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Oswald de Andrade fez parte da primeira geração modernista do

Brasil. Suas obras, como a peça teatral “O rei da vela”,


apresentam elementos irônicos e metalinguísticos.

O escritor Oswald de Andrade

Oswald de Andrade nasceu em 11 de janeiro de 1890, na capital


do estado de São Paulo. Mais tarde, se casou com a pintora
Tarsila do Amaral e, depois, com a escritora conhecida como
Pagu. Além disso, escreveu para alguns periódicos, foi membro
do Partido Comunista e tentou duas vezes ingressar na Academia
Brasileira de Letras.
O autor, que faleceu em 22 de outubro de 1954, na cidade de São
Paulo, fez parte da primeira geração do Modernismo brasileiro.
Portanto, seus textos são caracterizados pelo nacionalismo
crítico e pela liberdade formal. A metalinguagem e a ironia
também são características de obras como O rei da vela.
Resumo sobre Oswald de Andrade
 O escritor brasileiro Oswald de Andrade nasceu em 1890 e
faleceu em 1954.
 O autor foi um dos participantes da Semana de Arte
Moderna de 1922.
 Ele fez parte da primeira geração do Modernismo brasileiro.
 A ironia e a metalinguagem são as principais características
de seus textos.
 O rei da vela é uma de suas peças teatrais mais conhecidas.

Biografia de Oswald de Andrade


Oswald de Andrade nasceu em 11 de janeiro de 1890, na cidade
de São Paulo, em uma família abastada. Dez anos depois,
começou a estudar na Escola Caetano de Campos. No ano
seguinte, em 1901, foi transferido para o Ginásio Nossa Senhora
do Carmo e depois, em 1903, para o Colégio São Bento, onde
conheceu o poeta Guilherme de Almeida (1890–1969).
O autor terminou seus estudos no Colégio São Bento, em 1908.
No ano seguinte, passou a escrever para o Diário Popular e iniciou
a faculdade de Direito. Já em 1911, fundou a revista O Pirralho.
Em 1912, interrompeu o curso de Direito para fazer sua primeira
viagem à Europa, onde conheceu a francesa Henriette Denise
Boufflers, com quem teve seu primeiro filho, em 1914.
No ano de 1915, a dançarina adolescente Carmen Lydia, com
quem o escritor mantinha um relacionamento, chegou ao Brasil.
No ano seguinte, Oswald voltou ao curso de Direito e passou a
trabalhar no Jornal do Comércio. A partir de 1918, começou a
escrever, também, para A Gazeta.
Em 1919, o escritor se formou em Direito. Já em 1921, passou a
escrever para o Correio Paulistano. No ano seguinte, em 1922,
participou da Semana de Arte Moderna. No final desse ano, foi
para a Europa, onde iniciou sua amizade com a pintora Tarsila do
Amaral (1886–1973).
Regressou ao Brasil um ano depois e publicou, em 1924, o
Manifesto da poesia pau-brasil, no Correio da Manhã. Nesse
mesmo ano, retornou à Europa, onde viveu com Tarsila. A partir
daí, até 1929, houve muitas idas e vindas da Europa. Ademais, no
ano de 1925, tentou entrar para a Academia Brasileira de
Letras, mas sem sucesso.
Em 30 de outubro de 1926, Oswald e Tarsila se casaram, no
Brasil. Dois anos depois, o escritor publicou seu famoso
Manifesto antropófago, na Revista de Antropofagia. Já em 1929,
ele se separou da pintora para ficar com a escritora Patrícia
Galvão (1910–1962), a Pagu, com quem se casou em 1º de abril de
1930.
Depois de conhecer, em 1931, Luís Carlos Prestes (1898–1990),
Oswald passou a escrever textos de cunho político e fundou o
jornal O Homem do Povo, além de se filiar ao Partido Comunista.
Três anos depois, terminado o casamento com Pagu, começou
uma relação com a pianista Pilar Ferrer.
Porém, no final do ano de 1934, ele se uniu à professora Julieta
Bárbara Guerrini (1908–2005). Ele se casou com Julieta no final
de 1936. Em 1940, pela segunda vez, tentou ingressar na
Academia Brasileira de Letras. Novamente, foi rejeitado. Em
1942, já estava com Maria Antonieta d’Alkmin (1919–1969), com
quem se casou no ano seguinte.
O escritor se indispôs com Prestes e saiu do Partido Comunista
em 1945. Entretanto, em 1950, se candidatou a deputado federal,
pelo Partido Republicano Trabalhista. Com o lema “pão, teto,
roupa, saúde, instrução, liberdade”, o autor não conseguiu se
eleger. Oswald de Andrade faleceu em 22 de outubro de 1954,
na cidade de São Paulo.

Obras de Oswald de Andrade


 Os condenados (1922) — romance.
 Memórias sentimentais de João Miramar (1924) — romance.
 Manifesto da poesia pau-brasil (1924).
 Pau-brasil (1925) — poesia.
 Primeiro caderno do aluno de poesia Oswald de Andrade
(1927) — poesia.
 A estrela de absinto (1927) — romance.
 Manifesto antropófago (1928).
 Serafim Ponte Grande (1933) — romance.
 A escada vermelha (1934) — romance.
 O homem e o cavalo (1934) — teatro.
 A morta (1937) — teatro.
 O rei da vela (1937) — teatro.
 Cântico dos cânticos para flauta e violão (1942) — poesia.
 Marco zero I: a revolução melancólica (1943) — romance.
 Marco zero II: chão (1945) — romance.
 O escaravelho de ouro (1946) — poesia.
 O cavalo azul (1947) — poesia.
 Manhã (1947) — poesia.
 O santeiro do mangue (1950) — poesia.
 Um homem sem profissão (1954) — memórias.

