vocais de Paul Di'Anno e elas ficariam ainda piores ao fim da turnê.
ENCARANDO A AMÉRICA
A banda tirou dois dias de folga antes de enfrentarem o maior dos desafios: A América. É bom
frisar que naqueles tempos pré-MTV, a promoção de um artista dependia muito da programação de
rádio. E a música poderosa do Maiden não era o padrão FM que os DJ yankees estavam tocando
na época. Apenas quatro estações tinham tocado o primeiro LP, isto entre mais de duzentas rádios
espalhadas pelo país. Uma pena, visto o sucesso imenso que as bandas HM tiveram na década de
setenta quando Led Zeppelin era simplesmente endeusado pelos americanos, além de Deep
Purple, Black Sabbath e outros.
Talvez o imenso fracasso comercial dos Punks pouco tempo antes tenha feito os chefões das
rádios pensarem que o gosto do público jovem houvesse mudado e que os adolescentes não
gostassem mais de música pesada. Não tinha: Rush, Heart e outras bandas pesadas continuavam
a fazer sucesso, embora com muito menos cobertura jornalística do que na década anterior. Mas,
tal como na Inglaterra, as vozes das ruas demoraram a ser ouvidas e só quando ficou evidente
para todo mundo é que acordaram as gravadoras.
O Maiden encarou o desafio como tinha feito na sua terra natal: com garra e profissionalismo.
Abriram shows para o Judas Priest, além de tocarem em dois clubes em Chicago e Detroit e um
festival em Milwaukee. Depois foram para o Canadá, onde o primeiro LP tinha se tornado disco de
ouro, o que queria dizer que podiam ser a atração principal em lugares como Toronto (em teatros
com capacidade de 1500 pessoas), além de clubes em Montreal e Quebec.
As dificuldades eram que a banda já conseguia viajar de avião quando as distâncias eram
maiores que 300 milhas (uns 450 quilômetros), sendo que distâncias menores que estas tinham
que ser percorridas de carro alugado. O resultado foi que nas alturas do Canadá todo mundo
estava moído até os ossos, especialmente os motoristas, que eram o tour manager Tony Wigens e
o relutante SmallWood. Eles tinham que sair de uma cidade, chegar na outra até as quatro da tarde
para aprontar tudo e ter que sair às sete da manhã. Wigens comentou: "Rod e eu estávamos nos
mantendo vivos à base de café puro". Inevitavelmente houve incidentes. Tony estava saindo do
palco uma noite, tão cansado que não viu que saía pelo lado errado, onde não tinha escada e
levou um tombo de quase quatro metros. Foi levado às pressas ao hospital mais próximo, coberto
de hematomas e suspeita de fraturas, mas voltou à tempo para cuidar do equipamento para o show
daquela noite.
Smallwood acabou achando que aquela economia não adiantava nada e, relutantemente,
concordou em alugar um ônibus para a tour. Tocaram com Whitesnake, Humble Pie, e seus velhos
ídolos do UFO depois dos shows no Canadá. A banda estava na Philadélfia tocando seus últimos
shows com o Priest quando receberam o convite de tocar com o UFO no Long Beach Arena, na
Califórnia, no outro lado do país. O Maiden achava estes shows tão importantes que fretaram todo
o seu equipamento para poderem chegar a tempo. Essa atitude custou uma nota preta mas a
reação da platéia fez tudo valer a pena.
Vale dizer que o Maiden, que não aceitou a sugestão de modificarem sua música, tornando-a
mais "palatável" para tocar nas rádios, tornou-se rapidamente num cult band underground. Killers
vendeu por conta da turnê, e chegou a respeitáveis 200 mil cópias (quatro vezes a de 'Iron
Maiden"). Por todos os cantos encontravam garotos que os seguiam fanáticamente, comprando ou
arranjando camisetas com o logotipo e a figura de Eddie numa velocidade de dar inveja a bandas
muito mais estabelecidas. Encontraram um garoto que tinha o logotipo tatuado nos dois braços e
outro com uma cabeça de Eddie gravada no peito. Mas o melhor de tudo foi o cara que tinha a
capa do single 'Sanctuary' (aquela do Eddie matando a Margaret Thatcher) tatuada no braço, com
os dizeres "Up The Hammers" embaixo. Harris contou que quando lhe explicou que aquilo era um
grito de guerra de um time de futebol, ele ficou decepcionado. "Acho que ele esperava que isso
fosse um tipo de encantamento mágico ou coisa parecida."
MUDANÇAS RADICAIS
O grande problema foi que Paul adorava o estilo de vida rock'n roll. E não cuidava bem do
seu instrumento: sua voz. Paul fumava, bebia demais e era largamente indisciplinado. Com isso
sua voz sofria e a banda perdia shows importantes e levava a culpa. Os membros do Maiden
sabiam se divertir, mas se cuidavam, eram profissionais e tinham orgulho de se apresentar para a
platéia um show sensacional, dando do melhor de si. Não é pra menos que ficavam zangados
quando um deles podia estragar tudo por descuido. Paul também não tinha a mesma ambição de
vencer mundialmente como Steve e se dizia assustado com a proporção gigantesca que o Maiden
estava alcançando, sentindo que era muito grande o peso de tanta responsabilidade.
Paul saiu da banda e foi uma grande perda, ainda que por sua própria culpa. Um cantor
carismático, com um timbre diferente e marcante. Na sua carreira posterior, mostrou-se tão
irregular e errático quanto a vida que escolheu, alternando grandes momentos com outros
absolutamente medíocres. Parece que resolveu finalmente fazer algo direito tendo recentemente
reunido sua melhor banda, o Battlezone, e lançando em 99 um CD digno do grande cantor que é.
Seu trabalho seguinte seguiu a mesma linha, sendo gravado no Brasil com músicos brasileiros. O
resultado, Nomad, foi um disco brilhante, talvez seu melhor trabalho pós Maiden.
O substituto de Paul foi, como todos sabemos, Bruce Bruce, do Samson, que tanto havia
impressionado Harris no festival de Reading um ano antes. Ao contrário do que diz a lenda, não
foram ouvidos uma série de cantores antes de chegarem a Bruce Bruce, isto é, Bruce Dickinson.
Quando Paul saiu, foi o próprio Steve Harris, com sua habitual objetividade que o convidou para
um teste. Steve pediu que ele decorasse seis músicas. Dickinson sentiu a oportunidade e não
perdeu tempo: decorou 15. No teste tocaram dez direto e dali saíram para o bar mais próximo para
comemorar.
Em muitos aspectos Bruce Dickinson era diferente da banda: estudou em escolas particulares
e se formou na faculdade em História. Ao invés de se tornar um chato intelectual, Bruce se mostrou
perfeito em todos os sentidos para o Maiden: profissional rigoroso, ambicioso, nem um pouco
chegado à trips de superstar e com um senso de humor à toda prova. Mais importante: cuidava
muito bem das cordas vocais. E que cordas! Dizem as lendas que ele ganhou o apelido de "Sirene
de Ataque Aéreo" quando, durante um show do Samson no Chelsea College, ele trincou um
enorme globo de vidro com um grito bem colocado.
Paul Bruce Dickinson (ele sempre preferiu usar o segundo nome, mesmo quando criança)
teve seus primeiros contatos com o showbusiness logo depois de entrar na faculdade, através do
grêmio estudantil, ajudando a organizar apresentações de bandas por lá. Um pouco depois entrou
como cantor num conjunto local. "Eu queria tocar bateria" - contaria ele mais tarde - Mas eu nunca
tive o dinheiro para comprar uma. - O destino não deixaria Bruce cair no anonimato nem nesses
primeiros tempos. Logo uma apresentação com o grupo acabou virando notícia no jornal local. Não
tanto pela música, que ainda tinham muito a aprender, mas pelo fato de terem sido atacados em
pleno palco por um cidadão que morava por perto e tinha sido acordado por eles. "Ele acertou uma
garrafa no guitarrista e chutou o kit da bateria fora do palco. Então eu o ataquei com uma cadeira".
- relembra Bruce.
Nos tempos de faculdade, Bruce cantou em duas bandas: no Speed, que tinha teclados e
faziam um som estilo Stranglers e no Shots, que era um pouco mais pesado e com quem
excursionaria durante boa parte de 1978. Seus exames finais na faculdade puseram uma pausa na
carreira com o Shots. Pouco depois seria chamado por Paul Samson, que o tinha visto se
apresentar na Soundhouse (sempre lá). Assim, depois de fazer sua última prova da faculdade na
parte da manhã, Bruce passou a tarde ensaiando com o Samson. Ele ficaria com eles durante dois
anos e meio, gravando três LPs (entre eles o bom Head On). O apelido Bruce Bruce foi dado pelo
empresário e se referia a um personagem famoso do grupo de comédias Monty Python. Bruce até
recebia seu pagamento em cheques com esse nome.
Mas logo ficou claro que as idéias musicais entre Paul e Bruce iam por linhas divergentes.
Samson seguia pelo lado do blues mais tradicional, enquanto que Bruce era obviamente um cantor
de HM. Assim, a saída não foi tão difícil no ponto de vista artístico. Infelizmente os processos legais
de separação foram muito mais complexos: houve a quebra da gravadora do Samson, a Gem
records e má administração dos negócios da banda. Essa confusão legal impediu que Bruce
pudesse incluir alguma canção sua no seu primeiro ano no Maiden.
Assim que sua entrada na banda foi tornada oficial, eles partiram para a Itália para fazerem
quatro apresentações por lá, apenas para testar a reação da platéia e deixar Bruce se acostumar.
Todos os shows lotaram, o público ficou doido como sempre e ninguém parecia notar alguma
diferença. Londres seria um teste mais duro. A banda tinha agendado um show no Rainbow, com o
Praying Mantis abrindo. Naturalmente, Bruce se deu muito bem. Claro, teve aqueles retrógrados
que gritaram de vez em quando um "Tragam Di'Anno de volta!", mas a maioria reconheceu que
estavam diante de um grande cantor e aprovou. Depois do show foi dada uma festa pelo Pão-Duro
Smallwood em que Paul Di'Anno esteve presente, provando que não havia mais ressentimentos.
Dessa forma, 81 se fechou como um ano de mudanças e muita, muita batalha na estrada.
Mas foi altamente recompensador em termos de carreira: mesmo com más críticas e muito por
causa dos excelentes shows, Killers chegou ao top 10 de vários países: Inglaterra, França,
Alemanha, Japão, Suécia e Bélgica (chegou ao número 80 nos Estados Unidos). E disco de ouro
no Canadá, Inglaterra e Japão. Na França se tornou disco de ouro duas vezes. Nada mal. Mas o
melhor ainda estava por vir...
1982 entrou com a banda gravando seu terceiro LP na carreira e o primeiro com o novo
vocalista. E as coisas começaram de forma bem negativa nos estúdios Battery, em fevereiro.
Segundo Bruce, os equipamentos pareciam enlouquecer, com luzes acendendo e apagando a todo
o momento sem nenhuma razão aparente, com a aparelhagem de gravação deixando de funcionar
e ruídos estranhos ocorrendo com amplificadores e instrumentos da banda. Parecia que o grupo
tinha mexido com o oculto, como numa das músicas que gravariam por lá e que daria o nome ao
novo disco: The Number Of The Beast (como boa parte das canções de Steve Harris, baseado
num filme: Omen II [no Brasil: A Profecia 2]).
Como se para confirmar tal loucura, o produtor Martin Birch teve um acidente de trânsito
quando dirigia-se para o estúdio numa noite. O motorista do outro carro era um fanático religioso e
a conta do mecânico foi 666,66 Libras! Embora pareça uma das várias histórias para promover
discos, todos os envolvidos garantem que é verdadeira (tanto as biografias oficiais quanto o
documentário Twelve Wasted Years o mencionam como fato): "Aquilo mexeu com a gente e o
Martin ficou apavorado." Relembra Steve Harris "Ele fez com que o pessoal arredondasse a conta
para 667 libras!"
Apesar de todos esses incidentes bizarros e inexplicáveis, o álbum resultante seria um triunfo
e catapultaria definitivamente o Maiden para seu lugar como os reis do novo Metal. Um sinal de
que as coisas seriam bem maiores ficou claro quando a banda lançou o primeiro compacto
resultante das gravações com a música 'Run To The Hills': nele estava provado que o novo cantor
era simplesmente sensacional e que possuía uma técnica e potência à altura do muro de som que
Harris & co estavam elaborando.
Como prova, o disco chegou ao número 7 nas paradas de compactos, mesmo com a habitual
recusa das rádios de tocar o estilo. Foi a primeira vez que a banda conseguia chegar tão alto em
termos de singles. O vídeo que a banda fez para promover o disco também ajudou a torná-los mais
conhecidos nos Estados Unidos, já que agora existia a MTV e a necessidade de novos vídeos
ainda fazia passar por cima de velhos preconceitos. De qualquer forma o clip da banda mostrava
bem que a turma tinha humor, alternando cenas deles no palco e extratos de uma velha comédia
de Buster Keaton, tornando mais leve a música, cuja letra amarga falava do massacre que os
brancos perpetraram aos índios americanos.
Mas se o compacto já era muito bom, o LP resultante era simplesmente o máximo. Quando foi
lançado no dia 22 de março o disco estabeleceu novos parâmetros para o Heavy Metal. Os críticos
que temiam que a banda estivesse ficando sem inspiração e que tinha esgotado todas as suas
fichas nos dois primeiros discos, ficaram estupefados. A nova fornada de músicas era espetacular:
Não tendo mais material antigo para utilizar, as novas composições vieram mais maduras, mais
ousadas e com uma nova perspectiva, por causa do vocal mais técnico e poderoso de Bruce
Dickinson. Da primeira faixa à última (e principalmente a última, a sen-sa-cio-nal Hallowed Be Thy
Name), ninguém tinha dúvidas de que se tratava de um clássico absoluto, tão ou mais
surpreendente quanto ao magnífico disco de estréia. The Number Of The Beast lançaria o grupo
definitivamente no cenário mundial (leia-se, Estados Unidos).
Até a capa, uma obra-prima, contribuiu, embora não fosse específica. Derek Riggs a tinha
desenhado com intenções ao compacto Purgatory, mas a banda gostou tanto do desenho que
resolveram deixá-la para o LP. Purgatory então recebeu um outro desenho (uma figura do diabo
apodrecendo para se transformar no Eddie) e foi o menos bem sucedido single da banda,
chegando só ao número 46 das paradas, fato esse talvez explicável por já se incluir no LP Killes,
que todo fã já tinha comprado.
A crítica especializada amou The Number Of The Beast e o colocou no seu devido lugar: um
disco tão importante e renovador para os anos 80 quanto In Rock do Deep Purple tinha sido para
os anos 70 (uma comparação para grupo de HM nenhum botar defeito). E, só para confirmar, o LP
foi direto ao topo da parada inglesa, chegando ao primeiro lugar e ficando lá por duas semanas.
The Number Of The Beast bateu Killers em vendas em todos os lugares que foi lançado.
(Obs.: Curiosamente, Steve Harris não considera o disco tão bem assim. Segundo ele mesmo
as gravações foram muito corridas, não deu tempo para polir melhor as músicas e que se
arrepende de não ter substituído a faixa Gangland por Total Eclipse – que acabou sendo o lado b
do compacto Run To The Hills – e de não ter algo melhor do que Invaders para abrir o disco.
Imaginem o que seria esse clássico se ele tivesse tido tempo para essas melhoras!)
A banda ficou sabendo das boas novas quando estavam indo da Suíça para Paris e o ônibus
tinha quebrado no meio do caminho. Como os roadies já tinham ido na frente para montar o
equipamento, o pessoal do Maiden não teve outra alternativa a não ser sair fora e começar a
empurrar. Tony Wiggins se lembra da ocasião: "Então lá estavam aqueles caras, cujo álbum tinha
chegado ao topo das paradas da Inglaterra, empurrando o ônibus para ver se ele pegava. E
ninguém pensou duas vezes antes de fazê-lo. Não houve reclamações, ninguém entrou numa de
superstar. Depois que o ônibus voltou a funcionar todo mundo voltou a seus lugares como se nada
tivesse acontecido."
Isso aconteceu, claro, na parte européia da "Beast On The Road 1982" , a segunda tournê
mundial do Maiden, que iniciou-se em fevereiro e iria até o dia 20 de dezembro daquele ano,
cobrindo nada menos do que 18 países e um recorde de 180 apresentações! Foi nessa época que
o importante jornal New Musical Express pediu uma entrevista. Vale dizer que o referido tablóide
detestava (e provavelmente ainda detesta) rock pesado, sendo formado principalmente por elitistas
que nunca viram o HM como algo a se considerar seriamente.
Rod concordou, mas com a condição de toda a entrevista ser na forma de perguntas e
respostas (para não haver interpretações por parte do entrevistador) e que estariam na primeira
página. Relutantemente o jornal aceitou e mandou um dos mais hábeis entrevistadores que
possuíam, na certa esperando encontrar pessoas que não estariam à altura das perguntas. E o
cara começou logo com as provocações perguntando sobre a "complacência moral e intelectual"
das músicas. Acontece que ele trombou de frente com Dickinson e Harris, inteligentes e
articulados, que viraram o jogo a seu favor. Eddie apareceu assim na capa do NME e a entrevista
ajudou a abrir muitas cabeças para o novo Metal.
ANDY TAYLOR
Nessa tour Andy Taylor, sempre parceiro de Smallwood, ainda não envolvido diretamente
com o Maiden, entrou como co-empresário de forma integral. Andy e Rod são completamente
diferentes: Rod mais parece um membro da banda: cabeludo, sempre usou jeans, tênis e
camisetas da banda, além de ser famoso pelo humor. Andy, ao contrário, sempre pareceu o típico
executivo inglês: alto, gorducho, quase totalmente careca, de óculos e sempre vestindo terno e
gravata. Rod é um fã de Heavy Metal, enquanto Andy prefere músicas mais leves para ouvir no
carro.
Curiosamente a dupla sempre se deu muito bem, unindo forças e provando que os opostos
podem agir para o bem comum (e fazer uma fortuna juntos!). Ambos demonstram um recíproca
admiração mútua e, como Rod gosta de lembrar, as aparências enganam: "Andy é um grande cara,
sempre foi. Tem uma mente brilhante e cheia de surpresas". Andy Taylor foi ver o Maiden pela
primeira vez num show em Newcastle, 1980. Ele apareceu na apresentação de terno e foi parado
pelo porteiro, que perguntou se ele sabia quem iria se apresentar ali. Andy Taylor respondeu que
sim, que sabia. - Oh - retrucou o porteiro - É que não vem muita gente de terno aqui. - Taylor então
disparou essa: "O que demonstra mais ou menos que tipo de relação eu tenho com a banda." Uma
das primeiras providências que Taylor cuidou logo que assumiu sua nova função foi tratar de
acabar com a pirataria que se espalhava como uma praga envolvendo todo o merchandising da
banda. O Maiden tinha orgulho de vender apenas material de alta qualidade para os fans.
A turnê européia foi um sucesso absoluto: embora fosse a primeira vez que fossem à
Espanha, isso não os impediu de conseguirem lotar as três noites seguidas que deram em estádios
de 8.000 lugares. França, Alemanha, Holanda, Bélgica, Suíça, seguiram-se antes do grande
desafio: Os Estados Unidos. Principalmente porque a banda ganhou a fama de satanista por causa
da capa e do conteúdo da música The Number Of The Beast. A maioria dos americanos parecia
não ter prestado a mínima atenção de que somente aquela canção podia ser considerada de teor
demoníaco, e ainda assim era baseada apenas num filme. Harris teve que gastar muita saliva em
entrevistas para tentar esclarecer o óbvio: o Maiden não tinha uma linha de pensamento fixa, nem
eram adoradores do diabo. Levou muito tempo para conseguirem mudar essa imagem errônea na
terra dos yankees.
Um segundo compacto, com a faixa-título, também chegou ao Top 20 das paradas inglesas.
O vídeo que vincularam para a música também ajudou e, pela primeira vez, um Eddie de mais de
três metros de altura fez sua primeira aparição. Uma pena que o fizessem numa época de
Margaret Thatchers e Ronald Reagans: a parte do Eddie foi editada do vídeo, depois que cidadãos
conservadores o acharam muito assustador para aparecer na MTV.
Nos Estados Unidos o Maiden abriu shows do Rainbow e do 38 Special, para depois, na
condição de 'convidados especiais', dividirem o palco primeiro com os Scorpions (com o Girlscholl
na abertura) e depois com o Judas Priest. Para variar, os shows foram excelentes, com o Maiden
dando muito trabalho para as outras bandas se equipararem ao seu espetáculo. De nota vale
mencionar uma partida de futebol, para relaxar, entre os alemães do Scorpions e os ingleses do
Iron que, depois de um jogo muito disputado, terminou num cavalheiresco 0 X 0. Em alguns shows
o Maiden tocou na frente de 57.000 (Oakland) e 75.000 (Anaheim) pessoas.
No Canadá, assim como todos os outros países fora os EUA, o Maiden foi a atração principal.
Naquele país do norte o novo LP tinha ganho disco de platina e o pessoal do grupo ficou muito feliz
em saber que as rádios por ali não tinham tanto preconceito contra Heavy Metal quanto seus
vizinhos americanos. Em Quebec tocaram em um estádio com capacidade de 9.000 e o lotaram,
apesar da população ser muito menor do que nos Estados Unidos.
De volta aos EUA, novos problemas com o velho assunto: o pessoal da God Squad (Patrulha
de Deus) no Arkansas queria que o disco tivesse tarjas avisando sobre a natureza satânica do
conteúdo. "As pessoas levaram isso tudo muito além da conta". Reclamou Steve Harris numa
entrevista. "Eles acham que se trata de um álbum sobre um tema e isso obviamente não é o caso.
Há apenas duas faixas sobre o assunto e as duas são claramente escapistas".
Na mesma entrevista ficou claro que Steve não parecia saber ou se importar com a enorme
proporção do sucesso e da fama que o Maiden havia atingido. Para ele as coisas continuavam as
mesmas e se considerava um fã de rock, mesmo tendo mais projeção do que as bandas que o
inspiraram. "É esquisito." Admitiu Steve "Eu ainda gosto destas bandas e pagaria para vê-los tocar,
mas eu me sinto estranho em poder encontrar com eles em termos de igualdade como um músico
ao invés de fã. Acho que é por isso que o Maiden se relaciona tão bem com os garotos. Eles
devem pensar: se eles podem nós também podemos. Isso faz o sonho ficar muito mais perto."
Harris saiu pela tangente quando perguntado porque tanta gente os compara com o Deep
Purple: "Eu não sei ao certo. Martin Birch diz que 'Innocent Exile' têm o mesmo feeling de 'Into The
Fire'. Ele trabalhou com eles, então ele deve saber." O entrevistador foi mais longe e tocou num
ponto sensível: teria Steve copiado o estilo de palco do baixista Pete Way do UFO? "Eu não quis
copiar o Pete." - Respondeu - "mas ele é o único outro baixista que eu posso me lembrar que se
comporta no palco como um baixista deveria. Eu sempre pensei que o baixista não deviam ficar ali
parados tocando no fundo do palco. Tocar baixo não faz esse efeito em mim - o baixo me faz
querer pular o tempo todo."
O Maiden só parou a sua turnê monstro para tocar no Reading Festival, na Inglaterra, o que
os fez viajar nada menos que 12000 milhas ida e volta só para um show! mas o festival era
importante, tão importante que Bruce admitiu estar "petrificado de medo" só com a expectativa. O
equipamento também não ajudou, com nenhum dos músicos conseguindo ouvir o que estavam
tocando. Mas foi um sucesso absoluto e serviu para solidificar a fama do Maiden na sua terra natal
ainda mais.
Assim que terminaram a turnê americana, que incluiu uma apresentação lotada no Madison
Square Garden (junto com o Judas Priest), os incansáveis rapazes partiram para a Austrália. Lá
foram recebidos como heróis (era a primeira grande banda inglesa a tocar lá desde o Rainbow seis
anos antes) e ganharam disco de platina (por The Number Of The Beast, que vendeu nada menos
do que 27 vezes mais do que Killers). Depois partiram para o velho conhecido Japão, mais outro
disco de ouro, antes de retornarem para casa para um merecidíssimo descanso. Três semanas
inteirinhas sem fazer nada antes de uma nova blitz de gravações e shows.
(Obs.: É justo contar aqui uma história engraçada para se conhecer a figura interessante do
empresário Smallwood. Bruce e sua namorada Jane chamaram Rod para uma ceia de Natal na
sua nova casa. Não contente em chegar tarde, Smallwood comeu o equivalente a três pessoas e
depois tirou um baralho para um joguinho de cartas, a dinheiro, com os convidados. Depois de
limpar cada centavo de todo mundo, levantou-se dizendo: "Com licença, tenho que ir, tenho um
compromisso" e saiu. Pela primeira vez, desde que entrou para o Maiden, Bruce Dickinson ficou
sem fala.)
PIECE OF MIND: A CONQUISTA QUE FALTAVA
1983 começou com uma má notícia para os fãs: Clive Burr saía da banda. Ele deu
declarações que estava saindo por 'razões pessoais‟ e que pretendia deixar o mundo artístico
permanentemente (Obs.: nem tanto. No ano seguinte ele formou o Clive Burr's Scape, que depois
passou a se chamar Stratus). Tudo indicava que sua saída foi amigável, chegando a receber o
recado de "Boa sorte, companheiro" na capa do Piece Of Mind. Mas não foi bem assim. Somente
muitos anos depois é que se soube que Clive havia tido problemas muito parecidos com os de Paul
Di'Anno. Na tour americana ele andou exagerando nas festas e nas bebidas e, conseqüentemente,
começou a tocar mal. Depois de avisado várias vezes - e continuar se excedendo - a banda teve a
dura tarefa de convidá-lo a se retirar. Tão dura que seu melhor amigo na banda, Adrian Smith,
sentiu que seria o próximo e tratou de moderar nas festas. "Eu ainda me divertia muito, mas parei
de me "socializar" tanto nos dias de apresentações. Além disso, eu estava cansado de subir no
palco com dor de cabeça". Clive Burr até hoje se recusa a falar sobre o assunto. Todos lamentaram
a perda de um músico tão talentoso, mas a banda não podia comprometer sua carreira por causa
de uma pessoa só.
Encontrar um substituto à altura não era coisa fácil (Burr chegou a ser votado na prestigiosa
Kerrang! como o terceiro maior baterista do mundo), mas o Maiden tinha em mente um cara muito
bom que tocava na banda francesa Trust. O Trust tinha aberto vários shows do Iron Maiden e
resolveram checar sobre aquele inglês.
Para a sorte geral, Michael 'Nicko' McBrain, tinha saído pouco antes do Trust e estava pronto
para começar outra. Ele era natural de Londres, bem humorado e tinha muita experiência, tocando
bateria desde os 12 anos com inúmeras bandinhas de colégio e algum trabalho de estúdio. Sua
primeira banda importante foi o Streetwalker, quando tinha 20 anos, antes de tocar com Pat
Travers. Foi Billy Day, do Streetwalker que criou seu apelido quando, caindo de bêbado, errou o
nome ao apresentá-lo a um chefão de uma gravadora: Neeko. O nome pegou desde então. (seu
apelido original era Nicky, desde criança, por causa de um ursinho de estimação. Ele mudou a
grafia para Nicko quando o adotou profissionalmente).
McBrain era um músico mais técnico e com uma pegada mais leve do que Burr, mas também
tinha uma energia inesgotável. Fã assumido do Maiden e desempregado, ele não perdeu a
oportunidade quando lhe foi oferecida a vaga. Mesmo adorando festas e sendo como ele mesmo
admite "O mister excesso em qualquer lugar", nunca deixou que isso afetasse sua performance, o
que muito surpreendeu o resto da banda através dos anos. Sua alegria contagiante e sua técnica
irrepreensível o fizeram perfeito para dar o show energético que Steve Haris havia desejado para o
Maiden. A dupla se transformou numa das cozinhas mais imitadas do Heavy Metal.
Logo no início de janeiro a banda foi para Jersey, uma das ilhas do canal da mancha, para
ensaios e composições tendo em vista o que seria o LP Piece Of Mind. A turma se instalou no hotel
Le Chalet durante cinco semanas, onde alugaram máquinas de vídeo games, uma mesa de sinuca,
outra de tênis de mesa e um jogo de dardos para tornar a vida tolerável naquele lugar frio e
cinzento. Steve em geral prefere trabalhar sozinho, na tranquilidade de seu quarto
(interessantemente ele costuma escrever suas músicas no baixo, daí resultando aqueles riffs
característicos). Já Dickinson e Smith costumavam escrever suas canções na sala de ensaios, com
amplificadores no talo. O Maiden sempre escreve tudo e faz os arranjos antes de ir ao estúdio.
Nenhuma de suas músicas é feita de última hora.
Martin Birch esteve lá nos últimos dez dias para conhecer o material. Derek Riggs também
apareceu para trabalhar a arte da capa. De Jersey a turma se mandou para Nassau, nas Bahamas,
para gravarem no Compass Studios. As gravações ocorreram de forma regular embora
enfrentassem dois problemas. Um era a constante queda de energia cada vez que chovia. Por
pouco as fitas de Piece of Mind não foram apagadas num desses blecautes. Outro era a falta de
dinheiro: a banda descobriu que lá os cartões de crédito não eram aceitos. Era difícil obter ordens
bancárias, que demoravam demais. Assim, com as últimas cinquenta pratas que dispunham,
apelaram para as lendárias habilidades de Rod Smallwood nas cartas para conseguir alguma
grana. Os membros da banda contam que durante seis noites em seguida ele foi ao Cassino com
50 dólares e voltava com 300! Seis noites em seguida!
O disco que sairia dessas sessões teria a capa mais elaborada de todas até então: Um Eddie
lobotomizado, mas raivoso, arrebentando a camisa de força numa cela acolchoada. A capa abria
com uma fantástica foto da banda na mesa, pronta para o jantar (um cérebro, cru, com salada).
Todos os rapazes tomando vinho, exceto Harris, fiel à sua cervejinha.
A turma resolveu dar o troco aos fanáticos religiosos americanos mandando mensagens
"secretas": na contracapa do LP a citação de um trecho das revelações da Bíblia está alterado,
com a palavra brain (cérebro) ao invés de pain (dor). Quase ninguém notou na época (o que prova
que esse pessoal religioso não presta a devida atenção). Outra foi gravar uma mensagem de trás
para frente (entre The Trooper e Still Life, no lado b), com esperança que os otários religiosos
perdessem tempo tentando entender o que queria dizer. De fato, Nicko McBrain era quem falava
umas bobagens concluindo com a frase: "Don't Meddle Wid t'ings you don't understand" (“Não
mexam com coisas que vocês não entendem"). Steve & cia esperavam que muitos desses caras
estragassem seus toca-discos forçando-os a tocarem de trás para frente.
Antes do lançamento do LP, marcado para maio, um compacto com a música "Flight Of
Icarus" foi lançado. Boa parte dos fãs estranhou: a música era muito "comercial", muito parecida
com várias bandas de metal farofa, que começavam a infestar os EUA. É certo que ao vivo ela
ficava mais pesada e ganhava alguma vida extra, mas era bem mais 'soft' que todo o material
lançado antes em compacto. Foi o primeiro single deles nos Estados Unidos e apesar de ter seu
lado comercial, não tocou nas rádios, para variar. Na Inglaterra chegou ao número 11. Talvez por
causa dele, o LP entrou no número 3 das paradas inglesas ao invés de ser um número 1.
Piece Of Mind é um excelente disco com algumas canções memoráveis: 'Where Eagles Dare'
era um épico com as guitarras propositadamente soando como metralhadoras e, acredite se quiser,
levando apenas dois takes para ficar pronta. 'Revelations' seguia a linha de 'Children of The
Dammed' e era tão boa quanto. 'The Trooper', 'Die With Your Boots On' e 'Still Life' eram brilhantes
canções, cheias de energia e maravilhosamente executadas. Apenas 'Sun and Steel' e 'Quest For
Fire', meio fracas, não estão à altura das outras, enquanto que 'To Tame A Land', ainda que
musicalmente excelente, não conseguiu ser muito convincente na letra (sejamos justos: como
sintetizar um livro complexo, de mais de 500 páginas, como 'Duna' numa música de pouco mais de
7 minutos?).
Ainda que não tivesse o impacto nem a musicalidade revolucionária do The Number Of The
Beast, Piece Of Mind seria o disco que abriria definitivamente as portas do Maiden para os Estados
Unidos (Talvez por isso Steve Harris viva dizendo que prefere a ele do que The Number Of The
Beast). A revista Circus e outras publicações americanas anotaram como as músicas desse disco
eram menos "virulentas" do que as anteriores, o que provava a notável ignorância dos críticos
americanos ao material do Maiden desde o princípio.
A 'World Piece 83' Tour começou em 2 de maio na Inglaterra. No final do mesmo mês eles
começaram o que seria sua primeira tour pelos Estados Unidos e Canadá como atrações
principais. Era um passo audacioso, principalmente se levarmos em conta que as rádios
continuavam boicotando o Maiden como sempre. Mais desafiadoramente ainda era o fato de Rod e
a banda deixarem para lá lugares menores e partirem logo para estádios. Também já levavam seu
próprio equipamento de som, o que facilitava uma qualidade mais regular nos shows.
E, como a fortuna sorri aos audazes, eles conseguiram de novo. Lugares como Seattle, em
junho (12.000 lugares), Long Beach (14.000) e San Antonio no Texas (15.000!) tiveram lotação
esgotada, provando de vez que o Metal tinha um público muito maior do que se imaginava, e a
mídia queria. Nessa primeira fase da tour o Maiden teve como abertura o Fastway, e o Saxon como
convidado especial. Depois Saxon saiu e Coney Hatch assumiu a abertura.
Mas a tour não foi só um sucesso em termos de estádios lotados: Piece Of Mind entraria na
parada da Billboard no dia 2 de junho na posição número 127. Em oito semanas, subiria até chegar
à 15ª posição. Lá ficaria durante 5 semanas chegando a subir mais um ponto, o número 14.
Ganharia o disco de ouro depois de dez semanas. O sucesso foi tão grande que trouxe até o 'The
Number Of The Beast' de volta às paradas, onde voltou no número 79 e também virou disco de
ouro. Ao final desse tour The Number Of The Beast se tornaria disco de platina, tendo ficado nas
paradas durante 43 semanas.
O Maiden voltaria a Londres no final do ano para umas rápidas férias (e o casamento de
Steve Harris no dia 29 de dezembro) antes de encararem o habitual estúdio para escreverem e
ensaiarem as novas músicas no estúdio Le Chalet. Depois partiram para para Nassau de novo,
onde gravariam no Compass Studios e no The Waterloo, sempre com Martin Birch produzindo.
Apesar da capa, mais 'simpática' e menos agressiva de todas até então (o Eddie como o deus
egípcio Horos não convence mesmo. Muito menos assusta), o conteúdo era pura adrenalina. Muita
gente esperava que o Maiden fosse suavizar seu som depois de Piece Of Mind, mas não podiam
estar mais enganadas. Nada de canções 'fáceis' como 'Flight of Icarus': Powerslave era heavy
metal em estado bruto do início ao fim, sendo um bloco de sons de difícil assimilação no início.
Músicas como '2 Minutes To Midnight', 'Aces High' e a faixa-título (realmente impressionante)
se tornariam clássicos absolutos, com a banda ainda mais entrosada, coisa que parecia
impossível. 'Rime Of The Ancient Mariner' era uma extensão lógica das longas faixas épicas de
Steve Harris, mostrando influências do rock progressivo, que iria marcar os futuros trabalhos da
banda. Embora o restante do material não conseguisse seguir no mesmo nível (bem mostrado na
instrumental 'Losfer Words') 'Powerslave' foi para muitos o ápice da carreira da banda, que
ostentava um fôlego criativo muito acima da média de seus contemporâneos.
Foi também o "disco da moda" nos Estados Unidos, onde a banda consolidou de vez sua
carreira. Nunca mais deixariam de ser a atração principal, onde quer que se apresentassem. O LP
tornou-se o segundo a vender mais de um milhão de cópias por lá, atingindo o décimo segundo
lugar na parada da Billbord. Na Inglaterra só não chegou em primeiro por conta de uma coletânea
que segurou-os no segundo posto.
O disco chegou em boa hora, já que muitos críticos insistiam em dizer que o Metal tinha se
esgotado e já dera tudo que podia no início da década. Numa época em que a guerra fria havia
voltado com toda a força e o conservadorismo da chamada 'era Reagan' imperavam, o
anticonformismo e as letras críticas do Heavy Metal não eram bem vindas de jeito nenhum. Já
haviam começado as infames campanhas pela 'moralização' das artes em geral e da música em
particular. O Iron viria provar que o Metal continuava vivo e bem. Ignorando os conservadores e
fanáticos religiosos, se lançaram à sua mais nova tour pelo mundo.
E a 'World Slavery Tour' seria ainda mais longa que as antecedentes: 300 apresentações em
13 meses, abarcando 28 países no processo. Poucas, muito poucas bandas tão bem sucedidas
aguentariam e manteriam a qualidade de som num período tão longo e estafante. Para a sorte dos
brasileiros, o grupo concordou em se apresentar no Rock In Rio, apesar do Brasil não estar no
programa inicial. Assim, nós sortudos tivemos a chance de ver a banda no auge, ainda que por
apenas um show.
SEM PAUSA PARA RESPIRAR
Por melhor que tenha sido a recepção do novo disco e a enorme demanda de ingressos para
ver "a última novidade" (nos Estados Unidos), esta quase foi a tour que acabou com o Maiden.
Bruce Dickinson sintetizou muito bem o sentimento geral com uma frase: "Esta foi a nossa melhor
tour e a nossa pior tour. Quase que nós terminamos de vez”.
A banda foi para a estrada levando um cenário ao mesmo tempo simples e impressionante,
que ganhou a aprovação geral da banda, pois servia para qualquer ambiente. Os próprios
membros do Maiden consideram que foi o cenário mais bem sucedido deles até hoje e quem viu o
sensacional vídeo "Live After Death" (dirigido com rara competência por Jim Yukich) pode conferir.
Os shows foram um 'must' para o verão de 1985, onde a banda desfrutava uma fama sem
precedentes nos EUA. Todo mundo parecia querer ver a "última moda". Powerslave tornou-se o
disco que todo mundo tinha, mesmo que nunca comprassem outro LP do Maiden, como Bruce
comentou tão acertadamente. Com isso a demanda para shows extras aumentou de forma
assustadora, obrigando a banda a aguentar um esquema ainda mais pesado do que vinham
enfrentando até então.
O número de apresentações foi crescendo tanto que Bruce teve que, literalmente, chegar até
Rod e ordenar que parassem ou "eu teria pulado fora. Eu acho que foi a primeira vez que eu
realmente pensei em cair fora - e não digo só do Iron Maiden, mas desistir até da carreira musical.
No final daquela tour eu estava me sentindo como se fosse só uma parte da maquinaria, assim
como os fios do equipamento de luz."
Adrian Smith confirma a dureza: "Parecia que ia continuar para sempre... seis meses, tudo
bem... nove meses, tudo bem. E então era estendida. (...) Você perdia o ano inteiro, perdia contato
com as pessoas... eu me lembro de quando eu fui visitar meus pais quando voltamos para a
Inglaterra e eu bati na porta errada! Sério!"
Até mesmo os incansáveis Nicko McBrain e Steve Haris acharam que a coisa estava fora de
controle e deram um basta para Rod Smallwood que, sendo um ex-agente, parecia achar que
estava mantendo todo mundo feliz enchendo a agenda com novos compromissos.
Da tour resultou o primeiro 'verdadeiro' álbum ao vivo do Maiden: "Live After Death". Um
impressionante álbum duplo gravado no Long Beach Arena, durante duas noites das quatro em
que tocaram por lá durante a World Slavery tour. Ao contrário da maioria dos discos ao vivo, esse
não possuía nenhuma regravação ou melhoria feita em estúdio, como é de costume. Foi gravado
quase todo direto num único show, o que o torna ainda mais raro. "Nós queríamos um verdadeiro
disco ao vivo, porque é isso que somos, afinal de contas. Uma banda ao vivo”. - Disse Steve Harris
na época. Até mesmo o vídeo foi todo filmado usando apenas dois shows, sendo que apenas umas
poucas partes do segundo foi usado na edição final, a fim de que o público tivesse uma boa idéia
do que seria uma apresentação verdadeira da banda.
O sucesso tanto do álbum (o terceiro a virar disco de ouro em seguida nos EUA) quanto do
vídeo, deu o necessário descanso para que a banda se recuperasse da estafante maratona. Mas
os efeitos dessa loucura continuariam a afetar a banda por muito tempo ainda no futuro, atingindo
principalmente Bruce Dickinson.
A pausa que deveria durar seis meses acabou sendo de apenas quatro. Logo a banda estava
preparando material para gravar seu sexto álbum de estúdio. O disco mostraria bem a divisão em
que a banda se encontrava internamente: enquanto Steve, Adrian e Dave se atiravam de cabeça
na mais avançada tecnologia das novas guitarras sintetizadas, Bruce estava interessado em fazer
algo mais acústico. Suas composições acabaram rejeitadas pelos outros, embora neguem que
fosse pelo fato de serem acústicas. Para piorar a situação, Adrian Smith voltou a escrever suas
próprias letras durante as férias. O resultado foi que nenhuma composição de Dickinson entrou no
novo disco. Adrian também teve uma música sua, Reach Out, ejetada do álbum por ser muito pop
("parecia Bryan Adams" comentou Martin Birch), sendo aproveitada apenas como lado b de um
compacto.
Somewhere in Time foi o disco mais caro que a banda já tinha gravado até então. Baixo e
bateria foram gravados em Nassau, guitarras e vocais na Holanda e a mixagem final foi feita em
Nova York. Tudo feito sem pressa e com muito cuidado, com a preciosa ajuda de Martin Birch,
claro. O resultado foi um disco espetacular, com grandes clássicos do Maiden, como Heaven Can
Wait, a faixa-título, e Wasted Years, enquanto Alexander the Great continuava a linha de grandes
épicos de Steve Harris. A levada de baixo meio funk de Stranger In A Strange Land era outra
surpresa. A capa também é uma obra-prima e revela muito do conteúdo do disco: num cenário
futurístico, bem à Blade Runner, um Eddie meio máquina, meio humano, liquida um adversário
usando armas de raios, enquanto a banda os observa ao longe.
A recepção do novo trabalho não foi unânime: a crítica se dividiu, uns elogiando a audácia
dos músicos e sua tentativa de estender os horizontes do Heavy Metal, outros execrando a
"sofisticação excessiva" do disco. Comercialmente, no entanto, foi o LP mais vendido até então,
tendo ultrapassado a barreira dos dois milhões de cópias só nos Estados Unidos (alcançou o
número 3 nas paradas britânicas). A tour que se seguiu também foi altamente bem sucedida, além
de cuidadosamente planejada e, graças a isso, muito menos stressante que a anterior. Ainda
assim, Bruce não engoliu totalmente a rejeição de suas composições, embora tivesse escondido
bem seus sentimentos na época.
O sétimo álbum do Iron Maiden foi, ao mesmo tempo, um triunfo e uma polêmica. Deve-se
apontar aqui que os tempos haviam mudado muito em relação ao Metal. Depois do sucesso
imenso a partir do início dos anos 80, muitas bandas que pouco ou nada tinham a ver com o estilo
passaram a ser chamadas de metal apenas para aproveitar a moda. Assim, grupos "fabricados"
ganhavam a mídia, em geral fazendo um som mais comercial, com letras mais leves e visual mais
colorido (as famosas bandas "farofas"). A reação do verdadeiro Metal foi radicalizar totalmente,
com bandas de Black Metal, Speed Metal e Trash. Qualquer um que não fizesse um som rápido,
violento e cru era tido como vendido. O som do novo Metal fazia a música do Maiden parecer,
como o próprio Steve Harris comentou, "quase comercial".
Nada mais injusto. O novo disco, Seventh Son Of A Seventh Son, era ainda mais sofisticado
do que Somewhere In Time, com o uso extensivo de teclados na maioria das faixas. Era pesado e
melódico como tudo que o Iron Maiden havia feito antes, mas as influências de rock progressivo (o
primeiro amor de Steve Harris quando começou a gostar de música) ficaram mais evidentes. Na
época muita gente pensava que o uso de teclados era um pecado imperdoável para uma banda de
Metal. Na verdade o Iron Maiden esta um pouco à frente do seu tempo e o disco antecipava a rica
combinação de Progressivo com Metal, que geraria tantas bandas importantes nos anos 90.
Gravado na Alemanha, no Musicland Studios, entre fevereiro e março de 1988, o disco seria o
primeiro desde The Number Of the Beast, a atingir o primeiro posto da parada britânica. Apesar de
toda a polêmica por causa do novo som, foi também dele que saíram os compactos mais bem
sucedidos da carreira do Maiden, sendo que um deles, Can I Play With Madness, chegou ao
terceiro posto da parada e, mais incrível ainda, lá ficou por três semanas. Foi o LP que mais
vendeu na discografia do Maiden em termos mundiais. Só nos Estados Unidos o disco vendeu
menos ("apenas" 1,2 milhões de cópias). Steve Harris têm frequentemente comentado ser este um
de seus discos favoritos. De fato, ele possui um belo número de grandes músicas como a Infinite
Dreams, The Clairvoyant e The Evil That Men Do (as duas últimas também chegaram ao top ten da
parada inglesa). O disco quase todo falava sobre a vida após a morte e temas espirituais, mas os
membros garantem que, assim como Somewhere... “tinha uma temática sobre o tempo, tudo não
passou de coincidência, que nada foi planejado”.
A tour que se seguiu foi igualmente bem planejada e mais calma (mas ainda assim carregada:
25 países em 7 meses). Steve Harris, casado e então pai de duas meninas até deu um jeito de
carregar a família a partir dessa excursão. Também foi a primeira vez que tiveram um músico de
fora dando força, o tecladista Michael Kenney. Kenney, um americano, na realidade era um velho
conhecido da banda tendo sido contratado por Steve Harris desde 1979 como o técnico
responsável por seu equipamento. No palco ganhou o apelido de The Count (O Conde), por conta
de uma ridícula capa escura que usava nas apresentações.
Surpreendentemente, começaram a tour nos Estados Unidos para depois irem para a
Inglaterra. Isso porque a banda estava orgulhosa de ser a atração principal no maior festival de
rock do mundo o Castle Donnington (que havia superado em prestígio o até então inabalável
Reading Festival). Tocaram encerrando a noite depois de Kiss, David Lee Roth, Megadeth, Guns
N'Roses e Helloween. Foi uma noite apoteótica: Por quase duas horas 100.000 fãs cantaram com
o Maiden seus maiores clássicos (o maior público já registrado no evento, antes ou depois daquela
noite), ficaram encantados com a chuva de fogos de artifício no final e continuaram pulando e
aplaudindo uma boa meia hora depois que o Iron deixou o palco. Infelizmente a banda ficou
arrasada ao saber que dois fãs haviam morrido sufocados na lama depois de uma forte chuva
durante a apresentação do Guns. A imprensa sensacionalista se aproveitou disso: futuros festivais
foram muito cerceados e tiveram um limite fixo de público determinado pelas autoridades.
Mesmo abalados, os membros do Maiden deram prosseguimento à tour britânica, que deu
muito certo. Tão certo que um dos shows, gravado no NEC de Birmingham, virou um dos melhores
vídeos de rock de toda a história, o Maiden England. Steve co-dirigiu e editou o vídeo, que foi
aclamado por críticos e fãs como ainda melhor do que o clássico Live After Death. Foi também uma
das fitas de vídeo mais vendidas no ano de 1989. O que ninguém sabia era que aqueles shows na
Inglaterra seriam os últimos com Adrian Smith.
PROJETOS PARALELOS
Oficialmente, 1989 era para ser um ano de "folga" para as atividades da banda, mas os
eventos acabaram modificando esta expectativa. Steve Harris se trancou em estúdio para fazer a
edição do que viria a ser o vídeo de Maiden England, enquanto Dave Murray cuidava de arranjar
residência no Havaí, com sua mulher Tamara. Nicko McBrain então resolveu fazer umas jams com
Adrian Smith. Estas jams evoluíram para algumas pequenas apresentações com músicos
convidados em bares locais. Depois Adrian resolveu aproveitar músicas suas que não seriam
gravadas pelo Maiden para lançar seu próprio projeto solo chamado ASAP (as inicias de Adrian
Smith Album Projects).
A idéia foi aprovada por Rod Smallwood que via com bons olhos o plano de promover um
membro do Iron nos Estados Unidos e assim conseguir alguma publicidade extra para o grupo.
Mas, apesar de ter conseguido até mesmo um grande adiantamento da EMI, o disco foi um
fracasso total. Nem uma série de entrevistas, nem uma pequena tour promocional (com o filho de
Ringo Starr, Zak, substituindo Nicko) conseguiram atrair interesse. - Aquele material não era
pesado o suficiente para fãs do Metal - Explicou o guitarrista. - E o fato de eu pertencer ao Maiden
não me ajudou a entrar em outros mercados.
Já a tentativa solo de Bruce Dickinson teria outro caminho e mudaria os rumos da banda dali
em diante. Tudo aconteceu meio por acaso quando Rod estava procurando alguém para escrever
o tema do filme Nightmare On Elm Street - part 5 e perguntou a Bruce se ele tinha alguma coisa.
Bruce mentiu dizendo que sim, achando que isso seria uma boa oportunidade para dar uma força a
um amigo seu que andava sem emprego e deprimido: um guitarrista descendente de poloneses
chamado Janick Gers.
Janick já havia tocado com o antigo vocalista do Deep Purple, Ian Gillan, mas estava sem
trabalho há bastante tempo e pensando em desistir da música para voltar a estudar. Bruce o
conhecia de longa data e admirava seu talento. Ambos se encontraram pela primeira vez quando
Bruce cantava no Samson e Gers era guitarrista da boa banda White Spirit. Bruce achava que era
um desperdício alguém como Gers ficar parado e o chamou para fazerem uma pequena
apresentação ao vivo no Prince Trust, em 1988. Em seguida mostrou-lhe o novo tema para o filme.
Janick ajudou a acabar a música e ela foi aprovada para a película: a canção chamava-se Bring
Your Daughter... ...To the Slaughter.
A gravadora gostou tanto da música que sugeriu fazerem um álbum com material parecido.
Bruce achou boa a idéia de fazer algo diferente do Maiden e topou na hora, embora não tivesse
nenhuma outra coisa pronta. Em duas semanas fizeram tudo "as duas semanas mais rápidas da
minha vida" - diria Janick: entre originais e covers, Tatooed Millionaire, foi lançado e provou que
Bruce podia viver sem o Maiden. O cover de David Bowie "All The Young Dudes" chegou ao top 20
da Inglaterra. Bruce conseguiu mesmo arranjar uma mini-tour de quatro semanas nos Estados
Unidos com Gers, mais o baixista Andy Carr e o baterista Fabio Del Rio. Não tocaram nenhuma
música do Maiden, preferindo outras covers como 'Black Night' do Deep Purple e 'Sin City'
(AC/DC).
Curiosamente, a música que iniciou todo esse processo não está incluída em Tattoed
Millionaire. Quando Steve Harris ouviu a gravação gostou tanto que tratou de convencer Bruce a
incluí-la no disco seguinte do Maiden. Bruce naturalmente ficou com o ego massageado e topou.
Apenas a versão americana do disco do filme incluiu uma versão solo (com Janick Gers) de Bring
Your Daughter to The Slaughter.
MUDANÇAS RADICAIS
O disco seguinte seria gravado na Inglaterra (o primeiro desde The Number Of the Beast),
usando o estúdio móvel pertencente aos Rolling Stones, instalada num galpão ao lado da mansão
de Steve Harris, em Sussex, no início de 1990. Antes que as gravações começassem, no entanto,
aconteceu outra baixa no Maiden e das mais sérias: Steve Harris conta que a banda questionou
Adrian Smith, dizendo que ele não parecia feliz em estar no grupo. Adrian confirma que estava
chateado com a idéia de gravarem um disco "de volta às bases" ao invés do material mais
sofisticado que andavam fazendo nos dois discos anteriores.
Também tinha gostado de ter completo controle no seu projeto solo, de voltar a cantar e
compor todo o material. Sentindo que não estava 110% integrado no grupo (um pecado para Steve
Harris e que já havia custado o mesmo posto à Dennis Stratton), banda e guitarrista acharam
melhor não começarem disco e tour nesse clima. Adrian estava fora. Apenas uma música de Smith
entraria no novo disco (a diferente Hooks In You).
Como as gravações iam começar logo, Bruce Dickinson sugeriu o nome de Janick Gers para
o posto vago. Janick foi chamado, fez uma audição relâmpago (onde tocaram The Trooper, Iron
Maiden e The Prisioner) e deu tão certo que Steve Harris declarou que ele estava aceito e que as
gravações começariam no dia seguinte. Gers ficou pasmo, mas era verdade. No dia seguinte
começariam a gravar o novo disco do Maiden, intitulado No Prayer For The Dying.
Martin Birch estava produzindo novamente, mas o resultado foi bem diferente. Gravado rápido
e sem usar a vasta tecnologia dos dois anteriores, No Prayer For The Dying, soa como uma demo
bem produzida. O grupo tentou fazer o som sair mais ao vivo possível, como se fosse num show.
