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AND JUSTICE FOR ALL: O METALLICA APÓS CLIFF BURTON


Wallace Fonseca Polidoro

A banda norte-americana Metallica, nascida em Los Angeles, foi formada em


1981 pelo baterista Lars Ulrich e pelo vocalista James Hetfield. A banda atualmente
conta com os membros formadores, e mais o guitarrista Kirk Hammett e o baixista
Robert Trujillo. Eles já tiveram membros como Dave Mustaine, formador, guitarrista e
vocalista da banda Megadeth. Possuem mais de 30 anos de carreira, e continuam ativos.
Em 1988 a banda lançou seu quarto álbum de estúdio, …And Justice for All, que
entrou para a lista dos 200 álbuns definitivos do Rock and Roll Hall of Fame. Este é o
primeiro álbum com o baixista Jason Newsted, que entrou no lugar de Cliff Burton após
sua morte. Cliff Burton morreu em um acidente no qual foi atirado para fora do ônibus
em que viajavam enquanto dormia na cama de cima de um beliche, quando o ônibus
derrapou devido ao gelo na pista e capotou em cima de Cliff. Isso ocorreu durante a
turnê Damage Inc., que estava promovendo o álbum Master of Puppets.
O álbum ...And Justice for All traz o Thrash Metal, que vinha sendo apresentado
desde o começo de sua carreira, abordando temáticas bem obscuras, como injustiça,
guerras, insanidade, ódio e morte. É considerado um álbum “divisor de águas”, por
encerrar a fase “thrash” do Metallica e, por isso, muitas vezes esse álbum é colocado em
segundo plano, não tendo sua grandiosidade reconhecida, como acontece com os três
primeiros álbuns, considerados por muitos como os melhores discos do grupo. Apesar
de ser um álbum relativamente diferente de seus antecessores por apresentar mais
variedade, ele pode ser considerado de mesmo nível de qualidade dos três primeiros,
que são: Kill 'em All, Ride the Lightning e Master of Puppets.
Toda aquela temática obscura que mencionamos é abordada através de letras
fenomenais. A banda passava por uma situação muito angustiante; continuar era
extramente difícil, não só pela morte de seu baixista, mas pelo acidente em si. Esse
infeliz evento que ocorreu no percurso da banda e outros fatos pesarosos que
aconteceram ao longo da vida dos membros ajudaram a compor as letras das músicas
deste disco.
Esse álbum representa o ponto mais alto da banda em termos de técnica,
mostrando-se muito mais complexo musicalmente, com variações e quebras de ritmo
inesperadas e uma composição de riffs magnífica. O trabalho de Lars nesse álbum é
excepcional, apesar de, atualmente, não conseguir reproduzir com tanta eficácia as
músicas ao vivo: por serem músicas extremamente rápidas, agressivas e longas, são
difíceis de serem tocadas. De fato, muitas nunca são tocadas ao vivo. James Hetfield
mantém a agressividade de seus vocais, mas de uma forma mais encorpada. A maior
crítica a esse álbum é o volume do baixo, quase inaudível. Apesar disso ele não deixa de
ser um excelente álbum, com tanto peso quanto (ou mais do que) os antecessores. O
disco vendeu mais de 8 milhões de cópias nos Estados Unidos, que conta com 9 faixas.
"Blackened" é a faixa que abre o álbum. Nela, eles captaram o som de várias
guitarras diferentes. Depois, esses sons foram rodados ao contrário, criando um
extraordinário efeito sonoro. James acompanha com um vocal bem agressivo. A letra
fala sobre destruição do mundo, o mundo caindo em escuridão...
Depois seguimos para a faixa-título, "...And Justice for All", que se inicia com
violões e depois segue para riffs agressivos e varições de melodia e ritmo. A letra critica
a injustiça do sistema judiciário e do sistema político, como se a justiça estive cega,
violentada e perdida. Talvez fosse a intenção da banda fazer um trocadilho no título do
álbum, “And Justice for All” com “Injustice for All”.
A próxima faixa, "Eye of the Beholder", inicia com um riff crescente e critica a
falta de liberdade de expressão.
"One", canção vencedora de um Grammy, é o primeiro single do álbum, pois fez
grande sucesso na época de seu lançamento. Foi a primeira música do Metallica a
ganhar um videoclipe e representou a entrada da banda nos grandes meios de
comunicação, como rádios, tendo seu videoclipe exibido na MTV em 1989. A história
da música é toda baseada no romance de 1939 de Dalton Trumbo, Johnny Got His Gun
[Johnny vai à guerra], que conta a história de um soldado que é severamente ferido em
uma explosão e perde seus braços, suas pernas, a audição, a visão e a fala, mas, apesar
de não poder ver, falar ou se mover, sua mente ainda funciona completamente, podendo
ainda sentir, ficando, assim, preso em seu corpo não funcional. A escolha desse livro
para o tema da canção é justamente se manifestar contra as guerras.
"The Shortest Straw" e "Harvester of Sorrow" são duas faixas que não
decepcionam em nada os fãs e representam muito bem o estilo Thrash Metal da banda.
Estas são tocadas com frequência em apresentações ao vivo.
Depois temos "The Frayed Ends of Sanity" que é, provavelmente, uma das
melhores faixas do álbum, mas, de forma curiosa, uma das mais esquecidas. A canção
começa com uma amostra do canto dos Winkies do filme The Wizard of Oz [O Mágico
de Oz]. A primeira vez que foi tocada por completo ao vivo foi em 2014, a pedido dos
fãs.
A faixa "To Live is to Die" é uma canção semi-instrumental, pois, em um
determinado momento da música, James Hetfield não canta, mas recita um poema feito
por Cliff Burton em homenagem ao falecido amigo. E esse simples poema inserido no
meio da música consegue deixá-la mais emocionante.
O álbum fecha com a sensacional "Dyers Eve", canção que possui rapidez e
agressividade surpreendentes. A música reflete todo o ódio de James em relação a como
se sentia com seus pais, pela forma como eles o criaram. James mostra a dificuldade de
se relacionar com outras pessoas, por causa disso tendo sido sempre repreendido por
seus pais, ao mesmo tempo que superprotegido devido ao contexto religioso de sua
família.
Apesar de ser um pouco mais lento do que o padrão geral do thrash, o álbum não
perde em nada para os seus antecessores e continua sendo um dos melhores da carreira
do Metallica. ...And Justice for All realmente merece uma atenção maior do que recebe.
Todos os apreciadores do Thrash Metal e do Metal de forma geral deveriam escutar essa
obra-prima do começo ao fim com maior esmero.

