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Módulo VIII

A Cultura da Gare

ÁREA ARTÍSTICA DA MÚSICA


Contextualização

Figura de referência para todo o séc. XIX:


Beethoven
Continuidade – elemento fundamental entre
Clássico e Romântico
A Arte é sustentada pela Burguesia
O pensamento tecnicista reflete-se numa
técnica instrumental cada vez mais perfeita e
virtuosa
Caraterísticas da música romântica

[Emoção, fantasia, sonho, exotismo,


originalidade, exaltação da natureza, gosto
pela Idade Média e defesa dos ideais
nacionalistas]

Oposição entre músicos profissionais e


músicos amadores
Ligação entre música e palavra
Relação entre compositor e público
I - Lied

Referência – Ballada inglesa (poemas longos, onde a


narrativa e o diálogo alternam numa história repleta de
peripécias e incidentes sobrenaturais)
Género central na música do séc. XIX
Canção para ambas as vozes (masculina ou
feminina) com acompanhamento geralmente de
piano
Acompanhamento tão importante quanto a voz e
que serve para apoiar, ilustrar e intensificar o
sentido da poesia
Utiliza poemas de grandes poetas alemães da
altura
Feito em ambientes reservados
 A melodia não tem muitos ornamentos, devido:
 Melhor compreensão do texto
 Entusiasmo por uma cultura popular

• Caraterística do texto: é narrativo


• Existe lied solto e ciclos de lieder (têm em comum:
tema, textos do mesmo autor e conjunto de peças,
cada uma com um poema)

• Principais figuras:
 Schubert:
 As suas canções revelam, por um lado, o extraordinário
dom de belas melodias, por outro lado a suavidade e
melancolia românticas
 Harmonicamente, as modulações por vezes são extensas e
complexas e sublinham as caraterísticas dramáticas do
texto
 Os acompanhamentos são engenhosos e variados

 Schumann:
 Linhas melódicas calorosas e expressivas
 Acompanhamentos simples e interessantes

 Brahms:
 Canções simples sem prejuízo por parte do
acompanhamento
 Acompanhamento descritivo e com textura variada,
normalmente figurações arpejadas e ritmos sincopados
II - Música Coral
Obras para coro Obras onde o coro é utilizado
(principal foco de interesse) (faz parte de uma estrutura mais
vasta)
Divide-se em três categorias:
1 – Partsongs – peças corais breves, com Coros em óperas
temática profana, destinadas a serem cantadas
à capela ou com acompanhamento de piano ou Andamentos corais da sinfonia
órgão.
Praticava-se nas festividades populares,
principalmente na 1ª metade do século.
Obras corais-orquestrais
Para coros masculinos, femininos ou mistos.
2 – Música sacra - música sobre textos
litúrgicos ou destinada aos serviços religiosos.
Em meados do século, devido ao “movimento
ceciliano”, estimula-se o interesse pela música
do passado e pelo regresso do Canto
Gregoriano.
3 – Música dramática – obras para coro
e orquestra sobre textos dramáticos, mas não
encenados.
III – Música Instrumental
 III.1 – Música para piano
Piano – instrumento predileto, porque:
 Reproduz um som pleno

 Responde às necessidades de expressividade


 Capaz de reproduzir uma orquestra

 Instrumento mais divulgado e conhecido na sociedade


 Instrumento utilizado pelas grandes figuras
 Principal instrumento de ensino

•Virtuosismo pianístico – duas caraterísticas:


 Músicos independentes que ganham dinheiro com os
concertos
 Executam as suas próprias peças , porque são
concebidas consoante o espetáculo
Figura importante e de referência para a geração
romântica:
NiccolòPaganini (1782-1840)
 Músico italiano que em 1809 começa a fazer
digressões de concertos em Itália
 Entre 1828 e 1833 faz um conjunto de tournées por
toda a Europa
 Em 1831 chega a Paris

 Tocava nos concertos: sonatas, obras de câmara. Os


Caprichos eram peças de estudo
próprio.