As críticas variavam muito, alguns gostando outros detestando, mas muito poucos adorando. Sem
dúvida houve uma grande perda com a saída do elegante estilo de Adrian Smith e sem tempo de
Gers se adaptar devidamente. Ainda assim o disco tinha seus momentos, com Steve Harris
escrevendo algumas de suas melhores letras. O lado progressivo também não ficou totalmente de
fora em canções como a faixa-título e Mother Russia. Outro destaque foi a hard rock esperto Holy
Smoke (com a letra descendo o pau nos pregadores televisivos), que chegou ao top 10 das
paradas inglesas em setembro de 1990. A grande surpresa, no entanto, foi Bring Your Daughter to
The Slaughter: seria o primeiro compacto da carreira do Maiden a atingir o primeiro posto na
Inglaterra, apesar da letra algo pesada com seu humor negro de filmes de terror. Fato ainda mais
extraordinário se levarmos em conta que a rádio estatal inglesa, BBC, se recusava a tocar o disco
em horários "familiares".
Lançado no dia primeiro de outubro de 1990, o novo disco alcançou o segundo posto da
parada inglesa e se deu bem no resto do mundo, exceto nos Estados Unidos, onde, apesar de
ganhar disco de ouro, vendeu apenas 500.000 cópias (uma queda considerável se levarmos em
conta os cinco discos de platina consecutivos anteriores). Os americanos andavam, como se veria,
recusando tudo que representavam os anos 80 em troca de um som mais largadão, produzido
basicamente em Seattle: o Grunge.
A banda iniciou nova tour, com um palco mais simples e básico, seguindo a nova filosofia
contida no disco. A boa surpresa para os fãs foi ver que Janick Gers era um animal no palco,
animadíssimo. Isso acabou contagiando o resto da banda e até o tímido Dave Murray. Mas o maior
desafio que a banda iria enfrentar em sua carreira ainda estava para acontecer.
Os anos 90 não foram bons para a turma que fez a fama na década anterior. O cenário Heavy
Metal estava sendo tomado pelas bandas trash (Metallica, Slayer, Megadeth, etc.) e a moda do
som Grunge (Nirvana, Perl Jam, Soundgarden) atingia não só os Estados Unidos, mas boa parte
do mundo. O hard rock e o metal tradicional começaram a ser encarados como "coisa
ultrapassada". Ricos e famosos, o pessoal do Maiden podia ter simplesmente pendurado as
chuteiras e viver de renda. Ao invés disso encaram as mudanças e foram em frente. Lançaram
Fear Of The Dark, em maio de 1992. Bem mais entrosados com Gers agora e com uma nova
fornada de canções fortes, o novo disco estreou no posto número um da parada britânica (a
terceira vez que a banda conseguia este feito). Pouco antes o potencial do novo disco era
mostrado com o sucesso de um single rápido e pesado: Be Quick Or Be Dead (chegou ao número
dois das paradas).
Para os fãs de longa data a novidade inicial era a capa: a primeira sem Derek Riggs. A banda
estava achando que o Eddie precisava ser renovado e por isso escolheram o desconhecido Melvyn
Grant para o trabalho. O resultado foi algo muito parecido com as anteriores, mas sem o humor
nem a classe de Riggs. "Era apenas nossa tentativa de fazer algo novo" Diz hoje Harris dando os
ombros.
O disco no entanto continha um bom material: doze faixas inéditas gravadas no novo estúdio
de Steve Harris, instalado em sua casa de Sussex. Com a nova tecnologia de CDs o grupo
resolveu aumentar no número de músicas. O resultado foi consideravelmente superior ao No
Prayer For The Dying, com músicas certeiras como Be Quick Or Be Dead, a épica faixa título, a
balançante From Here To Eternity e até uma balada, Wasting Love. Havia um pouco de tudo no
disco e parecia que o Maiden havia se acertado afinal na nova década. Só parecia. Para um bom
observador a letra de Wasting Love começava com uma frase que parecia dizer como andava o
espírito de Bruce: "Talvez algum dia eu me torne um homem honesto / Até agora eu estou fazendo
o melhor que posso..."
Mas havia pelo menos uma pessoa na platéia estranhando aquilo tudo: Adrian Smith. "Me
senti esquisito vendo a banda tocar músicas que eu escrevi e participei" - comentou Adrian. O
pessoal do Iron no entanto o chamou para a última música e tocaram juntos "Running Free". Pouca
gente então podia acreditar ou sonhar que aquela formação completa, com três guitarras, iria se
reunir de forma permanente muitos anos depois. Infelizmente o vídeo Iron Maiden At The
Donington Castle, que apareceria tempos depois com a espetacular apresentação, seria o pior de
toda a filmoteca do Maiden: cheio de efeitos esquisitos, muitíssimo mal dirigido, câmeras que
corriam de um lado para o outro , não parecendo saber o que filmar, cores entrando e saindo como
se o videocassete estivesse defeituoso. Lamentável.
A primeira parte da tour terminou no dia 4 de novembro, no Japão. A idéia era tirar dois
meses de férias, durante os quais Steve Harris cuidaria de fazer a mixagem do disco ao vivo e
lançá-lo a tempo de pegar a segunda parte das apresentações, no ano-novo.
INSATISFAÇÕES INTERNAS
Apesar do sucesso de Fear Of the Dark e do triunfo no Donington Castle. Bruce não andava
feliz da vida: "Eu estava entediado e desesperado para fazer alguma coisa diferente" e se ressentia
de "ter que me adaptar sempre aos moldes do Maiden". A situação não melhorou nada com as
férias forçadas por conta do trabalho de mixagem de Steve Harris. Bruce já tinha começado suas
atividades extra Maiden há algum tempo, lançando dois livros de ficção, praticando esgrima com
dedicação e trabalhando ocasionalmente em Rádio e TV como apresentador. Quando durante o
intervalo da tour recebeu um convite da Sony Music para fazer uma continuação de Tatooed
Millionaire, não foi preciso que pedissem duas vezes.
Fez algumas gravações na Inglaterra com os membros do grupo Skin atuando como
acompanhantes, mas achou que não ficaram boas. Bruce então se mandou para os EUA, indo
trabalhar com o produtor Keith Olsen, nas demos do que seria seu segundo disco solo, Balls to
Picasso. Segundo o próprio, Bruce andava decidido a fazer um disco diferente, explorar novos
sons e se arriscar mais. Depois que começou as gravações percebeu que suas idéias estavam
indo para muito longe de tudo que fazia no Maiden. Uma das faixas que gravou nessas sessões
"Original Sin", que falava sobre seu relacionamento com seu pai, se tornou um momento de
decisão para ele.
Vendo que não poderia dar tudo o que tinha no Maiden (e que este não iria mudar o seu som
por sua causa), achou que era hora de sair. Mesmo sabendo que era um tremendo risco tanto
financeiro quanto artístico, Bruce resolveu seguir seu caminho. Depois de muito pensar, contou a
novidade para Rod Smallwood, que tinha ido visitá-lo em Los Angeles. Rod decidiu que ele daria a
notícia aos outros.
Embora a decisão estivesse tomada, Bruce e a banda se viram numa situação difícil: e o resto
da tour? Praticamente todos os ingressos já estavam vendidos, as datas marcadas, locais
alugados, etc. Deveriam cancelar tudo e decepcionar os fãs? Segundo Steve Harris a proposta era
de que Bruce daria tudo na tour, sem problemas, se eles quisessem honrar os compromissos.
Embora a saída do vocalista não tivesse pego Steve totalmente de surpresa, a hora não poderia
ser pior: Steve estava passando por um processo de divórcio e andava muito deprimido. Chegou
mesmo a pensar em desistir de tudo e encerrar a carreira e banda quando soube da novidade
sobre o vocalista. Mas recebeu muito apoio do resto do grupo, especialmente de Dave Murray, que
segurou as pontas e o encorajou a continuar.
"Mas, mesmo assim, eu falei: como fazer a tour e olhar nos olhos do público, quando eles
sabem que há uma pessoa ali que não gostaria de estar ali?" Relembra Steve. Rod garantiu: 'Ele
disse que quer fazer a tour, vai dar tudo por ela e que deixará a banda no final. E que será um bom
encerramento‟. Steve acabou concordando mas, como ele próprio diria mais tarde: "Claro que hoje
eu me arrependo disso”.
O restante da tour foi um período difícil para todos, para dizer o mínimo: houve muita
polêmica sobre as atuações de Bruce. Segundo o pessoal do Maiden (menos Janick Gers) e várias
testemunhas, Bruce estaria se esforçando apenas em shows mais importantes, sendo que algumas
vezes nem cantava direito, simplesmente ruminando ao microfone. O tour manager Dickie Bell se
lembra: "Quando ele estava bem, ele era muito, muito bom. Mas quando ele estava mal, ele era
horrível. Ele nem se importava em cantar algumas partes, tanto quanto eu pude perceber. Bruce
era sempre o último a chegar para o show e o último a deixar o camarim para ir para o palco, o
que, pela minha experiência, era sempre um mal sinal. Eu comecei a achar, simplesmente, que a
hora tinha chegado para ele sair. Ficar por ali não estava fazendo bem a ninguém."
Bruce nega tudo, embora admita que ficou numa posição difícil, como frontman. "Eu não iria
colocar uma máscara de cara feliz. Provavelmente eu fui ingênuo em ter me colocado naquela
situação, mas eu estava tentando. Eu tentei o melhor de mim mas eu vi que não dava para ser a
mesma coisa. Em algumas noites, por mais que eu tentasse, realmente não dava. Um concerto de
rock deveria ser uma celebração e não um velório". O clima ficou tenso, com o profissionalismo,
Harris louco para torcer o pescoço de Bruce e o resto da banda ressentida com todo o affair. Assim
sendo, todo mundo ficou aliviado quando a tour finalmente acabou. A última apresentação do
cantor com a banda seria num especial para TV, Raising Hell (que depois viraria vídeo), com a
presença do mágico performático Simon Drake, em agosto de 1993. A presença do teatral Drake
deu um sabor diferente, sem dúvida, mas a performance em geral deixou muito a desejar (é óbvia
a divisão entre Bruce e os demais. Ele só se arrisca a brincar com Janick Gers). Apesar de uma
estupenda versão de Transylvania, de todos os truques de ilusionismo e do humor negro do
convidado especial, é um vídeo melancólico e não acrescentou muito na carreira da banda.
Naturalmente lidar com a imprensa não foi fácil: antes de começar a segunda parte da tour,
uma coletiva anunciou a separação usando o velho termo de "diferenças musicais". Depois que
acabou a excursão e Bruce saiu, começou a esperada troca de farpas, com o vocalista tentando se
afastar o máximo possível da sombra do Maiden. Mas nada do que foi dito, ou justificado, retirou a
impressão (muito incômoda para ambas as partes) de que eram perfeitos um para o outro. Bruce
mesmo deixaria escapar numa entrevista: "Eu acho que basicamente as coisas se desgastam
depois de um tempo, especialmente dentro de uma banda. Quero dizer, ficamos juntos 12 anos e
eu penso que algumas vezes eu deveria ter saído em 1986, antes de Somewhere In Time, sabe?
Mas isso agora é passado”.
NOVO VOCALISTA?
No meio de toda a confusão com a saída de Bruce Dickinson da banda a boa notícia foi a
chegada de dois discos ao vivo (ambos da primeira parte da turnê Fear Of The Dark): A Real Live
One (com músicas da fase pós 1985) foi lançado em 22 de março de 1993, e A Real Dead One
que seguiu em 18 de outubro do mesmo ano (com material mais antigo). Dos dois o primeiro é, de
longe, o melhor, pois pegou muito bem a fase pós Powerslave e tem algumas interpretações muito
inspiradas. O segundo deixou a desejar: Bruce Dickinson e a banda estão longe de conseguir
performances tão boas quanto Live After Death. Mas ambos se deram bem nas paradas, os dois
atingindo o top 10 da Inglaterra. (na versão mais recente da discografia do Maiden os dois foram
juntados num CD duplo).
A maior novidade desta fase foi a notada ausência do produtor Martin Birch. Birch, depois de
25 anos produzindo disco após disco, achou que estava na hora de se retirar de cena como um
todo, e não só do Maiden. "Eu já tinha tomado a minha decisão na época da saída de Bruce, e uma
coisa nada tinha a ver com a outra” - comentou ele - "De fato, já no Fear Of The Dark eu fiquei
pensando que talvez fosse a hora de uma mudança de produtor para eles. Mas uma vez que eu
comecei o trabalho, eu mergulhei de cabeça nele. Eu adorei cada minuto e acho que ficou um
álbum muito bom”. Mas assim que terminou o trabalho, Martin perguntou a Steve Harris se não
estava na hora de mudarem. Na verdade Martin já queria parar completamente: "Naquele ponto, eu
achava que já tinha tido o bastante de produzir discos. E pouco depois parei de trabalhar na área.
Eu senti que se eu não queria ir para o estúdio, então não seria justo para eles eu ficar forçando.
Eu não queria dar menos do que 100% para Steve e o Maiden. Nós fizemos álbuns durante anos
juntos, mas chega uma época em que você tem que seguir outro caminho”.
Steve Harris andava trabalhando muito no estúdio em anos recentes e havia aprendido
bastante com o mestre. Nada mais natural que ele assumisse a nova função, com a ajuda de um
fiel escudeiro, o engenheiro de som Nigel Green (que vinha trabalhando há anos nos discos do
Maiden). Harris confirma: "Martin queria se aposentar e fazer suas próprias coisas e jogar golf. Eu
já estava basicamente co-produzindo os dois últimos discos do Maiden com Martin, então eu sabia
onde eu estava entrando. Foi um crescimento natural, mesmo”.
Mas o problema mais sério continuava: como substituir alguém como Dickinson, alguém que
tinha se tornado tão lendário quanto seus heróis Ian Gillan ou Ronnie James Dio? A banda
anunciou que estava procurando um novo cantor e foi, literalmente, inundada de fitas, vídeos e
CDs de candidatos de todo o mundo. Steve Harris garante que ouviu todo o material, mas já estava
de olho num vocalista desde o princípio. Um cara que cantava numa banda de Birmingham, que
havia aberto alguns shows do Maiden na Inglaterra em 1990, chamada Wolfsbane.
Blaze Bayley (nome verdadeiro: Bayley Cook) já tinha sido convidado a fazer um teste logo
depois da saída de Bruce, mas ele recusou inicialmente ao convite, já que sua banda tinha sua
própria tour agendada e um disco ao vivo para ser lançado. Blaze agradeceu dizendo que estava
lisongeado com a oferta. Steve entendeu perfeitamente: ele muito apreciava pessoas leais às suas
bandas. Mas Blaze logo se arrependeu, sentindo que o Wolfsbane nunca seria um grande sucesso
(já tinham lançado quatro álbuns, um EP e alguns singles), conseguindo sempre boas críticas, mas
pouca vendagem. A gota d'água aconteceria com o novo disco de estúdio, onde o Wolfsbane
estava se afastando do Heavy Metal e Blaze sentiu que "não havia mais lugar para uma voz do
meu tipo." Ligou então para Steve para saber se ainda procuravam um novo cantor.
Naquelas alturas o Iron só tinha um outro candidato: um cantor novo muito bom chamado
Dougie White. A banda resolveu deixar que ambos cantassem duas músicas do Maiden com a voz
de Bruce retirada para ver como se saíam. Apesar de Dougie ter uma voz muitíssimo mais
privilegiada e ser mais técnico, ficaram com Blaze. Uma das decisões mais polêmicas (ou
desastrosas, dependendo do ponto de vista) da história do Metal. White mais tarde entrou para o
Rainbow e quem quer que tenha ouvido o disco que ele gravou com o grupo de Ritchie Blackmore,
Stranger In Us All, deve ter se perguntado se o pessoal do Maiden realmente tinha se dado ao
trabalho de ouvi-lo cantar.
Blaze foi anunciado oficialmente como membro do Iron Maiden em janeiro de 1994. E logo
partiram para a produção do novo disco, a ser chamado The X Factor. As gravações ocorreram no
estúdio da casa de Steve Harris, agora ainda mais bem equipado e batizado como "The Barnyard"
(o celeiro). O CD seria lançado em outubro de 1995, sob muitas expectativas. Depois de um ano
dando duro no trabalho, a banda ficou bastante confusa e magoada com a chuva de críticas que o
disco recebeu assim que foi posto no mercado.
The X Factor é, sem dúvida, o disco mais sério e "adulto" do Maiden. Não há historinhas de
terror nem ficção científica, muito menos bom humor. Da capa até a última faixa, tudo reflete o
momento difícil que passava a banda, especialmente Steve Harris. Ainda abatido pelo doloroso
divórcio de sua mulher Lorraine, que tinha sido sua namorada desde a adolescência, e com quatro
filhos pequenos para cuidar, Steve não se sentia nada à vontade para escrever canções animadas.
"Foi provavelmente o período mais difícil que tive que encarar na minha vida" - Admitiu ele mais
tarde - "Não fosse pelo Dave (Murray) e os outros rapazes da banda terem me dado tanta força eu
não sei se teria me recuperado".
Assim sendo não é nenhuma surpresa que as músicas do principal compositor tenham saído
algo amargas, muito pessoais e introspectivas. Era um disco mais para si mesmo, para poder
exorcizar seu demônios. Mesmo as músicas em parceria com Blaze ou Gers pareciam
"contaminadas" pelo mesmo tom. Em Judgement of Heaven a letra não podia ser mais explícita:
"Senti vontade de me suicidar uma dúzia de vezes ou mais / mas este é o caminho fácil, o caminho
do egoísta / a parte mais difícil é levar sua vida adiante". A parte musical seguiu o clima das letras,
sendo que muito raramente se via toda a força explosiva do Maiden. Visto por este ângulo não é
também de surpreender que o primeiro single lançado para promover o CD tenha sido a única
música que Steve não escreveu ou co-escreveu no disco: Man On The Edge (De Gers e Bayley), a
mais "pra cima" (musicalmente) de todo o X Factor.
O single se deu bem nas paradas, chegando ao décimo posto e permitindo a volta do Maiden
ao Top Of The Pops. A banda, mais flexível, até aceitou fazer mímica para o playback (só Blaze
cantou ao vivo). Mas o álbum não foi tão bem, chegando apenas ao oitavo posto, o primeiro desde
Killers a não chegar no top cinco. A banda ficou chateada, claro (exceto Blaze, que nunca tinha ido
tão longe em sua carreira até então). Mas Rod Smallwood mesmo admitiu que o disco era "muito
sombrio" para ser um sucesso popular. Steve insiste que, pelo menos para ele, o disco é um dos
seus melhores: "eu gosto que ele leve mais tempo para você se acostumar. Os melhores discos
geralmente são assim". De fato, X Factor têm sido reconsiderado por muitos críticos com o passar
dos anos. Mas na época pegou mal.
O Iron Maiden sempre gostou de tocar em lugares diferentes e abrir novos horizontes. E,
claro, acharam que seria bom começarem a primeira tour com Blaze indo para onde nunca tinham
tocado antes, a fim de que o novo vocalista pudesse ir se acostumando: até então Bayley nunca
tinha feito tours com mais de três semanas de duração. E o Wolfsbane só tinha tocado dentro da
Inglaterra. Assim sendo a banda começou a tour com três shows em Israel, três na África do Sul,
antes de seguirem para o leste europeu, tocando na Bulgária, Eslovênia, Romênia e
Tchecoslováquia. A tour começou no dia 28 de setembro de 1995 e terminou quase um ano
depois, em 7 de setembro de 1996, abarcando meio mundo e tocando inclusive no Brasil, onde a
banda pode lotar o estádio Pacaembu em São Paulo. O Iron adorou: enquanto que nos Estados
Unidos eles ficaram em lugares menores, entre 1.500 e 2.000 lugares, devido ao mercado ruim
para o Metal, aqui eles puderam tocar para 55.000 pessoas numa única noite.
Por melhor que pudesse parecer o quadro - o que não era o caso - um problema continuava:
Blaze tinha sido mesmo a melhor escolha? Ficou na cara que o novo cantor era um cara
extremamente simpático, bem-humorado e modesto. Era inclusive um vocalista muito bom, mas
para uma banda como o Maiden, muito bom não era o bastante. Tinha que ser brilhante.
Nessa tour ficou claro que Bayley podia dar conta do novo material, mas não convencia nos
clássicos. Muito diferente quando Bruce substituiu Paul Di'Anno. Mas, pelo menos por hora, a
banda deu apoio total ao novato e insistiram Run To The Hills tinha sido tirada não porque o cara
não conseguia cantá-la, mas somente porque tinha sido o primeiro hit com Bruce. Poucos
acreditaram.
ENQUANTO ISSO...
O Maiden tentava ainda convencer com a nova formação. Para sua sorte, ou azar, o cenário
mundial do metal começava a mudar de novo: o som de Seattle começou a decair enquanto
bandas metálicas de todas as partes do mundo (e que tinham sido direta ou indiretamente
influenciadas pelo Iron) começaram a aparecer fazendo justamente o metal rápido, pesado e
melódico que era a raiz do Maiden, apenas com uma ótica e tecnologia mais anos 90.
Mesmo nos Estados Unidos a cena musical foi lentamente mudando para um som mais
pesado (o chamado Alterna Metal): Machine Head e Korn, entre outras, estreavam nas paradas.
Muitas bandas antigas que tinham tentado mudar o seu som (e se dado muito mal), voltaram a
fazer o que sabiam fazer de melhor. Aí incluídos alguns antigos relacionados do Maiden.
Dennis Straton, depois de formar e ter algum sucesso com o seu Lionheart, sumiu de cena
até o início de 1990, quando participou junto com o velho Praying Mantis (acrescentado
temporariamente com Paul Di'Anno) para as comemorações dos dez anos da NWOBHM. Fizeram
uma tour muito bem sucedida pelo Japão, lotando todos os lugares onde tocaram e gerando um
disco ao vivo: "Praying Mantis featuring Paul Di'Anno and Dennis Straton Live In Japan", que
chegou ao top dez japonês. Paul e Dennis conseguiram reativar suas carreiras, mas outros não se
deram tão bem: Doug Sampson se tornou motorista de empilhadeiras e Clive Burr, que se recusa a
falar com a imprensa, diziam estar ganhando a vida como taxista.
O Maiden, pego no meio da "nova nova onda" do novo Metal, resolveu lançar pela primeira
vez uma coletânea oficial, enquanto dava um tempo para o decisivo segundo trabalho com Bayley.
The Best Of The Beast, um CD duplo, lançado em novembro de 1996, foi saudado por público e
críticos, ainda que apenas por motivos saudosistas.
Certamente qualquer "maidenmaníaco" deve ter ficado felicíssimo de ver algumas faixas raras
incluídas, especialmente a versão original de Strange World (gravada na sessão de Soundhouse
Tapes, mas excluída do vinil. Paul canta maravilhosamente desafinado). A prensagem inicial
incluía um belíssimo encarte com fotos raras e letras. Também trazia, como atrativo extra, uma
música nova (e muito boa): Vírus.
Gravada em setembro de 1996, nos estúdios de Steve Harris, essa peça de 6 minutos era a
resposta de Steve para os críticos que malhavam a banda impiedosamente havia um ano. Na
frente de uma base poderosa, Blaze cuspia a letra que ele e Steve haviam escrito: "Eles querem
afundar o barco e partir / o jeito que eles riem de você e eu / você sabe que isso acontece o tempo
todo". O CD, mesmo duplo, foi o décimo quarto trabalho do Maiden a vender mais de um milhão de
cópias em seguida.
A turma então resolveu tirar uma folga: entre gravações e tours tinham sido já dois anos com
Blaze. Levaria alguns meses para que o grupo se reunisse novamente na mansão de Steve para
iniciarem as composições e ensaios do novo disco.
BRUCE E ADRIAN
Bruce Dickinson enquanto isso se manteve durante um bom tempo distante do Heavy Metal
em geral, e de qualquer ligação com o Iron Maiden em particular. Mas depois de dois discos meio
esquisitos, Balls to Picasso e Skunkworks, finalmente percebeu que sua praia era mesmo a música
pesada. Ambos os CDs eram válidos como experimentos, mas não convenceram nem os fãs
antigos, nem conquistaram novos mercados.
Em paz com o passado, casado pela segunda vez e pai de três filhos, parou de criticar o
Maiden e voltou para onde estavam suas raízes. Sua volta foi triunfal: além de uma banda
afiadíssima (destaque para o guitarrista, compositor e produtor Roy Z), convidou o antigo
companheiro Adrian Smith para ajudá-lo. A química continuava intacta e o disco resultante foi o
fantástico Accident Of Birth, lançado em 1997, um sucesso de crítica e público. Bruce estava tão
reconciliado com o passado que até arranjou para que Derek Riggs desenhasse a capa e criasse
uma "paródia" do Eddie, que ele teve a cara dura de chamar de Edison. "Eu fiz tudo isso
deliberadamente" admitiu Bruce "Eu queria soar mais Maiden do que o Maiden". E, segundo
muitos, conseguiu. Até mesmo o cavalheiresco Steve Harris, provavelmente ainda magoado com
as críticas que a banda vinha recebendo (enquanto acontecia o inverso com Bruce), soltou um raro
comentário venenoso: "Bruce gravaria um disco de Country, se ele pensasse que isso ia vender".
No meio desse tiroteio, Adrian Smith admite que levou tempo para recomeçar a tocar: "Eu
acho que não fiz absolutamente nada durante os dois primeiros anos depois que deixei o grupo".
Financeiramente ele não tinha que se preocupar pelo resto da vida depois de sete anos de
gravações e tours gigantescas em seguida. Ao invés disso, ele se mudou com a mulher, a
canadense Natalie, para o interior da Inglaterra e começou uma família. "Acho que eu nem olhei
para uma guitarra durante um tempo". Admitiu ele.
Foi só depois de ir ver o Maiden tocar no Donington Castle em 1992 (e fazer uma jam com
eles no final do show), que finalmente decidiu voltar à ativa. Um ano e meio depois apareceu com
uma banda chamada Psycho Motel, dando início à gravação de seu primeiro disco auto intitulado.
O CD seria lançado em 1996, depois que Rod Smallwood - sempre ele! - arranjou um contrato com
uma gravadora independente, Castle Communications (a mesma de Bruce, depois que deixou o
Maiden). Mas o Psycho Motel não deu muito certo. E, apesar de Adrian dizer que ia continuar e até
começar a gravação de um segundo disco, acabou deixando um pouco de lado o projeto ao aceitar
o convite de Bruce para fazer Accident Of Birth.
Aqui vale dizer que Adrian, ao contrário de Bruce, continuou amigo do pessoal do Maiden e a
manter contato: "Eu continuei querendo saber tudo sobre eles desde que saí. Parte por causa de
curiosidade e parte por causa de alguma devoção esquisita. Eu ainda me importo com eles. Acho
que sempre me importarei. Você não pode escapar disso". Disse ele na época. Adrian seria
também um dos poucos a apoiar publicamente o Maiden pós Bruce e a elogiar The X Factor.
EM ESTADO DE EBULIÇÃO
A grande prova da nova formação do Maiden seria seu segundo CD, que começaram a gravar
em fins de 1997. O primeiro já tinha levado bastante fogo antiaéreo e não aguentariam uma
segunda artilharia. O novo Metal se expandia e novas bandas fazendo um som próximo do Iron
competiam no mercado. O sucesso do mais recente trabalho solo de Bruce só tornou as coisas
mais tensas. O retorno do Metal nos anos 90 foi gradual, não a explosão que tinha sido no início da
década de 80, onde grandes bandas dos anos 70 acabaram ficando para trás, meio esquecidas
(como seus ídolos do UFO).
Desta vez muitos artistas que estavam decadentes ou tinham acabado puderam reativar suas
carreiras graças a este renascimento em meados da década (Metal Church, Angel Witch, Twisted
Sister, entre dezenas de outros). Mesmo assim, e ainda que somado ao fato das pessoas estarem
com a mente mais aberta, público e críticos começaram a ficar impacientes com o Maiden,
achando que a nova formação não honrava o nome e a fama da banda.
O grupo apostou todas as suas fichas no CD Virtual XI (o título se referindo à paixão do grupo
tanto ao futebol quanto a jogos de computadores). Infelizmente o resultado, lançado no início de
1998, foi longe do que precisavam: razoável, no máximo. Menos sombrio e mais "para cima" do
que The X Factor, o disco mostrava muito pouco para uma banda que se orgulhava de sempre
apresentar trabalhos primorosos.
Faixas boas como Futureal ou Lightning Strikes Twice conviviam com outras que não
convenciam de jeito nenhum, coisas como The Educated Fool. Embora The X Factor tivesse um
certo "charme" sombrio e diferente, neste não dava para disfarçar a falta dos duelos de guitarra, a
duração excessiva de algumas faixas, o uso indevido dos teclados e o que parecia ser uma notável
falta de inspiração.
A banda ainda tentou defender o novo disco com uma barragem de entrevistas na imprensa,
rádio e televisão. Até uma biografia oficial, Run To The Hills, foi lançada em abril de 1998, onde, na
parte final, todos faziam a maior babação de ovo para Blaze e o novo trabalho. Mas todo este
esforço não foi suficiente. Para piorar, na mesma época Bruce e Adrian lançariam um disco ainda
mais pesado e vibrante do que o anterior: The Chemical Wedding. Outro sucesso de crítica e
público. Consequentemente a situação da banda em geral - e de Bayley em particular - ficou
crítica. A tour subsequente com os alemães do Helloween abrindo, só tornou as coisas ainda mais
difíceis. Notícias de cancelamentos por falta de interesse do público (principalmente nos Estados
Unidos) escapavam para a imprensa. Nesse clima não ficou difícil para que alguém levasse a culpa
e se tornasse o bode expiatório do período.
Dados sobre o que realmente aconteceu nessa épocas não estão disponíveis: só no futuro
poderemos saber exatamente o que rolou. O certo é que público e imprensa culpavam Bayley em
maior escala e Gers em menor pela "decadência" da banda. Há quem diga que Blaze não estava
dando conta do esquema pesado das tours do Maiden, perdendo a voz e forçando o cancelamento
de apresentações importantes, justamente como Paul Di'Anno havia feito tantos anos antes.
Testemunhas falam do clima tenso entre o vocalista e o resto da banda no que seria sua
última tour com o Iron. Independente do que aconteceu internamente, o destino de Blaze estava
selado desde o começo das apresentações. Era preciso uma mudança radical. E rápida.
Notícias da iminente saída de Blaze começaram a correr pela imprensa. O metal melódico e o
Power Metal tradicional estavam voltando com toda a força. Um CD tributo ao Maiden, chamado A
Call To The Irons, com bandas underground (na maioria de Death ou Doom Metal), foi um grande
sucesso, tanto que levou a um segundo volume em 1999. Outros tributos apareceriam em seguida.
Bandas veteranas como o Saxon lançaram grandes discos na segunda metade dos anos 90
provando que havia espaço para todos no novo cenário. O "som do Maiden" estava retornando
com força total.
Mesmo antes da saída oficial de Blaze, muito se especulou sobre quem seria o novo vocalista
do Maiden: Dougie White, que havia sido preterido em favor de Blaze, era uma possibilidade.
Falava-se também em Michael Kiske (ex-Helloween). Mas a grande notícia pegou meio mundo de
surpresa: Bruce Dickinson estava de volta ao Maiden! E, melhor ainda, trazia junto consigo Adrian
Smith! Janick Gers, que manteve intacta sua amizade com aquele que lhe dera a mão quando mais
precisava foi o principal articulador da reunião, aparando devidamente as arestas entre Steve
Harris e o vocalista.
Blaze, um bom vocalista, com talento e elegância, deixou o Maiden sem falar mal dos seus
antigos companheiros e tratou de se concentrar em sua carreira solo, o resultado do trabalho é o
magnífico 'Silicon Messiah', um disco 100% heavy metal com guitarras pesadas e letras de
primeira, Blaze sempre se mostrou um cara bem heavy metal, o resultado não poderia ser outro,
seu disco também por algumas vezes mostra marcas da sua passagem pelo Maiden, como 'The
Launch' que lembra muito 'Man on the Edge', do Maiden.
Escrevia um jornalista americano que viu os primeiros shows da nova formação. A excursão
foi um sucesso absoluto e provou de vez que havia mais do que simples ambição com a reunião
dos músicos. Mas se provariam no estúdio? Ainda haveria inspiração para trabalhos inéditos? As
três guitarras funcionariam num disco do Iron Maiden ano 2000? A resposta seria um trabalho que
calaria a boca dos piores pessimistas.
Bruce e Steve disseram que o novo disco seria o mais importante da carreira do grupo. Era
uma bravata, claro. Mas não deixou de surpreender. Gravado em Paris, com a produção desta vez
dividida entre Steve e Kevin Shirley (Dream Theater, entre outros) foi lançado finalmente em maio
de 2000. Brave New World veio ao mundo sob muitas expectativas e não é um disco tão
revolucionário quanto The Number Of The Beast, por exemplo. Mas é, sem dúvida, seu melhor
desde Seventh Son Of A Senventh Son. Um trabalho elaborado, surpreendente e, melhor de tudo,
muito superior a tudo que lançaram na década de 90, com faixas mais diretas (The Mercenary,
Fallen Angel) e outras mais viajantes (como a brilhante Nomad).
As três guitarras mostram um trabalho sutil e elaborado, muito longe da guerra de egos que
se poderia imaginar com músicos tão bons, dando uma textura rica e diferente para o já
consagrado "som do Maiden". Até mesmo Steve Harris está mais discreto, suas intervenções tanto
no baixo quanto nos teclados mostrando um músico mais preocupado em fazer seus instrumentos
funcionarem dentro do contexto do que simplesmente aparecer. Bruce canta com paixão e
brilhantismo, mostrando que sempre foi a melhor voz que o Iron Maiden já teve.
Enfim, um disco que valeu toda a espera. Brave New World foi a prova final de que o Maiden
ainda era capaz de ser criativo, surpreendente e relevante mesmo depois de todos os anos
passados e com todas as crises musicais e pessoais que enfrentaram. E tal qualidade não pode
ser ignorada. A mágica ainda está lá e a banda soa tão boa quanto sempre. Mas isso também não
teria a menor importância nessas alturas. Mesmo que não desse certo. Mesmo que fosse um total
fracasso, já teriam deixado para sempre a marca dos grandes nomes da história musical da
humanidade. E não há dúvida que Steve e companhia tentariam de novo e de novo. Não se acaba
com uma turma assim tão fácil.
O que poderia então, representar melhor a volta as raízes do que um festival para mais de
200 mil fans enlouquecidos no último show da turnê? Pois este foi o cenário do Rock In Rio, em
janeiro de 2001.
Antes porém, devemos mencionar a longa jornada que se seguiu após o lançamento do Brave
New World, com lotações esgotadas em quase todos os países por onde a banda passou. Nunca o
Maiden vendeu tanto ingresso em tão pouco tempo, nunca a banda esteve tão bem na mídia
quanto em 2000, exceto nos tempos áureos da década de 80, mas a mídia não era nem metade do
que víamos neste novo milênio, neste novo mundo, neste bravo novo mundo...
A banda conseguiu retomar o sucesso de onde supostamente havia parado para os fãs mais
radicais. Voltou a locais consagrados de antes, tornou a vender como antes, tanto em ingressos
quanto em discos, e tudo isso de uma forma que os fãs realmente desejavam, a banda arrasando
em cada apresentação.
Ainda em turnê a banda divulgou que gravaria e lançaria algo inédito para eles até então: um
DVD de um show. Para felicidade geral da nação tupiniquim o local escolhido para tal seria o último
show da tour, em janeiro de 2001 – o Rock In Rio. Tão logo a notícia se espalhou criou-se um
alvoroço em terras brasileiras como jamais visto. Caravanas do país inteiro viajavam de simples
30km até cansativos 1.500km de distância. Houve grupos vindos até de Teresina, Piauí!
O show, não é preciso dizer, foi antológico, fenomenal, um marco na história da banda, como
os próprios integrantes admitem. Vale lembrar que a banda estava no fim da tour e o cansaso
poderia ser visível, mas não foi. Poderíamos lembrar também que os shows do Maiden já estavam
sendo vistos e revistos pelo mundo afora, o que não tornava o set list uma novidade. Poderíamos
também citar as poucas falhas técnicas como a cruz que não subiu ou os microfones que não
captaram o som do público como deveriam, mas nada disso atrapalhou a banda e o que se viu foi
uma apresentação digna de um verdadeiro medalhão do HM. O Iron Maiden não estava de volta, o
Iron Maiden estava dando um passo a frente, mais uma vez.
Que as três guitarras soavam harmoniosamente no palco todos já sabiam, mas nesta turnê o
que se viu foi absurdamente revolucionário. De fato não há de se recordar nenhuma banda que
tenha imposto três guitarristas solos, juntos no mesmo palco e a sonoridade não se tenha perdido
ao menos um pouco, mas ao contrário do que seria normal, o que se viu (e ouviu) foram clássicos
como The Trooper, The Evil That Man Do e 2 Minutes to Midnight sendo executadas ainda mais
vibrantemente do que de costume, com solos de fazer chorar até o fã mais acostumado. Hallowed
Be Thy Name, The Number of The Beast, The Clansman, Sign Of The Cross... todas, inclusive as
novas músicas estavam realmente sensasionais. O trio de guitarras passara com louvor no
segundo e mais difícil teste, e depois disso, tiraram um descanso merecido.
Durante todo o ano de 2001, enquanto a banda se divertia ou trabalhava em seus projetos
pararelos, Harris se encabeçou na produção do novo álbum ao vivo: o já anunciado Rock In Rio.
A produção esteve longe de ser um primor, mais por causa das “inintendíveis” colagens no
vocal de Bruce do que por qualquer outra coisa. De fato, seria muito difícil superar um álbum ao
vivo como o Live After Death, mas o Rock In Rio chegou perto. Alguns insistem em dizer que se
não fosse o “estrago das colagens” este seria “o álbum” da banda, mas na verdade não é pra tanto.
Um fã novo que talvez escute o Rock In Rio possa não se interessar pelos A Real Live ou A Real
Dead One, mas certamente vai entender o “pequeno abismo” que há entre ele e o Live After Death.
Voltando as atenções para o DVD, este sim é, de fato um item raro. Bem produzido
visualmente, mostra mais do que somente um show da banda, mostra a essência do Iron em uma
de suas melhores apresentações. Com um menu bem elaborado, cortes de cena bem feitos e
extras interessantes, é sem dúvida um item indispensável para o bom amante do HM. Não é
preciso nem dizer que tanto Cd quanto Dvd foram sucessos de venda, calando a boca dos que já
contavam com a “morte” do Iron Maiden e do Metal.
Abrimos aqui um “parênteses” nas férias da banda para citar as 3 noites de shows na Brixton
Academy, em março de 2002.
A banda estava parada há mais de um ano e só uma coisa conseguiu a tirar de seu descanso:
a solidariedade. Clive Burr, meio sumido desde a década passada, quando boatos indicaram que
ele chegou a trabalhar de taxista, apareceu em entrevista para dizer que tinha esclerose múltipla.
Desde então foram feitos vários esforços para que sua dor fosse minimizada e um deles, talvez o
mais importante, foi a realização destes três shows na Brixton Academy.
Ainda em 2002 a banda anunciou o lançamento de algo muito especial para os fãs: a Eddie´s
Archive, uma caixa contendo três CDs duplos, um pergaminho com a árvore da banda e um mini
cálice bem trabalhado. Para os mais fanáticos aquilo não foi nenhuma novidade, já que a maioria
do material estava disponível em singles, vídeos e bootlegs, mas com certeza gerou um grande
impacto entre todos pelo brilhante trabalho de produção tanto no áudio quanto no visual.
Os Cds presentes na caixa eram o Beast Over Hammersmith, o registro completo de um dos
melhores shows da turnê do The Number of The Beast; o BBC Archives, uma coletânea com
músicas da participação da banda no Rock Friday Night, Reading Festival de 1980 e 82 e do
Monsters of Rock de 1988, realmente de mais! O último CD era a coletânea de B-sides, chamado
Best of The B-Sides.
Além do caixão (destinado aos mais fanáticos) foi colocado um novo item substituindo o Best
of The Beast, que sairia de catálogo. Seu nome: Edward The Great. Que nada mais é do que uma
coletânea com algumas das melhores músicas da donzela.
De volta ao trabalho em 2003 a banda já abre o ano com boas surpresas. Um novo álbum já
estava em fase de composição e as gravações logo se iniciaram. O cd, ainda sem nome, seria
lançado em maio daquele ano mas devido a alguns atrasos (que muitos especulam ter sido
motivado pelo lançamento do novo disco do Metallica) só acabou saindo em setembro.
Durante esse período (de janeiro a setembro) muita coisa rolou, muitos boatos foram
inventados e desmentidos e muitas promessas foram dadas. Pra começar, o nome do novo álbum
era uma incógnita. A banda afirma que seu nome foi guardado em segredo assim como as
músicas, que ao contrário do álbum anterior não conseguiram ser postas na internet até a semana
do lançamento. De fato as gravações foram finalizadas muito cedo e o álbum certamente poderia
ter cumprido a data planejada mas a banda guardava alguma coisa na manga...
Com a chegada do verão no hemisfério norte Harris e Cia lançaram um item para testar o
mercado: Visions of The Beast, um Dvd bem produzido visualmente com todos os clips da banda e
mais algumas versões desenvolvidas pela Camp Chaos. O item é muito bom, sem dúvida, e estava
programado para ser lançado em VHS desde 1997 (mas por algum motivo ainda oculto não o foi).
Durante toda a turnê, o Iron tocou uma música inédita, que só estaria no novo CD, Wildest
Dreams. Essa música acabou se tornando alvo de polêmicas muito mais pelo motivo que levou a
banda a toca-la do que por sua musicalidade. No palco, sempre antes de cada execução desta
música, Bruce criticava muito o fato de algumas bandas estarem processando seus fãs por troca
de MP3 via internet. A frase, claro, era destinada principalmente ao Metallica, com quem a banda
tem certa inimizade.
Apesar deste fato o que se viu na prática foi o oposto. O conteúdo e nome do novo CD
tiveram tratamento de um segredo de estado, guardado a 7 chaves desde sua gravação no
começo do ano, e após lançado, suas músicas eram protegidas de forma a dificultar a gravação
digital.
Se o álbum era guardado em segredo, as apresentações não. Apesar de pequena esta foi
uma turnê que gerou uma grande quantidade de bootlegs, mas a banda parecia não se importar.
“Gravem, divulguem, mostrem o show e a nova música para seus colegas...” – dizia Bruce – “tudo
o que pedimos é: se gostam realmente do que ouvem, comprem o novo CD. É ele que faz o
trabalho da banda continuar”. E Bruce realmente estava de bem com a vida. Além deste, outros
bons “discursos” rolaram durante a turnê, principalmente apontando suas armas para a mídia em
geral, que nunca boicotou tanto a banda como nestes tempos modernos(?) de „new metal‟.
Paralelamente aos eventos rolavam inúmeros boatos sobre discussões em geral. Bruce x
Steve; Janick x Adrian... chegaram até a falar coisas a respeito de Dave! Claro, nenhum
confirmado.
DANCE OF DEATH
Finalmente, 9 dias após o fim da Gimme Ed... a dança começa! Em setembro, (e sem mais
atrasos) é lançado o novo álbum: Dance of Death. Um álbum diferente, dinâmico, estranho! Sim,
por que não dizer... soou estranho no começo. Dance of Death é um ótimo álbum, na certa um dos
melhores, mas até se acostumar foi estranho aceitar os riffs diferentes em No More Lies, Gates of
Tomorrow, Paschendale... o álbum tinha até uma música acústica: Journeyman. E pela primeira
vez também, Nicko McBrain participou como compositor. Ele escreveu a música New Frontier.
Mas o álbum não tinha apenas detalhes curiosos, ele trouxe também a velha potência e
mística em torno das letras que só o Iron sabe fazer. Quem escuta os solos de Rainmaker, No
More Lies ou da faixa título, por exemplo, sabe que aquilo é o mais puro Heavy Metal. A faixa título
que, por sinal, é um primor. Tem ótimos riffs, ótimos solos, uma harmonia sem igual! Outra que
também impressiona bastante é Montségur. Seu peso é considerável, uma das músicas mais bem
feitas da banda. O solo também é muito característico e a letra... que letra! Montsegúr tem toda
uma mística em torno de sí (assim como a própria Dance of Death baseada em rituais vudú), ela
fala a respeito da batalha pelo forte Montsegúr. Um castelo construído na França onde cátaros e
católicos mancharam de sangue suas paredes em uma guerra sem precedentes na época da
perseguição aos “infiéis” por parte da Igreja. O castelo também tem uma lenda muito interessante:
em sua construção teriam petrificado o santo Grall (o cálice sagrado de cristo) em uma de suas
paredes. Posteriormente em uma das batalhas, o enorme exército católico teria se assustado com
o que seria uma aparição de um cavaleiro guardião do Grall e fugido, dando a vitória aos cátaros
quando estavam quase os derrotando. Mas esta música apesar de tão fascinante, especial e
agradável à grande maioria dos fans, não foi incluída no set list da turnê.
O álbum não se destacou só pelos pontos positivos, a capa, por exemplo, foi um tremendo
desastre. Considerada de longe a pior arte de capa já feita pela banda, não só em álbuns mas
também em singles, perdeu a “guerra” contra o X-Factor e até contra a antiga capa do Live at
Donington (talvez os fãs preferissem uma capa toda branca do que aqueles bichinhos horrendos).
A resposta para tamanha bizarrice veio de Steve Harris - “Nós queríamos algo que desse impacto
nos fãs e ao mesmo tempo tivesse a ver com a idéia do novo álbum” – De fato deu muito impacto...
negativo! Ainda segundo Steve, a banda havia pedido que fosse desenvolvida uma dança nos
moldes da do filme De Olhos bem Fechados (talvez o desenhista tenha entendido mal e
desenhado tudo de olhos muito fechados mesmo...).
Com o Dance of Death fazendo sucesso pelo mundo (foi 1º lugar nas paradas de Italia,
Suécia, Finlandia, Grécia e Republica Tcheca; 2º em Inglaterra, Alemanha, Suíça e Slovênia; e 3º
na Franca, Espanha, Noruega, Polônia, Hungria, Argentina e Áustria) a banda se lançou para a tão
esperada turnê. Das novidades prometidas anteriormente só foram apresentadas três: A volta de
Can I Play With Madness, a entrada de Lord Of The Flies e a música acústica Journeyman.
Só que o que acabou marcando o set list não foi uma presença e sim uma ausência, ou
muitas ausências. Pra começar, a lista de músicas estava mais enxuta, com somente 16. Além
disso, a música mais adorada pelos fãs do mundo todo ficou de fora: Montségur. Apesar disso, a
banda fez brilhantes apresentações por onde passou, principalmente no velho continente,
consolidando a boa nova fase.
Ao chegar no Brasil, mais uma surpresa: “Ei, Metallica, vai tomar no c* ” - foi o que se ouviu
de mais de 20 mil fãs no Rio e em São Paulo, protestando contra o fato de o Metallica, alguns
meses antes, ter cancelado seus shows no país (apesar de todos os ingressos já terem se
esgotado) alegando “cansaço psicológico”, mas na mesma época, viajou para o Japão para
cumprir seus compromissos. Bruce Dickinson (sempre ele) não perdoou – “Quando o Iron Maiden
promete vir ao Brasil, o Iron VEM MESMO AO BRASIL P%$#@!” – disse ele no palco da cidade
maravilhosa e da terra da garoa. A aprovação foi imediata, e as polêmicas também.
Depois da curta passagem pela América do Sul e do Norte, a banda seguiu para o Japão
onde encerrou a maratona de shows e partiu para seu merecido descanso. Antes, porém, durante
toda a turnê do Dance of Death a banda teve de dar entrevistas por onde passou, para explicar
uma coisa tão simples quanto beber água: O Maiden vai parar de fazer longas turnês, mas vai
continuar com seus shows. A primeira entrevista foi dada por Bruce Dickinson, ainda na Suécia,
mas a mídia, como sempre, preferiu entender errado e divulgou que esta era a última turnê da
banda. Isso até ajudou, pois quem acreditou não perdeu a oportunidade e lotou estádios e casa de
shows, mas a verdade estava longe de ser aquela, o Maiden não estava com os dias contados.
Na entrevista coletiva no Rio de Janeiro, Bruce tratou de ser claro – “A banda SEMPRE virá
para o Brasil porque amamos essa terra. É onde o fã parece mais caloroso. O Brasil sempre estará
em nossos planos” – Disse o vocalista. Aliás, toda a entrevista mostrou como a banda não dá a
mínima para a imprensa em geral. Também não era para menos, se a mídia pelo mundo afora for
sempre tão estúpida quanto a brasileira, essa colocação da banda não só é entendida como é
aplaudida de pé. Toda a entrevista foi recheada de perguntas sem nexo ou tão estúpidas que faz
qualquer um pensar que aquilo não é um repórter e sim um fugitivo de algum centro de retardados.
A prova de que o Maiden não pretende e nunca pretendeu encerrar suas atividades são os
agendamentos de 3 shows para o verão de 2005: um em Paris, outro em Helsinki (Finlândia) e
outro em Gotemburgo (Hungria), nos dias 25 de junho, 6 e 9 de julho, respectivamente, para
promover o novo DVD: The Early Days – com lançamento em novembro de 2004.
Enquanto esta biografia era escritaa, a notícia de que os ingressos (51 mil) se esgotaram em
Gotemburgo em apenas duas horas e meia desde que foram postos à venda, mostram o quanto a
banda ainda está ativa e sendo muito bem recebida pelos fãs onde quer que vá. Tudo isso só
reforça a idéia de que o Iron Maiden está mais forte do que nunca e que sempre estará no coração
do amante do Heavy Metal.
A banda durante o A Matter Of Life And Death World Tour, em 2006 (da esquerda para a
direita:Steve Harris, Dave Murray, Janick Gers e Adrian Smith).
Em 2006 a banda lança o décimo quarto álbum de estúdio, A Matter of Life and Death, com
canções mais longas que o habitual do Iron Maiden. O álbum traz algumas características
progressivas, que a banda já vinha apresentando nos últimos álbuns, porém agora nesse álbum
com maior intensidade, junto com um som mais pesado que o mostrado anteriormente pela banda.
Este álbum foi considerado pela crítica especializada como um dos melhores álbuns já feito pela
banda, sendo considerado pela revista Classic Rock o álbum do ano de 2006, e obtendo uma
classificação de cinco estrelas (classificação máxima) da revista Kerrang!, que neste mesmo ano
elegeu o Iron Maiden como banda mais importante nos 25 anos de existência da revista. Em 2007,
a banda faz uma turnê batizada de A Matter of the Beast Tour, comemorando os 25 anos de
lançamento do The Number of the Beast. Neste ano ainda tocam como atração principal mais uma
vez noDonnington Download Festival. Em agosto de 2007 a banda anuncia a próxima turnê que se
chamará Somewhere Back In Time World Tour, que vai ser uma volta ao passado, onde a banda
executará apenas canções dos anos 1980 (para os fãs novos também haverá uma canção dos
anos 90).
Em fevereiro de 2008, inicia-se a Somewhere Back In Time World Tour na India, e a bordo do
Ed Force One (um Boeing 757 customizado pilotado por Bruce Dickinson), passaram por muitos
países (incluindo o Brasil, em 2008 e 2009), tocando para mais de 3 milhões de pessoas em
estádios e arenas. O filme Flight 666 chega aos cinemas mostrando como é a vida da banda na
estrada durante a primeira perna da tour de 2008. Em 15 de março de 2009, no Autódromo de
Interlagos, em São Paulo, a banda realizou o maior show da história do estado, tendo os
organizadores estimado em 63 mil espectadores.30
Durante a turnê Somewhere Back In Time em 2008, Bruce Dickinson anunciou nos concertos
que ainda no mesmo ano começariam os preparativos para um novo álbum. No ano seguinte,
Dickinson anunciou que um novo álbum chegaria em 2010, e Harris declarou em uma entrevista
que já haviam reservado um estúdio.
Em 5 de junho de 2010, o site oficial da banda revelou capa, data de lançamento e faixas do
álbum The Final Frontier, bem como disponibilizou a faixa "El Dorado" para download.31 4 dias
depois, iniciaram uma turnê mundial para promoção do álbum, The Final Frontier World Tour em
Dallas, Estados Unidos. A turnê passou em 2011 pelo Brasil e por Portugal.
The Final Frontier foi lançado em agosto de 2010, e estreou no topo das paradas de 30
países.32 33 O álbum marcou um retorno da banda ao Compass Point Studios para as gravações.
Após concluída a turnê, a banda lançou um DVD com a apresentação no Estadio Nacional de
Chile em 10 de Abril de 2011, em Santiago, com o título En Vivo!, em 26 de Março de 2012. Além
do show, o DVD conta também com um documentário contando os bastidores da tour, o clipe
promocional e o making of de "Satellite 15...The Final Frontier" e um vídeo da introdução dos
shows.
Despedir Paul Di‟Anno do Maiden foi um gesto de desespero para a banda. Só aconteceu
quando a situação se tornou insustentável. Afinal, Paul era um grande vocalista e tinha deixado sua
marca na história do grupo. No entanto, essa atitude – que muitos pensaram impensada e fatal –
acabaria beneficiando a carreira do Iron de uma forma quase inacreditável. Seu substituto, Bruce
Dickinson, era mais do que um entre outros grandes cantores. Talvez fosse o único capaz de
cantar com total eficácia o novo material que Steve Harris estava escrevendo.
