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Escola Veneziana

■ No séc. XVI, Veneza (depois de Roma) a cidade + importante


da Península Italiana

■ Atingira em meados do séc. XV o auge de poder, riqueza e


esplendor

■ Centro da cultura musical era a Basílica de São Marcos

■ Grande parte da música estava destinada a ser ouvida em


ocasiões solenes
Principais características do estilo
veneziano
■ Grande número de vozes usadas para efeitos de
contraste (coros spezzatti)

■ Exploração da reverberação da igreja

■ Procura de coloridos sonoros através de jogos


timbrícos
Principais inovações

■ Escrita policoral dialogante


■ Escrita instrumental especificada

■ Escrita vertical homofónica/homorrítmica (as vozes do soprano e


baixo começam a ter o papel condutor da melodia e harmonia,
respetivamente, retirando a importância do tenor. Neste caso, as
vozes do meio realizavam o preenchimento harmónico.

■ Ritmo apoiado na alternância entre dissonância e consonância


■ A escola veneziana exerceu uma ampla influência nos finais
do século XVI e inicio do século seguinte, para o período
Barroco.
Madrigal Polifónico

■ Género predominante da música profana italiana e


a manifestação artística por excelência, onde os
compositores demonstravam as suas capacidades
técnicas.

■ Apresenta uma temática amorosa e erótica de


ambiente bucólico.
Madrigal Polifónico

■ Converteu-se num género refinado e expressivo, ou


seja, uma arte direcionada para conhecedores que
deu origem ao conceito de musica reservata.

■ Graças à sua liberdade formal, o madrigal torna-se,


de igual modo, num campo experimental da nova
música.
Fases do Barroco Musical

■ Barroco inicial: 1600-1640

– Claudio Monteverdi

– Heinrich Schütz
Fases do Barroco Musical

■ Barroco médio: 1640-1680

– Antonio Cesti

– Jean-Baptiste Lully (nascido Giovanni Battista Lulli)

– Arcangelo Corelli

– Henri Purcell
Fases do Barroco Musical
■ Barroco tardio: 1680-1740
– Antonio Vivaldi
– Jean-Phillipe Rameau
– Giovanni Battista Pergolesi
– Georg Philipp Telemann
– Johann Sebastian Bach
– Georg Friedrich Händel
Primórdios da ópera

■ Obra teatral que combina diálogo, ação, cenário e música contínua.

■ nasce em cerca de 1600 em Florença, combinando exemplos anteriores de


drama e música:

– Peças cantadas de Eurípedes e Sófocles (antiguidade clássica)

– Drama litúrgico e auto da Idade Média

– Drama com música de cena

– Drama pastoril com música


Primórdios da ópera

– Drama com música de cena

– Drama pastoril com música

– Comédias madrigalescas.
Primórdios da ópera

■ O interesse pela música dramática é feito por duas


manifestações artísticas: o movimento maneirista e
o movimento de pesquisa clássica.
Primórdios da ópera

■ O movimento maneirista procurava a expressão


afetiva e dramática, ou seja o primado da expressão
textual
Primórdios da ópera

■ O movimento de pesquisa clássica intensifica o


estudo da relação entre música e poesia, bem como
a sua aplicação na tragédia grega.

■ Reativa o gosto pelo teatro e pela mensagem cívica


que este contém.
Camerata Fiorentina

■ Giovanni Bardi acolhia no seu palácio de Florença


uma academia informal onde se falava de literatura,
ciência, arte e onde se tocava nova música.

■ Também se debatia o estado da música de então.