Referências:

METALLICA. In: WIKIPÉDIA, a enciclopédia livre. Flórida: Wikimedia Foundation,


2016. Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/w/index.php?
title=Metallica&oldid=46154790>. Acesso em: 20 jul. 2016

...AND JUSTICE FOR ALL (ÁLBUM). In: WIKIPÉDIA, a enciclopédia livre. Flórida:
Wikimedia Foundation, 2016. Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/w/index.php?
title=...And_Justice_for_All_(%C3%A1lbum)&oldid=45354213>. Acesso em: 20 jul.
2016.

ONE (METALLICA). In: WIKIPÉDIA, a enciclopédia livre. Flórida: Wikimedia


Foundation, 2016. Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/w/index.php?
title=One_(Metallica)&oldid=45286788>. Acesso em: 20 jul. 2016.
CLIFF BURTON. In: WIKIPÉDIA, a enciclopédia livre. Flórida: Wikimedia
Foundation, 2016. Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/w/index.php?
title=Cliff_Burton&oldid=44769290>. Acesso em: 20 jul. 2016.

THE FRAYED ENDS OF SANITY (SONG). In: Metallica Wiki. Disponível em:
<http://metallica.wikia.com/wiki/The_Frayed_Ends_of_Sanity_(song)>. Acesso em: 21
jul. 2016.

METALLICA. ...And Justice for All. Elektra, Vertigo. 1988.

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