De qualquer forma, ele foi perfeito para a banda e a banda foi perfeita para ele. E o novo
vocal possuía a personalidade ideal para tal cargo. Ao contrário de Di‟Anno, e bem ao gosto de
Harris, Bruce sonhava com os maiores palcos do mundo, não temia o sucesso avassalador do Iron
e estava pronto para encarar tudo com muito profissionalismo. O resultado foi uma série de álbuns
eternos, brilhantes, e shows que ficariam na história do Metal de todos os tempos.
Bruce nunca foi uma pessoa limitada, em todos os aspectos de sua vida. Não satisfeito em
ser um dos maiores vocalistas de rock do mundo, voltou sua aparentemente inesgotável
capacidade criativa para diversas atividades, que cumpriu com muito gosto: autor de dois livros de
ficção, exímio esgrimista, piloto amador, além de se arriscar na direção de vídeos e ser
apresentador de rádio e televisão. Mesmo hoje em dia, aos 57 anos, casado pela segunda vez –
com Paddy – e pai de três filhos – Bruce continua o artista irrequieto e criativo que sempre foi.
Quem viu sua performance no Rock In Rio 3 deve ter tido uma pequena amostra da notável
energia deste que é, sem dúvida, um símbolo do Maiden tão forte quanto seu criador. A maior
prova disso vem das palavras do próprio Steve Harris, que afirmou em 1998, em pleno período que
andava às turras com o cantor: “Para ser honesto com você, eu tenho que dizer que era mais o tipo
de voz do Bruce que eu, realmente, imaginei cantando as minhas músicas do Maiden, desde os
primeiros tempos. Apenas ocorreu de Paul chegar primeiro.”
Mas o início de sua vida, como quase tudo relacionado ao Maiden, não foi exatamente o
mais fácil do mundo. Muito pelo contrário, suas dificuldades o levariam a querer superar os
diversos obstáculos e traumas de sua vida para crescer e se tornar o ídolo que sonhava.
Paul Bruce Dickinson nasceu no dia 7 de agosto de 1958, em Worksop, uma pequena
cidade mineira do condado de Nottinghamshire. Apesar de seu primeiro nome ser Paul, ele sempre
preferiu ser chamado de Bruce, mesmo quando criança. Os pais de Bruce ainda eram
adolescentes quando se casaram. Foi um daqueles famosos casamentos apressados devido à
gravidez da moça, um pequeno escândalo, ainda mais se considerarmos que estávamos na
conservadora sociedade britânica dos anos 50. O casal mal tinha saído da escola e, obviamente,
não tinha dinheiro. Por isso, foram viver com os avós de Bruce, que acabaram assumindo muito da
criação do menino.
“Eu fui meio que um acidente de percurso.” diz Bruce sobre sua vinda ao mundo. “Minha
mãe tinha 16 ou 17 anos quando engravidou, e meu pai tinha 17 ou 18. Eles então se casaram e
eu nasci uns 4 ou 5 meses depois. Minha mãe trabalhava numa loja de sapatos, meio período,
enquanto que meu pai estava no exército. Ele era mecânico especializado em motores, mas
perdeu sua licença de dirigir porque aprontou demais. Então ele pensou: „Dane-se‟ e entrou como
voluntário no exército, porque lá eles pagavam mais e, com isso, conseguiu sua licença de volta na
hora. Minhas lembranças são de ser basicamente criado pelos meus avós, porque meus pais eram
muito novos. Meu avô era um trabalhador das minas. Minha avó era uma dona de casa que de vez
em quando fazia uns trabalhos como cabeleireira no quarto da frente. Minha primeira escola foi a
Manton Primary, que era conhecida como um lugar duro naquela região. Todos os garotos da área
estudavam lá. Mas nunca me pareceu dura, eu achava muito divertida, realmente. Eu me lembro
de minha infância na época como sendo extremamente feliz.”
Mas na época em que Bruce estava pronto para ir para o primeiro grau, seus pais tinham se
mudado de Worksop, deixando-o com seus avós enquanto se dirigiam para Sheffield – a cidade
grande mais próxima, altamente industrializada, onde trabalho naquela época era mais fácil de se
achar.
Bruce Dickinson: “Meus pais se mudaram, porque os empregos estavam na „fumaça‟, como
Sheffield era chamada. Eu realmente nunca senti como se tivesse um pai e uma mãe. Meu avô era
o que chegava o mais perto de ser um pai. Ele era ótimo. Meu avô estava provavelmente nos seus
45 anos naquela época, o que é realmente uma boa idade para se ser pai. Eu me lembro dele me
ensinando boxe. Ele me ensinou como lutar antes de eu entrar para a escola. Ele me disse: „Se
alguém disser alguma coisa na escola, bata nele! Fique firme e não deixe ninguém te dominar.‟ E
eu fui mandado de volta para casa no dia seguinte, porque eu tinha entrado na escola e batido em
todo mundo! Então ele me deu uma dura, me ensinando quando eu deveria bater e quando não
deveria bater em alguém. De certa forma, eu acho que fui o filho que ele nunca teve. Mas para a
minha avó eu sempre seria o bastardinho que levou sua filha a ficar longe dela. Ela dizia que,
quando olhava para mim, sempre via o meu pai. E eu realmente parecia com o meu pai, eu acho,
pelo menos o rosto, um pouco.”
Uma criança que conseguia ser feliz, senão um tanto solitária, que quando estava zangada
se arrastava atrás do sofá e não saía de lá – “Eu não queria que ninguém me visse”. A primeira
experiência musical de Bruce foi dançando “The Twist” de Chubby Checker, na sala de estar dos
seus avós. “Meus avós costumavam por o disco e eu dançava o Twist para todo mundo. E, claro,
naquela idade você pensa que isso é o máximo.” O primeiro disco que ele se lembra de ter
ganhado foi “She Loves You” dos Beatles.
“Nós tínhamos um toca discos e um rádio e eu dei um jeito de convencer meu avô a comprar
para mim “She Loves You”, que foi o número um durante semanas e semanas, e era do tipo de
disco que você tinha que ter, sabe?” recorda Bruce “E talvez por causa disso, eu não sei, mas me
lembro que pensei que o lado B do disco era melhor do que o lado A, e foi aí que eu comecei a
ouvir música e decidir o que gostava e o que não gostava. Eu me lembro de ter gostado das
harmonias do lado B de um compacto do Gerry And The Pacemakers, chamado “I‟ll Never Get
Over You”. Então, fiquei sabendo de um garoto na rua que tinha uma guitarra elétrica e todo mundo
falava nisso no maior burburinho. Eu devia ter uns cinco anos de idade e lembro de ter visto este
garoto com a guitarra elétrica, e isso foi como, bimba! Era um adolescente, devia ter uns 16 anos e
parecia como um deus para mim. Tinha um cabelo longo – bem, longo para a época, devia ser um
pouco abaixo das orelhas – e tinha sapatos pontudos e todas aquelas coisas. Eu quero dizer,
parecia que ele tinha saído direto da televisão.”
Televisão naquela época foi crucial para que Bruce aprimorasse seu gosto musical. Embora
seu tempo de assistir a programas fosse racionado, ele não perdia seus programas favoritos:
Jukebox Jury – um programa de auditório em que alguns convidados especiais votavam sobre os
mais recentes lançamentos musicais, decidindo se o consideravam um sucesso (hit) ou fracasso
(miss) – e Doctor Who, um dos primeiros seriados de ficção científica.
“Eu sempre assistia a Jukebox Jury porque era antes de Doctor Who, aos sábados à noite.
Então os dois programas acabaram inseparáveis em minha mente. A excitação de ver os Beatles
ou quem quer que fosse no Jukebox Jury era parecida com a excitação que sentia de ver os
Cyberman de Doctor Who. Eles eram ambos de mundos diferentes para mim. Eu não estava
particularmente interessado em ficção científica, mais fatos científicos, realmente. Eu era
incrivelmente obcecado pela lua e o espaço, ao ponto de pegar grande painéis de papel de parede
e desenhar planos para minha própria espaçonave, todo o equipamento de navegação e o resto.
Planos realmente detalhados, sabe? A mesma coisa com um submarino, que desenhei quando
tinha nove anos. Ia ser construído a partir de latas de lixo soldadas umas nas outras, com cerca de
um metro de comprimento. Eu adorava a idéia de viver debaixo da água, como o capitão Nemo –
ou flutuando no espaço, ou qualquer outro lugar, exceto a realidade. Estava muito interessado na
chegada à lua; a primeira chegada não tripulada à lua foi no começo dos anos 60. Eu me lembro
de tentar dizer à minha avó o quanto importante isso era, porque ela ia usar o jornal para acender o
fogo com ele. Eu disse: „Você não pode jogar isso fora!‟ Não sei o que esperava que ela fizesse
com aquilo, apenas achava que era muito importante para ser jogado no fogo. Mas assim eram os
anos 60, crescendo naquele tempo, eu sentia que não havia limite para o que você podia fazer.”
Exceto talvez em Sheffield, para onde Bruce foi despachado aos 6 anos, assim que seus
pais conseguiram arranjar uma casa e empregos estáveis naquela cidade. “Eles nunca ouviam
música.” relembra Bruce “Meus pais estavam totalmente focados em conseguir dinheiro. Era
esquisito, eles eram muito rígidos. Então mais tarde eu descobri que tinham viajado pelo mundo ou
coisa parecida. Eles trabalhavam em parceria com um show de cachorros, com, tipo, poodles
pulando através de aros. Minha mãe costumava dançar muito, ballet, e ela era muito boa, tinha
uma grande presença e tudo mais. Ela tinha ganhado uma bolsa para estudar no Royal College Of
Ballet e minha avó não a deixou ir. Então ela ficou grávida e foi o inferno. Aí a dança virou sua
maneira de sair desse inferno. Sair de Worksop, da loja de sapatos e tudo mais... então tinha toda
essa outra vida que eu não conhecia nada quando era garoto.”
Talvez o único estímulo da família viesse de um velho violão que seu pai tinha, mas que
nunca tocou. “Era muito, muito ruim, mas eu estava fascinado com ele. Era uma coisa velha,
horrível, impossível de se tocar. Eu não acho que ninguém conseguia tirar nada daquilo. Então eu
costumava pegá-lo e ficar tirando uns barulhos dele, fazendo sons terríveis e ficando com calos
nos dedos.” Quando chegou a Sheffield Bruce foi mandado para uma escola primária local, notória
por ser um local duro. “Era a Manor Top e, tanto quanto eu saiba, continua lá. Eu não sei como ela
é agora, mas quando eu fui para lá ela era como um campo de concentração”, ele relembra com
um sorriso torto. Como o garoto novo do pedaço, Bruce foi tão surrado e incomodado que seus
pais tiveram que tirá-lo de lá, e o matricularam numa pequena escola particular, a Sharrow Vale
Junior. “Eu estive na Manor Top durante uns seis meses, talvez. E então nos mudamos – nós
estávamos constantemente nos mudando de casa para fazer dinheiro. Meus pais costumavam
comprar uma casa, arrumavam-na, aí a vendiam, para depois comprarem outra e começavam tudo
de novo. Por boa parte de minha vida eu estava morando numa construção. Mas meus pais tinham
chegado a um ponto onde estavam começando a fazer algum dinheiro. Compraram uma pensão.
Acho que meu pai comprou uma garagem falida e começou a dirigi-la também. Ele estava sempre
vendendo carros de segunda mão perto da entrada do hotel...
Como resultado dos incansáveis esforços de seus pais, na sua adolescência Bruce foi
despachado para um colégio interno de segundo grau, também pago, chamado Oundale, em
Shropshire. “Eu não me importei em ir para lá.” comentou Bruce “Eu não me sentia particularmente
feliz em estar com meus pais, por isso eu vi essa ida como uma escapatória. Eles me perguntaram
se eu realmente queria ir, eu tinha uns doze anos e respondi que sim. Acho que era porque não
tinha criado nenhum vínculo real com eles quando era muito, muito novo, e também pelo fato deles
terem muita dificuldade de se relacionar comigo de uma maneira profunda, como pessoa.”
Bruce se ressentia disso, mas hoje olha para o outro lado da coisa. “Havia outras ocasiões
que eu ficava surpreso de como eles podiam ser compreensivos com as coisas. Eu um dia roubei
um carro de brinquedo de uma loja e fui apanhado. Passei um aperto com a polícia e tudo mais. E,
claro, você tem 11 anos e eles tentam te fazer cagar de medo para que não faça isso de novo. E
isso funcionou: eu me caguei de medo e desde então não furtei mais nada. Mas me lembro que
meu pai teve que vir até a delegacia para me soltar, e fiquei surpreso que não tenha me colocado
no colo e me dado uma surra. Por outro lado ele nunca conversou comigo para saber porque eu
tinha feito aquilo. Expressar seus sentimentos mais íntimos não estava no programa de minha
família. Meu avô, que estava muito doente, mais tarde engoliu um monte de pílulas e tentou se
matar. Mas ninguém falou sobre isso depois, e ele estava vivendo conosco naquela época – meus
avós tinham se mudado conosco para o hotel então.”
“Mas, de certa forma, estou bastante agradecido pelo fato de não ter tido o que é
convencionalmente conhecido por uma infância feliz e descomplicada. Isso me fez uma pessoa
muito auto-suficiente. Cresci num ambiente que me mostrou que o mundo nunca iria me fazer
nenhum favor. Que se você ficar parado e esperar por algo, vai acabar sendo pisoteado. Isso foi
injetado em mim por causa do jeito que meus pais eram. Muito auto-suficientes e trabalhavam
duro, nunca paravam. E eu tinha muito poucos amigos íntimos, muito poucos porque, você sabe,
eu nunca ficava encontrando com ninguém por muito tempo. Estava sempre me mudando. Não
acho que meu pai tivesse muito mais amigos, tampouco. A única que tinha muitos amigos era
minha irmã Helen, que nasceu não muito depois que me mudei para Sheffield. Ela era o completo
oposto de mim – totalmente sociável. Saía por aí e tinha centenas de amigos!”
Mas a educação em escolas privadas de Bruce chegaria a um fim brusco quando, aos 17
anos, foi expulso pelo crime meio surreal de ter urinado no jantar do diretor. Para entender bem
esta estória, é preciso ter em mente que o internato britânico é um dos mais conservadores de todo
mundo ocidental. Poucas coisas mudaram desde o século passado neles, e alguns métodos mais
parecem medievais. Isso sem falar no inferno que veteranos fazem os calouros passar dentro
destas instituições. Assim sendo, Bruce sentiu na pele o que era ser atormentado quase que
diariamente, com todo o tipo de brincadeiras de mau gosto e surras dos mais velhos. Não eram
brigas de socos, como as que tinha tido de enfrentar em lugares como Manor Top. “Eram mais
como uma tortura sistemática.” explica ele “Você não podia escapar, esta era a coisa. Em Manor
Top, pelo menos você podia voltar para casa no fim do dia.” Seu maior tormento era o „capitão do
dormitório‟ (uma espécie de chefe de turma), um rapaz de 18 anos, com cerca de 1,90 m de altura
(e “com a idade mental de 12 anos”). Bruce conta que a brincadeira favorita de seu chefe de
dormitório era “chegar às 10 da noite, pegar um travesseiro, transformá-lo numa arma, juntar todo
mundo em torno da minha cama e me dar uma lição de auto defesa, me surrando até não poder
mais.” E seria assim por todo o seu primeiro ano...
“Essas coisas aconteciam literalmente a cada noite. Você ia para a cama algumas noites e
eles tinham colocado seis ovos quebrados dentro dela e tudo estaria ensopado, todas as roupas
molhadas, tudo arruinado e impossível de dormir nelas... Eu sei que poderia ter chamado meus
pais, mas isso teria sido me acovardar, então não o fiz. Eles ficaram sabendo cerca de um ano e
meio depois. Gozado, eu achava que falar para os meus pais ou professores seria uma forma de
deixá-los ganhar. Eu estava determinado a não deixar isso acontecer. Você não pode deixar as
pessoas arrancarem o melhor de você, essa era minha atitude. Mesmo quando está ali estendido
no chão todo espancado, você ainda assim pode dizer: „Tudo bem, você é maior do que eu, pode
me bater à vontade, mas você não é superior.‟ Assim sou eu, cara. E foi o que aconteceu comigo.
Costumava chorar até não poder mais, escondido, mas nunca, nunca, nunca mostraria esse tipo
de... de fraqueza... em público, porque assim eles teriam vencido.”
Bruce cresceu como sendo filho único, constantemente mudando de casas, escolas e até de
país. Ele se sentia distante até mesmo de sua irmã – coisa que confessa sentir um pouco até hoje
– porque “Ela foi uma criança planejada, você sabe. Então comecei a sacar que eu era esse...
deslocado (em inglês outsider, que quer dizer uma pessoa que não está dentro de um determinado
sistema). E eu aceitei isso. Mas foi quando comecei a, vamos dizer, fazer coisas diferentes.
Lembro que eles tinham um curso na escola de cadete para o exército que todo mundo odiava,
então resolvi ficar com a liderança daquilo. E podia cuidar de toda a munição de verdade, e armas,
e todas esses revólveres e coisas assim.” Com acesso a esse tipo de coisa e ajudado por outro
deslocado, que passava pelos mesmos apuros, aos 16 anos, cuidou de se vingar de seus algozes,
preparando pequenas bombas de pólvora e fazendo armadilhas com elas. “Oh, Deus, nós
manipulávamos um material que era tão perigoso! Preparando pequenas armadilhas para as
pessoas. Não para machucar, mas para assustá-las”, ele relembra.
Foi nessa época, muito longe de se imaginar um cantor, que Bruce deu seu primeiro passo
ao lugar em que se sentiria à vontade. Foi entrando para aulas de teatro na escola. “A primeira vez
que subi no palco, adorei. Eu me senti confortável na hora, então comecei a ser voluntário para
qualquer peça que estivesse sendo montada. Fiz uma porção. Até mesmo acabei dirigindo
algumas delas. Eu amava isso. Não tanto a roupagem, mas a linguagem, e tentar entrar na cabeça
do que estava acontecendo na peça. Nós encenamos Shakespeare – o departamento de teatro era
muito ambicioso, e me lembro de tomar parte dessas produções, bastante elaboradas de McBeth e
Henrique VI. Costumava dar muito duro para tentar compreender o que estava sendo dito no papel
e dar algo a ele, entende?”
Mas a música não estava muito longe de deixar sua marca no adolescente Bruce. O hábito
de ouvir rádios de pilha debaixo dos travesseiros durante a noite, após o horário de apagar as
luzes, era muito comum numa escola interna que restringia terrivelmente os alunos no tocante às
horas de folga.
“Nós só tínhamos permissão de ver televisão uma hora por semana, consequentemente o
único outro tipo de diversão externa que tínhamos era música. E os caras estavam sempre
trocando discos ou vendendo-os de segunda mão. Você caminhava pelos corredores e vinha
música de quase todas as salas. Ouvi um dia uma coisa soando no quarto de alguém, fui lá dentro
e perguntei: „Oooba! O que é isso?‟ e eles olharam para mim com desdém e disseram: „É Child In
Time do Deep Purple. Você não sabe de nada?‟ Mas eu estava muito fascinado para me importar.
Fiquei tipo „Yeah, mas onde eu posso conseguir esse disco?‟ O primeiro disco que comprei na
minha vida foi o In Rock do Deep Purple, arranhado até não poder mais, mas pensei que era o
máximo. E foi isso que começou a me fazer começar a comprar álbuns e ficar por dentro de rock.
Isso e os concertos. Uma banda sempre ia tocar na escola. A cada quatro meses então, nós
tínhamos um concerto de rock. A primeira apresentação que fui na vida foi a de uma banda
chamada Wild Turkey. E me lembro que li uma entrevista com eles pouco depois na Melody Maker
ou coisa assim, e foram perguntados sobre qual teria sido a tour deles, e um deles respondeu: „É
engraçado, mas o melhor show de toda a turnê foi um que demos nesse colégio interno.‟ Eu me
lembro que fiquei completamente maluco, minha camisa até saiu!”
Houveram outros concertos que marcariam a vida do jovem estudante, como o que o Van
Der Graaf Generator tocou por lá (uma inovadora banda progressiva) e Arthur Brown (“Seu disco
Kingdom Come tinha acabado de sair e era fantástico – o melhor cantor que já tinha visto”). “A
música que se apresentava por ali era sempre meio progressiva, muito ligada a discos conceituais.
Era esta a minha dieta de música ao vivo. Mas quanto aos discos, eu sempre ouvia o primeiro
disco do Black Sabbath, In Rock do Deep Purple, Aqualung do Jethro Tull, Tarkus do Emerson,
Lake & Palmer – tudo que encontrava. Quer dizer, eu devia ser o sonho de qualquer publicista,
porque toda banda que via ao vivo, comprava o disco. Depois ia atrás e comprava os discos
daquelas bandas que os teriam influenciado na carreira, você sabe. Mas a minha banda favorita
era o Deep Purple. Achava que o disco „In Rock‟ era a melhor coisa de todos os tempos!”
Mas ser cantor era uma coisa que ainda não tinha passado pela cabeça de Bruce.
Originalmente ele se via como um candidato a baterista. “Ian Paice do Deep Purple era meu maior
herói, eu só queria ser Ian Paice”, ele confessa. “Mais especificamente, eu queria ser o pé
esquerdo do Ian Paice! Mas não tinha dinheiro para comprar uma bateria. Tinha dois garotos ricos
que arranjaram um kit de bateria na escola e arranjaram uma banda. Eu me lembro de ficar
flertando pelos fundos, vendo-os ensaiar, e pensava „Eu tenho certeza de que posso tocar melhor
do que eles.‟ De vez em quando eles me deixavam dar umas tocadas na bateria, e eu não
conseguia fazer nada direito. Mas sabia que podia fazer melhor do que eles, sentia isso no meu
íntimo. Costumava fazer um kit de bateria, usando livros e outras coisas na minha mesa. Não tinha
baquetas, por isso eu usava dois pedaços de madeira e ficava batendo na minha cama às 7 da
manhã.”
Eventualmente, Bruce conseguiu dar um jeito de participar dos ensaios, quando pegou
„emprestado permanentemente‟ um par de bongôs da sala de música da escola. “Comecei a zoar
com eles num canto, sem perguntar se podia. Fiz amizade com o cantor deles, que era esse cara
chamado Mike Jordan. Nós costumávamos fazer jogos de guerra juntos. Ele tinha ganho todos
esses prêmios de canto – ele era um baixo – como um cantor de música clássica. Então ele era o
cantor nesse grupo e era uma coisa horrível, nada a ver com rock‟n roll. Eu me lembro de tentar
aprender „Let It Be‟ dos Beatles. Ela tinha só dois ou três acordes e estávamos todos tentando tirá-
la. Eu estava lá no canto, tentando soar como John Bonham (Led Zeppelin) num par de bongôs, e
soava terrível, minhas mãos estavam vermelhas e estava dando uma dor de cabeça em todo
mundo. Parecia um cavalo andando sobre caixas. Mas o pobre Mike não conseguia atingir as notas
mais altas de jeito nenhum, e eu tentei encorajá-lo a seguir em frente, cantando junto com ele – só
que eu conseguia atingir as notas agudas. Sempre pensei que, provavelmente, poderia cantar, de
fato eu sabia que podia cantar, porque todo mundo já tinha me ouvido gritando „Jerusalém‟ no coro
da escola e diziam „Você tem realmente uma boa voz‟. E eu respondia: „Besteira!‟ Você sabe, mas
isso me fazia pensar.”
“Então eu disse: „Me dêem uma oportunidade como cantor e eu não toco mais os bongôs, e
dou uma mão pra vocês com as notas altas de „Let It Be‟. Foi o que fizemos e todo mundo disse :
„Legal! De onde esta voz apareceu?‟ Infelizmente a banda acabou uns cinco minutos depois. Mas
havia aquele outro garoto, também muito nervosinho, que estava numas de curtir B.B. King e
gostar de Blues. Ele estava aprendendo tudo num violão e eu costumava sair com ele – Nick
Bertram era o seu nome – e ele tirava o songbook do B.B. King e tocávamos todos aqueles
clássicos do blues e coisas assim. Ele tocava e eu cantava. E foi quando eu fui expulso por urinar
no jantar do diretor...”
Na realidade foi uma brincadeira mais inocente do que parecia: o jantar estava sendo
preparado para uma festa. Mas descobriram que estavam sem óleo de cozinha e pediram o óleo
dos estudantes do quarto de Bruce. Bruce e outro garoto resolveram fazer uma “pequena”
brincadeira e „batizaram‟ o óleo com uma pequena quantidade de urina. Ele e o outro responsável
tomaram algumas cervejas e caíram na gargalhada. Tiveram o azar de contar a brincadeira para
outro colega e, no dia seguinte, toda a escola estava sabendo.
“A pior coisa de ser expulso foi esperar pelo meu pai vir com o carro me pegar. Mas meus
pais não falaram nada sobre o assunto, do mesmo jeito que fizeram quando eu furtei o carrinho de
brinquedo. Eles me pegaram, não falaram nada sobre isso, nunca mencionaram a respeito. Eu
tinha pensado „Inferno, sabe, eles não vão dizer nada?‟ Mas saí da escola e os seis meses
seguintes foram muito, muito proveitosos.”
Voltando para casa em Sheffield, Bruce foi estudar numa escola bem mais liberal e de
vanguarda (para a época). “Eu adorei! Ela era brilhante! Todo mundo era, tipo, normal, e havia
garotas lá – o que me deixou maluco na hora. Fiquei numas de „Que coisa, eu espero que elas
conversem comigo!‟ Então, na minha primeira ou segunda semana lá, ouvi dois garotos
conversando e dizendo „O que vamos fazer sobre o ensaio de hoje á noite então? O cantor pulou
fora, o que vamos fazer?‟ E fiquei pensando „Cristo! Devo dizer que eu sou cantor?‟ Então me virei
e disse: „Eu posso cantar para vocês, se quiserem.‟ E eles responderam: „Oh, grande, esperamos
você lá então.‟ Fui lá e descobri que o baterista deles era um garoto que conhecia de minha velha
escola. O ensaio foi na garagem do seu pai – bateria, baixo, duas guitarras – muito estilo Wishbone
Ash, porque eles tinham aprendido todo o disco Argus (o mais famoso LP do grupo, muito popular
no início dos anos 70) nota por nota. Assim que fui aprendendo as canções, eles ficavam numas de
me dizer “Você realmente sabe cantar! Uau, nós temos um cantor!‟ Então comecei a pensar:
„Tenho que comprar um microfone...‟
Mas Bruce não se sentia confortável nessa posição. “Eu me sentia como um velho tarado
indo comprar uma revista pornô, porque isso era muito esquisito. Se alguém me perguntava „Você
é um cantor?‟ eu respondia „Não, não, eu não sou não, definitivamente não!‟ E saía correndo da
loja. Estava com muito medo de parecer um idiota, não queria fazer aquilo a não ser que
conseguisse atingir cada nota como Ian Gillan. Não queria me ver como um cantor se não
conseguisse atingir este ponto e não sabia se conseguiria.‟
“O primeiro lugar no qual fizemos uma apresentação foi numa taverna chamada Broad Fall,
em Sheffield, onde se fazem este tipo de shows. A banda se chamava Paradox e eu disse: „Este é
um nome idiota. Por que não um nome grande e místico como Styx?‟ E eles responderam: „Este é
um bom nome.‟ Então nos chamávamos de Styx. Não sabíamos que já havia uma grande banda
americana com este nome. Éramos uns sonhadores ignorantes. Mas a banda acabou pouco depois
disso e ficou por aí – exceto que agora eu tinha um microfone e um amplificador. Pensei: „Bem,
sempre posso usá-los de novo em algum outro lugar.‟
Bruce deixou a escola com três notas máximas – Inglês, História e Economia – e no
princípio considerou seguir os passos de seu pai, indo para o exército. Já tinha se alistado no
Exército Territorial (uma espécie de curso para entrar em armas) e seu pai aprovava a idéia de seu
filho ter uma carreira desse tipo.
Bruce: „Não sabia o que ia fazer. Mas fui para casa e pensei: „Dane-se, eu vou fazer o TA
por seis meses.‟ Até que gostei, mas logo percebi que minha fantasia de que ia ser como um
Rambo e atirar para todo lado era uma merda. Havia tantos idiotas, senão mais, no exército quanto
em qualquer lugar. Não necessariamente os caras com quem eu estava, porque eles eram um
bando de colegas legais. Nós íamos até a mata, fazíamos um monte de buracos, enchíamos a
cara, voltávamos e ficávamos bêbados como gambás. Eu nunca tive visto homens ficarem tão
bêbados e fazerem coisas tão deploráveis, e certamente nunca tinha visto tantas „mulheres fáceis‟.
Quer dizer, eu não fazia nada com elas, não tinha a menor idéia do que fazer. Lembro duma
mulher tentando me levar para cima e tudo que fiz naquela noite foi jogar dardos. Não tinha a
menor idéia de como lidar com aquilo. Mas, no fim das contas, concluí que isso não era uma
escolha de carreira, era um pouco de fantasia, realmente. Foi uma boa maneira de dar uma
escapada por uns tempos, porque eu não sabia o que mais iria fazer. Tipo, ser um cantor de rock‟n
roll? Se isso não é uma fantasia, então o que é?”
Ao invés disso, resolveu se inscrever numa vaga na universidade para estudar História, mais
exatamente no Queen Mary College, no East End de Londres. “Foi a primeira vez que fui para
Londres”, conta Bruce. “Meus pais perguntaram: „O que você vai fazer quando for para lá?‟ Eu lhes
disse que ainda iria para o exército, mas que queria ter o meu diploma antes. Era o que eles
queriam ouvir e isso foi a estória que contei para disfarçar. Assim que cheguei lá, imediatamente
comecei a procurar e tocar em bandas. Encontrei esse cara chamado Noddy White, que se parecia
demais com o Noddy Holder do Slade. Ele era do Southend (região sul de Londres) e um pouco
guitarrista, um pouco baixista, um pouco tecladista, um pouco compositor, um pouco de tudo,
sabe? E tinha um monte de equipamentos, caixas de som, tudo. Eu fiquei numas de „Dane-se,
cara, vamos formar uma banda!‟
A banda era chamada de Speed. “Não tinha nada a ver com tomar speed (gíria para
anfetaminas), éramos uma banda completamente limpa, é que tocávamos tudo ridiculamente
rápido!” Eles ensaiavam todas as vezes que Bruce conseguia convencer o dono do equipamento a
montá-lo. “Eu pedi ao Noddy para me dar algumas aulas de violão e comecei a escrever canções
na hora. Ele me ensinava três acordes e eu escrevia a partir destes três acordes. Naquela época o
Punk estava estourando e no East End você estava bem no meio do movimento. Eu me envolvi
com o Entertainment Comittee (uma espécie de grêmio estudantil) da faculdade, e num dia você
seria roadie para o The Jam, no outro estaria colocando o cenário de Stonehenge para um show do
Hawkwind, ou qualquer coisa assim. Eu me lembro de ver Ian Dury and the Blockheads tocando lá.
Os Sex Pistols fizeram um show meio secreto na escola. Aí a gente começou a fazer algumas
apresentações. Costumávamos pegar o microonibus da escola, dizendo que estávamos pegando
emprestado para um curso fora, tirávamos todos os assentos, amontoávamos todo o equipamento
e íamos para o pub Green Man, em Plumstead. Arranjamos até que uma boa base de fãs no final,
e tive minha primeira experiência do que era cantar em frente a um público. Era uma dessas
bandas de escola que não duram muito, mas foi legal enquanto durou.”
Mas não foi bom o bastante. Bruce queria expandir seu repertório, e logo viu um anúncio na
Melody Maker que chamou sua atenção imediatamente: “Procura-se cantor para completar um
projeto de gravação”. Bruce, que nunca havia estado num estúdio antes, respondeu ao anúncio.
Pediram que ele mandasse uma fita com uma demonstração de sua voz. Bruce diz que “Uivei,
gritei, lati e apenas fiz barulhos.”, na fita que mandou. E ainda mandou uma nota (onde já deixaria
a marca de seu humor): “Falando nisso, se vocês acharem que o cantor é uma merda, há algumas
comédias de John Cleese (do Monty Pythom) no outro lado da fita, que vocês podem achar
engraçadas.” A fita foi retornada e o cara disse: „Nós achamos sua voz realmente interessante.
Venha ao estúdio.‟
“Assim, fui lá e gravei esta canção chamada „Dracula‟. A faixa era da banda obscura
chamada Shots, formada basicamente por Phil Shots e seu irmão, Doug. Só Deus sabe o que
aconteceu com esta gravação, mas Doug ficou louco, porque nós dobramos as vozes, fazendo
uma coisa como uma harmonia de quatro partes. E ele ficou me perguntando „Você tem mesmo
certeza que nunca fez isso na sua vida?‟ Então começamos a conversar e ele me perguntou que
tipo de música eu gostava e, é claro, mencionei Ian Gillan, Ian Anderson (Jethro Tull), Arthur
Brown... e Doug fala: „É isso aí! O Arthur Brown, cara! Algumas vezes sua voz é igualzinha ao do
Arthur! Nós temos que formar uma banda!‟ Pensei: „Caramba, esse cara tem um estúdio e quer
formar uma banda comigo.‟ Respondi; „Yeah!‟”
Bruce começou a cantar com o Shots “principalmente em bares, mas ninguém estava
interessado.” Até que numa noite, puto com aquilo, ele meio que brincando começou a xingar a
platéia por não estar prestando a devida atenção. A resposta foi tão boa que começou a fazer isso
toda noite, até que virou parte do seu ato.
Bruce conta como começou: “Nós estávamos tocando em clubes para cinco pessoas, você
está tentando fazer o seu trabalho e ninguém presta atenção. Então entrei nessa de parar uma
canção na metade e começar a provocar estes caras na platéia. Começava: „Ei, você! É, você!
Você, seu gordão! Todo mundo olha para ele. Todo mundo está olhando para ele? Ok, qual é o seu
nome? Você tem um nome?‟ Apenas para provocar as pessoas. E todo mundo de repente presta
atenção, porque correm o risco de serem os próximos! Aí, antes que o cara tenha chance de
responder, nós começávamos a próxima música – só que agora todo mundo estava ouvindo. A
primeira vez que fiz isso, o dono do lugar veio e disse „Foi um grande show, caras! Vejo vocês na
próxima semana!‟ Então começamos a desenvolver isso nas apresentações. E foi a partir daí que
passei a ser não apenas um cantor, mas um frontman também. Descobri que um monte de gente
pode cantar, mas peça a elas que subam no palco e segurem a platéia e elas não conseguirão.
Não saberiam como. Então isso era um fato muito importante que descobri sobre este trabalho.”
Mas a verdadeira chance de Bruce aconteceu na noite que membros do grupo Samson
apareceram, de surpresa, num show que o Shots dava em Maidstone, em 1978. Liderado pelo
guitarrista nascido em Sidcup, Paul Samson, eles já tinham lançado um LP, Survivors, através do
selo independente Lazer, atraindo uma boa parcela de interesse da imprensa, fazendo se
destacarem, junto com certas bandas como Iron Maiden, Saxon e Angel Witch, num novo
movimento que estava sendo chamado de “New Wave of British Heavy Metal” (NWOBHM). Mas
seu maior destaque, curiosamente, era o fato de seu baterista Thunderstick (nome verdadeiro:
Barry Purkins), usar uma máscara sadomasoquista no palco. (Ele era também um fã ardoroso do
Kiss. Nos primeiros tempos do Maiden, Purkins chegou mesmo a tocar com grupo, mas fez só um
show com a banda).
Bruce Dickinson: “Eles viram o nosso show, nós tivemos um bate-papo depois e me
perguntaram: „Qual é a sua?‟ eu disse: „Bem, eu gosto muito do Purple, Sabbath e Jethro Tull, mas
eu gosto de fazer coisas com uma ponta de esquisitices.‟ Porque naquelas alturas o Shots tinha
virado quase que um ato de comédia Heavy Metal. A interpretação tinha ficado mais importante
que a música. Mas o Thundestick estava numas de curtir o Heavy Metal Kidz (uma banda meio de
paródia da época) e me disse: „Foi como ver um jovem Gary Holton (vocal do Kidz), gozando as
pessoas e se divertindo, foi ótimo!‟ E eu disse: „Tudo bem, eu posso fazê-lo, mas acho que havia
mais coisa (no show) do que isso.‟ Paul Samson me deu seu número de telefone e disse: Ouça,
nós temos um disco que saiu agora, temos um contrato de gravação, mas precisamos de um novo
cantor e queríamos que você entrasse para o grupo.‟ Faltavam umas duas semanas para as
minhas provas finais na faculdade, então disse: „Sim, eu adoraria estar na sua banda, mas podiam
me dar duas semanas? Eu tenho algumas provas para fazer e aí eu sou todo seu.‟”
Conseguir se formar não parecia uma coisa importante – até Bruce perceber que poderia
nem sequer chegar a fazer os exames, se não deixasse suas atividades extra-curriculares de lado,
pelo menos durante algum tempo. “Eu fiquei enrolando na faculdade durante dois anos”, admite
ele, “fazendo apenas o mínimo necessário, enchendo a cara, indo pra cama e geralmente, me
divertindo muito. Então eles quiseram me expulsar por não pagamento de aluguel, porque eu
gastei todo o meu dinheiro (para pagar a faculdade) comprando equipamento para a banda.
Costumava me esconder quando os inspetores de aluguel apareciam. E também havia tomado
bomba nos meus exames do segundo ano. Então eles tinham um caso muito fácil, realmente. Mas
eu era encarregado da seção de entretenimento da Students Union (uma espécie de UNE) e,
naqueles dias, isso tinha um certo peso. Então eles deixaram passar, mas tive que fazer seis
longos trabalhos no espaço de duas semanas, o que as pessoas normalmente levam seis meses
para fazer. Consegui boas notas em todos eles e acabaram me deixando ficar. E nos seis meses
finais para a minha formatura, pensei: „Dane-se, já fui muito longe, seria uma vergonha não ir à
biblioteca, abrir um livro e descobrir do que, afinal de contas, se trata o curso de História.‟”
Estudando como um doido nas últimas semanas antes dos exames finais, Bruce conseguiu
tirar o suficiente para passar. “Era o que a maioria das pessoas consegue, de qualquer forma”,
conclui ele, bem humorado. Ir direto da sua última prova para seu primeiro ensaio com o Samson
provou ser uma experiência diferente demais até mesmo para o infatigável Bruce. “De fato, os
primeiros ensaios que tive com o Samson definiram claramente o padrão que teria todo o meu
tempo com a banda.” Ele estava para entrar no que ele pode hoje falar bem humorado de “Meus
dias de „vamos-experimentar-drogas‟. Eu nunca tinha me envolvido com drogas. Eu apenas
costumava beber muito naqueles tempos. Mas quando fui lá, o baixista estava cheirando carreiras
de sulfato atrás dos amplificadores, Paul estava fumando quilos de maconha e o baterista tinha
engolido um punhado de mandies (um poderoso tranquilizante, que só podia ser vendido sob
estrita prescrição médica, mas que se tornara popular entre músicos no final dos anos 70). E eu
tinha estado no bar, é claro, logo depois de fazer minhas provas, então você pode imaginar a zona
nesse meu primeiro ensaio. Thunderstick caiu do seu banquinho porque estava completamente
fora de si com os mandies. Por sorte, tinha uma parede atrás dele, e então a gente o encostou lá e
ele conseguiu continuar tocando. Eu não tinha a menor idéia do que estava acontecendo, sério. Só
fui em frente com aquilo tudo. Thunderstick era, obviamente, um grande fã do Kiss, eu podia
perceber isso. E Paul estava numas de curtir Leslie West, Mountain e ZZ Top, e eu maluco por
Deep Purple, então, éramos um grupo e tanto.”
Não sabendo exatamente seus limites ou objetivos, ele decidiu que o melhor caminho a
seguir seria “me atirar de cabeça naquilo e fazer o melhor que podia. Quando em Roma, faça como
os romanos, essas coisas. Terminei com a namorada que estava comigo há três anos, na
universidade. Disse a ela que iria me tornar um completo cretino. Pensava que era isso que tinha
que fazer, francamente, e assim poderia me comunicar com os rapazes da banda. Porque não era
nada do que eu esperava. Na minha inocência, achava que pessoas que tocavam em bandas de
rock‟n roll eram grandes artistas, e foi um grande choque nas minhas convicções quando descobri
que não, que não queriam nem se tornar isso, realmente. Alguns deles, talvez. Mas outros – como
o Samson – estavam com medo dessa idéia. Alguns deles só queriam beber uns tragos, dar uma
boa trepada e tomar umas drogas, e descobri que isso era muito, muito difícil de lidar. Pensei:
„Tenho que descobrir se vou trabalhar com esses caras e nós vamos fazer música.‟ E tão logo
aceitei esta idéia, pensei „Certo, devo então saber o que toda essa tomação de drogas e trepadas
são, afinal de contas.‟
Mas Bruce nunca entrou nas mais pesadas. O máximo que chegava no material ilegal era
maconha, seu maior vício pessoal. “Eu já fumava um pouco naquele tempo”, ele admite. “Alguém já
havia me ligado num pouco de droga na escola, e eu pensei, „Oh, isso é meio esquisito‟. Eu
gostava daquilo, sabe? E no Samson isso era um tipo de hábito. Quer dizer, Paul costumava
acender um baseado todo dia, o dia todo. E descobri que, se você estava limpo, não conseguia
realmente se comunicar com ninguém. Era impossível. Por isso, pensei, „Oh, eu devo então fumar
um baseado ou não vou conseguir ser capaz de escrever nada‟. E foi mais ou menos destejeito
que a coisa foi. Eu mais ou menos me resignei a isso. Tipo, vou me tornar uma pessoa que
basicamente não sou por dois ou três anos, sabe, porque queria ser um cantor, e pensava que isso
era parte do preço que tinha que pagar. Para ser honesto, cada pequena coisa que eu fazia era
outro passo para atingir meu objetivo, ser um cantor numa banda de rock‟n roll. Acho que você tem
que ter esse nível de crença, ou pelo menos eu tenho.”
Bruce teve que engolir muitos sapos para ter a sua oportunidade de sucesso. Teve até que
aceitar um nome boboca, ficando conhecido, durante seus tempos no Samson, como “Bruce
Bruce”, algo tirado de uma cretina piada da trupe do Monty Pythom. “O pessoal da editora vivia me
mandando cheques de brincadeira, só para me gozar”, diz Bruce, que cansou de explicar a estória,
“e uma de suas piadinhas era me mandar um cheque nominal para Bruce Bruce, como num
daqueles sketchs do Monty Pythom. E ele pegou. Quer dizer, não fiquei muito contente com isso
mas pensei, „Oh, bem, ok, é um tipo de nome de guerra, não é?‟ No Samson, Bruce pôde expandir
sua capacidade como compositor, escrevendo com Paul a maioria do material gravado pelo
conjunto. Ele deixaria dois álbuns: Head On, lançado em 1980, através do pequeno selo Gem, e
Shock Tactics, lançado pela RCA, depois que o Gem faliu, em 1981. Em nenhum dos dois discos o
vocal de Bruce está na mesma categoria que mostraria nos seus trabalhos com o Iron Maiden, mas
não eram maus discos, principalmente para a época. Um bom hard rock do início dos anos 80,
fortemente influenciado pelas bandas dos anos 70. Tampouco atingiram grandes posições nas
paradas. A falta de uma grande gravadora, para promovê-los em escala maior, parece ter sido o
principal fato de não ficarem mais conhecidos na época. Aparentemente, o Samson tinha o talento,
mas não a sorte.
Bruce: “Acho que Head On poderia ter sido um bom disco. Eu só pediria a Deus para termos
tido um produtor decente, porque tinha umas grandes canções nele. E francamente, é meio
engraçado, eu falei isso com o Rod Smallwood um tempo depois, e ele meio que admitiu que a
única banda que achava que podia rivalizar com o Maiden era o Samson. Ele é bastante honesto
para admitir quedeliberadamente, se encarregou de fazer o Maiden bater o Samson de qualquer
jeito. Não especificamente por isso, mas porque antes de eu me juntar à banda, o Samson tinha
sabotado o Maiden numa passagem de som ou coisa parecida. E Rod nunca os perdoou por isso.
Acredito nesta estória, porque, com certeza, havia mesmo algumas batalhas de ego rolando
naqueles tempos.”
O Samson havia sido jogado no lote da NWOBHM, e não demorou muito para que eles
estivessem dividindo os mesmos palcos com outros colegas da NWOBHM, como o Praying Mantis,
Angel Witch e, claro, o Iron Maiden. “Havia aquela coisa chamada de „A Cruzada Pelo Heavy
Metal‟, da qual o Iron Maiden era parte, basicamente uma espécie de circo viajante de bandas que
tocaram no Music Machine, em Camden, toda semana. Os empresários do Samson sempre
declararam que a idéia tinha sido deles, então o Samson sempre estava no programa da
NWOBHM em algum lugar. O Saxon estava lá também, e o Angel Witch – todo mundo que fez
parte daquela coletânea da EMI, a Metal For Muthas. Então, sabe, aquela coisa existia, para o bem
ou para o mal, e foi realmente minha primeira experiência dessa idéia que havia um tipo de...
movimento. Até então eu desconhecia isso. Mas a primeira vez que eu vi o Maiden, acho que foi no
Music Machine, por volta de 1980. Nós éramos a banda principal da noite, mas eles vieram
trazendo toda aquela tribo do Ruskin Arms e o lugar ficou lotadoe as pessoas ficando loucas por
eles. E me lembro de estar assistindo no fundo do palco, sentindo esta vibração em volta da banda,
e pensei; „Isso é o Purple!‟ Essa foi a primeira coisa que me veio à cabeça, que isso era puro Deep
Purple. Tinha o Dave Murray, que era obviamente influenciado pelo Ritchie Blackmore. Ele tinha a
(guitarra) Strat, o cabelo muito longo... E o baterista soava como Ian paice – quer dizer, parecia um
clone dele! Não percebi o baixista naquela primeira vez, mas olhei para o cantor, Paul, e pensei:
„Hummm, eu não entendo porque ele está lá...‟
“Mas fiquei olhando, e eles eram bons, danados de bons. E naquele momento me lembro de
ter pensado: „Eu quero cantar nessa banda. De fato, eu vou cantar nessa banda! Sei que vou
cantar nessa banda.‟ E não foi nem uma coisa de tentar forçar a entrar nela. Apenas pensei que
era inevitável, pensava o que poderia fazer com a banda, porque sempre tinha sido um imenso fã
do Purple, e eu vi o Iron Maiden como outro Deep Purple – não idêntico musicalmente, mas talvez
o mesmo arrepiar da espinha. Eu pensei: „Isso é o que eu sou realmente. Não o Samson.‟
O Paul mesmo estava desprezando-os. Um pouco, acho que era inveja, um pouco
verdadeiro. Ele apenas não gostava do som deles, não conseguia se identificar com isso de jeito
nenhum. Mas me lembro que tinha uma garota que era uma espécie de groupie - nós a
chamávamos de Flannel Tits (seios de flanela) - e eu acho que ela estava flertando com os caras
do Maiden também – e ela apareceu um dia com uma fita do Maiden, de um show gravado direto
na mesa de som. Ela pôs para tocar e falei: „Caramba! Isso é louco!‟ Eles faziam o Samson parecer
uma piada, em comparação. Nossa noção de dinâmica nunca foi muito boa, mas o Maiden tinha a
deles muito, muito precisa.”
Bruce admite que o que mais admirava na banda era o seu direcionamento, sua firme
decisão e objetividade, e isso o atraiu mais do que a música propriamente dita. Afirma que “não
ouvia muitos seus discos, foi vendo-os e ouvindo-os ao vivo que me impressionou. Quer dizer, é
claro que ouvia os discos, e algumas coisas lá eram muito legais, como „Prodigal Son‟ e
„Remember Tomorrow‟. Sobre o seu predecessor na banda, Bruce opina que “ele soava muito bem
nos discos, mas quando chegava o pega para capar – quando a banda estava detonando no palco
– ele tinha que ir ao máximo, dominar isso, e eu achava que era aí que a coisa não acontecia.”
A vez seguinte de encontrar a banda só ocorreria quase um ano depois, e seria fruto de uma
coincidência. O Samson estava gravando seu disco Shock Tactics no estúdio adjacente ao que o
Maiden estava então produzindo Killers.
Bruce Dickinson: “Havia um bar no Morgan Studios, onde podíamos nos encontrar. Martin
Birch estava produzindo o disco deles, e Martin era meu herói. Tinha produzido a maioria dos meus
álbuns preferidos, e só de botar os olhos nele eu pensava: „Oh meus Deus!” E é claro que o Clive
Burr estava por lá também, e era quem nós conhecíamos, porque ele tinha tocado no Samson
antes de eu entrar. Clive costumava visitar nossas gravações e retribuímos, indo lá vê-lo gravar
também. De qualquer forma, eu estava lá uma noite e eles tinham acabado de terminar esta
mixagem, e Clive disse: „Vem aqui dentro e ouça‟, aí ele ligou as caixas de som tão alto quanto
podia, e ficou em pé no fundo da sala, bebendo uma cerveja. Lembro de ter ouvido esta coisa – eu
acho que era „Murders In The Rue Morgue‟ – e ter ficado numas de „Uau, isso soa fantástico!‟ E
era. Eu tinha ouvido o primeiro LP do Maiden e achava que o som dele era uma merda (ele se
refere à produção do disco). E aí, quando ouvi o Killers, pensei que isso faria eles serem realmente
grandes. Claro que Killers foi o disco que recebeu críticas muito duras por aqui, mas foi aquele que
o resto do mundo parou e deve ter pensado, „Espere um pouco, isso é bom...‟
Uma das ironias do destino é o fato de que o Samson deveria ter sido o grupo de suporte do
Maiden, na parte européia da tour de 1981. Seria a primeira tour mundial da banda, e aquela que
levaria à demissão de Paul Di‟Anno.
Bruce: “Nos programas da tour de Killers, chegaram mesmo a imprimir um anúncio do Shock
Tactics no verso. Mas fomos retirados na última hora, porque nossa gravadora não queria pagar
pelas despesas da tour ou qualquer coisa assim. Eu ainda não estou certo até hoje se esta foi a
verdadeira razão, mas qualquer que fosse, fomos retirados no último minuto e então estava feito. O
Samson, no tempo em que estava com eles, jamais chegou a tocar fora do Reino Unido.”
Foi o princípio do fim da relação Samson e Bruce Bruce. Sua gravadora, a Gem, quebrou.
As gravações de Shock Tactics foram então repassadas para a RCA que, segundo Bruce “Não
estava dando a mínima sobre esta banda desconhecida da Inglaterra. Sobre a eles, foi como se
dissessem: „vamos só lançar e quem se importa?‟ Desiludidos com o que parecia a maneira inepta
com que dirigiam os negócios da banda, Samson despediu seus empresários, o que acabou por
deixá-los numa situação ainda pior. „Nós fizemos isso tudo da maneira errada, provavelmente
porque estávamos chapados o tempo todo, naquela época”, diz Bruce. Com isso, foram
processados pelos seus agora ex-empresários e perseguidos por ações na justiça, que acabaram
por fazer com que tivessem seu equipamento gradualmente confiscado, enquanto estavam em
plena tour. Algumas vezes eles mesmo ficaram legalmente incapacitados até de receber
pagamentos! “Foi o fim da linha, bastante literalmente, mas nos recusamos a aceitar isso”, diz
Bruce.
Mas nem tudo estava perdido. O grupo recebeu a oferta de se apresentar no Reading
Festival daquele ano, como uma das atrações principais. Era uma chance de ouro e Bruce diz que
“Nós agarramos a oportunidade com as duas mãos e esperamos pelo melhor. Foi a segunda vez
que fizemos o Reading, e tudo deu muito certo, conseguimos críticas positivas e tudo mais. Existe
até um disco ao vivo („Live At Reading 81) daquele show, e acho que soamos muito bem. Mas já
naquele ponto a energia estava muito esquisita na banda. Paul (Samson) estava realmente numas
de dar o fora e mergulhar mais e mais no seu projeto solo, você sabe, essa coisa de ZZ Top, que
foi o que fez, logo depois de eu sair. Ele tinha um novo empresário então, que estava tentando
conseguir um novo contrato com a A&M – chegamos mesmo a tirar fotos promocionais para a
A&M. Mas, naquela altura, eu já tinha me decidido a sair.”
Talvez o que tenha apressado sua decisão fosse a presença de um certo empresário, de
outra banda muito grande, que estava no Reading Festival. Bruce resume o que ocorreu: “Paul
(Di‟Anno) ainda estava na banda, mas acho que todos estavam cônscios de que havia um
problema. E, quando eu deixei o palco no festival naquele dia, todo mundo sabia que havia alguma
coisa no ar. O mais engraçado é que havia aqueles rumores de que eu ia me juntar ao Rainbow.
Recebi um telefonema esquisito no meio da noite de um roadie de Ritchie (Blackmore) ou alguém
assim, perguntando: „Você está disponível?‟ e respondi: „Claro que eu estou disponível, Ritchie é o
meu guitarrista favorito!‟ Mas não ouvi mais falar disto. A primeira coisa que eu ouvi do Maiden foi a
de que Rod e Steve estavam rondando o backstage durante o Reading. Descobri que eles voaram
do sul da França especialmente para ver o Samson. É claro que eu não sabia de nada que estava
ocorrendo nos bastidores, que o Rod ainda estava vacilando.