Camerata Fiorentina

■ Camerata Fiorentina foi então o nome dado a estas


tertúlias académicas formadas segundo o modelo
da Antiguidade.
Camerata Fiorentina

■ Um dos principais objetivos era o de recuperar a


música dos antigos gregos, nomeadamente a
tragédia, que era considerada a expressão
primordial da cultura antiga.
Camerata Fiorentina

■ Um dos principais objetivos era o de recuperar a


música dos antigos gregos, nomeadamente a
tragédia, que era considerada a expressão
primordial da cultura antiga.
Camerata Fiorentina

■ Giovani Bardi – Conde de Vernio e patrono da Camerata

■ Vincenzo Galilei – alaudista e teórico musical

■ Girolamo Mei – filósofo

■ Giulio Caccini – cantor/compositor

■ Jacopo Peri – músico/compositor


Camerata Fiorentina

■ Em 1581 Vicenzo Galilei, pai de Galileu, publicou um


“Diálogo sobre a música antiga e moderna”, no qual
atacava a teoria e a prática do contraponto vocal.
Camerata Fiorentina

■ Ou seja, a sua tese era a de que só uma única linha melódica, com
alturas de som e ritmos apropriados, podia exprimir um dado verso.
Ou seja, quando várias vozes cantavam simultaneamente melodias
e letra diferentes, em registos e ritmos diferentes, a música nunca
conseguia transmitir a mensagem emotiva do texto.

■ Neste sentido, era necessário recuperar os efeitos milagrosos da


música antiga - monodia grega.
Camerata Fiorentina

Resultado:

■ música com uma linha melódica e suporte instrumental (monodia


acompanhada)

– stile recitativo – a métrica da música devia resultar da métrica


da palavra

– stile rappresentativo - música que deveria representar o


sentimento das personagens e expressar situações dramáticas
Primeiros exemplos de ópera

■ As referências mais próximas para o aparecimento da


ópera encontram-se nos intermedi (pequenas
representações em festas aristocráticas).

■ Destacamos os intermedi de La Pellegrina (1589), escrita


por vários compositores da CF
Primeiros exemplos de ópera

■ A primeira ópera surge em 1597 baseada no mito de


Dafne com poema de Ottavio Rinuccini e música de
Jacopo Peri (apenas existe o texto)

■ Foi esta experiência que serviu como base ideal para o


drama musical (drama per musica, mais tarde fabola in
musica)
Primeiros exemplos de ópera

■ Peri e Caccini, com base num poema de Rinuccini,


compõem Euridice, em 1600

■ Composta para o casamento de Henrique IV com Maria


de Médici.
Claudio Monteverdi

■ Entra ao serviço da capela do duque de Vincenzo


Gonzaga, em Mântua (1590)

■ Inicialmente como tocador de viola, mas a sua crescente


importância, em 1603, garante-lhe o título de mestre de
capela do duque Vincenzo que lhe encomenda uma
ópera baseada no mito de Orfeu
Mito de Orfeu

■ Depois da sua amada ter sido picada por uma serpente e


ter morrido, Orfeu decide descer ao Inferno e resgatá-la
utilizando o poder encantatório da sua música.
L’ Orfeo, favola in musica (1607)

■ música de Claudio Monteverdi e poema de Alessandro


Striggio

■ Estreada em Mântua na Casa dos Gonzaga, duques de


Mântua

■ Considerada como viável para o nascimento do género


musical
L’ Orfeo, favola in musica (1607)

■ Monteverdi é suficientemente moderado pois percebe que a


linguagem da Camerata é inovadora, mas um pouco
monótona:

– introduz música polifónica, duetos, tercetos, árias de


baixo estrófico, interlúdios instrumentais, música de
dança, ritornelli instrumentais, mas sempre respeitando o
texto.
L’ Orfeo, favola in musica (1607)

■ Estabelece uma ponte entre a polifonia antiga e a nova


monodia

■ Monteverdi sentiu que fazia falta alguma regularidade


métrica estruturando o seu discurso dramático e musical
alternando partes livres (recitativo) e partes regulares
(árias), dando uma sensação de simetria ao ouvinte.
L’ Orfeo, favola in musica (1607)
■ Toccata – onde indica uma instrumentação especifica – novidade para a
época

■ Este cuidado especial em utilizar uma orquestração precisa permite-lhe


explorar diferentes coloridos tímbricos e adequá-los ao contexto em que a
ação se desenrola:

– Terra (registo médio)

– Inferno (registo grave)


– Céu (registo agudo).
L’ Orfeo, favola in musica (1607)

■ Um outro recurso é a ária de baixo estrófico : Possente Spirto

- baixo que se repete nas secções vocais (mesma progressão harmónica), e a


melodia segue a acentuação natural do texto, dando origens a melodias novas

- Por sua vez, as partes vocais eram alternadas com uma secção instrumental
recorrente, chamada de ritornello – conferem carácter unitário à peça

- na ária de baixo estrófico Possente Spirto as repetições melódicas utilizam sempre


uma instrumentação diferente, criando coloridos sonoros contrastantes.
L’ Orfeo, favola in musica (1607)

■ A ópera Orfeu acabou por ser um grande sucesso.

