Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Resumo: A música e a literatura estão no cerne deste trabalho como dois elementos
diretamente relacionados. Isso porque, por meio da música, é possível espalhar e
difundir literatura para o maior número de pessoas possível, e vice-versa. As duas
músicas escolhidas para serem abordadas foram compostas pelo Iron Maiden, banda
britânica criada nos anos 70 pelo baixista Steve Harris (1956), que ainda realiza turnês
mundiais – a última delas realizada de 2010 a 2011, denominada The Final Frontier.
Neste texto, serão comentados os textos literários e as músicas de nome “Rime of the
Ancient Mariner” e “Murders in the Rue Morgue”. A primeira música possui cerca de
treze minutos e faz parte do álbum Powerslave, lançado em 1984. A obra homônima
na qual a música foi inspirada foi escrita por Samuel Taylor Coleridge (1772-1834) e
inaugurou a fase do Romantismo na Inglaterra ao ser lançada em um livro de poemas
chamado Lyrical Ballads (Baladas Líricas). Conta a história de um velho marinheiro que
mata uma ave fazendo com que a embarcação seja amaldiçoada. Sua tripulação morre de
sede, e o velho marinheiro fica só, à deriva em alto-mar. No fim, depois de ser salvo por
um eremita, é fadado a contar sua história por inúmeras vezes até o fim de sua vida. A
história nos mostra como respeitar tudo o que Deus criou. A segunda, por sua vez, foi
lançada no álbum Killers de 1981, e possui cerca de quatro minutos. A obra, também
homônima, foi escrita por Edgar Allan Poe (1809-1849) e conta a história de um crime
que abala a cidade de Paris. O narrador principal, juntamente com seu amigo Dupin,
investiga a fundo o assassinato de duas mulheres em um apartamento. Extremamente
brutal e desumano, o crime intriga não só a população, mas a polícia parisiense. Após
minuciosa investigação, chega-se à conclusão de que o autor do crime fora um grande
orangotango que fugira de seu dono. Essa obra revolucionou os contos policiais e
investigativos da literatura. Essa fusão “literatura e Heavy Metal” será o principal tema
deste artigo, que conta com duas grandes obras da literatura em língua inglesa.
Palavras-chave: Iron Maiden. Samuel Taylor Coleridge. Rime of the Ancient Mariner.
Edgar Allan Poe. Murders in the Rue Morgue.
1
Orientador: Renato Alessandro dos Santos. Doutorando em Estudos Literários pela Universidade Estadual
Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP). Mestre em Estudos Literários e Licenciado em Letras pela
mesma Instituição. Autor de “Mercado de Pulgas” (2011). E-mail: <realess72@gmail.com>.
2
Especialista em Formação de Tradutores em Língua Inglesa pelo Claretiano – Centro Universitário.
Graduado em Letras pela mesma instituição. E-mail: <edu.marinheiro@hotmail.com>.
3
Coleridge morreu em 25 de Julho de 1834, em Highgate, Inglaterra.
4
Tradução: “O poema de Coleridge, A Balada do Velho Marinheiro, apareceu na
primeira edição das Baladas Líricas. Um velho marinheiro descreve algumas estranhas
desgraças que ocorreram com seu navio. Isso aconteceu no gelo do Polo Sul, quando
ele acertou um grande pássaro; por esse crime uma maldição caiu sobre o navio.
O vento cessou, os suprimentos de água acabaram, e todos os outros marinheiros
morreram de sede. O velho marinheiro então foi deixado [...]” (Tradução nossa).
Segundo Franca Neto, quatro versos (25 a 28) indicam o rumo to-
mado pela embarcação: “As direções do nascer do sol e do seu ocaso indi-
cam que o navio está seguindo para o Sul.” (FRANCA NETO, 2005, p.
211).
Vale a pena citar, também, a forma como Coleridge personificava o
Sol, com a utilização do pronome “ele” – em inglês “he” – ao passo que o
pronome a ser utilizado no caso do Sol seria o pronome “it”. Várias figuras
de linguagem – como a prosopopeia, neste caso, que ocorre quando carac-
terísticas humanas são atribuídas a seres inanimados – se fazem presentes
na obra.