Steve dizia: „O cara tem uma grande voz‟ ou algo assim, e Rod respondia: „Eu não me
importo com que tipo de voz ele tenha, ele está no Samson e eles nos prejudicaram!‟ Mas aí o Rod
veio e teve uma conversa comigo. No Reading tinha aquele quadrangular de tendas vendendo
cerveja e outras coisas, sabe, e bem no meio disso, um grande poste com armações e holofotes
em cima. Nós éramos as únicas duas pessoas em pé nesse quadrângulo, debaixo dos holofotes,
com todo mundo que estava no Reading festival olhando para nós, eu olhando para o Rod e ele:
„Você quer mesmo fazer isso aqui?‟ Mas Rod estava meio desligado, você sabe. Não foi bem uma
proposta. Nada como „Queremos que você seja o cantor‟, foi mais como „Nós queremos lhe
oferecer a chance de um teste‟. E respondi: „Oh, tudo bem.‟ Lembro de estar muito auto-confiante
naquele dia, então disse: „Mas quando eu o fizer, vou ficar com o emprego. Então vamos falar com
o que vai acontecer quando estiver no emprego.‟ E Rod respondeu: „Oh, oh... melhor você voltar
para o hotel com a gente.‟”
Steve Harris: “Eu nunca fui muito fã do Samson, mas sempre pensei que o cantor deles era
bom. E porque estávamos tendo problemas com o Paul mais ou menos desde o princípio, suponho
que sempre mantive um olho aberto para cantores. Eu apenas tinha uma vaga impressão de que
Paul nos deixaria na mão um dia, e teríamos que arranjar outra pessoa. Então eu vi o Samson
umas duas vezes e pensei: „Yeah, o cara tem uma voz muito boa e sabe como segurar o público.‟
Achei que ele soava um pouco como Ian Gillan, realmente. Quando a porcaria realmente atingiu o
ventilador, no caso do Paul, ele foi uma das primeiras pessoas em quem pensei. Rod não gostou
muito da idéia, ele nunca perdoou o Samson por ter-nos atrapalhado na época. Mas não me
importava, só pensava que o cara tinha uma grande voz. Então disse: „Dane-se com isso, eu o
quero!‟ Assim demos um jeito de ir ao Reading dar uma olhada e ver se ele estava interessado.”
Bruce foi fazer sua audição para a banda, em Hackney, no dia seguinte. Ele conta suas
impressões: “Assim que entrei sabia que era uma coisa completamente diferente de tudo que
conhecia até então. Eles tinham roadies de verdade, um sistema profissional de monitores, carros
para transporte, eles tinham tudo. Pensei „Certo, não vai ter gente puxando fumo no fundo do
ônibus, então.‟ Só que depois descobri que tinha, bastante. Mas, quero dizer, não era o mesmo tipo
de clima que tinha no Samson ou qualquer outra banda que tenha estado. Fiquei numa de „Ok,
bem, esses agora são os caras grandes com quem você está tocando, então você tem que
aprender a jogar pelas regras dos caras grandes .‟ E isso estava bom para mim. Eu já tinha me
encontrado com o Steve umas duas vezes. Tinha conversado um pouco com ele, mas nada que
tenha feito muito impacto comigo. Não pensava que ele fosse o messias que muitos faziam idéia,
nem o ogro que outros diziam ser. Eu o via como um cara que tinha uma boa personalidade. Ele
era muito amigável, sabe? Mas aquela coisa toda que envolvia o Iron Maiden, aquele clima intenso,
quase de auto-importância, eu achava intimidador, tenho que admitir. Pensei: „Isso é realmente
necessário?‟ Mas acho que sim, porque você cria aquele clima em volta, que é realmente
importante. Ele atrai as pessoas como um ímã. Fãs e patrocinadores do showbiz. Você consegue
respeito porque o exige. E era isso que eles tinham.”
Steve Harris: “Dizemos que foram „diferenças musicais‟ sempre que alguém sai. Mas é mais
para a proteção deles do que nossa. Já é o bastante que eles não estejam mais na banda, não
precisa ficar insistindo nesse assunto, sabe?”
Adrian Smith sobre a primeira apresentação de Bruce: „Se ele estava nervoso, não
demonstrou. Ele simplesmente entrou no palco e cantou como se estivesse na banda desde o
começo.”
Mas encarar o primeiro show na Inglaterra não seria tarefa tão fácil assim, como o próprio
Bruce admite: “Eu não estava preocupado em fazer bem o meu trabalho, senti que já tinha provado
bem isso, na Itália. Era mais a questão de saber se os fãs realmente iriam me aceitar. Não era
minha culpa que Paul não estivesse mais na banda, mas era inevitável que qualquer ressentimento
da platéia certamente seria dirigido para mim.”
Apesar de alguns estraga-prazeres terem gritado o nome de Paul aqui e ali no show, a
estréia de Bruce foi um sucesso sem precedentes. Sua performance atlética, correndo de um lado
para o outro do placo, subindo nos stands das luzes e nunca parando de se mexer, era muito
diferente da de Paul (que sempre ficou mais parado quando não estava cantando). Steve, que até
então era o que mais agitava ao vivo, tinha encontrado um competidor à altura. E não ficou triste
com isso. Sempre sonhara com um frontman que fosse mais do que um cantor. A banda saiu do
Rainbow com a certeza de que seu futuro estava garantido.
Dave Murray: “Ele realmente sabia como segurar a platéia. E dava tudo nisso, de um jeito
que Paul nunca conseguiu. Paul era grande quando estava cantando, mas ficava um pouco
perdido no palco, o resto do tempo. Bruce não parava de se mover por todo lado e dar tudo de si,
cantando ou não.”
Malcom Dome, que trabalhou com o Maiden muitos anos, coloca o seu ponto de vista: “A
maioria das pessoas achava que Paul Di‟Anno era um grande frontman e quando ele foi despedido,
eles acharam que a banda estava agora num buraco. Então Bruce apareceu e tudo mudou. Ele era
a perfeita peça que faltava no quebra-cabeças para torná-los uma gigantesca banda internacional.
Se Paul tivesse ficado e Bruce não aparecesse, eu acho que eles teriam lutado muito mais para
conseguir ir além de meados dos anos 80. Eles precisavam de algo mais, e Bruce era esse algo
mais. Mas você tem que dar crédito ao Steve e ao Rod por terem percebido isso, e terem feito a
escolha certa na hora certa. Teria sido fácil estragar com tudo, como a maioria das bandas da
NWOBHM fez, de um jeito ou de outro. Mas não o Maiden. Eles ficaram firmes até conseguir fazer
a coisa direito, e a partir daí nada podia pará-los.”
Bruce Dickinson: “Eu não tinha nada planejado sobre o que eu iria fazer uma vez que
estivesse no palco com eles. Eu apenas deixei as coisas acontecerem bem espontaneamente. A
única coisa que tinha certeza era que eu não ia ser um clone do Paul Di‟Anno – não nos vocais,
não visualmente ou de qualquer outro modo. A primeira vez que falei com Rod a respeito do
trabalho, em Reading, eu disse: „Olha, eu não sei qual é a sua perspectiva do que eu deva fazer,
mas eu tenho umas idéias bem claras sobre o que eu não devo fazer, e o que eu não devo fazer
são as coisas que o cara antes de mim estava fazendo. Se você quiser que eu faça isso, então é
melhor arranjar outra pessoa agora, porque não vai nem valer a pena falar sobre isso.‟ Aquelas
coisas do tipo cockney que Paul fazia apenas não eram a minha. Eu não achava que elas eram
particularmente interessantes. Legal quando eles tocavam na Inglaterra, talvez, que era o lugar
onde as pessoas podiam entender o que era tudo isso. Mas uma perda de tempo no resto do
mundo. Eu só pensava que a banda era maior do que isso.”
Adrian Smith: “Bruce era um daqueles poucos caras que realmente poderiam fazer o
trabalho, sério. Ele tinha o alcance vocal e a experiência – tanto quanto a gente saiba ele era um
talento garantido, que definitivamente podia dar conta do serviço. Mas não podíamos saber com
certeza, até que fizemos aquelas primeiras apresentações com ele na Itália e no Rainbow, que
serviram para nos entrosarmos antes de irmos ao estúdio. Essa foi a prova final para vermos que
tínhamos feito a escolha certa. Vocalmente, ele se encaixou com perfeição, mas em termos de
personalidade, ele era completamente diferente de Paul. Não tanto como um companheiro de
bairro, era mais cosmopolita, se você entende o que eu quero dizer. Em qualquer país que
estivéssemos tocando, Bruce sempre tentava falar com a platéia em sua própria língua, mesmo
que fosse só um pouquinho, só para saberem que ele estava tentando se esforçar, e o povo
adorava isso. Isso fez uma diferença para o „Awright! ow are ya!‟ que era quase sempre a maneira
de Paul se apresentar. Depois disso, fazer um disco não era uma coisa que nos preocupava muito.
De fato, isso nos fez ficar mais ansiosos para ir lá e mostrar o que podíamos fazer agora.”
Martin Birch, o produtor: “Apesar dele ser excelente nos discos que gravou com eles e que
era ideal para a época, eu sempre pude ver que o Maiden estava indo para além daquilo que Paul
estava capacitado a fazer. A partir deste ponto de vista, eu simplesmente não conseguia vê-lo
tendo capacidade de cantar os vocais de algumas partes, bastante complicadas, das direções que
Steve estava querendo explorar. A voz de Bruce era uma que eu podia trabalhar com muito mais
facilidade. Ele tinha um alcance muito maior e podia levar os tons até um ponto que Paul não
poderia, de jeito nenhum. Então, quando o Bruce entrou, isso abriu as possibilidades para o novo
disco de forma tremenda. Paul apenas não poderia fazer as coisas do jeito que Bruce fez e foi por
esta razão que „The Number Of The Beast‟ se tornou um marco histórico para o Iron Maiden, tanto
quanto eu possa afirmar. Foi o disco que percebi que eles seriam tudo aquilo que eu esperava que
fossem.”
Paul Bruce Dickinson é o integrante do Iron Maiden de menor estatura (1,68m), esgrimista, e
chegou a competir, sendo chamado para ser o capitão da equipe profissional de esgrima nas
olimpíadas de 1988, mas recusou, pois estava em turnê com o Iron Maiden. Outros talentos do
cantor incluem literatura, tecnologia ferroviária e pilotagem de aviões.
Em fevereiro de 2015, Bruce foi diagnosticado com câncer na língua. Após análise médica,
foi constatado que ele tinha grandes possibilidades de cura, pois o câncer ainda estava no estágio
inicial. Em maio de 2015, através da página oficial do Iron Maiden no Facebook, Bruce divulgou
nota em que comemorava a cura do câncer e agradecia o apoio dos fãs em todo o mundo.
Stephen Percy "Steve" Harris, Leytonstone, 12/03/1956, baixo e vocal de apoio (1975–)
Steve Harris é, sem sombra de dúvida, uma das figuras mais importantes da história do rock
em geral, e do Heavy Metal em particular. Um homem com uma missão. Talvez seja essa a melhor
definição deste inglês, que levou seus ideais de música honesta e sem compromissos, por toda a
sua vida. Sempre colocou a honestidade e integridade em primeiro lugar e nunca cedeu a
nenhuma pressão do caminho que significasse se desviar, ainda que apenas um pouco, de seus
objetivos. Cabeludo, tatuado, não muito alto (mal passa de 1,70m), ainda assim é o tipo de sujeito
que você não gostaria de enfrentrar numa briga. A não ser que fosse para brigar até a morte. Essa
atitude fanática e sem concessões não raro feriu os sentimentos e sensibilidades de outros que,
por um motivo ou outro, não compartilhavam a mesma visão e/ou atitude deste inglês criado num
bairro operário da baixa classe média londrina. Ainda assim, Harris jamais deixou de inspirar
respeito e admiração, mesmo nos seus piores desafetos, seja por seu talento natural, por sua
honestidade também nata, ou mais frequentemente, por ambos os motivos. Steve jamais cobrou de
qualquer um mais do que ele mesmo estava disposto a sacrificar.
Harris também se transformou num exemplo e ídolo para milhares de outros jovens que,
mesmo sem nunca chegar a conhecê-lo pessoalmente, puderam admirar seu talento, inteligência e
integridade através do trabalho com a banda que criou e se tornou famoso. Baixista virtuoso mas
sem exageros, compositor de inacreditáveis hinos metálicos, letrista privilegiado e, ainda por cima,
um showman no palco, Steve Harris extrapolou todos os limites impostos aos baixistas comuns.
Mesmo vindo de um background relativamente pobre, mesmo tendo deixado a escola cedo e caído
na estrada desde jovem, nunca deixou de aprender e absorver mais cultura. Oriundo de um
ambiente pouco intelectual, adora ler. Mesmo rico e famoso, nunca abandonou sua simplicidade,
sua dedicação aos fãs nem seus sonhos, e mantêm na ativa sua banda mesmo depois de crises de
todos os tipos ao longo da carreira.
Steve Harris é um cabeludo que leva o filho pequeno para jogos de futebol e cuida bem da
saúde. Vive numa mansão em Sussex e tem o respeito e a admiração de milhões por todo mundo.
No entanto, seu lar verdadeiro continua sendo a estrada, tocando e compondo com seus
companheiros, através de todos os continentes. Mas antes de chegar a essa posição teve que ralar
muito. E não tem medo de continuar ralando, até que seja chamado para uma jam lá no céu, onde
certamente tocaria com grandes que estão esperando um baixista como ele. Gente como Jimi
Hendrix, Keith Moon. Jim Morrison, etc. Mas, Heaven Can Wait.
Steve nasceu em Leytonstone, East London, Inglaterra, no dia 12 de março de 1956, “No
nquarto dos fundos da minha avó”. Era o filho mais velho de quatro, tendo três irmãs mais novas.
Seu pai era motorista de caminhão, e sua mãe uma dedicada dona de casa que, ocasionalmente,
trabalhava em empregos temporários, mas que sempre colocou em primeiro lugar o cuidado dos
filhos. Havia bastante música na casa. Ele lembra das irmãs e suas amigas dançando ao som dos
hits do momento, “coisas como Beatles, Simon & Garfunkel. Não consigo me lembrar se eu
gostava disto desde o princípio, mas estava sempre tocando. Consigo me lembrar de algumas
letras delas até hoje, então fica claro que absorvi aquilo tudo.” Mas antes de música, havia outra
coisa na vida do jovem inglês: Steve era bom em esportes na escola, tendo praticado tênis, cricket
e futebol. Desde o princípio, foi atraído por desenho e música, mas sua paixão infantil foi
completamente dominada pelo futebol. Tanto que sonhava em se tornar jogador profissional, de
preferência no seu amado time do coração, o West Ham United, um time local que deu ao mundo
alguns dos jogadores que fariam parte da seleção campeã do mundo em 66: Bobby Moore, Geoff
Hurst e Martin Peters.
“Eu costumava jogar futebol na rua”, lembra-se ele. “Podia ser tanto com colegas quanto
sozinho, só chutando a bola contra um muro. Se não tivesse bola, uma latinha jogada fora servia.
Eu estava sempre jogando com meus amigos e música ainda não tinha entrado na minha vida
naquele momento. De fato, devo dizer que o futebol foi a primeira coisa na qual realmente senti
uma coisa muito forte.”
Seu primeiro contato com um jogo profissional aconteceu quando tinha nove anos e um
colega o levou para ver uma partida do West Ham no seu estádio, perto de Upton Park. Ele mesmo
se recorda da ocasião: “Você podia ir de ônibus até lá. E lá fomos nós, por nossa própria conta -
sem adultos - e o vimos bater o Newcastle por 4 a 3. E foi então que aconteceu, fiquei louco, um fã
completo dos Hammers! Meu pai e meu avô eram torcedores do Leyton Orient (outro time local do
East End) e eles não gostaram nem um pouco quando ficaram sabendo. Mas meu pai estava
sempre fora de casa a trabalho e eles nunca realmente me levaram a um jogo, então é culpa deles
eu ter virado fã do West Ham. Tinha a camisa oficial do time e tudo mais.” Futebol passaria a ser o
foco da vida de Steve pelos próximos sete anos, tempo durante o qual ele fez tudo para realizar
seu sonho de se tornar, realmente, um jogador de seu time do coração. Passional em tudo que se
dedica, esse sonho dominou todos os seus pensamentos de infância.
“Eu jogava futebol no time da escola, e também tênis. Gostava de música e de desenho,
mas o futebol era sempre a prioridade número um para mim, quando eu era garoto.” Tão logo
Steve começou seu estudo secundário na Leyton High, já estava jogando para o time da escola
todo sábado, e para um time amador local (o Beaumont Youth), todo domingo. “Eu jogava bem em
qualquer posição, exceto meio de campo e goleiro. E isso apenas porque eu era muito baixo. Eu
podia correr muito bem com a bola dominada. Nós tínhamos um bom time em Beaumont. Dos doze
caras que jogavam no primeiro time, sete ou oito viraram profissionais de vários clubes. Nós
jogamos contra o Orient Youth uma vez e os derrotamos por 5 a 1! Meu pai e meu tio vieram ver a
partida. Eu marquei dois dos gols e meu pai ficou muito contente. Foi nesse ponto que pensei na
possibilidade de me tornar profissional.”
Steve era, de fato, um bom jogador. Tão bom que chamou a atenção de um “olheiro” famoso
no local, Wally St. Pier, que o convidou para treinar no time juvenil do West Ham. Ele mal pôde
acreditar quando isso aconteceu: “Ele era uma figura lendária por ali, sempre rondando meio
escondido. Nunca ninguém conseguia dizer se ele estava por ali ou não, mas eu acho que ele me
viu jogar umas duas ou três vezes, e então eu recebi uma proposta, via Beaumont, para ir treinar
no West Ham. Eu tinha apenas 14 anos e não podia acreditar naquilo! O diretor do clube chegou
até mim e contou. Eu estava nas nuvens! Quando fui pela primeira vez ao West Ham, estava me
borrando todo, para ser honesto. Mas, por sorte, tinha um outro cara que conhecia do clube, Keith
Taylor, que também foi escolhido para ir lá – eu ainda o vejo algumas vezes. Até meu pai ficou
encantado. Ele fez um comentário maldoso por ser do West Ham, mas eu sabia que ele estava
feliz. Era uma coisa muito excitante para a época.”
O que parecia um sonho tornado realidade logo azedou quando Harris descobriu que o ritmo
e a dedicação exigidos pelo futebol profissional eram muito maiores do que imaginava. E, aos 14
anos, o jovem adolescente não estava muito a fim de abrir mão das festas, da turma e das meninas
para ficar treinando e jogando dia após dia, praticamente sem descanso. “O ponto focal de ser um
jogador profissional é que você tem que ser incrivelmente dedicado. É algo assim como se tornar
um monge, e isso é muito difícil quando você tem apenas 14 ou 15 anos. Você está na idade em
que todos os seus amigos começam a sair e se divertir, e você sabe que simplesmente não pode.
Eu queria muito sair, encontrar com as meninas, tomar uns goles e me divertir com meu colegas.
Estava treinando todos os dias da semana – duas vezes por semana no West Ham, uma vez pelo
time da escola, então tinha os domingos. No único dia em que não estava treinando era época dos
jogos da escola, e isso também era futebol. E ainda por cima, tinha três jogos todos os finais de
semana. Era inacreditável, eu estava tão em forma que não dá para crer. Mas você não percebe
isso na época.” Logo Steve concluiu que precisaria escolher entre a dedicação total ao futebol ou
partir para outra.
“Acabei concluindo que aquilo não era o que eu queria fazer, o que foi um choque para mim,
de certa forma. Desde que eu tinha sete ou oito anos e vi o West Ham pela primeira vez, pensava:
„Isso é o que eu quero „. Meu filho, aos sete anos, fala a mesma coisa: „Eu quero ser jogador de
futebol quando crescer‟. Eu era do mesmo jeito. E então, quando você tem que enfrentar a dura
realidade, descobre que tem que ser realmente dedicado ou então está perdendo tempo. Há um
monte de jogadores talentosos que simplesmente não aguenta isso. Eu não me achava melhor
nem pior do que qualquer outro jogador daquele tempo. Apenas pensei: „não posso fazer isso. Eu
não posso ser tão dedicado a isso.‟, e me perguntava, se não posso me dedicar a algo que amo, o
que é que eu quero mesmo fazer então?
“Meus pais não me pressionaram muito. Sei que muitos pais fazem isso, mas os meus não.
Eu é que tentei me pressionar, mas pensei: „Não quero mesmo fazer isso.‟ Foi um choque concluir
isso. Até deixei completamente de jogar futebol durante um ano, depois de me decidir, e isso quase
me levou à loucura. Quer dizer, o que eu ia fazer?”
Com um grande peso no coração, deixou de lado seu antigo sonho de ser “um novo Geoff
Hurst”. É certo que Steve jamais abandonou, de todo, sua antiga paixão. Um ano depois, voltou a
jogar por prazer. “Voltei a jogar pelo prazer da coisa. Comecei a jogar de novo por um clube que eu
costumava participar, o Melbourne Sports, e ainda estou jogando com eles, de vez em quando, até
hoje.”
Assim, Harris passou para sua outra paixão, a música. Tinha decidido se tornar um rock star.
E logo começou a deixar o cabelo crescer, como era moda entre roqueiros da época. Não sem que
tenha causado certos acidentes de percurso.
Steve: “No futebol as pessoas costumavam me chamar Georgie Best, por causa do meu
cabelo ser tão longo. Mas isso não tinha nada a ver com George Best, era mais por causa do Chris
Squire (baixista do Yes). Meu cabelo nunca tinha sido um problema, até eu me juntar a um clube
de tênis, quando eu tinha uns 16 anos. E na hora um cara veio e me disse: „Oh, seu cabelo é um
pouco cumprido, não é?‟ E eu me virei e disse: „Olha, antes de começarmos, nem meu pai me diz
para eu cortar o meu cabelo, então não tenho que dar satisfações a você‟. Ele me disse: „Bem, não
é necessário ser desse jeito.‟ E eu disse: „Bem, não fique me falando sobre o meu cabelo.‟ Me
levantei, fui embora e foi isso – eu não joguei tênis por um bom tempo depois disso. Não sei se
coisa assim ia acontecer no futebol, com esse códigos de como se vestir que eles impõe quando
você assina um contrato profissional. Mas eu tinha essa coisa, naquele tempo, sobre não cortar o
cabelo. Era apenas (uma questão de) princípio.”
Música era uma ocupação que permitiria Harris expressar-se e manter seu cabelo grande.
“Eu realmente não comecei a tocar guitarra até os 17 anos”, relembra ele, “Mas eu costumava
comprar discos de vez em quando, desde que eu tinha 14 ou 15 anos. O primeiro disco que tive foi
comprado para mim. Eu tinha só uns cinco anos e pedi aos meus pais que comprassem o tema do
filme „Exodus „. Eu realmente adorava aquele tipo de música, acho que ainda tenho o disco em
algum lugar. É bem épico, bem do estilo que sempre me chamou a atenção. Então, desta época
em diante, passei a pegar discos de vez em quando. Mas eu tinha 14 anos quando comprei meu
primeiro LP – um álbum compilação desses sucessos de reggae – coisas como „Monkey Spanner‟
de Dave e Anselmo Collins e „Big Five‟ do Judge Dread.
Era 1970, Reggae, por mais estranho que pareça, era a música escolhida, para a primeira
geração na Inglaterra, de um movimento que seria conhecido como skinheads (ou Carecas, como
ficaram conhecidos no Brasil). Os uniformes eram parecidos com os atuais desse infame grupo.
Mas naquela época as coisas eram diferentes, havia menos idealismo ligado ao neonazismo e
Steve entrou nessa por motivos menos violentos dos que os que adotaram o estilo em tempos
recentes. Ele mesmo se recorda bem da fase: “A maioria de nós era o que hoje em dia costumam
chamar de skinheads, eu acho. Mas eu não era realmente um grande fã dessa coisa toda. Apenas
comprei aquele disco para aprender alguns passos da dança. Você sabe, para poder chegar mais
em festas. Se você não soubesse a dança, não conseguia descolar meninas. Nenhum de nós
estava totalmente envolvido com isso (com o movimento skinhead). Eu nunca cortei o meu cabelo,
nunca tive aqueles cortes máquina zero, mas cheguei a usar todo o aparato, uniforme completo,
botas e coisas assim. Mas depois de um tempo, você passa para a moda seguinte e depois para
outra, até chegar às calças de couro, cruzes de madeira e ficar ouvindo Free e Black Sabbath.”
Nessa época, já tendo deixado a moda skin para trás há um bom tempo, Harris fez amizade
com um colega de escola, Pete Dayle, e juntos passavam muitas horas na casa de Dayle, jogando
xadrez ou outro jogo qualquer. Acontece que o novo amigo tinha uma boa coleção de rock, que
punha para tocar durante as partidas, o que chamou a atenção de Steve. “Era um tipo de coisa que
eu nunca tinha ouvido antes. E ficava pensando „O que é isso?‟. Basicamente era o que hoje
chamamos de rock progressivo. Artistas como Jethro Tull, King Crimson e Genesis.”
Steve ficava intrigado, já que todo mundo na sua turma gastava todo o dinheiro com coisas
relacionadas a futebol, enquanto que seu amigo torrava toda a grana em discos, além de ter um
aparelho de som muito bom. Steve começou a ficar curioso e gostar do que ouvia. Pediu para que
o amigo lhe explicasse o que era aquilo. Ainda meio verde, Steve descobriu que achava alguns
bons e outros, “esquisitos”.
Mas a grande virada de sua vida aconteceu quando Pete deixou que Steve levasse alguns
discos de sua coleção para ouvir em casa, onde poderia escutar com mais atenção. Assim, Harris
levou discos como This Was do Jethro Tull, um antigo Genesis e um Deep Purple. “Aquilo me
enlouqueceu! – fiquei numas de „eu vi a luz, cara!‟ Especialmente o material do Genesis e Jethro
Tull. Eu não podia acreditar em algo tão bom assim. Coisas como The Musical Box (do disco
Nursery Crime do Genesis). Quero dizer, até hoje sinto um nó na garganta quando ouço estas
coisas.”
Até hoje Harris assusta os fãs, quando lhe perguntam quais são seus álbuns preferidos de
todos os tempos: ele sempre cita Foxtrot do Genesis, provavelmente Recycled do Nektar ou algum
disco do Jethro Tull. Apesar de alguns fãs terem dito que tais discos seriam coisas datadas e
antigas, Steve chegou mesmo a escrever a alguns deles respondendo que “eles mudaram a minha
vida, realmente. Achei aqueles sons danados de tão bons. E o próximo passo era que eu queria
imediatamente tentar tocar aquele material.”
(Obs. Harris renderia algumas homenagens a essas influências iniciais em lados B de compactos
do Maiden e, principalmente, no EP Aces High, gravando músicas do Jethro Tull, Nektar e
Mountain.)
Inicialmente, como é muito comum com qualquer garoto que não sabia nada sobre música,
Steve se interessou pela bateria. “Mas aí eu pensei: não posso tocar bateria, porque não tenho
lugar para praticar e é muito barulhento.” Ao invés disso, resolveu comprar um violão usado para
começar a praticar. “Decidi que ia pegar a coisa mais próxima à bateria, que é o baixo, e tocá-lo
junto com a bateria.” Alguém tinha dito a Harris que deveria primeiro aprender violão, o que ele
começou a fazer, chegando a ensaiar alguns acordes. Quando viu que não tinha nada a ver com o
baixo, tratou de conseguir juntar 40 libras duramente, até poder comprar uma cópia de um baixo
Fender.
Um colega de escola, Dave Smith, lhe ensinou os quatro acordes básicos para tocar rock:
Mi, Lá, Ré e Sol. Steve começou então a praticar no seu baixo todos os dias. “Uma vez que
coloquei as mãos num baixo, vi que podia fazê-lo”. Lembra ele, “Foi algo como „dane-se com os
acordes‟, apenas toque as cordas, você sabe, e a coisa foi maravilhosa. Eu fui logo começando a
fazer aqueles sons esquisitos, para cima e para baixo.” E acrescentou modestamente: “Acho que o
baixo é mais fácil de tocar do que a guitarra, que é muito complicada de se tocar da forma devida,
sério. Você pode aprender a tocar as linhas de baixo de „Smoke On The Water‟ muito mais rápido
que levaria para aprender a sequência de acordes, e essa é a sequência mais simples de todas.
Eu amei isso. Pensei: „Isso é para mim.‟ Eu ainda tentei pegar alguns songbooks e coisas assim,
mas eles não tinham nada para baixo, a maioria era para guitarra, e mesmo aqueles que
chegavam a ter notas de baixo, geralmente estavam errados.”
Mas tocar as complicadas sequências neoclássicas de grupos como Yes ou Genesis não
era tão simples assim. Então o jovem baixista resolveu tentar começando por alguns rocks mais
fáceis, que estavam na moda, como „Smoke On The Water‟ do Deep Purple ou „All Right Now‟ do
Free. Aos poucos foi melhorando o bastante para conseguir pegar coisa mais complexas e sutis,
de baixistas como Geezer Butler do Black Sabbath, cujas harmonias simples escondiam belas
passagens de baixo bastante difíceis. “Lembro claramente de estar tentando tocar „Paranoid‟ junto
com o disco e simplesmente não conseguia. Então joguei o baixo na minha cama e fui dar uma
volta. Mas no dia seguinte, peguei de novo meu instrumento e quando toquei, eu conseguia seguir
nota por nota! Uma vez que conseguia o básico, buscava as notas mais sutis e começava a tentar
ser um pouco mais esperto, e conseguir tocar material de gente como Chris Squire e caras como
ele, coisa que eu não conseguia ir muito longe durante um bom tempo.”
Esta mistura de estilos hard e progressivo fizeram com que Harris conseguisse desenvolver
um estilo de compor raro até então, onde às „quebradas‟ de ritmo comuns dos grupos progressivos
se juntava o peso e agressividade do heavy metal. Isso tudo, é claro, aliado a um ouvido antenado
para melodias e uma imaginação fértil para letras. Harris era tão ligado a seu instrumento que até
passou a compor nele, ao contrário da maioria dos baixistas (isso até os anos 80, quando passou a
se dedicar também aos teclados).
Mais tarde, outras bandas influenciaram decisivamente seu estilo de baixo e suas
composições (Judas Priest, Scorpions, Wishbone Ash e outras). Mas a principal influência de sua
persona de palco parece ter sido vinda de uma banda muito importante, que influenciaria toda uma
geração de músicos de metal dos anos 80 e seguintes: o UFO. Embora nunca fossem grandes
vendedores de discos, a banda inglesa foi uma das primeiras a utilizar elementos do que hoje é
chamado de metal melódico, e fascinou o pequeno Steve, pelo seu som avançado, pelo solos
limpos e virtuosos do guitarrista Michael Schenker, masprincipalmente pela performance do
baixista Pete Way. Way, além de grande instrumentista e compositor, era um maluco no palco, não
ficando quieto nem um minuto, bem ao contrário da tradição dos baixista de rock, mais discretos.
Steve mais tarde copiaria não só grande parte de sua movimentação nos shows, mas também seu
visual, como pode ser observado no documentário Too Hot To Handle do UFO (em que o próprio
Steve aparece prestando depoimentos sobre a banda).
AS PRIMEIRAS BANDAS
Steve estava praticando duramente com seu baixo havia dez meses, quando convenceu seu
amigo Dave Smith a formar uma banda com ele. Ela levaria o nome de Influence.
Steve: “Nós nos batizamos de Influence. Dave era uns anos mais velho que eu e tocava a
guitarra. O vocalista era um cara chamado Bob Verschoyle, com quem eu costumava jogar futebol,
ele estava só pensando em tentar fazer os vocais, e não era ruim, do jeito que foi. E tinha outro
cara, chamado Tim – não consigo me lembrar seu sobrenome – que tocava guitarra base, e o
baterista era um rapaz chamado Paul Sears, que era ótimo, realmente um grande baterista, melhor
do que o restante de nós juntos. Ele era veterano, tocou algumas tours por clubes e coisas do
gênero, e era dois anos mais velho que nós. Ele tinha começado muito cedo e era muito bom – ele
costumava tocar como o Simon Kirke do Free e do Bad Company. Detonava nos tambores e eu
adorava isso.”
Havia, claro, uns poucos shows muito preciosos nessa época, mas boa parte do tempo era
gasto por eles apanhando dos seus respectivos instrumentos, na casa da avó de Steve, tentando
tirar as músicas dos sucessos da época, até que conseguissem fazer algumas imitações passáveis
delas.
Steve comenta sobre esses ensaios iniciais: “Nós tocávamos umas duas canções do The
Who e „I‟m a Mover‟ do Free, então mais tarde eu incluí „Mr. Big‟ também do Free, porque nessa eu
podia fazer um solo de baixo. Tocávamos um par de músicas próprias com títulos bobocas, como
„Heat Crazed Vole‟, que o Paul, o cantor, tinha escrito, e outra chamada „Endless Pit‟, que eu tinha
vindo com o riff inicial e que acabaria sendo o riff de „Innocent Exile‟ que acabaria sendo gravada
no segundo disco do Maiden. Acho que o Bob escreveu as letras para uma outra canção, mas não
consigo me lembrar o que era.
“Costumávamos ensaiar no quarto dos fundos da minha vó, e era bastante engraçado,
porque eu ficava preocupado se não estaríamos perturbando a mulher que morava na casa ao
lado, com todo aquele barulho. Mas a minha avó sempre falava algo como „Eu não ligo porcaria
nenhuma para o que ela pensa, se ela chegar aqui para ficar se lamuriando sobre isso, diga a ela
que vá se danar!‟ Dura como carvalho, minha vó. Então um dia, ela veio do pub e me disse que
tinha visto a vizinha, e perguntou a ela sobre o barulho, se isso a estava incomodando, e a velha
senhora respondeu: „Oh, não, eu não ouço nada, sou um pouco surda, querida!”
Com o nome de Influence, o grupo de Steve só tocaria uma vez, ainda que a modesta
apresentação tivesse consequência positivas mais tarde. Foi em Poplar, perto de onde moravam,
num pequeno concurso de bandas amadoras. “Só tivemos que tocar por 15 minutos, o que era
ótimo, porque só tínhamos umas quatro músicas que podíamos tocar bem, e aí apresentamos as
três originais que escrevemos. Foi num velho hall de uma igreja daquele lugar, e nós ficamos em
segundo lugar! A banda que venceu do tipo The Osmonds (banda teen americana da época, bem
na linha Hanson, só que ainda mais comercial e bonitinha), você sabe, terrível. Não que fôssemos
muito melhores. Eu estava tão nervoso que danei com essa longa introdução que tínhamos
trabalhado para a primeira música, o cantor pensou que eu estava afinando o baixo e não entrou
quando deveria tê-lo feito. Então tive que começar de novo e, desta vez, todo mundo entrou na
hora certa, e o público pensou que era parte da canção (o erro), de qualquer maneira conseguimos
dar a volta por cima. Mas era bem ruizinho, realmente. Não fomos pagos nem nada, éramos bem
baratos naqueles tempos! Eu acho que deveria ter uns cinco ou seis outros grupos, então não era
nada de importante e não havia muita gente assistindo.”
O melhor naquele dia foi que acabariam fazendo amizade com uma pessoa muito importante
para o futuro da banda, o promotor do concurso, David Beazley, que seria mais tarde conhecido
mundialmente pelo seu apelido/nome profissional de Dave Lights.
Dave Lights: “Eu vivia num vicariato da vila, chamado Bridgehouse, que também era um
centro comunitário. E estava promovendo coisas como noites dançantes para jovens desde que
tinha 15 anos. Naquela noite em particular – deve ter sido em 1973 – tinha decidido que ia
promover um concurso de talentos, e Steve e sua banda entraram. Eles ficaram em segundo. Os
vencedores foram uma daquelas bandas em que os pais botam um monte de dinheiro – duas
garotas e dois garotos, um tipo de conjunto familiar, como o Abba. Mas, claro, sendo eu mesmo
mais rockeiro, achei que o bando do Steve tinha sido a melhor coisa da noite, e foi assim que
cheguei para conversar.”
Eles voltariam a se ver mais vezes, por causa de uma coincidência: Lorraine, a namorada de
Steve já naquela época (depois sua esposa), era colega de escola de Kim, namorada de Dave.
Assim, os dois casais estavam saindo juntos, inclusive indo para um pub que Steve gostava muito,
situado em Barking Road que, ironicamente, também se chamava Bridgehouse – e que quase
sempre tinha apresentações de bandas ao vivo. A primeira vez que Steve e Lorraine saíram juntos,
haviam ido também ao mesmo lugar, ver uma banda de alguns amigos dele tocar lá.
Quando a banda de Steve foi tocar ao vivo de novo, num pub chamado Cart And Horses, em
Maryland Point, Stratford, Steve decidiu que o nome Influence deveria ser mudado. “Eu queria um
nome mais divertido, mais para cima, porque estávamos tentando conseguir algumas
apresentações, e Influence soava um pouco sério demais. Não soava como uma coisa engraçada,
sabe?” Foi por isso que resolveram trocar para Gypsy‟s Kiss, por ocasião de sua nova
apresentação (o nome, na gíria cockney, significa ir ao banheiro). Mas a mudança não ajudou a
banda a durar mais tempo, como Steve explica. “Fizemos três apresentações no pub Cart And
Horses e duas no Bridgehouse, em Canning Town. E então acabamos! Diferenças musicais! (risos)
A verdade é que não consigo me lembrar quais foram as verdadeiras razões pelas quais nós nunca
conseguimos ficar juntos. Mas nos separamos, basicamente. Suponho que os outros perderam o
interesse, ou qualquer coisa assim. Essas coisas acontecem nessa idade. Você faz cinco shows
aos 18 anos e isso parece muita coisa para algumas pessoas. Eles ficam satisfeitos então, era tudo
o que queriam. Só uma experiência. Mas uma experiência não foi o bastante para mim, eu
realmente gostava de me apresentar e queria que isso durasse para sempre!”
Steve se achava muito novato para conseguir outros músicos para formar sua própria
banda. “Basicamente, eles eram os únicos que eu conhecia e eles meio que sumiram.” Então, o
jovem baixista pensou que a melhor coisa a fazer talvez fosse se juntar a alguma banda
estabelecida, para tocar e se aperfeiçoar. Claro que ele ainda não tinha experiência suficiente para
tentar alguém muito conhecido, mas apenas uma banda que levasse a música a sério como ele
fazia. Isso o levou ao Smiler.
O Smiler era liderado por dois irmãos gêmeos, Tony e Mick Clee, ambos guitarristas. Steve
fez um teste com eles num pub chamado White Hart, em Enfield, em fevereiro de 1974. “A idéia era
me juntar a pessoas que fossem mais experimentadas do que eu, porque queria aprender as
coisas, queria me ligar. E o Smiler era razoavelmente conhecido no circuito de bares. Eles já
tinham feito algumas apresentações, tinham um repertório formado e eu estava me cagando de
medo quando fui para a audição. Foi a primeira audição na minha vida. Então, claro, eu disse a
eles: „Bem, eu já fiz um monte de trabalhos com várias bandas‟. Você sabe, fazendo um pouco de
cera. Eu tinha apenas 18 anos e eles todos tinham algo como 26 anos, o que eu pensava que eram
realmente velhos naquele tempo.
“Eu perguntei que tipo de material eles estavam tocando e um deles me disse: „Bem, nós
tocamos um pouco de Wishbone Ash, uma música do Free e algumas coisas do Savoy Brown‟.
Eles tinham um som mais para o boogie do que o material que eu tocava até então, mas isso era
bom, porque então eu tinha que ir para casa e aprender a coisa, e acho que consegui dar conta
bastante bem daquilo. Eles tinham essa de duas guitarras soando iguais, estavam muito numas de
Wishbone Ash. Então eu pensei: „Yeah, é isso aí.‟ Consegui o lugar com eles e tive que aprender
todo o set de uma hora e quinze minutos. Eram todas covers, tinha uma original eu acho, mas de
novo era todo material baseado no boogie. E então aquela foi realmente uma boa experiência, indo
fundo e tendo que aprender um set inteiro. E estávamos literalmente excursionando em poucas
semanas. Eu entrei meio que em cima da hora, mas gostei disso. Nenhuma confusão. E nós nos
demos bem – este tipo de material funciona muito bem em bares de qualquer maneira, é fácil de
bater os pés no ritmo.”
Um problema acabou acontecendo quando Steve estava tocando nos pubs, há apenas
algumas semanas na banda. “O baterista queria sair porque o Smiler estava recebendo mais e
mais ofertas de apresentações, e ele simplesmente não podia ficar dispondo de tempo.” O grupo
saiu à cata de outro baterista para substituí-lo e acabou encontrando um jovem muito bom, Doug
Sampson, que seria um dos primeiros bateristas do Iron Maiden. Um outro nativo da região (mais
exatamente em Hackney, no dia 30 de junho de 1957), fez uma audição para o Smiler quando tinha
então 18 anos, num quartinho detrás de um pub perto de Chingford, em North London. Steve
comenta sobre esse teste: “Nós tínhamos outros bateristas e para ser totalmente sincero, os outros
eram tecnicamente melhores do que Doug. Mas Doug era um cara local, uma figura e era divertido.
Você sacava isso no momento em que ele chegou, então isso pesou. Era um bom baterista, não
me leve a mal, mas a sua atitude e sua personalidade é que realmente o qualificavam – a banda se
chamava Smiler (sorridente) afinal, e Doug estava sempre sorrindo.”
Doug Sampson: “A banda tocava um material mais voltado para o blues e o boogie,
principalmente covers do Savoy Brown, Wishbone Ash e ZZ Top. Os gêmeos eram os chefes, mas
ficou claro que Steve tinha idéias próprias também. Essa foi a minha primeira banda de verdade;
antes do Smiler eu tocava em pequenos conjuntos com colegas de escola, nenhum que se
destacasse. Apenas tocando aquelas coisas básicas de rock – Cream, Hendrix, essas coisas.”
Com novo baterista à bordo, o grupo voltou ao circuito de bares de East London. Também
começaram a incluir uma ou outra composição própria, escritas pelos irmãos Clee. E foi nessa
época que Steve começou a experimentar escrever alguma coisa sua. Logo também notaram que
um vocalista ia ser uma coisa boa para a banda e ajudaria a valorizar as novas músicas que
estavam compondo. Até então os dois guitarristas se revezavam nos vocais.
“Então quando comecei a escrever umas duas outras músicas que eram um pouco mais o
que seria o estilo do Maiden, eles disseram: „Ah, não... há muitas mudanças de tempo nelas.‟ Eles
não disseram: „Nós não vamos tocá-la‟, apenas não mostravam muito entusiasmo por elas e
pensei: „Vou ter que sair, eu tenho que formar minha própria banda porque acho que estas canções
são muito boas.‟
Quando Steve saiu do Smiler, convidou Doug Sampson para se juntar a ele, mas o baterista
hesitou. Como Steve explica: “Doug Sampson deixou o Smiler comigo mas levou um tempo antes
que fôssemos tocar juntos de novo. Nós nos dávamos bem e formávamos uma boa seção rítmica,
e eu achava que devia isso a ele, de avisá-lo o que estava na minha cabeça. Não pedi para ele
deixar o Smiler comigo, só falei: „Olha, é isso que vou fazer, estou te dizendo porque você é meu
amigo. Mas você faz o que você quiser.‟ Porque a banda estava acontecendo, eles tinham muitos
shows marcados. Tudo que tinham que fazer era me substituir e seguir em frente. Não sei porque
mas ele me disse: „Oh, dane-se, eu tive o suficiente e estou saindo também.‟
“Então basicamente foi isso: saí para formar minha própria banda mas não tinha outros
músicos ou qualquer pessoa envolvida naquela época. Só pensei em escrever algumas músicas e
tentar juntar algumas pessoas, então não tinha como oferecer um trabalho para Doug ou nada
assim, você sabe, e só disse: „Vou te ligar daqui a algum tempo se alguma coisa acontecer‟, ou
coisa assim. Mas aí ele se juntou a uma outra banda e quando reuni o pessoal do Maiden ele não
estava realmente disponível, então acabei recrutando o Ron Mathews.”
Doug Sampson se lembra de ter sido convidado por Steve para integrar sua nova banda,
mas diz que recusou o convite porque “não era só com o Smiler que eu estava cheio, realmente,
estava farto daquela coisa toda de bandas de rock, naquelas alturas. Estava completamente duro e
precisava de arranjar algum dinheiro, então decidi arranjar um emprego.” Ele arranjou um, mas a
vontade de tocar voltou logo e ele acabou se juntando a uma banda chamada Janski: “Era uma
banda especializada em tocar covers dos Eagles e coisas tipo latin-rock (como Santana).”
Enquanto isso, Steve estava começando do zero com sua nova banda, usando os contatos
que adquiriu nos tempos do Smiler para ajudá-lo. Passou as últimas semanas de 1975 juntando o
que seria a primeira formação real do Iron Maiden. Ela seria formada no dia de natal de 1975, com
Steve no baixo, Dave Sullivan e Terry Rance nas guitarras, Ron Mathews na bateria e Paul Day
nos vocais.
Steve Harris: “Bem, Ron e Dave... eu não consigo me lembrar se foi através de um anúncio
num jornal ou o amigo de um amigo, ou o que fosse, não consigo me lembrar agora como eles
chegaram na banda. Sei que Terry costumava tocar numa banda meio pop e soube de nós através
de conversas, ou num anúncio no jornal - tudo era baseado no Melody Maker naquele tempos, era
aquele que tinha todos os telefones para shows e os anúncios para músicos no verso. E Paul Day
era basicamente um cara local, que queria tentar cantar. Era bastante bom, realmente, e acabaria
entrando numa banda chamada More, que ironicamente, abriria para o Maiden uma tour européia
algum tempo depois.”
Dave Sullivan e Terry Rance eram de Waltthamstow, também no East End, e se conheciam
há muitos anos. Antes de se juntarem a Steve Haris, tiveram durante pouco tempo uma banda
chamada The Tinted Aspects, que hoje Dave fala que era: “uma dessas bandas em que o maior
show que deram foi num quarto. Terry era um pouco mais velho do que eu e já tinha tocado em
umas duas bandas diferentes, acho. Então começamos a escrever juntos, apenas um material que
nunca foi realmente tocado ao vivo. Os Tinted Aspects não duraram muito. Aí o Terry respondeu ao
anúncio (de Steve Harris) no Melody Maker e eu meio que fui junto. Eu devia ter uns 21 anos
naquela época. Comecei um pouco tarde. Havia começado a tocar guitarra aos 17 anos e as
coisas aconteceram um pouco rápido.
“Estava ouvindo heavy rock, talvez não tão pesado quanto o Maiden estava começando a
fazer. Mas para começar a gente fazia um monte de covers – Wishbone Ash, Thin Lizzy, tudo que
você podia encaixar um trabalho de duas guitarras solo. E estava se desenvolvendo bastante bem.
Ainda estava tudo muito cru, mas a base estava toda ali.”
Sullivan se lembra que a audição incluía uma demonstração de „Smoke On The Water‟, do
Deep Purple. Ele comenta: “Foi tipo só uma vez que tocamos e eles disseram: „Yeah, bom o
suficiente. Vocês estão dentro‟. Eram Steve e Ron, em primeiro lugar, então chegamos eu e Terry
e quase que na mesma hora Steve disse que tinha um vocalista em mente. Não consigo me
lembrar se Paul (Day) estava lá quando fizemos a audição. Mas Steve já tinha Paul em mente... eu
acho que éramos bons. O fato de algumas das músicas ainda estarem nos shows deles até hoje já
diz tudo. Elas precisavam ser trabalhadas, mas isso viria com o tempo...”
Steve veio com o nome da nova banda: Iron Maiden – um instrumento medieval de tortura
que pode ser descrito como um tipo de caixão cheio de longos espinhos na parte interna. A escolha
aconteceu, como diz Steve, “porque ele soava bem para a música. Eu estava sentado no quarto da
minha mãe, falando sobre nomes para a banda e esse foi um dos que saíram e disse: „Yeah, esse
é grande. Eu gosto dele.‟ Não me lembro se pensei nele ou se foi minha mãe, ou alguém mais da
minha família, mas me recordo falando isso para minha mãe e ela disse: „Oh, esse é bom.‟ Acho
que tinha uma lista de uns quatro ou cinco nomes e ela disse: „Oh sim, este é o melhor deles.‟
“O filme O Homem Da Máscara de Ferro estava passando naquela época, eu o tinha visto e
acho que o nome veio dali, apesar de não haver realmente um iron maiden no filme. Só pensei que
seria um bom nome para a banda. Iron Butterfly era conhecido antes disso e, o engraçado é que,
quando fizemos nossas duas primeiras apresentações no Cart and Horses, recebemos um
telefonema no bar uma noite e, até hoje, não sei se era um trote ou coisa que valha, mas alguém
telefonou e disse: „Nós nos chamamos Iron Maiden e vocês não podem usar esse nome!‟ e toda
aquela besteira. Mas eu só disse: „Isso é pura merda, porque nós nos chamamos de Iron Maiden,
então vão tomar no rabo.‟ Tenho que admitir, estava todo bravo no telefone, mas quando desliguei,
pensei: „Oh, merda‟ porque eles tinham registrado o nome. E você sabe, mesmo que estivéssemos
apenas tocando em bares, nós não poderíamos usar o nome e naquela época isso me deixou
preocupado. Mas nunca mais ouvimos falar deles. Aquilo pode ter sido um dos meus colegas me
passando um trote, fingindo um sotaque nortista, não sei.”
Certo dia Steve comentou com Dave Lights que não tinha um lugar decente para ensaiar.
Dave ofereceu sua casa, na Folly Street, bem atrás de um bar chamado Sir John Franklin. “Eles
ensaiaram lá cerca de um ano”, relembra Dave. “Geralmente umas três ou quatro vezes por
semana. Eu estava na minha própria banda também naquele tempo, como cantor. Mas, quero
dizer, nós nem sequer tínhamos um nome e não conseguíamos ir além das primeiras notas de
„Smoke On The Water‟ sem entrar em colapso. Mas o Steve estava com coisa muito boa, eu
achava, bom de verdade. Além do mais, tinha de gostar, realmente, vendo que eles estavam em
minha casa ensaiando três vezes por semana horas a fio. Você pode dizer que pelas alturas em
que fizeram o primeiro show, eu conhecia as canções bastante bem!”
Steve Harris: “O lugar onde ele vivia era essa casa velha que pertencia a algumas freiras ou
coisa assim. Apenas elas não estavam mais lá e Dave Lights estava vivendo ali. E ele nos ofereceu
algum espaço para ensaios, nesse lugar debaixo das escadas. (...) E ele então nos disse que: „Eu
sei um bocado sobre lidar com iluminação, sabe.‟ E esse tipo de coisa, e então foi mais ou menos
daí que começamos.”
David Lights está até hoje com o Iron, cuidando da iluminação de palco e sendo uma
espécie de assessor pessoal de Steve durante as tours.
Nesse tempo o Maiden se tornou uma espécie de banda semi-residente do Cart And Horses.
Era Dave quem dirigia a van e Steve começou a usar os contatos que tinha estabelecido durante
seus tempos no Smiler para conseguir apresentações. E havia gente nova para ajudar a
promissora banda: um cara que tinha sido um dos ajudantes do Smiler, Vic Vella.
Steve Harris: “Ele era alguns anos mais velho do que nós. E tinha esta característica de
estar sempre atento, que você precisa tanto por perto, quando está dando um show.” Vic
permanece na trupe do Maiden até hoje e trabalha como auxiliar pessoal de Steve, ajudando-o a
manter suas quadras de tênis, seu campo de futebol e o bar que mantêm em sua mansão de
campo em Essex. Mas nos primeiros tempos ele era, nas palavras de Steve, “nosso motorista,
nosso técnico de equipamento de palco e um tipo de irmão mais velho. Vic era um cara legal para
se ter ao seu lado, e você precisava um pouco disso nos lugares em que estávamos tocando
naquela época. Se alguém precisava falar com o nosso „empresário‟ a gente apontava o Vic.”
Desde o princípio, Steve deixou bem claro para os outros que ele queria uma banda que se
concentrasse em tocar material próprio. “Eu sabia que precisaríamos começar tocando algumas
covers, apenas para conseguirmos algumas apresentações. Mas já tinha algumas canções
escritas, e isso é que era importante, tanto quanto me importava, levando os outros a aprender as
canções primeiro e depois fazendo as coisas se acertarem em torno delas.”
Claro que Steve estava escrevendo seu material, mas ele não desencorajou os outros de
trazerem suas próprias idéias, como Dave Sullivan revela: “Geralmente, se nós tivéssemos uma
idéia, Steve a ouvia e se gostasse, ela entrava. Eu e Terry costumávamos ir à casa de Steve com
dois violões e ele ligava seu baixo num velho gravador, que me lembre, assim ele ficava
amplificado, mas não muito alto. Ele vivia na casa de sua avó, naqueles dias. Nós começamos
apenas com algumas idéias que ele tinha trazido de sua banda anterior. Coisas como o riff de
„Innocent Exile‟, que veio dos tempos do Steve com o Smiler. E eu e Terry sugeríamos algumas
coisa também.”