■ Um ano depois, escreve uma segunda ópera (Ariana) da


qual só conhecemos um fragmento musical, o Lamento
de Ariana.
Ópera
■ Rapidamente a ópera se torna um dos grandes géneros musicais do
Barroco.

■ Sendo, inicialmente, um espetáculo privativo de príncipes ou


aristocratas, depressa evoluiu como fenómeno social e artístico.

■ Nela convergiam, uma expressão artística plural: poesia, dança,


artes plásticas (cenografia) e guarda-roupa, produzindo um
espetáculo completo.
Monteverdi e a escola operática
veneziana
■ Em 1613, depois da morte de Giovanni Gabrieli, Claudio
Monteverdi ocupa o cargo de Mestre de Capela da
Basílica de São Marcos. (Veneza)

■ Classe dominante é constituída por mercadores (não


tinham a educação da nobreza ao nível musical)
Monteverdi e a escola operática
veneziana
■ Mântua a música erudita é um fenómeno de elite (musica
reservata)
■ A atitude mais prática da classe veneziana, orientada para
uma questão de lucros, vai transformar a ópera num
espetáculo público:
– A ópera vira negócio e passa a obedecer a uma lógica de
mercado
Monteverdi e a escola operática
veneziana
■ A ópera veneziana apresenta um discurso musical
estruturado em três níveis:
– Recitativo – o ritmo do texto sugere o ritmo musical, como
tal não há uma métrica regular;

– Arioso – secção intermédia entre recitativo e ária,


apresenta passagens com métrica regular;

– Ária – secção com métrica regular.


Monteverdi e a escola operática
veneziana

■ Aposta-se sobretudo nas passagens com métrica regular

– permite ao público compreender e seguir melhor a


música
Monteverdi e a escola operática
veneziana
■ Aumentam os recursos/efeitos musicais que possam ter
um impacto emocional imediato

■ Investe-se em efeitos mecânicos que criam uma


atmosfera mágica

■ Os temas preferidos são mitológicos ou históricos,


sempre heroicos
Monteverdi e a escola operática
veneziana
■ Por razões económicas o coro e o corpo de baile estão
praticamente ausentes, sendo por vezes substituídos por
figurinos

■ A orquestra é relativamente pequena e nem sempre a


instrumentação está definida
Monteverdi e a escola operática
veneziana

■ Nascem as últimas óperas de Monteverdi:

– Il Ritorno d’Ulisse in Patria (1640)

– L’Incoronazione di Poppea (1642)


Monteverdi e a escola operática
veneziana
■ Com estas óperas ficaram definidas as características da
escola operática veneziana

■ Principais continuadores:

– Antonio Cesti (1623-1669)

– Francesco Cavalli (1602-1676).


Madrigais e outra música de Claudio
Monteverdi
■ Paralelamente à composição de música sacra para
igrejas venezianas Monteverdi compôs bailados e outras
obras para famílias venezianas e para as cortes onde
esteve

■ Publicou livros de madrigais, o primeiro em 1587


Madrigais e outra música de Claudio
Monteverdi
■ Constituem um marco na história do madrigal polifónico:

– demonstra a mestria na combinação da escrita


homofónica e contrapontística

– fidelidade ao texto

– liberdade no recurso às harmonias e dissonâncias


expressivas
Madrigais e outra música de Claudio
Monteverdi
■ Os seus madrigais venezianos mostram uma situação cultural mais
moderna
■ Uma abordagem a novas questões estilísticas que serão de extrema
importância para a música do período Barroco:

– grande dimensão cénica;