Possuidor do Síndrome de Marfan


Geração Romântica
Constituída por músicos-compositores
nascidos por volta de 1810
Figura de referência: Paganini
Fazem carreira em Paris
Figuras constituintes:
 Mendelssohn, Schumann, Chopin e Liszt
Felix Mendelssohn
(1809-1847)

Nasce na alta burguesia com contactos


influentes
Muito interessado pelo passado musical
(redescobre toda a música de J. S. Bach)
Aspeto importante: interessado pela música
programática (a partir dos anos 30)
Escreve várias obras para piano
Faz tournées como pianista, sendo
Itália o seu destino predileto
Robert Schumann
(1810-1856)
Nasce na pequena burguesia
Filho de livreiro, por isso com forte ligação às
letras
Forma-se em direito, mas faz carreira de pianista
Lesiona-se na mão esquerda
Compõe para a sua mulher (Clara Schumann)
Recebe influência de J. S. Bach,
visível nos seus Lieder
Fréderic Chopin
(1810-1849)
Nasce na Polónia, mas em 1830 vai para Viena
Em 1831 muda-se para Paris
Sustenta-se a dar aulas e concertos públicos como pianista
Em 1848, devido à queda da Monarquia, sai de França,
fazendo uma digressão
As suas peças sugerem um caráter introspetivo
Ligação com o seu país é visível nas Mazurcas, impregnadas
de ritmos, harmonias e formas do seu país natal
Escreveu obras em quase todos os géneros
Os estudos são peças destinadas ao aperfeiçoamento da
técnica
As obras exigem do executante:
 Uma técnica impecável
 Utilização imaginativa dos pedais
 Aplicação discreta do “tempo rubatto”
Franz Liszt
(1811-1886)
 Uma das carreiras mais brilhantes na Europa
 Húngaro que estudou piano com Czérny e aos 11 anos
iniciou a sua carreira de pianista
 Permaneceu em Paris até 1848
 Sofreu influências do virtuosismo de Paganini
 Introduziu inovações técnicas, como a técnica de
execução levada ao extremo
 O seu principal objectivo era criar uma retórica
musical adequada aos desígnios expressivos do
compositor
 Em 1848 muda-se para a corte de Weimar como diretor
musical, onde moveu novas tendências musicais
 Nesta altura, inventa o Poema Sinfónico
 De 1861 a 1870 reside maioritariamente em Roma
O seu estilo musical carateriza-se por:
 Herança húngara
 Formação inicial vienense

 Influência do romantismo literário

 Ideal parisiense da música programática

A maioria da sua música para piano consiste


em transcrições e arranjos de outras obras
Ao contrário dos seus contemporâneos, Liszt
ambicionava ser um intelectual e não apenas
um virtuoso
III.2 – Música de Câmara

A música de câmara no período Romântico


não foi muito cultivada, porque faltava:
 A expressividade pessoal e intimista da peça para
piano solista ou do Lied
 O colorido brilhante e a sonoridade poderosa da
música orquestral

 Os poucos contributos pertencem a: Schubert,


Brahms, Mendelssohn e Schumann
III.3 – Música orquestral

 A música orquestral romântica moveu-se em dois


pontos distintos, embora ambos com referência em
Beethoven:
Música “absoluta” Música programática
Existe continuidade da antiga Nasce com Berlioz em 1830 com a Sinfonia
forma clássica Fantástica
Apenas persiste até 1830, mas Música instrumental associada a uma
regressa em c.1870 matéria poética, descritiva ou narrativa
Figuras importantes: Spohr, Não pela imitação dos sons e dos
Schubert, Mendelssohn e (Brahms) movimentos naturais, mas pela sugestão
imaginativa
Pretende absorver e transmutar
integralmente na música o tema imaginado
Música instrumental – principal veículo de
expressão de pensamentos
Sinfonia Pastoral de Beethoven –
referência
Sinfonia “Fantástica”

 Inicia a música programática


 Tem 5 andamentos
 A mais importante inovação formal:
Idée Fixe recorrência do tema inicial do
primeiro andamento em todos os restantes
andamentos (imagem obsessiva da amada do
herói)
Musicalmente:
expressão de muitos e variados estados de espírito
conteúdo emotivo fundamental do drama
música precisa e com força comunicativa
Graças a Berlioz, ainda temos:
 Criação da moderna direção da orquestra