Sullivan diz que o riff de entrada daquilo que se tornaria o hino da banda, „Iron Maiden‟, foi
idéia sua. “Recordo bem que o riff do começo de Iron Maiden era meu”, relembra ele. “Nós só o
tocamos e ficamos brincando com ele entre nós. Então o Steve o moldou ligeiramente e veio com
outra coisa, que acabou virando a canção.”
Steve: “Eu toquei algumas das canções e disse a eles que tipo de material queria fazer. Eles
estavam numas de Wishbone Ash e esse tipo de coisa. David Sullivan, em particular, estava
curtindo muito Wishbone Ash. Não vou dizer que sabia totalmente o que queria fazer, porque não
acho que você saiba realmente isso, mas tinha uma direção que sabia que queria ir. Eu queria
tocar um hard rock, material pesado, com muita agressividade incluída. Mas também queria tocar
material com muita melodia e muitos duetos de guitarra. Poderia ter sido canções de qualquer
pessoa, mas apenas aconteceu de eu estar escrevendo o material, e tentando juntar o repertório
de qualquer maneira, porque pensei: „Bem, não posso trazer as pessoas para a banda se não tiver
nada para tocar pra eles, então vou ter que escrever mais canções do que eu já tenha escrito.‟
Livre da tarefa de ter que tocar músicas de outras pessoas, Steve deu corda à sua
imaginação e foi durante este período que sua criatividade disparou e, na busca de uma identidade
para a banda, que canções como „Iron Maiden‟, „Wrathchild‟, „Prowler‟ e „Transylvania‟ começaram
a ser rascunhadas. Como o próprio Steve diz: “Elas estavam ainda em suas primeiras versões, por
assim dizer. „Purgatory‟ também é desses tempos, só que naquela época o título dela era „Floating‟.
Era então bastante diferente mesmo. Eles ficaram impressionados com o material, sabe, mas o
resto do nosso repertório era de covers. A idéia era sempre de que, se fizéssemos uma cover,
deveríamos tentar fazer uma que não fosse muito conhecida. No Smiler muito do nosso material
era bem imprevisível, não era bem do tipo que o pessoal no pub conheceria, e muitas vezes eles
pensavam que era uma canção nossa. Então decidi que preferia ir por este caminho, ao invés de
tocar músicas que eram conhecidas demais.
“Então ao invés de tocarmos „All Right Now‟ do Free, nós tocaríamos algo como „I‟m A
Mover‟ (do mesmo grupo, só que menos conhecida). Nós tocávamos algumas músicas que
ficariam mais conhecidas mais tarde, mas que não eram na época: „Jailbreak‟ do Thin Lizzy era
uma delas. E tocamos uma canção chamada „Striker‟, dessa banda chamada Tucky Buzzard – eles
eram um grupo que gravava pelo selo do Deep Purple e eu os conheci através dos gêmeos do
Smiler, porque eles gostavam deles. Nós não estávamos tentando enganar as pessoas, não
estávamos mentindo sobre as músicas (sobre serem deles), apenas achávamos que havia algo
mais legal do que simplesmente ir lá e tocar covers (conhecidas). Porque todas as outras bandas
estavam tocando Doobie Brothers e „All Right Now‟. Pensei „Dane-se com isso. Realmente quero
fazer nosso próprio set.‟ Então assim que uma música original entrava, uma cover caía fora.
Já naquela época ficava clara uma marca registrada do Iron Maiden: as súbitas mudanças
de andamento nas músicas. Uma coisa que se tornaria comum nos seus maiores trabalhos.
Steve Harris comenta sobre isso: “Naquelas alturas, o material mais intrincado que
tocávamos era „Transylvania‟ e provavelmente „Iron Maiden‟, que era uma coisa meio esquisita
para algumas pessoas. Na época os outros, com certeza, acharam que era um pouco estranha.
Mas eu era muito influenciado pelo rock progressivo e para mim estas mudanças de andamento
não eram nem um pouco estranhas. Achava que elas caíam como uma luva. Bandas que eram do
estilo progressivo, como o Genesis, Emerson, Lake & Palmer, Jethro Tull, Yes, King Crimson – Eu
adorava „In The Court Of The Crimson King‟ (obs. recentemente regravada por outra banda de
metal, o Saxon). Então eu estava acostumado a essas mudanças doidas que pareciam vir do nada.
Tipo „De onde diabos isso veio? O que eles estavam tentando fazer?” Você sabe.”
No entanto, Steve não andava muito satisfeito com seus guitarristas, como ele mesmo
explica: “As coisas não estavam ficando muito fáceis, porque apesar de Dave e Terry serem dois
excelentes guitarras base, e eles conseguiam levar o conceito de dupla de guitarras muito bem,
nenhum dos dois conseguia tocar guitarra solo do jeito que eu queria. Queria uma banda que iria
tocar um repertório bem veloz e um material que era um pouco mais complicado, mas que também
iria arrancar sua cabeça com alguns solos. E nem Terry nem Dave conseguiam realmente fazer
isso. Comecei a pensar que precisava de um outro guitarrista para fazer isso.”
No entanto, o primeiro a perder o seu posto, na primeira versão do Maiden, não seria
nenhum dos dois guitarristas, mas sim o cantor Paul Day. É Dave Sullivan que conta como ocorreu:
“Eu tinha viajado para a Flórida numas férias, e acho que quando voltei, Paul já tinha saído e
Denny (Dennis Wilcock) tinha entrado. Eu estava razoavelmente satisfeito, mas não tinha certeza
de sua habilidade vocal. Mas Denny tinha a imagem que Steve estava buscando. Den já tinha
estado em algumas bandas, era um pouco mais velho do que nós, e gostava de ditar algumas
regras. Eu sempre me lembro dele rodando seu microfone no Cart & Horses e quase me
acertando. Pensei: „Yeah, isso é diferente.‟
“Nós sentimos que Paul era legal como cantor, mas ele não tinha bastante energia ou
carisma no palco”, recorda Steve Harris. “Nós fizemos uns bons 25 shows com ele, acho. Todo o
tempo eu esperava que ele ficasse melhor, porque tinha uma grande voz. Mas no palco ele não era
nem um pouco seguro, não naquele tempo, pelo menos. Ficava muito nervoso e a coisa toda
apenas não acontecia, então decidimos substituí-lo e foi aí que o Dennis Wilcock entrou.”
Wilcock era um fã ardoroso do Kiss, tinha bastante experiência de palco e não pensou duas
vezes antes de usar vários truques teatrais para impressionar a platéia. Foi idéia dele o visual
macabro que acabaria se tornando uma das marcas do Iron Maiden. Ele subia no palco usando a
pintura de uma estrela vermelha no seu olho direito (não por acaso, muito parecida com a pintura
de seu ídolo Paul Stanley do Kiss). Na música „Prowler‟ ele usava uma máscara de soldador (idéia
que tirou de um show do Genesis). Durante alguns solos ele se transformava num vampiro,
atacando as costas do guitarrista e fingindo que mordia seu pescoço. Mas o ponto alto dessas
apresentações era em „Iron Maiden‟, quando ele passava o fio (cego) de um florete através de sua
boca e cuspia golfadas de sangue falso. Steve e os demais membros da banda ficaram fascinados
quando duas garotas desmaiaram ao ver a cena durante um show em Margate.
Steve Harris: “Den não era um cantor tão tecnicamente bom quanto Paul, mas ele tinha
carisma e um lado divertido. Tenho que admitir, achava que ele parecia meio que criança quando
costumava aparecer com aquele coração vermelho pintado sobre um olho – igualzinho ao Paul
Stanley saído do Kiss, você sabe. Dave talvez usasse um pouquinho de lápis no olho também,
algumas vezes – quando ele estava bêbado sua garota punha isso nele antes dele subir no palco.
Mas eu enchia o saco dele por isso!
“Mas com o Dennis era uma maquiagem de um jeito diferente. Pelo menos ele tinha uma
persona de palco, o que era uma evolução em relação ao Paul. E não importava a maneira que
você encarasse o visual do cara, ele pelo menos se atirava de cabeça naquilo. E isso era
importante. Eu queria tocar naqueles bares e botecos que tocávamos como se estivéssemos no
palco do Hammersmith Odeon ou coisa assim. E Den era muito bom nisso.”
Mas com a chegada de Dennis veio junto a notícia sobre um guitarrista, colega de Den, que
segundo ele, podia detonar com tudo. Seu nome era Dave Murray. Steve: “Eu disse, „Bem, se ele é
tão bom assim, traz ele aqui!‟ E ele veio. E foi aí que tudo mudou...”
Hoje em dia pode parecer estranho ou irônico, mas Steve tinha mesmo a idéia de ter três
guitarristas ainda nos anos 70! “Eu sabia que poucas bandas tinham tido três guitarras, como o
Lynyrd Skynyrd, que tinham feito algo realmente bom com elas”, explicou Steve em 1998. “E, em
princípio, eu pensei que seria legal tentar algo similar. Dave e Terry eram bons na dupla de
guitarras e pensei que, se o cara que Den está trazendo fosse realmente tão bom quanto ele
falava, bem que poderia arrebentar em cima dessas bases. Mas, do jeito que as coisas foram, isso
não era para acontecer.”
Dave Sullivan dá a sua versão: “Os solos estavam carecendo talvez da qualidade daquilo
que o Steve e o Den procuravam naquela época, e houve algumas discussões a este respeito, sim.
Em princípio, Steve só queria incluir um terceiro guitarrista. Eu não me importei muito, mas o Terry
não estava gostando. Ele não achava que um terceiro guitarrista era necessário. Mas as pessoas
levam a coisa pelo lado pessoal algumas vezes, como se isso fosse um desprezo pelo sua
habilidade. E esse foi o jeito que Terry entendeu. Mas eu era bastante aberto a isso naquela época.
Dave Murray já estava rondando por ali, acho. Eu não estava lá quando ele fez a audição. Acho
que fez a audição só com o Steve e o Den (mais o Ron).”
Steve Harris: “Eu queria o Dave Murray na banda. Sempre achei que ele era um grande
guitarrista e que podia tocar melhor do que qualquer um que eu conhecia. Então pensei: „Bem,
dane-se, sabe, Lynyrd Skynyrd tem três guitarristas, por que não nós?‟ Eu não tinha problema em
ter os três lá, mas os outros não estavam nessa, eles não estavam numas de ter outro guitarrista.
Não sei se isso foi porque eles tinham uma combinação e pensavam que não estava dando certo
ou coisa assim – e não estava dando certo, eles apenas não eram solistas particularmente bons.
Era só isso, realmente. Eu apenas disse: „Bem, se vocês não aceitarem alguém entrar para a
banda, então vocês terão que sair.‟ Porque então já tinha me decidido que era aquilo que eu
queria.”
Dave Sullivan se recorda bem desta época: “Foi um pouco antes do natal de 1976. Nós
tínhamos tocado no Walthamstow Assembly Hall, e foi a primeira vez que tivemos um poster
promocional para uma apresentação. Foi o primeiríssimo poster do Iron Maiden, que o Steve
desenhou pessoalmente. Ainda tenho um. Mas eu e o Terry tínhamos saído pouco depois disso.
Tivemos uma reunião num pub e Steve mais ou menos disse isso: „Nós vamos separar a banda e
dar um descanso.‟ Não estou certo se foi mencionado sobre Dave Murray se juntar a nós. Acho
que havia algumas coisas que deixavam as pessoas descontentes e as discussões ficaram um
tanto obscuras naquele momento. Tinham sido ditas coisas sobre economizar dinheiro para
comprarmos um PA melhor, e meio que passamos por cima da coisa toda. Estávamos chateados
sobre isso, sim, mas eles estavam muito determinados. Disseram algo como, por enquanto nós
vamos dissolver a banda e talvez trabalhar mais tarde. Mas acho que o Dave já estava rondando
por ali.”
Steve Harris admite que foi mais do que simples técnica que determinou as primeiras baixas
nos guitarristas do Maiden: “Havia algumas coisas a respeito deles (Rance e Sullivan) na época.
Não era só como tocavam. Algumas vezes eles não estavam muito convictos sobre seus
compromissos com a banda, como fazer certos shows e coisas assim, porque ambos tinham bons
empregos durante o dia, acho, e ambos estavam um pouco preocupados com isso. Eu não estava
interessado nisso. Estava numas tipo „Danem-se os empregos! Não estou nem aí sobre o quão
bem você está fazendo o seu trabalho, a banda tem que estar em primeiro lugar!‟ Eu disse isso a
todos eles, qualquer um que entrasse na banda. Essa tem que ser a atitude. Era meio assim: „Eu
não me importo se o seu irmão ou irmã estão se casando, ou o que for, se tivermos um show
naquela noite, nós faremos o show.‟ Esta sempre foi a minha posição: O Maiden vem primeiro.”
Sullivan diz que foi somente “uns seis meses depois” que ele e Terry descobriram que o
Maiden estava de volta à ativa – com Dave Murray na guitarra. “Eu tinha falado com o Ron (Rebel)
e ele me disse que estavam levando a banda adiante. Mas não fiquei muito aborrecido naquelas
alturas. Lembro de estar tentando comprar um apartamento, porque estava me casando na época,
e tinha um monte de outras coisas mais importantes na cabeça.”
Naturalmente houve muito arrependimento mais tarde, como o próprio Dave Sullivan admite,
quando viu o nome do Iron crescer assustadoramente pelo mundo todo. Embora ele tenha uma
visão bastante filosófica sobre o que aconteceu: “Claro, acho que sempre vou ter arrependimento
de não ter sido parte de tudo aquilo, porque estávamos lá bem no princípio.” Confessa ele mais de
vinte anos depois: “Mas não saberia dizer se estaria lá agora. Porque acho que simplesmente não
era para ser. Boa sorte para eles, eu digo. Sou um designer autônomo para companhias de
petróleo agora. Mas ainda estou em contato com o Terry, ainda escrevemos juntos e fazemos
algumas coisinhas aqui e ali. Mas apenas por divertimento, sabe. Muito diferente do Maiden. Steve
sempre foi tão sério sobre aquilo tudo, desde o princípio.”
Steve levaria seu sonho adiante contra todas as adversidades que encontraria no caminho –
e que não seriam poucas. Mas nunca deixou de ser objetivo e dedicado. Quem acreditou e o
acompanhou sabe disso. Milhões de fãs no mundo todo diriam em coro: Amém!
BIOGRAFIA - ADRIAN SMITH
Adrian Frederik "H" Smith, Londres, 27/02/1957, guitarra e vocal de apoio (1980–1990, 1999–)
Um dos mais influentes guitarristas dos anos 80, Adrian Smith se tornou a segunda parte de
um dos duos mais imitados de toda a história do Heavy Metal. Também foi, durante muitos anos,
um dos poucos a desafiar a supremacia total de Steve Harris no terreno de escrever clássicos.
Suas composições mais famosas são quase tão bem lembradas quanto ao do baixista (quem não
identifica de cara o riff mortal de „Two Minutes To Midnight‟?). Esse grande músico, compositor e
até cantor (nos seus projetos solo) é, no entanto, igualmente famoso - dentro do Maiden - por uma
indecisão que quase o levou a deixar passar a oportunidade de sua vida. Adrian é um notório
indeciso no que se refere a quase tudo na sua vida. Ele mesmo admite que tem dificuldade em
decidir “Tudo. Alguns dias nem mesmo consigo me decidir se vou sair da cama ou não”, brinca ele.
Rod Smallwood diz que “Indecisão é o nome do meio de Adrian. Mesmo se você for num almoço
com o Adrian, provavelmente já estará no cafezinho enquanto ele ainda nem decidiu o que vai ter
para começar!”
“Desencanado”, é como Adrian prefere se descrever. “Eu nunca pareço muito excitado por
fora. Tudo fica queimando bem no interior, mas nem sempre demonstro isso. Prefiro ficar na minha
- se puder.” Qualquer um que tenha visto sua performance dentro e fora do palco diz que, na
maioria das vezes, ele consegue. Apesar de tudo isso, esse brilhante músico toca e escreve temas
que incendeiam e excitam a imaginação de milhões de fãs por todo mundo. Mas, como todos os
membros do Iron, teve que penar um bom período antes de chegar à posição de adoração por
tantos fãs.
Adrian Ferderick Smith nasceu no hospital Hackney, em 27 de fevereiro de 1957. Era filho
de um pintor e decorador de Homerton. Adrian é o mais novo de três irmãos, tendo um irmão mais
velho chamado Patrick e uma irmã, Kathleen. Como o caçula da família, Adrian diz que teve uma
“criação feliz, típica e meio chata, eu creio. Quando era garoto, me interessava pelas coisas usuais
- principalmente futebol. Era um torcedor fanático do Manchester United quando criança. Mas
quando me interessei por música, parei com tudo relacionado a isso até meus vinte anos. Mas não
me interesso tanto por times como eles são hoje em dia - futebol atualmente é só dinheiro, não é?
No máximo, sou hoje um fã do Fulham, porque vivia num apartamento perto do campo e
costumava ir vê-los jogar algumas vezes. Então fico acompanhando o que eles fazem agora.”
Adrian não era um mau jogador, tampouco. Chegou mesmo a ser do time principal de sua
escola, mas seu interesse em futebol “e tudo mais” caiu abaixo de zero no momento que descobriu
música, começou a comprar discos e a aprender a tocar guitarra. Ele tinha 15 anos quando
comprou seu primeiro LP, Machine Head do Deep Purple. “Minha irmã estava saindo com um cara
que costumava emprestar seus discos para ela e ela os deixava pela casa.” Ele recorda: “Coisas
como o Purple, Free, Black Sabbath... então ela parou de sair com ele e eu tive que começar a
comprar meus próprios discos. A maior parte dos outros garotos que conhecia estava numas de
Soul music, que gostava também, mas era apenas música para festas, para dançar. Eu gostava do
conceito de discos que você podia se sentar e ouvir.”
Adrian encontrou Dave Murray pela primeira vez quando estava procurando discos na seção
de rock de uma loja do bairro. “Dave era o único outro cara que conhecia que estava interessado
no mesmo tipo de coisas que eu.” Eles se vestiam como dois bons roqueiros (isso era no início dos
anos 70, o que quer dizer todo o traje típico dos hippies da época, calças boca larga, cabelos
longos, etc.) e “saíamos juntos, tentando ser o mais diferentes dos outros que pudéssemos.
Éramos daqueles tipos que chegavam em festas vestidos em indumentária hippie, enrolávamos um
baseado e dávamos um jeito de colocar „Highway Star‟do Deep Purple no toca discos tantas vezes,
que deixávamos todo mundo louco. Aí em geral nos colocavam para fora. „Highway Star‟ era o meu
hino quando era garoto. Meu cabelo já era longo desde o primeiro grau, mais longo que algumas
das meninas. As pessoas viviam me dizendo para cortar o cabelo, o que nunca fazia. Acho que
não tive um corte de cabelo propriamente dito durante anos.”
Por mais incrível que possa parecer, este músico que influenciaria muitos outros, começou
como cantor. “Eu queria ser um cantor em primeiro lugar”, confirma ele muitos anos depois.
“Principalmente porque não tinha uma guitarra. Mas tinha um microfone. Meus pais compraram um
microfone para o meu aniversário de 14 anos por alguma razão. Então era eu no vocal, Dave na
guitarra e costumávamos tocar „Silver Machine‟ do Hawkwind (um grupo underground que
misturava rock e ficção científica) porque só tinha três acordes e era fácil.”
O que fez Adrian começar a aprender um instrumento foi todo o fuzuê que Dave causava na
escola, toda vez que aparecia trazendo sua guitarra elétrica. “Ele ficava cercado de garotas todo o
dia.” Recorda Adrian: “Ter uma guitarra era uma coisa que te dava um certo charme. As meninas
olhavam para você. Então pensei „Certo, bem, eu posso fazer isso‟”. Começou arranhando “um
velho violão que tinha em casa, porque meu irmão começou a ter lições de violão clássico.” Mas
logo descobriu que não era a melhor escolha para tirar coisas como „Highway Star‟, então “passei
aquilo adiante e peguei emprestada a guitarra de reserva do Dave e comecei a praticar nela.”
“Ela não era muito boa”, Admite Dave Murray quando perguntado sobre o assunto. “Era uma
velha cópia feita no Woodworth, meio defeituosa, mas eu a vendi para ele por, acho, umas cinco
libras. Seu pai a consertou e ele começou a treinar com ela. Eu costumava aparecer por lá e tocar
com ele, só para ajudá-lo um pouco.” Logo, os dois começaram a tocar regularmente juntos e
tomaram a decisão de deixar a escola para formar uma banda.
“Assim que eu aprendi a tocar uns dois acordes - pronto! - estava ligadérrimo! Claro, ouvia
Black Sabbath e Deep Purple e outras bandas como Santana, e não podia tocar coisas assim para
começar, então me concentrei em músicas dos Rolling Stones e Thin Lizzy. Coisas mais simples
que você podia tirar. E, quero dizer, não estava apenas aprendendo um instrumento, estava
também buscando um tipo de identidade nessa época. Seja ela musical ou não, é nessa idade que
você tem que tomar algum tipo de decisão para sua vida. Você está perto de deixar a escola e
enfrentar o mundo real. Então eu e Dave e nossos amigos costumávamos conversar sobre esse
tipo de coisa, sonhando como seria ter sucesso numa banda.”
Tanta era a pressa para começar sua carreira musical que Adrian deixou a escola aos
dezesseis anos, largando tudo bem em cima dos exames finais, aos quais nem se deu o trabalho
de fazer. “Pulei fora o mais rápido que pude”, diz ele. “Pensei: „Não preciso disso, eu vou uma
estrela de Rock.‟ Não acho que meus pais sabiam o que se passava comigo. Quer dizer, eu tenho
filhos agora e ficaria horrorizado se um deles me dissesse isso um dia!”
Como resultado dessa decisão apressada, Adrian se viu tendo que se virar numa sucessão
de empregos medíocres, enquanto sonhava com o decolar com sua carreira musical. Enquanto
isso não acontecia, trabalhou irregularmente como soldador trainee, aprendiz de marceneiro e
leiteiro (ele diz que costumava pegar o seu carro de entregas com um amplificador Marshall
amarrado nele, tocando suas fitas preferidas à todo volume às 6 da manhã.) “Tive muitos
empregos, porque minha atitude era sempre ruim. Eram empregos que destruíam sua alma e eu
não podia ficar excitado em estar trabalhando naquilo. Então enrolava o máximo que podi, até que
me despediam, ou então eu me enchia e pulava fora. Esse último caso geralmente acontecia
quando havia uma apresentação para fazer.”
Tão logo deixou a escola, Adrian começou sua própria banda, que inicialmente se chamava
Evil Ways. Dave Murray era o guitarrista mas, como Adrian gosta de frisar com um sorriso, “Ele
tinha a tendência de ficar saindo e voltando”. Adrian sempre quis ter sua própria banda e escrever
suas próprias canções e, mesmo que ocasionalmente tocasse por breves períodos em outros
grupos, sempre manteve o Urchin na ativa. Ele conta como eram as diferenças entre sua visão de
música e o de seu amigo: “Dave estava constantemente atendendo a anúncios na Melody Maker e
indo a testes. Eu já não estava tão interessado em entrar em outras bandas. Ia a estes testes
ocasionalmente, só para me testar, ver se conseguia enfrentar o nervosismo, ver se conseguia
encarar tocar para um quarto cheio de pessoas que não conhecia. De fato, o primeiro teste que
levei realmente a sério foi o do Iron Maiden. Antes dele, sempre tinha minha própria banda.”
Ele então também abandonou a idéia de ser apenas um cantor: “Uma vez que eu peguei a
guitarra e comecei a tocar um pouquinho, vi que era aquilo que queria. Eu me sentia mais
confortável com uma guitarra do que sem ela.” Tocar guitarra também abria o caminho para que
escrevesse suas próprias músicas.
“Uma das primeiras coisas que eu escrevi foi „22 Acacia Avenue‟ que, claro, era um pouco
diferente da versão que saiu no LP The Number Of The Beast. Eu a escrevi quando tinha 18 anos.
Mas fiquei mexendo nela durante vários anos, variando com as pessoas que estavam na minha
banda. Mas é esquisito como ela acabou se tornando uma canção do Maiden. O Urchin deu um
show num parque local e nós tocamos ‟22 Acacia Avenue‟, e provavelmente soou muito diferente
do som que faríamos com ela no Maiden, mas a coisa esquisita é que Steve Harris estava naquela
apresentação. Eu nem o conhecia naquela época, mas ele se lembrava dela quando me juntei à
banda, anos depois. Nós estávamos preparando o material para The Number Of The Beast e, sem
mais nem menos, o Steve virou pra mim e perguntou „Qual era aquela música que você costumava
tocar no Urchin?‟, e começou a solfejá-la e era ‟22 Acacia...‟ Ela tinha mudado um bocado desde
então, e provavelmente acabamos por mudá-la ainda mais na época em que a tocamos no Maiden,
mas é estranho como ele conseguiu lembrar dela, depois de tantos anos. Isso mostra que nada é
desperdiçado. Nós provavelmente nem tocamos tão bem assim aquele dia, e devíamos estar mal
depois disso, mas porque fomos em frente e demos o melhor de nós, alguém na platéia se
lembrou. É por isso que sempre vale a pena dar o melhor de si. Mesmo que pareça ter sido um
pequeno desastre na hora, você sempre sai ganhando no final das contas.”
O Urchin conseguiu um contrato de gravação com o selo DJM (que um dia teve Elton John
entre seus contratados) e um empresário, muito antes do Maiden colocar o primeiro pé nos
escritórios da EMI. “Foi a companhia que veio com o nome „Urchin‟, conta Adrian. “Eles tinham
essa idéia de criar uma imagem para nós. E éramos todos muito jovens - eu tinha apenas 19 anos
quando assinamos o contrato.” Ao fazer isso, Adrian conseguiu o que era chamado localmente de
“Um dólar de Hong Kong”. “Era um contrato muito enganador. Mas eu não sabia absolutamente
nada sobre o lado comercial das coisas naquele tempo. E nem queria saber. Tudo que me
importava era que naquele momento estava assinando e no próximo era que tinha um contrato de
gravação, sabe o que quero dizer? Pensava que as coisas eram simples assim.” A banda recebeu
5000 libras de adiantamento, que eles rapidamente usaram para comprar um novo PA e “um
ônibus grande e bem sujo - para a banda e os „roadies‟, que basicamente eram alguns amigos
muito dedicados”. Um dos quais era soldador e deu um jeito de modificar o veículo com camas e
cadeiras de armar. “Ficou ótimo”, conta Adrian, “realmente confortável. Coisa aliás que você
precisa, se vai ter que morar naquela coisa durante semanas sem fim.” O que, de fato, acabou
acontecendo com o Urchin, que fez, de acordo com estimativa do próprio Smith, “mais de cem
apresentações naquele ano.”
O primeiro compacto do Urchin, um “épico sobre motocicletas”, foi criado com base num
velho riff do Deep Purple, o qual deram o nome de „Black Leather Fantasy‟ e foi lançado em 1978.
“Não tínhamos um título para essa música e eu falei „Black Leather Fantasy‟ (fantasia em couro
preto) como uma piada e acabou ficando. Lembro que a capa promocional dizia algo sobre „o
ressurgimento do Heavy Metal‟, mas não havia ninguém fazendo algo assim ainda naquela época.”
O compacto teve “umas duas boas resenhas na Sounds e na Melody Maker, mas não vendeu
muito. É engraçado, porque Neal Kay costumava toca-lo no Soundhouse. Mas só quando já fazia
dois anos que o disco tinha saído.”
Adrian diz que ficou sabendo a respeito de uma banda chamada Iron Maiden em 1977. “É
provável até que os tenha visto antes do Dave entrar nela, mas foi quando ele se juntou a eles que
realmente comecei a prestar atenção”. Mas quando Dave mais tarde voltou para o Urchin, depois
de sua briga com Dennis Wilcock, “pensei que eles realmente deram uma cagada, porque mesmo
naquele tempo eu podia ver que o estilo de guitarra do Dave se encaixava muito melhor no som
que o Maiden estava criando do que no que fazíamos no Urchin, que era pesado, mas mais para
um hard rock com algum „groove‟. Estávamos mais para o rock da época.” Dave tocaria no
compacto seguinte (e último) do Urchin “She‟s a Roller”, que acabou sendo lançado em 1980. Mas
então Dave já tinha saído mais uma vez - para voltar ao Maiden.
Pouco tempo depois, Adrian recebeu um telefonema de Steve Harris, perguntando se não
estaria interessado em tocar no Maiden. Ele admite que ficou muito tentado, já que o Urchin não
estava indo muito longe: “Fumei dois maços de cigarro pensando na proposta. Já havia começado
a aparecer algumas resenhas sobre o Iron Maiden em jornais de música naquela época e havia
muitas especulações rondando. Acho que eles estavam a ponto de assinar um contrato com a EMI
também, e isso podia querer dizer que haveria pagamento e coisas assim, o que seria muito bem
vindo para mim. Mas acabei recusando a oferta. Tinha que faze-lo, realmente. Nós tínhamos nosso
ônibus, nosso contrato e pensei sobre isso durante algumas horas. Mas acabei retornando o
telefonema do Steve e disse „obrigado pela oferta, mas vou ficar com o que estou fazendo.‟”
Foi uma decisão que - ele admite agora - iria se arrepender, já que o Urchin acabaria no ano
seguinte, na mesma época em que o primeiro compacto e LP do Maiden estouravam nas paradas.
Assim, ficou sem tocar, sem dinheiro e sem perspectivas a curto prazo. Enquanto isso, seu ex-
colega de guitarra se dava bem, para dizer o mínimo.
“Lembro de ter encontrado o Dave num show, em algum lugar, e recordo que pensei que ele
me parecia muito bem sucedido. Não rico, mas... realmente bem. Estava usando aquelas novas
roupas de couro e parecia muito feliz, como se tudo estivesse indo muito bem para ele. Não que eu
desejasse nada de mal para ele, mas não podia deixar de me sentir com um pouco de inveja. Mas
eu conhecia o Dave praticamente toda a minha vida, e estava feliz por ele. É ótimo quando um
companheiro seu consegue se realizar, te faz sentir que há uma chance para você conseguir isso
também. Então pensei que era grande o que tinha acontecido com ele. Eu só imaginava se isso
algum dia ia acontecer comigo.”
Adrian estava meio perdido. Sem uma banda regular para tocar, não podia ensaiar. “Então
fiquei escrevendo músicas e indo a apresentações, imaginando o que faria a seguir.” Seu editor
tinha sugerido que colaborasse com um compositor profissional do West End. Mas depois de
apenas um encontro, Adrian abandonou a idéia, detestando a experiência: “Acabei me sentando
com este cara, tentando escrever com ele, mas a coisa toda foi realmente horrível, nada acontecia.
E voltei para casa me sentindo realmente deprimido.”
Mas algo estava para acontecer, como ele nos conta: “Lembro de estar voltando para casa
(do encontro com o compositor profissional). Voltava à pé, porque eu não tinha dinheiro para o
ônibus, e me sentindo deprimido com tudo. Acho que estava chuviscando também - você sabe,
todo aquele clichê depressivo. Estava caminhando de cabeça baixa, perdido nos meus
pensamentos, quando dei de cara com o Steve e o Dave andando na mesma rua. Parecia coisa do
destino! E praticamente a primeira coisa que Steve me disse foi: „O que você anda fazendo?‟.
Respondi: „Não muita coisa‟. Aí ele me fala: „Olha, nós estamos procurando um novo segundo
guitarrista, você não estaria interessado?‟ Eu não podia acreditar! Parecia uma cena tirada de um
daqueles velhos filmes piegas. Foi como se a sua fada madrinha aparecesse na rua! Então
respondi: „Claro, seria ótimo.‟ Mais tarde eles me ligaram para dizer onde deveria ir para fazer um
teste. Tenho que admitir que fiquei surpreso quando disseram que teria que fazer um teste. Pensei
„Mas o Dave sabe mais sobre o que eu toco do que eu mesmo.‟ Mesmo assim fui, porque queria
muito o lugar. E ia concluindo „Só porque o Dave sabe que toco bem, não quer dizer que os outros
estão prontos para me aceitar. Então talvez isso possa ser uma coisa boa.”
De fato, a audição foi pra lá de profissional. A primeira em que Adrian encontrou este tipo de
clima, entre outros músicos, para valer. O que ele não sabia era que, depois de terem passado
pelo ultra individualista Dennis Stratton - e sofrido com isso - tanto Steve quando Rod Smallwood
queriam ter absoluta certeza de que, quem quer que quisesse entrar na banda, teria que preencher
todas as expectativas que tinham para a posição. E Adrian se lembra bem: “Rod estava muito
desconfiado, porque eu já tinha recusado o posto uma vez, suponho. Mas eu não estava nervoso
nem nada. O Maiden estava se dando muito bem, isso estava bem claro desde o início, mas eles
não eram estrelas para mim Eles eram apenas outra banda do East End com quem eu tinha
crescido junto.”
Steve, na sua visão do teste: “Adrian estava fazendo um tipo de música diferente, mas os
outros também estavam, nisso Dennis não era o único. É só que, ao vivo, você tem que ir lá e
enlouquecer a platéia, no que Dennis não era muito bem sucedido. Mas Adrian era como um de
nós, ele realmente amava o UFO e bandas assim. Você sabe quando a pessoa está na mesma
que você, e Adrian estava. Você podia sentir a diferença (entre ele e Dennis) na hora.
Adrian, no entanto, não foi poupado pelo esquema de verificação armado, como ele se
recorda: “Rod ficava me interrogando: „Você toca riffs? Você faz solos, também?‟ Foi tudo muito
tenso. Steve estava obviamente muito motivado, muito sério a respeito da coisa toda. Dave e Paul
(Di‟Anno) me pareciam mais tranquilos no geral. Mas Rod era o mais sério de todos. Steve ficou
falando pra ele parar de me interrogar - o que virou o padrão dos anos seguintes - Rod colocando
pressão e Steve decidindo quando era o bastante, este tipo de coisa.”
Depois que o teste acabou, a banda disse a Adrian que esperasse com o tour manager
(empresário que cuida da parte de viagens para apresentações) no bar ao lado, enquanto iam
conversar com Rod, antes de tomar uma decisão. Adrian estranhou: “Para ser honesto, nem sabia
direito o que era um tour manager, mas ele me levou ao pub e pagou uma bebida, e pensei „Ah,
tour managers são legais‟. Então, vinte minutos depois, eles se juntaram a nós e disseram: „Você
está dentro‟. Foi fantástico! Foi como ser acolhido dentro de uma família, ou quase. De fato, a
impressão que tive foi que eles se mantinham unidos como uma família. E foi a primeira vez que fui
pago para tocar, e estaria mentindo se não dissesse que o dinheiro foi ótimo. Eu nunca tinha tido
dinheiro antes, então estava claro que isso era ótimo. Mas também foi fantástico tocar com o Dave
de novo, e igualmente foi um verdadeiro desafio, porque o Maiden foi a primeira banda profissional
em que estive na minha vida. Você sabe, eles tinham roadies de verdade e um equipamento
espetacular. Você tinha uma coisa para batalhar realmente. Quer dizer, assim que passou toda a
euforia de ter entrado na banda, comecei a pensar em todas as coisas que me esperavam nesse
trabalho.
Admito que comecei a me sentir meio intimidado. Eu sempre tive completo controle sobre
todos os outros grupos em que toquei. Escrevia as músicas e tinha músicos que queriam tocar
comigo. Mas quando entrei para o Maiden pela primeira vez, era apenas um guitarrista e isso foi
muito diferente. Tive que tocar coisas que normalmente não tocaria, porque o tipo de canções que
o Steve escreve tende a ir em várias direções diferentes, muitas delas são bastante complexas,
com várias mudanças de compasso e partes diferentes, que ele quer que você toque. Isso
definitivamente me fez um guitarrista melhor - de repente, eles esperavam que eu tocasse músicas
mais intrincadas do que qualquer coisa que estava acostumado a tocar até então. Quer dizer,
qualquer um que fosse tocar no Maiden ia achar isso um empregão, e eu tinha apenas 23 anos na
época, assim acho que era muito jovem pra entrar numa coisa tão grande. Mas sempre tive
bastante confiança em mim mesmo, então fui em frente sorrindo, realmente”.
A primeira coisa que Adrian fez ao entrar na banda, foi participar de um show na TV alemã.
“Eu nunca tinha feito TV na minha vida, mas graças à Deus era uma dessas apresentações
dubladas, com as canções pre-gravadas. Você entra rapidinho, faz o seu número e sai rapidinho
também, não dá nem tempo de pensar muito sobre o assunto”.
De volta à Inglaterra Adrian, ao contrário da maioria dos membros até então, acabou indo
primeiro para o estúdio, onde começaram a ensaiar o novo material, antes de qualquer
apresentação ao vivo. “Acho que a primeira música que trabalhei com eles foi „Killers‟, que seria a
faixa título do novo disco, e “Purgatory‟, que acabou virando um dos compactos tirado deste disco.
Acho que essa era uma versão de outra música antiga deles, chamada „Floating‟.
O primeiro show de Adrian com o Maiden seria na Brunel Univesity, em Uxbridge, no dia 21
de novembro de 1980, que contou com a presença maciça dos fãs radicais do East End. “O lugar
dava conta de 2000 pessoas e ele estava lotado. Eu nunca tinha tocado para tanta gente antes. E
os fãs do Maiden não eram parecidos com nenhum dos que tinham cruzado em minha vida. Eles
eram loucos, muitos deles. Loucos e apaixonados, e se você não fosse verdadeiro, eles acabavam
com você num segundo, sabe? Naquele primeiro show, recordo que estava muito nervoso pouco
antes de tocarmos. Então pensei em ir lá fora e me misturar um pouco com o povo, dar um „oi‟,
aliviar um pouco. E lembro que um cara chegou até mim e disse: „Você é o novo guitarrista?‟, eu
disse que sim, e ele me falou: „É melhor você ser bom!‟ Pensei: „Merda! Onde é que eu fui me
meter?‟
Ele logo descobriria: tudo ocorreu legal e ele foi aceito pela galera. Mas o Maiden precisava
de mais alguns shows para que o novo membro se entrosasse, antes das gravações começarem
para valer. Foram doze ao todo, em dezembro. Que Adrian se lembra muito bem: “Nós fizemos
doze shows em dezembro, que terminaram com um no Rainbow, o que foi uma experiência
maravilhosa, no plano pessoal. Eu cresci indo assistir shows no Rainbow. Vi o The Who lá, Rory
Gallagher, Nazareth... Agora, para mim, estar realmente ali, em pé no palco - isso quase nem
parecia real. Mas o show daquela noite foi filmado, e quando o vi, com certeza, eu estava lá (obs.
ele se refere ao primeiro vídeo do Iron, lançado em 1981). Nós ensaiamos para a tour, no que
agora é conhecido com Brixton Academy - um espaço enorme no sul de Londres - e lembro de
entrar lá e ver aquele equipamento gigantesco sendo armado, e fiquei pensando „Eu não consigo
acreditar nisso! Isso é o grande sucesso!‟
Adrian tinha entrado e o futuro do Metal estaria garantido pelo resto dos anos 80.
Aqui abrimos um parênteses para contar com mais detalhes sobre sua saída da banda, em
1989. Tudo começaria quando o Maiden acabou sua tour do disco The Seventh Son Of A Seventh
Son. 1989 era para ser um ano de “folga‟ para banda. Steve se ocupou editando as imagens do
que seria o vídeo „Maiden England‟. Enquanto Dave Murray se ocupava em arrumar a casa na ilha
de Maui com sua esposa Tamara, Adrian pensou que talvez fosse a hora de fazer algo por conta
própria. Foi o que acabaria rendendo o disco ASAP, nome também de sua banda de pouca
duração. De acordo com o próprio, a idéia não era nova e já tinha suas raízes fincadas dois anos
antes: “foi quando tivemos uma folga antes de começarmos o disco „Somewhere In Time‟, depois
da World Slavery Tour. A coisa toda começou quando Nicko ficou cheio de não fazer nada, e
decidiu alugar uma pequena sala de ensaios, assim ele teria onde ir para tocar um pouco de
bateria. Mas isso não é o tipo de coisa que você pode fazer sozinho, por isso ele me telefonou num
belo dia, para me perguntar se não queria ir lá fazer umas jams com ele, só para praticar um
pouco. Então disse: „Legal, e o que você acha de eu chamar alguns amigos para ir comigo?‟ Mas
dê a um bando de músicos um lugar para ensaiar por dez minutos e, antes que você perceba, isso
acaba virando uma apresentação, e foi mais ou menos isso que aconteceu.”
O resultado foi uma congregação de músicos que atendia pelo estrambólico nome de The
Entire Population Of Hackney (A população total de Hackney). Ele explica o que aconteceu:
“Éramos eu e Nicko, Andy Barnett (que mais tarde tocaria no FM) e outro guitarrista meu amigo,
chamado Dave Caldwell, que depois foi tocar no Bad Company. E tinha outro colega deles,
chamado Richard Young nos teclados. Basicamente, a gente só fez umas duas apresentações
apenas por diversão - uma num pub em Gravesend chamado Red Lion, e uma no Marquee, onde
um monte de fãs do Maiden apareceram também. Nós escrevemos alguns músicas, eu estava
cuidando da maioria dos vocais e foi muito divertido. Mas ficou só nisso - por um tempo.”
Ironicamente, Adrian diz que se sentiu atraído pela idéia de levar as coisas mais a sério,
quando o Maiden escolheu duas das músicas que havia apresentado nos shows do The Entire
Population Of hackney - „Juanita‟ e „Reach Out‟- e as colocou como lados B de compactos do
Somewhere In Time. “Foi mais ou menos aí que comecei a fazer umas demos das músicas que o
Maiden não estaria interessado em gravar”, diz ele. “Até então, eu costumava descartar qualquer
idéia que não fosse funcionar para o Maiden.” Dois anos depois, Adrian tinha uma “pilha de
material” que o Maiden não estaria interessado. Eram coisas diferentes e canções escritas pela
metade. E, curiosidade das curiosidades, teriam ficado por ali, não fosse o interesse demonstrado
por Rod Smallwood por elas, quando as ouviu através das demos de Adrian.
Rod Smallwood: “Eu achava que elas soavam assim como Bruce Springteen ou Bryan
Adams. Não eram uma competição com o Maiden de jeito nenhum, porque eram tão diferentes de
tudo que o Maiden normalmente faz. Elas poderiam demonstrar o lado mais comercial do Adrian.”
Adrian diz que Rod achava mesmo que a possibilidade de um guitarrista ter sucesso nos Estados
Unidos seria uma boa coisa para o status do Maiden naquele país (onde o Maiden nunca tinha tido
um compacto nas paradas).“ Ele me disse: „Seria grande ter um hit lá, porque isso faria com que
chamasse a atenção dos americanos de novo para o Maiden.”
Mas apesar de ter recebido um „caminhão de dinheiro‟ da EMI, o projeto solo de Adrian, o
ASAP, não conseguiu colocar seu LP nas paradas, nem dos Estados Unidos, nem da Inglaterra. O
disco foi gravado em Londres, sendo produzido por Steven Stewart Short (que já tinha trabalhado
com David Bowie e o Queen). Lançado em setembro de 1989, o disco foi recebido com muitas
reservas, já que nenhuma das músicas se comparava aos seus trabalhos mais elaborados no Iron.
Houve até uma tour por clubes na Inglaterra com Zak Starkey (filho do ex-Beatle Ringo Starr)
substituindo Nicko na bateria. Adrian também passou duas semanas inteiras dando entrevistas
promocionais nos Estados Unidos. Mas foi tudo em vão. A imagem de Adrian era de um guitarrista
de heavy metal, e o disco era tudo menos metal. Construir uma nova imagem, ele havia
descoberto, não era assim tão fácil. Muito menos torná-la viável para um público não-metaleiro.
Mas a saída de Adrian do Maiden, no final daquele ano, foi causada em parte, na pressa de
se fazer o novo disco, como explica o próprio guitarrista: “O plano inicial era passarmos três meses
no celeiro do Steve, indo devagar e captando o momento. Mas então, depois do que parecia ter
sido só umas duas semanas, foi decidido trazer o estúdio móvel dos Rolling Stones para lá e
começar as gravações. E eu estava completamente atordoado com a idéia. Queria mais tempo
para acabar minhas músicas. Tinha terminado o projeto do ASAP havia pouco tempo, e talvez
tivesse usado muito de minha energia criativa nele. Mas acho que o ASAP chocou muita gente
também. Parece que ele deixou uma imagem errada para a banda de alguma forma, talvez
deixando eles preocupados, dando a impressão de eu não estar mais interessado em tocar metal
de novo.”
Adrian também não estava nada satisfeito com o novo direcionamento de Steve: fazer um
álbum mais cru e básico. “A idéia era: „Vamos voltar o tempo e fazer um disco bem rústico, como
Killers‟, e eu não queria fazer aquilo. Achava que estávamos indo na direção certa com os últimos
dois discos. Achei isso um passo para trás, voltarmos ao básico de novo. Achava que
precisávamos ir em frente e não me sentia bem com aquilo. Mas minha atitude não foi: „Certo, eu
estou saindo!‟ Apenas não estava 100% convencido, só isso. E uma vez que expressei algumas
dúvidas, Steve me disse: „Você não parece estar realmente a fim de permanecer na banda. Se
você estiver 110% conosco, tudo bem, pode continuar. Mas não se esqueça: vai ter que investir
mais um ano na estrada. Tem certeza de quer mesmo fazer isso?‟ E quanto mais eu pensava
nisso, mais concluía que ele estava certo. Você não aguenta passar por tudo isso se não estiver
100% feliz. Seria um desastre. E não seria justo com ninguém.”
Steve Harris, por seu lado, acredita que Adrian não estava feliz há bastante tempo. Havia
sempre alguma coisa errada - diz Steve - Algumas vezes ele ficava de cabeça baixa e a gente
ficava fazendo caras e bocas, sabe, só para faze-lo rir, mas ele não estava pegando o espírito da
coisa. Então, antes de fazermos o Seventh Son, eu disse pra ele: „Olha, você quer estar no
próximo álbum?‟, e ele tipo que respondeu: „Sim, sim, claro que eu quero...‟. Eu disse: „Só queria
ouvir você confirmar, só isso.‟ Nós fizemos o Seventh Son, fizemos a tour e ele parecia um pouco
mais animado. Mas quando estávamos terminando a excursão e indo começar o novo disco,
Adrian começou a parecer estar negativo a respeito de um monte de coisas. Ele não parecia ter
mais aquela paixão, e então apareceu de novo aquela perguntinha de seis milhões de dólares:
você quer ou não ficar na banda? E ele respondeu algo como: „Bom, eu não sei, não tive tempo de
pensar nisso ainda.‟ E eu pensei „Hei, espere aí, você sabe que tudo que queria ouvir era „‟Claro
que eu quero, não seja estúpido!‟ Era este tipo de resposta que nós queríamos. Eu sei que ele é
uma pessoa indecisa, para dizer o mínimo. Mas isso era sério.
“Foi decidido que teríamos uma reunião da banda”, comenta Adrian. “Foi mais o Steve que
falou. Ele disse: „Você não me parece feliz ou envolvido como antes‟. E eu disse: „Bem...‟ respirei
fundo e falei por cerca de uma hora sobre como me sentia. Tinha acabado de lançar um disco onde
realmente me expressava, muito feliz em tocar e cantar. Sabia que o Maiden tinha sua própria
estória e ainda estava feliz em contribuir para ela. Mas não me pareceu que teria algum tipo de
oportunidade em fazer algo para o próximo disco. Sentia que precisava de mais tempo para
trabalhar novas músicas, mas o estúdio móvel já tinha chegado e eu não tinha escrito nenhuma
canção e estava... muito infeliz.”
Steve Harris: “Então nós dissemos: „Ok, talvez devamos tomar a decisão por você. E
dissemos a ele: „Se você não está 100%, então não pode faze-lo‟ E ele apenas deu os ombros e
disse: „Estava esperando que as coisas fossem de outro jeito.‟ Ele estava esperando que nós ainda
o quiséssemos. Mas para isso era preciso que ele quisesse ficar por si mesmo. Foi péssimo para
mim, porque realmente gosto do Adrian. Pessoalmente eu era provavelmente o cara mais próximo
dele que qualquer um, e isso me arrasou. Me arrasou saber que ele não queria estar mais na
banda, mas pensei: „Temos que ser fortes sobre isso. Não podemos deixar alguém naquele posto
só por ficar, sabe?‟
“Eu realmente gostaria de poder chegar pra eles e dizer “sim, claro, estou dentro.‟, sabe?”,
devolve Adrian. “Mas a vida não é tudo branco no preto. Sempre há dúvidas, especialmente
quando você vai ficando mais velho. E tudo isso aconteceu durante dois dias agonizantes. Houve
um monte de telefonemas longos, tudo foi muito emocional. O Maiden tinha sido minha vida por
dez anos, e tinha se tornado como uma família para mim. Foi muito estranho no princípio, tenho
que admitir. Eu não tinha mais aquele envolvimento com eles no dia a dia, no qual me envolvi por
tantos anos. Mas, por outro lado, senti que havia tirado um peso de cima dos ombros. A verdade
era que estava infeliz. Me senti travado depois que fiz meu disco solo. E voltar e não ter nenhuma
idéia nova... isso me pegou no final.”
Adrian estava certo em pelo menos um ponto: a direção musical. “No Prayer For The Dying”
é o disco menos bem sucedido do Maiden da era Bruce Dickinson. Quando retornou ao Maiden
nove anos depois, Brave New World mostrou claramente que era um sucessor muito mais próximo
de Seventh Son do que qualquer outro trabalho do Maiden feito após sua saída. Este intervalo, por
mais doloroso que tenha sido para os fãs de seu estilo fluente e melódico, acabou sendo benéfico,
seja dando seu toque pessoal nos dois mais recentes discos solos de Bruce, seja na sua grande
volta. Sua contribuição ao som do Maiden estaria garantida, desde suas primeiras contribuições,
mas todos ficaram felizes com seu retorno.
Para boa parte do público do Iron Maiden, Dave Murray é "um dos guitarristas" ou "aquele
que está há mais tempo na banda". Comparado com o estilo furioso dos outros membros do grupo,
ele é o mais quieto no palco, o mais reservado, tímido e "apagado" do time (se é que alguém possa
ser apagado em se tratando do Maiden).
No entanto, para aqueles que conhecem a história do grupo e sacam um pouco que seja de
música, sabem que a contribuição de Dave para a música da Donzela não é pequena. Embora
escreva poucas canções, o estilo limpo, veloz e preciso do guitarrista é tão parte do som
característico do Iron quanto o baixo pulsante de Steve Harris. Ele é, em termos de personalidade,
o contraponto ideal para a força dominante do baixista. Calmo, conciliador e firme em suas
decisões, Dave foi muitas vezes o fator de união que, inevitavelmente, faltaria à banda, caso não
estivesse presente em muitas das crises que passaram.
O guitarrista ainda mantêm a boa aparência que o fez, durante muito tempo, ser alvo da
afeição dos fãs do sexo feminino durante os primeiros dias do Maiden. Suas maneiras calmas, sua
modéstia e gentileza com as pessoas continuam intactos, depois de anos e anos na estrada e a
imensidão de discos de ouro e platina que ajudou a amealhar com sua banda, durante esse tempo.
Vive na exótica ilha de Maui com sua esposa, a californiana Tamar, e sua filha, Tasha. E continua
tocando sua guitarra com a mesma garra com que se atirou a esse mundo de música quando
adolescente.
Mais do que isso, Murray pode não ser um músico que escreve tantas canções quanto
Adrian Smith, ou tão capaz de pular e fazer solos ao mesmo tempo como Janick Gers. Mas sua
musicalidade e talento são inquestionáveis. Quando perguntado sobre a disputa inicial entre os
guitarristas originais Dave Sullivan e Terry Rance e a entrada de Murray na banda, Steve Harris foi
categórico: "Quando os outros deixaram claro que era ou eles ou ele, não tive outra escolha. De
jeito nenhum eu deixaria Dave sair. Ele não era apenas um cara legal, mas o melhor guitarrista
com quem eu já tinha trabalhado. E ainda é."
A mãe de Dave costumava trabalhar como faxineira de meio período, enquanto seu pai era
aposentado precoce, devido a uma doença. "Era o tipo (de doença) que vai te minando as forças
aos poucos, até chegar ao ponto em que ele não conseguia fazer nenhum esforço físico." O
dinheiro entrava irregularmente e, como resultado, a família vivia se mudando pela região. Como
se lembra Dave: "Eu já devia ter estado em dez escolas diferentes quando cheguei aos 14 anos.
Nós moramos em todas as partes de East London. Vivíamos nos mudando - basicamente porque
éramos tão pobres. Arranjávamos um lugar por algum tempo e então tínhamos que mudar para
alguma outra casa, apenas alguns meses depois."
Frustração e pobreza levavam os pais de Dave a brigas. Quando isso ocorria, a mãe de
Dave levava as crianças para o depósito do Exército da Salvação mais próximo, onde costumavam
passar semanas, protegidos dos ocasionais ataques de fúria do pai. "Mas nós sempre voltávamos
para casa, cedo ou tarde". Estes foram os anos que formariam a personalidade do futuro guitarrista
do Maiden. Ocasiões que o levaram a se voltar para si mesmo, manter a boca fechada e "seguir
em frente" em tempos difíceis. "Acabei criando esta 'carapaça' em torno de mim", comentou ele.