O rei da vela

Capa do livro “O rei da vela”, de Oswald de Andrade, publicado pela editora Companhia das
Letras

O rei da vela é uma peça de teatro composta por três atos. O


primeiro ato se passa na cidade de São Paulo, no escritório de
usura de Abelardo, durante a manhã. Já o segundo acontece em
uma ilha tropical na Baía de Guanabara, no Rio de Janeiro. Por
fim, o terceiro apresenta o mesmo cenário do primeiro ato,
porém, durante a noite.
No escritório, Abelardo I atende ao Cliente, quando entra
Abelardo II, vestindo “botas e um completo de domador de feras.
Usa pastinha e enormes bigodes retorcidos. Monóculo. Um
revólver à cinta”. Outros clientes (devedores) estão em uma
jaula: “Os clientes aparecem atropeladamente nas grades. É uma
coleção de crise, variada, expectante. Homens e mulheres
mantêm-se quietos ante o enorme chicote de Abelardo II.”
Heloísa de Lesbos chega. Ela é noiva de Abelardo I e vai se casar
por interesse. O noivo rico comprou uma ilha para que lá se
casassem. Nessa ilha, eles recebem o banqueiro americano
Mister Jones. Nesse ambiente, Abelardo I diz coisas sedutoras
para sua sogra, dona Cesarina, e para a tia de Heloísa, a dona
Poloca.
Além disso, Heloísa tem uma irmã lésbica (Joana ou João) e um
irmão homossexual (Totó Fruta-do-Conde), que está de “asa
partida”, pois terminou uma “amizade de três anos” com um tal
Godofredo. Já Perdigoto, outro filho de Cesarina, segundo João
(ou Joana), é um “fascista indecente”. Ele propõe a Aberlardo I a
criação de “uma milícia patriótica”.
Porém, no terceiro ato, Abelardo I acaba indo à falência e ameaça
se matar. Heloísa tenta convencer o noivo a não cometer tal
insanidade. Mas Abelardo I se mata. A noiva, então, se casa com
Abelardo II, e assim termina a peça, que realiza, de forma
irônica, reflexões sobre o capitalismo, o comunismo ou
socialismo, a burguesia e o proletariado.
Além disso, apresenta elementos metalinguísticos, como estas
falas de Abelardo I: “Mas esta cena basta para nos identificar
perante o público”, “A morte no Terceiro Ato”, “Maquinista!
Feche o pano”, “O autor não ligaria...”. Ele também: “Oferece o
revólver ao Ponto e fala com ele”. E o Ponto (pessoa que,
escondida, lembra as falas aos atores) responde.

Poemas de Oswald de Andrade


No poema Epitáfio, de 1925, o eu lírico utiliza o recurso da
metalinguagem ao falar da redondilha por meio de versos
escritos em redondilha maior (sete sílabas poéticas). Com a
ironia característica das poesias do autor, seu eu lírico diz ser
“redondo” e se compara a uma “redond’ilha”, palavra que pode
se referir a uma redondilha ou a uma ilha redonda.
A seguir, ele justifica o título do poema ao mencionar o passado
(“mulheres que beijei”) e a morte, quando declara que faleceu do
“oh! amor”, uma forma irônica de se referir ao amor romântico.
Assim, tudo indica que o epitáfio é o irônico “ah! ah! ah!” da
caveira do eu lírico ao pensar na redondilha, tipo de verso
comum no Romantismo:
Eu sou redondo, redondo
Redondo, redondo eu sei
Eu sou uma redond’ilha
Das mulheres que beijei
Por falecer do oh! amor
Das mulheres da minh’ilha
Minha caveira rirá ah! ah! ah!
Pensando na redondilha
Já no poema “Convite”, do livro Cântico dos cânticos para flauta
e violão, o eu lírico, novamente, recorre à metalinguagem ao
mencionar o verso do poema, uma redondilha menor (cinco
sílabas poéticas). Além disso, usa a linguagem coloquial, tão
valorizada pelos modernistas, para, com simplicidade, declarar
seu amor ou desejo por alguém:
Escuta este verso
Qu’eu fiz pra você
Pra que todos saibam
Qu’eu quero você
Leia também: Poemas de Cecília Meireles
Características da obra de Oswald de
Andrade
Oswald de Andrade é um autor que fez parte da primeira
geração modernista, caracterizada pela inovação. Os autores
dessa fase do Modernismo, que tem início em 1922 e término em
1930, se empenham em criticar o academicismo, isto é, o jeito
tradicional de se fazer arte.
Por isso, privilegiam a liberdade formal e utilizam versos livres
(sem metrificação e, geralmente, sem rimas). Além disso,
retomam o nacionalismo e o regionalismo do tradicional
Romantismo. Porém, não mais de forma idealizada, mas sim de
maneira crítica. Também valorizam a linguagem coloquial do
Brasil e fazem crítica sociopolítica.
As obras de Oswald de Andrade, além dessas características,
também apresentam ironia, metalinguagem e neologismos. O
autor possui prosa com frases curtas e uma poesia mais sintética,
ou seja, sem prolixidade. Seus textos, fragmentados, costumam
fazer críticas à elite burguesa da época.

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