 Enriquecimento da música orquestral com novos recursos


de harmonia, expressividade e forma
 Utilização de um tema recorrente em vários andamentos

Franz Liszt foi o principal sucessor de Berlioz na


questão da música programática
Quando se encontra em Weimar, está aberto a
novas experiências, por isso transforma a
Abertura em:
Poema Sinfónico abertura instrumental de um único
andamento. A temática engloba: referências literárias,
imagens, experiências pessoais, um pensamento, uma
impressão, uma personalidade, etc, não identificado pela
música, mas pelo título e nota introdutória. O programa não
conta a história da música, desenrola-se paralelamente a ela.
IV – Música operática
IV.1 – Itália
• A vida das pessoas e dos teatros era regida
pelo Calendário Litúrgico – antes das
grandes festividades religiosas havia um
período de penitência, depois reabriam todos
os teatros
• Temporadas:
• Temporada de Carnaval – 26 de dezembro até 4ª feira de
cinzas
• Temporada da Primavera – 2ª feira da Páscoa até junho
• Temporada de Verão – julho a setembro
• Temporada de Outono – outubro a novembro
Dentro das temporadas Ó havia uma
p
hierarquia de géneros:er
a

Ópera
ri
buffa
a
Ópera
Semi-séria
• Empresário – organizava as temporadas e
contratava os cantores, músicos, etc
• O repertório praticado tinha caráter efémero
A ópera italiana, como tinha uma forte tradição,
foi menos sensível às novas experiências
românticas. Foram sendo introduzidas
gradualmente ao longo do século, mas com menor
intensidade que nos restantes países europeus
Os primeiros sinais de mudança ocorrem na
ópera séria – alargamento do colorido orquestral,
atribuição de um papel mais importante à
orquestra e maior recurso a coros
Na 1ª metade do séc. XIX, os principais
compositores de ópera são:
 Rossini, Donizetti e Bellini
Rossini
(1792-1868)
• Inicia a sua carreira a compor pequenas óperas para os
teatros de bairro – Farsas
• Em 1813, recebe o seu primeiro contrato para escrever
duas óperas:
• Opera buffa – L’Italiana in Algeri
• Opera seria – Tancredi
• Em 1815, é convidado para diretor dos Teatros Reais de
Nápoles. Este cargo implicava:
• Escrever um certo número de óperas por ano
• Opinar sobre a programação teatral dos teatros da cidade
• Até 1823, Rossini escreve 8 óperas sérias e 3 óperas
buffas. – apresentando-as por todo o país
• Em 1823, acaba a sua carreira em Itália e parte para
Paris como Diretor do Teatro de Ópera Italiana em Paris,
onde promove uma nova geração de compositores
italianos
• Em 1829, escreve a sua última ópera, Guillaume Tell
No final dos anos 20 e princípios dos anos
30, é importado, através da literatura, para a
música um novo gosto romântico:
 Desaparecem os temas da Antiguidade Grega
 As histórias dos grandes autores literários ingleses,
são alteradas
 Gosto pelo trágico
 Uso de “coleaur locale”
 Alteração das tipologias:
Ópera séc. XVIII Ópera séc, XIX
Mulher Mulher
(soprano) (soprano)

Apaixonado Vilão Apaixonado Vilão


(mezzo-soprano) (tenor) (tenor) (barítono)
 A partir dos anos 30, passamos a ter o Melodrama
Italiano – drama típico que engloba um triângulo
amoroso
 O Baixo não faz parte desta intriga, é uma pessoa à
parte e geralmente uma figura que impõe a ordem
(ex. Rei ou Pai)

 Em 1829, Rossini deixa a sua carreira


composicional, deixando espaço para os novos
compositores
Donizetti
(1797-1848)
Inicia a sua carreira em 1818 com os mesmos
moldes de Rossini
Em 1827 já tem alguma reputação como
compositor e por isso é convidado para
diretor do Teatros Reais de Nápoles
Em 1835, beneficia da “ação diplomática” de
Rossini e vai a Paris estrear uma ópera
Muda-se definitivamente para Paris em 1838
A partir de 1844 adoece
Bellini
(1801-1835)