A embarcação recebe uma maldição depois que o velho marinheiro,
com sua balestra (uma espécie de arco e flecha parecido com uma espin-
garda) abate o pássaro de bom agouro que seguia a embarcação. A sede
chega e deixa a todos com a garganta tão seca que mal conseguem proferir
sequer uma palavra. Uma estrofe muito difundida e popularizada que re-
trata essa sede é:
A banda Iron Maiden, em sua música “The Rime of the Ancient Ma-
riner”, resgata essa estrofe e a anterior, do mesmo modo como ela foi es-
crita por Coleridge em seu poema original, num sinal de que a Literatura
Inglesa está presente nas letras da banda. A estrofe anterior, que ajuda na
tarefa de relatar as consequências da maldição sobre a embarcação, é:
Então, após dias parados e com sede, o marinheiro avista uma embar-
cação que se aproxima ao longe, mesmo sem vento e sem maré. Tal parte
é especificada pela música: “But how can she sail with no wind in her sails,
with no tide?”. “Em inglês, a personificação da palavra “morte” é do gê-
nero masculino, o que no caso faz da Morte e Vida-em-Morte um casal.”
(FRANCA NETO, 2005, p. 212).
Esse casal que se aproxima nessa embarcação “fantasma” joga dados,
disputando a tripulação e o velho marinheiro. Vida-em-Morte ganha o
velho marinheiro, e o deixa viver, matando sua tripulação, que cai morta,
um a um.
O velho marinheiro fica solitário durante uma semana, até que a
maldição começa a se quebrar, e o albatroz, outrora pendurado em seu
pescoço pelos outros tripulantes como sinal de culpa por sua morte, co-
meça a cair. A chuva, sinal de mudança, chega e alivia o velho marinheiro,
por graça da santa Mãe. Conforme relatado por dois autores franceses no
Dicionário de Símbolos:
REFERÊNCIAS
CHEVALIER, Jean; GHEERBRANT, Alain. Dicionário de símbolos (mitos, sonhos,
costumes, gestos, formas, figuras, cores, números). Rio de Janeiro: José Olympio, 1995.
FRANCA NETO, Alípio Correia de. A balada do velho marinheiro. Cotia: Ateliê
Editorial, 2005.
GANCHO, Cândida Vilares. Como analisar narrativas. São Paulo: Ática, 1999.
HARRIS, Steve. Murders in the rue Morgue. Intérprete: Paul Di’Anno. In: IRON
MAIDEN. Killers. Londres: EMI, 1981. 1 CD. (37 min.). Faixa 03.
_______. Rime of the Ancient Mariner. Intérprete: Bruce Dickinson. In: IRON
MAIDEN. Powerslave. Londres: EMI, 1984. 1 CD. (50 min.). Faixa 8.
______________________________________________________
Title: From music to English Literature: Iron Maiden, Samuel Taylor Coleridge and
Edgar Allan Poe.
Author: Eduardo Henrique Marinheiro.
ABSTRACT: Music and literature are essential parts of this project, regarded as two
directly related elements. This is because, through music, it is possible to scatter and to
broadcast literature to the highest number of people, and vice versa. The two chosen
songs were composed by Iron Maiden, a british band created on the 70’s by the bassist
Steve Harris, which still goes on world tours – last tour performed from 2010 to 2011,
named The Final Frontier Tour. Thus, “Rime of the Ancient Mariner” and “Murders in
the Rue Morgue” are the titles of both the songs and the literary texts. The first song
is about thirteen minutes long and is part of the Powerslave album launched in 1984.
The homonymous poem in which the song was inspired was written by Samuel Taylor
Coleridge (1772-1834) and inaugurated the Romanticism in England when launched
in a poems book named Lyrical Ballads. It tells the story of an ancient mariner who kills
a bird causing the vessel to be cursed. His crew dies of thirst, and the ancient mariner
remains alone, drifting on the high seas. Eventually, after being saved by a hermit, he is
bound to tell his story several times until the end of his life. The story shows us how to
respect all the things God created. The second, for its part, was launched in the album
Killers from 1981, and is about four minutes long. The book, also homonymous, was
written by Edgar Allan Poe (1809-1849) and tells the story of a crime that stuns the
city of Paris. The main narrator, with his friend Dupin, deeply investigates the murder
of two women in an apartment. Extremely brutal and inhuman, the crime intrigates not
only the population, but also the police. After thorough investigation, it is concluded
that the author of the crime had been an orangutan which had fled from his owner. This
book made a revolution on the police and investigative tales in literature. This fusion