"Você tinha que manter a cabeça baixa se quisesse sobreviver." Este aprendizado seria bastante
útil nos muitos momentos de crise e mudanças de membros no seu futuro grupo. Mas não parecia
e não era uma época boa para ninguém, e Dave não tem lembranças felizes desse período.
"É, foi um aprendizado muito duro (quando criança). Ganhar alguma coisa nova era muito
raro. Era muito difícil, e acho que, de certa forma, isso me afeta até hoje. Mas, naquela época,
olhando para as outras famílias que nós conhecíamos, a coisa não era muito diferente. Todos
éramos pobres. A primeira coisa que fiz quando arranjei algum dinheiro com o Maiden, foi comprar
uma casa para meus pais. Eu sempre quis fazer isso, por causa de toda pobreza a qual eles
estavam acostumados. Queria dar a eles algo sólido, para que não tivessem que se mudar
novamente. Isso era o que sempre sonhava em fazer, se conseguisse sucesso com minha música.
E, se essa parte do sonho se realizasse, então estaria satisfeito. Quer dizer, se eu perdesse tudo
amanhã, pelo menos eu tinha feito minha parte, e isto me fez me sentir muito bem. Meu pai já
faleceu há algum tempo, mas minha mãe ainda vive naquela casa."
Mas ficar se mudando toda hora quando criança, sendo constantemente o novo garoto da
vizinhança, queria dizer que os outros viviam em cima de Dave. Ele teve que endurecer rápido para
aguentar. Seu pai, que por um tempo foi parte do círculo de amizades dos notórios bandidos do
East End, liderados pelos gêmeos Ronnie e Reggie Kray nos anos 60, encorajou-o a se defender
por conta própria.
"Você sabe, eu era sempre o novo aluno na classe. E você tem que lutar pelo seu espaço,
para ser aceito algumas vezes. E, assim que tinha feito algumas amizades, tinha que me mudar e
então começava tudo de novo. Então acabava num monte de brigas, sim. De fato, meu pai me
ensinou boxe desde que era muito novo. Ele me comprou um par de luvas de boxe, sabe, daquelas
pequenas. Eu ainda as tenho em algum lugar. E ele ficava constantemente me ensinando a me
cuidar."
O jovem Dave logo se interessou por música, chegando mesmo a fazer uma guitarra de
cartolina, para fazer mímica com os discos dos Beatles das irmãs. Também arriscava brincar com o
piano de um bar, que ficava na parte de baixo de um conjunto que moraram, durante algum tempo.
Mas, como ele mesmo se lembra, naquela época música era "coisa das minhas irmãs". Esporte era
algo que o atraía bem mais, pelo menos até seus quinze anos. Ele era bom em cricket, futebol e
boxe, entrando em times das escolas que frequentava, com bastante sucesso.
Em 1970, sua família finalmente arranjou uma moradia mais firme, em Clapton. E, assim
como seu futuro companheiro Steve Harris e muitos outros adolescentes do East End, durante um
tempo Dave se tornou um skinhead. Ao contrário de Steve, no entanto, ele adotou o corte de
cabelo típico da época. E estava, regularmente, "me metendo em confusão - brigas de rua e coisas
assim." Não é uma parte de sua juventude que ele se orgulha, claro, apenas "algo em que todos os
garotos da vizinhança estavam envolvidos. Toda hora tinha gangues sendo formadas, mas você
não podia ficar de fora ou eles te faziam a vida ficar miserável, nunca te deixavam em paz, sabe?"
Durante quase dois anos, Dave viveu a movimentada vida de turbulência urbana, antes que
fosse para o extremo oposto. "Eu então decidi que preferia uma atitude mais pacífica em relação à
vida. O que aconteceu foi que uma vez, estava indo para um jogo do Arsenal e teve uma briga de
gangues bem séria e pensei: 'Pra mim chega!', foi horrível. Hoje olho para aquela fase como parte
de meu crescimento e um tipo de crise de identidade, quando tentava descobrir quem era, este tipo
de coisa. Então deixei meu cabelo crescer, troquei a indumentária e decidi me transformar num
hippie, bicho!"
Nesta época, também num paralelo à do colega por vir, Steve Harris, Dave estava ouvindo
muito Reggae com sua turma de skinheads. "Costumava comprar todos estes álbuns de antologias
de reggae, que tinham estes artistas que me interessavam naquele tempo - Dave e Anselmo
Collins, Jimmy Cliff, Prince Buster, etc. Era só aquele tipo de música que tocava nos clubes e
festas que costumávamos ir. Tinha um grande ritmo e você podia dançar legal com aquilo. Eu era
como qualquer outro adolescente, tentando novos objetivos até encontrar um com que me
identificasse."
O momento que mudou completamente a vida de Dave, e que o levou a ter uma carreira que
parecia impossível na sua época de coturnos e cabeça raspada, ocorreu aos 15 anos, quando ele
ouviu pela primeira vez a música 'Voodoo Chile (part 2)' do Jimi Hendrix no rádio. Então "tudo
mudou, deste jeito. Entrar no mundo do rock não foi uma processo gradual para mim, foi uma coisa
extremada. Tudo preto no branco. Eu ouvi 'Voodoo Chile' no rádio pela primeira vez e pensei:
'PQP! O que é isso? Como é que você faz isso?' Então dei uma de detetive, indo atrás e tentando
descobrir quem era e o que estava acontecendo. E foi assim que comecei realmente a ir a lojas de
discos e a comprar álbuns. Peguei alguns discos do Jimi Hendrix para começar, depois alguns de
blues e então comecei a pensar em tocar. Eu ficava imaginando como seria isso."
O amor de Dave pelo rock abrangeu tudo que se referia à chamada "cultura" do assunto:
Dave deixou seu cabelo crescer muito (o que trouxe muitas chacotas de seus antigos colegas
skinheads), adotou roupas hippies e passou a ler a bíblia do rock da época, o jornal Melody Maker.
Começou também a frequentar shows e a sair com um novo bando de amigos ("todos que estavam
numas de tocar alguma coisa"), sendo que o mais chegado deles era um cara chamado Adrian
Smith. "Nós vivíamos a alguns quarteirões um do outro", relembra Murray, "e estávamos ambos
interessados em tocar guitarra, então começamos a sair juntos e tocar."
Adrian Smith: "Encontrar o Dave e conhecê-lo foi ótimo para mim, porque ele estava mais
adiantado do que eu em termos de guitarra. Eu ainda estava arranhando uma velha guitarra, que
Dave tinha me vendido por umas cinco libras, mais ou menos. Enquanto isso, ele já tinha uma
cópia de uma Gibson ou coisa parecida. Acho que estava um pouco com inveja dele, talvez. Mas
costumávamos frequentar as nossas casas e a tocar, e isso era grande, acho que aprendemos um
bocado."
Na época que deixou a escola, aos 15 anos, Dave já tinha descartado a idéia de encontrar
"um trabalho sério". Ao invés disso, queria uma carreira como guitarrista, sonhando com o sucesso.
Adrian diz que, já naquele tempo, ele era "uma espécie de rock star do pedaço: tocava já há uns
oito meses e tinha aperfeiçoado alguns acordes e todo mundo estava muito impressionado. Ele
tinha aquele cabelo comprido, vestia roupas da moda e uma guitarra elétrica verdadeira. E, você
sabe, nós nunca tínhamos visto uma ao vivo e em cores, só na televisão."
Dave não concorda muito com essa visão: "A idéia básica para mim não era tanto ser uma
estrela, mas apenas ter um trabalho que me permitisse tocar guitarra. Eu não tinha muito problema
em qual tipo de música ria tocar, pelo menos no início. Apenas amava música e tinha começado a
me introduzir nesse estilo de vida. Mas foi a guitarra que realmente me levou a isso. Estava dentro
de mim desde que tinha 6 ou 7 anos de idade, e fiz minha primeira guitarra de papelão (fingindo
que tocava ao som dos discos dos Beatles de suas irmãs. 'Eu era o John Lennon'). Acho que esse
tesão estava ali o tempo todo, mas ficou nisso até que eu voltasse a me interessar, 8 ou 9 anos
depois. Mas desta vez levei a coisa toda muito a sério. De repente, precisava saber tudo sobre
música. Primeiro com discos e depois tocando guitarra."
Seu primeiro grupo foi um trio chamado Stone Free (nome tirado de uma música de Jimi
Hendrix) , que ele e Adrian formaram com um outro colega de escola. "Nós tínhamos uns 16 anos e
éramos eu e Adrian nas guitarras e um colega nosso, chamado Dave McCloughlin, nos bongôs. Só
fizemos uma apresentação, no hall da igreja local, num Sábado a tarde. Havia umas 6 pessoas ali
para nos ver e acho que tocamos umas 4 ou 5 músicas - covers de T-Rex e Hendrix. Depois que
acabamos, uma senhora que cuidava do local deu uma barra de chocolate e uma lata de Coca-
Cola para cada um, como pagamento.
"Eu queria saber como era chegar lá e tocar num lugar cheio de pessoas desconhecidas.
Acho que seria um bom treino para quando fosse encarar um palco mais tarde. Meu pensamento
na época era que queria tocar com muitas pessoas diferentes, dos mais variados estilos, assim
poderia conseguir mais experiência. Então costumava comprar o Melody Maker toda semana e
olhar a parte de classificados - isto se tornou uma coisa regular. Estava sempre indo para testes,
nos sábados ou domingos de manhã."
Como resultado destes testes, Dave recebeu convite para entrar numa banda chamada
Electric Gas ("num estilo meio soft rock americano"). "Foi em 1973, não era bem o tipo de música
que eu tocava, mas era uma coisa diferente, então gostei. Eu tocava com qualquer um naquela
época, só pela experiência. Fiquei com eles um pouco menos do que um ano, no final das contas,
mas nós nunca passamos da fase de ensaios e tocar muito de vez em quando num pub ou clube
de jovens. Ninguém aparecia mesmo."
Logo depois pintou "um tipo de banda meio doida de punk", chamado The Secret. "Eles já
eram um pouco mais profissionais", Dave relembra, "eles tinham um empresário, um contrato com
gravadora, e pareciam conseguir fazer bastante shows, então fiquei com eles." Mas apesar de ser
considerada 'punk', Dave não teve que cortar seu cabelo. "Na realidade, eles eram uma mistura de
estilos - aqueles eram os primórdios do punk, que também tinham um pouco glam, eu acho. Mas
foi grande, porque acabei gravando um compacto com eles. A música era 'Café De Dance' e saiu
através de um selo independente, tão obscuro que nem me lembro o nome agora, mas sei que foi
lançado em 1975. Então vou sempre me lembrar do The Secret. Foi a primeira vez que tive a
oportunidade de entrar num estúdio de gravação de verdade e realmente adorei isso."
Dave deixou o The Secret pouco depois do compacto ter sido lançado. Isso ocorreu depois
de encontrar duas figuras interessantes, que buscavam um guitarrista: Dennis Wilcock (com quem
já tinha tocado em outra banda, o Warlock) e um novato, chamado Steve Harris.
Harris: "A primeira vez que encontrei Dave Murray, foi quando ele veio a um teste. Ele já
tinha estado numa banda, com o Dennis Wilcock, chamada Warlock - não a banda alemã que
aparecia nos anos 80, mas só outro bando local do East End. Dennis estava muito impressionado
com a técnica do Dave e o chamou para um teste para o Maiden. E ele foi fantástico, quer dizer,
realmente arrebentou!"
Naquele tempo a banda estava usando o trailer de um namorado da irmã de Steve, Linda,
que o tinha emprestado para que pudessem fazer testes dos novos membros. "Eles tinham este
trailer no campo e Nick Lideye (namorado de Linda) disse: 'Vocês podem usá-lo para testes, se
quiserem'. Então o Dave veio para uma demonstração e o arrastamos por aquele campo barrento
até o trailer. Mas depois que ele tocou, falamos na hora: você está contratado. Lembro que o
pusemos para tocar 'Prowler' e ele nos deixou de queixo caído. Totalmente! E dissemos: 'É isso aí,
você está na banda!'
Dave Murray também correspondeu. "Tão logo comecei a tocar com o Steve, vi que era isso
que eu queria, realmente. Tinha encontrado a banda que tocava o tipo de música que realmente eu
amava, então não havia mais volta."
Naquela época a banda ficou com apenas um guitarrista durante um bom tempo, logo após
a saída dos dois membros originais, Sullivan e Rance. Steve Harris: "Dave chegou e era tão bom
que podia dar conta do recado sozinho. Ele era um desses caras que podia tocar com os dentes,
sabe? E isso se tornou parte de sua performance - tocando a guitarra com os dentes, jogando ela
nas costas, tocando ela de cabeça para baixo, ele podia fazer tudo! - Pensamos em conseguir
outro guitarrista eventualmente, para as harmonias e coisas assim, mas éramos capazes de
segurar a onda como um trio com um vocalista por algum tempo, e nesse ínterim boa parte das
harmonias eu fazia no baixo."
Mas haveria um problema no caminho. Embora impressionado com o estilo de Dave tocar,
alguns meses depois houve uma briga entre Dennis e Murray, instigada pelo então segundo
guitarrista, Bob Sawyer. Dave conta com detalhes:
"Eu estava na banda há apenas alguns meses. Bob pegou algumas declarações minhas fora
de contexto, foi até o Dennis e disse 'Olha, o Dave disse tal e tal coisa sobre você'. Quer dizer, ele
disse tudo errado! E não havia nenhuma animosidade entre mim e o Dennis, mas o Bob foi lá e fez
a fofoca e deixou o Dennis puto. Então Dennis veio até mim para umas palavrinhas, nem me
lembro mais o que era - algo patético, alguma coisa que você diz quando tomou umas e outras e
fica meio bobo, você sabe. Mas o Bob fez daquilo uma tempestade em copo d'água. Então lembro
de receber um recado de ir até a casa de Steve para uma reunião."
Dave foi ao encontro no seu velho carro, um Mini. Tão velho e alquebrado que pegou fogo
no caminho, e só não foi destruído porque Dave mantinha um pequeno extintor de incêndio à mão,
porque "mais cedo ou mais tarde sabia que isso ia acontecer. Meu carro não tinha nem limpador de
para brisas! Então eu estava usando o extintor na traseira - fogo de verdade - e ficando coberto de
fumaça e óleo. E aí chego na casa do Steve assim, coberto de merda, e a primeira coisa que ele
diz é: 'Bem, eu sinto muito, mas você está despedido.' E só pude dizer um 'Oh'. Mas sabia que não
era do Steve que a decisão estava vindo, e sim do Dennis.
"Então voltei para o Mini queimado e me mandei. Foi um momento horrível, sério. Quer
dizer, fiquei muito puto de ser chutado da banda, ainda mais depois de quase me queimar todo no
carro, e fiquei pensando: 'O que mais pode dar errado?' Acho que eu fui para casa e enchi a cara.
Ser chutado de qualquer lugar já é muito ruim, mas porque eu acreditava muito na banda e a
amava tanto, ser chutado do Maiden foi muito sofrido. Não sabia o que ia fazer."
O que Dave fez foi se juntar a outra banda, que começava a despontar no mesmo circuito do
East End que fazia a fama do Iron - o Urchin. Liderada pelo seu antigo amigo Adrian Smith, o
Urchin, segundo as palavras do próprio Dave, "Não era tão pesada quanto o Maiden, mas eles
definitivamente eram roqueiros e eram algo assim como a melhor coisa depois do Maiden naquele
tempo", relembra ele. "Adrian estava cantando e tocando mais guitarra base, e eles estavam
procurando um outro guitarrista. Então o que aconteceu foi que cheguei bem no momento
oportuno. Isso foi menos de uma semana depois de ter sido despedido do Maiden, e fomos então
direto ao mesmo esquema de pubs que eu estava fazendo no Iron. E foi nessa época que fizemos
aquele compacto."
O Urchin tinha assinado com o pequeno selo DJM, que previa dois compactos mais uma
opção de um LP. Seu primeiro single 'Black Leather Fantasy' já tinha sido gravado, mas ainda não
tinha sido lançado. Valentemente a banda voltou aos estúdios com Dave, para fazer o segundo,
que tinha o título de 'She's a Roller', e só chegaria nas lojas em 1980. "Não é o melhor disco que
você já ouviu na sua vida, coloque desta forma", diz Adrian Smith, "Mas eu ainda estou orgulhoso
dele. Você pode ouvir o Dave e eu, tocando muito bem nele."
"Naquela época, o Urchin estava numa posição muito parecida com o Maiden", diz Dave.
"Eles tinham algumas canções originais, mas também faziam covers - material como Thin Lizzy e
Free - mas o Urchin foi o primeiro a gravar um disco, o que na época era considerado um passo
muito grande. Pessoalmente, eu tentava não fazer comparações entre as duas bandas. Ficava
numas de 'estar no Maiden era grande, mas isso está acabado, então eu tenho que seguir em
frente'. Quero dizer, o Adrian não era só um grande guitarrista, ele escreve ótimas músicas
também. Então era muito excitante, com toda a estória de gravar disco e coisas assim. Eu sentia
que, bem, pelo menos estou indo em frente, não é?"
Enquanto isso, as coisas no Maiden estavam indo de mal a pior, com mudanças constantes,
entrada de pessoas que não conseguiam fazer o som que Steve Harris queria e coisas do tipo,
culminando com a inesperada saída de Dennis Wilcock, às vésperas de uma importante
apresentação. A situação estava tão ruim que Harris resolveu recomeçar tudo do zero. Uma vez
tomada esta decisão, a primeira coisa que pensou foi em buscar as pessoas certas. E Dave era
uma delas.
"Uns seis meses depois de ter sido despedido da banda, eu estava com o Adrian tocando no
Urchin num show de sábado à noite, em um pub de North London, chamado Brechnoch, quando
vejo ninguém menos do que o Steve", conta Dave. "E eu estava realmente contente de vê-lo, quer
dizer, nós nunca tivemos qualquer problema, era só o Dennis Wilcock que tinha restrições a meu
respeito. Nós conversamos depois da apresentação e Steve me disse que todo mundo tinha saído
e que queria recomeçar a banda de novo, comigo e com um par de novos caras. E aí ele me
perguntou se eu queria voltar para o grupo e eu disse sim, na hora!"
"E a coisa toda era, você sabe - eu e Adrian - havia uma grande amizade entre a gente, que
existia desde que tínhamos uns 15 anos, e tinha um compromisso de lealdade também por causa
da banda, mas eu disse sim na hora. Quer dizer, não tive nem que pensar a respeito, apenas falei
'Claro, vamos!' Foi a minha reação do momento. Ao mesmo tempo, sabia que estava sacaneando
com o Adrian, mas essa era a firmeza que eu sentia em relação ao Steve e ao Maiden. Sentia que,
de todas as bandas em que já tinha tocado, era nesta que realmente queria ficar. Por causa das
canções, da atitude do Steve, do direcionamento e da clareza da coisa toda, mesmo naquela
época. Então, apesar de minha lealdade ao Adrian, concluí que a coisa mais importante era estar
na banda em que realmente acreditava."
Contar a novidade para Adrian foi, ele admite com um sorriso torto, "realmente bastante
esquisito". Ele resolveu contar para outro membro da banda primeiro, "Porque eu não tinha
coragem de falar com direto com o Adrian, pois não queria prejudicar nossa amizade. Sutilmente
deixei escapar uma pista para o baixista, Alan Levitt, de que iria sair, e ele ficou realmente infeliz
com isso. Então ele contou pro Adrian e foi assim que aconteceu."
A banda propriamente dita não sentiria tanto, no final das contas, já que havia outro
guitarrista, Andy Barnett - que ocasionalmente tocava com eles - de olho no posto. Então "a coisa
não ficou tão ruim para o Urchin assim, não era nada que eles não pudessem seguir em frente nem
nada. Nós permanecemos amigos e não tivemos qualquer tipo de briga ou coisa parecida."
Adrian, na sua versão: "Eu acho que seu coração sempre esteve com o Maiden, mesmo
depois deles o terem despedido, mas nós não ficamos nada felizes quando ele saiu, pra começo
de conversa (quando ele deixou o Urchin). Todos fomos até sua casa - a banda inteira e os roadies
- e ficamos por perto, tentando fazê-lo ficar se sentindo culpado, mas isso não funcionou. Pelo
menos, não o suficiente para que ele mudasse de idéia. Acho que ele se sentiu péssimo nos
deixando, mas o Dave é assim, sabe? Ele não estava fazendo aquilo por razões mercenárias.
Genuinamente preferia o tipo de som que o Iron estava fazendo. Então eu tinha que dizer pra ele
'tudo bem', você sabe. Você está seguindo seu coração."
Janick Gers é, sem dúvida, o guitarrista que mais provocou polêmica entre todos que já
tocaram no Maiden. Isso não se deve nem à sua personalidade nem à habilidade para com a
guitarra. Tudo ocorreu porque teve a dura tarefa de substituir uma metade da dupla mais famosa
da maior banda de metal de todos os tempos.
Como se isso não bastasse, ainda teve a má sorte de ter entrado bem quando iam gravar
um disco igualmente polêmico (No Prayer For The Dying) que, por sinal, já estava com todas as
músicas compostas. Até sua performance enérgica no palco acabou se virando contra ele: com
tantos malabarismos, muito passaram a crer que ele mais fazia firulas do que tocava.
E há quem diga que não deveria ter ficado no Maiden depois da volta de Smith. Essas
pessoas parecem se esquecer que os membros da banda – mais exatamente Steve Harris –
jamais deixaram alguém ficar no grupo só por amizade. Currículo não falta: Gers veio do mesmo
ambiente dos demais membros do grupo (mais ainda do que Bruce Dickinson), tem uma gama de
participações que iguala ou supera todos os outros (além de amar futebol, como Steve Harris gosta
de frisar) e foi o guitarrista com maior experiência que entrou para a banda desde a sua fundação.
Um músicos talentoso, que já havia se firmado como guitarrista e compositor ao tocar com nomes
lendários do rock como Ian Gillan e Fish.
É também um ser humano admirado por todos que o conheceram: humilde, simples e
avesso a discussões, mostrou notável diplomacia em assuntos importantes e delicados, como a
essencial volta de Dickinson para o Maiden em 1999.
Gers é, queiram ou não os mais radicais, um membro do Maiden que deixou sua marca e
muito contribui para que a banda continue no topo. E, como Steve Harris gosta de dizer, muito
acrescentou à dinâmica do grupo ao vivo. Não são qualidades pequenas, vinda de uma pessoa tão
exigente quanto o fundador da banda.
Janick Robert Gers nasceu em Hartlepool, no dia 27 de janeiro de 1957. Ele é o mais velho
de três irmãos (um irmão e uma irmã mais novos). Seu nome tem uma origem polonesa mais
profunda que parece. “Meu pai entrou para a marinha polonesa, foi assim que ele chegou até a
Inglaterra, onde conheceu minha mãe”, explica ele. “Ele entrou para a marinha britânica logo
depois de casar com ela e, mais tarde, entrou para a marinha mercante.
“Quando nasci ele ainda estava no mar, fazendo seu primeiro ano, então teve que parar e
retornar. Havia muitos poloneses vivendo ali naquela área, porque tinha muitas docas em
Hartlepool. Foi assim que meus pais se conheceram.”
Quando criança, as atividades do pequeno Jan eram “natação, futebol e música – nessa
ordem. Eu sempre adorei futebol e ainda adoro, mas natação era meu maior interesse quando era
garoto. Costumava praticar todo dia. Então tudo parou de repente, quando me envolvi com música.
Eu não sabia tocar, mas adorava posar em frente ao espelho com aquela guitarra de plástico dos
Beatles que meus pais me deram. No primário, quando havia alguma peça teatral pra fazer, eu e
meus colegas éramos sempre a banda. Costumávamos fazer guitarras de papelão, colori-las, nos
vestir e brincar que estávamos no Top Of The Pops (programa de parada de sucessos mais
famoso da Inglaterra). Fazíamos mímica ao som dos discos.
Devíamos ter uns nove anos e ficamos numas de manter essa banda imaginária durante
anos. Eu era o guitarrista, sempre. Queria ser John Lennon. A primeira guitarra de verdade que
consegui foi quando devia ter onze anos. Um velho violão. Era muito ruim, tão difícil de tocar!”
Ele finalmente conseguiu botar as mãos numa guitarra elétrica (“uma pequena Woolworth
ruinzinha”) quando tinha 13 anos, e imediatamente descartou o violão. Mas foi só aos 18 que
finalmente conseguiu o que queria: uma Fender Stratocaster branca. “Essa foi a primeira guitarra
verdadeira que tive, e é ela que ainda uso hoje em dia. Eu a consegui de segunda mão, de um cara
em Darlington, por 200 libras. Economizei a maior parte até que, ao fazer 18 anos, minha mãe me
deu algum dinheiro como presente de aniversário, para completar.”
Eu a adorei desde o primeiro momento em que a empunhei. Lembro de ter pensado: „Uau!
Isso é o máximo!‟ E, claro, desde que tinha a Strato, eu podia entrar para uma banda de verdade.
Nós fazíamos covers e, na nossa primeira apresentação na escola, tivemos uma tremenda briga
antes de começarmos, porque tínhamos de usar o uniforme da escola. Os professores não queriam
nos deixar entrar nas nossas roupas de palco. Mas, no final, a gente colocou as gravatinhas e
fomos adiante, tipo porque queríamos cumprir o compromisso assumido.”
Nessa época, 1970, Janick já tinha passado de sua fase Beatles e entrado de cabeça no
Heavy Rock. “Eu adorava aquelas guitarras selvagens e o visual cabeludo”, diz ele. “Logo estava
comprando discos e lendo revistas musicais. Gostava muito de bandas como Deep Purple, Rory
Galagher, T Rex. Coisas folk também, como o Lindsfarne. Mais tarde passei a curtir o Led
Zeppelin. No princípio, não ia muito com a voz do Robert Plant, era um pouco aguda demais para
mim. Achava que ele soava como uma garota. Mas eu realmente amava Ian Gillan (então no Deep
Purple), porque ele tinha esse grito, era como me sentia, toda aquela agressividade saindo, e me
identificava com isso.”
“E por causa disso, comecei a tirar o estilo do Ritchie Blackmore também, e isso me levou
aos solos. Eu estava sempre fazendo solos, porque nunca podia ficar fazendo acordes, era isso.
Não sou daqueles que fica pensando no que vai fazer antes de fazer, pelo menos não quando toco
ao vivo. Minha noção de tempo (musical) não é particularmente boa, mas para mim música não é
matemática, tem mais a ver com o seu coração e com o que está sentindo. E, se você toca um
solo, pode dizer „danem-se os compassos‟, e se expressar. Algumas vezes, erros são melhores do
que aquilo que você teria feito, se tivesse pensado neles antes, de qualquer maneira.”
Ele costumava “apenas ficar sentado e tocando o tempo todo”, com sua guitarra e
amplificador permanentemente ligados no seu quarto. “Devo ter levado todo mundo à loucura com
aquilo. A única coisa que fazia fora isso era jogar futebol, e nunca fui um bom jogador.” Um dia, no
entanto, ele resolveu ir verificar um anúncio no Hartlepool Mail.
“Ele dizia apenas: precisa-se de guitarrista”, Janick lembra, “mas fui lá e acho que tocamos
Strange Kind Of Woman ou outra coisa do Deep Purple. Uma mulher apareceu, reclamando do
barulho”, mas Janick gostou do pessoal. A banda se chamava White Spirit, um quinteto que foi
formado em 1975, enquanto Janick estudava para seus exames finais na escola. O grupo tinha em
sua formação duas guitarras, teclados e aqueles backing vocais típicos dos anos 70, sendo que
Janick a descrevia como sendo muito influenciada pela trinca Uriah Heep – Deep Purple – Rush.
Era uma esplêndida mistura de hard rock e progressivo, que ganhou para eles um contrato com
uma gravadora independente, a Neat records, pela qual lançariam seu compacto de estréia, „Back
To The Grind‟, em 1978.
Gravar um disco naquela época, como lembra o próprio Gers, era “uma coisa muito grande
lá em North East (onde ele vivia), mas eu estava disposto a curtir isso enquanto durasse. Nós
fizemos uma tour e ganhamos dinheiro bastante para continuarmos. Todos estávamos no seguro
desemprego. Mais tarde, quando gravamos o LP, o fiscal do seguro veio atrás de nós e quis
insinuar que estávamos ganhando os tubos. Mas não estávamos É incrível como você pode viver
com tão pouco quando se é jovem, e está desesperado para tocar.”
A banda conseguiu um contrato com uma grande gravadora logo depois, a MCA, e seu LP
“White Spirit” foi produzido pelo baixista de Ian Gillan, John McCoy. O álbum foi lançado no mesmo
ano que o disco de estréia do Iron Maiden, 1980 – embora, claro, com muito menor impacto. E,
ainda que hoje em dia o grupo de Janick seja considerado um representante da NWOBHM, o
guitarrista discorda dessa caracterização: “Eu me lembro que havia reportagens na Sounds a
respeito daquela coisa do Bandwagon (de Neal Kay): Samson, Iron maiden e algum outro, fazendo
crer que havia alguma coisa grande acontecendo. Mas não era tão grande quanto todo mundo
imagina. Éramos parte daquilo, suponho, mas nunca foi oficial. Agora que as pessoas olham para
aquela época, somos colocados junto com o resto. Apenas estávamos fazendo o som que já
tocávamos há cinco anos, e tenho certeza que o Maiden estava fazendo a mesma coisa.” (obs.
„Midnight Chaser‟, o primeiro compacto do LP White Spirit, é incrivelmente semelhante à „Two
Minutes to Midnight‟. O próprio Janick comentou: “Quando eu a toquei para o Steve, ele quase não
acreditou. Mas o disco esteve no primeiro lugar na parada do Bandwagon de Neal Kay por muito
tempo. Eu não estou dizendo que Adrian a ouviu ou copiou – apenas que talvez ela tivesse ficado
no seu subconsciente ao ouvir em algum lugar”).
O disco, de qualquer modo, deu à banda a oportunidade de ser o grupo de abertura para a
tour da banda Gillan naquele ano. E, sem dúvida, foi a grande chance para Jan conhecer seu ídolo
Ian Gillan. “Foi como uma criança conhecendo Papai Noel”, ele recorda, rindo. Mas haveria bem
mais do que um encontro fortuito entre fã e estrela. Pouco tempo depois Janick recebeu um
telefonema do pessoal de Gillan, perguntando se ele gostaria de entrar para a banda do ex-
vocalista do Deep Purple. Reação de Janick: “Pensei que fosse alguém me aprontando uma
gozação. Eu pensava: „Ian Gillan me querendo como guitarrista? Ah, vá se danar!‟”
Mas era verdade. O guitarrista de Gillan, Bernie Torme, tinha feito suas malas e caído fora
depois de uma briga, abandonando o grupo no meio de uma tour pela Alemanha. Mais tarde, o
próprio Ian Gillan comentou: “Janick foi o primeiro cara em que pensei para substitui-lo. Nós todos
realmente admirávamos seu trabalho de guitarra no White Spirit, quando eles tocaram com a gente
na tour inglesa, além de ter ficado claro, quando conversamos, que ele estava no mesmo tipo
música que eu. Então pensamos: „Bem, vamos ligar pro cara e ver se ele está fazendo alguma
coisa.‟”
“Eu tive bastante sorte na minha carreira”, diz Janick. “Nunca tive pretensões de entrar para
o Gillan ou o Iron Maiden, juro. Passou pela minha cabeça trabalhar com o Bruce (Dickinson), mas
nunca pensei que iria me juntar ao Maiden. Eles já tinham Adrian e Dave, pra que quereriam três
guitarristas? (Obs. Mal sabia ele!) Esta era a minha atitude. Até que me mostraram em contrário.”
Janick gravaria dois discos com o Gillan – o álbum ao vivo Double Trouble – que chegou aos
dez mais vendidos da parada inglesa – em 1981, e Magic - que também chegou ao top ten – em
1982. A banda acabou pouco tempo depois, já que o entusiasmo de Ian por ela foi caindo. Caiu
tanto que ele acabou aceitando o convite de se juntar ao Black Sabbath – afina, o grupo ainda tinha
um nome bem forte nos Estados Unidos. E Ian Gillan não tinha conseguido estourar na terra do Tio
Sam, desde que deixara o Deep Purple dez anos antes. Gers, agora desempregado, não se
lamentou muito, no entanto. Ele mesmo diz que teria “caído fora mais cedo ou mais tarde, de
qualquer maneira.” Com o tempo, ficou clara a diferença entre o jovem guitarrista que queria
arrebentar o mundo com seus riffs, e o veterano frontman que andava meio cansado de guerra. Na
época, Gillan se mostrava mais interessado em fazer covers de um material mais ligado ao soul e
ao rock‟n roll básico.
Janick conta um incidente claro: „Lembro da primeira vez que vi The Nunber Of The Beast na
TV, eu praticamente arrastei o Ian para que ele visse também. Eu disse: „‟É isso que eu quero
tocar, essa é a minha. Isso é rock!‟ e Ian me respondeu: „Certo, eu sei, mas eu já fiz isso.‟ Ele tinha
um ponto de vista, que já tinha feito isso. Só que eu dizia: „Quero aquelas luzes! Quero o gelo
seco!‟”
Quando a banda acabou, Janick ficou desempregado, mas com um bom currículo. Mesmo
assim, as coisas não foram bem. Várias tentativas foram feitas para que voltasse a ter sua carreira
musical funcionando, mas nenhuma deu certo. “Eu nunca desisti de tocar. Mantive todo meu
equipamento, mas demorou muito tempo para que voltasse à ativa.” Em 1986, o ex-vocalista do
Twisted Sister , Dee Snider, chegou a sondá-lo para tocar em sua banda solo (que, na época, tinha
um certo Clive Burr na bateria). Janick: “Ele me telefonou e nós conversamos. Lembro de ter dito a
ele: „Não há nada no mundo que me faça usar maquiagem ou coisas desse tipo. Eu não estou
nessa.‟ Mas nós tivemos um bom papo, ele me pareceu uma pessoa legal. Mas ele nunca mais me
ligou.”
Um dos projetos mais estranhos que Janick esteve envolvido, foi um grupo idealizado por
um produtor inglês, que incluía outro ex-Maiden, ninguém menos do que Paul Di‟Anno.
“Um belo dia, recebo uma chamada do produtor Jonatham King, que me falou sobre esse
grupo, que ele pretendia montar para vender nos Estados Unidos. Uma banda de Heavy Metal
chamada Gog Magog. O nome ele tirou da Bíblia, acho. Gog e Magog eram as duas bestas que
guardavam os portões do inferno. E basicamente ele queria montar uma banda com pessoas que
já tinham tocado com grandes nomes. Ele disse: „Eu tenho Clive Burr e Paul di‟Anno do Maiden,
tenho Pete Wills do Def Leppard e Neil Murray do Whitesnake, e queremos fechar a coisa com
você.‟ Aí eu disse: „Legal, eu vou entrar‟. Então ele arranjou uns ensaios e algumas horas de
estúdio para gravarmos. Nós nos juntamos e foi divertido. Pete Willis é um cara legal. Já conhecia
Neil e encontrado com o Clive. E Paul, que é um cara muito legal, tem um botão de auto-destruição
que gosta de apertar um pouco demais, mas realmente ele é um bom amigo.”
Mas, no final das contas, tudo ruiu quando King não conseguiu arranjar um contrato razoável
para lançar a banda. Hoje pode parecer incrível que tamanho time de estrelas não conseguisse um
excelente negócio imediatamente, mas na época, o interesse na NWOBHM já tinha decaído muito.
A galera mais radical estava ouvindo novas bandas de Thrash e Black metal. E é bem possível que
as gravadoras americanas estivessem visando muito mais as bandas glam (Motley Crue,
Cinderella, Poison, etc.), mais comerciais e fáceis de vender. Não estavam a fim de um projeto de
restos de outros grupos. As demos que o Gog Magog gravaram acabariam saindo só mais tarde,
num EP de quatro faixas, através do selo independente Food For Thought. Mas, como Janick diz:
“Não havia nenhum dinheiro ali.”
A situação ficou muito difícil e depressiva. Janick chegou mesmo a pensar em vender seu
equipamento, desistir da carreira musical e voltar à faculdade, estudar ciências humanas. Mas
antes que decidisse de uma vez por todas, recebeu um convite que mudaria sua sorte para
sempre. Foi convidado a fazer uma aparição junto com o Marillion no Wemblley Arena, no Prince
Trust (evento anual de caridade da família real britânica) de 1988. Esse convite era para
acompanhar um outro cantor que, por acaso, era um velho amigo: Bruce Dickinson.
“Eu conhecia o Bruce desde os tempos do Samson, e nós sempre fomos companheiros”, diz
Janick. “Vivíamos a um quarteirão do outro em Chiswick, e costumávamos ir em shows algumas
vezes ou a festas. E nós dois queríamos conhecer Fish e o pessoal do Marillion – eu sempre achei
que o Marillion era uma grande banda. Como eu e Bruce, Fish também era um grande fã do Deep
Purple e do Ian Gillan, assim todos tínhamos algo em comum. Então, quando fomos convidados
para tocar no Prince Trust, Bruce estava todo animado, mas eu nem tanto. Tinha um bom tempo
que não tocava ao vivo. De fato, desde os tempos com o Gillan. Mas fomos lá e foi incrível.
Tocamos três músicas, todas covers: „All the Young Dudes‟ do Mott The Hoople, „The Boys Are
Back In Town‟ do Thin Lizzy, e a versão de Joe Cocker para „With A Little Help From My Friends‟.
Quando, pouco depois, Fish deixou o Marillion, ele convidou Janick para ir até sua fazenda
em Edinburgh, para ver se escreviam algumas músicas junto. Apesar dessa parceria estar
destinada a ser um tanto curta, Janick co-escreveria e tocaria guitarra em „View From A Hill‟, talvez
a melhor faixa do disco solo de Fish “Vigil In A Wilderness Of Mirrors”, lançado em 1989. Bruce
Dickinson: “A primeira vez que eu ouvi essa música ela realmente me derrubou. Pensei „Fish é
louco de perder esse cara, ele consegue compor tão bem quanto toca.‟” Por acaso, seu antigo
amigo dos tempos iniciais estava trabalhando em seu primeiro projeto solo, uma música para a
trilha do filme Nightmare On Elm Street. E resolveu mostrar o novo trabalho para saber sua opinião.
“Bruce me telefonou e então fui me encontrar com ele. Ele me mostrou essa música que soava
meio AC/DC. Eu disse: „Não, isso aí está pedindo para soar mais assim...‟, então pus alguns
acordes nela e aí refizemos o refrão. Ele estava tentando se distanciar do som do Maiden, portanto
estava muito aberto a novas idéias. E nós fomos fundo, e a gravamos em um dia ou dois, algo
assim, e ficou ótima, eu realmente gostei, sabe? E isso era „Brig Your Daughter To The Slaughter‟”.
“Eu a escrevi em três minutos”, conta Bruce. “Não sei de onde eu tirei o título. Ele veio de
repente na minha cabeça. Pensei: „Que coisa, parece ser direto do AC/DC!‟” Bruce achou a música
perfeita para o filme (A Hora do Pesadelo). “O pessoal da Zomba (editora do Maiden) ficou
completamente louco. Eles me diziam „Isso é ótimo!‟ O cara chamou o escritório e disse: „Eu não
acredito nisso, você tem mais material como esse?‟ E respondi „Bem, sim, tenho algumas coisinhas
que estou trabalhando.‟ Era tudo mentira, claro. Eu disse: „olha, o que vocês acham de nós
fazermos um álbum?‟ Ele respondeu „Claro, sim, faça isso.‟ Então chamei o Jan e disse para ele:
„Você não pode vender seu equipamento agora, seu bastardo, nós temos um álbum para fazer!‟”
O resultado, como sabemos, foi Tattooed Millionaire, primeiro disco solo de Bruce Dickinson,
que conseguiu ser bem sucedido e até gerou dois hits na Inglaterra, „All The Young Dudes‟, a cover
do Mott The Hoople, e a faixa título. Todo o disco foi gravado de forma muito espontânea e rápida,
apenas duas semanas. “As duas semanas mais rápidas da minha vida”, ri Janick, ainda meio
espantado com a velocidade da mudança de sua sorte. O disco continha um bom número de
originais, escritas pela dupla Dickinson/Gers, além de algumas covers. A resposta foi tão positiva
que Bruce chamou Janick para uma tour de quatro semanas nos EUA (que incluía os mesmos
músicos que tocaram no disco: Janick mais o baixista Andy Carr e o baterista Fabio Del Rio).
Isso tudo animou bastante Janick, que deve ter pensado que novos convites deveriam pintar
em breve. Mas nada o preparou para o que estava por vir. Quando Bruce voltou ao Maiden para o
próximo disco, Adrian Smith estava a beira de sair do grupo, insatisfeito com o novo material “mais
básico” que o Iron queria gravar e infeliz com a perspectiva de mais uma estafante tour mundial.
Logo Adrian estaria fora. Um outro guitarrista se fazia necessário e com urgência (todo o esquema
de gravação e tour já estava montado).
“Bruce nunca me falou sobre o que estava acontecendo”, diz Janick. “ Mas eu conhecia o
Dave e o Adrian e gostava de ambos. Já conhecia todo mundo na banda, mas não sabia sobre o
que estava para acontecer. Então, uma tarde, recebi um telefonema do Bruce. Ele me disse „Você
poderia aprender algumas músicas do Maiden?‟ A primeira coisa que pensei foi em dizer „não‟,
porque tínhamos concordado em não tocar nenhuma música do Maiden durante a tour solo de
Bruce. Aí eu perguntei „Por que você quer tocar músicas do Maiden?‟ Ele respondeu „Porque
alguém está saindo e nós gostaríamos que você viesse e ensaiasse com a banda‟. Perguntei
„Quem saiu?‟ E ele me disse: „Adrian‟ E fiquei numas de „O que? Fala de novo.‟ Quero dizer, eu
estava realmente chocado. Minha namorada diz que eu estava branco como um folha de papel
quando desliguei o telefone. Ela achou que alguém havia morrido ou coisa parecida.”
Janick fez um teste com a banda, no celeiro adjacente à mansão de Steve, três dias mais
tarde. Ele lembra: “Eles disseram: „Qual música você quer tocar primeiro?‟ Eu disse: „The Trooper‟.
Pensei: „Vamos tocar essa, rápida e agressiva, eu estarei bem.‟ Então eu e o Dave mandamos ver
nas primeiras notas da canção e a coisa toda funcionou! Foi simples assim, a música simplesmente
decolou. Quando nós terminamos, eu estava tremendo com a adrenalina, e me lembro do Bruce
dizer; „Caramba! Isso soa incrível!‟, então tocamos outra – eu acho que era „Iron Maiden‟ – e então
„The Prisioner‟ e talvez mais uma, não consigo me lembrar. Aí eles se juntaram num canto e
tiveram uma conversa particular. Depois o Steve Harris veio até mim e disse: „Você está na banda.
E vamos começar a gravar amanhã.‟ E eu pensei: „O quê?‟
Janick tinha acabado de conhecer o método Steve Harris de agir em relação à sua banda. E
se adaptou muito bem, diga-se de passagem. Embora obviamente não pudesse contribuir muito
num disco que estava todo pronto para ser gravado antes dele entrar, logo demonstraria seu valor,
seja na sua técnica exímia, seja nas apresentações ao vivo, mostrando seu lado passional pela
música que a banda e todos verdadeiros fãs compreenderam e amaram. Seu valor completo como
membro efetivo de Maiden se daria no disco seguinte, Fear Of The Dark, onde comporia inclusive o
primeiro compacto tirado dele („Be Quick Or Be Dead‟ – uma canção tão poderosa e tão „Maidiana‟
que foi o tema de abertura da banda em várias tours).
Biografia - Nicko McBrain
Um dos grandes bateristas do Heavy Mundial, Nicko McBrain entrou para o Iron Maiden
apenas no quarto disco, mas foi decisivo para que a banda pudesse desenvolver seu som além
dos limites impostos da época.
Dono de uma técnica ímpar, ele curiosamente substituiu um outro excelente baterista, Clive
Burr, possuindo os mesmo hábitos que causaram a queda do seu antecessor. Nicko é, ou era, um
festeiro absoluto.
Ao entrar para o Maiden, surpreendeu a todos com sua energia inesgotável. Como diz Steve
Harris: “A coisa toda com o Nicko é que ele tem essa – eu não sei do que você chama isso – mas
esse depósito de energia em algum lugar. Ele sempre teve esta coisa que, independente do que
faz, isso nunca afetou sua performance. (...) E Nick nunca deixou que nada o impedisse de dar
110% de si no palco. Para mim, como baixista, isso é realmente ótimo. Significa que nunca tive um
show ruim porque o baterista me deixou na mão, o que acontecia muitas vezes com o Clive. Então,
apesar de Nick ser o Senhor Festeiro, isso nunca me incomodou e ainda não incomoda. Sei que
ele estará em ponto de bala no minuto em que entrarmos no palco, e isso não tem preço para
mim.”
O que pouca gente sabe é que Nicko e sua futura banda se encontraram várias vezes nos
palcos da Europa. Quando estava no Trust, ele tocou abrindo para o Maiden em 1981. Dave
Murray se recorda do fato: “Os membros do Trust eram franceses, enquanto Nicko era tão inglês
quanto feijão cozido (um prato típico da Inglaterra). Então ele ficava a maior parte do tempo se
enturmando com a gente, foi assim que o conhecemos.” Mas Steve Harris têm lembranças ainda
mais antigas, quando Nicko tocava num trio chamado Kitty, num festival na Bélgica em 1979: “De
fato, foi nossa primeira apresentação fora da Inglaterra, e a gente ainda era só semi-profissional
naquela época. A Gillan era a banda principal, eu acho, e Nicko estava tocando com Donovan
Mckitty, que era um grande guitarrista, muito influenciado por Jimi Hendrix, e Charlie Tumahai –
que já tocou no Be-Bop De luxe, que eu adorava – no baixo. Eles tocaram sua parte e havia todo
aquele tipo de problemas – a guitarra de Donovan Mckitty pifou e Nick e Charlie fizeram essa
espécie de jam juntos, enquanto ele tentava consertar a guitarra. E Nicko foi incrível! Solos de
bateria costumam ser um tédio, mas assisti-lo fazer isso foi melhor do que ver o resto do show!
Então me lembrei dele desta época e, quando Clive saiu, ele foi uma das primeira pessoas
em quem pensei. Quero dizer, ele sempre foi uma „figura‟, mas eu apenas sabia que ele seria o
homem certo para o serviço. Foi engraçado porque anos depois, quando o Blaze entrou, foi o Nick
que chegou para mim e disse: „Olha, ouvi dizer que esse cara é um festeiro e tanto, você tem
mesmo certeza que nós estamos fazendo a coisa certa?‟ Eu disse: „Nick, espere um minuto – nós
contratamos você!‟ Ele pensou nisso e respondeu: „É, é verdade!‟ E nós dois caímos na
gargalhada.
Ele ganhou essa reputação de ser o Senhor Excesso, e ela está bastante correta, pelas
muitas estórias que ouvi as pessoas me contarem através dos anos! Você nunca sabe que Nick
você vai encontrar, porque ele tende a mudar de show para show. Um minuto ele está pra cima e é
o Senhor Festeiro e então, no dia seguinte, ele pode ser o Senhor Deprimido, mas isso é o jeito
que ele é. Mas isso nunca afetou o seu modo de tocar, e se isso acontecesse, então tudo que
teríamos a fazer seria dar um tapinha nele e aí ele tipo que poria seu rabo entre as pernas e se
consertaria, sabe. Nick nunca foi um problema deste tipo.”
Michael Henry McBrain nasceu em Hackney, East London, no dia 5 de junho de 1952. Seu
apelido apareceu quando ainda era criança: Nicky. Por um motivo muito singelo para um futuro
baterista de Heavy Metal coberto de tatuagens. O nome foi dado porque, ele sorri ao confessar,
“esse era o nome do meu ursinho de pelúcia – Nicholas, o urso. Eu era muito apegado a ele,
levava-o para tudo quanto é lugar, então meus familiares começaram a me chamar de „Nicky‟ de
brincadeira. A não ser que eu estivesse encrencado, aí era: „Michael‟!”
Sua família não era particularmente musical, mas seu pai era um grande fã de jazz, e logo
Nicko estava ouvindo os grandes da área. Seu herói na juventude foi o celebrado baterista Joe
Morella, a quem ele descobriu numa performance na TV, tocando com Dave Brubeck, no começo
dos anos 60.
“Quando eu tinha uns dez anos de idade, costumava pegar todas as panelas, potes e latas
de biscoito de minha mãe, e tudo mais que pudesse colocar minhas mãos e que fizesse um bom
som quando era batido por algo, aí pegava as agulhas de tricô de minha mãe e começava a
barulheira. Eu fingia que era Joe Morella batendo nos tambores. Ou então ia até a cozinha e
pegava um par de facas e começava a bater naquele fogão a gás – um bem grande – e claro que
toda a pintura começou a lascar e minha mãe ficava uma fera.”
Em nome da paz familiar e para poupar a pobre cozinha da mulher, seu pai acabou
comprando um kit de bateria para o filho. “Eu devia ter uns 11 ou 12 anos, e ele era o que
chamávamos de John Gray Broadway kit, o que significava que era, basicamente, uma caixa, um
tom-tom, um prato, duas baquetas comuns e duas do tipo vassourinha. Eu não estava interessado
nas vassourinhas, só queria bater nas coisas, mas meu pai me fez aprender como tocar com as
vassourinhas também. Ele dizia: „Você tem que aprender como tocar tudo, se quiser algum ser um
baterista de verdade.‟ E, claro, ele estava completamente certo. Então, obrigado, pai, por isso. Mas
eu amei aquilo. Estava feliz como um porquinho na lama.”
Não demorou muito para que o jovem baterista se visse constantemente assediado.
Bateristas são coisa rara quando se está na escola (principalmente um que tenha bateria). Nicko
adorou a nova atenção que isso lhe trazia, assim que entrou para sua primeira banda de escola.
Nicko: “Nós costumávamos tocar todo sábado de manhã. Era pura mágica. Eu ainda me lembro
daquilo, tudo covers, você sabe, nós não éramos bons o bastante para escrever nada ainda. Era
tudo músicas dos Stones e dos Beatles...“
Na sua formação musical, além da vasta coleção de jazz do seu pai, Nicko curtia os sons da
moda, bandas que ficariam imortalizadas por seus trabalhos nos anos 60: The Animals, The
Shadows e claro, os Rolling Stones e os Beatles. Curiosamente, uma de suas mais interessantes
experiências artísticas aconteceu quando ele passou um tempo sendo parte da Russel Vale School
of Dancing, onde aprendeu a praticar dança de salão todo sábado à tarde. “Eu tinha um pouco de
jeito para o velho cha-cha-cha e o samba”, diz ele modestamente. Mas Nicko era sim, bom de
dança, tanto que isso que o levou a participar de vários concursos pela sua escola. Mas, como ele
diz, “joguei tudo pela janela, assim que comecei a me dedicar mais a ser um baterista em tempo
integral.”
Aos 14 anos, Nicko estava tocando em “Pubs e casamentos – com equipamento semi-
profissional”. Da maneira que ele crescia e ia se aperfeiçoando, Nicko mostrou que conseguia tocar
qualquer coisa, do jazz ao pop. Logo ele começou a trabalhar como músico de estúdio, algo que
sempre estavam precisando, naqueles tempos em que a maioria dos sucessos ainda era fabricada,
e músicos versáteis eram muito requisitados. Ele costumava encher o carro de seu pai “Um
minúsculo Morris Minor 1000” e cair na noite de trabalho (a maioria das gravações naquele tempo
eram feitas à noite).
“Eu tocava de tudo”, diz Nicko “daquela época, discos de música pop, folk, música religiosa,
ou coisas mais rockeiras, não me importava. Podia tocar de tudo mas não sabia ler música. Então,
acabava tocando coisas pop e fazia muito trabalho de estúdio para essa gravadora chamada
Young Blood Records, e algumas vezes com esse cara da EMI. Tinha eu e esse baixista, chamado
Brian Belshaw, e éramos um tipo de time, como uma seção rítmica portátil. Foi uma grande
experiência. A maioria das pessoas que tocam em bandas costumam ser muito esnobes a respeito
do trabalho de estúdio que tenham feito, como se isso fosse a coisa mais entediante do mundo.
Mas, eu realmente gostava daquilo. Sendo um baterista, é muito difícil você se sentar em casa e
tocar por conta própria. Não é como ser um guitarrista. Então eu gostava daquilo, porque me fazia
sair e tocar em tudo quanto é tipo de banda. E isso deixava uma grana no meu bolso também, o
que vinha muito a calhar.”
No entanto, ainda que o dinheiro das sessões fosse o suficiente para pagar o aluguel, Nicko
sabia muito bem que ser apenas um músico de estúdio não o faria nem rico nem famoso. E
também porque, como ele mesmo diz, “Depois de um tempo você passa a querer fazer alguma
coisa que tenha um significado pessoal para você, e não pode fazer isso nas sessões. Você tem
que estar em sua própria banda antes que comece a poder tirar isso de sua música, e então era
isso que eu queria fazer.”