Começa a sua carreira em Nápoles


Apenas escreve óperas sérias
Uma caraterística presente nas suas óperas é
o Bel Canto estilo de ópera caraterizado
pela doçura e expressividade vocal, ligados à
técnica vocal perfeita
Bellini aposta numa escrita com calma
Nos inícios da déc. 30 também vai a Paris
estrear uma ópera
Verdi
(1813-1901)
Compositor de ópera mais significativo do séc. XIX
Não escreveu óperas buffas, mas sim obras
dramáticas
Nasce no norte de Itália, no ducado de Parma
Desde cedo mostra dotes musicais
Vai para a escola de Jesuítas em Busseto, onde
conhece Antonio Barezzi, que investe na sua
formação
Nos anos 30/40 Milão torna-se a principal cidade a
nível musical, porque tem o Teatro Alla Scala
Verdi encontra-se nesta cidade e move-se entre os
intelectuais patriotistas
Em 1848 escreve La Bataglia di Legnano
Verdi não estava muito aberto a novas
experiências radicais, por isso a sua evolução
foi no sentido de um refinamento
progressivo da conceção e das técnicas
Para Verdi, a ópera era um drama humano –
drama expresso essencialmente através de
uma melodia vocal solística simples, por
oposição à exuberância coral e orquestral da
grande ópera francesa
Fases da vida de Verdi
1ª fase – 1839-1853 – inicia-se com Oberto mas
acentua-se a partir de Nabucco em 1842.
carateriza-se por: personagens caraterizadas com
maior finura psicológica e emoções menos rígidas e
cruas.
Esta fase culmina com a Trilogia Popular
(Rigoletto – 1851, Il Trovatore – 1853, La Traviata
– 1853)
2ª fase – 1853-1871 – Verdi arrisca novas
experiências, como:
 Os solos, os conjuntos e os coros combinam-se mais
livremente
 As harmonias tornam-se mais audaciosas
 A orquestra é tratada com maior originalidade
Faz viagens a Paris, onde contacta com tradições
operáticas diferentes
Nos anos 60 surgem em Itália os Scapigliati, surgindo
assim a Opera Ballo (ópera com estrutura italiana, mas que
contém elementos franceses)
Esta fase culmina com a Aida – 1871 , uma opera ballo

3ª fase – 1871-1893 – durante 16 anos não escreve


nenhuma ópera, mas continua atento às novas
correntes
Em 1887 escreve Otello e em 1893 Falstaff, como
resposta ao novo panorama musical

A relação de Verdi com o Romantismo pode ser


ilustrada com a sua atitude com a Natureza. Desprovida
de sentimentos. Todo o seu interesse se concentra na
Humanidade
IV.2 - França

As conjunturas vividas anteriormente,


fizeram de Paris a capital da Europa,
favorecendo o desenvolvimento de um
determinado tipo de ópera:
 Grand-Opéra – surge c. 1820, que tem como
antecedente a Tragédie-Lyrique. Novo espetáculo que
se destina a cativar o novo público.
 A 1ª obra foi La muette de Portici (1828) de Auber,
embora Meyerbeer seja o responsável pelo seu
surgimento. A 2ª obra pertence a Rossini, Guillaume
Tell (1829)
 Caraterísticas:
É tão importante o espetáculo como a música
Os libretos são construídos de forma a
explorar a introdução de variadas cenas
Grandes coros
Grande orquestra
5 atos
Temática histórica e trágica
Grande encenação e aparato em palco

