Você está na página 1de 4

A Era Clássica

1750-1820

Entre 1750 e 1820, compositores como Haydn, Mozart e Beethoven


desenvolveram um estilo musical novo e mais simples, cujas máximas – clareza,
contenção e equilíbrio – refletiam valores intelectuais e artísticos contemporâneos.
Praticamente todo o desenvolvimento posterior na arte musical ocidental pode
ser remontado a esse período.
Entre os percursores do classicismo estavam compositores como Carl Philipp
Emanuel Bach, Johan Quantz e Badassare Galuppi. Suas obras eram uma reação contra
a complexidade da música barroca – sua polifonia, contraponto e ornamentos intricados.
Em vez disso, imaginaram um estilo em que uma melodia simples fosse acompanhada
por progressões harmônicas.
O iluminismo, seu foco nos ideais humanos e racionais, teve grande influência
nessa mudança de valores estéticos, assim como o interesse pela elegância sóbria da arte
e arquitetura greco-romana, inspirado em parte pela descoberta das ruínas de Pompeia
em 1748. Era uma época de grandes mudanças sociopolíticas, com os efeitos da
Revolução Industrial e a colonização criando uma ampla classe média ávida por
consumir arte. As aristocracias da Europa, vítimas das devastações das Guerras
Napoleônicas, tinham menos recursos para sustentar músicos, e o velho sistema do
mecenato começou a se desintegrar.

Músicos Profissionais

Tradicionalmente, os músicos contratados pelas cortes aristocráticas eram


considerados servos – abaixo dos valetes. Porém, com a difusão dos concertos públicos,
passaram a receber dinheiro por suas apresentações, bem como a publicar as suas
composições, garantindo uma renda extra. Haydn, contratado pela família Esterházy,
tinha licença para viajar e, no final da vida, deixou sua posição inferior para integrar a
corte. Mozart, músico do arcebispo de Salzburgo, não gozou dessas benesses e,
magoado com a sua posição servil, mudou-se para Viena, tornando um dos primeiros
músicos freelance. Contudo o mundo da música ainda não podia custear tal ambição, e
ele passou por consideráveis dificuldades financeiras. Quando Beethoven mudou-se
para Viena em 1794, viveu da riqueza de seus patronos, nunca se vendo obrigado a
exercer cargo oficial.

Gêneros em Evolução

À medida que a música instrumental tornava-se mais popular que a vocal, os


compositores foram criando estruturas maiores e capazes de suportar uma audição mais
intensa. O resultado foi o “princípio da sonata” (conhecido como “forma sonata”),
estrutura musical em três seções. Seu uso tornou-se quase sinônimo dos primeiros
movimentos não apenas de sonatas, mas também de sinfonias e da maior parte da
música instrumental do período. Permanece em uso até hoje. A sinfonia evoluiu da
sinfonia barroca em pequena escala para uma forma de arte icônica. Geralmente em
quatro movimentos, começa com um sedutor movimento de “sonata alegro”, seguido
por um lento. O terceiro movimento, em geral um elegante minueto, evoluiu para um
scherzo, que pode ser jovial ou expressar paixão mais irônica e elementar. O Finale era
um rondó, entremeado, na melodia em tempos fracos de suas cativantes repetições, por
temas contrastantes.
Outros gêneros também foram redefinidos. O concerto em três movimentos
tornou-se veículo para um solista único, aliando os ideais de equilíbrio e elegância ao
virtuosismo no instrumento, enquanto a sonata desenvolveu-se como composição mais
formal para um ou dois instrumentos. A ascensão da música doméstica criou um
mercado para novas formas de música de câmara, como o quarteto de cordas – criado
por Haydn – e o trio com piano.
A orquestra sinfônica tornou-se uma entidade amplamente padronizada, menor
mas não muito distinta da orquestra de hoje. Com o som mais cheio da orquestra, o
papel do contínuo morreu gradualmente; no lugar dele, o primeiro-violino passou a
reger a orquestra até ser finalmente substituído por uma maestro especialista. As
orquestras atuais possuem uma extensão dinâmica bem maior. Nos anos 1740, os
crescendi e diminuendi da orquestra de Mannheim, sob Johann Stamitz, causaram
sensação, tornando-se um exemplo para toda a escrita sinfônica.
.
A Ópera