Sua primeira banda „de verdade‟ foi a The Eighteenth Fairfield Walk, que mais tarde trocou o
nome para Peyton Bond, uma boa banda de bar, que tocava basicamente covers de Otis Redding,
Beatles e The Who. Comentário de Nicko: “Foi bom enquanto durou. Mas não iria a lugar nenhum
enquanto ficasse só numas de fazer covers.” Assim sendo, Nicko não precisou pensar muito
quando lhe ofereceram o lugar de tocar as baquetas num grupo mais ambicioso, chamado The
Wells Street Blues Band. Nicko: “Eu agarrei a chance. Ainda faziam muitas covers, mas o material
era muito mais interessante, bem radical, puristas de blues.” Era o final dos anos 60, quando o som
das bandas de blues foi ficando gradualmente mais pesado, criando em breve um novo estilo que
seria batizado com o nome de um modelo da famosa moto Harley Davidson: Heavy Metal.
A banda trocou o nome para The Axe, em 1969. “O The Axe era uma típica banda da
época”, diz Nicko. “Nós todos fomos influenciados pelos Bluesbreakers do John Mayall e por tudo
aquilo que Eric Clapton, Jeff Beck, Jimmy Page e Peter Green tinham feito com aquele som.
Víamos-nos como um grupo nos mesmos moldes, mas nunca conseguimos decolar. Pensamos
que estávamos com tudo quando ganhamos um concurso local de talentos, e o prêmio era um
contrato de gravação com a Apple Records, que era a gravadora dos Beatles. Ou foi isso que
disseram! Mas nada aconteceu depois disso. Era só um monte de merda...”
O The Axe começou a tocar suas próprias composições nas apresentações ao vivo. Mas aí
houve uma grande briga entre o cantor e o guitarrista, e isso foi o fim de tudo. “Eu gostava da
banda, mas era um pouco exagerada – três guitarristas solo em um quarto ensaiando era um
pouco demais para qualquer um, acho.” Um pouco abatido, mas não desanimado, Nicky
simplesmente foi tentar de novo. Juntou-se ao cantor e tecladista Billy Day e seu parceiro de
composição, o guitarrista Michael „Mickey‟ Lesley.
“Era por volta de 1971, algo assim, e eu lembro disso porque foi a primeira vez que estava
recebendo pagamentos”, comentou ele. “Eu recebia 50 libras por semana e pensava „Ei! Isso é
ótimo! Estou realmente começando a alcançar o sucesso‟. Mas o pagamento também incluía seus
serviços como motorista da van. “Porque não tínhamos roadies e eu era o único que tinha uma
carteira de motorista”, explica Nicko. “Billy tinha tido a sua cassada por dirigir embriagado. Mas isso
também queria dizer que eu tinha que levar a van para casa à noite e, claro, achei isso muito bom.
Aqui estou eu, consegui meu primeiro trabalho pago numa banda de verdade e ainda por cima eu
fico com o carro da firma também!”, diz ele rindo.
Foi nessa época que Nicky, de repente, virou Nicko. Como ele mesmo explica, com
detalhes: “Os rapazes tinham um contrato editorial com a April Music, que de uma forma ou de
outra acabou se transformando na CBS Records. Então estávamos nos estúdios da CBS em
Whitfield Street, Londres, gravando o que seria nosso primeiro álbum. Aí, durante uma gravação
um dia, o diretor da CBS resolve nos fazer uma visita de surpresa. Dick Asher era o chefe da CBS
naquele tempo, então estávamos todos fazendo a maior barulheira e Dick Ashby chega com
Maurice Oberstein. Isso foi um pouco antes de Obie assumir a direção da CBS na Inglaterra e acho
que Dick estava mostrando para ele o lugar ou algo assim. De qualquer maneira, Dick entra, ele já
conhecia o Billy, mas pede a ele que o apresente ao resto da banda. E Billy estava completamente
chapado, como de costume – Ele adorava uma bebida, o Billy – e ele achou que seria engraçado
me apresentar por alguma razão como Neeko (obs. pronuncia-se Niicko). Ele se levanta, vai até o
Dick e Obie e fala: „Eu queria te apresentar ao meu baterista italiano – esse é Neecko‟. Eu pensei
„É foda, Billy, você está realmente exagerando.‟ Eu tentei explicar que não era assim, mas Obie a
partir daí começou a me chamar de Neecko, e isso só foi longe demais. Então ficou assim, isso
pegou desde então. Eu gostei bastante dele, realmente, só que mudei para „Nicko‟ (em inglês
pronuncia-se quase como Necko) para soar mais britânico.”
O nome ficou, mas isso seria a única coisa que duraria da relação estabelecida entre o
recém batizado baterista e o cantor Billy Day, já que os problemas com alcoolismo do vocalista
acabariam atrapalhando toda a banda, que acabaria pouco depois.
Nicko: “O problema de ser um baterista é que você tem que ficar esperando na berlinda
muitas vezes. Esperando que as pessoas da banda que deveriam chegar com as canções e a
direção a seguir se levantem e façam sua parte. Você começa a perceber muito rápido quando
alguma coisa não está acontecendo e o pobre Billy - ele era um cara legal e um grande músico, e
eu aprendi um monte de coisas tocando com ele - mas a banda não estava indo para lugar
nenhum, então depois de algum tempo pensei: „Certo, chega, já aguentei o suficiente, estou fora...‟
Nicko tentou durante algum tempo sua sorte com uma ou duas bandas que fundou, mas a
grande oportunidade apareceria novamente em 1975, quando ele se juntou aos Streetwalkers,
banda formada pelo vocalista Roger Chapman e o guitarrista Charlie Whitney, ambos os quais
tinham ficado famosos como líderes de um grupo muito conhecido na Inglaterra, o Family. Dois de
seus discos, Music In A Doll‟s House (de 1968) e Bandstand (1972) são considerados pela crítica
clássicos da época.
Nicko explica como conseguiu chegar até eles: “É uma história um pouco complicada. Mas,
basicamente, eu estava numa banda chamada The Blossom Toes, que parecia que ia conseguir
assinar um contrato com uma grande gravadora, então – surpresa! – tudo danou no último minuto.
O guitarrista no Blossom Toes era um cara chamado Jim Cregan, e quando as coisas apertaram
ele caiu fora e se juntou ao Family. Isso foi em 1973. Então o Family acabou em 1974 e Jim saiu
para se juntar ao Cockney Rebel. Mas antes de faze-lo, ele deve ter feito alguma recomendação ou
coisa parecida, porque logo depois eu recebo um telefonema, perguntando se estaria interessado
em fazer um teste para a nova banda de Roger e Charlie, do Family. Respondi na hora: „Yeah!‟
Quero dizer, era um grande fã do Family, achava Music In A Doll‟s House um disco fantástico,
então eu estava definitivamente a fim. Eles já tinham gravado seu primeiro disco, que se chamava
Streetwalkers, mas seu baterista, Ian Wallace, tinha saído e havia essa tour esquematizada e era
isso aí - eu estava nas nuvens!”
Por uma dessas ironias do destino, numa das primeiras tours que Nicko faria com os
Streetwalkers, ele se viu tocando num clube de Nova York junto com seus colegas ingleses do
Cockney Rebel. Uma banda então empresariada por um desconhecido ex-estudante de
Cambridge, chamado Rod Smallwood.
Nicko: “Foi a primeira vez que encontrei Rod na minha vida. Estávamos tocando nesse clube
de Nova York, chamado Bottom Line, nós e o Cockney Rebel, e lembro de ter visto aquela figura
do norte da Inglaterra parecendo meio esnobe. Mas assim que você começa a conversar com ele,
descobre que é um cara legal, que gosta de um copo e uma diversão. Houve uma grande festa
depois do show, claro, e lembro que todo mundo estava gritando com todo mundo e bêbados. Acho
que nenhum de nós tinha estado nos Estados Unidos antes, e parecíamos como garotos ingleses
em férias – férias de rock‟n roll. Nós nos encontramos numa mesa. Foi essa espécie de festa.
Rod Smallwood: “A primeira vez que encontrei Nick foi em Nova York. E a primeira coisa em
que pensei foi: „Um cara legal, completamente doido!‟ E não acho que minha opinião a seu respeito
tenha mudado desde então. Baterista brilhante, pessoa legal, completamente doido. Até ele vai te
confirmar isso...”
Nicko se encontraria de novo com Rod Smallwood, mas isso seria bem depois e em outras
circunstâncias, e já sem os Streetwalkers, que acabariam logo depois de Roger Chapman resolver
seguir carreira solo. Mas agora que tinha a técnica, a experiência e o currículo, não foi muito difícil
para ele encontrar trabalho, e logo estava segurando as baquetas na Pat Travers Band (chegou a
gravar o LP Making Magic) e, mais tarde, na banda francesa Trust. O Trust foi uma das poucas
bandas de metal francesas a chamar alguma atenção durante os anos 80, e tinham uma ideologia
esquerdista algo acentuada. Nicko conta que “havia muito de política nas suas canções, mas era
tudo em francês, então não me pergunte o que elas diziam!”
Nicko conta que encontrou os membros do Trust quando foram gravar em Londres, e
tiveram problemas com seu baterista original. Para terminar o disco, tiveram que contratar outro
cara para as baquetas. Nicko foi recomendado e tocou tão bem que valeu um convite para se ligar
à banda, o que significava que teria de se mudar para a França. “Deve ter saído caro para eles, já
que aí eu passei a morar num hotel!” Outro problema era a linguagem: metade da banda não falava
inglês, e McBrain não sabia e nem estava interessado em aprender francês. Mesmo assim, ficou
na banda durante dois anos. E seria nesse tempo que encontraria com o pessoal do Maiden e
estabeleceria amizade com eles. Como sabemos, a banda de Nicko chegou a abrir para o Iron em
1981.
Curiosamente, Nicko ficou sabendo das dificuldades do Maiden com Clive Burr muito antes
de receber um convite para audição. Ele explica: “Eu conhecia o Clive, porque nós todos fizemos
uma tour juntos, quando eu estava no Trust. E ele chegou até a me ligar dos Estados Unidos uma
noite, falando que tinha ouvido falar que eles tinham conversado comigo sobre substituí-lo, e eu fui
honesto com ele e disse: „Olha, Clive, eles não vão me chamar para um teste se você se arrumar.‟
Lembro, ainda estava casado com minha primeira mulher naquela época, e ela me deu o maior
sermão depois. Ela falou: „Pra quê você disse isso para ele? Ele vai dar um jeito de se cuidar, vai
ficar com o trabalho e você vai ficar sem nada!‟ Mas não era assim que eu via a coisa. Não queria
tirar o emprego de outro cara. Ele tinha me telefonado e pedido a minha opinião, e eu dei a melhor
que pude. O resto era por conta dele...”
Claro que, quando a situação ficou insustentável entre o Iron maiden e Clive, e o convite foi
confirmado, Nicko não perdeu a chance, como admite: “Eu fiquei super feliz! Acho que seria justo
dizer que enchi a cara, para comemorar aquelas pequenas boas novas! Quer dizer, estava sem
trabalhar, então foi a salvação da lavoura. Mas foi mais do que isso, eu realmente gostava da
música. Era bem do meu tipo. Sempre pude tocar forte, mas o Iron Maiden foi um momento
decisivo para progredir no meu estilo. Foi uma grande experiência por causa do pedigree dos
músicos – você não podia ficar melhor. No estilo que tocam, os músicos do Iron são os melhores
que existem, simples assim. E quando Steve chega com uma canção, ele sempre vem com uma
batida que nem tinha percebido, ou então ele sugere alguma coisa que eu não tinha pensado, e ele
nem sequer é um baterista! Mas é esta a coisa bonita da música, há tantas maneiras de interpretá-
la. Mas porque foi ele quem compôs as canções, ele sabe mais do que ninguém de que forma elas
deveriam soar, e o sentimento que deveriam ter. Então sempre presto atenção, e aí eu tento dar a
isso alguma coisa minha que talvez ele ainda não tenha pensado. Isso funciona muito bem.”
Adrian Smith: “Eu conheço outros bateristas que fizeram testes para o Maiden e que
simplesmente não conseguiam dar certo. Você tem que ser meio atleta, e Nicko é um baterista
fantasticamente atlético. Ele sempre teve a técnica e a habilidade, mas foi no Maiden que
realmente estourou – ao ponto em que muito do material que fizemos depois que ele entrou foi
criado a partir do seu estilo de tocar, todos aqueles quebradas que ele faz, que exigem tremenda
técnica. Isso soa meio cretino hoje em dia, mas quando ele se juntou a nós, eu achava que ele
seria um pouco funky demais para nosso som. Porque Nick pode tocar de tudo. E é firme. Fica bem
na frente de tudo, e Steve adora tocar com ele. Steve e Nicko costumavam passar horas
trabalhando essas passagens de baixo e bateria. Quero dizer, regras normais não se aplicam nem
a Nicko McBrain nem ao Iron Maiden – por isso é que eles se destacam tanto.”
Com seu novo estilo de tocar, Nicko entrou para a „família‟ do Iron Maiden e participaria de
uma série antológica de discos e shows, no que ficou conhecido como a formação „clássica‟ da
banda. Sua contribuição não foi pequena e o Iron nunca mais teve que se preocupar se o baterista
estaria em forma ou não, para qualquer show ou gravação!
(biografias de http://www.ironmaidenbrasil.com.br)
Clive Burr (08/03/1957, 12/03/2013)
Quando o baterista Clive Burr saiu do IRON MAIDEN em 1982, achou que as coisas não
poderiam piorar muito. Então ele foi diagnosticado com esclerose múltipla, e sua vida virou de
pernas pro ar...
„Bata nelas com força‟, ele tinha imprimido em suas baquetas feitas por encomenda. “E eu
sempre bati”, ele diz. “Então continuei. Guardei aquilo no fundo da minha cabeça, tentei não pensar
nisso”.
Isso foi no fim dos anos 80, ele acha. 1988 ou talvez 1989. Um longo tempo depois de ter
deixado o IRON MAIDEN. Ele tinha ocupado o banquinho de uma meia dúzia de bandas desde o
Maiden. Por volta de 1994, estava tão ruim que não podia continuar ignorando. “Eu vivia deixando
as coisas caírem”, ele diz. “Eu não conseguia segurar nada direito. Eu mal podia segurar minhas
baquetas”. Quando não conseguia mais rodar as baquetas entre seus dedos – o tipo de truque que
conseguia fazer com os olhos fechados dois anos antes – tinha chegado a hora de consultar um
médico.
O diagnóstico levou meses. Houve testes e exames, mais testes, até que eventualmente
tudo culminou no consultório de um clínico, um homem de cara fechada com notícias muito ruins.
Pior, impossível. Os exames revelaram esclerose múltipla, e duma variação particularmente
virulenta e agressiva da doença, e por isso chamada de EM Inicial Agressiva. A vida do Sr. Clive
Burr estava prestes a mudar para sempre.
Hoje em dia, o homem que fornecia a frenética, porém sempre distinta e original espinha
dorsal rítmica dos três primeiros discos do Iron Maiden, está numa cadeira de rodas. Algumas
vezes, apenas sair da cama para encarar um novo dia é uma luta. “Eu fico muito cansado”, ele diz.
Eu nem sempre consigo fazer o que quero.”
A bateria dele está numa garagem em sua casa especialmente adaptada, em Wanstead,
zona leste de Londres, que ele divide com sua parceira Mimi, uma ex-professora de catecismo que
também tem EM. “Meeeeeeeeemes”, ele grita, repetidamente ao longo de nossa entrevista. “Onde
está o meu Rosie?” [Rosie Lee = marca de chá]. “Eu só tiro a bateria quando meus sobrinhos vem
agora”, ele diz. “Eles parecem gostar”. Para Clive, agora com 53 anos de idade (2010), é só até aí
que a coisa vai hoje em dia.
Em outro aglomerado de tralhas está uma pilha de pratos Paiste danificados, quebrados em
vários shows da turnê Beast On The Road em 1982; um lembrete contundente, se fosse preciso,
do baterista poderoso que ele uma vez foi. Seus dias de baterista estão acabados.
Nas raras ocasiões que a EM o abate, ele vai ao DVD player e assiste a um antigo show do
Maiden. “Eu gosto disso”, ele ri. “Eu sento lá com a Meemes, com os pés pra cima, e eu volto
praquela época. Eu fico sorrindo por todo o vídeo. A gente era uma banda boa, sabe.”
Antes que a gente comece a falar do Maiden, e como eles eram bons com Clive junto, talvez
seja mais pertinente abordar como isso acabou. Isso é algo que tem sido negado a Clive pela
maior parte dos últimos 30 anos. Muito tem sido escrito sobre sua saída do Maiden, durante uma
exaustiva turnê no verão de 1982. A maioria disso tudo, ele diz firmemente, é asneira.
“Eu ouvi as histórias – que foi por causa de drogas ou por muita bebida”, ele diz. “Não foi
nada parecido com isso”. A verdade, como é muitas vezes em casos de cadeiras musicais do
heavy metal, é um pouco mais sórdida, um pouco mais acrimoniosa. Começou com uma ligação.
Ele não lembra onde ele estava quando recebeu a ligação, só lembra que tinha que ir pra casa em
Londres. O pai dele, Ronald, tinha morrido repentinamente de um infarto. Ele tinha apenas 57
anos.
Um mapa dos EUA ponteado com shows está à frente do Maiden, mas, naquele momento,
isso não importava, ele diz. “Eu tinha que ir pra casa”. Todo mundo pareceu concordar com isso,
ele lembra. Vai pra casa, eles disseram. Fique com sua família. Clive voou de volta pra casa num
Concorde.
O Maiden trouxe o ex-baterista do TRUST, Nicko McBrain, como substituto para que a turnê
continuasse, o show pudesse continuar. Clive e Nicko eram amigos. Sem problema. Tudo estava
beleza. “Eu conhecia o Nicko”, Clive diz. Cara legal. Bom baterista. Num número dos primeiros
shows, Nicko tinha se caracterizado de Eddie para assustar a plateia. “Ele amava a banda, ele
amava ser parte de tudo aquilo. E o resto da banda gostava dele”. Clive estava prestes a descobrir
o quanto gostavam.
Então Clive foi pra casa, foi ao funeral de seu pai, passou algum tempo com sua família, e
duas semanas depois, voou de volta para os EUA para se juntar ao Maiden, que estava cruzando a
América, abrindo pro Rainbow, Scorpions, .38 Special e Judas Priest. “Eu voltei e podia sentir que
algo não estava certo”, Clive lembra. Houve uma reunião. A atmosfera estava tensa. Havia
mudança no ar, e Clive, ainda dormente pela perda do pai, podia farejá-la. “Achamos que está na
hora de uma pausa”, eles disseram a Clive. E foi isso. Depois da melhor parte de quatro anos, três
discos – não apenas qualquer disco velho, tampouco, mas os três discos que muitos fãs do Maiden
dirão a você que permanecem sendo o melhor trabalho da banda – e de repente o sonho tinha
acabado, logo quando estava começando a virar realidade.
Todos sabem o que aconteceu com o Maiden depois. O que aconteceu a seguir com Clive
Burr foi um caso de sacudir a poeira e começar tudo de novo. Ele estava de luto por seu pai. Agora
ele também estava de luto por sua banda e pelo trabalho com o qual ele tinha sonhado desde que
viu Ian Paice tocando "Highway Star", com o Deep Purple, pela primeira vez. Em casa, no Reino
Unido, os rumores eram díspares: eram as drogas as culpadas por sua demissão; era a cachaça;
que Clive gostava da cerveja, sexo e rock n‟ roll apenas um pouco mais do que os outros; que
algumas vezes ele tinha que tocar nos shows com um balde do lado de sua bateria pra quando as
ressacas fossem demais... as mazelas do rock n‟ roll estavam entrando no caminho da banda, todo
mundo concordava. Todos exceto por Clive.
Trinta anos depois, ele diz que ainda incomoda ouvir isso. Ele nunca foi muito de beber.
Claro, ele tomava brandy com Coca-Cola – um Curvoisier e uma Coca-Cola. “Meu roadie
costumava me arrumar um antes de entrarmos no palco”, ele ri – mas nada muito exagerado. Não
mais ou menos do que qualquer um da banda. “Éramos como garotos de escola nos EUA”, ele diz.
“Nunca havíamos estado lá antes e nossos olhos se abriram. Havia muitas festas, e as garotas
estavam se jogando em cima de nós. Nós nunca tínhamos vivido qualquer coisa como aquilo.”
Clive – o cara que tinha sido eleito „Gostosão do Mês‟ de julho pela revista para
adolescentes Oh Boy – mandou ver. “Claro que mandei. Todos nós mandamos.” E daí acabou.
Clive voou para Londres novamente, e daí para a Alemanha com sua mãe, e ficou na dele. “Eu
estava muito chateado para sentir raiva disso”, ele diz. “Houve um período de luto – eu senti pelo
meu pai e eu senti pela minha banda – e daí eu me levantei e continuei”.
Simples assim?
“Bem assim, sim. Não teve nenhuma mágoa. A vida é curta demais. É bom esclarecer os
fatos, contar meu lado da história”, ele diz, “porque ele não é muito conhecido. Eu acho que se
você vai despedir alguém, despedir essa pessoa logo depois dela ter perdido o pai não é o melhor
momento pra fazê-lo... eu acho que eles tinham as razões deles. E foi isso.”
Depois do Maiden, Clive tocou com um número de bandas em seqüência rápida: Graham
Bonnet‟s Alcatrazz (isso durou uma semana), Stratus, o assim chamado supergrupo da NWOBHM
Gogmagog, Elxir, Dee Snider‟s Desperados. Nenhuma delas chegou perto de obter o que ele tinha
alcançado com o Maiden. E ainda assim, para Clive, isso não fazia diferença. “Eu só queria tocar.
Quando eu vim pra casa da Alemanha, depois do Maiden, costumava prender meu cabelo num
chapéu, pôr um par de óculos escuros e tocar com qualquer pessoa que me quisesse, nos bares
por Londres”, ele ri. “Eu só queria tocar bateria”.
Era como era quando ele era garoto. Os Burr moravam num apartamento em Manor Park,
no coração da zona Leste de Londres. Enquanto estava na escola, Clive construiu uma bateria
artesanal. “Tudo que tínhamos pela casa, ele estava batendo com baquetas”, sua mãe Kiara
lembra.
Quando ele descobriu Ian Paice e o Deep Purple, sua obsessão pareceu tomar uma nova
dimensão. A família de Kiara comprou seu primeiro kit da bateria pra Clive quando ele tinha 15
anos. Foi tanto uma benção como uma praga. “Era legal pra eles, mas eles não tinham que ouvir
aquilo”, diz Kiara. “Eu costumava sair do apartamento com medo de olhar os vizinhos na cara, por
causa do barulho que estava fazendo.”
Mesmo para os ouvidos leigos, Kiara conseguia ver que era bom. Muito bom. Ele nunca teve
uma aula propriamente dita, aprendeu vendo outros bateristas e tocando constantemente.
Clive entrou pro Maiden saindo do Samson em 1979, substituindo Doug Sampson, logo
quando o Maiden estava prestes a assinar com a gingante EMI Records. Era um baita passo, ele
lembra, do rock tradicional calcado no blues do Samson. Os ensaios do Maiden eram sérios, e eles
tinham que ser. As canções eram mais rápidas e intrínsecas, com muitas mudanças de tempo.
Tocar bateria com essa banda não era emprego pra novato. Mais – e melhores – shows
começaram a vir, e também o interesse na banda de gravadoras. Logo que a EMI contratou o
Maiden, Clive saiu de seu emprego diurno como entregador na cidade.
O sucesso da banda devia-se quase todo ao baixista, Steve Harris, Clive diz. “Steve era o
líder, com certeza. Ele escrevia as músicas, agendava os shows, arrumava os ensaios. Era muito
centrado. Sabia pra onde queria que a coisa fosse. E a gente seguia.”
A sessão rítmica naqueles três primeiros discos não podia ser mais entrosada. “Nem sempre
foi assim, Clive lembra. “Steve costumava dizer que eu tocava as músicas de maneira muito rápida,
estava sempre me dizendo pra desacelerar. Minha memória marcante de gravar 'The Number of
the Beast' é Steve me dizendo pra diminuir”.
Havia rusgas, ele diz, mas nada sério, nada grande. “A gente se dava bem, e havia muita
camaradagem”. Mesmo depois da racha, Clive se encontrava com o guitarrista do Maiden, Adrian
Smith e iam pescar.
“Eles me deram um carro...” Ele pausa. “Meeeeeeemes, que carro é aquele mesmo?”, grita.
“Nós os chamamos de Clivemóvel. É um Volkswagen Caddy com vidro fumê. É como um carro de
gângster americano. Eles organizaram shows para angariar dinheiro, não só pra mim, mas pra
outras pessoas com EM. Colocaram um elevador nas escadas de nossa casa. Algumas vezes eu
subo as escadas olhando pros discos de ouro e platina na parede, há, há, ha”.
Melhor do que isso, e o que ele mais aprecia em tudo, Mimi diz que, quando Clive está
sumido, eles se lembram dele. “Dizem que se você precisar de qualquer coisa, apenas ligue,
telefone,” ela diz. “Toda vez que eles tocam em Londres, Clive sabe que tudo que tem a fazer é
pegar o fone e tem os dois melhores ingressos do lugar. Pode não parecer muito, mas pra Clive, é.
No fim das contas, pra ele, é como seus feitos – quem ele é e o que ele fez – estão sendo
reconhecidos.
O Iron Maiden anunciou, através de seu facebook, no fim da manhã desta quarta-feira
(13/03/2013) o falecimento de Clive Burr, baterista do grupo até o ano de 1982.
"Estamos profundamente tristes em informar que Clive Burr faleceu ontem à noite. Ele sofreu
graves problemas de saúde por muitos anos depois de ter sido diagnosticado com esclerose
múltipla e morreu tranquilamente durante o sono em sua casa."
Steve Harris comentou o falecimento do ex-baterista do Iron Maiden: "Esta é uma notícia
muito triste. Clive era um velho amigo de todos nós. Ele era uma pessoa maravilhosa e um
baterista incrível que deu uma valiosa contribuição para a Donzela no início, quando estávamos
começando. Este é um dia triste para todos na banda e aqueles em torno dele, e os nossos
pensamentos e condolências estão com sua parceira Mimi e família neste momento. "
Bruce Dickinson também se pronunciou: "Eu conheci Clive quando ele estava saindo do
Samson para se juntar ao Iron Maiden. Ele era um grande homem que realmente viveu a vida ao
máximo. Mesmo durante os dias mais sombrios da sua doença, Clive nunca perdeu seu senso de
humor ou irreverência. Este é um dia muito triste e todos os nossos pensamentos estão com Mimi
e família "
ÁLBUNS da CARREIRA SOLO de
BRUCE DICKINSON
1990
1. Son of a Gun 5:55 Faixas do CD Bonus
2. Tattooed Millionaire 4:28
3. Born in '58 3:40 Bring Your Daughter...To the Slaughter
4. Hell on Wheels 3:39 Ballad of Mutt
5. Gypsy Road 4:02 Winds of Change
6. Dive! Dive! Dive! 4:41 Darkness Be my Friend
7. All the Young Dudes 3:50 Sin City*
8. Lickin' The Gun 3:17 Dive Dive Dive (ao vivo)
9. Zulu Lulu 3:28 Riding with the Angels (ao vivo)*
10. No Lies 6:17 Sin City (ao vivo)
Black Night (ao vivo)*
Son of a Gun (ao vivo)
Tattooed Millionaire (ao vivo)
Just a God given holy roller Um rolo sagrado dado por deus
In a God forsaken land Em uma terra esquecida por deus
He didn't choose this killing ground Ele não escolheu este solo assassino
He didn't want this scrap of land Ele não queria este pedaço de terra
He's gonna scorch the earth, yeah Ele irá queimar a terra, sim
And make the rivers run dry E fará os rios secarem
Until we learn to hate like him Até que aprendemos a odiar como ele
Oh kill for killing, live to die Oh matar por matar, viver para morrer
Ride on you son of a gun, ride on, Cavalgue seu filho da arma, cavalgue,
ride into the setting sun cavalgue no sol poente
Ride on you son of a gun, yeah Cavalgue seu filho da arma, sim
Ride on you son of a gun, ride on, Cavalgue seu filho da arma, cavalgue,
ride into the setting sun cavalgue no sol poente
Ride on you son of a gun Cavalgue seu filho da arma
Ride on you son of a gun, ride on, Cavalgue seu filho da arma, cavalgue,
ride into the setting sun cavalgue no sol poente
Ride on you son of a gun, yeah Cavalgue seu filho da arma, sim
Ride on you son of a gun, ride on, Cavalgue seu filho da arma, cavalgue,
ride into the setting sun cavalgue no sol poente
Ride on you son of a gun Cavalgue seu filho da arma
The preacher laughed, the preacher cried O padre riu, o padre chorou
He loaded bullets as he smiled Ele carregou balas enquanto sorria
The congregation sat A congregação sentou
and wondered would they live or e se perguntou se eles viveriam
would they die? ou se eles morreriam
Just an ordinary man, Apenas um homem comum,
with his orders and his plans com suas ordens e seus planos
In the shadows of a cross Nas sombras de uma cruz
Oh in a bloodred sunrise Oh em um nascer do sol vermelho-sangue
Take me to Jesus, with Judas my guide Leve-me para Jesus, com o meu guia Judas
Ride on you son of a gun, ride on, Cavalgue seu filho da arma, cavalgue,
ride into the setting sun cavalgue no sol poente
Ride on you son of a gun, yeah, yeah Cavalgue seu filho da arma, sim, sim
Ride on you son of a gun, ride on, Cavalgue seu filho da arma, cavalgue, cavalgue no
ride into the setting sun sol poente
Ride on you son of a gun, oh yeah Cavalgue seu filho da arma, oh sim
Ride on, ride on, ride on, yeah Cavalgue, cavalgue, cavalgue, sim
Ride on, ride on, ride on, yeah Cavalgue, cavalgue, cavalgue, sim
Ride on, ride to history Cavalgue, cavalgue para a história
Ride on, ride on, you bleeding heart Cavalgue, cavalgue, em seu coração sangrando
Ride on, ride on, you played no part Cavalgue, cavalgue, você não participou
Ride on, you feel no pity Cavalgue, você não sente pena
Ride on, you feel no pain Cavalgue, você não sente dor
People like to build their prison walls Pessoas gostam de construir suas próprias prisões
When they're afraid to look inside a Quando elas têm medo De olhar dentro de...
There should be time for love Deve haver tempo para o amor
But there's too much room for hate Mas não há muito espaço para o ódio
Too much sliding of the truth Muito deslizamento da verdade
Too much abuse of wasted youth Muito abuso da juventude perdida
There's a time for dying Há um tempo para morrer
and a time for living too e um tempo de vida também
Had enough of realize, had enough of your alibis Tive o bastante de perceber, fardo de seus álibis
Trees are bare, the earth it is hard As árvores estão sem folhas, a terra está firme
I wait for winter, soft winter and snow Eu espero pelo inverno, inverno suave e neve
Those days are gone Aqueles dias se foram
Now I hide, where I just can't say Agora eu me escondo, onde eu não posso dizer
I'll be there catching your tears Eu estarei lá, pegando suas lágrimas
Before they fall to the ground Antes que caiam no cão
And I know, where ever you go, E eu sei, onde quer que você vá,
I'll be around - yeah eu estarei por perto - yeah
I'll be there catching your tears Eu estarei lá, pegando suas lágrimas
before they fall to the ground antes que caiam no chão
yeah yeah
There's a sinister game that children play, Há um jogo sinistro que as crianças brincam,
hey hey hey hey hey hey hey hey
When they get to the end of each schoolday, Quando chegar ao final de cada dia na escola,
hey hey hey hey hey hey hey hey
They spend their lives Eles passam a vida
getting ready for the kill - ha se preparando para o matar - ha!
Waiting for the winter sun and the cold light of day Esperando pelo sol de inverno e pela fria luz do dia
The misty ghost of childhood fears Os nebulosos fantasmas dos medos da infância
The pressure is building, A pressão está se formando
and I can't stay away e eu não consigo me afastar
The breeding house, you were there A casa de procriação, você estava lá
And the sins of your fathers, E os pecados de seus pais
In the breeding house Na casa de procriação
The breeding house, 731 A casa de procriação, 731
And the sins of your fathers E os pecados de seus pais
Are the sins of your sons E os pecados de seus filhos
Welcome to the searchlights and the TV eyes Bem-vindo as luzes de procura,os olhos da TV
Watching you, watching me Olhando você,olhando a mim
Go away! Vá embora
Locked inside a concrete cage with those cameras Fechado na jaula de concreto com câmeras para
for my eyes meus olhos
Outside are the population, the corpses and the flies Fora esta a população,os corpos,e as moscas
I see no way out of here Não vejo caminho para fora daqui
There is no way out of here Não existe caminho para fora daqui
I see no way out of here Não vejo caminho para fora daqui
I see no way out of here Não vejo caminho para fora daqui
There is no way out of here Não existe caminho para fora daqui
I see no way out of here Não vejo caminho para fora daqui
Flowers on the window box are blooming Flores na janela estão florescendo
I pour water on the rocks so they won't die Eu coloco agua nas pedras,para não morrerem
The pattern on the carpet shows I'm human O Desenho no carpete mostra que sou humano
I don't step on the foolish cracks, so I won't fry Eu não piso nas rachaduras,para não cair
The sky is blue, the weather seems appealing O Céu é azul,o tempo parece bom
I lay my hand upon the armoured glass Eu encosto minha mão no vidro blindado
No more blood, Sem mais sangue,
I think my wound is healing acho que minhas feridas estão se curando
Should I open it up, give it a try? Eu devo abri-las e tentar?
Welcome to the searchlights and the TV-eyes Bem-vindo as luzes de procura,os olhos da TV
Watching me, watching you, watching me Olhando você,olhando a mim
Shoot, shoot, shoot all the clowns Atire, atire, atire em todos os palhaços.
Shoot, shoot, shoot all the clowns Atire, atire, atire em todos os palhaços
shoot, shoot atire, atire
Shoot, shoot, shoot all the clowns Atire, Atire, Atire em todos os palhaços.
Shoot, shoot, shoot all the clowns Atire, atire, atire em todos os palhaços
shoot, shoot atire, atire
Shoot, shoot, shoot all the clowns Atire, Atire, Atire em todos os palhaços
1996
1. Space Race 3:47 Faixas do CD Bonus
2. Back from the Edge 4:17
3. Inertia 3:04 I'm in a Band With an Italian Drummer
4. Faith 3:35 Rescue Day
5. Solar Confinement 3:20 God's Not Coming Back
6. Dreamstate 3:50 Armchair Hero
7. I Will Not Accept the Truth 3:45 R 101
8. Inside the Machine 3:28 Re-entry
9. Headswitch 2:14 Americans Are Behind
10. Meltdown 4:35 Inertia (live)
11. Octavia 3:15 Faith (live)
12. Innerspace 3:31 Innerspace (live)
13. Strange Death in Paradise 4:50 The Prisoner (Iron Maiden cover) (live)
1997
1. Freak 4:15 Faixas do CD Bonus
2. Toltec 7 Arrival 0:37
3. Starchildren 4:17 The Ghost of Cain 4:12
4. Taking the Queen 4:49 Accident of Birth (Demo) 4:15
5. Darkside of Aquarius 6:42 Starchildren (Demo) 5:01
6. Road to Hell 3:57 Taking the Queen (Demo) 4:30
7. Man of Sorrows 5:20 Man of Sorrows (Radio Edit) 3:55
8. Accident of Birth 4:23 Man of Sorrows (Orchestral Version) 5:17
9. The Magician 3:54 Hombre Triste (Spanish of Man of Sorrows) 3:53
10. Welcome to the Pit 4:43 Darkside of Aquarius (Demo) 6:20
11. Omega 6:23 Arc of Space (Demo) 4:02
12. Arc of Space 4:18
Where are the angels and their wings of freedom? Onde estão os anjos e suas asas da liberdade?
Jesus had his day off when they pulled you Jesus teve seu dia de folga quando eles lhe
through... jogaram
Has robbed us of our souls and minds Roubou-nos de nossas almas e mentes
Here come the riders Aí vêm os cavaleiros
As the wheel of dharma's running out of time Como a roda de dharma correndo contra o tempo
From the starlit sky Desde o céu estrelado
On a silver sea, Em um mar de prata,
A lonely silver surfer, Um surfista de prata solitário,
comes to push the wheel for me vem para empurrar a roda para mim
A lonely silver surfer, Um surfista de prata solitário,
come to push the wheel for me vindo empurrar a roda para mim
Gotta move, gotta move, Tem que mover, tem que mover,
Gotta push the wheel right round Tem que empurrar a roda direito
Gotta move, gotta move, Tenho que mover, tem que mover,
Gotta push the wheel right round Tenho que empurrar a roda direito
Man of sorrows, I won't see your face Homem sofredor, eu não verei seu rosto
Man of sorrows, you left without a trace Homem sofredor, você saiu sem rastro
A small boy wonders, what was it all about? Um pequeno garoto imagina, o que foi isto tudo?
Is your journey over? Has it just begun? Sua jornada acabou? Apenas começou?
A vision of a new world, from the ashes of the old Uma visão de um mundo novo, das cinzas do velho
"Do what thou wilt!", "Faças o que tu quiseres",
he screams from his cursed soul Ele gritou de sua amaldiçoada alma
A tortured seer, a prophet of our emptiness Um visionário torturado, um profeta de nosso vazio
Wondering why, wondering why Perguntando por que, perguntando por que
Man of sorrows, I won't see your face Homem sofredor, não verei seu rosto
Man of sorrows, you left without a trace Homem sofredor, você saiu sem rastro
A small boy wonders, what was it all about? Um pequeno garoto imagina, o que foi isto tudo?
Is your journey over? Has it just begun? Sua jornada acabou? Apenas começou?
Man of sorrows, I won't see your face Homem sofredor, não verei seu rosto
Man of sorrows, you left without a trace Homem sofredor, você saiu sem rastro
A small boy wonders, what was it all about? Um pequeno garoto imagina, o que foi isto tudo?
Is your journey over? Has it just begun? Sua jornada acabou? Apenas começou?
Man of sorrows, I won't see your face Homem sofredor, não verei seu rosto
Man of sorrows, you left without a trace Homem sofredor, você saiu sem rastro
A small boy wonders, what was it all about? Um pequeno garoto imagina, o que foi isto tudo?
Is your journey over? Has it just begun? Sua jornada acabou? Apenas começou?
The ashes drift away, smoke of our confusion As cinzas são levadas, fumaça de nossa confusão
We turn our frightened faces Nós viramos nossos rostos assustados
to each other, say goodbye um para o outro, dizemos adeus
Waited for the sign, waited for the moment Esperado pelo sinal esperado pelo momento
Waited for the miracle to arrive, I guess they lied Esperado pelo milagre chegar acho que mentiram
In your hour of darkness be not afraid Em sua hora de escuridão não seja medroso
As the moonlight shivers on your grave Enquanto o luar treme em sua sepultura
Come back to find you here, Volte para se encontrar aqui
save you from the danger salve-se do perigo
Come back to lead you home, Volte para se levar para casa
from the hooded stranger do estranho encoberto
The ghost of Cain, the ghost of Cain, O fantasma de Cain, o fantasma de Cain,
the ghost of Cain o fantasma de Cain
I don't even know your name, Eu nem sei qual o seu nome,
you won't even see my face você nem vai ver meu rosto
But you choose to play my games, Mas escolheu jogar meus jogos,
welcome to the hard place bem vindo ao lugar difícil
I'll bring you back from the brink Eu te trouxe de volta da beirada
Are you surprised in every way Você se surpreendeu com cada maneira
that you like it? que gostou?
Are you surprised that you want it? Você se surpreendeu com o que queria?
I don't even know your name, Eu nem sei qual o seu nome,
you won't even see my face você nem mesmo vai ver meu rosto
But you choose to play my games, Mas escolheu jogar meus jogos,
welcome to the hard place bem vindo ao lugar difícil
Back to back, you ride the snake Costas com costas, você guia a cobra
You feel it strike, you feel it bite ya... Você sente o golpe, você sente a picada
I don't even know your name, Eu nem sei qual o seu nome,
you won't even see my face você nem mesmo vai ver meu rosto
But you choose to play my games, Mas escolheu jogar meus jogos,
welcome to the hard place bem vindo ao lugar difícil
I don't even know your name, Eu nem sei qual o seu nome,
you won't even see my face você nem mesmo vai ver meu rosto
But you choose to play my games, Mas escolheu jogar meus jogos,
welcome to the hard place bem vindo ao lugar difícil
I don't even know your name, Eu nem sei qual o seu nome,
you won't even see my face você nem mesmo vai ver meu rosto
But you choose to play my games, Mas você escolheu jogar meus jogos,
Now can you feel the hard, Agora você pode sentir o difícil,
the hard... place... o lugar... difícil...
Who stole your heartbeat in the night? Quem roubou sua pulsação à noite?
The acolytes fearful in the flickering light Os acólitos cheios de medo na luz cintilante
They hold a mirror, Eles seguraram um espelho,
to catch the breath from your mouth para capturar a respiração de sua boca
But your breath was stolen, Mas sua rspiração foi roubada,
by the wind from the south pelo vento do sul
The howling shriek of death in your eyes O poderoso grito da morte em seus olhos
The hawklord and the beast, enter your room O Senhor Falcão e a Besta entram em seu quarto
The gold will turn to rust O ouro vai enferrujar
Your empire follows you, into your tomb Seu império vai te seguir, na sua tumba
The wraiths of night caress, As aparições noturnas acariciam,
And whisper softly now "We are the dead" E sussurram suave agora "Nós somos os mortos"
They bear your life away, Eles levam sua vida embora,
they tear your heart in two rasgam seu coração em dois
They've taken the queen Eles levaram a rainha
To some better place, so they think, Para algum lugar melhor, eles acham,
as the flame burns low enquanto a chama arde fracamente
Now the flame burns higher Agora a chama queima mais alto
and it purifies the love that died e purifica o amor que morreu
A stone rolls closed on a life Uma pedra rola fechando em uma vida
Back to the earth, sealing the tomb De volta a Terra, selando o túmulo
Our skeletons rise through the veil of blood, Nossos esqueletos levantam pela veia de sangue,
Who summons us now from our graves? Quem nos chamou agora de nossas sepulturas?
"We are the dead" "Nós somos os mortos"
The shriek of death in your eyes, O grito da morte em seus olhos,
the hawklord and the beast, O Senhor Falcão e a Besta,
Enter your room Entram em seu quarto
The wraiths of night caress, As aparições noturnas acariciam,
and whisper softly now e sussurram suave agora
"We are the dead" "Nós somos os mortos"
They bear your life away, Eles levam sua vida embora,
they've torn your heart in two rasgaram seu coração em dois
They've taken the queen Eles levaram a rainha
1998
1. King in Crimson 4:43 Faixas do CD Bonus
2. Chemical Wedding 4:06
3. The Tower 4:45 11. Return of the King 5:06
4. Killing Floor 4:29 12. Real World 3:59
5. Book of Thel 8:13 13. Confeos 7:35
6. Gates of Urizen 4:25
7. Jerusalem 6:42
8. Trumpets of Jericho 5:59
9. Machine Men 5:41
10. The Alchemist 8:27
Satan - has left his killing floor Satã - saiu do seu chão mortal
Satan - has left his killing floor Satã - saiu do seu chão mortal
Satan - hell fires burn no more Satã - o fogo do inferno não queima mais
Satan - has left his killing floor Satã - saiu do seu chão mortal
Satan - has left his killing floor Satã - saiu do seu chão mortal
Satan - has left his killing floor Satã - saiu do seu chão mortal
Satan - his fires burn no more Satã - o fogo do inferno não queima mais
Satan - is coming back for more Satã - está voltando para mais
Satan - has left his killing floor Satã - saiu do seu chão mortal
I know the king will come again Eu sei que o rei virá novamente
From the shadow to the sun Das sombras ao sol
Burning hillsides with the Beltane fires Queimando ladeiras com seu fogo
I know the king will come again Eu sei que o rei virá novamente
When all that glitters turns to rust Quanto todo o brilho virar ferrugem
Uther Pendragon standing fast beside you O chefe supremo rapidamente ao seu lado
I know the king will come again Eu sei que o rei virá novamente
I know the king will come again Eu sei que o rei virá novamente
I know the king will come again Eu sei que o rei virá novamente
From the shadow to the sun Das sombras ao sol
Burning hillsides with the Beltane fires Queimando ladeiras com seu fogo
I know the king will come again Eu sei que o rei virá novamente
When all that glitters turns to rust Quanto todo o brilho virar ferrugem
Uther Pendragon standing fast beside you O chefe supremo rapidamente ao seu lado
Is that a shadow on the hill Aquilo é uma sombra na colina?
Or a phanton in the mere Ou um fantasma na lagoa
What is the meaning of the stones? Qual o significados destas pedras?
Why do they stand alone? Por que elas estão sozinhas?
I know the king will come again Eu sei que o rei virá novamente
From the shadow to the sun Das sombras ao sol
Burning hillsides with the Beltane fires Queimando ladeiras com seu fogo
I know the king will come again Eu sei que o rei virá novamente
When all that glitters turns to rust Quanto todo o brilho virar ferrugem
Uther Pendragon standing fast beside you O chefe supremo rapidamente ao seu lado
I know the king will come again Eu sei que o rei virá novamente
2005
1. Mars Within 1:41 Faixa do CD Bonus
2. Abduction 3:52
3. Soul Intruders 3:54 Eternal (Japanese bonus track) - 5:59
4. Kill Devil Hill 5:09
5. Navigate the Seas of the Sun 5:53
6. River Of No Return 5:15
7. Power of the Sun 3:31
8. Devil on a Hog 4:03
9. Believil 4:52
10. A Tyranny of Souls 5:54
so we go and will not return Então nós vamos e não vamos retornar
to navigate the seas of the sun Para navegar no mares do sol
our children will go on and on Nossas crianças vão continuar
to navigate the seas of the sun Para navegar nos mares do sol
so we go and will not return Então nós vamos e não vamos retornar
to navigate the seas of the sun Para navegar no mares do sol
our children will go on and on Nossas crianças vão continuar
to navigate the seas of the sun Para navegar nos mares do sol
Break the bread and drink the wine Parta o pão e beba o vinho
Seize the challace suck the poison vine Pegue o cálice, sugue o vinho envenenado
There is frost in every sunbeam Há frieza em casa raio solar
water flows from the earth to sky água flui da terra ao céu
Looking down on every rose Caindo sobre todas as rosas
nothing moves the wheal of heaven turns nada move a roda do paraíso
As our fingers leave there trace Enquanto nossos dedos deixam o rastro
we are gods somos deuses
and the world returns up rise? em um mundo que ousamos adotar
Now we're lost you can't disguise Agora estamos perdidos, não pode disfarçar
the river of no return O rio sem volta
Now its time you realise, Agora se foi, perceba,
the river of no return O rio sem volta
Growing embers of our anchient lives Criando brasas de nossas vidas passadas
We struggle hard Nós lutamos bravamente
we live to turn the tide vivemos para virar a maré
Living longer in the Â'astro-wast' Tendo vida mais longa no lixo astral
We stare each other Nós olhamos uns para os outros
we looked death in the face nós encaramos a morte
All my life in front of you Toda a minha vida na sua frente
lonely secrets hidden from your view. segredos solitários ocultos de sua visão.
Now we obit a different sun Agora orbitamos um sol diferente
for eternity por toda a eternidade
doomed to tell no one.. condenados a não contar a ninguém
At the edge of space the world is curved Na beira do espaço o mundo está curvado
Like a halo Como uma auréola
See a blackbird flying now, see it now... Vejo um melro voando agora, vejo agora…
through my window pela minha janela
And so the rocket man came down to land E então o homen foguete desceu para a terra
From the unknown Do desconhecido
On the ground he never found the truth... No solo ele nunca encontrou a verdade
Turned his eyes... Virou seus olhos
To the skies... Para os céus
We were eternal back in those days Nós fomos eternos naqueles dias passados
But now we are memories Mas agora nós somos lembranças
They hide us away Eles nos esconderam
But we were the only ones Mas nós fomos os únicos
Never forget, those fallen heroes Nunca esqueça, daqueles heróis tombados
Never again... Nunca mais
At the edge of space the world is curved Na beira do espaço o mundo está curvado
Like a halo [whispers: hate halo(?)] Como uma auréola
See a blackbird flying now, Vejo um melro voando agora
See it now... through my window Vejo agora… pela minha janela
And so the rocket man came down to land E então o homem foguete desceu para a terra
From the unknown Do desconhecido
On the ground he never found the truth... No solo ele nunca encontrou a verdade…
Turned his eyes... Virou seus olhos
To the skies... Para os céus
We were eternal back in those days Nós fomos eternos naqueles dias passados
But now we are memories Mas agora nós somos lembranças
They hide us away Eles nos esconderam
We were the only ones Mas nós fomos os únicos
Never forget, those fallen heroes Nunca esqueça, daqueles heróis tombados
Never again... Nunca mais
We were eternal back in those days Nós fomos eternos naqueles dias passados
But now we are memories Mas agora nós somos lembranças
They hide us away Eles nos esconderam
Now I'm the only one Agora eu sou o único
Never forget, those fallen heroes Nunca esqueça, daqueles heróis tombados
Never again... Nunca mais
Never again... Nunca mais
We were eternal Nós fomos eternos
2001
Disco um
Broken (Dickinson, Z) 4:00
Tattooed Millionaire (Dickinson, Gers) 4:25
Laughing in the Hiding Bush [ao vivo] (Dickson, Z) 4:09
Tears of the Dragon (Dickinson) 6:19
The Tower (Dickinson, Z) 4:43
Born in '58 (Dickinson, Gers) 3:36
Accident of Birth (Dickinson, Z) 4:28
Silver Wings (Dickinson, Z) 4:16
Darkside of Aquarius (Dickinson, Z) 6:50
Chemical Wedding (Dickinson, Z) 4:05
Back from the Edge (Dickinson, Dickson) 4:16
Road to Hell (Dickinson, Smith) 3:58
Book of Thel [ao vivo] (Casillas, Dickinson, Z) 8:27
Disco dois
Bring Your Daughter... to the Slaughter (Dickinson) 5:00
Darkness Be My Friend (Dickinson) 2:00
Wicker Man (recorded 97) (Dickinson, Z) 4:40
Real World (Dickinson, Z) 3:55
Acoustic Song (Dickinson, Z) 4:23
No Way Out... Continued (Baker, Crichton, Dickinson)5:18
Midnight Jam (Dickinson, Smith, Z) 5:11
Man of Sorrows(Demo) (Dickinson) 5:15
Ballad of Mutt (Dickinson, Gers) 3:33
Re-Entry (Dickinson, Dickson) 4:03
I'm in a Band With an Italian Drummer (Dale) 3:52
Jerusalem [ao vivo] (Dickinson, Z) 6:43
The Voice of Crube 13:45
Dracula (D.Siviter, A.Siviter) 3:45
Broken (04:00) Quebrado
I stand alone now I can see Eu estou sozinho agora posso ver
You won't bring me down Você não me trará para baixo
For all this pain and misery Para todas estas dores e misérias
I'm not broken Eu não estou quebrado
Crushed Esmagado
Crushed Esmagado
I stand alone now I can see Eu estou sozinho agora posso ver
You won't bring me down Você não me trará para baixo
For all this pain and misery Para todas estas dores e misérias
I'm not broken Eu não estou quebrado
All the hatred, can't you see Todo o ódio, você não pode ver
You won't bring me down Você não me trará para baixo
All the light has set me free Todas as luzes me libertaram
I'm not broken Eu não estou quebrado
I stand alone now I can see Eu estou sozinho agora posso ver
You won't bring me down Você não me trará para baixo
For all this pain and misery Para todas estas dores e misérias
I'm not broken Eu não estou quebrado
All the hatred, can't you see Todo o ódio, você não pode ver
You won't bring me down Você não me trará para baixo
All the light has set me free Toda a luz me libertou
I'm not broken Eu não estou quebrado
I know they're staking out my house Eu sei que eles espreitam minha casa
That's why I'm quiet É por isso que eu estou quieto
like a mouse como um rato
I don't know love Eu não conheço o amor
but I know what's right mas eu sei o que é certo
I feel my sickness every night Eu me sinto doente todas as noites
My tv fills my world with light Minha tv preenche meu mundo com luz
24 hours of second sight 24 horas de segunda visão
I talk to God on my station Eu converso com Deus em meu canal
He gives me secret information Ele me dá informações secretas
When the dying western sun dips low Quando o sol extinguível do oeste emerge
And the raincloud rises in the east E a nuvem que produz chuva põe-se a leste
Between the lines of trut Entre as linhas da verdade
and the words of faith e as palavras de crença
Lie the fiery duties of the priest Encontrar os deveres ardentes de ser padre
From the hill of Tarna see the Beltane fires Da colina de Tarna vê os fogos de Beltane
And the silent Celtic kings await E os reis celtas silenciosos esperam
From the midnight hour to the light of dawn Da meia-noite até a luz da alvorada
Feel the mountain tremble Sente o tremor da montanha
and your heart will shake e o seu coração irá sacudir
Stir the memories of the stones Mexer nas memórias das pedras
We are drawing down the moon Nós estamos arrastando a lua pra baixo
In the circle of the old ways No círculo dos modos antigos
Of the wicker man Do homem de vime
When the earth renews itself Quando a terra regenera-se por si mesma
When the seed reveals itself Quando a semente revela-se por si mesma
When the earth renews itself Quando a terra regenera-se por si mesma
When the seed reveals itself Quando a semente revela-se por si mesma
1- Tudo começou em 1971, quando um garoto inglês, chamado Steve Harris, comprou uma Copy
Fender Telecaster, por 40 libras e decidiu trocar o futebol por um de seus maiores sonhos, o de ser
um astro do rock. Com sua guitarra em mãos, começou a estudar por conta própria e a compor
suas primeiras canções, e em 72 Harris trocou a guitarra pelo contra-baixo.