A Grand-Opéra é o principal espetáculo em


França na 1ª metade do séc. XIX, embora
entre em decadência na 2ª metade do século
 Opéra-comique – paralelamente continua o seu
percurso ao longo do século
 A sua diferença assenta no facto de ser: mais
pequena e de ter diálogos falados
 Caraterísticas:
 utilização de diálogos falados e com maior
importância
 Intérpretes não tão virtuosos
 Cenários mais simples
 Utilização de formas estróficas mais próximas da
canção popular
 Temas cómicos ou semi-sérios
 2 cantores profissionais (soprano e tenor/baixo),
restantes eram atores-cantores
Durante a 1ª metade do séc. XIX estes
são os dois géneros operáticos mais
importantes
Em meados do séc. vai existir fusão
entre eles – a opéra-comique absorve aspetos
da Grand-Opéra
Nos anos 50/60 ambas começam a
desaparecer, surgindo assim novos
géneros:
Opéra-Lyrique – ópera lírica que tem como
antecedente a opéra-comique, mas com
algumas diferenças
Caraterísticas:
 Não tem diálogos falados, apenas recitativos
 Mais próxima dos modelos italianos
 Tem cenários simples
 Temática dramática ou fantasiosa
Uma das primeiras opéra-lyrique a surgir foi
Fausto (1859) de Gounod
Carmen de Bizet (1875) outro exemplo e que
mostra a questão do exotismo espanhol
Opereta – criada por Offenbach em 1855, após
ter conhecido Ludovic Halévy e de poder
participar na Exposição Internacional em Paris.
Após privilégio, realiza um pequeno espetáculo
de um ato – Ba-Ta-Clan – 1ª opereta
 Caraterísticas:
 Utilização de diálogos falados
 Uso intenso da componente rítmica
 Uso intenso de formas estróficas, com ou sem refrão
 Caráter humorístico
 Presença de danças de salão em voga na época
Offenbach escreve mais 10 operetas. Uma
dessas obras é Orphée aux enfers (1858)
Depois de 1870, Offenbach vai para Viena onde
passa a escrever uma opereta mais sentimental
IV.3 - Alemanha
Na Alemanha não existia uma longa tradição
lírica, por isso está mais aberta a novidades e
experiências
O antecessor imediato da ópera é:
 Singspiel – abertura, 1 ato, 6/7 números musicais,
argumentos sentimentais, 2/3 cantores profissionais e
diálogos falados (tem influência da ópera francesa)
Como foi neste país que nasceu o
romantismo na literatura e devido à forte
ligação com a música, existe a vontade de
criar uma ópera puramente de caráter alemã
A obra que assinala o surgimento da ópera
romântica alemã é:
Der Freischütz de C. M. V.
Weber (1821)

 Aspetos importantes da obra:


 Temática – confronto entre o mundo do
bem e o mundo do mal
 Estrutura – em que a tonalidade é estruturante (o acorde
inicial determina as restantes tonalidades)
 Recurso ao elemento dos motivos recorrentes
 Aspetos que caraterizam os dois mundos:
 Mundo do bem – 4 trompas (tonalidade de Lá M, Dó M e Mib
M)
 Mundo do mal – trémulos nas cordas e rufar dos timbales
(tonalidade de Fá#m)
 Ação acontece toda em espaço aberto

 Influencia outras óperas, como Guillaume Tell de Rossini


Constituição:

Abertura - 1º ato - 2º ato - 3º ato


floresta desfiladeiro dos lobos
ambiente festivo ambiente macabro
dia claro sombrio e meia-noite
 Caraterísticas da ópera romântica alemã:
 Temas da história medieval – lendas ou contos de fada
 Personagens e acontecimentos sobrenaturais
 Cenário natural, mas selvagem e misterioso, embora com
presença de cenas da vida humilde
 Os incidentes sobrenaturais e o cenário são tratados como
elementos ligados ao destino dos protagonistas
 Personagens humanas representantes das forças
sobrenaturais, boas ou más, simbolizando o triunfo das
potências angélicas
 Não tem final trágico
 Musicalmente:
 Utilização de melodias simples, folclóricas e de cariz
alemão
 Recurso à harmonia e à cor orquestral para efeitos de
expressão dramática
Mais tarde, Weber inaugura a criação da
grande ópera romântica alemã com a
Euryanthe
Alterações:
 Substituem-se os diálogos falados por recitativos
acompanhados para dar maior unidade na obra
 Recurso sistemático a estilos harmónicos
contrastantes para caraterizar as forças em confronto
no drama
Estes novos recursos representam um passo
no processo que irá ter conclusão com
Wagner
Richard Wagner
(1813-1883)

A sua importância é tripla:


 1º - representou a consumação da ópera

romântica alemã
 2º - criou uma nova forma musical – Drama Musical

 3º - levou ao extremo o vocabulário harmónico e a tendência para a


dissolução da estrutura tonal clássica.
Ao longo da sua carreira podem estabelecer-se três fases
criativas:
 1ª fase – até 1848 – tenta fazer carreira em Paris, mas fracassada; em
1842 atinge o 1º êxito e por isso é convidado para diretor do Teatro de
Ópera de Dresden e começa a escrever O Holandês Voador;
 Em 1845 escreve Tannhäuser e Lohengrin
 Estas óperas seguem o modelo de ópera criado por Weber, embora
com diferenças:
 Libreto – são feitos por ele próprio
 Abandono da conceção da ópera por números musicais
2ª fase – 1848-1862:
 Em 1848 implanta-se a República em França
 Wagner está exilado na Suíça
 Esta situação provoca um isolamento, mas também
propicia a reflexão, o que permite formular as suas
teorias acerca da ópera
 Escreve:
 Arte e Revolução
 A obra de arte do futuro (1)
 Ópera e drama (2)
 Uma comunicação aos meus amigos
 Durante este tempo começa a escrever O anel dos
Nibelungos (Tetralogia)
(1) – aspeto central – Gesamtkunstwerk (Obra de Arte
Total)
 Este termo aparece mas não é novidade e consiste num drama onde
devia existir a confluência de todas as artes, regenerando a
sociedade tornando-a participante na obra
(2) – surge o Drama Musical – oposição ao termo
ópera e consiste num drama onde existe a
representação de todos os componentes (música,
palavra e acção), para existir uma unidade absoluta. A
música dentro de cada ato é contínua.
 Leitmotiv (motivo condutor) – invenção sua que consiste num
motivo ou tema musical associada a uma determinada pessoa,
objecto ou ideia no drama criado na exposição. Tem um papel
estruturante na obra e pode:
 Servir para recordar a ideia do objecto em situações que não está
presente
 Ser sujeito a variações, desenvolvimentos ou transformações
 Assemelhar-se a outros motivos
 Combinar-se com outros motivos contrapontísticamente
 Repetir-se para dar unidade musical
• Os seus escritos tiveram influência em todo o
pensamento romântico
• Durante esta fase, para além da Tetralogia, também
escreve Tristão e Isolda (1857-9) e Os Mestres Cantores
(1862-7)
• Tetralogia – O Anel dos Nibelungos (1848-74)
• Ideia inicial – fazer um drama, mas rapidamente percebe que tem
muito material. O que era para ser um drama, passaram a ser
quatro (O Ouro do Reno, Valquírias, Siegfried e O Crepúsculo dos
Deuses)
• Esta obra não foi composta toda ao mesmo tempo – Wagner sabe
que está a construir uma obra de grandes dimensões e que não tem
público para ela.
• Em 1848 inicia Siegfried, que era para ser A morte de Siegfried
• Em 1854 termina O Ouro do Reno e em 1856 A Valquíria
• Entre 1857 e 1869 regressa à composição de Siegfried, mas não a
termina
• Em 1864 conhece Luís II da Baviera que o impulsiona a terminar a
obra e em 1874 dá por terminada a Tetralogia
• A 1ª apresentação integral foi em 1876 em Bayreuth
• Episode 4: Die Walküre (The Ring) by Richard Wagner - YouTube
 3ª fase – 1862-82:
 Escreve a sua última ópera – Parsifal (1882)

 Na harmonia das suas últimas obras, encontramos:


 Influência do vocabulário cromático dos poemas
sinfónicos de Liszt

 Caraterísticas da obra de Wagner:


 Alterações cromáticas de acordes
 Constante mudança de tonalidade
 Resoluções intrincadas
 Progressões dissimuladas por retardos e notas não harmónicas
 Origem de tonalidades ambíguas
 Este desvio à conceção clássica da tonalidade surge
como um 1º passo no sentido dos novos sistemas
harmónicos a partir de 1890
 A sua música afetou todo o panorama operático e
deixou marcas porque conseguiu: sugerir, despertar ou
criar o estado de êxtase absoluto
IV.4 Portugal