– monodia acompanhada;

– vozes solistas sobre baixos estróficos;

– ritornelli instrumentais
Madrigais e outra música de Claudio
Monteverdi

■ Il Combattimento di Tancredi e Clorinda


Madrigais e outra música de Claudio
Monteverdi
■ Principais características estilísticas dos seus madrigais:

■ música como facto expressivo, como meio para revelar os


afetos do ânimo humano;

■ Passagem da estética Renascentista para a Barroca;

■ Substituição do contraponto imitativo, para uma escrita


mais livre
Prima pratica e seconda pratica
■ Monteverdi foi criticado por Artusi (téorico) pela sua inovadora escrita
musical:

■ Escreve declaração, em 1605 num dos seus madrigais, onde diz haver
uma:

– Prima pratica: em que o texto obedece à música (defendida por


Zarlino e outros compositores resnascentistas)

– Seconda pratica: onde a música obedece ao texto, permitindo


liberdades técnicas (uso de dissonâncias expressivas) – Monteverdi.
Escola operática romana

■ Escola segue os princípios da Camerata Fiorentina

■ Giovanni de’Bardi e Emilio de Cavallieri (participantes da CF)

■ É feita em teatros e o primeiro teatro público foi inaugurado em


1652

■ Caracteriza-se pela grande componente coral e temas moralizantes

■ Árias, recitativos, bailados, grande orquestra, instrumentação


específica e grande coro
Escola operática romana

■ Principais compositores:

– Emilio de Cavallieri (1550-1602) – La


Rappresentazione di Anima e di Corpo (1600)

– Setafano Landi (1586-1639) – Sant’Alessio (1632)


La Rappresentazione di Anima e di
Corpo (1600) – (1º caso de oratória)

■ Personagens abstratos de carácter essencialmente moral

■ Estreou no Oratorio della Vallicela


Oratorio della Vallicela
Oratória
■ Vem de oratório (sala de oração), onde se faziam leituras
bíblicas e meditações devotas acompanhadas por
canções espirituais.

■ Nasce no ambiente romano da Contra-Reforma, com o


incremento de uma nova espiritualidade apregoada por
S. Filipe Néri
Oratória
■ Tinha o intuito de promover a pratica religiosa, através de
sessões musicais com oração e pregação (ouvir o sermão e
refletir e ouvir uma história de cariz religioso e moralizante).

■ Passou a designar-se oratória uma peça executada neste


contexto - a ação é narrada apenas pela música, sem ação
dramática física.
Estrutura, estilo e tipos

■ Obra concertante de grandes dimensões, com solistas,


coro e orquestra, de temática religiosa.

■ Encontramos recursos estilísticos que encontramos na


ópera: como recitativos, arias, coros e música
instrumental.
Estrutura, estilo e tipos

■ Papel especifico: o narrador (historicus ou testo), que


através dos recitativos, apresenta o texto bíblico ou a
ação como fio condutor dos diferentes episódios
musicais.

■ É normalmente desempenhado por um ou mais solistas,


ou pelo próprio coro.
Estrutura, estilo e tipos

■ O discurso narrativo do historicus vai sendo


alternado com as personagens da própria história.

■ Os temas são tirados do Antigo ou Novo


Testamento, das lendas de santos ou mártires.
Oratória latina e vernácula

■ As primeiras oratórias eram latim mas, a partir de meados do século


XVII, predomina o italiano de modo a transmitir com maior facilidade
a mensagem para o povo que não sabia latim

■ Principais representantes:

■ oratória latina

– G. Carissimi (1605-1674) – 16 oratórias, entre as quais se


destaca Jephte
Principal representante oratória latina

– G. Carissimi (1605-1674) – 16 oratórias, entre as


quais se destaca Jephte
Principal representante oratória em vernáculo

– A. Stradella (1644-1682)
Paixão

■ Subtipo de oratória, na qual existe uma temática


especifica: a paixão de Cristo, e na qual o papel do
historicus pertence ao evangelista.

■ Johann Sebastian Bach:

– Paixão segundo São João (1723);

– Paixão segundo São Mateus (1727 ou 29)

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