2- Existiu uma banda chamada Iron Maiden antes do Iron Maiden. Surgida em Essex, na Inglaterra,
a banda durou apenas oito anos (de 1964 a 1972).
3- O termo NWOBHM (New Wave Of British Heavy Metal) foi criado pelo jornalista Geoff Barton
numa matéria sobre o Iron Maiden escrita para a revista 'Sounds' em 1979. Mais tarde Geoff
fundaria a Kerrang!, revista considerada hoje uma verdadeira bíblia do Heavy Metal.
4- Steve Harris antes de fundar o Iron Maiden havia tocado em bandas como: Influence, Gipsy Kiss
e em 1975 foi para o SMILER ficando seis meses; cansado da inconstância musical Steve saía
para montar a banda que seria a mais famosa de todos os tempos, a Donzela de Ferro, ou Iron
Maiden, cujo nome veio da inspiração do filme O Homem da Máscara de Ferro.
5- Sentindo que precisavam divulgar seu trabalho, os então integrantes do Iron Maiden (Steve
Harris, Dave Murray, Doug Sampson e Paul Di'Anno) juntaram 200 libras e se dirigiram ao
Spacewood Studios em Cambridge, na antevéspera do ano novo de 1979, onde gravaram quatro
músicas: "Prowler", "Invasion", "Strange World" e "Iron Maiden". Porém, o dinheiro era insuficiente
para pagar a fita master, e a única coisa que conseguiram foram cópias só fitas cassete sem
edição e sem mixagem.
6- Entretanto, uma destas cópias foi parar na mão de Neal Kay, proprietário do Bandwagen
Soundhouse, pub do Kingsburry Circle, na parte noroeste de Londres. Quando este resolveu tocar
a fita numa noite, o público veio abaixo, e logo o Iron foi convidado para se apresentar ao vivo no
local, que até então não aceitava bandas desconhecidas!
8- Steve tinha sonhos de jogar pelo seu time querido West Ham e chegou a assinar com o time
através de formulários de estudantes. Há referências ao West Ham na capa do álbum Somewhere
in Time. O clube usa 'Up the Irons' como seu moto e é por isso que o Iron Maiden também o usa.
9- Até hoje a capa do The Number Of The Beast, desenhada por Derek Riggs é considerada a
melhor, e o CD como o mais vendido da história.
10- Uma das primeiras composições de Steve foi Burning Ambition, mais tarde viria a fazer parte
do primeiro compacto do Iron pela gravadora EMI, chamado de Running Free.
11- Produzida pela NFL Comics: Iron Maiden em Quadrinhos (com 52 páginas), que traduz em
ilustrações e balões as letras do álbum Seventh Son of a Seventh Son, de 1988. A publicação
mostra a saga de um rapaz que é o sétimo filho de um sétimo filho da sua família. Diferente do que
se possa imaginar, essa realidade faz com que o rapaz, que possui poderes especiais, seja o
escolhido a trazer o bem para a humanidade, mas é vigiado por Lúcifer que deseja conquistá-lo
para o lado negro desde que nasceu.
12- Bar Eddie é um bar dedicado à banda de heavy metal Iron Maiden. Adotou o seu nome a partir
do mascote da banda, Eddie. Ele está localizado na vila de Santa Bárbara de Nexe, concelho de
Faro sul de Portugal. O proprietário é o baixista Steve Harris. O bar é decorado com muitos itens
da banda como peças exclusivas do Iron Maiden, algumas usadas em turnês como o sarcófago da
World Tour 1984/85, um baixo usado por Steve Harris, pratos da bateria de Nicko McBrain
autografados, álbuns, fotografias e cartazes. O bar abriu as portas em 1989 com Manu da Silva,
roadie da banda, como gerente. Atualmente é gerido por Dave Sullivan e Terry Rance, antigos
guitarristas do Iron Maiden e Jeff Daniels, roadie dos anos 70.
13- Quando se fala de Paul e Iron Maiden, é claro que lembramos do sempre polêmico e fanfarrão
Paul Di‟Anno. O vocalista que gravou os dois primeiros álbuns da banda, Iron Maiden e Killers,
porém, não está sozinho quando o assunto é “vocalistas com nomes bíblicos à frente da Donzela”.
Muita gente não sabe, mas o primeiro vocalista da banda não foi o Di‟Anno, mas sim Paul Day
(trocadilhos com este nome são permitidos nos comentários), que ficou com a banda entre 75 e 76.
E não pense que acabou por aí. O vocalista atual da banda também é um Paul! Sim, Bruce
Dickinson na verdade se chama Paul Bruce Dickinson! Por isso, na próxima vez que te
perguntarem “quem é o seu vocalista preferido do Iron Maiden?”, pode dizer sem medo de errar: é
o Paul! Até porque com certeza não é o Blaze, certo?
14- Adrian Smith entrou na banda no álbum Killers, e deixou a Donzela após a turnê do álbum
Seventh Son of a Seventh Son para seguir outros projetos. O disco seguinte, No Prayer for the
Dying, de 1990, portanto, foi o primeiro com o novo guitarrista, Janick Gers. O que muita gente não
sabe é que, mesmo estando fora da banda, Adrian tem créditos de compositor em uma música
deste álbum. Trata-se da faixa oito, Hooks in You.
15- Bruce começou a aparecer no cenário do rock na banda inglesa Samson, que também fez
parte do chamado NWOBHM (New Wave of British Heavy Metal). Lá, ele tinha a ridícula curiosa
alcunha de Bruce Bruce. Ao chegar ao Iron Maiden, o empresário da banda, Rod Smallwood,
ordenou que Bruce largasse o apelido, e que lá seria chamado de Bruce Dickinson. Porém, não
demorou muito para o vocalista ganhar outra alcunha idiota: Air Raid Siren (Sinal de Ataque
Aéreo). Muitos dirão que ele ganhou este apelido por sua potência vocal, mas poucos sabem que,
na verdade, o apelido veio de uma crítica em uma carta enviada a uma revista. O fã da banda
estava criticando a escolha de Dickinson para o lugar de Di‟Anno, reclamando que haviam
colocado uma “sirene barulhenta” no lugar de seu antigo vocalista querido. O empresário Rod
Smallwood gostou do apelido e rebatizou o novo integrante. No fim, acabou não pegando muito
também e, graças a Odin, conhecemos o sujeito apenas pelo apelido muito mais família de Bruce
Pinto-no-Filho (Dick in son) mesmo.
16- Nicko McBrain se tornou titular das baquetas do Maiden no álbum Piece of Mind, de 1983. Seu
estilo logo agradou aos fãs da banda e ele se tornou muito querido, mesmo substituindo o também
competente Clive Burr, que saíra por problemas de saúde. Mas o que nem todos sabem é que
Nicko já estava com a banda antes de assumir as baquetas. Ele participou de turnês anteriores
interpretando Eddie em algumas apresentações e, em outras, nada mais nada menos que o diabo!
Na turnê do álbum The Number of the Beast, Nicko interpretava o diabo e, ao invés de carregar
baquetas, levava um tridente, e devia se divertir muito com isso.
17- O mascote Eddie é figura garantida em todos os álbuns e shows da banda. O que muitos não
sabem é a origem do nome do personagem, que ficou imortalizado nas capas dos discos,
principalmente pelo desenhista Derek Riggs. No começo, Eddie era apenas uma cabeça sem nome
que adornava os palcos da banda. Em determinada hora do show, ela soltava luzes, fumaça e uma
gosma que caía sobre a cabeça do coitado do baterista. Não demorou muito para a cabeça ganhar
seu nome, e tudo por causa de uma piada, a piada de Eddie, The Head. Você conhece? Se não, aí
vai, com uma sugestão de trilha sonora para você ouvir enquanto lê. Um casal teve um filho com
um problema: ele nasceu sem um corpo, e era apenas uma cabeça. Apesar do “defeito”, o menino
Eddie conseguia viver normalmente e era amado pelos pais. Quando o menino ia completar 16
anos, os pais do garoto acharam um médico que disse que poderia dar um corpo a ele. Os pais,
animados, foram contar a novidade para o pimpolho. Chegando lá, eles disseram, alegremente:
“Filho, temos um ótimo presente pra você!”, no que o menino respondeu: “Ah, não, outro boné?!”
18- Steve Harris é o principal autor da banda, tendo escrito ou co-escrito aproximadamente 75% de
todas as músicas.
19- Dave Murray escreve uma música a cada 3 anos, um processo que Bruce Dickinson descreveu
ser semelhante a "tentar dar a luz a um elefante". As suas músicas são "Charlotte The Harlot", "The
Prophecy", "Still Life", "Deja-Vu", "Public Enema Number One", "Fates Warning", "Chains Of
Misery", "Judas Be My Guide" e "Twilight Zone".
20- O vídeo de "The Trooper" mostra uma carga de cavalaria de brigada que a BBC nunca mostrou
sem cortes (mesmo que o filme de onde foi retirada, "Die With Your Boots On" tenha sido
ironicamente transmitido às 7 da noite do dia em que a banda foi comunicada de que seu vídeo era
muito sangrento para ser assistido pelos jovens).
21- Bruce é um esgrimista ávido, e leva uma coleção de floretes na estrada. Já foi capitão da
equipe inglesa deste esporte e por pouco não participou de uma olimpíada.
22- Derek Riggs vive em Ashwell, Hertforshire - e aparentemente tem um pub movimentado por lá.
23- Todos os fundos das vendas da biografia do Iron Maiden "Running Free" são doadas para
campanhas anti-heroína, bem como as vendas de uma das edições do single "Running Free".
24- Em 1992 quando o Iron Maiden fez o primeiro show em São Paulo, um fã deu à Nicko McBrain
(baterista) um berimbau. Não foi pouca a curiosidade do baterista, que tentava saber do que se
tratava o objeto. A dificuldade em falar o nome daquilo também foi imensa: "Bat in ball"... Em 1996,
quando o Iron Maiden retornou à São Paulo, o mesmo fã ficou sabendo que o filho de McBrain
havia destruído o instrumento.
25- Em 1992 a banda Iron Maiden foi proibida de tocar no Chile. A Igreja Católica pediu ao governo
providências contra a apresentação da banda e foi atendida. Segundo a igreja a música “Bring
Your Daughter To The Slaughter” incitava o assassinato e “The Number Of The Beast” incitava
satanismo e assassinatos.
26- A lendária casa de shows Marquee Club (Londres) abrigou em dezembro de 1985 uma
apresentação histórica, seguramente a mais inusitada em toda a trajetória dos integrantes do Iron
Maiden. A formação completa do grupo estava presente, mas Steve Harris, Bruce Dickinson e
Dave Murray só subiram ao palco durante o bis. Antes disso, presenciaram a avassaladora
performance de uma banda com três guitarristas, capitaneada por Adrian Smith e Nicko McBrain.
27- O inglês Gary Dobson entrou em coma após cair e bater com a cabeça no chão durante um
show do Iron Maiden em 1989. Seis meses depois despertou enquanto rolava num tape-deck
justamente uma fita da banda.
28- A trilha original dos cavaleiros do Zodíaco foi gravada pelo Iron Maiden.
29- Nicko McBrain já atropelou um manobrista no estacionamento de um show pois este não o
reconheceu, e exigiu crachá.
Origem do logo
A referida fonte apareceu na capa do álbum "Green Eyed God", lançado em 1972 pela
banda Steel Mill, e no cartaz do filme "The Man Who Fell To Earth" ("O Homem Que Caiu na Terra"
aqui no Brasil), lançado em 1976, que tem como protagonista o camaleão David Bowie,
interpretando um alienígena alcóolico chamado Thomas Newton.
Alguém acredita na hipótese de um desses dois casos terem servido de inspiração para a
banda, ou foi apenas coincidência?
A origem do mascote
Dentre os icônicos personagens do mundo do metal, não há dúvida que a figura cadavérica
que ilustra as capas dos álbums do IRON seja a melhor representação do fetichismo no rock n´roll.
No livro "Heavy Metal", IAN CHRISTE destaca o momento do surgimento de EDDIE, nas palavras
de seu "pai", DEREK RIGGS:
"Ele foi inicialmente criado para capa de um
álbum punk, então seu cabelo era curto e
espetado. A própria imagem foi tirada de uma
fotografia de uma cabeça em decomposição que
havia sido colocada em um tanque de guerra e
usada como propaganda tanto na Segunda
Guerra quanto na Guerra do Vietnã. Eu vesti
essa imagem com uma camiseta e a coloquei no
ambiente da cidade, porque queria que vivesse
nas ruas - só que ali na esquina, não a milhões
de quilômetros de distância. A banda me pediu
que colocasse um pouco mais de cabelo para
que combinasse mais com a cenas heavy, e
essa ilustração tornou-se a primeira capa do
IRON MAIDEN."
Uma das aparições mais polêmicas de Eddie foi na capa do single Sanctuary, em que
aparece matando a primeira ministra inglesa, Margareth Tatcher (a verdadeira donzela de ferro)
com uma faca. A capa obviamente foi proibida e gerou uma série de processos contra a banda.
Margareth Tatcher aparece novamente na capa do single Women in Uniform, desta vez
espreitando Eddie.
Um fato curioso (entre tantos outros) sobre as capas dos discos, e sobre Eddie, é que a
maioria apresenta uma ordem cronológica. A partir da capa de Piece of Mind, por exemplo, Eddie
teve seu cabelo raspado e foi lobotomizado, teve a cabeça aberta e depois fechada com alguns
parafusos. Os parafusos aparecem em praticamente todas as gravuras a partir de então. Já na
capa do single de Two Minutes to Midnight Eddie aparece vestindo um tampa-olho como se tivesse
perdido um lado da visão e nas capas a seguir o olho que falta é substituído por um olho biônico (a
partir da capa de Somewhere in Time).
Uma curiosidade pouco notada: na lápide da gravura do álbum Live After Death consta o
nome verdadeiro de Eddie: Edward...
Quando você começou a desenhar o Eddie, nos anos 70, imaginou que
ele iria se tornar um personagem tão famoso e amado pelos fãs do
Maiden?
"Um outro sugeriu que eu fosse cortar meu cabelo e desenhasse coisas mais normais, porque eu
'parecia um esquisitão, ou deficiente mental', e que eu deveria parar de desenhar aquelas coisas e
deveria fazer terapia. O desenho não despertou interesse de ninguém por um ano e meio, antes do
Maiden pedir para ver meu portfólio. Eu juntei as coisas e pensei se deveria levar aquele desenho
também, porque ele só tinha me prejudicado até ali. Eu meio que pensei 'bom, e daí?' e o coloquei
junto com o resto das coisas. Então agora eu sou um pouco famoso, mas ainda não sou rico..."
"Essa história e muitas outras são contadas com mais detalhes no meu livro 'Run for Cover, the Art
of Derek Riggs', que está disponível exclusivamente através do meu site: www.derekriggs.com. O
livro também traz um monte de desenhos legais e horríveis".
Você sente alguma conexão pessoal com Eddie, como se ele fosse sua criação, quase seu
filho? Ás vezes você se sente como um pai orgulhoso?
Derek Riggs: "Eu não sou pai do Eddie, ele é apenas um desenho que eu fiz um dia e que acabou
dando certo. Nunca tive intenção de ficar desenhando aquela coisa por vinte anos. Eu nem mesmo
queria fazer desenhos de horror, sempre fui mais interessado em ficção científica, mas não podia
pintar aquelas naves espaciais idiotas. Eu costumava desenhar naves espaciais bem bizarras (elas
são feitas por aliens, certo?), e então os diretores de arte mostravam algo feito por outra pessoa e
diziam 'naves espaciais não são desse jeito... elas são assim'. Então eu percebi que ilustração de
ficção científica não era tão criativa ou original, como parecia. Aí eu caí fora e fui tentar fazer capas
de discos".
Há citações de você dizendo que a idéia para o Eddie foi baseada em uma imagem de uma
cabeça decapitada que você viu em um documentário na televisão sobre a Batalha de
Guadalcanal, na Segunda Guerra. Isso é correto?
Derek Riggs: "Não, isso é uma asneira total. Não há citações minhas dizendo isso porque eu nunca
disse nada parecido com isso. É uma citação completamente errada. E também, do ponto de vista
dos fatos, é completamente errado. Eu queria fazer um desenho de uma figura em decomposição,
semi-esquelética, nas ruas de Londres, mas eu precisava de algum material como fonte, porque eu
realmente não sabia como uma cabeça humana se decompõe".
"Então me lembrei de uma montagem de fotos que eu tinha feito nos anos 70, quando estava na
escola. Parte dessa montagem era uma fotografia de uma cabeça em decomposição que tinha
ficado presa em um tanque. Essa foto estava na revista Time e a legenda dizia que era a cabeça
de um soldado americano que ficou presa em um tanque vietnamita. Muitos anos depois, encontrei
a mesma foto em uma coleção da Time Photos. A legenda dizia que era a cabeça de um soldado
inglês em um tanque Nazista. Então agora eu acho que a foto não era nada mais do que um pouco
de propaganda política de guerra. De qualquer forma, eu usei essa foto como referência para
desenhar a cabeça do monstro".
"Eddie não foi inspirado pela foto; usei a foto como referência para o desenho. O desenho foi
inspirado pelo movimento punk rock inglês no final dos anos 70. Eles tinham meio que essa
filosofia da rua, sobre como a juventude da época estava sendo desperdiçada e jogada no lixo. Foi
uma tentativa de representar essa idéia visualmente. Mas eu não conseguia vendê-la aos punks,
eles ficavam com muito medo".
Você acha que ele envelheceu bem? O Eddie de hoje é tão poderoso e atrativo como os
antigos?
Derek Riggs: "Minhas ilustrações venderam mais produtos do que Walt Disney. Eddie vendeu mais
do que Mickey Mouse. Eu já vendi mais pôsteres do que o presidente dos EUA em ano de eleição.
Muitas das idéias 'originais' de fantasia que você vê nos filmes e na televisão foram roubadas
diretamente do meu site e de trabalhos publicados meus. Tenho a idéia e alguém simplesmente vai
lá e rouba. Fico um pouco cansado de ver minhas idéias sendo usadas por outras pessoas que não
têm criatividade própria, mas apenas um grande orçamento para um filme. Ei, dê a MIM o grande
orçamento para um filme e veja o que acontece. E parem de roubar do meu site. Ladrões".
Quais são algumas das maiores idéias erradas que as pessoas têm sobre o Eddie?
Derek Riggs: "Que ele é uma pessoa real, com personalidade. Que de alguma forma, eu seja
daquele jeito, que ele seja meu alter ego. Bom, ele não é. Ele é só um desenho que eu fiz um dia e
meio que ficou 'grudado' em mim. Ele meio que me segue, como o monstro de Frankenstein. E
vocês acham que tem problemas com perseguidores".
Você parou de trabalhar para o Iron Maiden há algum tempo. Foi difícil se separar da sua
criação?
Derek Riggs: "Não, na época em que parei de trabalhar pra eles, eu já estava mesmo com o saco
cheio de desenhar o Eddie. Eu realmente queria fazer outra coisa. Eu poderia ter feito um grande
estardalhaço por causa dos direitos sobre o personagem, mas eu não queria mais desenhá-lo e
não o utilizaria pra mais nada mesmo. Além disso, ele era parte da essência nos negócios do
Maiden, e não é da minha natureza prejudicar as pessoas desse jeito. Então eu simplesmente
deixei de lado e segui em frente".
A assinatura de Derek Riggs, desenhista das capas mais clássicas dos discos e
singles do Iron Maiden é algo semelhante a suas iniciais... um D reverso e um R do
lado direito. A assinatura está presente em todas as capas e gravuras feitas por ele.
Verifique a localização em cada um dos discos:
Mark Wilkinson
A arte da capa do 16º álbum de estúdio do Iron Maiden, “The Book of Souls” foi feita pelo
ilustrador britânico Mark Wilkinson, que já havia trabalhado anteriormente com a banda nos
registros "Live At Donington" (1992), "The Wicker Man" (2000), "Out Of The Silent Planet" (2000) e
“Best Of The 'B' Sides” (2002). O artista contribuiu também com as bandas Judas Priest, Marillion,
The Darkness, Europe, Dancing Flame, entre outras. Confira abaixo alguns de seus trabalhos mais
marcantes.
Teorias da conspiração
Todos sabem que o mago inglês Aleister Crowley (1875-1947) tem influenciado o mundo do
rock (e as artes em geral). E todos sabem também que o cantor inglês Bruce Dickinson é um cara
multitalentoso e uma das personalidades mais inteligentes do heavy metal. Mas é possível que
nem todos saibam que Bruce Dickinson sempre teve um grande interesse por história da magia,
ocultismo e... Aleister Crowley! Chamado de satanista, um filósofo e ocultista praticante assíduo,
envolvido em diversos ramos da magia (magick) e da filosofia oculta, desde a bruxaria pagã
europeia até a cabala, alquimia, magia sexual, tantrismo, hinduísmo, budismo etc. Contudo,
Crowley ficou muito conhecido e mal-afamado devido ao seu comportamento “inadequado” e
“chocante” para a época (a Era Vitoriana) e às difamações de fundamentalistas religiosos; nos dias
de hoje, provavelmente ele não chamaria tanto a atenção.
Dickinson chama muita atenção devido ao seu trabalho artístico, sua inteligência e suas
outras habilidades e interesses. Como músico e letrista, o trabalho dele é repleto de referências ao
mago inglês e a diversas áreas da filosofia oculta, desde as músicas de sua carreira solo e do Iron
Maiden até o seu filme Chemical Wedding (2008).
Do álbum solo Accident of Birth, a música “Man of Sorrows” fala do próprio Crowley quando
menino, profetizando o seu futuro, quando iria então estabelecer a vinda de um Novo Mundo, de
uma Nova Era. Em “Man of Sorrows”, pode-se encontrar também a frase “do what thou wilt”, que
significa “faze o que tu queres”, uma referência mais direta e explícita a Crowley e à sua Lei de
Thelema. Entretanto, tal lema thelêmico tem uma origem anterior a Crowley, remontando à obra
Gargântua e Pantagruel, do escritor francês François Rabelais, na qual uma abadia fictícia
chamada Abadia de Thelema apresenta esse lema como uma de suas “leis”.
Essa famosa frase posteriormente foi adotada também por um dos clubes ingleses
pseudossatanistas chamados Hellfire Club (“Clube do Fogo do Inferno”), onde se reuniam os
aristocratas para praticar orgias, bebedeiras, comilanças, jogatinas e discutir arte e literatura.
Porém, na filosofia de Crowley, e de acordo com a letra de “Man of Sorrows”, “faze o que tu
queres” se refere à Vontade do Eu Superior de cada indivíduo e não a meros desejos impulsivos e
descontrolados. Esse Eu (ou a Individualidade, o Logos, o Daimon socrático etc.), de acordo com a
letra da música, supostamente sofre por estar preso em um corpo carnal denso e frágil e por não
se fazer conhecido pelo própria presonalidade do indivíduo, que também sofre perdido,
desorientado, sem conhecer a Si mesmo e seu verdadeiro destino.
The Chemical Wedding, seguinte álbum de Dickinson, é em parte baseado na obra literária e
artística do poeta inglês William Blake (1757-1827), que por sua vez também influenciou a filosofia
de Crowley a ponto de este acreditar ser uma reencarnação daquele. Porém o título do álbum se
refere a outro trabalho importante e lendário, o manifesto rosacruz intitulado The Chemical
Wedding of Christian Rosenkreutz (“O Casamento Alquímico de Christian Rosenkreutz”), publicado
em 1616 e que narra o casamento alquímico entre um rei e uma rainha. Esse matrimônio alquímico
é basicamente uma alegoria para a união sexual do masculino com o feminino – estes
simbolizados pelo Sol e a Lua, Fogo e Água, Espada e Cálice – por meio da magia sexual
devidamente ritualizada a fim de expandir a consciência, assim como a união entre as duas partes
da alma conhecidas na psicologia junguiana como animus (masculino) e anima (feminino). É claro
que a magia sexual era uma prática comum na filosofia thelêmica de Crowley.
Na letra de “The Chemical Wedding”, o refrão é bastante simbolista: “We lay in the same
grave / Our chemical wedding day” (“Nós nos deitamos no mesmo túmulo / Nosso dia do
casamento alquímico”). O túmulo é uma representação para o caldeirão na alquimia, no qual a
matéria-prima densa é putrefata, desintegrada, quer dizer, transformada, para em seguida dar
surgimento a algo novo; ou seja, o casamento do homem e da mulher (os alquimistas) que
“morrem” no êxtase alquímico-sexual para dar surgimento a uma nova consciência, expandida,
repleta de êxtase, alegria, e livre.
“The Tower”, também do álbum The Chemical Wedding, é uma das letras desse álbum mais
ricas em referências alquímicas e relativamente crowleyanas. A música fala especialmente sobre
as imagens alquímicas do tarô e do zodíaco (ambos de suma importância no sistema de Crowley).
O próprio título se refere a uma das cartas mais “sinistras” do tarô: A Torre, que é referida no Livro
da Lei (Liber AL), de Crowley. Na letra, os versos “There are twelve commandments / There are
twelve divisions” (“Há doze mandamentos / Há doze divisões”) aludem aos doze signos
astrológicos divididos em casas de 30º no cinturão (imaginário) do zodíaco com suas “influências”,
ou “mandamentos”.
O verso “The pilgrim is searching for blood” (“O peregrino está à procura de sangue”) diz que
o alquimista buscador, em sua senda solitária, está buscando a iluminação; o sangue é uma
referência à fase “vermelha” da alquimia chamada rubedo. Nessa última fase alquímica, a Pedra
Filosofal é “encontrada”, e o alquimista (ou qualquer iniciado) se torna um sábio “imortal”
autoconsciente, realizando sua própria Vontade livre, uma referência direta à Lei de Thelema e que
está presente no seguinte verso da música: “To look for his own free Will” (“Buscar por sua própria
Vontade livre”).
E no refrão, temos os versos “Lovers in the tower / The moon and sun divided / the hanged
man smiles / Let the fool decide / the priestess kneels / the magician laughs” (“Amantes na Torre/ A
Lua e o Sol divididos / o Enforcado sorri / Deixe o Louco decidir / a Sacerdotisa se ajoelha / o Mago
dá risada”), nos quais podemos encontrar referências diretas a várias cartas do tarô: The Lovers
(Os Amantes), The Tower (A Torre), The Moon (A Lua), The Sun (O Sol), The Hanged Man (O
Enforcado), The Fool (O Louco), The Priestess (A Sacerdotisa) e The Magician (O Mago). Pode-se
dizer que a letra de “The Tower” contém alguns dos segredos alquímico-ritualísticos de magia
sexual.
Do álbum Tyranny of Souls, podem-se destacar alguns versos. O título da música “Navigate
the Seas of the Sun” significa a libertação das restrições e a expansão da consciência, pois o Sol é
um símbolo da cabeça humana, da inteligência e da consciência. Nessa música, encontramos “Our
children will go on and on to navigate the seas of the Sun” (“Nossas crianças continuarão a navegar
os mares do Sol”), que na filosofia thelêmica diz respeito ao arcano (carta, trunfo) do tarô O Sol, no
qual duas crianças gêmeas, inocentes e livres “navegam” os raios solares, representando a
humanidade em mais uma fase evolutiva, com seus aspectos masculinos e femininos assimilados
e harmonizados pelo Eu Superior do iniciado.
Na faixa-título “A Tyranny of Souls”, estão os versos “Who rips the child out from the womb?
/ Who raise the dagger, who plays the tune? / At the crack of doom on judgment day” (Quem tira a
criança do útero? / Quem ergue a adaga, quem toca a música? / À beira da condenação no dia do
julgamento”). É uma descrição do Aeon (Era, Idade, Tempo) de Crowley, retratado na carta do tarô
crowleyano O Aeon (nos tarôs “tradicionais”, é conhecido como O Julgamento). Esse Aeon é
marcado pela destruição do velho Aeon de Osíris e pelo nascimento do novo Aeon, o de Hórus,
ambos deuses da mitologia egípcia.
A criança arrancada do útero, de acordo a letra da música, é Hórus, filho de Osíris e Ísis; a
adaga erguida significa a morte do Aeon passado, o Aeon de Osíris, ou a Era de Peixes,
considerada uma era tirana, repressora, restritiva e opressora; a música referida nos versos é
tocada tradicionalmente por um ser angélico com uma trombeta, anunciando o Novo Aeon, com o
julgamento e condenação do velho Aeon. Mas, no Novo Aeon, Hórus mantém silêncio para
representar a “perfeição” do Novo Tempo.
Com relação ao Iron Maiden, Bruce Dickinson tem colaborado bastante nos processos de
composição. Do álbum Piece of Mind, a letra de “Revelations” apresenta alguns “mistérios”. O
verso “Just a babe in a black abyss” (“Apenas um bebê em um abismo negro”) é um referência ao
conceito ocultista e crowleyano de “bebê do abismo”, um termo para designar aquele que mergulha
e atravessa o Vazio.
Do álbum Powerslave, a faixa-título fala sobre um faraó, tido como um deus, que não quer
morrer, mas continuar governando no mundo material. Na filosofia thelêmica de Crowley, Osíris
representa a Era decadente que insiste em continuar, mas que deve ser destruída para dar lugar
ao Aeon de Hórus (filho de Osíris), como mencionado anteriormente. Por outro lado, o faraó é uma
representação de todo magista que fracassa em cruzar o Abismo, tornando-se assim um “escravo
do poder da morte”, psicoespiritualmente.
Isso pode ser visto especialmente nos versos “Into the abyss I'll fall – the eye of Horus / Into
the eyes of the night – watching me go” (“no abismo eu cairei – o olho de Hórus / Nos olhos da
noite – me olhando ir”). E no verso “Shell of a man god preserved” (“A casca de um homem-deus
preservado”) o faraó/deus/mago está morto fisicamente, com seu cadáver mumificado ou não, ao
mesmo tempo que ele se torna um ser vazio e insano, sem conexão com o seu Eu, ou seja, uma
“casca” no mundo dos mortos, o plano da ultratumba, cujos portais estão no próprio abismo interior,
segundo outro verso: “But open the gates of my hell” (“Mas abra os portais de meu inferno”).
“Moonchild”, do álbum Seventh Son of a Seventh Son, é uma referência direta a uma das
obras de Crowley de mesmo nome. A letra da música fala sobre a união de dois magistas (homem
e mulher) e o nascimento de um ser supra-humano (entendido também como uma
supraconsciência). Na letra, o homem é representado por Lúcifer, o Portador da Luz, o Não
Nascido, e a mulher é a Prostituta Escarlate, Babalon (nome derivado de Babylon), como aparece
nos versos “The fallen angel watching you / Babylon, the scarlet whore” (“O anjo caído observando
você / Babilônia, a prostituta escarlate”).
O álbum Seventh Son of a Seventh Son é todo “profético”, com colaborações de outros
membros da banda em torno de temas como magia, alquimia, ocultismo, bem e mal etc. Em The
Final Frontier acontece o mesmo, trazendo alguns temas sobre alquimia, magia crowleyana e
expansão da consciência. Na música “Starblind”, pode-se ler o verso “Let the elders to their parley
meant to satisfy our lust” (“deixar os anciãos às suas barganhas significa satisfazer nosso desejo”).
Lust é o título de uma das cartas do tarô de Crowley, que se refere, entre outras coisas, a tudo o
que é dos sentidos e que provoca êxtase, pois, nas palavras de Crowley, “não tema que deus
algum lhe negue isso.”
Ainda do álbum The Final Frontier, a letra da música “The Alchemist” pode parecer óbvia,
mas ela fala sobre algo mais do que um mero alquimista. O trecho “My dreams of empire from my
frozen queen will come to pass” (“Os sonhos de império da minha rainha congelada irão passar”)
refere-se à rainha inglesa Elizabeth, que protegia o também multitalentoso, suposto espião e mago
John Dee (1527-1608), citado no verso “Know me, the Magus I am Dr. Dee” (“Conheça-me, o Mago
Dr. Dee sou eu”). John Dee é conhecido especialmente por seu trabalho sobre a polêmica magia
enochiana e por sua associação com o alquimista e clarividente Edward Kelley (1555-1597), com
quem “criou” esse sistema de magia, posteriormente praticado por Crowley (que acreditava ser a
reencarnação também de Edward Kelley).
O Iron Maiden sempre carregou uma forte aura de intelectualismo, profetismo e mistério,
contando muitas vezes com as inteligentes e valiosas contribuições de Dickinson.
Teorias da conspiração a parte, o efeito comercial é muito eficaz. Mas o que faz o IRON
MAIDEN ser a potência que é, não pode ser explicado por nenhum item isolado, seja visual, sonoro
ou talento pessoal/particular.
Confirmando a teoria gestáltica, nesta banda o todo é maior que a soma das partes!
ED FORCE ONE
O kaiser do Iron
Maiden [no fim das contas, em
2015, Steve Harris pode até ser
o rei da banda, mas o primeiro-
ministro é Bruce] declarou
sobre seu novo brinquedo:
“Apesar de já termos
aprendido a logística de
carregar um avião tão imenso
em uma turnê, eu ainda tenho
que aprender a pilotá-lo antes
de irmos a qualquer lugar!
Então eu estou atualmente em
treinamento para me qualificar
como piloto e Capitão de um
Boeing 747. Eu estou fazendo
isso na Cardiff Aviation, minha
instalação de manutenção de
aeronaves em Cardiff, onde
recentemente adquirimos um
simulador de 747 bastante
esplêndido, no qual eu mal
posso esperar para praticar!”
2
Singles – coletâneas
- “belas” artes
SINGLES
COLETÂNEAS
1982
Disco 1
1. Murders in the Rue Morgue 4:32
2. Wrathchild 3:31
3. Run to the Hills 4:19
4. Children of the Damned 4:39
5. The Number of the Beast 5:07
6. Another Life 3:45
7. Killers 5:47
8. 22 Acacia Avenue 6:55
9. Total Eclipse 4:14
Disco 2
1. Transylvania 5:50
2. The Prisoner 5:49
3. Hallowed Be Thy Name 7:31
4. Phantom of the Opera 6:53
5. Iron Maiden 4:21
6. Sanctuary 4:12
7. Drifter 9:19
8. Running Free 3:44
9. Prowler 5:00
1989
1. Moonchild 5:45
2. The Evil That Men Do 4:16
3. The Prisoner 5:57
4. Still Life 4:32
5. Die with Your Boots On 5:10
6. Infinite Dreams 5:53
7. Killers 4:54
8. Heaven Can Wait 7:32
9. Wasted Years 4:54
10. The Clairvoyant 5:42
11. Seventh Son of a Seventh Son 10:11
12. The Number of the Beast 4:46
13. Iron Maiden 5:01
Total length: 74:33
1993
Disc One
1. Be Quick or Be Dead 3:53
2. The Number of the Beast 4:54
3. Wrathchild 2:54
4. From Here to Eternity 4:44
5. Can I Play with Madness 3:33
6. Wasting Love 5:37
7. Tailgunner 4:08
8. The Evil That Men Do 7:58
9. Afraid to Shoot Strangers 6:52
10. Fear of the Dark 7:11
Disc Two
1. Bring Your Daughter... 6:17
2. The Clairvoyant 4:22
3. Heaven Can Wait 7:20
4. Run to the Hills 3:56
5. 2 Minutes to Midnight 5:38
6. Iron Maiden 8:15
7. Hallowed Be Thy Name 7:28
8. The Trooper 3:53
9. Sanctuary 5:18
10. Running Free 7:54
Total length: 112:05
1993
1. The Number of the Beast Valby-Hallen, Copenhagen, Denmark - 25 August 1992 4:55
2. The Trooper Ice Hall, Helsinki, Finland - 27 August 1992 3:55
3. Prowler Palaghiaccio, Rome, Italy - 30 April 1993 4:16
4. Transylvania Grugahalle, Essen, Germany - 17 April 1993 4:26
5. Remember Tomorrow Grugahalle, Essen, Germany - 17 April 1993 5:53
6. Where Eagles Dare Rijnhal, Arnhem, Netherlands - 9 April 1993 4:49
7. Sanctuary Patinoire du Littoral, Neuchâtel, Switzerland - 27 May 1993 4:53
8. Running Free Patinoire du Littoral, Neuchâtel, Switzerland - 27 May 1993 3:49
9. Run to the Hills The Vítkovice Sports Hall, Czech Republic - 5 April 1993 3:58
10. 2 Minutes to Midnight Élysée Montmartre, Paris, France - 10 April 1993 5:37
11. Iron Maiden Ice Hall, Helsinki, Finland - 27 August 1992 5:25
12. Hallowed Be Thy Name Olympic Arena, Moscow, Russia - 4 June 1993 7:52
Total length: 59:48
1996
1. Be Quick or Be Dead Super Rock '92, Mannheim, Germany - 15 August 1992 3:17
2. From Here to Eternity Valby-Hallen, Copenhagen, Denmark - 25 August 1992 4:20
3. Can I Play with Madness Brabanthallen, Den Bosch, Netherlands - 2 September 1992 4:42
4. Wasting Love Grande halle de la Villette, Paris, France - 5 September 1992 5:48
5. Tailgunner La Patinoire de Malley, Lausanne, Switzerland - 4 September 1992 4:10
6. The Evil That Men Do Forest National, Brussels, Belgium - 17 August 1992 5:26
7. Afraid to Shoot Strangers The Globe, Stockholm, Sweden - 29 August 1992 6:48
8. Bring Your Daughter... Ice Hall, Helsinki, Finland - 27 August 1992 5:18
9. Heaven Can Wait Monsters of Rock, Reggio Emilia, Italy - 12 September 1992 7:29
10. The Clairvoyant Ice Hall, Helsinki, Finland - 27 August 1992 4:30
11. Fear of the Dark Ice Hall, Helsinki, Finland - 27 August 1992 7:11
1999
Disc one
1. Iron Maiden (Live) 4:27
2. The Trooper 4:11
3. The Number of the Beast 4:51
4. Wrathchild 2:54
5. Futureal 2:54
6. Fear of the Dark 7:17
7. Be Quick or Be Dead 3:24
8. 2 Minutes to Midnight 6:00
9. Man on the Edge 4:11
10. Aces High 4:29
11. The Evil That Men Do 4:34
12. Wasted Years 5:05
13. Powerslave 6:48
14. Hallowed Be Thy Name 7:14
US bonus track
Disc two
1. Run to the Hills 3:54
2. The Clansman 8:59
3. Phantom of the Opera 7:06
4. Killers 5:00
5. Stranger in a Strange Land 5:43
6. Tailgunner 4:15
Total length: 103:16
2002
Disc One
1. Intro (Arthur's Farewell) 1:55
2. The Wicker Man 4:41
3. Ghost of the Navigator 6:48
4. Brave New World 6:06
5. Wrathchild 3:05
6. 2 Minutes to Midnight 6:26
7. Blood Brothers 7:15
8. Sign of the Cross 10:49
9. The Mercenary 4:42
10. The Trooper 4:33
Disc Two
1. Dream of Mirrors 9:37
2. The Clansman 9:19
3. The Evil That Men Do 4:40
4. Fear of the Dark 7:40
5. Iron Maiden 5:51
6. The Number of the Beast 5:00
7. Hallowed Be Thy Name 7:23
8. Sanctuary 5:17
9. Run to the Hills 4:59
Total length: 116:06
2002
Disc one
(BBC Radio 1 Friday Rock Show, 14 November 1979)
1. Iron Maiden 3:46
2. Running Free 3:10
3. Transylvania 4:03
4. Sanctuary 3:45
(Reading Festival, 28 August 1982)
1. Wrathchild 3:32
2. Run to the Hills 5:36
3. Children of the Damned 4:48
4. The Number of the Beast 5:29
5. 22 Acacia Avenue 6:36
6. Transylvania 6:20
7. The Prisoner 5:50
8. Hallowed Be Thy Name 7:37
9. Phantom of the Opera 7:02
10. Iron Maiden 4:58
Disc two
(Reading Festival, 23 August 1980)
1. Prowler 4:27
2. Remember Tomorrow 5:59
3. Killers 4:43
4. Running Free 3:53
5. Transylvania 4:49
6. Iron Maiden 4:56
Disc One
1. Wildest Dreams 4:52
2. Wrathchild 2:49
3. Can I Play with Madness 3:30
4. The Trooper 4:12
5. Dance of Death 9:23
6. Rainmaker 4:02
7. Brave New World 6:10
8. Paschendale 10:18
9. Lord of the Flies 5:04
Disc Two
1. No More Lies 7:50
2. Hallowed Be Thy Name 7:32
3. Fear of the Dark 7:28
4. Iron Maiden 4:50
5. Journeyman 7:03
6. The Number of the Beast 4:58
7. Run to the Hills 4:24
Total length: 94:25
2005
Disc One
1. Paschendale 8:26
2. Rainmaker 3:48
3. The Wicker Man 4:35
4. Brave New World 6:18
5. Futureal 2:56
6. The Clansman 8:59
7. Sign of the Cross 11:16
8. Man on the Edge 4:11
9. Be Quick or Be Dead 3:23
10. Fear of the Dark (live) 7:52
11. Holy Smoke 3:47
12. Bring Your Daughter... 4:43
13. The Clairvoyant 4:26
Disc Two
1. The Evil That Men Do 4:34
2. Wasted Years 5:06
3. Heaven Can Wait 7:20
4. 2 Minutes to Midnight 6:00
5. Aces High 4:29
6. Flight of Icarus 3:51
7. The Trooper 4:12
8. The Number of the Beast 4:52
9. Run to the Hills 3:54
10. Wrathchild 2:55
11. Killers 5:01
12. Phantom of the Opera 7:06
13. Running Free (live) 8:44
14. Iron Maiden (live) 4:54
2008
1. Churchill's Speech Live After Death - segues into the next song 0.49
2. Aces High (live) Live After Death; Originally from Powerslave 4.36
3. 2 Minutes to Midnight Powerslave 6.00
4. The Trooper Piece of Mind 4.11
5. Wasted Years Somewhere in Time 5.06
6. Children of the Damned The Number of the Beast 4.35
7. The Number of the Beast The Number of the Beast 4.53
8. Run to the Hills The Number of the Beast 3.53
9. Phantom of the Opera (live) Live After Death; Originally from Iron Maiden 7.21
10. The Evil That Men Do Seventh Son of a Seventh Son 4.34
11. Wrathchild (live) Live After Death; Originally from Killers 3.07
12. Can I Play with Madness Seventh Son of a Seventh Son 3.31
13. Powerslave Powerslave 6.47
14. Hallowed Be Thy Name The Number of the Beast 7.12
15. Iron Maiden (live) Live After Death; Originally from Iron Maiden 4.50
Total length: 71:25
2009
Disc One
1. Churchill's Speech Mumbai, India; 1 February 2008 0:43
2. Aces High Mumbai, India; 1 February 2008 4:49
3. 2 Minutes to Midnight Melbourne, Australia; 7 February 2008 5:57
4. Revelations Sydney, Australia; 9 February 2008 6:28
5. The Trooper Tokyo, Japan; 16 February 2008 4:01
6. Wasted Years Monterrey, Mexico; 22 February 2008 5:07
7. The Number of the Beast Los Angeles, USA; 19 February 2008 5:07
8. Can I Play with Madness Mexico City, Mexico; 24 February 2008 3:36
9. Rime of the Ancient Mariner New Jersey, USA; 14 March 2008 13:41
Disc Two
1. Powerslave San José, Costa Rica; 26 February 2008 7:28
2. Heaven Can Wait São Paulo, Brazil; 2 March 2008 7:35
3. Run to the Hills Bogotá, Colombia; 28 February 2008 3:59
4. Fear of the Dark Buenos Aires, Argentina; 7 March 2008 7:32
5. Iron Maiden Santiago, Chile; 9 March 2008 5:26
6. Moonchild San Juan, Puerto Rico; 12 March 2008 7:29
7. The Clairvoyant Curitiba, Brazil; 4 March 2008 4:38
8. Hallowed Be Thy Name Toronto, Canada; 16 March 2008 7:52
Total length: 101:28
2011
Disc One
1. The Wicker Man (from Brave New World) 4:36
2. Holy Smoke (from No Prayer for the Dying) 3:49
3. El Dorado (from The Final Frontier) 6:49
4. Paschendale (from Dance of Death) 8:27
5. Different World (from A Matter of Life and Death) 4:18
6. Man on the Edge (live) (B-side of The Wicker Man single) 4:33
7. The Reincarnation of Benjamin Breeg (from A Matter of Life and Death) 7:21
8. Blood Brothers (from Brave New World) 7:14
9. Rainmaker (from Dance of Death) 3:49
10. Sign of the Cross (live) (from Rock in Rio) 10:51
11. Brave New World (from Brave New World) 6:20
12. Fear of the Dark (live) (from Rock in Rio) 7:51
Disc Two
1. Be Quick or Be Dead (from Fear of the Dark) 3:24
2. Tailgunner (from No Prayer for the Dying) 4:15
3. No More Lies (from Dance of Death) 7:22
4. Coming Home (from The Final Frontier) 5:53
5. The Clansman (live) (from Rock in Rio) 9:28
6. For the Greater Good of God (from A Matter of Life and Death) 9:24
7. These Colours Don't Run (from A Matter of Life and Death) 6:53
8. Bring Your Daughter... to the Slaughter (from No Prayer for the Dying) 4:44
9. Afraid to Shoot Strangers (from Fear of the Dark) 6:56
10. Dance of Death (from Dance of Death) 8:37
11. When the Wild Wind Blows (from The Final Frontier) 11:02
Total length: 153:56
2012
Disco 1
1. "Satellite 15..." (The Final Frontier, 2010) Harris, Adrian Smith 4:36
2. "The Final Frontier" (The Final Frontier, 2010) Harris, Adrian Smith 4:10
3. "El Dorado" (The Final Frontier, 2010) Bruce Dickinson, Harris, Smith 5:52
4. "2 Minutes To Midnight" (Powerslave, 1984) Dickinson, Smith 5:50
5. "The Talisman" (The Final Frontier, 2010) Janick Gers, Harris 8:45
6. "Coming Home" (The Final Frontier, 2010) Dickinson, Steve Harris, Smith 5:57
7. "Dance Of Death" (Dance of Death, 2003) Gers, Harris 9:03
8. "The Trooper" (Piece of Mind, 1983) Harris 3:59
9. "The Wicker Man" (Brave New World, 2000) Dickinson, Harris, Smith 5:06
Duração total: 53:18
Disco 2
1. "Blood Brothers" (Brave New World, 2000) Harris 7:04
2. "When The Wild Wind Blows" (The Final Frontier, 2010) Harris 10:37
3. "The Evil That Men Do" (Seventh Son of a Seventh Son, 1988) Dickinson, Harris, Smith 4:17
4. "Fear Of The Dark" (Fear of the Dark, 1992) Harris 7:30
5. "Iron Maiden" (Iron Maiden, 1980) Harris 5:08
6. "The Number Of The Beast" (The Number of the Beast, 1982) Harris 4:57
7. "Hallowed Be Thy Name" (The Number of the Beast, 1982) Harris 7:28
8. "Running Free" (Iron Maiden, 1980) Paul Di'Anno, Harris 7:57
Duração total: 54:58
INSTRUMENTAIS
Piano - 2005
Cordas - 2003
Orquestra - 2006
Acho que ouvi Iron Maiden pela primeira vez quando tinha 15 anos, em 1985, e foi amor à
primeira vista. Pra quem só curtia Kiss, Scorpions e AC/DC numa vitrola mono, “Powerslave” era
assustador.
Sua aura de mistério egípcio, sugerindo morte e renascimento, juntou-se à explosão dos
hormônios juvenis, o fim da infância e o nascimento de um novo eu, e melhor que tudo, ao
moderno aparelho de som que meu pai adquiriu.
Nossa sala virou um templo, onde o pastor chamava-se Philips e os hinos galopavam. Mas
eu só tinha uma fita K7 (gravada por um amigo santista), e com duas músicas apenas!
Em nossa cidade do interior do Paraná, naquela época, quando uma banda lançava um
disco novo, demorava meses pra ele chegar na única banca do lugar, isso se fosse encomendado!
Lembro que, nessa época, a gente desmontava a fita K7, punha os rolinhos num envelope e
mandava pelo correio, compartilhamento tipo assim... e-mail das cavernas!
Consegui emprestar de um amigo o Powerslave e gravei uma fita, que de tanto tocar, foi
perdendo qualidade, mas não o magnetismo.
Entao fui pra capital (Curitiba), estudar e morar com minha avó materna, que era viúva. Um
dos primeiros LP‟s que comprei foi Powerslave, mas pra ouvir, adivinhe: minha avó só tinha uma
vitrolinha igual aquela nossa antiga! Tá ruim mas tá bão!
Um dia, minha querida e saudosa vovó perguntou se eu queria ganhar um aparelho de som
de verdade. Não acreditei! Será que ela compreendia o perigo daquela proposta em termos de
tranquilidade, sossego e silêncio? Acabei escolhendo um aparelho “quase de verdade” CCE com
duplo deck (pra não não onerar muito a velhinha), e ela escolheu um fone de ouvido tipo concha,
pra não ter aborrecimento. Vovó era esperta!
Acho que a lembrança do primeiro beijo que dei (numa japonesinha), empata com a da
compra do CCE. Apaixonado (pela banda, não pela japonesa), decidi consumar nossa união:
comprei os outros LP‟s numa liquidação das Lojas Americanas!
Iron Maiden (o álbum) parecia (e parece ainda hoje) a capa mais tosca que eu já tinha visto,
mas o som... palpitante como os sentidos dum animal doméstico que, de repente, vê-se fora de
casa, oscilante entre a alegria da liberdade e o medo do desconhecido.
Killers também era tosco, mas na época rolavam tosquises piores: Fred Krueger, Sexta-feira
13, etc. E o som continuava o mesmo: vibrante!
The Number of the... (cruzes!), ainda bem que vovó não era carola, senão teria sido o fim do
idílio. A capa mostrando o capeta como marionete da banda sugeria uma sacada inteligente: se
nós podemos decidir entre fazer o bem ou fazer o mal, efetivamente, nós é que manipulamos os
anjos ou o capeta! Gostei. E se a capa tinha evoluído, o som então!... Novo vocal, arranjos
emocionantes, mesclando vibração e momentos de menor velocidade (Hallowed). O
amadurecimento era nítido, a selvageria começava a refletir, também em mim.
Piece of Mind veio como a foto (meio tosca, fala sério!), do cérebro exposto, para expor
claramente meus pensamentos sobre a banda: muuuuito boa mesmo! Como um cavalo que
aprendeu a galopar e se prepara para uma corrida, onde terá a chance de mostrar seu vigor e sua
elegância.
Assim, voltei ao Powerslave, a vigorosa e elegante corrida no galope da donzela, fechando o
ciclo.
Live After Death não me cativou, naquela época. Gostei mais da capa do que do som. Afinal,
não havia nenhuma novidade, só a chiadeira da galera pra atrapalhar. A verdade é que eu era um
jovem tímido e introvertido do interior, e não era muito sociável.
Quando saiu Somewhere In Time (1986), fui comprar e voltei correndo pra casa, botei pra
tocar e... que som estranho! Bem, era um CCE, lembra? Talvez tivesse queimado algum circuito,
de tanto usar. Mexi em todos os controles disponíveis (graves, agudos e volume), e nada. O som
continuava diferente. Então me toquei: o mundo não pára, as coisas mudam, e eu estava insistindo
no “parem o mundo que eu quero descer”!
Mas aí comecei a aprender a aceitar as coisas como elas são. Já tinha sacado o lance de
que as coisas nem sempre são como gostaríamos. O mundo não iria parar, nunca. Nem eu, de
gostar daquele som girando no toca-discos.
Em 1990, a coisa que eu menos gostaria que acontecesse, aconteceu. Vovó faleceu,
enquanto eu servia, a contra-gosto, no quartel. Nos primeiros dias me desesperei, e fazia orações
a cada momento, chorando e perguntando a Deus porque a vida era tão triste, e não como a gente
a desejava.
Em 1992, quando saiu Fear of the Dark, comprei o LP duplo ao invés do CD. Vivi sozinho
até 1991, na casa da falecida vó, e lembro que também tinha medo, mas era da solidão. Então
comecei a namorar uma japonesa e vivemos juntos até este ano, quando ela foi pro Japão, e eu
voltei pro interior, trabalhar numa grande empresa.
Em 1995 casei e tivemos nossa primeira filha. Quando consegui comprar o CD The X
Factor, estranhei a capa, e mais ainda o vocal. Achei que tudo tinha chegado ao fim: o fim da
minha vida de solteiro, o fim do auto-centramento (agora era marido e pai)... O fim do Iron como eu
gostava! Mas
Fomos vivendo, uma relação feliz com raros momentos de incompatibilidade, nos quais eu
flertava de novo com o Kiss, AC/DC, Saxon, Metallica, Black Sabbath. Mas sabe como é, o
primeiro amor a gente nunca esquece.
0 uvir
Iron Maiden
paulodicker@yahoo.com.br
disponível em
www.minhateca.com
fontes de consulta: