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Claudio Monteverdi foi um compositor, cantor e maestro italiano, que

nasceu a 9 de maio de 1567, em Milão, e morreu aos 76 anos, a 29 de


novembro de 1643, em Veneza. A sua mãe morreu quando ele tinha 9 anos e o
seu pai era médico, atividade ilegal na época, mas Monteverdi conseguiu ter
uma boa educação musical. A sua carreira começou aos 15 anos com a
publicação de um motete e aos 16 anos publicou o seu primeiro de 9 livros de
madrigais. Foi um importante elemento de transição entre o renascimento e o
barroco, contribuindo para o afastamento dos cânones renascentistas e para a
caracterização da música barroca. Além de música sacra, que era o estilo mais
comum da época, Monteverdi também compôs 9 livros de Madrigais, que eram
música coral de duas a cinco vozes, que tratavam de assuntos não religiosos.
Monteverdi destacou-se principalmente pelas suas composições de ópera,
sendo considerado o pai da ópera. As suas óperas foram das primeiras a
serem realizadas e representadas e são as mais antigas que ainda atualmente
são encenadas.
Monteverdi considerava a música renascentista como demasiado
técnica e desprovida de sentimentos, na qual a melodia e harmonia não
acompanhavam o texto nem a carga dramática associada. Então, incluiu
algumas dissonâncias e cromatismos nas suas harmonias, abriu espaço a
improvisações, introduziu o uso da monodia, em que apenas uma voz
predominava, ao contrário da polifonia presente na época, e incorporou o uso
do baixo contínuo, geralmente desempenhado por um cravo ou um violoncelo,
que sustentava a melodia com notas apropriadas à progressão harmónica.
Então, afastou-se das convenções harmónicas e estéticas rígidas da época,
preocupando-se mais em transmitir um sentimento/emoção e em a música ser
coerente com o texto, como que se a música fosse um meio de contar uma
história, o que ele aperfeiçoou com maestria nas suas óperas. Por isso, alguns
dos seus contemporâneos mais tradicionalistas não gostavam da sua obra. Um
exemplo disso é Giovanni Artusi, um teórico musical, que classificou assim a
obra de Monteverdi: “Estas composições são francamente contrárias a tudo o
que há de belo e bom na arte musical. São intoleráveis ao ouvido e ferem em
vez de encantar. O autor não tem em conta alguma os santos princípios que
são a medida e o fim da música”. No prólogo do seu 5º livro de madrigais,
Monteverdi respondeu assim: “Escrevi uma resposta, para que se saiba que
não faço as coisas ao acaso, e, assim que estiver revista, virá a lume, trazendo
no frontispício o título Seconda Pratica overo Perfettione Della Musica
Moderna. Alguns acharão isto estranho, não acreditando que exista outra
prática para além da ensinada por Zarlino. Mas a esses posso garantir, a
respeito de consonâncias e dissonâncias, que há outra forma de as considerar
diferente dessa já determinada, que defende a moderna maneira de compor
com o assentimento da razão e dos sentidos. Quis dizer isto tanto para que
outros se não apropriassem da minha expressão "seconda pratica" como para
que os homens de inteligência pudessem considerar outras reflexões em torno
da harmonia. E acreditai que o moderno compositor constrói sobre alicerces de
verdade. Sede felizes.” Apesar das críticas, muitos outros adoravam a sua obra
e ainda hoje ele é reconhecido como um dos compositores mais inventivos
para a sua época e como o principal pioneiro do barroco.
No campo da ópera, Monteverdi foi um marco na história,
revolucionando e sistematizando a escrita cénica e servindo de inspiração para
os compositores de ópera dos séculos seguintes, como Wagner ou Gluck, e
ainda hoje a sua obra permanece influente e reconhecida. A ópera não incluía
apenas a música, mas também um enredo, personagens e cenários. Entre as
suas óperas mais conhecidas estão: L’Orpheo, L'Arianna, L'incoronazione di
Poppea, Il ritorno d'Ulisse in pátria. A ópera L’Orpheo, de 1607, é considerada
a primeira grande ópera e é a mais antiga que ainda se mantém relevante. Esta
ópera mostrou que Monteverdi não só compunha música muito bem e era
muito avançado para a sua época, mas também tinha um grande domínio
sobre a narrativa e a humanidade e profundidade dramática das personagens.
É constituída por 5 atos e intercala música instrumental com música vocal, quer
em coro quer a solo. Esta ópera é baseada na lenda grega de Orfeu, que fala
da descida de Orfeu ao inferno de Hades, com o objetivo de trazer de volta a
sua falecida noiva, Eurídice, através do poder do seu canto. É-lhe concedido o
desejo, mas é-lhe imposta uma condição que é a de não poder olhar para trás
no caminho de regresso. Mas ele não resiste à tentação, olha e nunca mais
pode ver a sua amada.
Abertura instrumental e 5º ato. Este ato trata da angústia de Orfeo após
nunca mais poder ver Eurídice.

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