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Recensão Crítica
2019/2020
Sara Rodrigues de Sá
3ºano
Professora: Inês Thomas Almeida
Intitulado Sentimento à Flor Da Alma, o capítulo três pertencente ao livro Cores
e Sons da autora portuguesa Teresa Castanheira, publicado em 2015 pela editora “Livros
Horizonte”, é um capítulo bastante esclarecedor e de acessível compreensão.
A autora começa por enquadrar esta corrente que pertence ao modernismo, surgida
no século XX, que tem como cerne uma fuga à realidade, através da exteriorização das
angústias e medos do indivíduo, muito em parte, causada pelo grande período de
industrialização vivido, surgindo também como uma oposição ao impressionismo, este
com um objetivo de desumanizar a arte, é inteiramente o oposto a esta nova arte, onde o
ser humano passa a ser o centro da criação.
No que diz respeito à pintura, a autora faz grande ênfase ao pintor Wassily
Kandisnky (1866-1944), que também fora um revolucionário com a introdução do
abstracionismo e a “(…)negação em absoluto da representação figurativa” (Castanheira,
2015). Influenciado principalmente pela música, procura também encontrar uma maneira
de o conduzir a uma abstração mais expressiva.
A autora faz também referência a Scriabine (1872-1915), onde este tenta também
realizar uma quebra com a tonalidade. Baseado num conjunto de seis notas cria o “acorde
místico”, utilizado na sua obra Prometeus, em 1910, fazendo também bastante uso do
trítono e utilizando um sistema de terceiras ao invés das tradicionais quintas.
Por fim, a autora faz uma pequena alusão ao panorama português, onde evoca
Mário Eloy (1900-1951) na pintura, e Fernando Lopes Graça (1906-1994) na música.
Contudo, afirma que o meio cultural português não permitiu a um maior desenvolvimento
desta nova estética.
No meu ponto de vista, penso que a autora podia ter incidido mais na questão da
crise da linguagem musical atravessada, onde após a minha leitura do capítulo “A Crise
da Linguagem Musical e a Estética do século XX”, do livro a “Estética da Música” de
Enrico Fubini, que aborda a crise e a dissolução do sistema tonal tradicional, percebe-se
como viria a nascer uma nova proposta de linguagem musical.
Por outro lado, achei também necessário uma melhor clarificação do que foi esta
dicotomia entre o movimento Impressionista e Expressionista. Recorri então ao segundo
capítulo do livro de Robert Morgan: Some transitional figures, in Twentieth-Century
Music, onde é possível obter uma compreensão mais detalha desta corrente que surgiu em
Paris nos finais do século XIX, e incidindo num dos principais compositores, Claude
Debussy (1862-1912).
Como uma tentativa de fuga à influência germânica, grande parte devido à derrota
da França na guerra Franco-Prussiana entre 1870 e 1871, é criada a “Société Nationale de
Musique”, que tem como objetivo inspirar uma renascença musical francesa, adotando
modos medievais renascentistas e modos barrocos, principalmente da época de Lully.
No que diz respeito ao meio cultural, Paris era alvo de inúmeras exposições
universais, sendo assim, um importante centro de partilha de ideias e pensamentos entre
as diferentes culturas. Nomeadamente em 1867, com a participação japonesa neste
evento, os pintores desta época criaram um interesse especial pela sua arte exótica. Como
é possível também denotar mais tarde, em 1889, onde Debussy escutou uma orquestra
japonesa da “Ilha de Java”, que fazia imenso uso de escalas pentatónicas e modais,
suscitando um interesse em Debussy pela sua música oriental. Também Debussy tinha
uma grande admiração pela música russa, nomeadamente pelo compositor Modest
Mussorgsky (1839-1881).
Por último, examinando o artigo de Teresa Castanheira no seu todo, a meu ver, a
autora podia também ter incidido mais no meio cultural português, uma vez que faz
apenas uma pequena alusão, nem chegando a ser bastante esclarecedor. No que diz
respeito ao restante conteúdo, para além de orientar a uma compreensão bastante
elucidativa daquilo que foi o movimento expressionista na música e na pintura, há
também uma vasta alusão a personalidades imensamente relevantes e influentes ligadas
a esta corrente.