Na ópera, sobretudo as de Gluck e Mozart, os enredos eram agora escolhidos


visando maior realismo dramático, e a música era composta antes para servir ao drama
que para decorá-lo. Gradualmente os italianos começaram a perder a supremacia, com
obras importantes sendo compostas na Alemanha e na França.

O Princípio da Sonata

A música estruturada segundo o “princípio da sonata” começa com uma


Exposição, que introduz o material musical e tende a ser repetida. Dois temas são
geralmente apresentados, o segundo num tom uma quinta acima do tom original (tônica).
A seção seguinte – o Desenvolvimento – altera os temas, frequentemente fragmentando-
os e executando-os em diferentes tonalidades antes de conduzir a música à terceira
seção, a Recapitulação. Aqui os temas da abertura são novamente tocados, dessa vez na
tônica. Essa estrutura propicia que ampla extensão de música seja elaborada a partir de
pouco material com um mínimo de repetição.
A Sonata Waldstein, op. 53, de Beethoven é um brilhante exemplo da forma
sonata clássica.

Linha do tempo:

1750 – Morte de Johann Sebastian Bach (1685 – 1750);


1753 – C.P.E. Bach começa a trabalhar em A verdadeira arte da execução ao teclado;
1762 – Primeira apresentação de Orfeo ed Eridice de Gluck; Mozart, aos 6, começa
turnê europeia;
1763 – Começam escavações de Pompeia;
1774 – Começo do reinado de Luís XVI. Elegante e formal, a vida da corte expressava-
se em danças como o minueto.
1775 – Começo da Revolução Americana;
1781 – Seis quartetos de cordas, op. 33, de Haydn;
1786 – Primeira apresentação de As bodas de Fígaro, de Mozart, Viena;
1789 – Revolução Francesa;
1791 – Primeira apresentação da Flauta mágica, Viena. Morte de Mozart;
1795 – Primeira apresentação da Sinfonia Londres, n. 104, de Haydn. Beethoven
publica Trios, op. 1;
1798 – Primeira apresentação de A Criação, de Haydn;
1803 – Beethoven conclui a Sinfonia Heroica;
1804 – Napoleão imperador;
1808 – Primeira apresentação da Quinta e da Sexta de Beethoven. Goethe publica
Fausto, parte 1;
1824 – Primeira apresentação da Nona de Beethoven, Viena;
1827 – Morte de Beethoven.

Johann Georg Leopold Mozart

 Nascimento e morte: 1719 – 1787;


 Nacionalidade Alemã;
 Escreveu cerca de 550 obras;
 Pai de Maria Anna (1751 – 1829), apelidada de Nannerl e Wolfgang Amadeus
(1756- 1791).

Leopold era um bom compositor de corte e professor de violino. A despeito do


apoio ao talentoso filho – como professor, agente e editor -, achou tempo para investir
na própria carreira. Altivo e difícil de agradar, foi por outro lado um homem inteligente
e culto, que escreveu concertos, sinfonias, serenatas e música de igreja, embora não,
provavelmente, a Sinfonia Brinquedo a ele atribuída.

Marcos
1743 – Violinista da corte em Salzburgo;
1747 – Casa-se com Anna Maria Pertl;
1756 – Publica manual popular de violino;
1757 – Compositor da corte em Salzburgo;
1769 – Compõe a Sinfonia em sol maior, G16, Neue Lambacher;
1778 – Esposa morre em viagem com Wolfgang.

Referência: BURROWS, J. Classical music: eyewitness companions. DK, 2005.

Você também pode gostar