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Thomas Stearns Eliot

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Thomas Stearns Eliot (26 de setembro de 1888, Saint Louis — 4 de janeiro de 1965,
Londres) foi um famoso poeta modernista, dramaturgo e crítico literário britânico-norte-
americano. Em 1948 ganhou o Prémio Nobel de Literatura.

Publicou o poema The Waste Land em 1922; em 1927 obteve a nacionalidade britânica.

Índice
[esconder]
 1 Carreira literária
 2 Poesias
o 2.1 The Love Song of J. Alfred Prufrock (1915)
o 2.2 The Waste Land (1922)
o 2.3 The Hollow Men (1925)

o 2.4 Four Quartets (1943)

[editar] Carreira literária


T. S Eliot residia em Londres. Depois da guerra, nos anos vinte, ele passou muito tempo
com outros grandes artistas na avenida Montparnasse, em Paris, onde foi fotografado
por May Ray. A poesia francesa exerceu grande influência na obra de Eliot, em
particular o simbolista Charles Baudelaire, cujas imagens da vida em Paris serviram de
modelo para a imagem de Londres pintada por Eliot. Ele começou então a estudar
sânscrito e religiões orientais, chegando a ser aluno do renomado armênio G. I.
Gurdjieff. A obra de Eliot, após a sua conversão ao cristianismo pela Igreja Anglicana, é
frequentemente religiosa em sua natureza e tenta preservar o inglês arcaico e alguns
valores europeus que ele julgava serem importantes. Em 1928, Eliot resumiu suas
crenças muito bem no prefácio de de seu livro "Para Lancelot Andrews": "O ponto de
vista geral [dos assuntos do livro] pode ser descrito como classicista na literatura,
monarquista na política e anglo-católico na religião." Essa fase inclui trabalhos poéticos
como Ash Wednesday, The Journey of the Magi, e Four Quartets.

[editar] Poesias
[editar] The Love Song of J. Alfred Prufrock (1915)

Em 1915 Ezra Pound, editor da revista "Poetry", recomendou a Harriet Monroe,


fundadora da revista, que ela publicasse "The Love Song of J. Alfred Prufrock". Embora
Prufrock parecesse tratar-se de um homem na meia idade, Eliot escreveu a maior parte
do poema quando tinha apenas 22 anos. Os seus hoje famosos primeiros versos, que
comparam o céu ao entardecer com "a patient etherised upon a table" (algo como "um
paciente anestesiado sobre a mesa.") foram considerados chocantes e ofensivos, ainda
mais numa época na qual a poesia Georgiana imperava, com suas derivações românticas
do século XIX. O poema retrata uma experiência consciente de um homem, Prufrock,
sob a forma de um "stream of consciousness" (figura de linguagem típica do
modernismo, que consiste em mostrar por escrito o monólogo interior de um
personagem). Prufrock lamenta sua inércia física e intelectual, as oportunidades que
perdeu ao longo de sua vida e a falta de um progresso espiritual, recorrente de amor
carnal que não conseguira atingir.

Os estudiosos não sabem dizer se o narrador sai de sua casa ao longo da narração, pois
as localidades descritas podem ser interpretadas tanto como experiências reais,
lembranças, ou mesmo imagens simbólicas do subconsciente, como por exemplo no
refrão "In the room woman come and go / talking about Miguel Angelo".

A estrutura do poema foi imensamente influenciada por Dante Alighieri. Há ainda


referências a Hamlet de Shakespeare e outras tantas obras literárias: essa técnica de
alusão e citação foi muito usada em toda poesia posteriormente escrita por Thomas
Stearns Eliot.

[editar] The Waste Land (1922)

Em outubro de 1922, Thomas Eliot publicou "The Waste Land" no jornal "The
Criterion". Composto durante um período turbulento na vida do autor - seu casamento
estava acabando, pois tanto ele quanto sua esposa Vivienne sofriam de uma desordem
neural - este poema é muitas vezes lido como uma alegoria à desilução experimentada
pela geração pós-guerra. Mesmo antes de "The Waste Land" ser publicado como livro
(em dezembro de 1922) Eliot já havia se distanciado da visão desesperadora do poema:
"No que diz respeito a "The Waste Land", esse poema ficará no passado, pois agora
estou trabalhando com formas e estilos diferentes", escreveu ele para Richard Aldington
no dia 15 de novembro de 1922. A despeito da obscuridade do poema - que tem sátiras e
profecias; mudanças abruptas de narrador, localidade e tempo; além de invocar uma
vasta e dissoante gama de culturas e obras literárias - ele acabou se tornando referêncial
da literatura moderna, sendo considerado o reflexo poético de um romance publicada no
mesmo ano: Ulysses, de James Joyce.

Entre seus muito famosos versos estão "April is the cruellest month" (referência ao fato
que abril é o mês de recomeçar a plantar, e não há colheitas na Europa), "I will show
you fear in a handful of dust" e "Shantih shantih shantih", (Sânscrito que deve ser lido
pausadamente e de forma onamatopeica. Algo como "Xantir... Xantir... Xantir...".
Shantih significa "paz" e o sânscrito segue uma súplica pela paz).

A obra de Eliot foi muito apreciada pelos poetas da geração de trinta. Em certa ocasião
W.H. Auden leu em voz alta todo o poema durante um encontro social. A publicação do
esboço do poema em 1972 mostrava uma grande influência de Ezra Pound sobre a sua
forma final. A parte IV, "Death by Water", fora reduzida de noventa e duas linhas para
dez apenas, e com dez linhas foi publicado. Pound repreendeu Eliot por ter rasgado a
maior parte do poema. Eliot o agradeceu por "incentivar-me a fazer as coisas do meu
jeito".
[editar] The Hollow Men (1925)

Publicada em várias partes e com vários títulos diferentes, a versão final de "The
Hollow Men" data de 3 de março de 1925. O poema faz referências a diversas obras do
próprio Eliot e, embora tenha grande densidade literária, muitos críticos o consideram
somente como um post scriptum de "The Waste Land".

Seu conteúdo é metafórico e de difícil interpretação, mas estudiosos dizem tratar-se de


um poema que filosofa sobre os aspectos da mente humana num contexto ora social, ora
religioso. Trata ainda dos medos humanos, considerando-os "more distant and more
solemn/than a fading star" (mais distantes e solenes/que uma estrela cadente) e
mostrando que mesmo nos sonhos é difícil visualizá-los sem temor. São estes medos
"Eyes I dare not meet in dreams/In death's dream kingdom" (olhos que temo encontrar
em sonhos/e no reino de sonho da morte). Esses olhos são muito similarmente descritos
aos olhos de Beatriz, em "A Divina Comédia".

Há ainda uma passagem que mostra um ritual dançante, "Here we go around the prickly
pear" (andamos em torno da pêra espinhenta) que tem relação com os rituais missais,
sendo a pêra a representação de um altar, sem ter portanto, centro exato, mas sendo o
centro em si. O poema tem ainda grande musicalidade, com várias repetições e rimas
eventuais.

[editar] Four Quartets (1943)

O próprio Thomas Eliot considerava "Four Quartets" sua obra-prima, embora muitos
críticos literários preferissem seus trabalhos anteriores.

"Four Quartets" é baseado nos conhecimentos de Eliot nas áreas de misticismo e


filosofia. O poema consiste de quatro poemas longos, que foram publicados
individualmente: "Burnt Norton" (1936), "East Coker" (1940), "The Dry Salvages"
(1941) e "Little Gidding" (1942), cada um deles dividido em cinco partes. Embora seja
difícil fazer comparações entre eles, nota-se que cada um tem uma descrição geográfica
da localidade em seus títulos, todos especulam sobre a natureza do tempo, seja ela
teológica, histórica ou física, e sobre a influência exercida pelo tempo nos humanos.

Além disso, cada um está associado a um elemento da antigüidade clássica: ar, terra,
água e fogo, respectivamente. Eles se aproximam nas idéias, de forma variável porém
intercalada. Os poemas não esgotam seu questionamento e nem obtêm respostas
suficientes às perguntas feitas.

"Burnt Norton" (ar) questiona de que adianta considerar o que podia ter sido e não foi.
Há nele a descrição de uma casa abandonada, e Eliot brinca com a idéia que todas essas
possíveis realidades estão presentes simultaneamente, mas invisíveis pra nós: todas as
formas de atravessar o jardim se transformam numa vasta dança que não podemos ver, e
crianças que não estão ali se escondem nos arbustos. Burnt Norton é uma casa de campo
situada em Cotswold Hills, na cidade de Gloucestershire, Reino Unido.

"East Coker" (terra) continua a examinar o tempo e seu significado, mas agora focando
também na natureza da linguagem e da poesia. Saído da escuridão, Eliot fortalece a sua
idéia de solução: "I said to my soul, be still, and wait without hope" (algo como "Eu
disse à minha alma: fique quieta, e espere sem esperança"). East Coker é uma pequena
vila, no sul do Reino Unido.

"The Dry Salvages" (água) trata do elemento água via imagens de rios e mares. Nesse
poema, os opostos parecem se aproximar de forma impossível, como no barroco: "...the
past and future/Are conquered, and reconciled" (algo como "...o passado e o futuro/são
conquistados e reconciliados"). The Dry Salvages são um grupo de rochas com um farol
para navios em Cape Ann, Massachusetts, como explicado no prefácio do poema.

"Little Gidding" (fogo) é o mais antagonizado dos quartetos. As próprias experiências


do autor como voluntário na equipe civil anti-ataque aéreo dão força ao poema, e ele se
imagina encontrando com Dante no meio do bombardeio alemão. O cenário mostrado
no começo dos quartetos ("Houses.../Are removed, destroyed" ou "Casas.../são
removidas, destruídas.") haviam se tornado uma experiência cotidiana, o que cria uma
série de imagens, entre elas a do amor: a força condutora de toda a experiência. O
quarteto acaba então com uma frase de Julian of Norwich: "all shall be well and/All
manner of things shall be well." ou "Tudo ficará bem e/todo tipo de coisa ficará bem".
Little Gidding é uma igreja localizada em Huntingdonshire, Reino Unido.

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