A última década do séc. XVIII serve de ponto


de partida para o séc. XIX

Abertura de dois novos teatros para


apresentarem ópera italiana instaurada por
D. José I

Os teatros permitem a generalização da


ópera italiana, assim como a retira do
ambiente de corte
Teatro de S. Carlos
Lisboa (1793)
Crescimento de uma burguesia comercial e com novos
hábitos culturais
Pina Manique aproveita a situação e constrói o teatro
I Barão de Quintela cede o terreno
Com a abertura do teatro, instala-se também uma
companhia de ópera italiana
Gerentes: Antonio Lodi (comerciante) e Andrea Lenzi
(trompetista da Real Câmara)
Entre 1828 e 1834 o teatro está fechado devido à
instabilidade política
Reabre graças ao Conde de Farrobo (II Barão de
Quintela), tendo como gerente António Lodi (cunhado)
Até 1840 o teatro conhece o seu período áureo de
funcionamento, apresentando tanto ópera francesa como
italiana
Teatro S. João
Porto (1795)

Porto também pretendia um teatro na cidade


O processo de construção é diferente –
subscrição por ações
João de Almada e Melo lança o projeto e
vende-o por ações
Este teatro não apresenta apenas ópera
italiana, mas também outro tipo de
espetáculos (teatro)
Em 1836 dá-se um golpe de estado e Passos
Manuel chega ao Governo e Almeida Garrett
lança um projeto de reforma do teatro
Cria-se um Conservatório Geral de Arte
Dramática, integrando o Conservatório de
Música de Lisboa
Na reforma é criado um concurso, mas a
escola com mais participantes foi o de
música, fazendo com que a reforma teatral
não funciona
Musicalmente passa a existir uma riqueza,
principalmente com a criação de sociedades
recreativas:
 Academia Filarmónica
 Assembleia Filarmónica
Estas sociedade trazem nos anos 40 o modelo
de ópera em concerto
O Conde de Farrobo está novamente
envolvido
Figuras Importantes

Marcos Portugal (1762-1830)


 – personalidade que mais se destacou a nível internacional

Domingos Bomtempo (1775-1842)

Francisco Sá Noronha (1810- 1881)

Alfredo Keil (1850-1907)


V - Nacionalismo

Nasce como forma de criar uma voz nacional e


marcante no domínio musical europeu
Os compositores ambicionam ser reconhecidos e
autónomos
Objetivo do Nacionalismo: promover e criar uma
música que seja reconhecida como pertencente a
uma determinada realidade geográfica e cultural
Como ponto de partida, tiveram:
 Elementos da música tradicional
 Criação de consciência histórica
 Utilização da literatura do país
V.1 – Nacionalismo na Rússia

Surge devido:
 À grande presença da ópera italiana em S.
Petersburgo
 À exportação da opéra-comique francesa
 À apresentação da Der Freischutz de Weber em 1824
A figura associada a este movimento é M.
Glinka (1804 – 1857)
 Exemplo de compositor que define a figura de
compositor na Rússia
 Sendo de classe média e vivendo na zona rural, só
mais tarde, quando se muda para S. Petersburgo,
inicia os estudos musicais
 O facto de viver muito tempo no campo propicia:
 Contacto com a cultura popular russa
 Como na Rússia não existe um modelo de compositor,
Glinka inicia a sua carreira como funcionário público
 Em 1830, decide viajar pela Europa para conhecer em
termos musicais os restantes países
 Quando regressa à Rússia em 1837, traz grandes
novidades e lança-se na composição de duas óperas –
Uma vida pelo Czar (1837) e Roslan e Ludmila (1842)
 Em 1845 a 47 viaja novamente a Paris e Espanha, onde
contacta com a reivindicação nacionalista, aplicando
o mesmo na sua música
 Isto é visível na sua música através de:
 Escalas de tons inteiros
 Cromatismo
 Dissonâncias
 Técnica da variação
Anos 60:
 Rússia importa o modelo da criação de escolas de
música fora da Igreja e do Conservatório

 Após estas inovações, surge o Grupo dos Cinco:


 M. Balakirev (1837 – 1910)
 M. Mussorgsky (1839 – 81)
 N. Rimsky-Korsakov (1844 – 1908)
 Cesar Cui (1835 – 1918)
 A. Borodin (1833 – 87)
 Não formam um grupo na realidade, mas partilham :
 Postura Nacional
 Rejeição do modelo institucional
 Desacordo com concursos e prémios para jovens
músicos
Sendo todos de origem humilde e sem
formação, basearam-se para a composição na
música popular do seu país – o Folclore
Isto é visível através do uso de:
 Amplitude melódica reduzida
 Repetição obsessiva de um ou dois motivos rítmicos
 Cadências com intervalo de 4ª descendente
 Caráter modal

 Episode 2: Pictures at an Exhibition by Modest Mussorgsky - YouTube


V.2 – Nacionalismo em Espanha
O nacionalismo espanhol nasce com – Francisco
Barbieri (1823 – 94) e Felipe Pedrell (1841 – 1922)
Ambos criaram um consciência histórico-musical
espanhola através de:
 Redescobrem e editam obras espanholas dos séc. XVI e XVII
 Recriam um género músico-teatral do passado – Zarzuela
(género parecido com a opéra-comique, mas com
introdução de melodias tradicionais e figuras típicas dos
bairros madrilenos)
Para apresentação destes espetáculos, é
construído o Teatro Zarzuela na cidade de Madrid
Mais tarde, Isaac Albéniz (1860 – 1909) torna-se o
continuador desta corrente e divulgador da música
espanhola na Europa
Para além destas figuras ligadas ao
Nacionalismo, temos ainda:
 A. Scriabin (1872 – 1915) – Rússia
 J. Sibelius (1865 – 1957) – Finlândia
 E. Elgar (1857 – 1934) – Inglaterra
 E. Grieg (1843 – 1907) – Noruega
 B. Smetana (1824 – 1884) – República Checa
 A. Dvorák (1841 – 1909)
 L. Janácek (1854 – 1928)
 Viana da Mota – Portugal
VI – Pós Romantismo

Esta geração de compositores do final do séc.


XIX é uma geração que nasce por volta da
década de 60 e que vê como presença
importante as inovações da música de
Wagner
Um dos aspetos mais relevantes da sua
influência é o interesse pelas histórias de
contos de fadas
A ópera Hansel and Gretel de Humperdinck
é um dos melhores exemplos desta presença
Figuras:
 Hugo Wolf (1860 – 1903)
 Bastante conhecido como compositor essencialmente de
Lieder
 Os seus lieder dão continuidade à forma romântica, mas
com introdução de elementos influenciados pela música
de Wagner
 O texto era elemento fundamental, o que traduz o novo
ideal de igualdade entre texto e música (elemento forte
em Wagner)
 Não utiliza música popular e poucas estruturas estróficas

 G. Mahler (1860 – 1911)


 Grande mestre na composição de Sinfonias, tipicamente
pós-românticas:
 mais longas, formalmente complexas, de caráter
programático e requerendo enormes recursos de
execução
 Para além de compositor, foi também um excelente
maestro, o que lhe permitiu aperfeiçoar as suas
partituras e desenvolver um génio natural para
combinações orquestrais
 Nas suas ideias musicais, faz parte:
 A instrumentação
 As indicações de fraseado
 O andamento
 As dinâmicas
 O recurso a instrumentos invulgares
 Combinações tímbricas
 Variações musicais constantes
 Introdução de temas populares justapostos
 Para estes ideais, utilizou na sua música:
 Dentro da orquestra pequenos grupos de câmara com
qualidades tímbricas distintas
 Contornos melódicos com contrastes tímbricos
 Mahler considerava a sinfonia como “um Mundo”
Richard Strauss (1869 – 1949)
 Embora escreva em todos os géneros, é um
compositor essencialmente de Poemas Sinfónicos
 Utiliza dois tipos de programas para o Poema
Sinfónico:
 “Filosófico” – programa que se situa no campo genérico
das ideias e das emoções, sem narra episódios ou
incidentes pessoais
 “Descritivo” – programa que exige que o compositor
traduza ou procure ilustrar musicalmente episódios não
musicais

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